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IINICIAÇÃO NA MATEMATICA-J Terceiro fascículo da sene "Iniciação na Matcmútil:a", I~ ('ah;a a afinidade entre os processos apercebidos como contillllllli na natureza e alguns dos conceitos centrais do ('úbllo Já publicados nesta coleção RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES EM NÚMEROS IN1EIROS de A, Guelfond e DIVISÃO INEXATA de A, Belsky e L. Kalujnin <\EI\<\ .;~q ....., '" 'S OJ ·d1l-\Y· EDITORA MIR MOSCOU INIC IACÃO NA MATEMÁTICA :. O CONCEITO DE DERIVACÃO ~ v. Boltiansky di cdJx EDITORA MIR MOSCOU nonYJUIPHblE JIEKUHH no MATEMATHKE qTO TAKOE AH~~EPEHQHPOBAHHE B. r. EOJIT,HHCKHA lOllATEJIbCTBO «HAYKA» MOCKBA INICIAÇÃO NA MATEMÁTICA o CONCEITO DE DERIVAÇÃO V. BOLTIANSKY TRADUZIDO DO RUSSO POR M. DOMBROVSKY EDITORA MIR MOSCOU -- l r ··'1 ~ ÍNDICE Impresso na URSS Ha nopTyra.1bcKoM 1I3blKe © Tradução para o português. Editora Mir. 1983 6PRIWÁCIO 7O PROBLEMA DA QUEDA DOS CORPOS Formulação do problema 7 Expressão analítica da velocidades de queda. O IlÚme, ro e t3 Uma solução qualitativa 9 DERIVAÇÃO 24 O conceito de derivada 24 Equações diferenciais 26 Dois problemas conduzindo a equações diferenciais a) Fechamento de um circuito 26 b) Desintegração radioativa 29 Logaritmos naturais 32 OSCILAÇÕES HARMÔNICAS 33 O problema das pequenas oscilações do pêndulo 33 A equação diferencial das oscilações harmônicas 40 O circuito oscilatório 43 Oscilação de um corpo suspenso por uma mola 45 APLICAÇÕES SUPLEMENTARES DA DERIVAÇÃO 49 Máximos e mínimos 49 O traçado de tangentes 54 • Simulação 56 PREFÁCIO " Tradicionalmente, a introdução da derivação requer um formalismo mais ou menos elaborado concernente ao conceito de limite. Bem que este último seja essencial e nào possa ser omitido, o autor do livro tenta abordar a derivação, conceito básico do "Cálculo", reduzindo ao mínimo o formalismo mencionado. A exposição adotada consiste em evitar a introdução imediatà de conceitos gerais e limitar-se ao exame de casos particulares provenientes de exemplos físicos evocativos. Tal procedimento, baseado quase unicamente na intuição motriz, apesar de não conduzir a uma elaboração sistemática do Cálculo, torna possível a discussão de tópicos relativos a equações diferenciais, extremos de funções, logaritmos naturais,. etc. • O PROBLEMA DA QUEDA DOS CORPOS FORMULAÇÃO DO PROBLEMA O primeiro problema que examinaremos concernerá à velocidade de um corpo em queda livre na Terra. Como se conhece, um corpo largado no vácuo adquirirá, em t segundos de queda, a velocidade v = Vo + gt, (1) onde Vo é a velocidade inicial e g, a aceleração da gravidade. Ao se examinarem corpos caindo no ar (e não no vácuo), a fórmula (1) dará, em alguns casos, uma solução aproximada, conduzindo, em outros, a erros grosseiros. Assim, a fórmula (1) fornecerá a velocidade de uma pedra em queda de uma pequena altura, dando um resultado bem distinto da velocidade que adquirirá um corpo em queda de uma altura elevada. De fato, um corpo caindo no vácuo de uma altura de, digamos, 12000 metros (com velocidade inicial nula) adquiriria, no nivel da Terra, uma velocidade próxima de 500 metros por segundo. Efetivamente, da fórmula s = g;2 resulta que o tempo de queda (no vácuo) é igual a V2S V2.120oo m t = - ~ 9 8 / 2 ~ 49,5 seg,g , m seg donde pela fórmula (1) encontra-se a velocidade v = gt ~ 9,8 m/seg2 • 49,5 seg ~ 485 m/sego (Poderíamos ter aplicado diretamente a relação v2 = 2 gs). Se sabe, todavia, que um pára-quedista que praticar a abertura retardada do pára-quedas atingirá uma velocidade de ordem de 50 a 60 metros por segundo e que esta velocidade já não aumentará. Logo, a aplicação da fórmula (1) conduziria, neste caso, a conclusões errôneas. Um outro exemplo ao qual a fórmula (1) torna-se inaplicável é o da descida com pára-quedas aberto, graças ao qual o pára-quedista conserva a velocidade aproximada de 6,5 metros por segundo. Estes exemplos confirmam a conjetura de que a velocidade de um corpo caindo no ar se aproxima, com o tempo, de um 72' valor limite. Em outras palavras, após um certo tempo de queda, a velocidade do corpo torna-se praticamente uniforme e a sua aceleração, por conseguinte, nula. Isto significa que é nula a resultante das forças aplicadas ao corpo. A razão óbvia pela qual a fórmula (1) torna-se inaplicável aos corpos caindo