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CURSO PREPARATÓRIO ON LINE PARA A PROVA DA 2ª FASE DO EXAME DE ORDEM OAB/FGV 2010.2 Direito do Consumidor Prof. Cristiano Sobral professorcristianosobral@gmail.com Complexo de Ensino Renato Saraiva | WWW.renatosaraiva.com.br | 30350105 kr 1 Defesa do consumidor em juízo “O título não compreende apenas a defesa processual stricto sensu, com as exceções opostas pelo consumidor, mas sim toda e qualquer atividade por este desenvolvida em juízo, tanto na posição de réu, como na de autor, a título individual ou pelos entes legitimados às ações coletivas. Trata-se, portanto, da tutela judiciária dos direitos e interesses do consumidor”. “Justamente por isso, a preocupação do legislador, nesse passo, é com a efetividade do processo destinado à proteção do consumidor e com a facilitação de seu acesso à justiça. Isso demandava, de um lado, o fortalecimento da posição do consumidor em juízo – até agora pulverizada, isolada, enfraquecida perante a parte contrária que não é, como ele, um litigante meramente eventual postulando, um novo enfoque da par conditio e do equilíbrio das partes, que não fossem garantidas no plano meramente formal; e, de outro lado, exigia a criação de novas técnicas que, ampliando o arsenal de ações coletivas previstas pelo ordenamento, realmente representassem a desobstrução do acesso à justiça e o tratamento coletivo de pretensões individuais que isolada e fragmentariamente poucas condições teriam de adequada condução. Isso tudo, sem jamais olvidar as garantias do ‘devido processo legal’.” Registre-se que o CDC só se preocupou em regulamentar as ações coletivas de defesa do consumidor. As ações individuais continuam a obedecer à sistemática do CPC, tendo este, inclusive se abeberado de alguns dispositivos do CDC (art. 84, por exemplo, literalmente copiado como art. 461, do CPC). No dizer de Kazuo Watanabe: “O Código procurou disciplinar mais pormenorizadamente as demandas coletivas por vários motivos. Primeiro, porque o nosso direito positivo tem história e experiência mais recentes nesse campo. Excluída a ação popular constitucional, a primeira disciplina legal mais sistemática, na área do processo civil, somente teve início em 1985, com a lei de ação civil pública. Segundo, porque o legislador claramente percebeu que, na solução dos conflitos que nascem das relações geradas pela economia de massa, quando essencialmente de natureza coletiva, o processo deve operarse também como instrumento de mediação dos conflitos sociais nele envolvidos e não apenas como instrumento de solução de lides. A estratégia tradicional de tratamento das disputas tem sido de fragmentar os conflitos de configuração essencialmente coletiva em demandas-átomo. Já a solução dos conflitos na dimensão molecular, como demandas coletivas, além de permitir o acesso mais fácil à Justiça, pelo seu barateamento e quebra de barreiras sócioculturais, evitará a sua banalização que decorre de sua fragmentação e conferirá peso político mais adequado às ações destinadas à solução desse conflitos coletivos.” Há que se lembrar, também, que os Juizados Especiais Cíveis integram a Política Nacional das Relações de Consumo (art. 5º, inc. IV, da Lei n. 8.078/1990). Como a maioria das causas que envolvem consumo de menor complexidade ou de menor valor deságuam nos Juizados, alguns estados da federação criaram órgãos especializados para resolver tais demandas. Em qualquer hipótese, a competência para ação se estabelecerá em benefício do autor (art. 101, inc. I), salvo quando for coletiva, quando será competente a justiça estadual do local onde ocorreu o dano (art. 93). Se, contudo, o fornecedor for empresa pública CURSO PREPARATÓRIO ON LINE PARA A PROVA DA 2ª FASE DO EXAME DE ORDEM OAB/FGV 2010.2 Direito do Consumidor Prof. Cristiano Sobral professorcristianosobral@gmail.com Complexo de Ensino Renato Saraiva | WWW.renatosaraiva.com.br | 30350105 kr 2 federal, por exemplo, competente será a justiça federal (art. 109, inc. I, da CF). Tutela dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas de danos (art. 81) O CDC tomou o cuidado de definir os direitos e interesses coletivos lato sensu (sem fazer diferenciação entre ambos), a fim de esclarecer o âmbito de incidência da proteção judicial. I – interesses ou direitos difusos > optou-se pelo critério da indeterminação dos titulares e da inexistência entre eles de relação jurídicabase, no aspecto subjetivo, e pela indivisibilidade do bem jurídico, no aspecto objetivo; II – interesses ou direitos coletivos > essa relação jurídica-base é a pré-existente à lesão ou ameaça do interesse ou direito do grupo, categoria ou classe de pessoas; III – interesses ou direitos individuais homogêneos > “origem comum” não significa, necessariamente, uma unidade factual e temporal. Legitimação ativa concorrente (art. 82) Apesar de constituir as ações coletivas previstas no CDC em verdadeiras