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Entrevista com psicóloga (1)

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4.0 Anexos
Transcrição da Entrevista
Entrevistadora- Bom dia (risos) meu nome é Taynara, estudante de Psicologia do primeiro semestre da Unip é...e a gente veio fazer uma pesquisa com você ,uma entrevista sobre a sua área de atuação como profissional no campo e ai agente queria saber a caracterização do campo,contexto ,área e atuação.
Descreva sua atividade como psicólogo, isso é, descreva especificamente o que você faz e como faz como profissional neste contexto.
Entrevistada- Então estou inserida .. na área da assistência social,em primeiro lugar então eu acho que é importante saber que é uma instituição né ,eu trabalho então com serviço publico né que é o CREAS que é o centro de referencia especializado com assistência social que esta dentro de um contexto da politica social não sei se vocês já tiveram oportunidade de conhecer que e o SUAS né ,que é sistema único de assistência social, ele tem esse comparativo com o SUS né ,que o da saúde né, então é uma política publica né, e o CREAS faz parte dessa politica juntamente com os CRAS que são os centro de referencia de assistência social que ficam mais ligados a um território especifico né , então aqui no CREAS agente trabalha com algumas demandas um pouco mais específicas, no caso aqui de Sorocaba né, cada município se organiza de uma forma , no caso de Sorocaba atualmente né isso não quer dizer que possa mudar ou não mais atualmente agente trabalha como três demandas né , que é, que são crianças e adolescentes vitimas de violência em sua maioria violência sexual é... são três frentes, então essa e a primeira né, a segundaé frente de atendimento aoadolescente que estão que estão em conflito com as leis né, que são adolescente que estão cumprindo medidas socioeducativas e a outra frente é... são famílias de crianças que estão em situação de trabalho infantil né, que é o programa PETI, programa de erradicação do trabalho infantil, então são esses três trabalhos que acontecem aqui ,eu especificamente trabalho no programa de atendimento as vitimas de violência né, criança e adolescente, o serviço de atendimento a mulher vitima de violência ocorre em outro local ,do idoso é em outro local né , então aqui agente esta mais setorizado , o município esta em fase de adaptação , mudança então em breve pode ser que se altere , então aqui dentro é ... são diversas as atividades e serviços que agente proporciona, é... eu entrei, quando eu entrei aqui em 2011 Eu entrei aqui pra fazer um serviço de avaliação psicológica , então como é que funcionava , a família chega ate aqui pra é... com essa demanda né, a criança passou por uma situação, a criança da onde que... acho que vai ter mais pra frente uma pergunta da onde que vem né , mas chegou aqui a família a primeira coisa a família passa por um acolhimento né ,e é feito, hoje a gente faz numa dupla psicossocial né mas na época que eu entrei era mais a assistente social que fazia, fazia esse acolhimento com o responsável e logo em seguida a gente, eu no caso, chamava a criança para um acolhimento, então era acolhimento separado pelo responsável da criança, esse acolhimento a gente dava o nome de avaliação psicológica né, porque, ela via em alguns encontros comigo individualmente né, eu podia fazer algumas observações, utilizar de alguns instrumentos né é... pra colher alguns dados, observar a realidade daquela criança né, entrar um pouco aí na subjetividade da criança e perceber né qual era a demande, se era necessário encaminhá-la para um atendimento mais a longo prazo né, se um atendimento psicológico mesmo ou se era necessário algum outro tipo de intervenção né, seja a saúde mental psiquiátrica ou a saúde pra fono por exemplo, TO né, então a gente faz essa observação pra perceber é...quais são as demandas, eu percebendo que aquela criança realmente necessitava de um atendimento psicológico né, por conta daquilo que sofreu, por conta da realidade que ela vive, eu encaminhava pra um atendimento que aqui acontece né, atualmente a gente esta também fazendo uma adaptação né, mas naquele tempo os atendimentos aconteciam aqui em forma de grupo, então a gente sempre colocava em grupos de faixa etária semelhante é...