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ALTERAÇÕES NO CÓDIGO PENAL REALIZADAS EM 2012

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ALTERAÇÕES NO CÓDIGO PENAL REALIZADAS EM 2012
PRESCRIÇÃO
	O Código Penal, até o momento, sofreu poucas alterações neste ano de 2012. 
A primeira delas foi no art. 111, que trata da prescrição. Eis o dispositivo que foi inserido no CP:
Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
(...)
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. (Redação dada pela Lei nº 12.650, de 2012)
	A Lei n. 12. 650/2012 foi “batizada” de Lei Joana Maranhão, exatamente por trazer disposição que objetiva impedir a reiteração de casos de impunidade similares ao da atleta que vivenciou situações de abuso sexual na infância e que foram relatadas apenas há pouco tempo.
	O projeto surgiu após a CPI da pedofilia e a lei foi editada em atenção ao mandado de otimização que consta do art. 227, § 4º da Constituição Federal, de seguinte teor: “a lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente”.
Na prática, há um alargamento do prazo de prescrição de crimes sexuais contra crianças e adolescentes, que antes não tinha tratamento diferenciado. 
Sobre o tema, primeiro é importante destacar quais são os crimes do CP contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes.
O título VI do Código Penal trata dos crimes contra a dignidade sexual e seu capitulo II trata, especificamente, dos crimes sexuais contra vulneráveis. São eles:
CAPÍTULO II
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL 
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Sedução
Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Corrupção de menores 
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.” (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Considerando que o foco deste trabalho é a prescrição, os crimes em si serão apenas transcritos sem maiores considerações.
No tocante à prescrição tratada pela Lei n. 12. 650/2012, o primeiro ponto a se destacar é que se trata de prescrição da pretensão punitiva do Estado, pois se refere à prescrição antes do trânsito em julgado da sentença final.
Neste caso, o seu lapso temporal será regulado pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, computando-se o dia do começo do prazo, por se tratar de norma de direito material.
No caso da Lei n. 12.650/2012, deve-se levar em consideração que os termos “criança” e “adolescente” devem ser tomados em seu sentido jurídico, que consta do ECA (art. 2º). Assim, “considera-se criança a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”.
O conceito acima é importante porque os crimes contra a dignidade sexual têm outro parâmetro, que é o conceito de vulnerável, assim entendido, quanto ao menor, aquele que tem menos de 14 anos (conceito mais restrito).
Pois bem, no crime cometido contra a dignidade sexual de criança e adolescente poderão ocorrer duas situações distintas, que resultarão em dois termos diferentes para a contagem do prazo de prescrição da pretensão punitiva do Estado.
A primeira hipótese tratada é aquela em que não é oferecida denúncia antes da vítima completar 18 anos. Neste caso, o termo inicial do prazo prescricional é a maioridade e não a data do crime.
A segunda hipótese tratada é aquela em que é oferecida denúncia antes da vítima completar 18 anos. Em tal circunstancia, o termo inicial do prazo de prescrição é a data do crime, e não a maioridade.
São diferentes, portanto, os termos de início de contagem do prazo de prescrição, mas o prazo de prescrição em si será o mesmo (contado tendo como parâmetro a pena máxima cominada, nos termos do art. 109 do CP).
ATENDIMENTO MÉDICO EMERGENCIAL
Outra alteração do ano 2012 no Código Penal foi a inclusão de um tipo penal, consistente na conduta de exigir garantia (financeira) para atendimento médico de natureza emergencial. Eis o teor do dispositivo inserido no código penal:
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
O crime em questão foi inserido no título que trata dos crimes contra a pessoa, no capítulo que trata da periclitação da vida e da saúde. O bem jurídico tutelado, logo se percebe, é a vida e a saúde humana.
Trata-se de crime comum, pois não exige uma especial característica do agente para que possa ser cometido.Quanto ao sujeito passivo, também pode ser qualquer pessoa.
A conduta típica pode ocorrer de duas formas: primeiro, com a exigência (o verbo “exigir” é o núcleo do tipo) de cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia como condição para atendimento médico. Segundo, com a exigência de preenchimento de formulários administrativos como condição para o atendimento médico hospitalar.
No caso, importa ressaltar que o tipo estará caracterizado apenas nas hipóteses de atendimento de emergência, mas a norma penal não veio a definir o que isso vem a ser. Na falta de um critério do legislador, recomenda-se adotar o instituído pelo “Protocolo Internacional de Atendimento Pré-Hospitalar”, segundo o qual um caso será considerado como uma “emergência”, quando há uma situação de risco à vida da vítima e será considerado de “urgência” quando não houver risco à vida do paciente. 
Assim sendo, de acordo com o tipo penal descrito no artigo 135-A, conclui-se que o legislador criminalizou apenas as condutas que envolvem situações emergenciais, ou seja, aquelas que expõe a um determinado risco a vida da vítima.
Finalizando, tem-se que o crime em questão é formal (não depende da existência do resultado para sua consumação) e se consuma no momento da exigência, sendo difícil imaginar a tentativa. Ainda, é importante destacar que há causas de aumento de pena no caso de a conduta resultar em lesão corporal de natureza grave (dobro da pena) ou morte (triplo da pena).
O art. 135-A passou a vigorar no dia 29.05.2012 e a lei que o acresceu ao Código Penal (Lei n. 12.653/2012) tem ainda outras disposições (que não foram incluídas no CP) de seguinte teor:
Art. 2o O estabelecimento de saúde que realize atendimento médico-hospitalar emergencial fica obrigado a afixar, em local visível, cartaz ou equivalente, com a seguinte informação: “Constitui crime a exigência de cheque-caução, de nota promissória ou de qualquer garantia, bem como do preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial, nos termos do art. 135-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.” 
Art. 3o O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei. 
Ainda não há regulamentação sobre o tema e não há outras inserções no Código datadas de 2012.
Bibliografia:
SIENA, David Pimentel Barbosa de. Lei nº 12.653/2012: criminalização do “condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial”. Texto extraído de http://jus.com.br/revista/texto/21900/lei-no-12-653-2012-criminalizacao-do-condicionamento-de-atendimento-medico-hospitalar-emergencial#ixzz24nmmtZfo
SIENA, David Pimentel Barbosa de. Lei Joana Maranhão: novo termo inicial da prescrição da pretensão punitiva. Texto extraído de http://jus.com.br/revista/texto/21894/lei-joanna-maranhao-novo-termo-inicial-da-prescricao-da-pretensao-punitiva#ixzz24nayPtuE
COMENTÁRIOS À LEI N. 12.694/2012
CARACTERÍSTICA DA NORMA
A norma em questão é eminentemente processual. Em geral, trata de dispor sobre procedimentos, sem tipificar condutas. Tem como grande novidade definir o que vem a ser organização criminosa e institui a possibilidade de julgamento colegiado para os crimes cometidos por tais organizações.
Curioso destacar que o projeto desta lei é de autoria da Associação dos Juízes Federais, mas a aprovação da lei contou com algumas alterações que a distanciam, em parte, do originariamente proposto.
Abaixo, a lei será comentada artigo por artigo.
ART. 1º
Art. 1o Em PROCESSOS OU PROCEDIMENTOS que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz PODERÁ decidir pela formação de COLEGIADO para a PRÁTICA DE QUALQUER ATO PROCESSUAL, especialmente: 
I - decretação de prisão ou de medidas assecuratórias; 
II - concessão de liberdade provisória ou revogação de prisão; 
III - sentença; 
IV - progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena; 
V - concessão de liberdade condicional; 
VI - transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima; e 
VII - inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado. 
§ 1o O juiz poderá instaurar o colegiado, indicando os motivos e as circunstâncias que acarretam risco à sua integridade física em decisão fundamentada, da qual será dado conhecimento ao órgão correicional. 
§ 2o O colegiado será formado pelo juiz do processo e por 2 (dois) outros juízes escolhidos por sorteio eletrônico dentre aqueles de competência criminal em exercício no primeiro grau de jurisdição. 
§ 3o A COMPETÊNCIA DO COLEGIADO LIMITA-SE ao ato para o qual foi convocado. 
§ 4o As reuniões poderão ser sigilosas sempre que houver risco de que a publicidade resulte em prejuízo à eficácia da decisão judicial. 
§ 5o A reunião do colegiado composto por juízes domiciliados em cidades diversas poderá ser feita pela via eletrônica. 
§ 6o As decisões do colegiado, devidamente fundamentadas e firmadas, sem exceção, por todos os seus integrantes, serão publicadas sem qualquer referência a voto divergente de qualquer membro. 
§ 7o Os tribunais, no âmbito de suas competências, expedirão normas regulamentando a composição do colegiado e os procedimentos a serem adotados para o seu funcionamento. 
COMENTÁRIO: 
	A redação do caput dá a entender que a lei é aplicável aos feitos tanto na fase de procedimento (inquérito policial) quanto na fase de processo (ação penal ou processo de execução penal).
	Além disso, fica claro que o julgamento colegiado é uma faculdade, e não uma imposição. Deste modo, o juiz da causa poderá ou não formar o colegiado. Achando melhor, manterá consigo a possibilidade de julgar sozinho o feito ou de decidir sozinho sobre medidas cautelares ou incidentes da execução da pena.
	Quem decide pela necessidade de formação do colegiado é o juiz da causa onde tramita o feito (inquérito ou processo), devendo comunicar sua decisão ao órgão de correição.
	O colegiado é formado por três juízes: o de onde tramita o feito e mais dois, estes últimos escolhidos por sorteio eletrônico entre juízes que detenham competência criminal.
	A atuação dos juízes sorteados é limitada aos atos para os quais foram convocados. Deste modo, entende-se que o ato que instituir o colegiado deve ser expresso quanto aos atos que este colegiado deverá realizar.
	A escolha dos outros dois juízes será entre aqueles que detêm competência criminal e as reuniões entre eles não precisam ser presenciais, já que a lei possibilita a reunião por via eletrônica (assim entendida não só a teleconferência, mas também os e-mails).
	As decisões do órgão colegiado deverão ser fundamentadas e subscritas por todos os integrantes, não havendo, contudo, divulgação de votos dissidentes (esta é a forma encontrada pela lei para proteção do juiz).
	Interessante destacar que a lei possibilita que as reuniões do colegiado sejam sigilosas e isso faz muito sentido, pois se o réu e/ou seu advogado tivesse acesso à reunião, ele saberia de eventual voto divergente, identificando o juiz que o proferiu.
	É possível que haja polêmica em torno desse tema (reuniões sigilosas), tendo em vista a regra da publicidade dos julgamentos. Há, contudo, a possibilidade de se defender a constitucionalidade da norma, pois seria um preço mínimo a se pagar na defesa da preservação da segurança e vida dos juízes, bem como da independência da atuação judicial, com um aumento da força do Estado.
	Sobre o tema, importa destacar que na Itália, ao tempo em que dominada por máfias, as leis locais estabeleceram o sigilo absoluto em torno de quem proferia as decisões, de modo que sequer havia assinatura dos juízes que as subscreviam. A lei brasileira, neste ponto, apenas restringiu a publicidade, mas não furtou o réu de saber quem era o seu juízo, nem os fundamentos utilizados para sua condenação.
	Por outro lado, a defesa da inconstitucionalidade é algo que provavelmente vai se apoiar no fato de ter o réu o direito de saber tudo o que se passou em seu julgamento, especialmente acerca da existênciade voto divergente eventualmente favorável a si. Nesse sentido, há entrevista de Pierpaolo Cruz Bottinino, no sítio do consultor jurídico (www.conjur.com.br). 
	A questão provavelmente vai chegar ao STF, mas ainda não está sendo tratada judicialmente em sede de controle de constitucionalidade, mesmo porque a lei ainda não entrou em vigor.
	Os atos listados nos incisos do art. 1º são apenas exemplificativos e o caput é expresso em admitir o julgamento colegiado para a prática de qualquer ato processual.
	