ações civis públicas, manteve-se a legitimidade concorrente de entidades outras que não apenas o Ministério Público. O consumidor, individualmente ou em litisconsórcio, não tem legitimidade para promover a ação coletiva. A perquirição da legitimidade ad causam e do interesse de agir só deve ser feita quando se tratar de associação civil (exame de adequada representação). Efetividade da tutela jurídíca processual (art. 83) Em antecipação a uma tendência que só mais tarde foi abraçada pelo CPC, o CDC consagrou o princípio chiovendiano, segundo o qual “o processo deve dar, quanto for possível praticamente, a quem tenha um direito, tudo aquilo e somente aquilo que ele tenha direito de conseguir”. Para tanto, criou mecanismos que concedessem ao juiz poderes para satisfazer a pretensão do autor não apenas da maneira como pedida por ele, mas promovendo todas as atividades e “medidas legais e adequadas ao seu alcance, inclusive, se necessário, a modificação do mundo fático, por ato próprio e de seus auxiliares, para conformá-lo ao comando emergente da sentença: impedimento da publicidade enganosa, inclusive com o uso da força policial, se necessário, retirada do mercado de produtos e serviços danosos à vida, saúde e segurança dos consumidores, e outros atos mais que conduzam à tutela específica das obrigações de fazer ou não fazer”. O comando do art. 84 foi reproduzido como art. 461, no CPC, e sua determinação passou, posteriormente, a abranger o cumprimento de obrigação de entregar coisa. A inversão do ônus da prova, apesar de não estar explicitada devidamente no título que trata da defesa judicial, também se constitui em meio para efetivar a tutela jurídica. Salvo exceções, se constituirá em possibilidade para o juiz que, no caso concreto, verificada a vulnerabilidade do consumidor, determinará a inversão do ônus da prova a seu favor. O CDC vetou a utilização da intervenção de terceiros denominada denunciação da lide, porque o ingresso do terceiro introduziria nova ação que seria desfavorável aos interesses do consumidor (art. 88). Contudo, como são solidariamente responsáveis os fornecedores, CURSO PREPARATÓRIO ON LINE PARA A PROVA DA 2ª FASE DO EXAME DE ORDEM OAB/FGV 2010.2 Direito do Consumidor Prof. Cristiano Sobral professorcristianosobral@gmail.com Complexo de Ensino Renato Saraiva | WWW.renatosaraiva.com.br | 30350105 kr 3 não há óbice em que seja feito o chamamento ao processo (desde que não se esteja deduzindo o pedido em sede de Juizados Especiais Cíveis). AÇÕES COLETIVAS PARA A DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS O CDC criou interessante hipótese de litisconsórcio na ação coletiva envolvendo os não legitimados, com as seguintes conseqüências: a) o interessado intervém no processo coletivo. Sendo a sentença procedente, será igualmente beneficiado pela coisa julgada, mas se a demanda for rejeitada, pelo mérito, ainda poderá ingressarem juízo com sua ação individual de responsabilidade civil; b) o interessado intervém no processo a título de litisconsorte: será normalmente colhido pela coisa julgada, favorável ou desfavorável, não podendo, neste último caso, renovar a ação a título individual. O pedido condenatório será sempre ilíquido (art. 95), “isso porque, declarada a responsabilidade civil do réu e a obrigação de indenizar, sua condenação versará sobre o ressarcimento dos danos causados e não dos prejuízos sofridos”. Para fins de execução individual, deverá haver liquidação prévia, porém “ocorrerá uma verdadeira habilitação das vítimas e sucessores, capaz de transformar a condenação pelos prejuízos globalmente causados do art. 95 em indenizações pelos danos individualmente sofridos”. As liquidações terão um caráter diferente das liquidações do processo civil comum (art. 475- A a H, do CPC). Isto porque cada consumidor não se limitará a demonstrar os danos sofridos, mas deverá provar o nexo entre o seu dano pessoal e o dano globalmente causado. Caso os interessados em número compatível com a gravidade do dano não se habilitem no prazo de um ano para o cumprimento da sentença, incumbirá a qualquer legitimado coletivo (art. 82), promover a execução coletiva (art. 100). COISA JULGADA COLETIVA Um dos maiores avanços do CDC foi a sistematização da coisa julgada nas ações coletivas. Anteriormente, a lei de ação popular (art. 18, da Lei n. 4.757/1965) e a lei de ação civil pública (art. 17, da Lei n. 7.347/1985) já forneciam dados sobre a coisa julgada, mas somente quando a causa versava sobre direitos difusos. Com o CDC, em seu art. 103, derroga-se a tradicional regra, insculpida no art. 472, do CPC, de que a coisa julgada é inter partes, ainda que o direito seja unitário. E, como os direitos coletivos e individuais homogêneos não obstam o ajuizamento de ações individuais sobre o mesmo dano, o art. 104 disciplina a coisa julgada que alcançará o autor individual.
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