no ar é de ter sido deduzida admitindo-se que o corpo se move sob a ação única da força da gravidade P = mg. (2) Como já constatámos, porém, a resultante das forças agindo sobre um corpo em queda no ar torna-se, com o tempo, praticamente nula, quer dizer, a força da gravidade P se compensa por uma certa força, não levada em conta no estabelecimento da relação (1). Esta força compensatória não é outra senão a força de resistência do ar, força que sustém o pára-quedista, não deixando-o cair demasiado rapidamente. Admitamos, para tomar em conta esta força, que o ar não se move. Se o corpo não se mover, a força de resistência do ar será nula. Esta crescerá, porém, ao aumentar a velocidade do corpo, dado que crescerá "a dificuldade" de fender o meio gasoso, quer dizer, crescerá a força de resistência do ar. Isto se observará facilmente na ausência do vento, se começarmos a mover-nos cada vez mais rapidamente: andando, correndo, em bicicleta, etc. Admitiremos que a grandeza desta força é proporcional à veloddade, isto é, igual a bv, onde v é a velocidade do corpo e b, um certo coeficiente de proporcionalidade. Esta hipótese confirma-se em piricamente para pequenas velocidades não superiores a 1 ou 2 me tros por segundo *. O número b depende das dimensões e da forma do corpo em questão. Assim, ao se moverem com a mesma velocidade uma bola e um corpo fusiforme de mesma seção transversal, a bola experimentará grosseiramente uma resistência 20 vezes superior (fig. 1). Limitando-nos a estas observações gerais, admitiremos que a força de resistência do ar, denotada por S, é igual a S -bv, (3) o sinal menos indicando que o sentido da força de resistência é oposto ao da velocidade. Admitiremos, por conseguinte, que um corpo lançado vertical * Para velocidades maiores, a força de resistência do ar torna-se superior a bv. Ás vezes, admite-se que esta é proporcional ao quadrado da velocidade. 8 Fig. 1 mente com uma velocidade inicial qualquer experimentará unica mente a ação de duas forças, a saber, da força da gravidade P e da resistência do ar S. Baseando-nos na segunda lei de Newton podemos, portanto, escrever ma P + S, (4) onde m é a massa e a, a aceleração do corpo. É conveniente orientar a reta de coordenadas vertical para baixo, dado que, neste caso, a velocidade do corpo, também orientada para baixo, será positiva. Pela mesma razão, será positiva a força da gravidade. No referencial assim escolhido, a força de resistência do ar, orientada no sentido inverso à velocidade, será negativa. Assim, substituindo na formula (4) P e S pelos scus respectivos valores (2) e (3), obtemos ma = mg bv, ou (5)a -! (v-;} a aceleração resultando, bem entendido, positiva, se estiver orientada para baixo e negativa em caso contrário. A equação (5) fornece o vínculo entre a aceleração e a velocidade • de um movimento cuja lei por enquanto não conhecemos. A partir desta equação é que devemos encontrá-la, isto é, estabelecer como dependerá do tempo a velocidade do corpo. UMA SOLUÇÃO QUALITATIVA A solução da equação (5) da queda dos corpos, obtida a partir de considerações físicas, constitui já um problema puramente matemático. Conservaremos, porém, por razões de ilustração,o vocabulário mecânico utilizado anteriormente. 9 l A equação (5) liga duas quantidades desconhecidas, a saber, O exame do caso em que Vo > "': é análogo. a velocidade e a aceleração. Poderia parecer que a atribuição à aceleração de um valor arbitrário permite satisfazer a equação (5) PROPRIEDADE 2. Se Vo < 7 ' então com o tempo a velocidade mediante a escolha de um valor conveniente para a velocidade e, logo, que não é bastante munirmo-nos unicamente da equação (5) da queda aumenta se aproximando cada vez mais de 7. Se, para achar ambas as quantidades v e a. Esta opinião errônea resulta do fato de termos esquecido que ao contrário, Vo > 7 ' então a velocidade da queda diminuirá sem a aceleração se determina inteiramente pela lei de modificação da velocidade no tempo, isto é, que as quantidades a e v 7. cessar, tendendo para o mesmo valor não são totalmente independentes, circunstância que permitirá precisamente resolver a equação (5). O exame do vínculo entre De fato, se, por exemplo, Vo > ": ' então, como resulta da a velocidade e a aceleração conduzirá, mais adiante, ao conceito de derivada. propriedade 1, durante o