JUÍZOS COMPETENTES PARA O JULGAMENTO COLEGIADO
	A formação do colegiado pode ocorrer tanto em juízos federais quanto em juízos estaduais. Tudo irá depender de onde tramita o feito em que se julgará o crime praticado pela organização criminosa.
	Observando a norma, não se visualiza vedação à adoção do julgamento colegiado também no âmbito do tribunal do júri, nos atos que são próprios do juiz, respeitada a atuação dos jurados.
NÚMERO DE ATOS PROCESSUAIS QUE PODEM SER PRATICADOS
A lei não limita os atos que o colegiado poderá praticar, apenas exige que eles sejam indicados na decisão que forma o colegiado.
Deste modo, o colegiado poderá atuar do início ao fim do processo, em todos os atos ou em apenas alguns.
FUNDAMENTAÇÃO DO ATO QUE INSTITUI O COLEGIADO
	Em obediência à necessidade de fundamentação dos atos judiciais, a decisão que instaura o colegiado deve ser fundamentada, mas tal fundamentação não pode incorrer em juízo antecipado do mérito. Deve ter formato semelhante a que recebe a denúncia, apontando as razões de risco para o magistrado, mas sem qualificar (utilizar predicativos para) os sujeitos da ação penal, evitando expressões como “grupo altamente perigoso”, “criminosos perversos”, etc. 
	Por sua vez, a decisão também não precisa ter elementos minuciosos ou dados já concretos de periculosidade dos agentes. Em outros termos: não é preciso que um juiz seja efetivamente ameaçado para que possa instaurar o julgamento colegiado, pois o que a lei procura evitar é justamente que as ameaças se concretizem em atos de violência contra o juiz e sua família.
	Encerrando este ponto, importa destacar que embora a lei seja clara quanto à preservação da segurança do juiz, é de se pressupor que ela deve ser aplicada quando também estiver em perigo a segurança da família do magistrado.
ATOS QUE PODEM SER PRATICADOS
	Infere-se da leitura do art. 1º que tanto atos instrutórios quanto decisórios podem ser realizados pelo colegiado. Os atos enumerados nos incisos são apenas exemplificativos. São eles:
I - decretação de prisão ou de medidas assecuratórias; 
II - concessão de liberdade provisória ou revogação de prisão; 
III - sentença; 
IV - progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena; 
V - concessão de liberdade condicional; 
VI - transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima; e 
VII - inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado. 
ULTRATIVIDADE DA LEI
	A lei que institui o julgamento colegiado tem, neste ponto, natureza processual. Deste modo, ela pode ser aplicada nos processos já instaurados antes de sua vigência.
JUÍZES DE COMPETÊNCIA CRIMINAL 
	O sorteio eletrônico para a formação do colegiado deve ocorrer entre os juízes de competência criminal.
Deve-se atentar ao fato de que o juiz a ser sorteado deverá ser de mesma hierarquia do juiz do processo, ou seja, deverá ser um outro juiz que atue em primeiro grau de jurisdição.
Acredito (opinião pessoal) que seria possível inclusive que um juiz de JEF participe do sorteio, uma vez que na JF os juizados têm natureza cível e criminal.
	A decisão que instaura o colegiado deve ser informada à corregedoria, para controle estatístico, mas não de mérito.
RECURSO
	A lei não dispõe sobre qual seria o recurso da decisão que instaura o colegiado. Neste caso, eventual insurgência contra a decisão deve ser manifestada via habeas corpus. 
PRECEDENTES DA LEI
	PONTO INTERESSANTE!
	No Estado de Alagoas, por lei estadual, foi criada vara com competência exclusiva para processar e julgar delitos praticados por organizações criminosas cometidas no Estado (17ª vara criminal do Estado de Alagoas).
	Referida lei foi objeto de ADI (ADI 4414/AL, proposta pelo Conselho Federal da OAB) em razão de ter previsto que a vara em questão era de “titularidade coletiva”, composta por 5 juízes. 
	O STF não acolheu os argumentos do Conselho da Ordem e julgou constitucional a lei (julgamento do dia 31.05.2012, Relator Ministro Luis Fux), apresentando, basicamente, os seguintes fundamentos:
É possível que lei estadual institua órgão jurisdicional colegiado de 1º grau;
Já existem, inclusive, órgãos colegiados formados por juízes de 1º grau, como as Turmas Recursais e as Juntas Eleitorais;
É legítimo o objetivo da norma de preservar a independência do juiz na persecução criminal nos delitos cometidos por organizações criminosas.
DEFINIÇÃO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
	“Art. 2o Para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional”. 
	A lei encerra uma celeuma antiga no âmbito criminal: define o que vem a ser organização criminosa, indo além da definição da Convenção de Palermo.
	Organização criminosa é 
- a associação de 3 ou mais pessoas
- estruturalmente ordenada
- caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente
- com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza
- mediante a prática de crimes (a lei só fala em crimes. Não há referência a contravenções!):
 - com pena máxima igual ou superior a 4 anos OU
 - de caráter transnacional (independentemente do quantum da pena, no caso da transnacionalidade).
	A lei 12.694/2012 é a primeira disposição normativa interna que traz o conceito de organização criminosa.
	A definição não se trata de figura típica, apenas esclarecendo o que configura organização criminosa (não há instituição de pena para tal conduta).
	Um ponto importante, e em relação ao qual há uma certa polêmica, é o disposto no início do artigo. Segundo a lei, o conceito de organização criminosa é “para os efeitos desta lei”, o que poderia ser interpretado de forma restritiva.
	Apesar de corrente nesse sentido, há quem pense o contrário, sendo possível entender que o conceito de organização criminosa é válido tanto para os efeitos desta lei quanto para a aplicação de outros diplomas normativos, como a lei n. 9.034/95.
	Aliás, é bom destacar que a Lei n. 9.034/95 continua em vigor, pois a lei que instituiu o julgamento colegiado não a revogou, apenas incrementando o que dela já constava.
CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
	A partir do conceito legal, infere-se que são as seguintes:
Pluralidade de agentes – são no mínimo 3
Estabilidade ou permanência – associação para a prática de crimes
Organização – o grupo é estruturalmente ordenado
Divisão de tarefas – a divisão de tarefas tem que ocorrer, ainda que informalmente
Finalidade – no caso, o fim (direto ou indireto) é a obtenção de lucro ou vantagem de qualquer natureza;
Prática de crimes mais graves ou transnacionais – a lei não trata da possibilidade de se formar organização criminosa para praticar contravenção. Tem que ser crime cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 anos (crimes de penas altas) OU crime transnacional (aqui não importa a quantidade da pena).
MEDIDAS DE SEGURANÇA PARA MAGISTRADOS
“Art. 3o Os tribunais, no âmbito de suas competências, são autorizados a tomar medidas para reforçar a segurança dos prédios da Justiça, especialmente: 
I - controle de acesso, com identificação, aos seus prédios, especialmente aqueles com varas criminais, ou às áreas dos prédios com varas criminais; 
II - instalação de câmerasde vigilância nos seus prédios, especialmente nas varas criminais e áreas adjacentes; 
III - instalação de aparelhos detectores de metais, aos quais se devem submeter todos que queiram ter acesso aos seus prédios, especialmente às varas criminais ou às respectivas salas de audiência, ainda que exerçam qualquer cargo ou função pública, ressalvados os integrantes de missão policial, a escolta de presos e os agentes ou inspetores de segurança próprios”. 
	
