Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

1 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
 
 
 
 
Objetivos 
1. Compreender a morfofisiologia da 
Paratireoide; 
2. Entender o metabolismo do cálcio; 
3. Diferenciar os tipos de erros médicos; 
 
 
Glândula Paratireoide 
Inseridas posterior aos lobos da glândula 
tireoide encontram-se várias massas pequenas 
e arredondadas de tecido que são a 
paratireoide. São no total quatro glândulas 
paratireoide. 
Microscopicamente, as glândulas paratireoides 
contêm dois tipos de células epiteliais. As 
células mais numerosas são as células 
principais que produzem parayormônio 
(PTH). A função do outro tipo de célula, 
denominada célula oxifílica das 
paratireoides, não é conhecida na glândula 
paratireoide normal. Entretanto, a sua presença 
ajuda claramente a identificar a glândula 
paratireoide do ponto de vista histológico, em 
virtude de suas características singulares de 
coloração. Além disso, no câncer de glândulas 
paratireoides, as células oxifílicas secretam 
PTH em excesso. 
 
Paratormônio: 
O paratormônio é o principal regulador dos 
níveis de íons cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) 
e fosfato (HPO42–) no sangue. A ação 
específica do PTH consiste em aumentar o 
número e a atividade dos osteoclastos. O 
resultado consiste em reabsorção óssea 
elevada, que libera íons cálcio (Ca2+) e 
fosfatos (HPO42–) no sangue. O PTH também 
atua nos rins. Em primeiro lugar, ele retarda a 
taxa de perda de Ca2+ e de Mg2+ do sangue 
para a urina. Em segundo lugar, aumenta a 
perda de HPO42– do sangue para a urina. 
Como uma maior quantidade de HPO42– é 
perdida na urina em relação ao ganho dos 
ossos, o PTH diminui o nível sanguíneo de 
HPO42– e aumenta os níveis sanguíneos de 
Ca2+ e Mg2+. Um terceiro efeito do PTH 
sobre os rins consiste em promover a formação 
do hormônio calcitriol, a forma ativa da 
vitamina D. O calcitriol, também conhecido 
como 1,25-di-hidroxivitamina D3, aumenta a 
taxa de absorção de Ca2+, HPO42– e Mg2+ do 
sistema digestório para o sangue. 
APG 18 – Paratireoide 
 2 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
Controle da secreção de calcitonina e 
de paratormônio: 
O nível sanguíneo de cálcio controla 
diretamente a secreção de calcitonina 
e de paratormônio por meio de alças 
de retroalimentação negativa que não 
envolvem a hipófise: 
• Um nível de íons cálcio (Ca2+) 
no sangue acima do normal 
estimula a liberação de mais 
calcitonina pelos tireócitos T da 
glândula tireoide. 
• A calcitonina inibe a atividade 
dos osteoclastos, diminuindo, 
assim, o nível sanguíneo de 
Ca2+. 
• Um nível de Ca2+ no sangue 
abaixo do normal estimula a 
liberação de mais PTH pelas 
células principais densas da glândula 
paratireoide. 
• O PTH promove a reabsorção da matriz 
extracelular óssea, o que libera Ca2+ no 
sangue e retarda a perda de Ca2+ na urina, 
com consequente elevação do nível 
sanguíneo de Ca2+. 
• O PTH também estimula os rins a sintetizar 
calcitriol, a forma ativa da vitamina D. 
• O calcitriol estimula a absorção aumentada 
de Ca2+ dos alimentos no sistema 
digestório, o que ajuda a aumentar o nível 
sanguíneo de Ca2+. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Metabolismo do Cálcio 
 3 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
 
A fisiologia do metabolismo do cálcio e do 
fósforo, a formação dos ossos e dos dentes e a 
regulação da vitamina D, do paratormônio 
(PTH) e da calcitonina estão todas 
intimamente interligadas. A concentração 
extracelular de íons cálcio, por exemplo, é 
determinada pela interação da absorção 
intestinal de cálcio, a excreção renal e a 
captação/liberação óssea desse elemento pelos 
ossos. 
 
Visão geral da regulação de cálcio e fósforo no 
líquido extracelular e no plasma: 
A concentração de cálcio no líquido 
extracelular é, normalmente, regulada de modo 
preciso; Esse controle preciso é essencial, já 
que o cálcio desempenha um papel 
fundamental em muitos processos fisiológicos, 
incluindo a contração dos músculos 
esqueléticos, cardíaco e lisos, a coagulação 
sanguínea e a transmissão de impulsos 
nervosos, para citar apenas alguns. As células 
excitáveis, como os neurônios, são sensíveis a 
alterações das concentrações do cálcio iônico; 
assim, aumentos acima do normal 
(hipercalcemia) provocam a depressão 
progressiva do sistema nervoso; inversamente, 
a diminuição dessa concentração 
(hipocalcemia) causa mais excitação desse 
sistema. 
Uma característica importante da regulação 
extracelular do cálcio é que apenas cerca de 
0,1% do cálcio total do corpo encontra-se no 
líquido extracelular, cerca de 1% está nas 
células e suas organelas, e o restante é 
armazenado nos ossos. Portanto, os ossos 
servem como grandes reservatórios, 
armazenando o excesso de cálcio e liberando 
cálcio quando a concentração no líquido 
extracelular diminui. 
Aproximadamente 85% do fósforo do corpo 
encontra-se armazenados nos ossos, de 14 a 
15% estão nas células e menos de 1%, no 
líquido extracelular. Embora a concentração de 
fósforo no líquido extracelular não seja tão 
bem regulada como a de cálcio, o fósforo 
desempenha diversas funções importantes, 
sendo controlado por muitos dos fatores que 
regulam o cálcio. 
 
Cálcio no plasma e no líquido intersticial: 
O cálcio está presente em três formas no 
plasma: (1) Cerca de 41% do cálcio 
encontram-se combinados às proteínas 
plasmáticas e não podem difundir-se através da 
membrana dos capilares; (2) cerca de 9% do 
cálcio são difusíveis através da membrana dos 
capilares, mas estão combinados às 
substâncias aniônicas do plasma e aos líquidos 
intersticiais (p. ex., citrato e fosfato), de forma 
que não são ionizados; e (3) os 50% restantes 
do cálcio no plasma apresentam-se como 
difusíveis através da membrana dos capilares e 
ionizados. 
Assim, o plasma e os líquidos intersticiais 
mostram uma concentração normal do cálcio 
iônico corresponde à metade da concentração 
plasmática total de cálcio. Esse cálcio iônico é 
a forma ativa para a maioria das funções do 
cálcio no corpo, incluindo seu efeito sobre o 
coração, o sistema nervoso e a formação óssea. 
 