movimento todo se terá v ~ 7 . Passamos ao estabelecimento de duas propriedades da velo cidade a partir da equação (5). Estas propriedades descreverão Logo, pela fórmula (5) a aceleração será negativa, conduzindo qualitativamente o comportamento da 'velocidade de um corpo. à diminuição ininterrupta da velocidade da queda. Ulteriormente, obteremos uma expressão funcional para a veloci Mostremos que com o tempo a diferença v - 7 se tornarádade. inferior a qualquer número positivo h dado a priori. Para isso, PROPRIEDADE 1. Se a velocidade inicial Vo é inferior a "':' consideremos o momento de tempo então durante o movimento todo se terá v ~ ;: . Se, ao contrário, t. = (vo-T)mmg - ..... mg Vo > 1)' entao sempre v ~ 1)' hb Suponhamos, por exemplo, que Vo < "': e que apesar disso Durante a queda que precedeu o momento t·, a velocidade terá num certo momento t l (a contar do começo do movimento) diminuído, passando de Vo a um valor não inferior a ":' a velocidade se tornou superior a '; . Então num certo momento ou seja, terá diminuído não mais que Vo - "': . Logo, a aceleração de tempo intermediário (ou num conjunto de tais momentos) média é negativa e não excede em valor absoluto o número a velocidade será igual a ":. Seja to o último dos momentos _. mg Vo -I) hb anteriores a t l nos quais a velocidade era "':' se cumprindo, t· m Daqui resulta que num certo momento intermediário a aceleração então, no intervalo entre to e t l a desigualdade v > "': . não deverá exceder ~, dado que se em cada momento a aceleDa fórmula (5) resulta que neste intervalo de tempo a aceleração m a se manteve negativa, em contradição com o fato da velocidade - c . hb I 'do d I - béraçao losse maIor que -, o va or me 10 a ace eraçao tam m ter crescido no mesmo intervalo de a um valor maior. m . . hb 7 sena supenor a -. A contradição oblida mostra que a velocidade não excede ",:. m II 10 - -~--~...., ~ Assim, seja t' o momento em que Ia I < !!!!... m Daqui, em virtude de (5), obtemos rngl m mhb v-T =b' lal ::;;; . m h, quer dizer, em t' a diferença entre a velocidade do corpo e '7: é inferior a h. O mesmo valerá para os momentos subsequentes, dado que a velocidade v diminui, permanecendo superior a 7:. Obtivemos, na realidade, uma afirmação um tanto mais fina do que a contida na propriedade 2, tendo mostrado que, ao mais tardar em t* = IVo 71· h~ segundos de queda. a diferença entre a velocidade do corpo e 7: se tornará iriferior a h. As propriedades 1 e 2 fornecem uma solução fraca do nosso problema. Bem que não tenhamos obtido ainda uma expressão exata da velocidade através do tempo, sabemos como esta se modificará qualitativamente. Examinemos, a título de exemplo, o movimento do pára-quedista. Se este abrir o pára-quedas imediatamente após o salto, a velo cidade da sua queda, nula no inicio, aumentará sem jamais exceder '7: .A quantidade rng, isto é, o peso conjunto do homem e do pára-quedas, se conhecendo e b sendo função do diâmetro deste último, é possível determinar a dimensão do para-quedas que assegurará uma velocidade máxima de descida 7: não perigosa para a aterragem. Ao se efetuar um salto com abertura retardada do pára-quedas, o coeficiente na expressão que fornece a força de resistência do ar, denotemo-lo por b', será obviamente inferior ao coeficiente que corresponde ao pára-quedas aberto. A velocidade máxima de queda n;: excederá, assim, a velocidade de descida '7: com pára-quedas aberto. Logo, num salto com abertura retardada, a velocidade adquirida pelo homem antes de abrir 12 o pára-quedas será superior a '7:, diminuindo após a abertura e aproximando-se, de acordo com as propriedades e 2, de '7: sem se tornar inferior a este valor. Deste modo, decorrido um certo tempo após a abertura retardada do pára-quedas, a aterragem deixa de ser perigosa. O seguinte exemplo numérico ilustra as nossas considerações. EXEMPLO 1. Suponhamos que o pára-quedas assegure uma velocidade limite de descida de 6 metros por segundo, isto é, que 7: = 6 m/seg e que o pára-quedista tenha atingido a velocidade de queda de 50 m/seg antes de abri-lo. Avaliar o tempo de descida após a abertura suficiente para que a velocidade se torne inferior a 10 m/seg, isto é, se aproxime de velocidade limite 7: = = 6 m/seg de menos de h = 4 m/seg. Solução. Da igualdade m: = 6 m/seg, encontramos m Por outro lado, a velocidade