é gênero né ou sexo, então era o grupo das meninas de cinco a sete anos, grupo dos meninos de treze a quinze né, então a gente procura fazer dessa forma é.. pra atender né um número maior de pessoas e também o atendimento em grupo a gente percebe é...bastante, vários benefícios também desse tipo de atendimento né, a criança que chega aqui que sofreu uma violência, ela tem uma percepção que ela é a única né que passou por isso, de que isso é culpa dela, então tem essa carga de culpa Né, então o atendimento em grupo ele dá a possibilidade de ser trabalhado essas questões de uma forma muito mais efetiva né, olha, perceba né, não é culpa sua né, é...tem todo um contexto, olha outras crianças passaram por isso então elas podem trocar experiências né, enfim é muito rico o atendimento em grupo né, em alguns casos na minha observação lá na avaliação eu percebia que aquela criança tinha uma demanda para ser atendida individualmente né, as vezes num caso, com alguma personalidade que não era possível de inseri-la no grupo a gente procurava fazer né, buscava os meios para que ela fosse atendida individualmente né, então eu era responsável por essa avaliação e encaminhava a criança para um atendimento em grupo ou individual aqui dentro do CREAS mesmo para outras duas psicólogas que faziam esse trabalho né, então ficava mais nessa linha de frente né, atualmente a gente tem modificado essa trabalho né entendendo que aqui é um serviço da assistência social, então agente esta procurando priorizar mesmo o trabalho psicossocial de intervenção e também procurando a...é...o atendimento da família como um todo porque nesse modelo antigo a gente é claro que atendia família né, enquanto a criança estava aqui no atendimento psicológico, a mãe e o pai estavam participando de um grupo com assistente social né, mas ficava um pouquinho separado ainda, então a gente está priorizando o trabalho psicossocial de que forma né, inserindo essa família nesse atendimento que está é... criando né, então por exemplo atualmente eu tenho organizado minha agenda de uma forma diferente né, então a criança vem pra esse acolhimento mas eu e assistente social, a gente vai até essa família em forma de visita em forma de contato com outras instituições que essa família por ventura já tenha passado né, é...chamando essa família pra um atendimento psicossocial, então vem o responsável com a criança, a gente faz um atendimento conjunto né, então esse atendimento tem se modificado um pouquinho a gente está nessa fase de estruturação né, mas de maneira geral vai nessa linha, aqui eu já fiz avaliação psicológica, já fiz atendimento individual né, de algumas crianças e adolescentes, já fiz atendimento em grupo né, o grupo que eu tinha era de adolescentes agressores né ,então tinham cometido alguma agressão sexual com outras crianças menores, é... atualmente estou fazendo esse trabalho juntamente com assistente social né, então atendimento em grupo é psicossocial e outros trabalhos que vão surgindo né o contato entre as instituições é uma coisa que a gente faz muito né, então acho que tem um momento que vou poder falar das instituições parceiras mesmo né, que são ligadas nesse trabalho da prevenção e do cuidado né daquelas crianças que já passaram por situação de violência.
Entrevistadora- E essa violência acontece geralmente com os responsáveis que fazem com as crianças ou não?
Entrevistada- Não entendi.
Entrevistadora- Assim, por exemplo, o pai ou a mãe que abusa da criança?
Entrevistada- A sim, é uma realidade né assim aqui no CREASa gente não tem um estudo mais aprofundado né, não vou poder te passar números né, mas a gente percebe que no nosso dia a dia né grande parte, isso você vai pode ver depois em bibliografia que tem de violência contra criança e adolescente que é a questão da violência doméstica né, que ela é maioria dentro da situação
de violência contra criança, é o próprio responsável né ou seja o pai, o padrasto, a mãe né mais especificamente violência física né, tio, assim pessoas que estão dentro do convívio né, pessoas que estão acima de qualquer suspeita né, então por isso, principalmente por isso que gente está priorizando esse atendimento familiar né, que a gente entende que é uma família vulnerável né, poxa pra essa criança chegar aqui né ela já foi violentada de alguma forma, no caso ela chegou aqui com suspeitas de violência né, mas que haja alguma suspeita né alguma negligência já teve lá atrás né, poxa essa criança ficava com quem? Quem olhava por ela? Que tipo de situações ela está exposta? Né, então são famílias sim que precisam de um cuidado né, precisam é...estar inseridas nesse contexto né, que o profissional acompanhe né, vá caminhando junto com essa família pra que ela possa superar algumas questões né, e sintam um pouco mais fortalecidas.
