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Resposta à acusação - furto qualificado, corrupção de menor

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE JOINVILLE – SANTA CATARINA
Autos nº XXXXX
FULANO, já qualificados nos autos em epígrafe, vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por meio de seu advogado, com procuração anexa, apresentar a devida
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
com fundamento nos artigos 396 e 396-A, do Código de Processo Penal, em face da denúncia oferecida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
I – DA SÍNTESE FÁTICA E PROCESSUAL
Segundo os depoimentos e outros documentos acostados aos autos, no dia 06 de fevereiro de 2013, por volta de 15:30, nesta mesma Comarca, FULANO juntamente com a ENTEADA, faziam compras em uma loja de departamentos na Rua Coronel Procópio Gomes, bairro Bucarein, quando sua enteada passou a separar algumas peças de roupa e, logo após, guardou na sua bolsa. 
Ocorre que, segundo a denúncia, FULANO teria subtraído diversas peças de roupa com a colaboração da adolescente E. S., a qual teria sido corrompida a praticar tal infração penal, imputando-lhe a prática dos crimes de furto qualificado cumulado com corrupção de menor em concurso material, respectivamente previstos pelo art. 155, § 4º, IV do Código Penal e art. 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente c/c art. 69 do Código Penal.
No entanto, Excelência, totalmente incabíveis as alegações da acusação, posto que estas não merecem prosperar.
Isso porquê vale ressaltar que o réu não tem nenhum histórico criminoso, tendo, inclusive, bons antecedentes. Trata-se de pessoa humilde e trabalhadora, que em nada corrompeu para que a enteada se apropriasse indevidamente daqueles itens, que, como se observa na relação apresentada pelo Auto de Prisão em Flagrente, constam basicamente de produtos destinados ao público feminino.
II – DO DIREITO
Das preliminares
Pertinente se faz apontar a nulidade existente na denúncia, uma vez que claramente desrespeita o disposto no artigo 41 do Código de Processo Penal, já que esta deve expor, de forma pormenorizada, descrever o fato criminoso e as circunstâncias em que este ocorreu. In verbis, o artigo supramencionado:
A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Como se depreende da análise da exordial, a acusação se limitou a apresentar, em apertada síntese, os fatos básicos, deixando de esclarecer uma série de características fundamentais para a presente ação, como a dinâmica do suposto crime e a conduta individualizada.
Totalmente genérica e inepta, portanto, a denúncia apresentada, impossibilitando o exercício do direito de defesa do acusado.
Dessa forma, outra sorte não resta senão declarar a nulidade arguida nos termos do art. 564, inciso IV do CPP.
Do mérito
Caso Vossa Excelência entenda pelo prosseguimento da ação, importante frisar que o acusado, em seu próprio depoimento, conforme consta no Auto de Prisão em Flagrante, não existiu a qualificadora do concurso de pessoas do crime de furto.
Ora Excelência, o acusado trabalha como vigilante e não tem nenhum antecedente criminal, não existindo qualquer tipo de prova que aponte que o réu corrompeu ou solicitou ajuda da adolescente para cometer qualquer tipo de tentativa de subtrair indevidamente as peças de roupa da loja de departamentos.
É visível que se trata de ação isolada da enteada que, pelo fervor da adolescência, sente a necessidade de ter o que ainda não consegue comprar por falta de condições dos pais. Além disso, a grande parte dos itens eram de uso feminino!
A análise acurada dos autos descaracteriza a acusação por furto qualificado, pois, conforme ensina Luiz Regis Prado: “Assim, o furto deve ser praticado por pelo menos duas pessoas, exigindo-se que ambas tenham conhecimento do ilícito que praticam”. Ora Excelência, nada indica que o acusado tinha conhecimento dos atos da adolescente ou de que sequer concordava com essa conduta.
Isso porquê, como o próprio acusado afirmou, ele estava comparando os preços dos secadores de cabelo enquanto a enteada olhava roupas na seção de vestuário.
Clara, portanto, a hipótese de inexistência de crime, restando o pedido de absolvição sumária com base na falta de provas de que o acusado influenciou a adolescente a cometer tal ilícito.
Além disso, nesse caso encontra-se presente a VIOLAÇÃO DO NON BIS IN IDEM, já que a prática do crime de furto está contida na expressão “com ele praticando infração penal” inserida no artigo 244-B da Lei nº 8069/90 e, como, crianças e adolescentes são pessoas, seriam, portanto, também compreendidas pela expressão “com duas ou mais pessoas” do art. 155, § 4º, IV do CP.
Observa-se, assim, que a violação da norma subsequente é desdobramento normal da violação da norma antecedente, devendo, portanto, ser aplicada apenas aquela. 
Logo, deve o acusado ser absolvido pela prática do crime de corrupção de menores, uma vez que a sanção cominada pela norma tanto no art. 155, §4º, IV do Código Penal, como no art. 157, §2º, II do mesmo Código violam a norma do art. 244-B da Lei nº 8.069/90, evitando, destarte, o bis in idem. 
Diante disso, resta a desclassificação do tipo penal para furto simples, visto que não houve ação em concurso de agentes, caso Vossa Excelência não entenda pela absolvição sumária do acusado, tendo em vista os bons antecedentes e a humildade da família.
Vale considerar, no presente caso, a incidência do princípio da insignificância, que permite que não fatos de ofensividade mínima ingressem no campo penal, contribuindo para a morosidade do judiciário e atenção despendida para atos irrisórios, enquanto crimes de alta complexidade pedem desesperadamente por solução.
Até porque, Excelência, toda a mercadoria subtraída foi devolvida antes de deixar a estrutura física da loja. Apesar de o sujeito ter sido abordado pelo fiscal no estacionamento desta, não houve resistência por parte deste em conversar e expor os produtos. Em sentido amplo, sequer podemos falar em consumação!
III – DOS PEDIDOS
Diante do que foi exposto, é a presente para requerer:
Seja reconsiderado o recebimento da denúncia, para rejeitar liminarmente a inicial com base no art. 395, III do Código de Processo Penal;
O recebimento e a autuação da presente resposta à acusação, caso não entenda pela inépcia da denúncia;
Que o denunciado seja sumariamente absolvido, nos termos do art. 415, II, do Código de Processo Penal;
Subsidiariamente, caso Vossa Excelência não entenda pela absolvição sumária, requer a não cumulação do crime de furto qualificado com corrupção de menores, convertendo-se para furto simples;
A produção de provas por todos os meios de direito admitidos, em especial a oitiva de testemunhas, arrolados ao final desta peça, bem como a condenação dos acusados no mínimo legal e no regime inicial aberto, conforme art. 33, do Código Penal.;
O regular prosseguimento do feito para os fins de direito.
Nestes termos, pede deferimento.
Joinville, 26 de março de 2013.
ADVOGADO
Rol de testemunhas
a) TESTEMUNHA 1, nacionalidade, profissão, estado civil, portador da Carteira de Identidade nº _, inscrito no CPF sob o nº _, residente e domiciliado ao endereço tal.
b) TESTEMUNHA 2, nacionalidade, profissão, estado civil, portador da Carteira de Identidade nº _, inscrito no CPF sob o nº _, residente e domiciliado ao endereço tal.
c) TESTEMUNHA 3, nacionalidade, profissão, estado civil, portador da Carteira de Identidade nº _, inscrito no CPF sob o nº _, residente e domiciliado ao endereço tal.

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