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EA D Estratégias de Ensino 7 1. OBJETIVOS • Superar a visão da expressão ensino-aprendizagem como ações disjuntas do trabalho docente. • Entender que o ensino existe somente quando há apren- dizagem e que esta é construída na ação do sujeito. • Refletir acerca de algumas estratégias de ensino. • Compreender e saber utilizar a estratégia adequada para a compreensão de determinado conteúdo. 2. CONTEÚDOS • Ensinar e aprender como ações integradas e integrantes. • Estratégias de ensino. © Didática do Ensino Superior92 3. ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Para ampliar seus conhecimentos sobre estratégias de ensino, procure distribuir racionalmente os períodos de estudo, organizando seu horário e alternando entre es- crever, ler, refletir, realizar atividades etc. 2) Recomendamos a leitura por várias vezes dos textos deste material para fixar seus conteúdos. Para isso, re- comendamos realizar pequenos apontamos com a finali- dade de comparar e aprofundar pontos de destaque uti- lizando-se das fontes aqui elencadas e que já indicamos como indispensáveis para o estudo deste tema. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta unidade, estudaremos as estratégias de ensino, tema de fundamental importância para que nosso trabalho como do- centes possibilite a aprendizagem de todos os envolvidos no pro- cesso. Nosso objetivo nesta unidade será o de compreender que a expressão ensino-aprendizagem é indissociável, ou seja, não há ensino sem aprendizagem. Esse estudo nos possibilitará, ainda, refletir a respeito de al- gumas estratégias de ensino. 5. ENSINO E APRENDIZAGEM, OU ENSINO-APRENDI- ZAGEM? Pensar a ação docente implica refletir a respeito dos concei- tos de ensino e de aprendizagem. Claretiano - Centro Universitário 93© U7 - Estratégias de Ensino É importante lembrar que por muito tempo se viu a função do professor de ensinar como uma ação dissociada da condição de aprender do aluno. Quantas vezes não ouvimos algo como "Eu bem que ensino, mas ele não aprende.”? Esse conceito de ensino nos remete ao modelo de educação tradicional, marcado pela transmissão do conhecimento, basica- mente, por meio de aulas expositivas. No meio universitário, embora o discurso não seja esse, mui- tas vezes, nossa prática ainda se encontra arraigada a diversos con- ceitos presentes no modelo tradicional de ensino, especialmente no que se refere às aulas expositivas. O ato de ensinar está diretamente ligado à ação de constru- ção da aprendizagem por parte daqueles que participam desse processo. Para compreendermos melhor a afirmação anterior, veja- mos o que diz Anastasiou (2005, p. 13) acerca do ato de ensinar: A compreensão do que seja ensinar é um elemento fundamental nesse processo. O verbo ensinar, do latim insignare, significa mar- car com um sinal, que deveria ser de vida, busca e despertar para o conhecimento. Na realidade da sala de aula, pode ocorrer a com- preensão, ou não, do conteúdo pretendido, a adesão, ou não, a formas de pensamento mais evoluídas, a mobilização, ou não, para outras ações de estudo e de aprendizagem. Como outros verbos de ação, ensinar contém, em si, duas dimensões: uma utilização intencional e uma de resultado, ou seja, a intenção de ensinar e a efetivação dessa meta pretendida. Percebemos, nas palavras de Anastasiou (2005), que a con- cretização da ação docente de ensinar passa pela efetivação da aprendizagem pelo aluno. E podemos ir um pouco além: quando ensinamos voltados para que ocorra um movimento de apropriação do conteúdo ensi- nado, estamos, então, reconstruindo o nosso saber e procurando garantir ao aluno a construção do seu próprio saber. © Didática do Ensino Superior94 O movimento de ensino-aprendizagem integra-se de tal sor- te que, ao ensinar, o professor aprende e, ao aprender, o aluno ensina. Se não for assim, provavelmente professor e aluno não es- tarão em sintonia, pois, para se fazer entender, o professor preci- sa primeiro apreender a dinâmica pela qual seus alunos conferem significado aos conteúdos propostos em aula. É nesse processo que o conhecimento do professor também se transforma. Esse processo dinâmico entre o ensinar e o aprender, o cons- truir e o reconstruir, não combina com as tradicionais aulas expo- sitivas. Há nesse processo uma movimentação de mão dupla (alu- no/professor) que exige uma reconstrução do fazer pedagógico. É dessa exigência que se origina o termo ensinagem, cunha- do por Anastasiou (2005, p. 15): A expressão ensinagem foi inicialmente explicitada no texto, resul- tante da pesquisa de doutorado: ANASTASIOU, L. G. C. Metodolo- gia do ensino superior: da prática docente a uma