da rng 1 6 m/seg =-b . - ~ 10 I 2 g da fórmula queda e o ", , , .nara necessanamente InlenOr segundos, quer dizer, levando m/.seg (6) resulta valor limite 4 /a m seg = 0,6 seg. que a diferença entre 7f = 6 m/seg se tor (rng) m. 1em Vo - T' . (50 m/seg - 6 m/seg)· 0,6 seg·" / = 6,6 seg. m seg • EXPRESSÃO ANALÍTICA DA VELOCIDADE DE QUEDA. O NÚMERO e As propriedades 1 e 2 caracterizam apenas qualitativamente a velocidade de um corpo em queda. Neste parágrafo, obteremos uma expressão exata desta velocidade através do tempo. Na res pectiva fórmula ocorrerá um certo número, cuja representação aproximada com cinco decimais e 2,71828. Este número surge com freqüência na análise matemática denotando-se sempre pela letra e. O seu papel de constante pode ser comparado com o do número 133-1113 em conta os nossos dados, em 1 .. ......., 1t = 3,14159..., igual ao quociente do comprimento de uma circun ferência pelo respectivo diâmetro. A razão do aparecimento do número e = 2,71828... na fórmula da velocidade, assim como o método preciso de defini-lo, serão discutidos mais adi!lnte. Por enquanto, escreveremos a fórmula que nos interessa sem demonstrá-la e daremos alguns exemplos ilustrando a sua aplicação. Dada a velocidade inicial Vo de um corpo em queda. a sua velocidade v, no momento t (isto é, t segundos após o início do movimento) se expressará por b mg mg --t VI = b + ( Vo - b ) '" . (7)e Esta é a solução exata da equação (5), fato que será verificado mais adiante. Passamos a alguns exemplos. EXEMPLO 2. Mostremos que da fórmula (7) decorrem imedia tamente as propriedades 1 e 2, isto é, as leis qualitativas que regem o comportamento da velocidade. b O número e "', obtido elevando e a uma potência negativa, b será positivo e inferior a unidade, isto é, O< e- m< 1. Ao crescer t t, o número e m h = ,e "'), portanto, diminuirá, se tornando arbitrariamente pequeno para t suficientemente grande. Da fórmula (7) resulta então que ao se verificar, por exemplo, Vo > '; , a velocidade VI permanecerá superior a '; (dado que Vo - "':>0) e diminuirá com o tempo aproximando-se de ",:. EXEMPLO3. Calculemos pela fórmula (7) a velocidade do pára-quedista 6,6 segundos após a abertura do pára-quedas, a partir dos dados do exemplo 1 (pág. 13), quer dizer, tomando m: 6 m/seg e Vo = 50 m/sego (Como vimos, esta velocidade não excederá necessariamente 10 m/seg.) Solução. Se tendo 5! g: '; ~ 10 m/seg2 : 6 m/seg = seg e dado que o logaritmo decimal (fornecido pela tabela) do número 14 ~ e é aproximadamente igual a 0,4343, encontramos ( b) b 5 19 e '" t m t 19 e ~ - 3 . 6,6 . 0,4343 = = -4,7773 = -5 + 0,2227 = 5,2227, h t donde e m ~ 0,0000167. Substituindo-o na fórmula (7), obtemos • V6.6 :reg ~ 6 m/seg + (50 m/seg 6 m/seg) 0,0000167 ~ 6,000735 m/sego Utilizando a fórmula (7) calcula-se igualmente que, nas mesmas condições, a velocidade do pára-quedista se tornará igual a 10 m/seg em t 3 11 ~ 1,44 seg após a abertura do pára -quedas *. Assim, após a abertura retardada do pára-quedas, a velocidade de descida passa, num lapso de 1 a 2 segundos. de 50 a 60 metros por segundo a uma velocidade próxima da da descida prolongada com pára-quedas aberto. a saber. 6 a 7 metros por segundo. Uma vez aberto o pára-quedas, o homem experimenta uma grande desa celeração, ao se ver bruscamente puxado para cima pelo pára-quedas, ao qual resulta aplicada quase toda a força de resistência do ar. Qualquer pessoa que tenha visto saltos com abertura retardada deverá ter observado que, ao se abrir o pára-quedas, a velocidade do homem diminui bruscamente, causando mesmo a impressão de uma imobilização instantânea. EXEMPLO 4. Suponhamos que a velocidade limite da queda do homem com pára-quedas não aberto seja ": = 50 m/sego • Avaliar, admitindo que a velocidade inicial Vo é nula, o erro que se cometerá aplicando, em lugar da fórmula (7), a fórmula (1) que descreve a queda no vácuo. Solução. Se tendo b 2 ~ 10 m/seg = -0,2 _1_, m mg 50 m/seg seg b • Na realidade, a velocidade da descida se aproximará ainda mais rapidamente do seu limite igual a 6 m/seg, dado que para urna velocidade grande a força de resistência do ar cresce com esta mais rápido do que bv, a última dependência valendo somente para velocidades pequenas. 