Entrevistadora- Em sua opinião quais são as condições necessárias para a realização do seu trabalho?
Entrevistada- As condições necessárias são muitas, são muitas condições, primeiro um local adequado né, que a gente tenha espaço suficientené, a gente lida com criança, criança e adolescente né, então é assim tem que ter em mente que precisa de um local bem propício pra elas né, precisa de material né, material pra o atendimento, material de escritório né, enfim mesas adequadas né, cadeiras enfim , mas principalmente né é uma condição emocional também né, condições assim que o gestor da assistência social do município né entenda também que é um tópico, que são assuntos complicados, difíceis né e que a equipe que trabalha com isso precisa de um cuidado também né, porque senão adoece né, então por exemplo uma das condições que a gente não tem, acho que você vai perguntar isso, se a gente tem ou não né? Uma questão é uma supervisão institucional, a gente não tem, então a gente percebe muitas vezes que a equipe ele tá sofrendo com muitas coisas né e não tem a quem recorrer, não tem um olhar de fora, não algo que venha soma junto com a gente né, somos nós e nós mesmos né, então é uma condição que acho que favorece um trabalho melhor, um trabalho mais efetivo que atualmente a gente não tem né, então acho que vai por esse caminho.
Entrevistadora- Você tem autonomia nas suas decisões relacionadas às suas atividades?
Entrevistada- Tenho, tenho acho que uma forma bem tranquila, eu me sinto autônoma naquilo que eu necessito né, mas a gente trabalha assim com uma hierarquia né, então a equipe do CREA ela é composta pelos profissionais e tem uma pessoa que é...não existe esse cargo na prefeitura de coordenador mas existe uma pessoa que é...realiza essa função né, então eu como psicóloga me reporto a essa coordenadora que é uma assistente social que trabalha aqui com a gente e é... a gente sempre faz o máximo pra trabalhar como equipe, então a gente tem uma reunião de equipe semanal né que quando há algumas situações né, que eu não to sabendo como conduzir né, eu levo pra reunião e a gente debate né é... faz um estudo de caso muitas vezes né, estuda aquele caso completamente né, mas na maioria das vezes eu to alí dando com a população diretamente né, tomando algumas decisões sim.
Entrevistadora- Você nas suas atividades trabalha com outros profissionais e quais? Já Respondeu né? (risos)
Entrevistada- É acho que o que não ta inserido aí é... acho que... mesmo né, os profissionais que estão no CREA, então tem assistente social, advogada, psiquiatra e fonoaudióloga, então são esses profissionais que estão aqui atualmente. É a equipe do CREA pela política do SUAS tem uma equipe mínima né, dentro da equipe mínima o psiquiatra e a fonoaudióloga não estão dentro dessa equipe mínima preconizada mas aqui no CREA de Sorocaba eles estão.
Entrevistadora- Você considera satisfeita com o seu trabalho atualmente? Poderia explicar os motivos disto?