As medidas em questão são de caráter administrativo e, em princípio, não demandam explicações.
ALTERAÇÕES DE OUTROS DIPLOMAS NORMATIVOS
CPP
	A Lei 12.694/2012 alterou o Código de Processo Penal e outros diplomas normativos. No CPP, a principal alteração foi para ampliar as hipóteses em que será possível a alienação antecipada de bens.
Na redação originária do CPP isto seria possível em relação aos bens facilmente deterioráveis (art. 120, § 5). Agora, estão sujeitos à alienação antecipada os bens sujeitos à deterioração ou depreciação ou, ainda, os bens cuja manutenção seja difícil.
Eis a redação do dispositivo em incluído no CPP pela Lei n. 12.694/2012:
Art. 5o O Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 144-A: 
“Art. 144-A. O juiz determinará a alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. 
§ 1o O leilão far-se-á preferencialmente por meio eletrônico. 
§ 2o Os bens deverão ser vendidos pelo valor fixado na avaliação judicial ou por valor maior. Não alcançado o valor estipulado pela administração judicial, será realizado novo leilão, em até 10 (dez) dias contados da realização do primeiro, podendo os bens ser alienados por valor não inferior a 80% (oitenta por cento) do estipulado na avaliação judicial. 
§ 3o O produto da alienação ficará depositado em conta vinculada ao juízo até a decisão final do processo, procedendo-se à sua conversão em renda para a União, Estado ou Distrito Federal, no caso de condenação, ou, no caso de absolvição, à sua devolução ao acusado. 
§ 4o Quando a indisponibilidade recair sobre dinheiro, inclusive moeda estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques emitidos como ordem de pagamento, o juízo determinará a conversão do numerário apreendido em moeda nacional corrente e o depósito das correspondentes quantias em conta judicial. 
§ 5o No caso da alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de certificado de registro e licenciamento em favor do arrematante, ficando este livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário. 
§ 6o O valor dos títulos da dívida pública, das ações das sociedades e dos títulos de crédito negociáveis em bolsa será o da cotação oficial do dia, provada por certidão ou publicação no órgão oficial. 
§ 7o (VETADO).” 
	Como se pode notar, a alienação antecipada ocorrerá mediante leilão e o produto da venda deverá ser depositado judicialmente para posterior devolução ao réu (no caso de absolvição) ou conversão em renda da União, Estado ou DF (no caso de condenção).
	O artigo vetado dizia respeito aos bens que, uma vez decretados indisponíveis, ficassem destinados ao uso ou sob a custódia de órgãos públicos.
	O veto foi sábio, uma vez que o objetivo da lei é o de preservar o valor real do bem (um automóvel apreendido em 2010 tem mais valor neste ano que nos anos seguintes. Assim, a sua venda antecipada com o depósito em conta remunerada à disposição do juízo preserva muito mais o valor do que a própria manutenção do bem em depósito).
	Eis as razões do veto:
“Ouvido, o Ministério da Justiça manifestou-se pelo veto ao seguinte dispositivo: 
§ 7º do art. 144-A do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, acrescido pelo art. 5º do projeto de lei 
“§ 7o Não serão submetidos à alienação antecipada os bens que a União, por intermédio do Ministério da Justiça, ou o Estado, por órgão que designar, indicarem para ser colocados sob uso e custódia de órgão público, preferencialmente envolvido na operação de prevenção e repressão ao crime organizado.” 
Razão do veto: 
“A proibição da alienação antecipada dos bens sob o uso e a custódia de órgão público, ainda que sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção, desvirtua o objetivo daquela medida assecuratória, que é a preservação do valor dos bens.” 
Essa, Senhor Presidente, a razão que me levou a vetar o dispositivo acima mencionado do projeto em causa, a qual ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros do Congresso Nacional”.
CÓDIGO DE TRÂNSITO NACIONAL
A alteração na referida lei foi pontual, permitindo medida administrativa para proteção dos magistrados. Eis o teor do dispositivo:
Art. 6o O art. 115 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - Código de Trânsito Brasileiro, passa a vigorar acrescido do seguinte § 7o: 
“Art. 115. .....................................................................
.............................................................................................. 
§ 7o Excepcionalmente, mediante autorização específica e fundamentada das respectivas corregedorias e com a devida comunicação aos órgãos de trânsito competentes, os veículos utilizados por membros do Poder Judiciário e do Ministério Público que exerçam competência ou atribuição criminal poderão temporariamente ter placas especiais, de forma a impedir a identificação de seus usuários específicos, na forma de regulamento a ser emitido, conjuntamente, pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP e pelo Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN.” (NR) 
LEI DE REGISTRO, POSSE E COMERCIALIZAÇÃO DE ARMAS
A referida lei também passou a ter redação diferente, incluindo a possibilidade de os agentes de segurança dos juízes portarem armas de fogo.
As disposições são de ordem administrativa e não exigem maior análise.
Art. 8o A Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 7o-A: 
“Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. 
§ 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que trata este artigo independe do pagamento de taxa. 
§ 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público designará os servidores de seus quadros pessoais no exercício de funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeitado o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de servidores que exerçam funções de segurança. 
§ 3o O porte de arma pelos servidores das instituições de que trata este artigo fica condicionado à apresentação de documentação comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei, bem como à formação funcional em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei. 
§ 4o A listagem dos servidores das instituições de que trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm. 
§ 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas a registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.”DISPOSIÇÕES FINAIS
	Art. 9o Diante de situação de risco, decorrente do exercício da função, das autoridades judiciais ou membros do Ministério Público e de seus familiares, o fato será comunicado à polícia judiciária, que avaliará a necessidade, o alcance e os parâmetros da proteção pessoal. 
§ 1o A proteção pessoal será prestada de acordo com a avaliação realizada pela polícia judiciária e após a comunicação à autoridade judicial ou ao membro do Ministério Público, conforme o caso: 
I - pela própria polícia judiciária; 
II - pelos órgãos de segurança institucional; 
III - por outras forças policiais; 
IV - de forma conjunta pelos citados nos incisos I, II e III. 
§ 2o Será prestada proteção pessoal imediata nos casos urgentes, sem prejuízo da adequação da medida, segundo a avaliação a que se referem o caput e o § 1o deste artigo. 
§ 3o A prestação de proteção pessoal será comunicada ao Conselho Nacional de Justiça ou ao Conselho Nacional do Ministério Público, conforme o caso. 
§ 4o Verificado o descumprimento dos procedimentos de segurança definidos pela polícia judiciária, esta encaminhará relatório ao Conselho Nacional de Justiça - CNJ ou ao Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. 
Art. 10. Esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa) dias de sua publicação oficial. 
Brasília, 24 de julho de 2012; 191o da Independência e 124o da República. 
Este texto não substitui o publicado no DOU de 25.7.2012
VIGÊNCIA DA LEI
	Este ponto é importante!
	A lei que define organização criminosa não entrou em vigor na data de sua publicação. Ainda está no período de “vacatio”, com previsão para entrada em vigor apenas 90 dias após 25.07, isto é, no dia 23.10.2012.
Bibliografia:
Recomendo a leitura do texto “Comentários à lei 12.694/2012 (julgamento colegiado em crimes praticados por organizações ciminosas)”, de Márcio André Lopes Cavalcante (juiz federal da 1ª Região) que consta no sítio www.dizerodireito.com.br.
HABIB, Gabriel. Leis penais especiais. Tomo I, 3. Ed. ver, ampl e atual. Salvador: juspodivm, 2011.
COMENTÁRIOS À LEI N. 12.683/2012
ALTERAÇÕES À LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO E CAPITAIS (LEI N. 9.613/18)
OBJETIVO DA NORMA
Nos termos do art. 1º da Lei n. 12.683/2012, a lei foi instituída para tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro.
ANTECEDENTE HISTÓRICO
	A Lei n. 9.613/98, que tipificou o crime de lavagem de dinheiro e capitais, foi instituída após debates internacionais que concluíram pela necessidade de um combate mais efetivo do Estado a crimes considerados de alta gravidade, em especial o tráfico de drogas.
	O objetivo era privar as pessoas que praticassem tal crime do produto de suas atividades ilícitas, eliminando aquilo que é o principal incentivo da criminalidade (a obtenção de lucro fácil).
	O Brasil é signatário da Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas (Convenção de Viena), concluída em 1988 e internalizada pelo Decreto n. 154/1991. Na referida convenção ficou acordado que os signatários deveriam adotar medidas para tipificar o crime de lavagem ou ocultação de bens oriundos do tráfico de drogas. Daí a origem da Lei n. 9.613/98, alterada pela 12. 683/2012.
	Apesar de num primeiro momento ter havido uma preocupação da comunidade internacional com o tráfico, quando editada a Lei de Lavagem no Brasil, procurou-se associar a lavagem não apenas a tal crime, mas também a outros que o Estado brasileiro considera maior prejuízo social, os crimes contra o sistema financeiro, contra a ordem tributária, contra a administração pública, entre outros.
CONCEITO E ORIGEM DO TERMO “LAVAGEM DE DINHEIRO”
	“A lavagem consiste na atividade revestida de objeto lícito, que tem por finalidade a transformação de recursos obtidos de forma ilícita em lícitos” (Gabriel Habib, juspodivm). Em outros termos: lavar é transformar o dinheiro “sujo” (porque oriundo de um crime) em dinheiro aparentemente lícito.
	A expressão “lavagem de dinheiro” originou-se nos EUA (Money laundering). Surgiu em Chicago, na década de 20, quando líderes do crime organizado abriram lavanderias de fachada para ocultar a origem criminosa de todo o dinheiro que auferiam ilicitamente, dando-lhe uma aparência de lícito.
	Em alguns países europeus (Portugal, França e Espanha) a lavagem de dinheiro é denominada “branqueamento”, mas tal denominação não foi adotada no Brasil.
FASES DA LAVAGEM
	São três:
INTRODUÇÃO (placement): separação física entre o sujeito criminoso e o produto auferido pelo crime, dificultando a identificação da procedência delituosa do dinheiro;
DISSIMULAÇÃO (layering): é a lavagem propriamente dita. Consiste na fase em que se constrói uma origem lícita para o dinheiro;
INTEGRAÇÃO (integration): é a fase em que os valores, agora com a aparência de lícitos, são formalmente incorporados ao sistema econômico, por meio da criação, aquisição ou investimento em negócios lícitos ou compra de bens. Em regra, utilizam-se instituições financeiras que movimentam significativa quantia em dinheiro.
DESCRIÇÃO DO TIPO 
ART. 1º
	Eis aqui a primeira alteração trazida pela lei n. 12.683/2012! O caput do art. 1º da Lei n. 9.613 passa a ter nova redação. 
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR DA Lei n. 12.683/2012 
	Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime:
I - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins; 
II - de terrorismo; 
II – de terrorismo e seu financiamento; 
III - de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua produção; 
IV - de extorsão mediante sequestro; 
V - contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a prática ou omissão de atos administrativos; 
VI - contra o sistema financeiro nacional; VII - praticado por organização criminosa. VIII – praticado por particular contra a administração pública estrangeira (arts. 337-B, 337-C e 337-D do Decreto-Lei n.° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal).
Pena: reclusão de três a dez anos e multa.
	Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
 
