Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. Valéria S Tanasov METABOLISMO Metabolismo é a soma total das reações químicas, envolvendo as biomoléculas. Pode ser dividido em: Catabolismo é quebra de moléculas grandes, liberando energia e transferindo elétrons para aceptores (oxidativo). Algumas características do catabolismo são: - ocorre em estágios; - libera energia (processo espontâneo); - requer coenzimas (formas oxidadas). O catabolismo por liberar energia é também chamado de processo exergônico, por exemplo a quebra da molécula de ATP com formação de um grupo fosfato e uma molécula de ADP. Quando ocorre o catabolismo dizemos que o sistema liberou energia e representamos da seguinte maneira (ΔG < 0). Anabolismo é a reação de moléculas pequenas para formar moléculas maiores, requer energia e envolve captação de elétrons a partir de uma variedade de doadores (redutivo). Assim, algumas características do anabolismo são: - ocorre em estágios; - requer energia (processo não-espontâneo); - requer coenzimas (formas reduzidas). O anabolismo por requerer energia é também chamado de processo endergônico, por exemplo a reação de fosforilação do ADP para fornecer ATP. O catabolismo e o anabolismo são vias separadas, não são simples reversão uma da outra. Para o entendimento das vias metabólicas, é necessário entender alguns conceitos, resumidos a seguir. Oxidação e redução Reações também chamadas redox em que os elétrons são transferidos de um doador (agente redutor) para um aceptor (agente oxidante). Oxidação é a perda de elétrons. Redução é o ganho de elétrons. Enzimas Nos processos metabólicos, seis classes principais catalisam as reações enzimáticas: 1. oxidos redutases óxido redução; 2. transferases transferência de grupos; 3. hidrolases hidrólise; 4. liases adição de grupos a duplas ligações ou remoção de grupos, deixando dupla ligação; 5. isomerases rearranjos intramoleculares; 6. ligases condensação de duas moléculas, associada ao consumo de ATP. Prof. Valéria S Tanasov Coenzimas As coenzimas são substâncias não proteicas, geralmente vitaminas, e seus derivados participam das reações enzimáticas, sendo regeneradas para uso futuro. As mais importantes são: 1. NADH: dinucleotídeo de nicotinamida adenina. A porção nicotinamida é derivada do ácido nicotínico, niacina, uma das vitaminas do complexo B. Pode apresentar-se sob dois estados: NADH – forma reduzida; NAD+ - forma oxidada. 2. NADPH dinucleotídeo de nicotinamida adenina, porém contém um grupo fosfato adicional. Pode apresentar-se sob dois estados: NADPH – forma reduzida; NADP+ - forma oxidada. 3. FADH2 dinucleotídeo de flavina adenina. A porção flavina é derivada da vitamina B2 - riboflavina. Pode apresentar-se como: FADH2 – forma reduzida; FAD – forma oxidada. 4. CoA (Coenzima A): uma porção derivada da adenosina com grupo fosfato mais um derivado da vitamina do ácido pantotênico e um grupo tiol CoA- SH. Papel das coenzimas: Ativação: formação de uma substância mais reativa. Por exemplo: X = metabólito X + coenzima Xcoenzima (etapa de ativação) Xcoenzima + Y XY + Coenzima ACOPLAMENTO ENTRE PRODUÇÃO E USO DE ENERGIA O acoplamento entre reações, que produzem energia, com as reações que requerem energia, é uma característica central do metabolismo de todos os organismos. ADP(difosfato de adenosina) ATP (trifosfato de adenosina) Fosforilação requer energia que é fornecida pela oxidação dos nutrientes. ATP (trifosfato de adenosina) ADP (difosfato de adenosina) Hidrólise: liberação de energia (ocorre quando é necessário). Prof. Valéria S Tanasov GLICÓLISE Definição: É a conversão da molécula de glicose (6C) a duas moléculas de piruvato (3C). Ocorre no citoplasma das células eucarióticas. Passos da Glicólise: Mg 2+ 1. Fosforilação: glicose + ATP glicose-6-fosfato + ADP Enzima: hexoquinase. 