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Página 1 de 8 Introdução • Derivados da fenciclidina → Produzem estado de “anestesia dissociativa” → Gera a perda de consciência • Se caracteriza pela dissociação do sistema talamocortical (inibindo) e límbico (estimulando) causando alteração no estado de consciência → Bloqueio dos estímulos sensitivos do tálamo → Estimulação das áreas límbicas • Causa analgesia e “desligamento”, sem perda dos reflexos protetores realizar procedimentos ambulatórios sem precisar se preocupar em intubar o animal, mas lembrar da salivação excessiva e nesse caso deve-se usar anticolinérgico. • INTERROMPEM O FLUXO DE INFORMAÇÕES PARA O CÓRTEX SENSITIVO (trajeto da dor), deprimindo seletivamente alguns centros cerebrais • Não bloqueia o tronco cerebral e as vias medulares IMPORTANTE: A anestesia dissociativa isoladamente não é uma anestesia cirúrgica, pois não é possível alcançar imobilidade e ausência a estimulo cirúrgico. Em alguns casos pode até alcançar, mas em doses bastante altas, porém existe dois problemas: o ético (grau da dor) e a segurança porque o animal fica em risco de óbito. Fármacos dissociativos • Cloridrato de 2-(0- clorofenol)-2- (metilamino)-ciclo- hoxano – 5 ou 10%, • Já vem comercializado com o zolazepam (tranquilizante) • Analgesia somática não tem analgesia visceral, e sim somática, por atua antagonizando receptor NMDA. Deve- se utilizar doses baixas quando o seu uso tem esse objetivo, porque essa dose é o suficiente para ocupar os receptores NMDA. • Meia vida mais curta que a tiletamina, em torno de 15 minutos mas isso pode ser alterado a depender da associação • Estrutura da cetamina: Mistura racêmica: tem uma parte dextrogira (d-) e levogira (l-); → R (-) Cetamina → S (+) Cetamina: é a parte responsável pela potência analgésica • Além da cetamina mistura racêmica equilibrada, a cetamina tem sendo fabricada na forma pura, Cetamina S (+) ✓ 3 a 4 vezes maior a potencial analgésica e de efeito ✓ Clearence mais elevado ✓ Volume de destruição semelhante É capaz de dissociar (separar) de maneira seletiva o córtex cerebral, causando analgesia intensa (somática) e “desligamento” sem a perda dos reflexos protetores. Página 2 de 8 • Apesar de estar incluída na modalidade de anestesia intravenosa, não significa que ela é seja uma anestesia geral. A quetamina é classificada como dissociativo por dissociar o sistema talamocortical e límbico. Então, embora se possa utilizar a cetamina como adjuvante em um protocolo de anestesia geral, ela continua sendo um anestésico apenas dissociativo. • Provoca os sinais de contração muscular, midríase, salivação excessiva Mesmo tendo a desvantagem de estimular o sistema cardíaco e sistema nervoso, possui UMA VANTAGEM DE SER VERSÁTIL quando utilizado com outros fármacos. Como assim? Ela pode ser utilizada em diferentes espécies por diferentes vias de administração (muscular, nasal) em uma janela terapêutica ampla. Ou seja, ela é segura e não causa necrose tecidual e depressão grave do SC. • Dificilmente irá acontecer de ocorrer intoxicação por quetamina (devido a ampla janela terapêutica), o que pode acontecer é uma estimulação a nível de coração, gerando efeitos de taquicardia, hipertensão arterial, aumento da pressão intracranial o que não é interessante para um paciente cardiopata e aqueles que cursam com pressão intracraniana elevada por politraumatismo. OBS: Em certas condições de risco, o uso da cetamina é até favorável. • Bastante usado em contenção de animais silvestres associado a midazolan, sendo os dois absorvidos • Possui um importante papel no tratamento da dor crônica, pois bloqueia o estímulo sensitivo para o tálamo, que está envolvido com o trajeto da dor. Então, atua na medula prevenindo a nocicepção central e a hipersensibilidade secundária. • Usada também no transoperatório com outros fármacos como