O rol de incisos foi revogado.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa.
CRIME ANTECEDENTE:
	O crime de lavagem é classificado como crime derivado, acessório ou parasitário, vez que, para existir, precisa de um crime antecedente.
	Antes da Lei n. 12.683/2012, os crimes antecedentes compunham um rol taxativo, mas a partir da referida lei, os crimes antecedentes não são mais taxativos. Aliás, o legislador alargou a tipificação a pontos de não mais exigir que a infração anterior seja crime, bastando tratar-se de infração penal, assim entendidos tanto o crime quanto a contravenção.
	Resumindo, temos que a INOVAÇÃO 1 da Lei n. 12.683/2012 consiste no fato de a lavagem restar configurada se a ocultação ou dissimulação for de bens, direitos ou valores provenientes de um crime ou de uma contravenção penal, sejam eles quais forem, pois não há mais um rol taxativo de ilícitos antecedentes.
	O resultado prático disso é que agora poderá restar configurada a lavagem para aqueles que vivem do famoso “jogo do bicho”, que apesar de se tratar de contravenção penal, movimenta vultosas quantias de natureza ilícita.
GERAÇÕES DAS LEGISLAÇÕES DE LAVAGEM DE DINHEIRO
	Existem três gerações de leis sobre lavagem de dinheiro e o critério que as distingue diz respeito ao crime antecedente à lavagem.
1ª GERAÇÃO: é caracterizada pelo fato de prever apenas o tráfico como crime antecedente à lavagem. Esse tipo de lei nunca existiu no Brasil;
2ª GERAÇÃO: é a das leis que prevêem, além do tráfico, outroscrimes como antecedentes da lavagem. Era o caso da Lei n. 9.613/98, em sua redação original;
3ª GERAÇÃO: é a das leis que não estabelecem taxativamente os crimes antecedentes, de modo que qualquer ilícito anterior pode caracterizar a lavagem. É o formato de legislação adotado nos EUA e agora no Brasil, a partir da Lei n. 12.683/2012.
	Tem-se aqui a INOVAÇÃO 2 da Lei n. 12.683/2012: quanto à lavagem, a legislação brasileira deixa de ser de 2ª e passa a ser de 3ª geração.
CRÍTICA À ADOÇÃO DO FORMATO DE LEI DE 3ª GERAÇÃO:
	Já há juristas no Brasil criticando o novo formato da Lei de Lavagem, por entenderem que ela resulta na banalização de tal crime (Luiz Flávio Gomes).
	O Juiz Federal (1ª Região) Sérgio Fernando Moro manifestou-se sobre o projeto de lei nos seguintes termos, acerca da eliminação do rol de crimes:
	“A eliminação do rol apresenta vantagens e desvantagens. Por um lado facilita a criminalização e a persecução penal de lavadores profissionais, ou seja, de pessoas que se dedicam profissionalmente à lavagem de dinheiro. (...) Por outro lado, a eliminação do rol gera certo risco de vulgarização do crime de lavagem, o que pode ter dias conseqüências negativas. A primeira, um apenamento por lavagem superior à sanção prevista para o crime antecedente, o que é, de certa forma, incoerente. A segunda, impedir que os recursos disponíveis para a prevenção e a persecução penal sejam focados na criminalidade mais grave (...)” (Crime de Lavagem de dinheiro. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 36).	 
RETROATIVIDADE DA LEI:
	ANTENÇÃO A ESTE TÓPICO!!!
No tocante ao art. 1ª da Lei, pode surgir a dúvida quanto à sua aplicabilidade no caso de o crime antecedente que não constava do rol do art. 1ª da Lei n. 9.613/98, praticado antes da entrada em vigor da Lei n. 12.683/2012, mas cuja lavagem propriamente dita já foi realizada após a vigência de tal lei.
	Já se pode registrar a existência de duas correntes sobre o tema:
CORRENTE RESTRITIVA: por essa corrente, salvo os crimes que já constavam do art. 1ª da Lei n. 9.613/98, tanto a lavagem quanto a infração antecedente devem ter sido praticados após a Lei n. 12. 683/2012 para que ela seja aplicada, por se tratar de lei que amplia a conduta típica, sendo, portanto, mais gravosa. É a corrente adotada por Luiz Flávio Gomes.
CORRENTE AMPLIATIVA: por essa corrente, a lavagem fica caracterizada ainda que o crime antecedente seja praticado antes da Lei n. 12.683/2012, desde que a lavagem propriamente dita seja praticada sob a vigência da nova lei (totalmente após a nova lei ou iniciada antes mas mantida após a nova lei), tendo em vista que a ocultação e a dissimulação caracterizam condutas permanentes, que permitem a aplicação da nova lei, ainda que mais grave.
Assim, caso seja realizado um furto antes da Lei 9.613/98, mas a origem de seu produto esteja oculta ou dissumulada na forma prevista na lei de lavagem, o crime de lavagem estará caracterizado.
Tem-se, portanto, que o crime anterior pode ter sido cometido antes da nova lei e a lavagem estar sendo cometida sob a sua égide. Neste caso, deverá incidir a nova lei, apesar de mais gravosa, uma vez que a ocultação e a dissimulação teriam o caráter permanente, o que admite a aplicação da lei posterior, ainda que mais grave.
Essa corrente sustenta-se no disposto na súmula 711 do STF e nos precedentes INQ 2471 e HC 113.856 STF.
AINDA NÃO HÁ UMA DEFINIÇÃO SOBRE O TEMA, mas pessoalmente acho que a segunda corrente deve prevalecer, tendo em vista a súmula e os precedentes acima citados.
IMPORTÂNCIA DA LEI NO CASO DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
Havia uma divergência doutrinária quanto à possibilidade de aplicação da lei de lavagem de dinheiro para os crimes praticados por organização criminosa, uma vez que não existia lei descrevendo que vinha a ser uma organização criminosa.
	Uma primeira corrente (prevalente no âmbito do STJ) adotava o conceito de organização criminosa trazido pela Convenção de Palermo, da qual o Brasil é signatário. Admitia-se, portanto, a lavagem de dinheiro quando o crime antecedente fosse praticado por organização criminosa.
	A segunda corrente, ao reverso, não admitia o crime de lavagem quando o antecedente fosse praticado por organização criminosa em razão de não haver lei formal e material definindo o que viria a ser tal organização.
	Com a Lei n. 12.683/2012 essa discussão perde sentido, uma vez que qualquer crime antecedente pode configurar a lavagem posterior.
ART. 2º
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR DA Lei n. 12.683/2012 
	Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: (...)
 
