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terceira e quarta semana de gestação, placenta e anexos

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TERCEIRA E QUARTA SEMANA DE DESENVOLVIMENTO
PLACENTA E MEMBRANAS
Terceira semana
Normalmente, uma gravidez é detectada pela ausência da menstruação, ou seja, 5 semanas após o último período menstrual, e neste ponto já inicia a terceira semana de gravidez. Através de um exame de ultrassonografia, o concepto implantado já pode ser visualizado (Figura 1-1).
Figura 1-1
Gastrulação
O disco embrionário bilaminar (Figura 1-2.A), formado na segunda semana de desenvolvimento, desenvolve-se em disco embrionário trilaminar (Figura 1-2.H) durante a terceira semana de desenvolvimento; este processo é conhecido como gastrulação. O processo de gastrulação tem o papel de formar as três camadas germinativas, ectoderma embrionário, mesoderma embrionário e endoderma embrionário, cada uma delas responsável por desenvolver tecidos e órgãos específicos. A gastrulação da início, também, a orientação axial e ao desenvolvimento da forma do corpo, a morfogênese.
Linha primitiva
Na região caudal, no plano mediano do aspecto dorsal do disco embrionário, células do epiblasto começam a proliferar e movimentar para o plano mediano do disco embrionário no início da terceira semana, formando a linha primitiva (Figura 1-2.B). Células vão se adicionando à extremidade caudal da linha primitiva, causando seu alongamento, e a proliferação na extremidade cefálica forma o nó primitivo. Ocorre uma invaginação das células epiblasticas na linha primitiva, formando o sulco primitivo, e a fosseta primitiva no local do nó primitivo (Figura 1-2.F). A partir disso, pode-se identificar posição, direção e planos do corpo do embrião.
Na linha primitiva, células da superfície profunda do epiblasto migram ventralmente e formam o tecido conjuntivo embrionário de células fusiformes chamado mesênquima, responsável pela formação dos tecidos de sustentação do embrião e pela formação do mesoblasto, que forma o mesoderma embrionário. As células do epiblasto deslocam o hipoblasto formando o endoderma embrionário no teto da vesícula umbilical, e o que permanece no epiblasto forma o ectoderma embrionário. 
No início da quarta semana a produção de mesoderma desacelera, a linha primitiva diminui de tamanho e desaparece no fim da quarta semana, restando apenas uma estrutura insignificante na região sacrococcígea.
Figura 1-2
Processo notocordal e notocorda
Através da linha primitiva, as células mesenquimais migram e adquirem destino de células mesodérmicas. Através do nó primitivo, e da fosseta primitiva, essas células migram na direção cefálica formando o processo notocordal, que logo adquire uma luz, o canal notocordal (Figura 1-3.B). Entre o ectoderma e o endoderma, o processo notocordal cresce cefalicamente até a placa pré-cordal (Figura 1-3.C), e esta da origem ao endoderma da membrana orofaríngea, e serve como sinalização de controle para o desenvolvimento das estruturas cranianas.
Células mesenquimais, da linha primitiva e do processo notocordal, migram entre o ectoderma e o endoderma, na direção lateral e cefálica até alcançarem as margens do disco embrionário ficando contínuas com o mesoderma embrionário de revestimento da vesícula umbilical e do âmnio. Enquanto isso, algumas outras células mesenquimais da linha primitiva migram pelas laterais do processo notocordal e ao redor da placa neural, em direção cefálica, onde se encontram formando o mesoderma cardiogênico, formando a área cardiogênica onde se desenvolve o primórdio do coração a partir da terceira semana. 
A membrana cloacal (Figura 1-3.C), uma área circular na região caudal da linha primitiva, indica onde futuramente será o ânus. Tanto nessa membrana, quanto na membrana orofaríngea, a migração de células mesenquimais é impedida, pois o ectoderma e o endoderma estão fundidas, mantendo um disco bilaminar no local. 
