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Relatório sobre Terceirização

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Relatório sobre Terceirização na Atualidade no Brasil
A terceirização do trabalho é matéria de julgamento de diversos tribunais brasileiros, como TST e STF, é um grande fenômeno que implica em conflitos jurídicos. É um tema que atingi diretamente a economia com seu caráter universal e irreversível, pois tem como finalidade modificar as atividades empresariais e suas especializações.
Existem duas espécies de terceirização, a prestação ou fornecimento de bens e serviços e o fornecimento de mão de obra. A distinção entre essas duas espécies está no local de trabalho do empregado: enquanto na prestação de serviços típica ele trabalha na empresa terceirizada e com equipamento da terceirizada, entregando apenas o bem ou prestando serviço, na locação de mão de obra ele labora nas dependências da empresa tomadora dos serviços, ombro a ombro com os empregados diretos da empresa principal. É uma relação entre trabalhador e a empresa beneficiária direta e seus serviços, existindo uma terceira parte, que é a empresa contratante do trabalhador e fornecedora de mão de obra.
Na forma jurídica a terceirização tem a intervenção da Justiça do Trabalho, pois as relações trabalhistas possuem vários efeitos, conforme artigo do Ministro do TST Ives Gandra M. Filho:
Mera redução de custos das empresas tomadoras dos serviços, com sensível redução de salários (e outros direitos laborais) para os trabalhadores, sendo que parte do que lhes seria devido vai para o intermediador de mão de obra; 
Não integração do trabalhador na empresa em que efetivamente presta serviços e que é o real beneficiária de seus esforços;
Descuido das normas de segurança e medicina do trabalho por parte das empresas terceirizadas em relação a seus empregados (sem contar o fato de que as empresas principais não se preocupariam com esse aspecto), o que tem ocasionado um aumento considerável de acidentes de trabalho;
Precarização da relação de trabalho, com alto índice de rotatividade da mão de obra terceirizada, a par da inadimplência reiterada das empresas contratadas pelo setor público, sem a responsabilização da administração pelos direitos trabalhistas dos empregados terceirizados, o que transferiria os riscos da atividade econômica para o empregado.
Esse fenômeno deve ser corrigido pela intervenção estatal do domínio econômico, nos casos que contrariem a lei e os direitos humanos fundamentais do trabalhador. A legislação teve grande desenvolvimento sobre a referida matéria, sendo provada pela realidade fática.
Havendo evolução jurisprudencial no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, garantido os direitos dos trabalhadores contra as novas técnicas de organização empresarial. Conforme as súmulas 256 e 331:
Súmula 256 (editada em 30/09/1986) – Admitia a terceirização, sob a modalidade de locação de mão de obra, apenas nos casos de trabalho temporário (Lei 6.019/74) e vigilância (Lei 7.102/83), sendo extremamente limitativa, uma vez que, no entender de então do TST, somente as atividades que, expressamente, fossem legalmente elencadas como passíveis de serem exercidas por empresas especializadas é que poderiam ser terceirizadas.
Súmula 331 (editada em 21/12/1993) – Ampliava as hipóteses em que se admitia a terceirização sob a modalidade de locação de mão de obra permanente, para abranger os serviços de conservação e limpeza, além de outros especializados ligados à atividade meio do tomador dos serviços (categoria conceitual distintiva entre atividade fim e atividade meio introduzida pelo verbete sumular), tendo em vista a ampliação da competência da Justiça do Trabalho para abranger os entes públicos (CF, art. 114) e a autorização legal da terceirização no setor público (Decreto-Lei 200/67);
Inciso IV da Súmula 331 (alterado em 18/09/2000) – Reconhecia a responsabilidade subsidiária objetiva da Administração Pública no caso de inadimplência dos direitos trabalhistas por parte da empresa terceirizada, intermediadora de mão de obra, não obstante a vedação expressa no art. 71, § 1o, da Lei 8.666/93;
Inciso V da Súmula 331 (introduzido em 27/05/2011) – Adequou a jurisprudência do TST ao entendimento do STF expresso na ADC 16-DF, no sentido de que, sendo constitucional o art. 71, § 1o, da Lei 8.666/93, somente se pode admitir a responsabilidade subsidiária subjetiva da Administração Pública nos casos de inadimplência da empresa terceirizada, quando evidenciada a culpa in vigilando ou in eligendo do ente estatal tomador dos serviços.
Durante dez anos, o inciso IV da Súmula 331 do TST foi atacado por entes públicos, afastando a responsabilidade subsidiária objetiva do Estado, nos casos que existia inadimplência das empresas terceirizadas, levando o Pretório Excelso à matização a responsabilidade. Após, revisão da súmula a jurisprudência reconhece a responsabilidade subsidiária em matéria de terceirização, de forma objetiva no setor privado e subjetiva no setor público.
As mudanças referentes à terceirização podem diminuir os salários dos trabalhadores, não oferecendo participação de lucro e demais benefícios. Além do aumento de acidentes de trabalho, denúncias de descriminalização em setores terceirizados, dificuldade em negociar de forma conjunta ou fazer greves. São situações que acontecem em setores como mineração, manutenção elétrica e confecções. 
A repercussão geral que teve em relação à discutição sobre o conceito de atividade- fim em casos de terceirização teve origem em uma denúncia formalizada em 2001 pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Extração de Madeira e Lenha no manejo florestal. No recurso ao STF, a empresa alega que não existe definição jurídica sobre o que seja exatamente atividade –meio e atividade –fim.
O entendimento do relator ministro Luiz Fux foi seguido por maioria, em deliberação no Plenário Virtual da Corte. O Recurso Extraordinário se discute artigos como o 2º, 5º, II, XXXVI, LIV e LV e 97 da CF, como a licitude da contratação de mão de obra terceirizada, para prestação de serviços, dispondo da súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho e o alcance da liberdade de contratar na esfera trabalhista.
 
Fontes: Relatórios e pareceres da Procuradoria Geral da República (PGR), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e de juízes do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Entrevistas com o auditor-fiscal Renato Bignami e o procurador do trabalho Rafael Gomes.

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