153 "---, a velocidade de queda será, pela fórmula (7), igual a PROPRIEDADE 3. Se a velocidade e a aceleração de um corpo 50 (1 - e- 0.2t).vt = satisfizerem a relação (5), então a velocidade inicial Vo imprimida Por outro lado, a velocidade de queda no vácuo, fornecida pela a este determina inteiramente a modificação ulterior da velocidade. fórmula (1), será Admitamos o contrário. Suponhamos que dois corpos Te T*, vt = gt;:::: lOt. para os quais m e b coincidem, e que se movem com velocidade e aceleração satisfazendo a relação (5), tenham sido dotados noExaminemos o quociente das velocidades assim obtidas: momento t = O da mesma velocidade inicial Vo e que, todavia, tIO2t50(1 - e- . ) ;:::: 2(1 _ e-O.2t). segundos mais tarde as velocidades destes se tornaram distintas, gt t constatando-se, digamos, que a velocidade VI do primeiro é superior Fazendo nesta expressão t = 1 seg, obteremos, mediante cálculos • a velocidade v! do segundo corpo. Admitiremos, para fixar idéias, simples com o emprego de logaritmos, o valor ;::::0,91, obtendo-se que Vo> :g (o caso da desigualdade inversa se tratando seme ;:::: 0,82 para t = 2 sego Logo, já durante os primeiros segundos de queda. a velocidade do corpo se distinguirá notavelmente. graças lhantemente). Seja to o último dos instantes precedendo tInos à resistência do ar, da velocidade gt. quais as velocidades dos corpos coincidiam. Então, no intervalo Passemos à verificação * da fórmula (7). Neste intuito, deve-se, de to a t b a velocidade v do primero corpo excederá a velocidade antes de tudo, precisar a natureza do vínculo entre a velocidade v* do segundo, isto é, v> V*. Daqui resulta que e a aceleração. Se Vt for a velocidade do corpo no momento t v _ mg > v* _ mg e Vt+h a sua velocidade h segundos mais tarde (quer dizer, no b b ' - - Vt +h - Vt h ' I momento t + h),entao a razao h se c amara ace erac,ao os números v -"7: e v* -"7: permanecendo, em virtude da média do corpo no lapso de tempo h e se denotará por am : propriedade 1, positivos, dado que Vo > 7: .Das desigualdades a = Vt+h - Vt m h v - mg > v* - mg > OSe h for bastante pequeno (digamos, 0,01 seg ou ainda menor b b em função do caráter do movimento), pode-se admitir que durante resulta, pela fórmula (5), que as acelerações a e a* dos corposeste intervalo a aceleração pouco variará, am pouco se distinguindo, são negativas e que a excede a* em valor absoluto. Isto significa por conseguinte, da aceleração at no momento t. Em outras que entre os instantes to e t I as velocidades dos corpos T e T*palavras, se a título de h se tomarem intervalos cada vez menores terão diminuído, o decréscimo da velocidade do primeiro excedendo(digamos, 0,1 seg; 0,01 seg; 0,001 seg e assim por diante) sem, o do segundo. Logo, no instante t b V será iriferior a v* (dadoporém, mudar t, o número am variará, se aproximando cada vez que em to estas velocidades coincidiam). O fato de termos chegado mais de ato Em símbolos este fato se exprime assim • a uma conclusão contradizendo a nossa hipótese prova a pro I· I' Vt+h - Vt at = 1m am = 1m h . priedade 3. h-O h_O PROPRIEDADE 4. Se dois corpos iguais * T e T* começarem O símbolo lim denota o que se chama limite da expressão à sua a cair simultaneamente tendo sido dotados das velocidades iniciais direita (am, no presente caso), a notação h -+ O em baixo indicando Vo e v~, respectivamente, então as suas velocidades Vt e v1 em que se toma o limite de am com h tendendo para zero. qualquer instante t satisfarão a relação Estabelecemos, assim, o vínculo entre a velocidade e a acele mg mg ração. As seguintes três propriedades da velocidade do movimento v1- b v~-b estudado simplificarão a verificação da fórmula (7). (8) mg v - mg t Vo - b* Se esta parecer de difícil compreensão, a sua leítura poderá ser b omitida sem causar infelicidade ao leitor. • Isto é, para os quais m e b coincidem. 16 17 .... _."