Entrevistada- (Risos) Eu acho que estou sim, considero satisfeita pelo, por conseguir perceber a escasseia, a importância do trabalho acho que isso é o mais importante quando você ta trabalhando né acima de qualquer outro elemento motivador né, a satisfação pessoal ela é imprescindível então me considero sim satisfeita por esse motivo, de perceber o valor do trabalho né e a importância disso que é feito né, por outro lado a gente percebe que muitas situações a gente não é valorizado como poderia ser, como deveria né, e que acho que é um caminho a ser trilhado e tem que partir de nós mesmos, um debate sobre essas questões, nos posicionarmos né porque não adianta a gente ficar né desse lado só reclamando né esperando que as coisas aconteçam, então, por exemplo, essa questão da supervisão, é uma coisa que a equipe tem que se posicionar pra conseguir, é uma coisa que eu sinto falta né, sinto, percebo que faz muita falta no meu trabalho né, mas a gente tem que correr atrás né, tem coisas pra melhorar sim mas, atualmente me considero satisfeita.
Entrevistadora- Como se caracteriza a clientela atendida por você em relação a faixa etária, sexo e classe social, escolaridade e profissão?
Entrevistada- Bom, então por mim né, a maioria são crianças então de dois a dezessete anos, a gente já teve criança bem pequenininha, ambos os sexos, é... a classe econômica, a faixa né socioeconômica ela por ser um serviço público né, essa questão da violência doméstica né, pra classe social mais elevada, a classe A, B, elas ficam um pouco mais camuflada né, ela acontece em todas as classes né, sem distinção né, mas é...acaba chegando mais aqui pra nós classes mais baixas né, é... Essas classes mais elevadas vão pra consultório particular né, pro médico da família lá aquele médico de confiança né, então fica mais camuflado mesmo né, então aqui a maioria... E aí é uma situação que complementa ainda a complexidade da violência doméstica, porque além da violência tem uma questão social muito complicada né, então é assim é essa população que a gente atende, então é assim são pessoas que passam muita dificuldade financeira né e aí vai se criando aquele comodidade mesmo né, pessoas com psiquiátricos né, então são famílias bastante complexas né mas dentro dessa categoria você trouxe, são as classes mais baixas mesmo, escolaridade, a gente já teve por aqui né , passam por aqui pessoas de superior completo mas em sua maioria são escolaridade mais baixa também.
Entrevistadora- De que maneira as pessoas chegam até você?
Entrevistada- Hum ai acho que ta perguntando sobre como que é feito o encaminhamento né! 
Entrevistadora – Isso!
Entrevistada- Então são encaminhados são, são varias as formas de chegar, então quando, quando a violência acontece e ela é levada pro... pra policia né feito um boletim de ocorrência, o município de Sorocaba ele tem um fluxo né, aqui na maioria das vezes funciona as vezes acaba não funcionando muito mas o fluxo é o seguinte ela vai para a delegacia da delegacia ela desce encaminhada já para o CREAS né algumas vezes não é feito esse encaminhamento ou as vezes a família não comparece né é.. mais é feito também o encaminhamento da delegacia pro conselho tutelar e ai o conselho tutelar encaminha para nos novamente né então as vezes vem dois encaminhamentos né Vem encaminha mento da UBS né muitas vezes a família tenham a uma suspeita né leva na UBS o medico atende o a UBS né unidade básica de saúde nos encaminha pode vir encaminhado do... hospital regional né La da, da... IML é... do exame do corpo de delito lá então a criança passa lá faz o boletim de ocorrência pode se verificar que é necessário que ela faça o exame de corpo de delito né por conta de alguma violência tanto física ou sexual ai o próprio IML também nos encaminha é... só do conselho tutelar já teve uma denuncia feito lá no disk 100, denuncia anônima, o conselho tutelar vai receber essa denuncia e vai nos encaminhar é... Outros encaminhamentos da defensoria pública, a família chega na defensoria elas detectam lá uma situação de violência contra a criança e nos encaminham. Já tem muitos casos