2. Isomerização: glicose-6-fosfato frutose-6-fosfato Enzima: glicosefosfatoisomerase. Mg 2+ 3. Fosforilação: frutose-6-fosfato + ATP frutose-1,6-bisfosfato + ADP Enzima: fosfofrutoquinase (principal enzima para controle da glicólise). Aumento de ATP: diminui a velocidade da reação Diminuição de ATP: aumenta a velocidade da reação. 4. Quebra da molécula: frutose-1,6-bisfosfato gliceraldeído-3-fosfato + Enzima:aldolase. diidroxiacetona fosfato 5. Isomerização: diidroxiacetona fosfato gliceraldeído-3-fosfato Enzima: triosefosfatoisomerase. 6. Oxidação e fosforilação: gliceraldeído-3-fosfato + NAD+ + Pi 1,3-bisfosfoglicerato + NADH + H+ Enzima: gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase (reação característica da glicólise). Mg 2+ 7. Transferência: 1,3-bisfosfoglicerato + ADP 3-fosfoglicerato + ATP Enzima: fosfoglicerato-quinase. Mg 2+ 8. Isomerização: 3-fosfoglicerato 2-fosfoglicerato Enzima: fosfogliceromutase. Mg 2+ 9. Desidratação: 2-fosfoglicerato fosfoenolpiruvato (PEP) + H2O Enzima: enolase. 10. Transferência: fosfoenolpiruvato + ADP piruvato + ATP Enzima: piruvatoquinase. Prof. Valéria S Tanasov Enzimas: apresentam terminologia que indica sua função química. Quinases: transferem um grupo fosfato do ATP para o substrato. Mutases: transferem um grupo fosfato de um lugar para outro na mesma molécula. Isomerases: resultam na formação de um isômero do substrato. Desidrogenases: envolvem a retirada de H+ na reação. Metabolismo aeróbico: Glicólise aeróbica: Após a formação do piruvato, ocorre a perda de dióxido de carbono, e os dois átomos de carbono restantes são ligados à Coenzima A, como um grupo acetil para formar Acetil – CoA. A molécula de Acetil-CoA, por sua vez, fica disponível para outras vias metabólicas, como o ciclo de Krebs e a Cadeia Respiratória que exige a presença do O2. Metabolismo anaeróbico: Glicólise anaeróbica: o piruvato é reduzido a lactato (realizado, por exemplo, nas fibras musculares). Piruvato + NADH + H+ lactato + NAD+ Enzima: lactato-desidrogenase (LDH). OUTRAS VIAS METABÓLICAS RELACIONADAS À GLICOSE Gliconeogênese Definição: Conversão de piruvato em glicose. Não ocorre exatamente de maneira inversa a glicólise, porque esta apresenta reações irreversíveis, o que exige a participação de enzimas diferentes na gliconeogênese. Assim, a gliconeogênese ocorre na seguinte sequência de reações Piruvato oxaloacetato fosfoenolpiruvato 2 fosfoglicerato 3-fosfoglicerato 1,3-bisfosfoglicerato gliceraldeído-3-fosfato frutose-1,6- bisfosfato frutose-6-fosfato glicose-6-fosfato glicose Ciclo de Cori O lactato produzido nos músculos pela glicólise é transportado pelo sangue até o fígado. No fígado, a gliconeogênese converte o lactato novamente em glicose, que pode ser transportada de volta aos músculos pelo sangue. Lá, a glicose pode ser estocada como glicogênio até que este seja degradado pela glicogenólise. Prof. Valéria S TanasovSíntese e Degradação do Glicogênio O Glicogênio é um polímero constituído de glicose encontrado no fígado e nos músculos principalmente. No fígado: glicogênio glicose-6-fosfato glicose sangue. No músculo: glicogênio glicose-6-fosfato via glicolítica. Formação do glicogênio a partir da glicose Para ocorrer a formação de glicogênio, é necessário energia que é obtida da hidrólise de um nucleotídeo trifosfato (UTP-trifosfato de uridina). A síntese do glicogênio apresenta um gasto de 2 ATP para cada molécula de glicose que é incorporada à molécula de glicogênio. Etapas 1. Glicose + ATP Glicose-6-fosfato + ADP + H+ 2. Glicose-6-fosfato glicose-1-fosfato 3. Glicose-1-fosfato + UTP difosfato de uridina glicose + pirofosfato (UDP-glicose ou UDPG) (PPi) A UDP-glicose é adicionada à cadeia crescente de glicogênio por ação da enzima glicogênio-sintase para ligações (14), e a enzima ramificadora, para ligações (16). A enzima ramificadora transfere um segmento de mais ou menos sete resíduos de comprimento do final da cadeia crescente para o ponto de ramificação, onde ela catalisa a formação da ligação glicosídica necessária. Cada segmento