Fósforo inorgânico nos líquidos 
extracelulares: 
O fósforo inorgânico no plasma se encontra, 
principalmente, sob duas formas: HPO4= e 
H2PO4−. Quando a quantidade total de fósforo 
no líquido extracelular aumenta, também se 
eleva a quantidade de cada um desses dois 
 4 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
tipos de íons fosfato. Além disso, quando o pH 
do líquido extracelular torna-se mais ácido, há 
um aumento relativo de H2PO4− e uma 
diminuição de HPO4=, enquanto o oposto 
ocorre quando o líquido extracelular se torna 
alcalino. 
 
 
Como é difícil determinar quimicamente as 
quantidades exatas de HPO4= e H2PO4− no 
sangue, normalmente a quantidade total de 
fosfato é expressa em miligramas de fósforo 
por decilitro de sangue. 
 
 
Efeitos fisiológicos, não ósseos, das 
alterações das concentrações de cálcio e 
fósforo nos líquidos corporais: 
A variação dos níveis de fósforo, no líquido 
extracelular, para valores bem abaixo do 
normal até duas a três vezes a mais, não causa 
grandes efeitos imediatos no corpo. Em 
contraste, mesmo pequenos aumentos ou 
diminuições do íon cálcio no líquido 
extracelular causam efeitos fisiológicos 
extremos e imediatos. Além disso, a 
hipocalcemia e a hipofosfatemia crônica 
reduzem muito a mineralização óssea. 
 
A hipocalcemia causa a excitação do sistema 
nervoso e a tetania. Quando a concentração de 
íons cálcio no líquido extracelularcai abaixo 
do normal, o sistema nervoso torna-se 
progressivamente mais excitável, devido ao 
aumento da permeabilidade da membrana 
neuronal dos íons sódio, permitindo o 
desencadeamento natural de potenciais de 
ação. Em concentrações plasmáticas de íons 
cálcio cerca de 50% abaixo do normal, as 
fibras nervosas periféricas tornam-se tão 
excitáveis que começam a induzir descargas 
espontâneas, desencadeando uma série de 
impulsos nervosos, que são transmitidos para 
os músculos esqueléticos periféricos, 
provocando a contração muscular tetânica. 
Consequentemente, a hipocalcemia causa 
tetania. Ocasionalmente, também causa crises 
epilépticas devido a sua ação de aumentar a 
excitabilidade no cérebro. 
Em animais de laboratório, a hipocalcemia 
extrema ocasiona outros efeitos que raramente 
são evidentes em pacientes, como dilatação 
acentuada do coração, alterações nas 
atividades enzimáticas celulares, aumento da 
permeabilidade da membrana em algumas 
células (além dos neurônios) e distúrbio na 
coagulação sanguínea. 
A hipercalcemia deprime o sistema nervoso e 
a atividade muscular. Quando a concentração 
de cálcio nos líquidos corporais aumenta acima 
do normal, o sistema nervoso fica deprimido, e 
as atividades reflexas do sistema nervoso 
central ficam alentecidas. Além disso, o 
aumento da concentração de cálcio iônico 
reduz o intervalo QT do coração e provoca 
falta de apetite e constipação intestinal, 
provavelmente por causa da contratilidade 
deprimida das paredes musculares do trato 
gastrointestinal. 
Esses efeitos depressores começam a aparecer 
quando o nível sanguíneo do cálcio se eleva 
acima de 12 mg/dℓ, podendo ser intensificados 
conforme o nível de cálcio passa de 15 mg/dℓ. 
Quando a concentração de cálcio ultrapassa 
cerca de 17 mg/dℓ no sangue, cristais de 
fosfato de cálcio tendem a precipitar por todo 
 5 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
o corpo; essa condição é discutida, adiante, em 
associação à intoxicação paratireóidea. 
 
Absorção e excreção de cálcio e fósforo: 
Absorção intestinal e excreção fecal de cálcio 
e fósforo. As taxas usuais de ingestão são 
aproximadamente 1.000 mg/dia de cálcio e 
fósforo, o que corresponde às quantidades 
presentes em 1 ℓ de leite. Normalmente, os 
cátions divalentes, como os íons cálcio, são 
mal absorvidos pelos intestinos. Entretanto, a 
vitamina D promove a absorção de cálcio pelos 
intestinos, e cerca de 35% (350 mg/dia) do 
cálcio ingerido costumam ser absorvidos; o 
cálcio remanescente no intestino é excretado 
nas fezes. A quantidade adicional de 250 
mg/dia de cálcio chega ao intestino por meio 
dos sucos gastrointestinais secretados e pelas 
células descamadas da mucosa. Assim, cerca 
de 90% (900 mg/dia) da ingestão diária de 
cálcio são excretados nas fezes. 
A absorção intestinal de fósforo ocorre 
facilmente. Exceto pela porção de fósforo que 
é excretada nas fezes, em combinação ao 
cálcio não absorvido, quase todo o fósforo da 
dieta é absorvido para o sangue do intestino e 
posteriormente excretado na urina. 
Excreção renal de cálcio e fósforo. 
Aproximadamente 10% (100 mg/dia) do cálcio 
ingerido são excretados na urina. Cerca de 
41% do cálcio plasmático estão ligados às 
proteínas plasmáticas e, portanto, não são 
filtrados pelos capilares glomerulares. O 
restante é combinado aos ânions como fosfato 
(9%) ou ionizado (50%), sendo filtrado pelos 
glomérulos para os túbulos renais. 
Normalmente, os túbulos renais reabsorvem 
99% do cálcio filtrado, e cerca de 100 mg/dia 
são excretados na urina. Aproximadamente 
90% do cálcio no filtrado glomerular são 
reabsorvidos nos túbulos proximais, alças de 
Henle e nos túbulos distais iniciais. 
Nos túbulos distais finais e nos ductos 
coletores iniciais, a reabsorção dos 10% 
remanescentes é mais variável, dependendo da 
concentração de íons cálcio no sangue. 
Quando a concentração de cálcio é baixa, essa 
reabsorção se mostra acentuada; assim, quase 
nenhum cálcio é perdido na urina. Por outro 
lado, mesmo um aumento insignificante da 
concentração sanguínea de cálcio iônico acima 
do normal eleva acentuadamente a excreção 
desse elemento. 
A excreção renal de fósforo é controlada por 
um mecanismo de transbordamento. Ou seja, 
quando a concentração de fósforo no plasma 
está abaixo do valor crítico de cerca de 1 
mEq/ℓ, todo o fósforo no filtrado glomerular é 
reabsorvido, não ocorrendo nenhuma perda 
pela urina. No entanto, acima dessa 
concentração crítica, a perda de fósforo é 
diretamente proporcional ao aumento 
adicional. Assim, os rins regulam a 
concentração de fósforo no líquido 
extracelular, alterando a sua taxa da excreção 
de acordo com a sua concentração plasmática 
e a taxa de filtração de fósforo pelos rins. 
 