a gente acaba recebendo direto do judiciário, então ai é o caso, né que a gente percebe como a rede é falha, né. O caso aconteceu lá, três anos atrás, essa família nunca chegou pra nós e o processo ta lá e vai ser julgado. Porque você sabe como a justiça é demorada, né. Então quando ela vai julgar o processo é porque o negócio aconteceu lá atrás, né três anos depois. Chega lá a família aí eles encaminham para nós, mas não encaminham para a família ser cuidada aqui por nós, e acompanhada por nós eles encaminham para a gente fazer um laudo, um relatório, né. O que eles querem? Que a gente diga se houve ou não violência. Então é um outro x da questão ai que é esse encaminhamento do judiciário né lá da vara criminal. Chegou aqui, muito bem. Que bom que chegou , né mas chegou com o objetivo que não está dentro do objetivo do CREAS. O CREAS não está aqui para fazer laudo, a gente não é perito, né mas muitas vezes a gente é demandado pra isso e ai cabe a gente se posicionar né. Então o que é que a gente faz? A gente faz um relatório, né, dizendo os procedimentos que a gente teve desta família, né, de que forma está família foi cuidada, né, procurando não ter esse papel, né, de contar a verdade, até porque a gente não pode afirmar né muitas vezes não há uma certeza, né, então a gente tem que ter uma segurança muito grande para poder afirmar alguma coisa, né. O que é muito sério,né porque a pessoa vai ser penalizado por algo ou ás vezes também se a gente não se posionar uma criança vai continuar sofrendo violência né então é um limite muito complicado né essa relação com o judiciário, é... a gente sempre está debatendo sobre isso aqui em equipe, procurando espaços propícios para debater esse respeito né. Como o CRP, por exemplo, a gente tem sempre muito contato, participa dos eventos para a gente discutir né mesmo qual o papel do psicólogo nessa historia toda. Mas, de forma geral, os encaminhamentos vem desses locais. 
Entrevistadora- Em sua opinião qual a imagem que a população tem do psicólogo e da psicologia?
Entrevistada- Olha, é... a imagem geral é, ainda acho que fica muito é.. mítico né. É preciso desmistificar mais mesmo. Então. Eu sempre procuro ter esse retorno né da população que a gente atende né. Logo no primeiro atendimento eu pergunto se já passou por algum psicólogo né se conhece alguém que passou né e ai é uma situação muito engraçada assim que as pessoas: Não nunca passei. Ah!, minha mãe já passou, ela é meio louca. Então, assim vem esse tipo de falar né então acho que é assim, cabe ao profissional não entrar nessa né de categorizar, de colocar tudo em caixinha. Então, eu sempre procuro falar: Olha você está passando por aqui, tendo este atendimento porque como qualquer outra pessoa né você tem essa oportunidade, esse serviço está disponível pra você né. Todo mundo pode né ter uma situação que venha a precisar passar ou, as vezes, tem uma necessidade interna né não aconteceu nada na vida da pessoa, mas ela tem uma necessidade interna de né entender algumas coisas de pensar a respeito de si mesmo né. Então mas eu ainda percebo claro né que as pessoas tem uma visão distorcida né que psicólogo é coisa para louco né que poxa isso é para outra pessoa isso não é pra mim né entende o psicólogo como conselheiro né, que vai dar conselhos e que vai sair daqui com a vida né... Ah! O psicólogo diz para fazer aquela coisa né. Então vem esse tipo de fala e infelizmente né Taynara, a gente percebe que tem profissional que entra nessa que vem e vai dar conselho mesmo né. As pessoas nos falam: Ah! O psicólogo disse tal coisa, falou para fazer tal coisa. Então assim: a gente tem que se sentir responsável por essa visão que as pessoas tem da psicologia né não da para a gente ficar julgando: Ah! As pessoas não entendem a minha profissão. Mas, a gente ta fazendo o possível para mostrar o que, para que a gente está aqui? É não sei, eu não sei se a gente está fazendo o possível a gente tem que ser um pouco mais firme né em alguns pontos. Mas, já escutei de tudo(risos). 
Entrevistadora- Imagino(risos). Até a gente que é estudante já falam: não vamos conversar perto dela não.
Entrevistada- Você tem bola de cristal. (risos)
Entrevistadora- É muito preconceito. “Ah! Você não vai analisar o que eu estou falando!”