...",.. c~ -,~ Para demonstrá-lo, imaginemos um corpo T que se mova em função de t pela lei v, = qv, + (1 - q) mob ' onde mo v~-b q= mo vO-T e mostremos que a velocidade e a aceleração deste corpo virtual satisfarão a relação (5). A respectiva aceleração média ãm no intervalo de t a t + h será - V,+h - V, am = h [qV'+h + (1 - q)-T]-[qV,+(1 - q)-T] V,+h - v, = q . a , =q h mh onde am é a aceleração média do corpo T no mesmo intervalo de tempo. Ao se tomarem na relação ãm = q . am valores de h cada vez menores, ãm se aproximará da aceleração do movimento virtual ã, no instante t, am tendendo para a aceleração a, do corpo T no mesmo instante. Assim, qualquer que seja t, ã, = qa,. e a aplicação da relação (5) conduz a - b ( mo) b [ qV+(1-q)T-Tmo mo] =a=qa=-q-;n v-T =--;n = -! (v- 7). mostrando que o movimento virtual considerado satisfaz a re lação (5). O cálculo da velocidade inicial do corpo virtual T dá Vo = qvo + (1 - q) mo = q (vo - mo) + mo = b b b mo v~- = ~ . (vo- ":) + '; = v~. vO-T 18 Assim, a velocidade e a aceleração dos corpos T e T* satisfazem a equação (5), as respectivas velocidades iniciais coincidindo. Logo, pela propriedade 3, as velocidades vr e V, destes corpos coincidirão em qualquer instante t, ou seja, vr = qv, + (1 - q) 7. Por conseguinte, se obtém Vó _ mgmo [qV, + (1 _• vr - b - q) -T] --T q (v, _m:) b =q --"---m::-:-g mg v, - mo v, - mo v'-T vO-Tb b provando-se a propriedade 4. PROPRIEDADE 5. Para quaisquer instantes t e t, valerá a relação mo v-mo v-mov'+t - b , b t b .-- (9) mo mo mo'VO-T vo-- vo-b b onde Vo, v" v, e V'+t representam a velocidade do corpo T consideradonos instantes 0, t, t e t + t, respectivamente. Para mostrá-lo, observemos a queda do corpo T a partir do instante t. Logo, t segundos mais tarde, quer dizer, t + t segundos após o início do movimento, a sua velocidade será V'+t' Se tivésse mos, no instante t = 0, além do corpo T, lançado um segundo corpo semelhante T*, imprimindo-lhe uma velocidade inicial v~ igual a v" a sua velocidade v, no instante t seria igual a v,+" isto é, v~ = v'+t' Então de (8) resulta mo mo • v'+t - b vt-T , mg mo v'-T Vo -li donde (v'+t -7)(vo -7) = (v, -7)(vt -7} Dividindo ambos os membros desta igualdade por (vo- 7y, obteremos a relação (9) procurada. 19 ---. Tendo estabelecido a propriedade 5, passamos ao cálculo da expressão exata da velocidade VI' A fim de simplificar a notação, empregaremos a seguinte abreviação temporária V - 1119 I b UI = -- 1119 vO-T Nestes termos, a fórmula (9) tomará o aspeto UI+.=UI·U•. (10) Para t = t, (10) dará, em particular, U21 = (u l )2. De modo semelhante, tomando t = 2t em (10), obtemos U3. = UI' U21 = UI' (ul)2 = (UI)3, a relação t = 3t fornecendo U41 =UI' U31 = UI • (UI)3 = (UI)4 e· assim por diante. Constata-se sem dificuldade que, para qualquer inteiro positivo n, valerá a relação u'" = (UI)'" (11) Fazendo aqui t =.!!... seg e extraindo a raiz n-ésima, obteremos n 1 (u)n=u p •I' _ n Se, ademais, tomarmos em (11) t = 1 seg, n se tornará igual a p, dando UI' = (udP• Das duas últimas igualdades decorre a relação I' = (UI>".uL n Assim, dado um número racional positivo t, quer dizer, um número de aspeto onde p e n são inteiros positivos, então n UI = (UIY, 20 o que, nas notações de origem, dará 1119 ( 1119)'1v'-T = Vl--::; , (12) vo- • b b VI é, bem entendido; a velocidade de queda no instante t = 1 sego Do fato da relação (12) se cumprir para qualquer valor racional de t decorre a sua validade para qualquer t. Ilustremos este fato, tomando t =Vi' seg = 1,414... sego Para os racio nais 1,4; 1,41; 1,414, etc., a relação (12) valerá, quer dizer, V!,4 -7 (VI 7 )1.4 V!,41 -7 (VI -7 )1.41 ----= ; = ;... (13) mg mg 1119 1119 Vo - b Vo - b Vo - T Vo - T Se atribuirmos a t valores racionais cada vez mais próximos de Vi' (por exemplo, 1,4; 1,41; 1,414; 1,4142, etc.~ o primeiro membro das igualdades '1119vV2-T se aproximará de , o segundo tendendo, de acordo com a Vo - 1119 b d(e::i~O_~_d)'~P:~:"tiOO:",~:'~Ii.n:~::: a:~o ".n~ vo--;; 1119 ( mg)V2vVí -:; = VI - "! vo--;;- 00--;; O mesmo ocorrerá, bem entendido, para qualque~ valor irracional de t, • a relação (12) resultando verdadeira para qualquer t. 1119 VI- Introduzindo a notação b = c, 1119 vO-T 1119 v'-T de (12) obteremos =é, 1119 vO-T 4-1113 21 ---~ donde rng ( VI =T + Vo A fórmula (14) não pode ser o número c não tendo sido ainda rng) (14)Te.r encarada como. definitiva, calculado. Para encontrá-lo, achemos pela fórmula (14) a aceleração no instante inicial do movimento. A aceleração média durante o tempo inicial de queda h será, em virtude de (14), igual a rng + ch oV _ Vh-VO b _( rng). c h -1 am - '- - Vo b h' Ao fazermos tender h para zero, esta expressão nos dará ao, isto é, a aceleração no instante inicial: I. )' ( rng) c h - 1 (15)ao = Im a", = Im Vo --b '--h-' h ... O h ... ° chDenotando - 1 por x, obteremos ch h - 1 = x, c = rng)Logo, a expressão Vo - T( em (15) tomará o aspeto rng) x - T . log.