 Figura 1-3
No local de contato com o endoderma, o assoalho do processo notocordal se funde com esse (Figura 1-4.B), e gradualmente sofre uma degeneração que elimina o assoalho(Figura 1-4.C), abrindo uma comunicação do canal notocordal com a vesícula umbilical, consequentemente, comunicando a cavidade amniótica com a vesícula umbilical, o canal neuroentérico, que persistirá até o desenvolvimento completo da notocorda. O que resta do processo notocordal forma, então, uma placa notocordal (Figura 1-4.D). 
A partir da extremidade cefálica, as células da placa notocordal proliferam e invaginam (Figura 1-4.F) formando a notocorda, que se desprende do endoderma da vesícula umbilical, deixando novamente uma camada contínua(Figura 1-4.G). A notocorda se estende da membrana orofaríngea até o nó primitivo e se degenera futuramente com a formação das vertebras, restando apenas pequenas porções como o núcleo pulposo de cada disco intervertebral.
Figura 1-4
A notocorda funciona como indutor primário no embrião inicial, ou seja, um centro de sinalização para seu desenvolvimento, e leva a formação da placa neural, que se desenvolverá em sistema nervoso central.
Alantoide
No 16º dia, aproximadamente, aparece uma pequena invaginação da parede caudal da vesícula umbilical, o alantoide, que se estende para o pedículo de conexão (Figura 1-4.B). Seu mesoderma se expande para baixo do córion e forma vasos sanguíneos que servirão para a placenta. O úraco é a parte proximal do alantoide que persiste a maior parte do desenvolvimento, é um cordão que se estende da bexiga até a região umbilical, que nos adultos é conhecido como ligamento umbilical mediano.
Neurulação
O processo de formação da placa neural e das pregas neurais, e fechamento das pregas para formar o tubo neural, é chamado de neurulação, um processo que se completa até o final da quarta semana, e é sinalizado pelo fechamento do neuroporo caudal.
Placa neural e tubo neural
A partir do espessamento do ectoderma embrionário sobrejacente a notocorda, que está se desenvolvendo, é formada uma placa neural de células epiteliais espessadas(Figura 1-5.A). Este neuroectoderma da placa neural é responsável por originar o sistema nervoso central, a retina e outras estruturas. 
Inicialmente, o tamanho da placa neural é igual ao comprimento da notocorda adjacente(Figura 1-3.B), pois ela surge rostralmente ao nó primitivo e dorsalmente à notocorda e ao mesoderma adjacente a ela, acompanhando o crescimento da notocorda, até que alcança a membrana orofaríngea, ultrapassando a notocorda no fim do seu desenvolvimento(Figura 1-3.C e D).
A placa neural se invagina ao longo de seu eixo central, aproximadamente no 18º dia, formando um sulco neural mediano longitudinal (Figura 1-5.B) com pregas neurais de cada lado (Figura 1-5.D), estas pregas ficam proeminentes na extremidade cefálica do embrião, e demonstram o início do desenvolvimento do encéfalo. As pregas neurais, antes de terminar a terceira semana, começam a se mover juntas (Figura 1-5.F) e se fundem, transformando a placa neural no tubo neural (Figura 1-6.E), que futuramente se tornará as vesículas encefálicas e a medula espinal, e ele logo se separa do ectoderma.
 Figura 1-5
Crista Neural
Enquanto as pregas neurais se fundem para formar o tubo neural (Figura 1-6.C), algumas células ectodérmicas, da margem interna de cada prega, perdem sua afinidade epitelial e se ligam às células vizinhas. Assim, com a separação do tubo neural do ectoderma, as células da crista neural, essas que perderam afinidade, formam uma massa achatada e irregular entre o tubo neural e o ectoderma, a crista neural (Figura 1-6.E). 
A crista neural logo se divide em duas partes, direita e esquerda, que deslocam para os aspectos dorsolaterais do tubo neural (Figura 1-6.F), onde darão origem aos gânglios sensoriais dos nervos espinais e cranianos, e contribuem na formação dos gânglios dos nervos cranianos V,VII, IX e X. Formam, também, as bainhas de neurilema dos nervos periféricos e contribuem na formação das leptomeninges da aracnoide e da pia-máter, das células pigmentares, da medula da glândula adrenal e para muitoscomponentes do tecido conjuntivo na cabeça.