Entrevistada- Exatamente
Entrevistadora- Que na verdade tem nada a ver.
Entrevistadora- Em sua opinião quais são as contribuições que a profissão de psicólogo tem dado à sociedade como um todo?
Entrevistada- São inúmeras. Bom, primeiro no sentido de cuidado, de cuidar, estar atento para o mundo interno, né das pessoas, para as doenças, né para as doenças da alma, né da mente. Então é assim: é a primeira contribuição, né é uma profissão que está atenta a isso, que coloca isso em pauta, que não deixa passar; porque a gente fica muito ligado no comportamento, na correria da vida e tal e muita gente acaba não notando que as vezes ali há um sofrimento, há uma questão a ser trabalhada, né. Então, estar atento, né, é a profissão, né o profissional contribui nesse sentido, né. Mas em muitos outros: acho que nas relações institucionais, é por exemplo, é uma questão: é que acho que a psicologia está aparecendo mais. Então, por exemplo na assistência social, a psicologia é muito nova dentro da assistência social, então o psicólogo está achando ainda o seu lugar. O assistente social já sabe o que fazer dentro do serviço. A gente ainda está se achando. Você viu, eu estou aqui a um ano a e meio e tanta coisa que eu já fiz coisa que eu já repensei e falei: poxa! Não é por ai. Então, mas eu percebo que a gente tem das equipes das instituições se beneficiam muito com o psicólogo dentro da equipe, né para trabalhar na relação profissional, né. Muitas vezes a equipe não consegue dar conta daquele trabalho por relações adoecidas, né e o psicólogo pode dar a sua contribuição também ai, né. Então são inúmeras contribuições e essas são algumas.
Entrevistadora- No seu ponto de vista, quais são os requisitos necessários para formação do profissional para sua área de atuação? Seu curso de graduação na formação atendeu esses requisitos?
Entrevistada- Olha, o que eu costumo pensar a respeito da formação do psicólogo é o seguinte, acho que a gente tem que ter uma formação muito sólida, muito pensamento critico, na questão da ética. É então assim, o que eu percebo as vezes, nós enquanto alunos, né as vezes o próprio curso acaba se voltando muito para essa questão da técnica, da pratica profissional. O que fazer? Né, então sei lá... Melanie Klein, e ai vai caixa lúdica, vai acho ótimo, é bacana, mas tem que ter uma formação que se preocupe mais com a formação ética do profissional. Porque cada coisa que a gente vê por ai, o profissional metendo os pés pelas mãos e a gente está lidando com coisas muito sérias, né que é a vida das pessoas. Então, a gente tem que ter essa sensação mais de responsabilidade sobre as coisas, né de ser mais profissional. Então acho que essa formação, as vezes fica um pouco deixada de lado. Não vejo, as vezes a gente se preocupando muito com isso, né porque é assim, a questão técnica, prática a gente vai buscando, né. Por exemplo, a gente entra em grupo de estudo, né a gente faz um curso aqui um curso ali, agora a graduação tem que se preocupar mais com essa formação ética mesmo, dos valores, da profissão e do profissional. 
Eu tive bastante disso eu considero assim acho que foi uma formação muito sólida nesse aspecto. Poderia ser melhor? Claro, até minha parcela nisso tudo poderia ser melhor. Mas eu acho que de uma maneira geral foi bacana sim. Eu não sinto como eu coloquei aqui, né um pouquinho antes que a gente estava conversando; eu não tive várias abordagens, né não tive sócio histórica, gestalt terapia, não tive várias coisas, né. Mas, poxa, eu tive matérias assim muito importantes que fizeram a diferença, é... na minha formação profissional nesse outro aspecto ai, não da técnica, mas da formação dos valores acho que isso é bem importante.
Entrevistadora- Há necessidade de formação posterior
a graduação para que se possa trabalhar na sua área de atuação? Como foi com você ?
Entrevistada- Ah! Com certeza! Isso sem dúvida! 