II - independem do processo e julgamento dos crimes antecedentes referidos no artigo anterior, ainda que praticados em outro país;
	Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: (...)
 
II - independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento;
AUTONOMIA DO CRIME DE LAVAGEM COM POSSIBILIDADE DE REUNIÃO DE FEITOS
	O art. 2ª da Lei de Lavagem desde a sua redação originária estabelecia uma certa autonomia do crime de lavagem em relação ao delito antecedente.
	Com a nova lei essa autonomia é mantida e reafirmada de modo que:
- Para que seja recebida a denúncia pelo crime de lavagem basta haver indícios da prática da infração antecedente (não se exige a condenação prévia da infração antecedente);
- Em razão do antes afirmado, o julgamento da infração antecedente não precisa ser feito, necessariamente, no mesmo juízo. No entanto, a nova redação do art. 2º da lei deixou claro que pode haver a unidade de processos. Eis aí a INOVAÇÃO 3 da lei.
Na realidade, o que a lei fez agora foi deixar expresso o que os tribunais já vinham decidindo, no sentido de que em razão de a autonomia da lavagem ser apenas relativa, caberia ao juiz decidir se reuniria ou não os feitos do crime antecedente e do de lavagem para julgamento.
A nova redação do art. 2ª estabelece expressamente a possibilidade de reunião dos processos, a critério do juiz competente para o julgamento do crime de lavagem.
ART. 2º, § 1º DA LEI N. 9.613/98	 
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR DA Lei n. 12.683/2012 
	§ 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência do crime antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor daquele crime.
	§ 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente.
 	Reafirmando a relativa autonomia do crime de lavagem, a lei continua destacando que a denúncia precisa estar instruída apenas com indícios da infração penal anterior. A inovação diz respeito aos casos em que, em relação ao crime anterior, já tiver se operado a extinção da punibilidade em relação ao crime anterior.
A INOVAÇÃO 4, portanto, estabelece expressamente essa possibilidade, o que, na prática já ocorria, embora assim não constasse da lei (STJ, HC 207.936/MG, Relator JORGE MUSSI, julgado em 27.03.2012).
	Atenção!!! O que a lei permite é que tenha se operado a EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DO CRIME ANTERIOR e não a EXTINÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. 
ART. 2º, § 2º DA LEI N. 9.613/98	 
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR DA Lei n. 12.683/2012 
	§ 2º No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Código de Processo Penal.
	§ 2º No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei n.° 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo.
	O art. 366 do CPP estabelece a suspensão do processo e do curso doprazo prescricional, no caso de o acusado, citado por edital, não comparecer aos autos nem constituir advogado.
Desde sua origem, a lei de lavagem tinha tal previsão. A inovação da Lei 12.683/2012 foi para deixar claro qual o procedimento a ser adotado no caso do réu revel, citado por edital. 
	