As margens livres do ectoderma se fundem e a neurulação se completa durante a quarta semana. Figura 1-6
Somitos
Além da notocorda, é formado, também, o mesoderma paraxial a partir de células do nó primitivo, que aparecem próximas a este formando duas colunas espessas e longitudinais(Figura 1-4.G e 1-5.B), cada uma lateralmente ao mesoderma intermediário que gradualmente se estreita em uma camada de mesoderma lateral.
O mesoderma lateral, quando próximo ao fim da terceira semana, se diferencia, condensa-se e começa a se dividir em corpos cuboides, os somitos(Figura 1-5.C a F), que formam uma sequência cefalocaudal localizados em ambos lados do tubo neural que está se desenvolvendo. No período somítico de desenvolvimento humano são formados cerca de 38 pares de somitos, completando 42 a 44 pares no fim da quinta semana.
Primeiro, os somitos surgem na futura região occipital do embrião e se desenvolvem em direção a região caudal, responsáveis pela origem da maior parte do esqueleto axial, musculatura associada e derme adjacente.
Celoma intraembrionário
No mesoderma lateral e no mesoderma cardiogênicos, surgem os espaços celômicos (Figura 1-5.A, B e C), que se unem formando o celoma intraembrionário, uma única cavidade em formato de ferradura (Figura 1-5.E).
O mesoderma lateral fica dividido em duas camadas, somática e esplâncnica. A camada somática (Figura 1-5.D), ou parietal, do mesoderma lateral localizado abaixo do epitélio ectodérmico e continuo com o mesoderma extraembrionário que reveste o âmnio, forma a parede do corpo do embrião, ou somatopleura (Figura 1-5.F), junto ao ectoderma embrionário sobrejacente. A camada esplâncnica (Figura 1-5.D), ou visceral, de mesoderma lateral adjacente ao endoderma e continuo com o mesoderma extraembrionário que reveste a vesícula umbilical, forma o intestino do embrião, ou esplancnopleura (Figura 1-5.F), junto ao endoderma embrionário sobrejacente. 
O celoma intraembrionário, no segundo mês, é dividido em três cavidades do corpo, a cavidade pericárdica, cavidades pleurais e cavidade peritoneal.
Desenvolvimento inicial do sistema cardiovascular
A nutrição do embrião no fim da segunda semana, ainda é obtida do sangue materno por difusão através do celoma extraembrionário e da vesícula umbilical, mas no início da terceira semana o embrião precisa desenvolver uma melhor forma de receber nutrição e nutrientes, iniciando assim, o desenvolvimento de uma circulação uteroplacentária através de dois processos. A formação de novos canais vasculares pela associação de percussores celulares individuais chamados de angioblastos, processo de vasculogênese, e a formação de novos vasos por brotamento e ramificação de vasos já existentes, o processo de angiogênese. 
Angiogênese e vasculogênese
A partir da diferenciação das células mesenquimais, surgem os angioblastos, as células formadores de vasos, que se unem formando ilhotas sanguíneas (Figura 1-7.B e C), associadas a vesícula umbilical ou aos condões endoteliais internos do embrião (Figura 1-7.A). O endotélio é formado ao redor das cavidades nas ilhotas, pelo achatamento de angioblastos (Figura 1-7.E), e essas cavidades se fundem formando redes de canais endoteliais (vasculogênese) (Figura 1-7.F). 
Figura 1-7
Por meio de brotamento endotelial, os vasos brotam nas áreas adjacentes e se fundem com outros vasos (angiogênese), e as ao redor dos vasos sanguíneos endoteliais primordiais, as células mesenquimais se diferenciam nos elementos musculares e tecido conjuntivo dos vasos.
A medida os vasos crescem na vesícula umbilical e no alantoide, no fim da terceira semana as células sanguíneas se desenvolvem a partir das células endoteliais (Figura 1-7.E) desses vasos e, posteriormente, a partir dos locais especializados ao longo da aorta dorsal, mas a formação do sangue só se inicia na quinta semana. 
