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Gastronomia Baiana e Cultura Profa Celeste Viana Aula adaptada da Profa Cristiane Queirós Gastronomia Baiana e Cultura “Deixe que a alimentação seja o seu remédio e o remédio a sua alimentação”. (Hipócrates) Afirmações como estas que remontam há centenas de anos, já atestavam a relação vital entre a alimentação e a saúde. Gastronomia Baiana e Cultura “Somos aquilo que comemos” Essa frase é reveladora da vinculação cada vez maior entre alimentação e saúde presente na nossa sociedade A preocupação com o corpo, o esforço para se evitar doenças através daquilo que seria uma “alimentação balanceada”, ou mesmo o prazer à mesa sendo posto em segundo plano em nome de uma suposta “qualidade de vida”. Gastronomia Baiana e Cultura Tudo isto descreve a forma como atualmente se configura a nossa relação com a comida: o aspecto nutricional tem preponderado na nossa alimentação. Uma vez que a alimentação se dá em função do consumo de alimentos e não de nutrientes, uma alimentação saudável deve estar baseada em práticas alimentares que tenham significado social e cultural. Os alimentos têm gosto, cor, forma, aroma e textura e todos esses componentes são considerados na abordagem nutricional. Os nutrientes são importantes; contudo, os alimentos não podem ser resumidos a veículos deles, pois agregam significações culturais, comportamentais e afetivas singulares que jamais podem ser desprezadas. Portanto, o alimento como fonte de prazer e identidade cultural e familiar também é uma abordagem necessária para a promoção da saúde. Gastronomia Baiana e Cultura Gastronomia Baiana e Cultura Alimentos antes desvalorizados ou cujo consumo era restrito a determinados grupos e religiões podem ter o seu status modificado. Essas transformações em relação à comida acompanham as mudanças que acontecem no âmbito da própria sociedade. Gastronomia Baiana e Cultura STATUS DO ACARAJÉ Um exemplo de mudança de status de uma comida é o acarajé, hoje considerado como um prato característico da culinária baiana. A comercialização do acarajé tem início ainda no período da escravidão com as chamadas “escravas de ganho” que trabalhavam nas ruas, para suas senhoras, desempenhando diversas atividades, dentre elas, a venda de quitutes nos seus tabuleiros. O acarajé ainda é tido como um bolinho característico do candomblé. Mesmo ao ser comercializado e consumido fora do terreiro, o acarajé ainda é considerado, pelas baianas, como uma comida sagrada. Gastronomia Baiana e Cultura STATUS DO ACARAJÉ Para as baianas, o bolinho de feijão fradinho, frito no azeite de dendê, não pode ser separado de sua religião. Por isso, a sua receita não pode ser modificada, e deve ser preparada apenas pelos filhos-de-santo. Só que as baianas, cada vez mais, têm que enfrentar a concorrência do comércio do acarajé nos bares, supermercados e restaurantes. Gastronomia Baiana e Cultura STATUS DO ACARAJÉ Mas, sua venda como “bolinho de Jesus”pelos adeptos de religiões evangélicas – que postam Bíblias em seus tabuleiros – é o que tem causado mais polêmica. Muitas baianas indagam-se sobre o por quê dos evangélicos quererem vender acarajé e não qualquer outro quitute. Para a maioria das baianas , filhas-de-santo, o bolinho é indissociável do candomblé. Porém, esta indistinção não deixa de ser, também, uma estratégia de diferenciação de seus produtos, num contexto de concorrência cada vez mais acirrada que é Salvador Gastronomia Baiana e Cultura A culinária baiana, conhecida e reverenciada em várias partes do mundo, é uma das mais criativas e saborosas da gastronomia brasileira. Gastronomia Baiana e Cultura A cozinha típica da Bahia, muito influenciada por ingredientes e temperos oriundos da África, como o quiabo, a pimenta malagueta e o azeite