proporfol ou anestesia inalatória. → Tem um papel importante na anestesia total intravenosa, quando associada com opioide ou lidocaína. OBS: Associação de cetamina + fenotiazínico pode reduzir a o excesso de secreção causado pela cetamina. Trio calafrio (fenotiazínco + midazolan + quetamina = anestesia dissociativa ou de indução) é uma associação ideal para contenção de todos animais. Mas ela tem ponto desvantajoso em felinos, porque é mais difícil intubar, sendo necessário uma dose maior, mas que pode levar uma depressão respiratória. Em felinos, deve-se evitar induzir com cetamia e sempre lembrar que todos os derivados da fenciclidina dependem de glicorinização, portanto é um agravante para felinos Sinais clínicos que podem observar com uso da cetamina: LEMBRAR: MAIOR A DOSE = maior é a estimulação simpática e depressão respiratória Doses baixas = quando o objetivo é analgesia Página 3 de 8 → Catalepsia, posturas bizarras → Amnésia → Analgesia (somática) → Olhos abertos → Midríase → Nistagmo * mais acentuado em equinos → Lacrimejamento → Salivação profusa * inconveniente para manutenção das vias áreas livres. → Manutenção dos reflexos → Estímulo do SNC: rigidez muscular OBS: Todos esses sinais vão estar presente de uma forma intensa quando cetamina for utilizada pura, e menos intensa quando associado. Farmacocinética • Peso molecular baixo – 237,74 * • pKa: 7,5 * • Ligação baixa a proteínas plasmáticas* • Solução pH 3,5 – dor e irritação injeção IM • Altamente lipossolúvel * *Favorece a sua rápida distribuição e absorção • Período de latência – varia de acordo com a via de administração → Vias IV (2 minutos) e IM (tem rápido início de ação, menos de 5 minutos) → Via oral – efeito de primeira passagem pelo fígado • Redistribuição rápida para outros tecidos • Meia-vida: 5 a 15 minutos → Vias intramuscular – pico plasmático máximo em15 minutos • Metabolização principalmente no fígado: → Metabolismo oxidativo a nível do anel ciclo-hexano → A cetama é N-desmetilação por enzimas microssomais hepáticas → Gera um metabólico ativo, a norcetamina que ainda apresenta uma potência anestésica de 1/5 a 1/3 → Norcetamina precisa ser conjugada com ácido glucurônico para ser eliminada pelo rim OBS: Gatos possui deficiência da enzima glicuronil transferase, o que torna a conjugação da norcetamina com ácido glicurônico deficiente. Por isso, a NORCETAMINA É EXCRETADA INALTERADA E OS FELINOS DEMORAM MAIS TEMPO PARA SE RECUPERAREM COM USO DA CETAMINA. Além disso, alguns felinos podem ter uma excitabilidade neuronal e ficarem agitados. OBS: Evitar seu uso em casos de obstrução urinária em felinos, pois como esta espécie irá eliminar? Mecanismo de ação • Atua nos receptores NMDA (localizados em canais iônicos) diminuindo a ação do glutamato e glicina. OBS: Glutamato é um neurotransmissor excitatório. • Também inibe a recaptação de catecolaminas intensificando a sua ação – ativa sistema simpático! • Antagonismo não competitivo dos receptores do tipo NMDA (N-metil- 0-aspartato) do SNC envolvidos com a condução dos impulsos sensoriais espinhal, talâmico, límbico, subcortical (gânglio basal) e cortical Página 4 de 8 • Doses subanestésicas – não há necessidade usar a dose indicada de contenção de cetamina para promover analgesia, pois uma dose mínima já é capaz de fornecer esse efeito bloqueando o receptor NDMA. • Ativação do sistema límbico – é responsável pelos sinais de excitação • Bloqueio receptores muscarínicos • Bloqueia transporte neuronal de substâncias como serotonina, dopamina e noradrenalina exacerbando o efeito excitabilidade neuronal. • Aumento da atividade motora– aumento da concentração cerebral de dopamina e serotonina (hipertonicidade muscular) • Atuar como antagonista receptores colinérgicos centrais – por isso sinais de broncodilatação e ações simpatomiméticas. • Agonismo dos receptores opioides - µ δ κ o que