 
Sistema cardiovascular primitivo
Na área cardiogênica, a partir das células mesenquimais se formam o coração e os grandes vasos. Os tubos cardíacos endocárdicos, canais pareados e longitudinais revestidos por células endoteliais, desenvolvem-se e se fundem formando o tubo cardíaco primitivo. O coração tubular se une aos vasos sanguíneos no pedículo, no córion e na vesícula umbilical, e assim se forma o sistema cardiovascular primitivo, que até o termino da terceira semana terá o sangue circulando e o sangue batendo no 21º ou 22º dia (Figura 1-8). 
 Figura 1-8
Desenvolvimento das vilosidades coriônicas
No início da terceira semana, as vilosidades coriônicas primarias já formadas no fim da segunda semana, começam a se ramificar e o e mesênquima cresce nelas formando um eixo central de tecido mesenquimal (Figura 1-9.B), chamando agora, vilosidades coriônicas secundarias (Figura 1-9.A), revestindo toda a superfície do saco coriônico. Tornam-se vilosidades coriônicas terciarias (Figura 1-9.C) após algumas células mesenquimais se diferenciarem em capilares e células sanguíneas formando vasos visíveis.
Redes arteriocapilares são formadas nas vilosidades pela fusão de capilares, e após isso se conectam ao coração do embrião por meio de vasos que se diferenciam o mesênquima do córion e do pedículo de conexão. Antes do fim da terceira semana, o sangue começa a fluir lentamente pelos capilares das vilosidades coriônicas. Através das paredes das vilosidades denominadas terminais, ocorrem trocas entre o sangue da mãe (do espaço interviloso) (Figura 1-9.C) do embrião, oxigênio e nutrientes da mão para o embrião, e CO2 e produtos residuais no sentido contrário. A capa citotrofoblástica extravilosa (Figura 1-9.C) é formada pela proliferação das células citotrofoblástica das vilosidades coriônicas e se estendendo através do sinciciotrofoblasto, e é transpassada pelas vilosidades coriônicas-tronco que se prendem aos tecidos maternos.
 Figura 1-9
Quarta Semana
É nesse período que ocorrem as principais mudanças morfológicas corporais no embrião.
Dobramento do Embrião
Devido a velocidade divergente de crescimento dentre as diferentes partes do embrião, formam-se os dobramentos. Estes se dão em dois planos: mediano e horizontal, e os dobramentos são os da extremidade cefálica e caudal e o dobramento lateral, os quais ocorrem simultaneamente.
Dobramento do Embrião no Plano Mediano
No plano mediano ocorrem os dobramentos nas extremidades em direção ventral, que desta maneira originam as pregas cefálica e caudal. Que ser formam durante o processo de alongamento do embrião. 
 Prega Cefálica				
Com o espessamento das pregas neurais da região cefálica há a formação dos primórdios do encéfalo, que inicialmente cresce em direção dorsal na cavidade amniótica. Em seguida, o encéfalo anterior ocupa posição acima do coração em desenvolvimento, ao projetar-se além da membrana orofaríngea, em direção cefálica. Simultaneamente, há o deslocamento na superfície ventral do embrião as seguintes estruturas: membrana orofaringe, septo transverso, coração primitivo e celoma pericárdico. Como consequência do dobramento, parte do endoderma da vesícula umbilical é incorporado ao embrião de maneira que esta forma o intestino anterior, este no qual é separado do estomodeu (boca primitiva) pela membrana orofaríngea. (Figura 2-1, figura ao lado). O septo transverso, que agora se situa caudalmente ao coração, dará origem ao tendão central do diafragma. A prega cefálica influencia, também, na formação do celoma embrionário, que depois do dobramento, o celoma pericárdico assume posição ventral ao coração.