Eu não tive... umas das coisas que eu nunca tive foi uma disciplinazinha que fosse sobre assistência social. Nunca! Nossa! Nem imaginava...eu sai da graduação crua nisso ai.Eu cheguei aqui de paraquedas, né. Então, é muito importante sim, a formação continuada é proporcionada tanto pela instituição onde se trabalha como uma busca do próprio profissional. A gente não pode acreditar que a gente sabe das coisas, sabe de tudo, né. Lógico que a gente tem que valorizar tudo que a gente sabe. Mas, muita coisa a gente não sabe, né. Então, para mim, eu é.... fui estudar, me aproveitei muito do conhecimento das minhas colegas daqui da assistência social e...que me passaram a legislação disso aqui que eu estou fazendo...é mas fui buscar dentro da própria psicologia, fui buscar uma pós que falasse mais sobre instituição, sobre atendimento em grupo, atendimento familiar. Coisas que eu não tinha tido né. Preciso de outras milhões de coisas, né mas vamos caminhando, que eu acho extremamente importante; não da para parar, não. 
Entrevistadora- Você tem pós?
Entrevistada- Eu tava fazendo no ano passado né eu comecei aqui no curso do CEFAS que é uma instituição de campinas que tem uma filial aqui. Esse semestre eu tive que trancar por motivos pessoais, né. Mas pretendo continuar no próximo semestre, mas to me formando ainda não tenho concluída a pós.
Entrevistadora- É voltada para esta área?
Entrevistada- Sim, ela chama: a psicanálise nas instituições e grupalidade, é uma coisa, é um titulo bem rebuscado assim não me lembro muito bem, mas é uma coisa nesse sentido; é bem interessante.
Entrevistadora- Qual a situação atual do mercado de trabalho na sua área para recém formados e mais experientes?
Entrevistada- Bom, eu me considero uma recém formada, né porque eu me formei faz pouco tempo. Faz dois anos. Mas, olha tem bastante gente, viu?(risos) é meio saturado o negócio. Acho que aqui nos grandes centros urbanos Sorocaba tem faculdade de psicologia, então muita gente se forma em psicologia aqui, é bastante gente. É um mercado acho bem disputado sim conheço colegas que estão desempregadas, não conseguiram se encontrar, achar espaço, ter um lugar ao sol. Então acho que é importante a gente estar atenta a outras possibilidades. A gente acaba se voltando muito para o mesmo, sempre mais no mesmo. Como a gente estava falando a psicologia é muito rica e muito diversa; não da para a gente também querer fazer o que todo mundo faz, tem que buscar mesmo um diferencial, né, em coisas que fazem sentido para si mesmo. E não tem que ficar viajando na onde dos outros, né. Mas, tem que procurar algumas coisas que vão fazer uma diferençazinha. Eu mesmo estou pensando em outras possibilidades, porque a gente vê que o mercado é... tem bastante gente fazendo isso, tem muita gente se formando em psicologia e tal. 
Entrevistadora- A gente tem que fazer o possível para ser a diferença, né?
Entrevistada- Ah! Tem ! se você for aquele mesmo profissional que todo mundo já sabe ai fica mais difícil. Você pode ter uma sorte, né um pai rico né (risos) que de uma clinica na sua mão toda equipada, né (risos). Mas para nós, reles mortais, isso não acontece, né?
Entrevistadora- E no futuro?Como será este mercado em sua opinião?
Entrevistada- Ah! Bem mais diversificado, acho que ta mudando bastante, né. Antigamente, era clinica, né. Era só clinica. Esse serviço dentro da assistência, isso não existia, né. Já ta mudando muito, nossa! Ta mudando demais dentro das instituições, outros serviços,né de sei lá, acompanhamento terapêutico e milhões de coisas, né. Acho que a tendência é o psicólogo se infiltrar nos mais diversos locais e tem mesmo, que aproveitar porque tem gente precisando,né. A gente sabe da necessidade, então, tem que aproveitar mesmo para buscar novos caminhos. A tendência é o psicólogo se infiltrar nos mais diversos locais e tem mesmo, tem mesmo que aproveitar até porque tem gente precisando né a gente sabe da necessidade né então tem que aproveitar mesmo pra... pra buscar novos caminhos.