(l + x) 1 + x, h = 10& (1 + x). c h - 1 . -h- na qual se passa ao limite rng rng vo-- vO-Tb 1 logc (1 + x) x 10gc(1 + Tendo observado que, ao fazermos tender h para zero, ch tenderá para a unidade e x = ch - 1 para zero, seremos aptos a escrever rng Vo- I. b ao = 1m (16) x ... o I 10& (1 + x)-; I O limite da função (1 + x)X com x tendendo para zero é igual precisamente ao número e. Não nos ocuparemos da demonstração de que este limite existe, isto é, da verificação do fato que o valor 1 de (1 + x)-; tende para um certo número com x ...... O. Tal verificação, de resto elementar, pode ser encontrada em qualquer manual 22 de cálculo diferencial. Mencionaremos simplesmente os valores que I a expressão (1 + x)X assumirá para x = 0,1; x 0,01; x = 0,001 e x = 0,0001 (obtidos imediatamente por meio de um mini computador, podem se calcular manualmente com a ajuda de logaritmos ou pela fórmula do binômio de Newton): I (1 + 0,1)°;1 = 1,1 10 :::::: 2,59374, • 1 (1 + O,Ol)O,õl = 1,01 100 :::::: 2,70481, 1 (1 + 0,001)°·001 = 1,001 1000 ~ 2,71692, 1 (1 + 0,0001)0.0001 = 1,000110000:::::: 2,71814. Estes resultados ilustram o fato que com x -+ ° a expressão 1 (1 + x)X tende para e = 2,71.... Assim, (16) adquire o aspeto rng vO-T ao logc e . Desta igualdade e de (5), isto é, de ao = - ! (vo - 7). igualando as expressões para ao, obtemos rng Vo - T = _ !!.. (vo_rng), .. e m b donde .. b lo&e = _ m e = c b. c=e m b Substituindo finalmente, na fórmula (14), c pelo seu valor e-;, chegamos à relação (7) que procurávamos e, ao mesmo tempo, ao termo da nossa demonstração. 4" 23 ---, DERIVAÇÃO o CONCEITO DE DERIVADA Como se constatou, a equação (5) admite uma solução exata. Se trata de uma equação que estabelece um certo vínculo entre a velocidade de queda v e a aceleração a que não é outra senão a taxa de variação no tempo desta velocidade. Subentende~se, ao falarmos de taxa de variação no tempo de uma grandeza, que esta é inconstante, variando com o tempo. A velocidade e a aceleração de um movimento não uniforme, assim como a intensidade de uma corrente eléctrica alternada exemplificam o conceito geral de grandeza variando em função do tempo ou, mais simplesmente, de função do tempo. Seja y uma função de tempo. É comodo denotar por Y, o valor que esta assume no instante t. A diferença Y,H - y, representará então a modificação que a variável Y sofreu no lapso de h segundos entre os instantes t e t + h, o quociente (17) fornecendo o acresclmo médio de Y por segundo (no intervalo em questão), em outras palavras, a taxa média de variação de y. Escolhendo h cada vez menor, obteremos valores da taxa média de variação sobre intervalos de tempo cada vez mais curtos, todos de origem em t. No limite, quer dizer, com h tendendo para zero, a razão (17) dará a taxa de variação da variável y no instante t. Como vímos, esta se denota em símbolos mediante Iim y,H - y, (18) h-O h A expressão (18) é o que se chama de derivada de y em relação a t. Esta dá, como vimos, a taxa de variação de Y no tempo. Pode-se considerar variáveis que, em lugar de depender do tempo, dependem de uma variável de outro gênero. Assim, por exemplo, a área do círculo é função do rruo deste. Se a denotarmos por SR e o raio por R, teremos SR = 1tR 2• (19) Examinando a dependência entre a área do circulo e o seu raio, 24 chegaremos à razão que não é outra senão a taxa média da variação da área em função do raio. O seu limite com h --> O é a derivada de S com respeito a R. A derivada é um dos conceitos fundamentais do cálculo diferencial. Se a variável y depender dos valores que se atribuírem a x, ou seja, se y for uma função de x, a derivada de y com respeito a x se denota por y' ou, talvez mais freqüentemente, por • dA'ou dx y. SSlm, .!!L lim Y... +h - Y... dx h-O h ' onde, bem entendido, o símbolo d não se pode simplificar, este não sendo um multiplicador, mas servindo a denotar a operação de derivação, chamada igualmente de diferenciação. Calculando, a título de ilustração, a derivada ~~ da função (19), obteremos dS = lim SR+h - SR 1t (R + h)2 -1tR2 h-O h h == Iim (21tR + 1th) 21tR, h-+O quer dizer, a derivada da área do círculo com respeito ao raio é igual ao comprimento da respectiva circunferência. O nosso segundo exemplo será o da derivada ds do caminho percorrido pelo