transferido deve vir de uma cadeia de, no mínimo, 11 resíduos de comprimento, e cada novo ponto de ramificação deve estar, no mínimo, a quatro resíduos de distância do ponto mais próximo de ramificação existente. A cadeia inicial de glicogênio é formada a partir da hidroxila de uma tirosina específica da proteína glicogenina. O resíduo de glicose é ligado a essa hidroxila e recebe sucessivamente outros resíduos de glicose. Degradação do Glicogênio A degradação do glicogênio se dá quando a célula necessita de energia e ocorre nas seguintes etapas: Fosforólise: Glicogênio + Pi Glicose-1-fosfato + restante do glicogênio Enzima: glicogêniofosforilase - cliva ligações (14) Prof. Valéria S Tanasov Isomerização: Glicose-1-fosfato glicose-6-fosfato Enzima: fosfoglicomutase Desramificação: Tem como objetivo hidrolisar as ligações glicosídicas dos resíduos de glicose nos pontos ramificados da estrutura do glicogênio. Envolve a transferência de um “ramo limite”. Enzima desramificadora – cliva ligações (16) Obs: Ramo limite – três resíduos de glicose são transferidos para outra ramificação (enzima desramificadora). Quando a glicose-6-fosfato vem da degradação do glicogênio e segue a via glicolítica, há um rendimento aumentado de ATP, nesse caso a glicólise forma 3 ATPs. Controle do metabolismo do glicogênio Síntese e degradação não podem ocorrer simultaneamente. Enzima glicogeniofosforilase: controle alostérico Diminuição de ATP aumenta a ação enzimática há degradação de glicogênio Aumento de ATP diminui a ação enzimática não há degradação de glicogênio Enzima glicogeniosintase: controle alostérico Diminuição de ATP diminui a ação enzimática não há formação de glicogênio Aumento de ATP aumenta a ação enzimática há formação de glicogênio. CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO ou CICLO DE KREBS Definição: Sequência de reações químicas com liberação de CO2 e formação de NADH e FADH2. Aspectos gerais: O ciclo envolve quatro reações de oxidação. O NAD é o agente oxidante em três reações, e o FAD é o agente oxidante em uma reação. A reação de conversão do succinato em fumarato ocorre na membrana mitocondrial interna, as demais ocorrem na matriz mitocondrial, nas células eucarióticas. Prof. Valéria S Tanasov Reação intermediária entre a glicólise e o ciclo do ácido cítrico – Conversão de piruvato a Acetil-CoA O complexo da piruvato desidrogenase (três enzimas responsáveis – localizadas nas mitocôndrias dos eucariontes e no citosol dos procariontes) promove a oxidação do piruvato para liberar Acetil-CoA e CO2. Piruvato Acetil CoA + NADH + CO2 Cinco coenzimas participam desse processo, sendo todas elas derivadas de vitaminas. A reação é de descarboxilação oxidativa – um grupo carboxila é removido do piruvato na forma de uma molécula de CO2. Dois carbonos tornam-se o grupo acetila do Acetil-CoA. O NAD é reduzido a NADH. Enzimas: o complexo da piruvato desidrogenase envolve três enzimas: - Piruvato desidrogenase (TPP); - Diidrolipoil transacetilase (lipoato, CoA); - Diidrolipoil desidrogenase (FAD, NAD). Coenzimas: - Tiamina pirofosfato (TPP) - une-se covalentemente ao acetil; - Flavina adenina dinucleotídeo (FAD) – transporta elétrons; - Coenzima A (Co A) – grupo reativo SH – transporta grupos acetila; - Nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD) – transporta elétrons; - Lipoato – pode agir como agente oxidante ou pode participar da formação de uma ligação tioéster com o grupo acetila, antes de ser transferido à CoA. Observação: A deficiência em tiamina provoca a impossibilidade de oxidar o piruvato, diminuindo a produção de energia principalmente no cérebro, onde a fonte de energia é a oxidação aeróbica da glicose. A beribéri é a consequência com perda de funções neurais. Uma alimentação baseada em arroz branco (sem casca) e álcool em excesso contribuem para essa carência. REAÇÕES DO CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO 1. Condensação: Oxaloacetato + Acetil CoA + H2O citrato + CoA – SH Enzima: citratosintase (alostérica – ponto de controle do metabolismo). 