possível teoria pedagógica. Curitiba: Ibepex, 1998, p. 193-201. O referido termo foi adotado para significar uma situação de ensino da qual neces- sariamente decorra a aprendizagem, sendo a parceria entre pro- fessor e alunos a condição fundamental para o enfrentamento do conhecimento, necessário à formação do aluno durante o cursar da graduação. Aqui, cabe chamar a atenção para o termo "parceria", utili- zado pela autora ao falar de ensinagem. Segundo Ferreira (2004), em o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, parceria sig- nifica "reunião de pessoas para um fim de interesse comum, so- ciedade". Portanto, nesse processo, professor e aluno devem estar envolvidos ativamente, trabalhando juntos na transformação do conhecimento. 6. ENSINAGEM E SABOR DO SABER Para que a aprendizagem ocorra, é necessário que se tenha uma boa relação com o saber. Um dos grandes defensores desse entendimento é Bernard Charlot (2005, p. 45), para quem Claretiano - Centro Universitário 95© U7 - Estratégias de Ensino a relação com o saber é a relação com o mundo, com o outro e consigo mesmo de um sujeito confrontado com a necessidade de aprender. A relação com o saber é o conjunto das relações que um sujeito estabelece com um objeto, um 'conteúdo de pensamento', uma atividade, uma relação interpessoal, um lugar, uma pessoa, uma situação, uma ocasião, uma obrigação etc., relacionados de alguma forma ao aprender e ao saber – conseqüentemente é tam- bém uma relação com a linguagem, relação com o tempo, relação com a atividade no mundo e sobre o mundo, relação com os outros e relação consigo mesmo, como mais ou menos capaz de aprender tal coisa em tal situação. Veja que a construção da aprendizagem está vinculada às sensações que esse processo provoca no sujeito que aprende. Toda a gama de situações vivenciadas durante o processo de en- sino-aprendizagem interfere direta ou indiretamente no resultado dessa construção. Nessa perspectiva, se a ensinagem é a articulação entre o ensino e a aprendizagem e a relação que se tem com o saber in- terfere nesse processo, faz-se necessário buscar construir relações positivas com o saber. Charlot (2005, p. 43) afirma que refletir sobre a relação que as pessoas (alunos) têm com o saber nos permite "lançar um outro olhar sobre as situações didáticas". Notamos, então, que admitir a necessidade de se fazer uma reflexão sobre a relação com o saber significa, para nós educado- res, compreender, primeiro, que, para existir o saber, é preciso que haja uma relação entre o sujeito que aprende e o objeto dessa aprendizagem. Também significa compreender que esse processo não está dado, ele tem que ser construído, conquistado. O processo de ensino-aprendizagem não surge da (ou na) es- pontaneidade, precisa ser construído intencionalmente e sistema- ticamente, por meio de estratégias de ensinagem, as quais devem ser capazes de promover uma relação positiva com o saber. © Didáticado Ensino Superior96 Tentaremos sintetizar, nas palavras de Anastasiou (2005, p. 15), as considerações feitas até aqui, no sentido de superar a visão tradicional da prática docente e de buscar uma ação mais intencio- nal e sistemática: Trata-se de uma ação de ensino da qual resulta a aprendizagem do estudante, superando o simples dizer do conteúdo por parte do professor, pois é sabido que na aula tradicional, que se encerra numa simples exposição de tópicos, somente há garantia da citada exposição, e nada se pode afirmar acerca da apreensão do conteú- do pelo aluno. Nessa superação da exposição tradicional como úni- ca forma de explicitar os conteúdos é que se insere as estratégias de ensinagem. 7. ENSINAGEM E CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM Como vimos anteriormente, a aprendizagem ocorre quando há uma apreensão do conteúdo ensinado, ou seja, quando o aluno se apropria do conhecimento. É necessário que o educador seja capaz de promover uma articulação entre a rede semântica que o aluno já possui e o novo conhecimento, bem como promover a integração desse conheci- mento com a realidade. Desse modo, podemos dizer que apreender o significado de um objeto de aprendizagem implica construir um processo espiral de relações entre o conhecimento adquirido e o já existente. O que estamos dizendo é que o processo de apreensão do conhecimento só ocorre quando este se torna parte de nós. Segundo Anastasiou (2005, p. 16): O processo de apreensão, de conhecer, está relacionado com o enredar, estabelecendo os nós necessários entre os fios a serem tecidos. Para dar conta desse "enredamento", há que se superar as dificuldades vencendo a simples memorização. O aluno tem que ativamente refletir, no sentido de dobrar-se de