O PTH pode aumentar intensamente a 
excreção do fósforo pelos rins, 
desempenhando, assim, um papel importante 
 6 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
no controle da concentração plasmática não só 
desse elemento, mas também no do cálcio. 
 
Ossos e sua relação com o cálcio e o fósforo 
extracelulares: 
Existem dois tipos de tecido ósseo: osso 
cortical (compacto) e osso trabecular 
(esponjoso). 
Formados por uma matriz orgânica resistente 
(colágeno + substância fundamental), 
fortalecida por depósitos de sais de cálcio; 
Os sais cristalinos são compostos por cálcio e 
fosfato (hidroxiapatita – Ca10 (PO4)6(OH)2; 
Muitos tipos de íon podem se conjugar aos 
cristais ósseos → deposição de substâncias 
radioativas; 
O osso passa por deposição contínua de 
osteoblastos e ininterrupta absorção nos locais 
onde os osteoclastos estão ativos; 
O PTH estimula a atividade dos osteoclastos e 
a absorção óssea, de forma indireta: 
• Os osteoclastos não apresentem receptores 
de PTH; 
• São os osteoblastos que indicam aos 
precursores osteoclastos que formem os 
osteoclastos maduros, através de proteínas 
de osteoblastos (RANKL e o fator 
estimulador de macrófagos); 
• PTH liga-se a osteoblastos → produção de 
RANKL → liga-se aos préosteoclastos → 
amadurecimento; 
• A osteoprotegerina (OPG) atua de forma 
contrária à RANKL; - A vitamina D e o 
PTH inibem a produção de OPG e 
estimulam a formação de RANKL; - O 
estrogênio estimula a produção de OPG. 
 
Precipitação e absorção de cálcio e fósforo 
no osso/ equilíbrio com os líquidos 
extracelulares: 
• A hidroxiapatita não precipita no líquido 
extracelular apesar da supersaturação dos 
íons cálcio e fósforo. 
• Mecanismo da calcificação óssea. 
• Precipitação do cálcio em tecidos não 
ósseos sob condições anormais. 
 
 
Histologicamente, a absorção óssea ocorre 
imediatamente adjacente aos osteoclastos. O 
mecanismo dessa reabsorção é o seguinte: os 
osteoclastos emitem suas projeções 
semelhantes a vilosidades em direção ao osso, 
formando uma borda pregueada adjacente ao 
osso. Essas vilosidades secretam dois tipos de 
substâncias: (1) enzimas proteolíticas, 
liberadas de lisossomos dos osteoclastos, e (2) 
diversos ácidos, incluindo o ácido cítrico e o 
ácido láctico, liberados das mitocôndrias e 
vesículas secretoras. As enzimas digerem ou 
dissolvem a matriz orgânica do osso, enquanto 
os ácidos provocam a dissolução dos sais 
ósseos. 
 7 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
 
O PTH se liga a receptores nos osteoblastos 
adjacentes, estimulando a síntese de RANKL, 
que também é chamado de ligante de 
osteoprotegerina (OPGL). O RANKL se liga a 
seus receptores (RANK) nos pré-osteoclastos, 
diferenciando-os em osteoclastos 
multinucleados maduros. Os osteoclastos 
maduros, então, desenvolvem umaborda 
pregueada e liberam enzimas e ácidos que 
promovem a reabsorção óssea. 
Os osteoblastos também produzem 
osteoprotegerina (OPG), às vezes chamada de 
fator inibidor da osteoclastogênese, uma 
citocina que inibe a reabsorção óssea. A OPG 
atua como uma “isca”, ligando-se ao RANKL 
e impedindo-o de interagir com seu receptor, 
inibindo, assim, a diferenciação de pré-
osteoclastos em osteoclastos maduros que 
reabsorvem o osso. A OPG se opõe à atividade 
de reabsorção óssea do PTH, e camundongos 
com deficiência genética de OPG apresentam 
diminuição grave na massa óssea, em 
comparação aos camundongos que apresentam 
OPG normal. 
A vitamina D e o PTH parecem estimular a 
produção de osteoclastos maduros por meio da 
dupla ação de inibir a produção de OPG e de 
estimular a formação de RANKL. Os 
glicocorticoides também promovem a 
atividade dos osteoclastos e a reabsorção 
óssea, aumentando a produção de RANKL e 
reduzindo a formação de OPG. Por outro lado, 
o hormônio estrogênio estimula a produção de 
OPG. O equilíbrio de OPG e RANKL 
produzidos por osteoblastos, portanto, 
desempenha um papel importante na 
determinação da atividade osteoclástica e na 
reabsorção óssea. 
A importância terapêutica da via OPG-
RANKL está sendo explorada atualmente. 
Novos fármacos que imitam a ação de OPG, 
bloqueando a interação de RANKL com seu 
receptor, parecem ser úteis para o tratamento 
da perda óssea em mulheres na pós-menopausa 
e em alguns pacientes com câncer ósseo. 
A deposição e a reabsorção óssea estão 
normalmente em equilíbrio: Exceto em 
ossos em crescimento, as taxas de deposição e 
as de reabsorção óssea são normalmente 
iguais; assim, a massa óssea total permanece 
constante. 
Ao final desse período, os osteoclastos 
desaparecem, o túnel é invadido por 
osteoblastos, e o osso novo começa a se 
desenvolver. 
 