Entrevistadora- Como foi sua entrada no mercado de trabalho? Como você chegou na posição que você ocupa hoje?
Entrevistada- Aii como é a gente ta gravando né, mas foi através da minha pesquisa de monografia né quando eu tava fazendo minha pesquisa eu busquei um local e aqui foi um local que me abriram as portas né então assim é muito difícil encontrar um serviço e profissionais que se lembrem né de como que é ser estudante, então assim né por isso que eu faço muita questão né de participar das pesquisas né responder por que eu acho tão importante o..., o... serviço ganha muito com isso então aqui foi... foi um serviço que me abriu as portas e eu fiz a pesquisa aqui lógico que eu fiz minha parte eu voltei mantive contato e quando saiu uma psicóloga elas lembraram de mim né então foi ótimo eu iniciei aqui logo depois que eu me formei é... então tive essa sorte, e to aqui até hoje passei por uma clinica particular também que fui buscar né por conta própria ter essa experiência, atualmente eu não to trabalhando nessa área eu to só aqui mesmo mas foi dessa forma através de uma pesquisa.
Entrevistadora- Em termos de remuneração como são as condições da sua área? Você saberia citar valores médio de remuneração?
Entrevistada- Olha como eu coloquei pra você né aqui é um serviço publico né que tem as pessoas que são concursadas funcionários e tem pessoas que são contratadas né então é claro que o funcionário concursado ele tem é...benefícios né tem as seguranças é... tem um salário melhor né então é uma coisa que não é muito... é.. eu acredito que poderia ser melhor é... o salário poderia ser melhor né mais valorizado e... é uma forma de valorização mesmo né mais eu acredito... é muito difícil sabe Taynara porque... bom eu posso falar mais do, da da assistência social né por que a gente sabe que outras áreas da psicologia são melhores remuneradas né acho que em organizacional a tendência é ter um, um piso mais elevado né, agora dentro da assistência... eu não sei né por que por exemplo aqui cada um faz um tanto de horas mais eu acho pra sei la um profissional que trabalhe trinta horas semanais é... concursado né funcionário sei la deve ser uns três mil, não sei né to chutando, pra uma pessoa que é contratada um... não chega dois mil é uma valor baixo assim comparado com outros profissionais que lidam com, que estão na mesma equipe muitas vezes né, a gente tem o psiquiatra aqui e... ele ganha muito mais, é... muito mais que um psicólogo né então não tem nem comparação né as vezes trabalha no mesmo serviço com a mesma população né então, mas a gente tem que buscar né não pode também... é... é difícil quando você sai da faculdade você, a tendência é aceitar qualquer coisa né, só qui tem que tentar dar uma segurada na ansiedade né ham.. e se colocar se posicionar né valorizar aquilo que sabe, valorizar o campo de atuação né porque as pessoas não querem valorizar não, né clinica, convenio medico nossa super complicado ganha se super pouco da muito pouco nossa é demais, demais se você for procurar um professor de inglês né sem formação nenhuma ganha muito mais que uma hora de consulta paga pelo convenio 
Entrevistadora- Nossa...
Entrevistada- É super complicado.
Entrevistadora- Eu queria agradecer a psicóloga ( risos ) 
Entrevistada- Ham.... (risos) Obrigada você, eu que agradeço.
Entrevistadora- Agradeço pela sua contribuição.
Entrevistada- Ta Obrigada!
Entrevistadora- Pelo seu tempo que você se dispôs em ajudar.
Entrevistada- Aiii (risos) estamos sempre as ordens, não só eu como aqui o CREAS esta sempre as ordens quando vocês precisar a gente esta disposto
Entrevistadora- Obrigada! (risos)
Entrevistada- Por nada! (risos)

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