novo e de novo – tantas vezes quanto seja necessário – para apropriar-se do quadro teórico-prático objetivado pelo professor e pela proposta curricu- lar, em relação à realidade visada no processo de ensino. Regiane Realce Claretiano - Centro Universitário 97© U7 - Estratégias de Ensino A aprendizagem, assim pensada, só se constrói na reflexão e na apropriação do objeto desta. Essa construção se dá em um pro- cesso dialético, já que é um processo constituído de movimento e transformação quase que constantes. O termo “dialético”, segundo Lalande (1999, p. 256), por apresentar diversas acepções, só pode ser empregado com confia- bilidade se tiver seu sentido definido com precisão. Aqui, utilizou- -se a palavra no sentido: "movente progressivo, em evolução". Neste caso, é frequentemente o oposto a "metafísico" toma- do no sentido de imutável. Ainda conforme Lalande (1999, n.p.), este uso deu mesmo origem à palavra "dialetizar", que significa “tornar mais ágil (um conceito), passar do ponto de vista perma- nente para o do mutável, substituir uma noção fixa e bem definida por uma noção mais móvel e em devir". Avançando um pouco mais, pode-se dizer que quando se trabalha com o conhecimento por meio desse processo dialético, coloca-se em movimento um conjunto de operações mentais cada vez mais complexas. A cada uma dessas operações de pensamento se associam conceitos que vão conferindo essa complexidade cada vez maior ao processo de reflexão. Veja essas operações no Quadro 1. Quadro 1 Operação de pensamento OPERAÇÃO DE PENSAMENTO CONCEITO/ RELAÇÕES Comparação Examinar dois ou mais objetos ou processos com intenção de identificar relações mútuas, pontos de acordo e desacordo. Superar a simples recordação, enquanto ação de maior envolvimento do aluno. Resumo Apresentar de forma condensada da substância do que foi apreciado. Pode ser combinado com a comparação. © Didática do Ensino Superior98 OPERAÇÃO DE PENSAMENTO CONCEITO/ RELAÇÕES Observação Prestar atenção em algo, anotando cuidadosamente. Examinar minuciosamente, olhar com atenção, estudar. Sob a idéia de observar existe o procurar, identificar, notar e perceber. É uma forma de descobrir informação. Compartilhada, amplia o processo discriminativo. Exigem objetivos definidos, podendo ser anotadas, esquematizadas, resumidas e comparadas. Classificação Colocar em grupos, conforme princípios dando ordem à existência. Exige análise e síntese, por conclusões próprias. Interpretação Processo de atribuir ou negar sentido à experiência, exigindo argumentação para defender o ponto proposto. Exige respeito aos dados e atribuição de importância, causalidade, validade e representatividade. Pode levar a uma descrição inicial para depois haver uma interpretação do significado percebido. Crítica Efetivar julgamento, análise e avaliação, realizando o exame crítico das qualidades, defeitos, limitações. Segue referência a um padrão ou critério. Busca de Suposições Supor é aceitar algo sem discussão, podendo ser verdadeiro ou falso. Temos que supor sem confirmação nos fatos. Após exame cuidadoso, pode-se verificar quais as suposições decisivas, o que exige discriminação. Imaginação Imaginar é ter alguma idéia sobre algo que não está presente, percebendo mentalmente o que não foi totalmente percebido. É uma forma de criatividade, liberta dos fatos e da realidade. Vai além da realidade, dos fatos e da experiência. Socializar o imaginado introduz flexibilidade às formas de pensamento. Obtenção e organização dos dados Obter e organizar dados são a base de um trabalho independente; exigem objetivos claros, análise de pistas, plano de ação, definição de tarefas-chaves, definição e seleção de respostas e de tratamento das mesmas, organização e apresentação do material coletado. Requer identificação, comparação, análise, síntese, resumo, observação, classificação, interpretação, crítica, suposições, imaginação, entre outros. Claretiano - Centro Universitário 99© U7 - Estratégias de Ensino OPERAÇÃO DE PENSAMENTO CONCEITO/ RELAÇÕES Levantamento de Hipóteses Propor algo apresentado como possível solução para um problema. Forma de fazer algo, esforço para explicar como algo atua, sendo guia para tentar solução de um problema. Proposição provisória ou palpite com verificação intelectual e inicial da idéia. As hipóteses constituem interessante desafio ao pensar do aluno. Aplicação de fatos e princípios a novas situações Solucionar problemas e desafios, aplicando aprendizados anteriores, usando a capacidade de transferências, aplicações e generalizações ao problema novo. Decisão Agir a partir de valores aceitos e adotados na escolha, possibilitando a análise e consciência dos mesmos. A escolha é