 8 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
Vitamina D: 
A vitamina D tem efeito potente para aumentar 
a absorção de cálcio no trato intestinal; além 
disso, apresenta efeitos importantes na 
deposição e reabsorção óssea, como discutido 
adiante. No entanto, a vitamina D, em si, não é 
a substância ativa que realmente induz esses 
efeitos. Em vez disso, a vitamina D deve 
primeiro ser convertida por meio de uma 
sucessão de reações no fígado e nos rins, para 
o produto ativo final, 1,25-di-
hidroxicolecalciferol, também chamado de 
1,25(OH)2D3. 
O colecalciferol (vitamina D3) é formado na 
pele: Vários compostos derivados de esteróis 
pertencem à família da vitamina D, e todos 
desempenham funções semelhantes. A 
vitamina D3 é a mais importante desses 
compostos, sendo formada na pele como 
resultado da irradiação do 7-deidrocolesterol 
pelos raios ultravioletas do Sol. O 7-
deidrocolesterol é uma substância presente 
normalmente na pele. Consequentemente, a 
exposição adequada ao sol evita a deficiência 
de vitamina D. Os compostos adicionais de 
vitamina D que ingerimos nos alimentos são 
idênticos ao colecalciferol formado na pele, 
exceto pela substituição de um ou mais átomos 
que não afetam sua função. 
O colecalciferol é convertido em 25-
hidroxicolecalciferol no fígado. A primeira 
etapa na ativação do colecalciferol é convertê-
lo em 25-hidroxicolecalciferol, o que ocorre no 
fígado. O processo é limitado, porque o 25-
hidroxicolecalciferol tem um efeito inibitório 
por feedback nas reações de conversão. Esse 
efeito de feedback é extremamente importante 
por duas razões. 
Primeiro, o mecanismo de feedback regula 
com precisão a concentração de 25-
hidroxicolecalciferol no plasma. Observe que 
a ingestão de vitamina D3 pode aumentar 
muitas vezes, e, ainda assim, a concentração de 
25-hidroxicolecalciferol permanece quase 
normal. Esse alto grau de controle de feedback 
impede a ação excessiva da vitamina D, 
quando a ingestão de vitamina D3 está alterada 
dentro de uma ampla faixa. 
Segundo essa conversão controlada de 
vitamina D3 em 25-hidroxicolecalciferol 
conserva a vitamina D armazenada no fígado 
para uso futuro. Uma vez que a vitamina D3 
seja convertida, o 25-hidroxicolecalciferol 
persiste no corpo por apenas algumas semanas, 
enquanto na forma de vitamina D pode ser 
armazenado no fígado por muitos meses. 
A conversão do 25-hidroxicolecalciferol em 
1,25-di-hidroxicolecalciferol requer PTH. Na 
ausência de PTH, quase não se forma o 1,25-
di-hidroxicolecalciferol. Portanto, o PTH 
exerce uma influência potente na determinação 
dos efeitos funcionais da vitamina D no 
organismo. 
 9 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
Quando a concentração plasmática do cálcio já 
for muito alta, a formação de 1,25-di-
hidroxicolecalciferol é muito deprimida. A 
ausência de 1,25-di-hidroxicolecalciferol, por 
sua vez, diminui a absorção de cálcio pelos 
intestinos, ossos e túbulos renais, levando, 
assim, a queda do nível de cálcio iônico para 
seu nível normal. 
 
Ações da vitamina D: 
A forma ativa da vitamina D, o 1,25-di-
hidroxicolecalciferol (calcitriol), apresenta 
diversos efeitos nos intestinos, rins e ossos, 
como o aumento da absorção de cálcio e 
fósforo para o líquido extracelular e a 
contribuição com a regulação dessas 
substâncias por feedback. 
 
Os receptores de vitamina D estão presentes na 
maioria das células do corpo e estão 
localizados, principalmente, no núcleo das 
células-alvo. Semelhante aos receptores de 
esteroides e de hormônios da tireoide, o 
receptor da vitamina D apresenta domínios de 
ligação ao DNA e a hormônios. O receptor da 
vitamina D forma um complexo com outro 
receptor intracelular, o receptor de retinoide-X, 
e esse complexo se liga ao DNA e ativa a 
transcrição na maioria dos casos. Em alguns 
casos, no entanto, a vitamina D suprime a 
transcrição. Embora o receptor de vitamina D 
se ligue a várias formas de colecalciferol, sua 
afinidade com o 1,25-di-hidroxicolecalciferol 
é cerca de 1.000 vezes maior do que com o 25-
hidroxicolecalciferol, o que explica sua 
relativa potência biológica. 
Efeito “hormonal” da vitamina D para 
promover a absorção intestinal de cálcio. O 
1,25-di-hidroxicolecalciferol atua como um 
hormônio para promover a absorção intestinal 
de cálcio, aumentando principalmente, ao 
longo de um período de cerca de 2 dias, a 
formação de calbindina, uma proteína ligante 
do cálcio, nas células epiteliais intestinais. 
Essa proteína atua na borda em escova dessas 
células para transportar o cálcio para o 
citoplasma celular. O cálcio, então, move-se 
através da membrana basolateral da célula por 
meio de difusão facilitada. A absorção de 
cálcio é diretamente proporcional à quantidade 
dessa proteína ligante. Além disso, essa 
proteína permanece nas células por várias 
semanas, após a remoção do 1,25-di-
hidroxicolecalciferol do corpo, causando um 
efeito prolongado de absorção do cálcio. 
Outros efeitos que podem desempenhar um 
papel na promoção da absorção de cálcio 
incluem a formação de (1) trifosfatase de 
adenosina estimulada pelo cálcio na borda em 
escova das células epiteliais; e (2) fosfatase 
alcalina nas células epiteliais. Os detalhes 
precisos de todos esses efeitos não estão 
esclarecidos. 
A vitamina D promove a absorção de fósforo 
pelos intestinos. Embora o fósforo geralmente 
seja absorvido com facilidade, o fluxo de 
fósforo através do epitélio gastrointestinal é 
intensificado pela vitamina D. Acredita-se que 
esse aumento resulte de um efeito direto do 
1,25-di-hidroxicolecalciferol, mas é possível 
que ocorra secundariamente à ação desse 
hormônio na absorção de cálcio, pois esse 
elemento atua como um mediador de 
transporte para o fósforo. 
 10 UNIDEP- Camila Paese 2º Período25/04/2024 
A vitamina D diminui a excreção renal de 
cálcio e fósforo. A vitamina D também 
aumenta a reabsorção de cálcio e fósforo pelas 
células epiteliais dos túbulos renais, tendendo, 
assim, a diminuir a excreção de tais 
substâncias na urina. No entanto, esse efeito é 
fraco e, provavelmente, sem grande 
importância para a regulação da concentração 
dessas substâncias no líquido extracelular. 
Efeito da vitamina D no osso e sua relação com 
a atividade do paratormônio. A vitamina D 
desempenha importantes papéis na reabsorção 
e deposição ósseas. A administração de 
quantidades extremas de vitamina D causa a 
reabsorção óssea. Na ausência dessa vitamina, 
o efeito do PTH na indução da reabsorção 
óssea (discutido na próxima seção) é bastante 
reduzido ou mesmo impedido. O mecanismo 
dessa ação da vitamina D não é totalmente 
compreendido, mas acredita-se que ele seja o 
resultado do efeito do 1,25-di-
hidroxicolecalciferol de aumentar o transporte 
de cálcio através das membranas celulares. 
A vitamina D em quantidades menores 
promove a calcificação óssea. Uma das 
maneiras de promover essa calcificação é 
aumentar a absorção de cálcio e fósforo pelos 
intestinos. No entanto, mesmo na ausência de 
tal aumento, a vitamina D é capaz de 
intensificar a mineralização óssea. Mais uma 
vez, o mecanismo desse efeito não é 
conhecido, mas provavelmente resulta da 
capacidade do 1,25-di-hidroxicolecalciferol de 
provocar o transporte de íons cálcio através das 
membranas celulares – nesse caso, entretanto, 
talvez ocorra na direção oposta, através das 
membranas celulares de osteoblastos e 
osteócitos. 
 
