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A inversão do ônus da prova no direito do consumidor

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A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NO DIREITO DO CONSUMIDOR
	
Ao longo da história, houve diversas manifestações que previram a proteção do consumidor de produtos e/ou serviços, sendo esta baseada nas fundações jurídicas, sendo que a denominação “defesa e proteção aos direitos do consumidor” é relativamente recente.
	O tema “A inversão do ônus da prova no direito do consumidor” se trata de um direito básico do consumidor que, por ser pouco divulgado, é facilmente violado.
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) foi redigido no intuito de deixar claro e acessível toda e qualquer informação necessária a um consumidor qualquer, para que ele pudesse assim, saber de seus direito e deveres como tal. O art. 6º, VIII, do CDC que constitui direito básico do consumidor a facilitação da defesa dos seus direitos em juízo, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele pouco suficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.
O ônus da prova é o encargo, atribuído a uma das partes, de demonstrar a existência ou inexistência daqueles fatos controvertidos no processo, necessários para o convencimento do juiz, visto que o magistrado julgará com base nas provas produzidas, sem as quais não terá convicção formada. Em regra, o ônus da prova recai sobre quem alega.
Sendo assim, inverter o ônus da prova nada mais é do que sugerir ao detentor do poder econômico ou do conhecimento técnico a obrigação de prová-las contrariamente às alegações do autor. Ou seja, sendo o autor hipossuficiente e de alegações verossímeis, cabe ao fornecedor provar que a alegação não encontra fundamento fático. Sabendo que o CDC tenta equilibrar a relação de consumo que claramente tem o fornecedor em situação de vantagem em relação ao consumidor, a inversão do ônus da prova foi elevada a qualidade de direito básico.
Antes de passar ao exame da questão referente ao momento em que se deve operar a inversão do ônus da prova, cabe examinar os requisitos indicados no texto legal: a hipossuficiência do consumidor e a verossimilhança de sua alegação.
No contexto do art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, hipossuficiente é, genericamente, o consumidor que se encontra, concretamente, em posição de manifesta inferioridade perante o fornecedor. No que diz respeito às relações de consumo a hipossuficiência não se caracteriza pela situação econômico-financeira do consumidor, e sim na vulnerabilidade e na capacidade de produção de provas.
Além da questão da hipossuficiência há outro requisito para que o consumidor seja beneficiário do direito à inversão do ônus da prova: o Juiz deverá entender que a alegação feita na exordial é verossímil, ou seja, tem aparência de verdade.
Percebe-se que ambos os requisitos ficam sujeito a análise do Magistrado, conforme determina o Código quando utiliza a expressão “a critério do Juiz”, contudo, ao contrário da hipossuficiência, que é clara numa relação de consumo, bastando ao Magistrado verificar se o consumidor, ante ao fornecedor, tem ou não melhores condições de produzir prova, a verossimilhança das alegações fica exclusivamente a mercê de como o Juiz compreenderá os fatos narrados.
Também quando o consumidor se encontra na qualidade de réu pode surgir a necessidade da inversão do ônus probatório. O art. 333, II, do CPC, coloca sobre os ombros do réu o ônus de provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. A alegação de algum fato dessa natureza pelo réu configura a chamada defesa de mérito indireta.
Ordinariamente, cabe ao réu a alegação de fato modificativa do direito do autor. A inversão do ônus da prova pode, então, se verificar em prol do consumidor réu, para que esse se veja livre do fardo consistente em comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Inversão do ônus financeiro
A regra, no tocante às despesas processuais, é a de que os custos da prova devem recair de ordinário, sobre aquele a quem a prova interessa (art. 19 do CPC). Assim, se o fato não depende de comprovação pelo consumidor, em razão da inversão do ônus da prova, caberá ao fornecedor, a quem interessa a prova, arcar com as despesas respectivas. Isso vale não apenas para a prova requerida pelo fornecedor, mas também para a determinada de ofício pelo juízo (se a prova interessar ao fornecedor). 
Desse modo, em sendo o caso de inversão do ônus da prova, não há como impor ao consumidor o pagamento de prova que, em razão da inversão, tenha passado a constituir interesse do fornecedor. Em tal situação, à evidência, a inversão do ônus financeiro se opera junto com a inversão do ônus da prova, como conseqüência lógica dessa.
Diante do exposto, conclui-se que o Poder Judiciário ainda precisa ser acionado para se manifestar acerca do modo processual que o Magistrado deve obedecer para analisar os requisitos para a inversão do ônus da prova, se a requerimento da parte, ou se de ofício. Ao mesmo tempo em que está caminhando para chegar a uma conclusão pacífica acerca do momento processual de declarar a inversão.

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