Nos termos da nova disposição legal, além de não se aplicar a suspensão de que trata o art. 366 do CPP, o juiz nomeará defensor dativo para fazer a defesa técnica do réu e o processo irá prosseguir normalmente até o seu julgamento.
ART. 3º DA LEI N. 9.613/98	 
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR DA Lei n. 12.683/2012 
	Art. 3º Os crimes disciplinados nesta Lei são insuscetíveis de fiança e liberdade provisória e, em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
	Artigo revogado.
	A disposição normativa supra conflitava com jurisprudência já consolidada dos tribunais acerca do tema, motivo pelo qual foi revogada.
ART. 4º DA LEI N. 9.613/98	 
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR DA Lei n. 12.683/2012 
	Art. 4º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou representação da autoridade policial, ouvido o Ministério Público em vinte e quatro horas, havendo indícios suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão ou o seqüestro de bens, direitos ou valores do acusado, ou existentes em seu nome, objeto dos crimes previstos nesta Lei, procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
	Art. 4º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes.
	São três as inovações que traz o art. 4º.
Primeiro, a nova redação do dispositivo legal amplia as medidas assecuratórias possíveis de serem executadas. Antes, havia previsão apenas para o seqüestro. Agora, possibilita a lei qualquer medida assecuratória, ficando possível a realização de todas as medidas cautelares (seqüestro, arresto, hipoteca legal).
Segundo, a nova redação deixa claro que as medidas assecuratórias podem ser realizadas tanto o curso do inquérito quanto da ação penal, uma vez que atinge bens do investigado e do acusado. Além disso, bens de terceiros podem ser atingidos, desde que sejam interpostas pessoas (“laranjas”).
Por fim, a lei é taxativa ao afirmar que podem ser objeto de medidas assecuratórias os bens, direitos ou valores que sejam instrumento, produto ou proveito do crime de lavagem ou das infrações penais antecedentes, tornando maior o âmbito de sua aplicação.
ART. 4º, § 1º DA LEI N. 9.613/98	 
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR DA Lei n. 12.683/2012 
	§ 1º As medidas assecuratórias previstas neste artigo serão levantadas se a ação penal não for iniciada no prazo de cento e vinte dias, contados da data em que ficar concluída a diligência.
	§ 1º Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção.
Houve total alteração no § 1º do art. 4º da lei de lavagem. 
Antes, a lei previa que o seqüestro e a apreensão deveriam ser levantados se a denúncia não fosse oferecida no prazo de 120 dias.
Agora, foi revogada essa previsão, não havendo mais prazo para o levantamento. Entende-se, todavia, que no caso de seqüestro, deve-se aplicar o disposto no art.131 do CPP, isto é, a ação penal deve ser proposta em até 60 dias após a medida, sob pena de levantamento.
No tocante à alienação antecipada, trata-se de medida que assegura que os bens manterão o seu valor real, pois, uma vez apreendidos, não terão que aguardar anos até o trânsito em julgado para que possam ser vendidos, ocasião em que estarão muito desvalorizados.
A positivação da medida veio ao encontro da prática estimulada pelo CNJ, que sobre o tema já tinha editado a Recomendação n. 30/2010, determinando tal prática.
Conceitualmente, alienação antecipada é a venda, por meio de leilão, antes do trânsito em julgado da ação penal, dos bens que foram objeto de medidas assecuratórias e que estão sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção.
A quantia arrecadada com a alienação antecipada deverá ficar depositada judicialmente até o trânsito em julgado da ação penal. Se o réu for absolvido, os recursos lhe serão devolvidos. Se condenado, os valores serão perdidos em favor da União (art. 7º, I, Lei 9.613/98) ou serão destinados ao Fundo Nacional Antidrogas (art. 62, § 9º da Lei n. 11.343/2006).
Há um debate sobre a constitucionalidade da medida, havendo quem a tenha por inconstitucional por violar os princípios do devido processo legal e da presunção de inocência, bem como o direito de propriedade.
Não prospera o raciocínio supra (pelo menos para a maioria dos doutrinadores) pelos seguintes fundamentos:
Não há violação ao devido processo legal porque o procedimento não é arbitrário, mas sim pré-determinado na lei, devendo-lhe obediência estrita;
Não há violação ao princípio da presunção de inocência porque tal princípio não é absoluto e é próprio das medidas cautelares restringir direitos quando assim seja recomendado, sendo possível inclusive a prisão cautelar, sem que com isso haja violação a princípio constitucional;
Não há violação a direito de propriedade por não ser ele absoluto, podendo sofrer restrições quando assim for necessário. No caso, o réu não irá perder efetivamente o valor econômico de seu bem até que seja julgado e condenado definitivamente. Em caso de inocência, o quantum arrecadado lhe será entregue.
REGRAMENTO DE ALIENAÇÃO ANTECIPADA
	CPP
	LEI 11.343/2006
	LEI 12.683/2012
	O tratamento dado pelo CPP ao tema foi muito acanhado tendo em vista que, na época em que foi editado, os processos penais não eram tão demorados e o tipo de criminalidade existente não exigia tais respostas. Por essas razões, há apenas um dispositivo que autoriza a alienação antecipada em caso de coisas facilmente deterioráveis (art. 120, § 5º).
	Atento à nova realidade, permite a alienação antecipada de veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte, os maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza, utilizados para a prática dos crimes definidos nesta Lei (art. 62, § 4º).
	Prossegue nessa tendência de ampliar a possibilidade de alienação antecipada afirmando que isso irá ocorrer sempre que os bens que foram objeto de medidas assecuratórias, nos processos de lavagem de dinheiro, estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção (art. 4º, § 1º da Lei n.° 9.613/98).
	
PROCEDIMENTO NA LEI DE LAVAGEM
	Está descrito de forma minuciosa no art. 4º-A, com redação dada pela Lei n. 12.683/2012, nos seguintes termos:
Art. 4ºA. A alienação antecipada para preservação de valor de bens sob constrição será decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou por solicitação da parte interessada, mediante petição autônoma, que será autuada em apartado e cujos autos terão tramitação em separado em relação ao processo principal. 
 
§ 1º O requerimento de alienação deverá conter a relação de todos os demais bens, com a descrição e a especificação de cada um deles, e informações sobre quem os detém e local onde se encontram. 
 
§ 2º O juiz determinará a avaliação dos bens, nos autos apartados, e intimará o Ministério Público. 
§ 3º Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologaráo valor atribuído aos bens e determinará sejam alienados em leilão ou pregão, preferencialmente eletrônico, por valor não inferior a 75% (setenta e cinco por cento) da avaliação. 
Atento à nova realidade, permite a alienação antecipada de veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte, os maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza, utilizados para a prática dos crimes definidos nesta Lei (art. 62, § 4º). Prossegue nessa tendência de ampliar a possibilidade de alienação antecipada afirmando que isso irá ocorrer sempre que os bens que foram objeto de medidas assecuratórias, nos processos de lavagem de dinheiro, estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção (art. 4º, § 1º da Lei n.° 9.613/98).
§ 4º Realizado o leilão, a quantia apurada será depositada em conta judicial remunerada, adotando-se a seguinte disciplina: 
 I - nos processos de competência da Justiça Federal e da Justiça do Distrito Federal: a) os depósitos serão efetuados na Caixa Econômica Federal ou em instituição financeira pública, mediante documento adequado para essa finalidade; b) os depósitos serão repassados pela Caixa Econômica Federal ou por outra instituição financeira pública para a independentemente de qualquer formalidade, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas; e c) os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal ou por instituição financeira pública serão debitados à Conta Única do Tesouro Nacional, em subconta de restituição; Conta Única do Tesouro Nacional, 
 II - nos processos de competência da Justiça dos Estados: a) os depósitos serão efetuados em instituição financeira designada em lei, preferencialmente pública, de cada Estado ou, na sua ausência, em instituição financeira pública da União; b) os depósitos serão repassados para a conta única de cada Estado, na forma da respectiva legislação. 
 § 5º Mediante ordem da autoridade judicial, o valor do depósito, após o trânsito em julgado da sentença proferida na ação penal, será: I - em caso de sentença condenatória, nos processos de competência da Justiça Federal e da Justiça do Distrito Federal, incorporado definitivamente ao patrimônio da União, e, nos processos de competência da Justiça Estadual, incorporado ao patrimônio do Estado respectivo; II - em caso de sentença absolutória extintiva de punibilidade, colocado à disposição do réu pela instituição financeira, acrescido da remuneração da conta judicial. 
 § 6º A instituição financeira depositária manterá controle dos valores depositados ou devolvidos. 
 