2. Isomerização: Citrato isocitrato Enzima: aconitase. 3. Oxidação: Isocitrato + NAD+ cetoglutarato + CO2 + NADH + H+ Enzima: isocitratodesidrogenase. Prof. Valéria S Tanasov 4. Oxidação: cetoglutarato + NAD+ + CoA-SH succinil – CoA + CO2 + NADH + H+ Enzima: cetoglutaratodesidrogenase. 5. Hidrólise e fosforilação: Succinil – CoA + GDP + Pi succinato + GTP + CoA – SH Enzima: succinil-CoA-sintetase. 6. Oxidação: Succinato + FAD fumarato + FADH2 Enzima: succinato desidrogenase. 7. Hidratação: Fumarato + H2O malato Enzima: fumarase. 8. Oxidação: Malato + NAD+ oxaloacetato + NADH + H+ Enzima: malatodesidrogenase Observações sobre o Ciclo de Krebs: - A via metabólica do Ciclo é anfibólica, quer dizer, serve para processos catabólicos e anabólicos; - Alguns produtos intermediários das reações são precursores de aminoácidos; - A Biotina é a vitamina que atua nas reações de descarboxilação, por isso pode ocorrer a carência em pessoas que consomem muito ovo cru, pois a ovidina, que é uma proteína presente no ovo, causa a diminuição da absorção da vitamina. CADEIA RESPIRATÓRIA - TRANSPORTE DE ELÉTRONS E FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA A cadeia respiratória envolve dois processos: o transporte de elétrons e a fosforilação oxidativa. O ATP é gerado como resultado do transporte de elétrons ao longo da membrana interna da mitocôndria, acoplado à fosforilação oxidativa do ADP, obtendo-se ATP. O resultado do transporte de elétrons é que eles se combinam com o O2 e formam 2H2O. Assim, O2 é o aceptor final de elétrons. Prof. Valéria S Tanasov TRANSPORTE DE ELÉTRONS NO METABOLISMO A cadeia transportadora de elétrons conduz a um bombeamento de prótons (íons hidrogênio) através da membrana mitocondrial interna, criando um gradiente de pH que proporciona a base do mecanismo de acoplamento. Transporte de elétrons (oxidoredução)Fosforilação oxidativa (ADP é fosforilado, obtendo-se ATP). O transporte ocorre porque moléculas de NADH e de FADH2 transferem os elétrons para o oxigênio. Essas moléculas são oxidadas a NAD e FAD e são reutilizadas. O Oxigênio forma 2H2O, completando o processo de oxidação da glicose formando CO2 e H2O. Visão geral O NADH e o FADH2 transferem os elétrons à coenzima Q, ubiquinona. Os elétrons passam da coenzima Q a uma série de proteínas denominadas citocromos (macromoléculas encontradas na membrana da mitocôndria) e finalmente ao O2. Cada NADH forma 2,5 ATPs e cada FADH2 forma 1,5 ATP. Esquema geral da cadeia respiratória NADH FADH2 CoQ – coenzima Q - Ubiquinona Citocromos O2 2H2O ACOPLAMENTO DA OXIDAÇÃO À FOSFORILAÇÃO O bombeamento de prótons, que ocorre da matriz mitocondrial para o espaço intermembranoso da mitocôndria, promove uma diferença no gradiente de pH, que é responsável pelo acoplamento do transporte de elétrons à fosforilação. O acoplamento ocorre em função da presença de um complexo proteico oligomérico que se projeta para dentro da matriz. A porção F1 desse complexo é o sítio da síntese de ATP. O complexo oligomérico é chamado de ATP sintase ou ATPase mitocondrial, já que é responsável pela fosforilação e também pela hidrólise do ATP. conduz Prof. Valéria S Tanasov Desacopladores Os desacopladores são substâncias que inibem a fosforilação do ADP sem afetar o transporte de elétrons (O2 é reduzido a H2O, mas não se produz ATP). Exemplos: antibióticos, como valinomicina e gramicidina A, que contêm 2, 4 diitrofenol. Observação: o tecido adiposo marrom contém uma proteína chamada termogenina que atua como desacoplador. Como consequência ocorre uma menor produção de ATP, mas uma maior liberação de calor pela célula. Inibidores São substâncias que bloqueiam a cadeia transportadora de elétrons. Exemplos: Barbiturados (amital), rotenona (inseticida), antibiótico antimicina A, cianetos, monóxido de carbono.
Compartilhar