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Reflexão Crítica do livro "PINÓQUIO ÀS AVESSAS" de RUBEM ALVES - Disciplina de PDTA

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Reflexão Crítica
O livro de Rubem Alves estabelece uma intertextualidade com a historia original do livro “Pinóquio”, escrito em 1883 por Carlo Collodi, onde o personagem principal, Pinóquio, é um boneco feito de madeira que possui sentimentos, deve ir a escola para se tornar uma pessoa de verdade, mas ele foge para brincar e acaba sendo transformado em um burro, quando ele começa a se comportar é transformado em uma pessoa pela Fada Azul, já no livro de Rubem Alves a história é sobre um menino que já nasceu sendo uma pessoa, mas acaba sendo transformado em um boneco quando entra no sistema escolar.
Felipe era um garoto curioso, cheio de perguntas como toda criança, era aos adultos com mais experiência que ele recorria para conseguir suas respostas, mas seus pais não sabendo de tudo, dizem que na escola ele vai aprender tudo que precisa para a vida e assim a escola se torna uma promessa de respostas, ele já se sente uma pessoa de verdade assim quando seu pai lhe questiona o que será quando crescer, ele responde que será quem ele é, Felipe, mas seu pai lhe diz que as pessoas se tornam sua profissão, elas não são Maria, José, Ana são médicas, dentistas e professoras. 
Felipe adorava pássaros e decidiu que seria cuidador de pássaros quando crescesse. Porém quando começa a frequentar a escola ele começa a entender que lá os professores sabem muito de apenas uma coisa, que a campainha é que faz mudar o canal de pensamento, que há horas certas para se pensar sobre as coisas e que tudo que lhe é ensinado serve apenas para passar no vestibular, e que não há vestibular para cuidador de pássaros, que nenhum de seus professores sabe o nome do pássaro azul que ele vê voando livre. 
Felipe que antes sonhava em voar livre como os pássaros que observava, voavam cada um de uma maneira, já que existem muitos jeitos de voar, agora tem pesadelos com gaiolas em que esta trancado, pois trancaram seu pensamento, lhe oferecendo condições básicas para viver mas retirando o que tinha de mais importante, a possibilidade ir tão alto e tão longe quanto pudesse e quisesse. Ele entende que falar sobre algo diferente do que os professores querem significa que ele precisa ir ao psicólogo, pois tem algum distúrbio que o impede de ser eficiente em sala de aula e que conseguir um diploma será sua maior realização e o ponto principal que merece toda sua atenção e esforço.
Adulto, já formado e especialista em linguiças, ele começa a ter sonhos com pássaros e se tornar triste, até que depois de terapia ele consegue se lembrar do pássaro azul que um dia viu e uma noite é transformado em criança de novo pela Fada Azul.
O autor critica a maneira de ensinar que a maioria das escolas possui que retira a criatividade das crianças, cortam suas asas e as transformam em bonecos do sistema, que serão obedientes, comportados, seguirão uma linha de tempo que existe em seu inconsciente para fazer as coisas de sua vida, como conseguir um emprego, casar, ter filhos, ver esses filhos com diploma e então poder morrer como nesse trecho do livro: “...Seus pais sentirão que agora podiam morrer. Sua missão como educadores estava cumprida. Seu filho era, finalmente, um profissional.” (2010, p.43) As crianças são transformadas em adversárias ao decorrer dos anos e seus sonhos são esquecidos para que possam alcançar um lugar de destaque e serem consideradas alguém.
A abordagem da maioria das escolas e da escola pela qual Felipe passa é a abordagem tradicional. 
Na abordagem tradicional o aluno é considerado uma tabula rasa, um mini adulto que precisa ser atualizado, ele irá receber todo conhecimento acumulado que é considerado importante por alguém.
De acordo com Mizukami (1986, p. 8): “...Esse tipo de ensino volta-se para o que é externo ao aluno: o programa, as disciplinas, o professor. O aluno apenas executa prescrições que lhe são fixadas por autoridades exteriores”. 
No livro isso é apontado pelo autor no seguinte trecho: 
“... Na aula de português, temos que pensar e falar sobre aquilo que o programa manda.
Felipe não entendeu o que era “programa”.
--Professora, o que é programa?
Sabendo que Felipe era uma criança, ela explicou de forma bem fácil: 
--Programa é uma fila com todas as coisas que você deve aprender na escola, colocadas uma atrás da outra. 
--E...professora...- Felipe continuou – quem é que diz quais são as coisas que devo aprender? [...]