 
Paratormônio: 
O paratormônio (PTH) promove um 
mecanismo poderoso para controlar as 
concentrações extracelulares de cálcio e 
fósforo, regulando a reabsorção intestinal, a 
excreção renal e a troca desses íons entre o 
líquido extracelular e o osso. O excesso de 
atividade da glândula paratireoide causa a 
liberação rápida de sais de cálcio dos ossos, 
com a consequente hipercalcemia no líquido 
extracelular; por outro lado, a hipofunção das 
glândulas paratireoides causa hipocalcemia, 
frequentemente resultando em tetania. 
 
Efeitos do paratormônio nas concentrações 
de cálcio e de fósforo no líquido 
extracelular: 
Os efeitos aproximados da infusão súbita e 
contínua do PTH nas concentrações 
sanguíneas de cálcio e fósforo em um animal 
por várias horas. No início da infusão, a 
concentração do cálcio iônico começa a 
aumentar e atinge um platô em cerca de 4 
horas. No entanto, a concentração do fósforo 
cai mais rapidamente do que a elevação do 
cálcio e atinge um nível reduzido dentro de 1 
ou 2 horas. O aumento da concentração do 
 11 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
cálcio é ocasionado, principalmente, por dois 
efeitos do PTH: (1) aumenta a absorção de 
cálcio e de fósforo do osso, e (2) diminui com 
rapidez a excreção de cálcio pelos rins. A 
redução da concentração de fósforo é 
provocada por um forte efeito do PTH em 
elevar a excreção renal de fósforo, um efeito 
que geralmente é grande o suficiente para 
superar o aumento da absorção óssea de 
fósforo. 
 
O paratormônio mobiliza cálcio e fósforo do 
osso: 
O PTH apresenta dois efeitos para mobilizar o 
cálcio e o fósforo no osso. Um deles 
corresponde à fase rápida que começa em 
minutos e aumenta progressivamente por 
várias horas. Essa fase resulta da ativação das 
células ósseas já existentes (principalmente os 
osteócitos), para promover a liberação de 
cálcio e fósforo. A segunda fase é muito mais 
lenta, exigindo alguns dias ou mesmo semanas 
para seu desenvolvimento pleno; tal fase 
resulta da proliferação dos osteoclastos, 
seguida pela reabsorção osteoclástica muito 
acentuada do próprio osso, não apenas da 
liberação de sais de fosfato de cálcio do osso. 
 