 Prega Caudal
A partir do crescimento da parte distal do tubo neural, forma-se o dobramento da extremidade caudal do embrião. Sobre a membrana cloacal (futura região anal), se projeta a eminência caudal. Neste processo, há a formação do intestino posterior, a partir da incorporação da camada germinativa endodérmica. Em sua região terminal, o intestino posteriorse dilata e forma a cloaca. Neste processo, a linha primitiva, que antes ocupava uma posição cranial em relação à cloaca, agora ocupa uma posição caudal, e o pedículo de conexão, que formará o cordão umbilical, assume a posição ventral, já o alantoide incorpora-se parcialmente ao embrião. (Figura 2-2, A e B)
Figura 2-2
Dobramento do Embrião no Plano Horizontal
Devido ao rápido crescimento dos somitos e da medula espinal, os primórdios de parede ventrolateral se dobram em direção ao plano mediano. Esse dobramento lateral dá origem às pregas direita e esquerda. Neste processo é formado o intestino médio, devido à incorporação de parte da camada germinativa endodérmica, com a formação das paredes abdominais. Com o dobramento lateral, a comunicação entre o intestino médio e a vesícula umbilical é reduzido ao ducto onfaloentérico, a relação do âmnio com a região ventral do embrião, também, se reduz à região umbilical. Como há fusão das pregas laterais e a transformação do pedículo de conexão no cordão umbilical, a comunicação entre o celoma extra e intraembrionário se reduz a uma comunicação pequena. Com o crescimento do âmnio, e, consequentemente, obliteração do celoma extraembrionário, o âmnio começa a recobrir o cordão umbilical com células epiteliais de revestimento. (Figura 2-3)
Figura 2-3. Esta figura resume todos os processos de dobramentos apresentados até agora.
Principais Eventos da Quarta Semana
No início da quarta semana, o embrião é praticamente reto e tem, em média, de quatro a doze somitos. Nesta fase, o tubo neural está formado na região dos somitos, porém, nas extremidades é amplamente aberto, formando os neuroporo rostral e caudal. (Figura 2-4).
Figura 2-4
O primeiro par de arcos faríngeos podem ser visto a partir, em média, do vigésimo quarto dia. A maior parte do arco originará a mandíbula, já sua parte rostral, formará a proeminência maxilar, que contribui para a formação maxilar. Nesta fase, o embrião já apresenta certa curvatura devido às pregas cefálica e caudal e o coração, que ocupa a porção ventral, já é funcional. (Figura 2-5)
Figura 2-5
No vigésimo sexto dia, o neuroporo rostral já se fechou e já pode-se ver três pares de arcos faríngeos. Pode-se ver espessamentos ectodérmicos, os placodes do cristalino, que formarão os futuros cristalinos dos olhos, e também as fossetas óticas, que são primórdios da orelha interna. (Figura 2-6)
Figura 2-6
Em torno do vigésimo sétimo, vigésimo oitavo dia, pode-se ver a formação dos brotos dos membros superiores. No final da quarta semana, o neuroporo caudal provavelmente já terá se fechado, pode-se ver, também, a formação dos brotos dos membros inferiores e pode-se perceber uma longa eminência caudal. Sistema de órgãos rudimentares já se estabeleceram nesse período. (Figura 2-7, 2-8 e 2-9)
Figura 2-7
Figura 2-8
			
Figura 2-9
Placenta
A placenta é um órgão fetomaterno, ou seja, é composto por uma parte fetal, composta a partir do saco coriônico em sua camada mais externa, e a parte materna, que se deriva do endométrio uterino. A decídua é o endométrio de mulher durante o período gestacional, e esta se divide em três regiões: Decídua basal (é a parte intimamente ligada ao concepto), capsular (que envolve superficialmente o concepto) e parietal (a camada mais externa).
