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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÃO PAULO UNIDADE INTERLAGOS Resenha Crítica AV1 JULIANA STEPHANO GOTTSFRITZ Trabalho da disciplina Direito Processual Civil II Prof. Ms. Rubico Petroni São Paulo 2020 2 RESENHA CRÍTICA SOBRE ÔNUS DA PROVA A palavra ônus, de acordo com o dicionário, significa encargo, ou seja, é o encargo de trazer componentes capazes de justificar uma situação. Mas não dever confundida com dever, pois dever implica em um direito de outro. Através disso o individuo que possui o direito do ônus da prova está encarregado do dever de comprovar seu interesse e os fatos que o favorecem em uma ação. Diante disso, aquele que afirma tem o dever de sustentar suas alegações com as provas necessárias. O ônus da prova pode ser atribuído tanto ao autor quanto ao réu do processo. Quando atribuído ao autor, cabe a ele comprovar suas alegações quanto ao fato constitutivo de direito, agora quando atribuído ao réu, caberá a ele comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Conforme dispõe o artigo 373 do NCPC: “Art. 373. O ônus da prova incumbe: I. Ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II. Ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.” Existe também alguns fatos que independem de prova. Conforme disposto no artigo 374 do NCPC: “Art. 374. Não dependem de prova os fatos: I - Notórios; II - Afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - Admitidos no processo como incontroversos; IV - Em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.” 3 Em relação a distribuição dinâmica do ônus da prova, o juiz irá atribuir a quem tenha mais condições de realiza-la. Ela poderá ser determinada de oficio pelo juiz nos casos em que seja identificada impossibilidade ou excessiva dificuldade de se distribuir o ônus de forma estática, ou mediante requerimento da parte. A decisão sobre a distribuição dinâmica deve ser devidamente fundamentada de modo a permitir que a parte compreenda a motivação do julgador e tenha condições de produzir a prova atendendo a distribuição realizada. Sobre os processos coletivos, o Código de Defesa do Consumidor prevê regra de possibilidade de inversão do ônus da prova em favor do consumidor, diante de sua hipossuficiência frente ao fornecedor/fabricante de produtos ou serviços. O CDC facilita a defesa dos direitos do consumidor, inclusive invertendo o ônus da prova, quando, a critério do juiz, for semelhante a alegação, ou, segundo as regras ordinárias de experiência, quando for hipossuficiente o lesado. A possibilidade de inversão do ônus da prova, na forma prevista no Código de Defesa do Consumidor, consolidou-se na doutrina e na jurisprudência de aplicação também nos demais processos coletivos, notadamente naqueles envolvendo direito ao meio ambiente. Aspecto relevante da discussão sobre a inversão do ônus da prova nos processos coletivos está relacionado às consequências da inversão do ônus da prova e a obrigação de custeio das despesas de eventual prova pericial. A distribuição do ônus da prova, além de constituir regra de julgamento dirigida ao juiz (aspecto objetivo), apresenta-se também como norma de conduta para as partes, pautando, conforme o ônus atribuído a cada uma delas, o seu comportamento processual (aspecto subjetivo). Se o modo como distribuído o ônus da prova influi no comportamento processual das partes, não pode a inversão ope judicis ocorrer quando do julgamento da causa pelo juiz (sentença) ou pelo tribunal (acórdão). A inversão ope judicis do ônus probatório deve ocorrer preferencialmente na fase de saneamento do processo ou, pelo menos, assegurando-se à parte a quem não incumbia inicialmente o encargo, a reabertura de oportunidade para apresentação de provas. A distribuição dinâmica pode ocorrer em duas hipóteses: A) Quando houver lei que a autorize. B) Peculiaridade da causa ou dificuldade excessiva de cumprir o encargo. 4 Lembrando que a inversão do ônus da prova deve ser feita na decisão de saneamento do processo. A meu ver, tal dispositivo consolida o entendimento de que o ônus da prova também é regra de procedimento, ao imputar ao juiz também a obrigação de indicar, no momento do saneamento do processo, a distribuição do ônus da prova. De todo modo, independentemente das críticas que se possa realizar em relação à possibilidade de atribuição dinâmica do ônus da prova, o processo coletivo aparenta ser o ambiente mais propício para a aplicação desse novo instrumento processual, uma vez que é tradicionalmente nas demandas envolvendo interesses coletivos em que há maior diferença entre a situação das partes. Referências Bibliográficas: • CATHARINA, Alexandre de Castro. Direito Processual Civil II. Rio de Janeiro 2017 • https://www.conjur.com.br/2017-ago-12/ambiente-juridico-onus-prova-processo- coletivo-ambiental-cpc • Vade-mécum saraiva compacto – 2018 – NCPC • https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-171/a-teoria-da-distribuicao-dinamica- do-onus-da-prova-no-novo-codigo-de-processo-civil/ https://www.conjur.com.br/2017-ago-12/ambiente-juridico-onus-prova-processo-coletivo-ambiental-cpc https://www.conjur.com.br/2017-ago-12/ambiente-juridico-onus-prova-processo-coletivo-ambiental-cpc https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-171/a-teoria-da-distribuicao-dinamica-do-onus-da-prova-no-novo-codigo-de-processo-civil/ https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-171/a-teoria-da-distribuicao-dinamica-do-onus-da-prova-no-novo-codigo-de-processo-civil/
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