--Quem pode os conhecimentos em fila são pessoas muito inteligentes, do governo.
--E como é que eles sabem o que eu quero aprender?[...]
--A escola não é para você aprender aquilo que quer – disse a professora. - A escola é para você aprender aquilo que deve aprender.[...]” (2010,p. 29,30)
O professor é colocado como possuidor de todo o saber, o professor será o condutor do aluno para que esse alcance os objetivos colocados pela escola, professor e aluno tem uma relação vertical, com uma das pontas detendo todo o poder, é o professor que irá decidir como serão as aulas, a velocidade em que as informações vão ser passadas e que devem ser adquiridas de maneira igual por toda a turma e como serão as avaliações.
O aluno por sua vez, deve aprender o conteúdo que lhe foi transmitido para atingir a media necessária para ser aprovado nas provas que fará, tentando reproduzir o mais próximo da exatidão que conseguir, mesmo aquilo sendo contra sua vontade, afinal sua vontade e sua bagagem nessa abordagem são inexistentes/ignoradas.
No livro Felipe pergunta a seu pai quando conversam sobre notas: “[...] A diferença de um ponto na nota pode ter o mesmo valor que um ano de vida?” (2010, p. 24)
Na escola a criança recebera diversos estímulos que a levam a chegar no objetivo que é esperado. Assim é observada a inclusão da abordagem comportamental.
Para a abordagem comportamentalista conhecimento é fruto da experiência. Os modelos de ensino são desenvolvidos a partir da análise dos processos por meio dos quais o comportamento humano é modelado e reforçado.
O homem é produto do meio, o meio pode ser modificado e assim modificar o comportamento. É o que ocorre nas escolas, através do sistema de ensino, os professores tentam modificar o comportamento, seguem um cronograma para poder observar se os resultados esperados foram alcançados, se o conteúdo foi aprendido, decorado, se houve mudança de comportamento e se as notas esperadas foram alcançadas por todos os alunos. 
“[...] Você não está pensando naquilo que deve pensar nesta hora...”
“[...] Se você não concentrar a atenção nos pensamentos que devem ser pensados, não aprenderá o que está no programa. Se não aprender o que está no programa tirará notas baixas nas provas. Tirando notas baixas, não passará de ano. E não passará no vestibular. Não entrará na universidade. Não tirará diploma. Não será ninguém na vida!” (2010, p. 38)
“Desse dia em diante, Felipe passou a olhar na direção certa. Olhava para os olhos do professor, olhava para as lições dos livros. Passou a tirar as melhores notas da classe. Nunca mais foi mandado ao psicólogo.” (2010, p. 39)
Segundo Mizukami:
 “A escola é a agência que educa formalmente. Não é necessário a ela oferecer condições ao sujeito para que ele explore o conhecimento, explore o ambiente, invente e descubra. Ela procura direcionar o comportamento humano às finalidades de caráter social [...]” (1986, p. 29)
Felipe esqueceu os pássaros, tornou-se um bom aluno, passou em primeiro no vestibular, conseguiu um diploma e ganhou muito dinheiro.
As duas abordagens acima vêem a criança como alguém incompleto, que precisa de um líder, que não é capaz sozinho de alcançar algum conhecimento ou cultura. 
Na abordagem humanista, criada por Carl Rogers, o professor é um facilitador e não um transmissor de conhecimento, ele cria condições para que seus alunos aprendam.
“Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, às suas inibições;um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento.” (FREIRE, Pedagogia da Autonomia, 1996, p.47)
As diferenças entre cada aluno é percebida e respeitada. As experiências de vida do aluno são levadas em conta e não ignoradas, no livro Felipe questiona seu pai sobre isso: “—Quer dizer que o que eu aprendi fora da escola não vale nada lá dentro? [...]” (2010, p. 23). O autor critica que o conhecimento que aluno já tem seja ignorado por não caber no programa da escola.
A relação do aluno como professor nessa abordagem é uma relação horizontal, o professor se aproxima de seus alunos, é uma relação mais pessoal, intima. 
Essa abordagem espera que cada aluno torne-se alguém de iniciativa, que se desenvolva psicologicamente e intelectualmente, que seja capaz de lidar com qualquer nova situação ou problema utilizando sua experiência e que seja saiba colaborar com outros sem deixar de ser individuo.
Referências Bibliográficas
MIZUKAMI, M. Ensino: As abordagens do Processo. São Paulo: EPU, 1986
ALVES, Rubem. Pinóquio às avessas. Versus Editora, 2010
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996

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