Figura 3-1
Durante o desenvolvimento da placenta apresentam-se as seguintes características e ocorrem os seguintes fenômenos:
- O córion, que incialmente é repleto de vilosidades, ao desenvolver-se, na parte ligada a decídua basal há a ramificação e profusão dessas vilosidades, formando o córion viloso, enquanto nas ademais partes elas se degeneram, formando o córion liso.O saco coriônico é fixado na decídua através da capa citotrofoblástica, que é atravessado por veias e artérias maternas através de suas lacunas, e estas se abrem no espaço interviloso. (Figura 3-1)
- Através das artérias endometriais espiraladas, que desembocam no espaço interviloso, chegam os nutrientes e gases necessários para o desenvolvimento do embrião, que adentram o embrião através das vilosidades nas veias umbilicais. Já as artérias umbilicais são responsáveis por trazer as excretas e os produtos residuais gerados pelo metabolismo fetal, os quais são drenados do espaço interviloso pelas veias endometriais. (Figura 3-2)
Figura 3-2
- O saco amniótico, devido ao seu desenvolvimento rápido, fusiona-se com o saco coriônico, formando a membrana amniocoriônica. Essa membrana, após a degeneração da decídua capsular, adere à decídua parietal. E é esta a membrana que se rompe quando se inicia o trabalho de parto, comumente chamado de “bolsa”
- Membrana placentária é a membrana que fica entre os vasos fetais e o sangue materno, ou seja, que separa o sangue fetal do materno. Esta tem grande importância no transporte de substâncias entre esses dois meios. (Figura 3-3)
Figura 3-3
A placenta apresenta possui três principais funções:
A função metabólica, com por exemplo, a síntese de glicogênio, ácidos graxos e colesterol
Transporte de gases e nutriente
Secreção Endócrina
A placenta também é uma importante barreira protetora, tanto contra agentes infecto-parasitários como também contra o próprio sistema de defesa materno.
Membranas
Cordão umbilical
Por volta da quinta semana de gestação é formado o cordão umbilical (Figura 3-4). Composto por duas artérias e uma veia envoltas por tecido conjuntivo mucóide (geleia de Wharton), é um cordão que liga a região abdominal do feto à placenta e as membranas fetais, e esta última união é chamada inserção vilamentosa do cordão, comumente localizada no centro da superfície fetal placentária. Medindo normalmente de 30 a 90 cm de comprimento e 1 a 2 cm de diâmetro, quando o cordão é muito longo pode levar a um prolapso ou enrolar-se no feto, ocorrendo hipóxia ou anoxia, podendo causar deficiências mentais e morte. Quando muito curto, o cordão pode causar a separação prematura da parede uterina durante o nascimento.
Através do cordão umbilical, o feto recebe sangue oxigenado e nutrido pela veia, e devolve sangue pobre em oxigênio e com resíduos a serem eliminados, passando através das artérias até a placenta. Por serem mais longos que o cordão umbilical, seus vasos estão suscetíveis a torção e flexão, que é algo comum, frequentemente formando laços e produzindo falsos nós sem importância, mas a formação de nós verdadeiros pode ocorrer, e quando apertados causam anoxia e levam a morte do feto. Em grande parte dos casos, os nós formados têm como causa a passagem do feto por um laço do cordão durante o parto, e ocasionalmente ocorre o simples enlaçamento do cordão em volta do feto. 
Figura 3-4
Logo após ao nascimento é realizado o corte do cordão umbilical, e devido à ausência do oxigênio por ele fornecido, ocorre a abertura das artérias que servem de via para o sangue que vem do lado direito do coração para os pulmões (normalmente quase fechadas durante a vida intrauterina). Esta abertura permite que o líquido existente nos alvéolos pulmonares seja absorvido, permitindo que se abra uma via aérea entre a boca do bebê e os seus pulmões por onde se passa a fazer a oxigenação do seu sangue. 
Âmnio e líquido amniótico
Âmnio
O âmnio (Figura 3-5) forma um saco membranoso contendo líquido amniótico que envolve o embrião e, posteriormente, o feto. Com o crescimento do âmnio, ela vai obliterando a cavidade coriônica e cria uma cobertura epitelial no cordão umbilical.
Líquido amniótico
O embrião/feto, suspenso pelo cordão umbilical, flutua livremente no líquido amniótico, que é extremamente importante para seu desenvolvimento normal.
O líquido amniótico possibilita o crescimento externo simétrico do embrião/feto, atua como barreira à infecção, impede a aderência do âmnio ao embrião/feto, possibilita o desenvolvimento normal do pulmão fetal, amortece impactos recebidos pela mãe,mantem a temperatura do embrião relativamente constante, possibilita o movimento livre do feto e assim desenvolvendo melhor os os músculos dos membros e auxilia na manutenção da homeostase de líquidos e eletrólitos.