de dendê, consegue não somente produzir pratos populares como também elaborar cardápios de grande requinte e surpreender o paladar mais apurado. Gastronomia Baiana e Cultura Influenciada também pelos hábitos alimentares dos índios brasileiros e pela cozinha portuguesa, a comida baiana assimilou muito da cultura africana para montar seu vasto e saboroso cardápio, com quase 50 tipos de pratos diferentes. Graças principalmente à religião do Candomblé, delícias como o acarajé, o caruru, o mungunzá e o bobó, adaptações da comida sagrada dos orixás, chegaram às mesas dos bares e restaurantes. Gastronomia Baiana e Cultura A cozinha baiana é plural, rica e variada. A grande contribuição do negro africano à cozinha baiana é o azeite de dendê e a pimenta malagueta da Costa ou Ataré. Come-se na Bahia dendê, desde a farofa até o feijão. Gastronomia Baiana e Cultura Na Bahia existem duas maneiras de se preparar os pratos “afros”: • Uma mais simples, sem muito tempero, que é feita nos terreiros de candomblé para serem oferecidos aos Orixás; • A outra, fora dos terreiros, onde as comidas são preparadas e vendidas pela baiana do acarajé. Nos restaurantes, e nas residências, são mais carregadas no tempero e mais saborosas. Gastronomia Baiana e Cultura Cozinha baiana, comida do Recôncavo, comida de azeite-de-dendê, comida festiva, Típica, de matriz africana. Vivaldo da Costa Lima Gastronomia Baiana e Cultura Da cozinha portuguesa é composta de variedades regionais bem diversas: Introduziu no Brasil as carnes de porco, de carneiro e de boi, o bacalhau e a doçaria conventual. Vivaldo da Costa Lima Gastronomia Baiana e Cultura Os doces, quase todos de influência portuguesa, cujas receitas foram trazidas pelas religiosas (freiras) e famílias portuguesas, pois os negros não os conheciam. Entre outras delícias pode-se citar: ambrosia, bolinhos de goma, bolo de macaxeira, baba-de- moça, cocadas de mamão, abacaxi, amendoim, pudim de tapioca, queijadinha, doces de laranja, cajá e caju. Gastronomia Baiana e Cultura O desprezo dos portugueses pelos produtos locais seria explicado pelo esforço de se diferenciar socialmente dos nativos indígenas e dos africanos. Os colonizadores deixavam, assim, de consumir a farinha de mandioca, a aguardente de cana, e o azeite de dendê, por serem estes alimentos consumidos por aqueles que eram considerados “inferiores”. Gastronomia Baiana e Cultura A contribuição indígena também é notada na Bahia, como em qualquer parte do Brasil, nos pratos de milho, na canjica, pamonha e no mingau. Gastronomia Baiana e Cultura Às famosas quituteiras negras deve-se em grande parte a fama e o valor da cozinha da Bahia, com seus quitutes famosos como o: acarajé, o abará (bolinhos de feijão), bobó de camarão, caruru, vatapá, xinxim de galinha, arroz-de-haussá, efó, sarapatel, feijoada baiana (com feijão mulatinho). Procedimentos mais coerentes com a moderna cozinha já começam a aparecer, ainda tímida, através de cozinheiros mais informados das modernas técnicas gastronômicas, apontando perspectivas mais dinâmicas para a cozinha baiana. Gastronomia Baiana e Cultura A primeira consequência dessa pouca iniciativa é o aparecimento de novas receitas mais elaboradas, ainda mantendo fortes ligações com as matrizes portuguesa e africana; mas, incorporando também, bases da culinária de outros países, principalmente daqueles banhados pelo Mediterrâneo. Gastronomia Baiana e Cultura Gastronomia Baiana e Cultura Gastronomia Baiana e Cultura Colaboração: Profª Regiane CamposGastronomia Baiana e Cultura Praça José de Alencar, 13/19 Largo do Pelourinho TELEFONE(s):(71) 3324-4553 www.ba.senac.br/museu/ Funcionamento: de segunda a sábado, das 09h às 11h e das 12h às 17h. Entrada Gratuita. OBRIGADA!
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