favorece mais ainda o seu efeito analgésico. No entanto, por atua no receptor sigma, presente na medula espinhal pode causar reações de disforia. Farmacodinâmica • SISTEMA NERVOSO CENTRAL – vamos observar: → Sítio de ação é o sistema talamoneocortical → Induz atividade excitatória → Analgesia somática intensa → Elevação da pressão intracraniana (PIC) → Elevação da pressão fluido cerebroespinhal → Elevação do fluxo sanguíneo cerebral – consumo de O2 ✓ Vasodilatação cerebral ✓ Aumento da pressão sistêmica ✓ Aumento da PaCO2 gerando depressão respiratória OBS: Gatos são mais sensíveis a essa depressão respiratória. • SISTEMA CARDIOVASCULAR → Ação simpatomimética – elevação da ✓ Frequência cardíaca (61%) – taquicardia intensa ✓ Pressão arterial média (32%) ✓ Débito cardíaco (37%) ✓ Consumo de O2 ✓ Fluxo sanguíneo coronariano ✓ Trabalho do ventrículo esquerdo ✓ Resistência vascular pulmonar ✓ Pressão arterial pulmonar ✓ Pressão oclusão arterial pulmonar ✓ Pressão venosa central → Aumento do efeito inotrópico positivo → Inibe recaptação por noradrenalina – aumento das catecolaminas → Quando associados com MPA, como fenotiazinas, benzodiazepínicos e alfa2-agonistas ameniza esse efeito cardiovascular. Exemplo: A cetamina pode ser utilizada como coadjuvante do propofol, reduzindo a dose dele e um “up” na pressão arterial, já que o propofol é hipotensor. OBS: Ter cuidado com esses efeitos em pacientes cardiopatas • SISTEMA RESPIRATÓRIO → Depressão respiratória dose- dependente → Não deprime a resposta ventilatória a hipóxia em doses terapêuticas → Doses elevadas – é preciso ventilação pois estar associada a um padrão apnéustica (duração prolongada da inspiração) e ter cuidado em felinos, pois ela gera apneia mais intensa. → Não altera gases sanguíneos - não modifica a PAO2 e PACO2 → Quando associada a agentes depressores do SNC pode levar a Página 5 de 8 hipóxia e hipercapnia (excesso de CO2 no sangue arterial). → Vias aéreas se mantém livres – sem necessidade de intubação, porque os reflexos protetores se mantêm. Procedimentos como: drenar abcessos, raio-x, retirada de miíases → Mantém os reflexos protetores de deglutição, tosse e espirro. → Elevação das secreções traqueobrônquicas – pode gerar obstruções ✓ Agentes anticolinérgicos: o uso de desses fármacos para diminuir as secreções, no entanto, também causam taquicardia e somado a taquicardia pela cetamina pode se tornar um problema. → Broncodilatadora * pode ser uma escolha atraente para animais com asma e doenças obstrutivas das vias respiratórias. • TÔNUS MUSCULAR → Hipertonicidade e rigidez da musculatura → Ligeiras contrações • OUTROS EFEITOS → Salivação profusa - em especial em gatos e suínos → Reflexos faríngeos e laríngeos presentes → Aumento da pressão intraocular → Náuseas e vômitos – Principalmente na recuperação anestésica → Atravessa barreira placentária - FC e PA fetal Fígado a Rim • Metabolização hepática – vai liberar a norcetamina, que ainda tem 1/3 ação, atuando ainda nos receptores NMDA • Uso prolongado pode elevar a atividade enzimática, estimulando mais ainda a metabolização; • Hemodinâmica renal bem mantida • Eliminação renal → Gatos – libera norcetamina na forma inalterada (80%) * CUIDADO COM GATOS OBSTRUÍDOS, NÃO UTILIZAR CETAMINA PARA CONTEÇÃO E SIM UM PROPOFOL OU AGENTE INALATÓRIO. → Equinos - 40% • Reduz a diurese – aumento do ADH Estado do animal após cetamina: salivação + midríase + músculo rígido Uso clínico • Associada a outros fármacos → Benzodiazepínicos → Alfa 2-agonistas → Fenotiazínicos • Evitar o uso isolado em caso de: → Hiperexcitabilidade, → Hipertonia muscular → Ativação cardiovascular • Animais silvestres – captura Apresentação da cetamina → 5% - 50 mg/ml → 10% - 100 mg/ml • Duração da anestesia → 15 minutos via IV → 30 a 40 minutos via IM → Dependente de MPA – por conta do sinergismo de outros fármacos Página 6 