Vesícula umbilical
Após iniciado seu desenvolvimento na segunda semana, a vesícula umbilical, é grande no 32º dia, mas com 10 semanas (Figura 3-5.C) ela é reduzida a um vestígio de 5mm localizado na cavidade coriônica entre os sacos amnióticos e coriônicos. Essa pequena vesícula umbilical atrofia com o avanço da gestação, ficando bastante pequena na 20ª semana (Figura 3-5.D), e em alguns ela persiste por toda gestação, mas sem importância.
Antes da circulação uteroplacentária ser estabelecida, durante a segunda e terceira semanas a vesícula umbilical tem o papel de transferir nutrientes ao embrião. O desenvolvimento sanguíneo se inicia no mesoderma extraembrionário bem vascularizado que recobre a parede da vesícula umbilical, começando na terceira semana e continuando a ser formado lá até o início da atividade hematopoiética no fígado durante a sexta semana. A endoderme da vesícula umbilical é incorporada ao embrião como intestino primordial. Derivada do epiblasto, sua endoderme dá origem aos epitélios da traqueia, brônquios, pulmões e canal alimentar. Células germinativas primordiais aparecem no revestimento endodérmico da parede da vesícula umbilical na terceira semana e mais tarde migram para as gônadas em desenvolvimento, se diferenciando em espermatogônias no sexo masculino e em oogônias no sexo feminino. 
Figura 3-5
Alantoide
O alantoide tem o início de seu desenvolvimento na terceira semana de desenvolvimento (Figura 3-6.A), conforme foi descrito.
Entre a terceira e quinta semanas, a formação sanguínea ocorre nas paredes do alantoide. Seus vasos sanguíneos persistem como artérias e veias umbilicais. No segundo mês, a parte extraembrionária do alantoide degenera, depois sua parte intra-embrionária passa do umbigo para a bexiga (Figura 3-6.B), com a qual é continua, e com o crescimento da bexiga, o alantoide involui e forma um tubo grosso, o úraco (Figura 3-6.C), que torna-se um cordão fibroso após o nascimento, o ligamento umbilical mediano (Figura 3-6.D), se estendendo do ápice da bexiga ao umbigo.
Figura 3-6
Os gêmeos e as membranas fetais
A formação da placenta e das membranas fetais é diferente na gestação de gêmeos, e ainda variam com os tipos de gêmeos.
No caso de gêmeos dizigóticos, ou seja, originados de dois zigotos, sempre tem dois âmnios e dois córions, quando implantados em lugares separados no endométrio (Figura 3-7.A), cada um possui uma placenta, mas os blastocistos podem implantar em locais próximos no endométrio (Figura 3-7.B), causando uma fusão dos córions e das placentas.
Figura 3-7
Gêmeos monozigóticos, os que desenvolvem a partir de um único zigoto (Figura 3-8), cada um possui um saco amniótico mas dividem um saco coriônico e uma placenta, isso quando desenvolvem a partir da divisão do embrioblasto na primeira semana, o que normalmente acontece. Raramente, ocorre a divisão precoce do blastômero, resultando em gêmeos monozigóticos (Figura 3-9) que se desenvolvem nas mesmas condições de gêmeos dizigóticos.	Figura 3-8
Placenta, membranas e o parto
Após o nascimento do bebê ocorre o estágio placentário do parto. Com a retração uterina, uma parte da placenta se descola do útero, surgindo ali uma massa de sangue extravasado a separando da parede uterina, e então a placenta é expelida junto as membranas fetais através do colo do útero. (Figura 3-10)
Figura3-9Figura3-10
Referencias
Embriologia Clínica - 9ª Ed. 2013. Moore, Keith
PORTAL EDUCAÇÃO - http://www.portaleducacao.com.br/cotidiano/artigos/39209/a-importante-funcao-do-cordao-umbilical#ixzz3c1AnEdNC

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