Fase rápida da mobilização de cálcio e fósforo 
do osso | Osteólise. Quando grandes 
quantidades de PTH são injetadas, a 
concentração do cálcio iônico no sangue 
começa a subir em minutos, muito antes que 
seja possível o desenvolvimento de quaisquer 
novas células ósseas. Os estudos histológicos e 
fisiológicos demonstraram que o PTH causa a 
remoção dos sais ósseos de duas áreas: (1) da 
matriz óssea nas proximidades dos osteócitos 
situados no osso e (2) nas proximidades de 
osteoblastos presentes ao longo da superfície 
óssea. 
Em geral, não se considera que os osteoblastos 
ou os osteócitos atuem na mobilização dos sais 
ósseos, porque ambos os tipos de células são 
de natureza osteoblástica e, normalmente, 
estão associados à deposição óssea e à sua 
calcificação. No entanto, os osteoblastos e os 
osteócitos formam um sistema de células 
interconectadas que se distribuem por todo o 
osso e por todas as superfícies ósseas, exceto 
nas pequenas áreas superficiais adjacentes aos 
osteoclastos (ver Figura 80.6). Na verdade, 
processos longos e delgados se estendem de 
osteócito a osteócito por toda a estrutura óssea, 
e se unem aos osteócitos e aos osteoblastos da 
superfície. Esse extenso sistema é chamado de 
sistema da membrana osteocítica, e acredita-se 
que ele produza uma membrana que separa o 
osso do líquido extracelular. 
Entre a membrana osteocítica e o osso, existe 
uma pequena quantidade de líquido ósseo. 
Experimentos sugerem que essa membrana 
osteocítica promova o bombeamento dos íons 
cálcio do líquido ósseo para o líquido 
extracelular, gerando a concentração de apenas 
um terço do cálcio iônico nesse líquido ósseo, 
em comparação com o líquido extracelular. 
Quando a bomba osteocítica torna-se 
excessivamente ativada, a concentração de 
cálcio no líquido ósseo declina ainda mais, e 
então os sais de fosfato de cálcio são liberados 
do osso. Esse efeito é chamado de osteólise, e 
ocorre sem a reabsorção da matriz fibrosa 
gelatinosa do osso. Quando a bomba é 
inativada, a concentração de cálcio no líquido 
ósseo sobe ainda mais, e sais de fosfato de 
cálcio são redepositados na matriz. 
 12 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
Contudo, onde o PTH se encaixa nesse 
quadro? Primeiro, as membranas celulares, 
tanto dos osteoblastos como dos osteócitos, 
têm receptores de PTH. O PTH ativa a bomba 
de cálcio intensamente, causando a rápida 
remoção dos sais de fosfato de cálcio dos 
cristais ósseos amorfos, situados perto das 
células. Acredita-se que o PTH estimule essa 
bomba por meio do aumento da 
permeabilidade do cálcio da fração do líquido 
ósseo da membrana osteocítica, permitindo, 
assim, a difusão dos íons cálcio até as 
membranas celulares do líquido ósseo. Em 
seguida, a bomba de cálcio, presente do outro 
lado da membrana celular, transfere os íons 
cálcio para o líquido extracelular no restante do 
percurso. 
Fase lenta da reabsorção óssea e liberação do 
fosfato de cálcio | Ativação dos osteoclastos. 
Efeito muito mais conhecido e evidente do 
PTH consiste na ativação dos osteoclastos. No 
entanto, os osteoclastos não têm receptores 
proteicos em suas membranas para PTH. Em 
vez disso, os osteoblastos e os osteócitos 
ativados enviam “sinais” secundários para os 
osteoclastos. Como já discutido, um sinal 
secundário importante é o RANKL, que ativa 
os receptores nos pré-osteoclastos e os 
transforma em osteoclastos maduros, que 
começam sua tarefa habitual de englobamento 
do osso durante um período de semanas ou 
meses. 
A ativação do sistema osteoclástico ocorre em 
dois estágios: (1) ativação imediata dos 
osteoclastos já formados e (2) formação de 
novos osteoclastos. Vários dias de PTH em 
excesso geralmente costumam levar ao 
desenvolvimento satisfatório do sistema 
osteoclástico, mas esse crescimento pode 
continuar durante meses sob ainfluência de 
intensa estimulação por tal hormônio. 
Após alguns meses de excesso de PTH, a 
reabsorção osteoclástica pode levar ao 
enfraquecimento ósseo e à estimulação 
secundária dos osteoblastos, na tentativa de 
corrigir o estado enfraquecido do osso. 
Portanto, o efeito tardio consiste, na verdade, 
na intensificação das atividades osteoblástica e 
osteoclástica. Ainda, mesmo nos estágios 
tardios, há mais reabsorção do que deposição 
óssea na presença de um excesso contínuo de 
PTH. 
O osso contém grandes quantidades de cálcio 
em comparação à quantidade total em todos os 
líquidos extracelulares (cerca de 1.000 vezes 
mais). Mesmo quando o PTH provoca um 
grande aumento da concentração do cálcio nos 
líquidos, fica impossível discernir qualquer 
efeito imediato nos ossos. A administração ou 
a secreção excessiva do PTH – durante um 
período de muitos meses ou anos – resulta, 
finalmente, em uma reabsorção muito evidente 
em todos os ossos e, até mesmo, no 
desenvolvimento de amplas cavidades 
preenchidas com grandes osteoclastos 
multinucleados. 
 
O paratormônio diminui a excreção de 
cálcio e aumenta a excreção de fósforo pelos 
rins: 
A administração de PTH causa a rápida perda 
de fósforo na urina, devido ao efeito do 
hormônio de reduzir a reabsorção tubular 
proximal dos íons fosfato. 
O PTH também aumenta a reabsorção tubular 
renal do cálcio, ao mesmo tempo que diminui 
a reabsorção de fósforo (ver Capítulo 30). 
Além disso, aumenta a reabsorção de íons 
magnésio e hidrogênio, enquanto reduz a 
reabsorção de íons sódio, potássio e 
aminoácidos, da mesma maneira que 
influencia o fósforo. O aumento da reabsorção 
 13 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
de cálcio ocorre principalmente na alça 
ascendente de Henle e nos túbulos distais. 
Não fosse o efeito do PTH sobre os rins, para 
aumentar a reabsorção de cálcio, a perda 
contínua de cálcio na urina acabaria em sua 
consequente depleção no líquido extracelular e 
nos ossos. 
 
O paratormônio aumenta a absorção 
intestinal de cálcio e de fósforo: 
Nesse ponto, devemos recordar que o PTH 
eleva muito a absorção de cálcio e de fósforo 
dos intestinos, aumentando a formação nos rins 
de 1,25-di-hidroxicolecalciferol a partir da 
vitamina D, conforme discutido no início do 
capítulo. 
O monofosfato de adenosina cíclico medeia os 
efeitos do paratormônio. Uma grande parte do 
efeito do PTH em seus órgãos-alvo é mediada 
pelo mecanismo de segundo mensageiro do 
monofosfato de adenosina cíclico (AMPc). 
Dentro de alguns minutos, após a 
administração de PTH, a concentração de 
AMPc aumenta nos osteócitos, nos 
osteoclastos e em outras células-alvo. Esse 
AMPc, por sua vez, é provavelmente 
responsável por funções, tais como a secreção 
osteoclástica de enzimas e ácidos que causa a 
reabsorção óssea e a formação do 1,25-di-
hidroxicolecalciferol nos rins. Outros efeitos 
diretos do PTH possivelmente atuam de forma 
independente do mecanismo de segundo 
mensageiro. 
 