§ 7º Serão deduzidos da quantia apurada no leilão todos os tributos e multas incidentes sobre o bem alienado, sem prejuízo de iniciativas que, no âmbito da competência de cada ente da Federação, venham a desonerar bens sob constrição judicial daqueles ônus. 
 § 8º Feito o depósito a que se refere o § 4o deste artigo, os autos da alienação serão apensados aos do processo principal. 
§ 9º Terão apenas efeito devolutivo os recursos interpostos contra as decisões proferidas no curso do procedimento previsto neste artigo. 
§ 10.  Sobrevindo o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, o juiz decretará, em favor, conforme o caso, da União ou do Estado: I - a perda dos valores depositados na conta remunerada e da fiança; II - a perda dos bens não alienados antecipadamente e daqueles aos quais não foi dada destinação prévia; e III - a perda dos bens não reclamados no prazo de 90 (noventa) dias após o trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvado o direito de lesado ou terceiro de boa-fé. 
§ 11.  Os bens a que se referem os incisos II e III do § 10 deste artigo serão adjudicados ou levados a leilão, depositando-se o saldo na conta única do respectivo ente. 
§ 12.  O juiz determinará ao registro público competente que emita documento de habilitação à circulação e utilização dos bens colocados sob o uso e custódia das entidades a que se refere o caput deste artigo. 
§ 13.  Os recursos decorrentes da alienação antecipada de bens, direitos e valores oriundos do crime de tráfico ilícito de drogas e que tenham sido objeto de dissimulação e ocultação nos termos desta Lei permanecem submetidos à disciplina definida em lei específica.
ART. 4º, § 2ª DA LEI N. 9.613/98 
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR DA Lei n. 12.683/2012 
	§ 2º O juiz determinará a liberação dos bens, direitos e valores apreendidos ou sequestrados quando comprovada a licitude de sua origem.
	§ 2º O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos e valores quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal.
O dispositivo supra traz consigo uma novidade: antes, caso o réu ou investigado conseguisse demonstrar a origem lícita de seus bens, eles deveriam ser liberados. Agora, ainda que demonstrada a origem lícita, não há liberação do todo, vez que se deve manter a constrição sobre bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal.
ART. 4º, § 3ª DA LEI N. 9.613/98 
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR DA Lei n. 12.683/2012 
	§ 3º Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, nos casos do art. 366 do Código de Processo Penal.
	§ 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1º (obs: o § 1º trata da alienação antecipada).
Duas coisas precisam ser consideradas: a interposta pessoa não é qualquer pessoa que pode comparecer em nome do réu, mas apenas aquela cujo bem está em seu nome. É a “interposta pessoa referida no “caput” do art. 4ª, abaixo transcrito:
Art. 4º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes.
A lei, portanto, não se tornou mais branda por permitir o comparecimento de interposta pessoa, mas sim tornou-se compatível com alteração por ela própria trazida, no sentido de que será possível a decretação de medida assecuratória de bens do investigado ou réu, ainda que tais bens estejam em nome de terceiros (os famosos “laranjas”).
A segunda consideração é correção de uma falha da redação anterior da lei. Antes, ela fazia remissão ao art. 366 CPP (suspensão do processo e do prazo de prescrição), dando a entender que ele era aplicável ao tipo de crime, mesmo não o sendo. Agora, retirando tal remissão, fica claro que não se aplica o art. 366 do CPP.
ART. 4º, § 4ª DA LEI N. 9.613/98 
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR DA Lei n. 12.683/2012 
	§ 4º A ordem de prisão de pessoas ou da apreensão ou sequestro de bens, direitos ou valores, poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata possa comprometer as investigações.
	§ 4º Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas.
Houve alteração total do conteúdo do dispositivo. Todavia, é bom ressaltar que a ação controlada, anteriormente prevista no § 4º, continua previstana Lei de Lavagem, mas agora no art. 4º B (Art. 4ºB. A ordem de prisão de pessoas ou as medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores poderão ser suspensas pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a execução imediata puder comprometer as investigações).
A nova redação do § 4º supre lacuna da lei no seu formato anterior, por passar a prever a possibilidade de decretação de medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente da infração pena antecedente ou do crime de lavagem ou ainda para pagamento da prestação pecuniária, multa e custas do processo. Não havia previsão para as hipóteses em destaque.
ART. 7º, inciso I DA LEI N. 9.613/98 
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR DA Lei n. 12.683/2012 
	Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal: I - a perda, em favor da União, dos bens, direitos e valores objeto de crime previsto nesta Lei, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
	Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal: I - a perda, em favor da União - e dos Estados, nos casos de competência da Justiça Estadual -, de todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
A redação anterior do dispositivo em questão coincidia com a do Código Penal. A nova, todavia, traz dois pontos de destaque, inéditos.
Primeiro, a lei passa a prevê a possibilidade de perda de bens, direitos e valores relacionados direta ou indiretamente com a prática da lavagem, aumentando as possibilidades de perdimento.
Segundo, a lei passa a estabelecer o perdimento em favor da União ou de Estado, tudo a depender do juízo competente para o processamento e julgamento do crime de lavagem (juízo federal ou estadual).
ART. 9º da LEI N. 9.613/98 
	O dispositivo ampliou os sujeitos obrigados a identificar clientes e manter registros de operações, passando a prever tal dever também para as pessoas físicas que trabalham com as atividades listadas no art. 9º da Lei.
	Aumenta-se, assim, o poder de fiscalização dos entes públicos sobre aqueles que exercem atividades financeiras.
	
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR da Lei n. 12.683/2012 
	Art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não:
 
I - a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; II - a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial; III - a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mobiliários.
	Art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não:
I - a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; II - a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial; III - a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mobiliários.
ART. 9º, § único, da LEI N. 9.613/98 
	Houve incremento no rol das pessoas que se sujeitam à identificação e manutenção de registros.
OBS: não encontrei discussões sobre este dispositivo, exceto no tocante ao inciso XVI (empresas de transporte e guarda de valores), que possivelmente será objeto de questionamento perante o STF. Há quem entenda excessivo impor a obrigação a quem exerce esse tipo de atividade.
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR da Lei n. 12.683/2012 
	Art. 9º (...)
 
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
 
I - as bolsas de valores e bolsas de mercadorias ou futuros;
 
 
(...)
 
X - as pessoas jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis;
 
(...)
 
XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie.
 
(...)
Não havia esse inciso XIII.
 
Não havia esse inciso XIV.
 
 Não havia esse inciso XV.
 
 
Não havia esse inciso XVI.
 
Não havia esse inciso XVII.
 
 
 
Não havia esse inciso XVIII.
 
	Art. 9º (...)
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
 
I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação do mercado de balcão organizado;
 
(...)
 
X - as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis;
 
(...)
 
XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie; 
 
(...)
 XIII - as juntas comerciais e os registros públicos;
 
XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações: a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações societárias de qualquer natureza; b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos; c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores mobiliários; d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas; e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades desportivas ou artísticas profissionais; 
 
XV - pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposições ou eventos similares; 
 
XVI - as empresas de transporte e guarda de valores;
 
XVII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural ou animal ou intermedeiem a sua comercialização; e 
 
XVIII - as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de sua matriz no Brasil, relativamente a residentes no País.
ART. 10 da LEI N. 9.613/98 
O art. 10 também apresenta incremento de obrigações. Por serem auto-explicativas, não serão comentadas. 
		