facilitada quando há comparação, observação, imaginação e ajuizamento, por exemplo. Planejamento de projetos e pesquisas Projetar é lançar idéias, intenções, utilizando-se de esquema preliminar, plano, grupo, definição de tarefas, etapas, divisão e integração de trabalho, questão ou problema, identificação das questões norteadoras, definição de abrangência, de fontes, definição de instrumentos de coleta dos dados, validação de dados e respostas, etapas e cronograma. Requer assim, identificação, comparação, resumo, observação, interpretação, busca de suposições, aplicação de princípios, decisão, imaginação e crítica. Fonte: Raths (1977). Desenvolver um trabalho docente baseado na utilização de estratégias diversificadas é um desafio para nós, professores uni- versitários. Na Educação Superior encontra-se, ainda, muito arrai- gada a prática docente orientada quase que unicamente por aulas expositivas. Dessa forma, a ação do professor no cotidiano acaba favo- recendo a manutenção do modelo de transmissão de conteúdos inquestionáveis e definitivos (ANASTASIOU, 2005, p. 71). Há um sem-número de obstáculos que se nos apresentam quando se trata de mudar nossa prática em relação ao processo de ensino-aprendizagem. Perguntamo-nos,por exemplo: © Didática do Ensino Superior100 • É mesmo necessário romper com uma prática tão arrai- gada? • Como poderei lidar com as dúvidas, críticas e as incerte- zas futuras? • Diversificar as estratégias de ensino dará mesmo um bom resultado? • Como atuar diante de um contexto de tantas mudanças e incertezas? Apesar de, na maioria das vezes, estarmos conscientes da necessidade de lidar com a dinâmica de transformações que hoje vivenciamos, há uma dificuldade quanto à definição dos melhores procedimentos para garantir uma intervenção docente que con- temple as exigências do contexto atual e garanta uma ação peda- gógica de qualidade. Anastasiou (2005) aponta a troca de experiências e o traba- lho coletivo de planejamento e de tomada de decisões como uma saída para as dificuldades encontradas pelos docentes, ao assu- mirem uma ação docente comprometida com a diversificação das estratégias. Para Anastasiou (2005, p. 72), Quando um professor participa de um colegiado que construiu co- letivamente o Projeto Político-pedagógico, a questão da definição de estratégias evolui rapidamente, pois já estão discutidos vários determinantes: a função de universidade, a visão de homem, de ciência, de conhecimento e de saber escolar, de perfil profissio- gráfico e de objetivos gerais do curso que norteiam as escolhas de ação em aula. Cabe-nos, agora, somente descrever algumas estratégias de ensino que podem auxiliar nossa ação docente em direção a um trabalho capaz de viabilizar o aprimoramento das operações men- tais e o desenvolvimento da autonomia reflexiva dos estudantes. Claretiano - Centro Universitário 101© U7 - Estratégias de Ensino 8. ESTRATÉGIAS DE ENSINAGEM Anastasiou (2005), em um trabalho voltado para as questões referentes à Educação Superior, apresenta 20 diferentes estraté- gias de ensino que podem nos auxiliar em direção à diversificação das atividades diárias de sala de aula. Levantaremos, a seguir, apenas algumas dessas estratégias, mas sugerimos que você busque conhecer o trabalho dessa autora na íntegra. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Estudo de texto: esta estratégia é orientada, basicamente, pelo estudo das ideias de um autor, por meio de uma análise crítica dos conceitos em tela. São relevantes para o desenvolvimento dessa atividade os seguintes aspectos: • contextualização do texto e do autor; • análise do texto em si (vocabulário, fatos, autores referenciados, esquematização e ideia principal); • análise interpretativa (discussão da temática e do encaminhamento das ideias pelo autor, reflexão acerca das intenções – ideologia, visão de mundo – implícitas nos conceitos levantados); • reelaboração do conceito transmitido pelo texto e impressões pessoais sobre ele. A avaliação desse tipo de estratégia, assim como das outras, está diretamente relacionada às operações mentais que esta possibilita. Desse modo, para avaliar esse tipo de estratégia, o docente deverá levar em conta a capacidade de análise, síntese e julgamento do aluno por meio de produção oral ou escrita. Portfólio: Registros das produções mais significativas, desenvolvidas ao longo do processo de ensino-aprendizagem de um conteúdo, de uma disciplina ou, ainda, de um conceito. São relevantes no desenvolvimento dessa atividade os seguintes aspectos: • identificação detalhada dos dados do aluno, podendo incluir até mesmo fotografias das situações de aprendizagem vivenciadas; • utilização de formas diversificadas