de 8 • Cloridrato de 2-(etilamino)-2-(2- tienil)-ciclo-hexano • Mesmo período de ação • É mais potente que a cetamina, sendo utilizada para algumas espécies em procedimentos não tão invasivos a nível de abertura da cavidade abdominal. • Analgesia somática • Maior duração • Maior período de recuperação anestésica • Já vem associada ao ZOLAZEPAM, um benzodiazepínico, por ser muito mais potente que a quetamina. • Cálculo da dose – soma de ambas • É preciso fazer a reconstituição porque ela é comercializada liofilizada.: → Solução estável por 4 dias em temperatura ambiente após a reconstituição. → 14 dias refrigeração. CUIDADO COM PACIENTES DE RISCO!!! Ações Farmacológicas • SISTEMA CARDIOVASCULAR → Estimula função cardíaca - pacientes hígidos → Depressão cardiovascular - pacientes critico • Tiletamina/zolazepam → Efeito inotrópico e cronotrópico positivo → Redução transitória da PA e resistência vascular periférica → e com elevação da PA → Discreta redução contratilidade miocárdio → Taquicardia e redução DC • SISTEMA RESPIRATÓRIO → Elevação FR → Redução PaO2, e pH → Elevação PaCO2 - gatos • EFEITOS INDESEJÁVEIS → Salivação e aumento das secreções → Excitação na recuperação – prolongada Associações utilizadas 1. Fenotiazínico + benzodiazepínico + quetamina na mesma seringa por IM ou IV em cães e gatos; → No Diazepam, a via mais indica é a IV porque na IM demora muito a absorção. → A dose vai variar com objetivo e a espécie. → A professora Rosana usa de 8 a 10 mg/kg de cetamina, mas em animais muito bravos, pode ser requerido uma dose maior, mas neste caso é preciso ficar atento a depressão respiratória. II. Além da tríada anterior, pode ser incluído também os opioides na mesma seringa ou fenotiazínico + opioide – aguarda um tempo - cetamina + benzodiazepínico. • Em casos de retirada de corpo estranhos, miíase, coleta de biopsia, radiografia, contenção química, castração de macho (nesse caso adicionar anestésico local). III. Atropina + alfa2-agonista + quetamina Página 7 de 8 • Usada de forma errônea (cetamina + xilazina) como anestesia geral para cirurgias cavitarias e de osteossíntese. • Usada para procedimentos menos invasivos em cães e gatos • Comparação de efeitos entre xilazina e quetamina: → Tanto xilazina e a quetamina promove sialorreia e por isso se faz necessário uso de anticolinérgico. Atropina provoca mais taquicardia, o que piora mais ainda a taquicardia causada pela quetamina → Equilíbrio em termos de ação, normalmente se usa IM para ter um período mais longo de ação; → A meia vida quetamina é mais curta que a da xilazina → A taquicardia da quetamina é compensada pela bradicardia da xilazina. → A analgesia visceral da xilazina não significa que é o bastante para abertura da cavidade abdominal. → A hipertonia da quetamina é corrigida pelo miorrelaxamento da xilazina IV: Acepromazina + alfa2-agonista + quetamina • O alfa2 agonista intensifica o estado de tranquilização e auxilia na indução anestésica permitindo a intubação do animal • Indicado para equinos • Essas doses de acepromazina são para animais hígidos V. Acepromazina + midazolam + quetamina • Usado em equinos e potros * não é indicado para potros de 45 dias, só potros de meses de idade • Leva o animal ao decúbito prolongado VI.Diazepam + quetamina • Usado em suínos para indução VII. Atropina + Tiletamina + Zolazepam ou Acepromazima + tiletamina + zolazepam • Usado em cães e gatos • Atropina e acepromazina possui efeitos anticolinérgicos Página 8 de 8 MLK – Cetamina + lidocaína + opioide • Fornecendo uma analgesia seguindo os três pilares básicos: um atuando em NDMA, outro bloqueando a dor local e outro atuando em opioides. Referências: • Anotações da aula ministrada pela professora de Anestesiologia • Livro Tratamento da Dor na Clínica de Pequenos Animais, de Fantoni • Livro Anestesiologia e Analgesia em Veterinária, de Lumb &Jones