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR da Lei n. 12.683/2012 
	Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º:
 
I - identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes;
 
II - manterão registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títulos e valores mobiliários, títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo passível de ser convertido em dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela autoridade competente e nos termos de instruções por esta expedidas;
 
III - deverão atender, no prazo fixado pelo órgão judicial competente, as requisições formuladas pelo Conselho criado pelo art. 14, que se processarão em segredo de justiça.
	Sem alteração.
 
Sem alteração.
 
 
 
Sem alteração.
 
 
 
 
 III - deverão adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e volume de operações, que lhes permitam atender ao disposto neste artigo e no art. 11, na forma disciplinada pelos órgãos competentes;
IV - deverão cadastrar-se e manter seu cadastro atualizado no órgão regulador ou fiscalizador e, na falta deste, no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), na forma e condições por eles estabelecidas; 
 
V - deverão atender às requisições formuladas pelo Coaf na periodicidade, formae condições por ele estabelecidas, cabendo-lhe preservar, nos termos da lei, o sigilo das informações prestadas.
ART. 11 da LEI N. 9.613/98 
	
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR da Lei n. 12.683/2012 
	Art. 11. As pessoas referidas no art. 9º:
 
I - dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se;
 
II - deverão comunicar, abstendo-se de dar aos clientes ciência de tal ato, no prazo de vinte e quatro horas, às autoridades competentes:
 
 a) todas as transações constantes do inciso II do art. 10 que ultrapassarem limite fixado, para esse fim, pela mesma autoridade e na forma e condições por ela estabelecidas, devendo ser juntada a identificação a que se refere o inciso I do mesmo artigo;
 
b) a proposta ou a realização de transação prevista no inciso I deste artigo.
 
Não havia esse inciso III.
 
 
 
 
 § 3º As pessoas para as quais não exista órgão próprio fiscalizador ou regulador farão as comunicações mencionadas neste artigo ao Conselho de Controle das Atividades Financeiras - COAF e na forma por ele estabelecida.
	Sem alteração.
 
Sem alteração.
 
 
 
II - deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar ciência de tal ato a qualquer pessoa, inclusive àquela à qual se refira a informação, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a proposta ou realização: 
 
a) de todas as transações referidas no inciso II do art. 10, acompanhadas da identificação de que trata o inciso I do mencionado artigo; e 
b) das operações referidas no inciso I;
 
 III - deverão comunicar ao órgão regulador ou fiscalizador da sua atividade ou, na sua falta, ao Coaf, na periodicidade, forma e condições por eles estabelecidas, a não ocorrência de propostas, transações ou operações passíveis de serem comunicadas nos termos do inciso II.
 
§ 3º O Coaf disponibilizará as comunicações recebidas com base no inciso II do caput aos respectivos órgãos responsáveis pela regulação ou fiscalização das pessoas a que se refere o art. 9º.
ART. 11-A da LEI N. 9.613/98 
Artigo que não constava da redação anterior. 
Trata-se de disposição auto-explicável e, aparentemente, sem grande relevância para fins de concurso (não encontrei comentários sobre o dispositivo).
		
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR da Lei n. 12.683/2012 
	Art. 11-A. Sem redação anterior.
	Art. 11-A. As transferências internacionais e os saques em espécie deverão ser previamente comunicados á instituição financeira, nos termos, limites, prazos e condições fixados pelo Banco Central do Brasil.
ART. 12 da LEI N. 9.613/98 
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR da Lei n. 12.683/2012 
	Art. 12. Às pessoas referidas no art. 9º, bem como aos administradores das pessoas jurídicas, que deixem de cumprir as obrigações previstas nos arts. 10 e 11 serão aplicadas, cumulativamente ou não, pelas autoridades competentes, as seguintes sanções:
I - advertência;
 
II - multa pecuniária variável, de um por cento até o dobro do valor da operação, ou até duzentos por cento do lucro obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação, ou, ainda, multa 200.000,00 (duzentos mil reais); de até R$ 
 
 
 III - inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o exercício do cargo de administrador das pessoas jurídicas referidas no art. 9º;
 
IV - cassação da autorização para operação ou funcionamento.
 
§ 1º A pena de advertência será aplicada por irregularidade no cumprimento das instruções referidas nos incisos I e II do art. 10.
 § 2º A multa será aplicada sempre que as pessoas referidas no art. 9º, por negligência ou dolo:
 
I – deixarem de sanar as irregularidades objeto de advertência, no prazo assinalado pela autoridade competente;
 
II – não realizarem a identificação ou o registro previstos nos incisos I e II do art. 10;
 III - deixarem de atender, no prazo, a requisição formulada nos termos do inciso III do art. 10;
 IV - descumprirem a vedação ou deixarem de fazer a comunicação a que se refere o art. 11.
	Sem alteração.
Sem alteração.
II - multa pecuniária variável não superior: a) ao dobro do valor da operação; b) ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação; ou c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais);
 
Sem alteração.
 
 IV - cassação ou suspensão da autorização para o exercício de atividade, operação ou funcionamento.
 
Sem alteração.
 
 § 2º A multa será aplicada sempre que as pessoas referidas no art. 9º, por culpa ou dolo:
 
Sem alteração.
 
 
 II - não cumprirem o disposto nos incisos I a IV do art. 10;
 
III - deixarem de atender, no prazo estabelecido, a requisição formulada nos termos do inciso V do art. 10;
Sem alteração.
ART. 16 da LEI N. 9.613/98 
Houve incremento do rol de entidades cujos servidores irão integrar o COAF, tendo destaque o Ministério da Previdência Social. No mais, o dispositivo em questão se trata de disposição auto-explicável e, aparentemente, sem grande relevância para fins de concurso (não encontrei comentários sobre o dispositivo).
		
	ANTES da Lei n. 12.683/2012
	A PARTIR da Lei n. 12.683/2012 
	Art. 16. O COAF será composto por servidores públicos de reputação ilibada e reconhecida competência, designados em ato do Ministro de Estado da Fazenda, dentre os integrantes do quadro de pessoal efetivo do Banco Central do Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários, da Superintendência de Seguros Privados, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da Secretaria da Receita Federal, de órgão de inteligência do Poder Executivo, do Departamento de Polícia Federal, do Ministério das Relações Exteriores e da Controladoria-Geral da União, atendendo, nesses quatro últimos casos, à indicação dos respectivos Ministros de Estado.
	Art. 16. O Coaf será composto por servidores públicos de reputação ilibada e reconhecida competência, designados em ato do Ministro de Estado da Fazenda, dentre os integrantes do quadro de pessoal efetivo do Banco Central do Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários, da Superintendência de Seguros Privados, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da Secretaria da Receita Federal do Brasil, da Agência Brasileira de Inteligência, do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério da Justiça, do Departamento de Polícia Federal, do Ministério da Previdência Social e da Controladoria-Geral da União, atendendo à indicação dos respectivos Ministros de Estado.
DISPOSIÇÕES GERAIS
	A Lei de Lavagem ganhou cinco novos artigos intitulados de “disposições gerais”. Abaixo eles são transcritos (texto extraído do sítio www.dizerodireito.com.br):
Art. 17-A. Aplicam-se, subsidiariamente, as disposições do Decreto-Lei n.° 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), no que não forem incompatíveis com esta Lei.
 Comentários: Desse modo, em caso de lacunas e omissões, o CPP é aplicado nos processos que envolvam os crimes de lavagem de dinheiro.
 Art. 17-B. A autoridade policial e o Ministério Público terão acesso, exclusivamente, aos dados cadastrais do investigado que informam qualificação pessoal, filiação e endereço, independentemente de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empresas telefônicas, pelas instituições financeiras, pelos provedores de internet e pelas administradoras de cartão de crédito.
 
Comentários: Apesar da redação do artigo não ser das melhores, o que quis dizer o dispositivo foi o seguinte:
- O delegado de polícia e o membro do Ministério Público
- poderão requisitar diretamente (ou seja, sem necessidade de autorização judicial),
- das empresas de telefonia, das instituições financeiras, dos provedores de internet e das administradoras de cartão de crédito e da Justiça Eleitoral,
- os dados cadastrais do investigado
- que contenham a sua qualificação pessoal, filiação e endereço.

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