de registro (manual, digitado, desenhado); • os registros devem atender às exigências de um trabalho científico; • devem constar no trabalho as impressões pessoais do aluno quanto às dificuldades e avanços. A avaliação desse tipo de estratégia deve ser feita em conjunto entre professor e aluno, levando-se em consideração o atendimento a cada um dos aspectos propostos anteriormente. © Didática do Ensino Superior102 Tempestade cerebral: é uma proposta de trabalho voltada para a produção de novas ideias, abrindo espaço para a imaginação e a criatividade, procurando, primeiramente, acatar todas as ideias que forem surgindo e solicitando uma explicação posterior, caso seja necessário. Nessa estratégia, deve-se: • levantar uma problemática, levando o estudante a expressar sucintamente as ideias por ela sugeridas; • evitar emitir juízos de valor, para não excluir ideias de pronto; • registrar todas as ideias levantadas; apreciar a possibilidade de se colocar as ideias levantadas em prática, bem como verificar sua potencialidade operacional e de eficácia. Ao avaliar esse tipo de estratégia, o professor deve ter cuidado para não deixar o espontaneísmo interferir na sua análise. É preciso que se faça uma avaliação sistemática, levando em conta a capacidade criativa, a organização das ideias, a logicidade, a aplicabilidade e a pertinência das colocações, bem como a capacidade de argumentação e seleção de ideias apropriadas para solucionar o problema apresentado. Mapa conceitual: é a atividade de organizar um diagrama capaz de relacionar conceitos por meio da articulação entre estes e a estrutura dos conteúdos aos quais estão envolvidos. Vale, aqui, seguir uma dinâmica sequencial: • identificar os conceitos presentes no texto ou objeto estudado; • organizar os conceitos por ordem de relevância; • incluir conceitos específicos; • estabelecer a relação entre conceitos e palavras-chave, conteúdos, expressões; • estabelecer relações horizontais e cruzadas, notando que há várias formas de se traçar um mapa conceitual. A avaliação desse tipo de estratégia, levando-se em conta, mais uma vez, as operações mentais que esta possibilita, deve analisar a capacidade de: • explicitação da interpretação dos conceitos; • justificar a hierarquização destes, bem como a relação estabelecida entre conceitos e conteúdos; • criação na organização do mapa conceitual. Lista de discussão por meios informatizados: caracteriza-se pela possibilidade de promoção de um debate virtual acerca de temas previamente estudados, com o objetivo de aprofundar entendimentos. Essa estratégia coloca em ação uma rede de operações mentais bastante complexa: • comparação; • observação; • interpretação; • busca de suposições; • construção de novas hipóteses; • obtenção e organização de dados. Claretiano - Centro Universitário 103© U7 - Estratégias de Ensino Cabe ao professor: • organizar um grupo ou alguns subgrupos de pessoas para debater o tema; • estabelecer um prazo limite para o encerramento do debate; • intervir no intuito de enriquecer o debate e mediar as discussões em curso; • reabrir o debate a partir do levantamento de novos problemas, se for o caso. Para avaliar esta atividade, o professor deve analisar o desenvolvimento efetivo das operações mentais colocadas em ação (adaptado de ANASTASIOU et al., 2005). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 9. CONSIDERAÇÕES Esta unidade pretendeu ser apenas uma provocação para iniciarmos uma reflexão acerca da dinâmica que temos imprimido ao nosso trabalho docente cotidiano, enquanto professores uni- versitários. Estaremos formando profissionais cidadãos críticos e ativos na sociedade ou reprodutores da desigualdade presente em nosso país, mantenedores do status quo? A provocação está feita e o desafio está lançado. Cabe a nós, educadores universitários, escolhermos o papel que iremos de- sempenhar nesta sociedade. 10. E-REFERÊNCIA RATHS, L. E. et al. Ensinar a pensar. 1977. Disponível em: <http://www.fcf.usp.br/Ensino/ Graduacao/Disciplinas/Exclusivo/Inserir/Anexos/LinkAnexos/CAP%C3%8DTULO%20 1%20LeaAnastasiou.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2009. 11. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS ANASTASIOU, L. G. C. et al. Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. Joinville: Univille, 2005. CHARLOT, B. Relação com o saber, formação de professores e globalização: questões para a Educação hoje. Porto Alegre: Artmed, 2005. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004. LALANDE, A. Vocabulário técnico e crítico da Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Claretiano - Centro Universitário
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