Controle da secreção da paratireoide pela 
concentração de íons cálcio: 
Até mesmo a mais insignificante redução da 
concentração de íons cálcio no líquido 
extracelular faz com que as glândulas 
paratireoides aumentem sua secreção dentro de 
minutos; em caso de persistência do declínio 
da concentração de cálcio, as glândulas 
passarão por hipertrofia, atingindo um 
tamanho até cinco vezes superior ou mais. Por 
exemplo, as glândulas paratireoides aumentam 
muito em pessoas com raquitismo, em que o 
nível do cálcio costuma estar um pouco 
deprimido. Essas glândulas também ficam 
bastante aumentadas durante a gestação, 
embora a diminuição da concentração de íons 
cálcio no líquido extracelular da mãe 
dificilmente seja mensurável. Estão também 
muito aumentadas durante a lactação, já que o 
cálcio é utilizado para a formação do leite. 
Por outro lado, as condições que aumentam a 
concentração de cálcio iônico acima do normal 
provocam a diminuição da atividade e do 
volume das glândulas paratireoides. Tais 
condições incluem (1) quantidades excessivas 
de cálcio na dieta, (2) teor elevado de vitamina 
D na dieta e (3) reabsorção óssea causada por 
fatores diferentes do PTH (p. ex., desuso dos 
ossos). 
As alterações na concentração de íons cálcio 
no líquido extracelular são detectadas por um 
receptor sensível ao cálcio (CaSR) em 
membranas celulares da paratireoide. O 
receptor sensível ao cálcio é um receptor 
acoplado à proteína G, que, quando estimulado 
por íons cálcio, ativa a fosfolipase C e aumenta 
o inositol 1,4,5-trifosfato intracelular e a 
formação de diacilglicerol. Essa atividade 
estimula a liberação de cálcio de estoques 
intracelulares, o que, por sua vez, diminui a 
secreção de PTH. Por outro lado, a diminuição 
do cálcio do líquido extracelular inibe essas 
vias e estimula a secreção de PTH. Esse 
processo contrasta com o de muitos tecidos 
endócrinos, nos quais a secreção hormonal é 
estimulada quando essas vias são ativadas. 
 
 14 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
Resumo dos efeitos do paratormônio 
A Figura 80.14 resume os principais efeitos do 
aumento da secreção de PTH, em resposta à 
diminuição da concentração de íons cálcio no 
líquido extracelular: (1) o PTH estimula a 
reabsorção óssea, causando liberação de cálcio 
no líquido extracelular; (2) o PTH aumenta a 
reabsorção de cálcio e diminui a reabsorção de 
fósforo pelos túbulos renais, levando à 
diminuição da excreção de cálcio e ao aumento 
da excreção de fósforo; e (3) o PTH é 
necessário para a conversão de 25-
hidroxicolecalciferol em 1,25-di-
hidroxicolecalciferol, que, por sua vez, 
aumenta a absorção de cálcio pelos intestinos. 
Essas ações em conjunto fornecem meios 
potentes de regulação da concentração do 
cálcio extracelular. 
 
 
Calcitonina: 
A calcitonina, um hormônio peptídico 
secretado pela glândula tireoide, tende a 
diminuir a concentração plasmática de cálcio 
e, em geral, tem efeitos opostos aos do PTH. 
No entanto, o papel quantitativo da calcitonina 
em seres humanos é bem menor do que o PTH 
na regulação da concentração dos íons cálcio. 
A síntese e a secreção da calcitonina ocorrem 
nas células parafoliculares, ou células C, 
situadas no líquido intersticial entre os 
folículos da glândula tireoide. Essas células 
constituem apenas cerca de 0,1% da glândula 
tireoide humana e representam os restos das 
glândulas ultimobranquiais de peixes, anfíbios, 
répteis e aves. A calcitonina é um peptídio com 
32 aminoácidos e peso molecular de 
aproximadamente de 3.400. 
O aumento da concentração plasmática do 
cálcio estimula a secreção de calcitonina. O 
principal estímulo para a secreção de 
calcitonina é a elevação da concentração de 
cálcio iônico no líquido extracelular. Em 
contraste, a secreção do PTH é estimulada pela 
diminuição da concentração de cálcio. 
 15 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
Em animais jovens, mas muito menos em 
animais mais velhos e em seres humanos, o 
aumento da concentração plasmática do cálcio 
em cerca de 10% causa um aumento imediato 
de duas vezes ou mais na secreção de 
calcitonina, o que é mostrado pela linha azul na 
Figura 80.13. Esse aumento fornece um 
segundo mecanismo de feedback hormonal 
para controlar a concentração plasmática do 
cálcio iônico, mas esse mecanismo é 
relativamente fraco e atua de forma oposta ao 
sistema PTH. 
A calcitonina diminui a concentração 
plasmática de cálcio. Em alguns animais 
jovens, a calcitonina diminui a concentração 
sanguínea do cálcio iônico com rapidez, 
começando dentro de minutos após a injeçãoda calcitonina, de pelo menos duas formas. 
1. O efeito imediato consiste na redução das 
atividades absortivas dos osteoclastos e 
possivelmente do efeito osteolítico da 
membrana osteocítica em todo o osso, 
desviando o equilíbrio em favor da 
deposição de cálcio nos sais de cálcio. Esse 
efeito é particularmente significativo em 
animais jovens, por causa do rápido 
intercâmbio de cálcio absorvido e 
depositado. 
2. O segundo e mais prolongado efeito da 
calcitonina baseia-se na diminuição da 
formação de novos osteoclastos. Além 
disso, como a reabsorção osteoclástica do 
osso conduz secundariamente à atividade 
osteoblástica, a diminuição da quantidade 
de osteoclastos é seguida por diminuição 
do número de osteoblastos. Portanto, o 
resultado efetivo, durante um longo 
período, é a redução da atividade 
osteoclástica e osteoblástica, e, 
consequentemente, o efeito pouco 
prolongado na concentração plasmática do 
cálcio iônico. Ou seja, o efeito no cálcio 
plasmático é principalmente transitório, 
durando de algumas horas a alguns dias, no 
máximo. 
A calcitonina tem efeitos secundários menores 
no uso do cálcio nos túbulos renais e nos 
intestinos. Mais uma vez, os efeitos são 
opostos aos do PTH, mas parecem ser de pouca 
importância, sendo raramente considerados. 
A calcitonina tem um efeito fraco na 
concentração plasmática do cálcio em seres 
humanos adultos. Dois motivos explicam o 
fraco efeito da calcitonina no cálcio 
plasmático. Primeiro, qualquer redução inicial 
da concentração de íons cálcio causada pela 
calcitonina leva a um poderoso estímulo da 
secreção de PTH em poucas horas, o que acaba 
quase que anulando o efeito da calcitonina. 
Quando a glândula tireoide é removida, e a 
calcitonina não é mais secretada, a 
concentração sanguínea do cálcio iônico não 
tem uma alteração mensurável a longo prazo, 
o que novamente demonstra o efeito 
predominante do sistema de controle do PTH. 
Segundo, as taxas diárias de absorção e 
deposição do cálcio no ser humano adulto são 
pequenas, e, mesmo após o retardo da 
velocidade de absorção pela calcitonina, isso 
se reflete como um efeito muito leve na 
concentração plasmática de íons cálcio. O 
efeito da calcitonina em crianças é muito 
maior, porque a remodelagem óssea ocorre 
mais rapidamente em crianças, com absorção e 
deposição do cálcio de até 5 gramas ou mais 
por dia – o equivalente a 5 a 10 vezes a 
quantidade total desse elemento em todo o 
líquido extracelular. Além disso, em certas 
doenças ósseas, como a doença de Paget, em 
que a atividade osteoclástica é muito acelerada, 
a calcitonina apresenta um efeito muito mais 
potente de redução na absorção de cálcio. 
 
 16 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
Resumo do controle da concentração de cálcio 
iônico: 
Às vezes, a quantidade de cálcio absorvida ou 
perdida nos líquidos corporais equivale a 0,3 
grama por hora. Por exemplo, em casos de 
diarreia, alguns gramas de cálcio podem ser 
secretados nos líquidos intestinais, deslocados 
pelo trato intestinal e perdidos nas fezes todos 
os dias. 
Por outro lado, após a ingestão de grandes 
quantidades de cálcio, particularmente quando 
também há atividade excessiva de vitamina D, 
a pessoa pode absorver até 0,3 grama em 1 h. 
Esse número se compara com a quantidade 
total de cálcio em todo o líquido extracelular 
de aproximadamente 1 grama. Sendo assim, o 
acréscimo ou a subtração de 0,3 grama nessa 
pequena quantidade de cálcio no líquido 
extracelular causaria hipercalcemia grave ou 
hipocalcemia. Contudo, existe uma primeira 
linha de defesa para evitar que isso ocorra 
antes mesmo que os sistemas de feedback 
hormonal do paratormônio e da calcitonina 
tenham a oportunidade de agir. 
Função de tamponamento do cálcio 
intercambiável nos ossos | Primeira linha de 
defesa. Os sais de cálcio intercambiáveis nos 
ossos, discutidos no início deste capítulo, são 
compostos por fosfato de cálcio amorfos, 
provavelmente, e em maior parte, de CaHPO4 
ou de algum composto semelhante 
frouxamente ligado ao osso e em equilíbrio 
reversível com os íons cálcio e fósforo no 
líquido extracelular. 
 
A quantidade disponível desses sais para a 
troca é de cerca de 0,5 a 1% do total de sais de 
cálcio do osso, no total de 5 a 10 gramas de 
cálcio. Por causa da facilidade de deposição 
desses sais intercambiáveis e da sua facilidade 
de resolubilidade, o aumento nas 
concentrações dos íons cálcio e fósforo do 
líquido extracelular acima dos valores normais 
provoca a deposição imediata do sal 
intercambiável. Essa reação é rápida, visto que 
os cristais amorfos do osso são extremamente 
pequenos e sua área de superfície total exposta 
aos líquidos ósseos é grande – talvez 1 acre 
(4.046,9 m2) ou mais. 
Além disso, cerca de 5% de todo o sangue 
fluem através dos ossos a cada minuto, ou seja, 
cerca de 1% de todo o líquido extracelular a 
cada minuto. Portanto, cerca da metade de 
qualquer excesso de cálcio que apareça no 
líquido extracelular é removida por essa 
função tampão dos ossos, em cerca de 70 
minutos. 
Além da função de tamponamento dos ossos, 
as mitocôndrias de muitos dos tecidos 
corporais, em particular do fígado e do 
intestino, contêm uma significativa quantidade 
de cálcio intercambiável (cerca de 10 gramas 
em todo corpo), o que fornece um sistema 
adicional de tamponamento para ajudar a 
manter a constância da concentração do cálcio 
iônico no líquido extracelular. 
Controle hormonal da concentração de cálcio 
iônico. Segunda linha de defesa. 
Simultaneamente ao “tamponamento” do 
cálcio no líquido extracelular pelo mecanismo 
constituído pela troca desse mineral nos ossos, 
os dois sistemas hormonais representados pelo 
paratormônio e pela calcitonina dão início à 
sua atuação. Dentro de 3 a 5 minutos após um 
aumento agudo da concentração de íons cálcio, 
a taxa de secreção de PTH diminui. Como já 
explicado, isso envolve a ação de vários 
mecanismos para reduzir a concentração de 
íons cálcio de volta ao seu nível normal. 
Ao mesmo tempo que o PTH diminui, a 
calcitonina aumenta. Em animais jovens e 
possivelmente em crianças pequenas (mas 
provavelmente em menor extensão em 
 17 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 25/04/2024 
adultos), a calcitonina causa uma rápida 
deposição de cálcio nos ossos, e talvez em 
algumas células de outros tecidos. Portanto, 
em muito animais jovens, o excesso de 
calcitonina pode fazer com que uma alta 
concentração do cálcio iônico retorne ao 
normal, de modo consideravelmente mais 
rápido do que pode ser alcançado pelo 
mecanismo de tamponamento do cálcio 
intercambiável. 
Em caso de deficiência ou de excesso 
prolongado de cálcio, apenas o mecanismo do 
PTH parece ser realmente importante na 
manutenção da concentração plasmática 
normal dos íons cálcio. Quando a pessoa 
apresenta uma deficiência contínua de cálcio 
na dieta, o PTH pode, frequentemente, 
estimular a absorção óssea desse elemento, o 
suficiente para manter a concentração 
plasmática normal do cálcio iônico por 1 ano 
ou mais; porém eventualmente, até mesmo os 
ossos ficarão sem cálcio. Por isso, na verdade, 
os ossos são um grande reservatório-tampão de 
cálcio que pode ser controlado pelo PTH. No 
entanto, quando o reservatório ósseo ou fica 
sem cálcio ou, alternativamente, torna-se 
saturado dele, o controle da concentração do 
cálcio iônico extracelular a longo prazo conta 
quase que inteiramente com as participações 
do PTH e da vitamina D para controlar a 
absorção intestinal e a excreção do cálcio na 
urina.

Mais conteúdos dessa disciplina