tempo. Seja s, o caminho que o corpo percorreu antes do instante t, isto é, durante t segundos a partir do início do movimento. Então será a velocidade média no in .. tervalo entre os instantes t e t + h, o limite desta razão com h --> O coincidindo com a velocidade no instante t: r StH - S, ds tV h:'~ h dto . d . d dlJ O .Exammemos agora a enva a dt' quociente é a aceleração média no intervalo entre os instantes t e t + h, 25 "-""---l o seu limite dando a aceleração no instante t (sugerimos ao leitor que o compare com o que foi dito na pág. 16): 1. aI = 1m h-O dv =-.dt As relações obtidas v ds (20) e a dv (21) desempenham um papel fundamental na Mecânica. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS A equação (5) que estudámos pode ser escrita, graças a (21), na forma ~ = _ b (v _me) (22)dt m b' Esta última comporta uma única incógnita, a saber, v, não sendo, porém, uma equação algébrica, dado que nela ocorre a derivada de v. Equações deste gênero chamam-se diferenciais. A função (7) sendo a solução da equação diferencial (22), podemos, denotando ! por k e ": por c, formular a sequinte asserção. TEOREMA. A solução da equação diferencial dv - = -k (v - c) (23)dt dá-se pela função v = c + (vo c) e- kt, (24) onde Vo é o valor inicial (para t O, precisamente) da função v. A afirmação deste teorema se aplicará ulteriormente à descrição de outros fenômenos físicos. DOIS PROBLEMAS CONDUZINDO A EQUAÇÕES DIFERENCIAIS a) Fechamento de um circuito. Consideremos um circuito constituído de uma bateria e de uma bobina (condutor) (fig. 2). Bem que o comportamento elétrico das bobinas seja complexo, 26 .. • Fig. 2 este pode, na maioria dos casos, se caracterizar pelas respectivas resistência ôhmica e indutância. Esquematicamente a bobina se representa por meio de dois elementos responsáveis pela resistência e pela indutância puras (fig. 3). Segundo a lei de Ohm, a queda de tensão ocasionada pela resistência será proporcional à intensi dade da corrente i, isto é, V=Ri, o coeficiente de proporcionalidade R chamando-se de resistência da bobina. A queda de tensão provocada pela indutância é proporcional à taxa de variação da corrente no tempo. Denotando esta última por w (grandeza que se medirá, por exemplo, em amperes por segundo) e o coeficiente de proporcionalidade por L, obteremos para este componente da queda de tensão a expressão V=Lw. ~ Bobina 3 27 .,"""'"! "1' .r o número L chama-se auto-indutância da bobina. A queda de o aspeto. tensão total, devida à resistência e à indutância, será, por . E (. E) ~t conseguinte, igual a " = li + 'o -]f e L v= Lw + Ri. (25) Admitíndo que no instante t = O, isto é, no do fechamento do A validade da fórmula (25) se confirma empiricamente nos casos circuito, a intensidade da corrente io era nula, obteremos a expressão em que a freqüência de alternação da corrente não for demasiado um tanto mais simples grande. Empregaremo-Ia pois correntemente. Denotemos por E a força eletromotriz da bateria. Podemos igualá-la, pela lei de E ( .~t)i, = R 1 - e L •KirchhotT, à queda de tensão na bobina (tendo desprezado a resistência interna da bateria, assim como a dos fios restantes Desta fórmula resulta que a corrente, nula no instante inicial, do circuito), obtendo-se a equação crescerá ininterruptamente aproximando-se de ! ' isto é, do valor E = Lw + Ri, J que esta teria, se a auto-indutância fosse nula, a resistência ôhmica ou permanecendo a mesma. (26)w= - ~ (i- !} b) Desintegração radioativa. Consideremos um pedaço de rocha contendo um certo número de átomos de um elemento radioativo. Os átomos de tais elementos se caracterizam pela sua instabilidade A asserção formulada no teorema da pág. 26 permite encontrar podendo se transformar em outros elementos chamados produtosa solução desta equação. De fato, se denotarmos por i/ a inten de desintegração. Logo, a concentração do elemento radioativo no sidade da corrente no instante t, então pedaço de rocha diminui com o tempo. Introduzamos o conceito i/H - i/ de velocidade de desintegração. Suponhamos que a rocha continha, W",= h no instante t, nIt gramas da substância radioativa e que h anos mais tarde a quantidade desta diminui, tornando-se igual a 17Ir+/tserá a taxa média de variação da corrente no intervalo entre os gramas. O número instantes t e t + h. Com h -+ O esta tenderá para a derivada da nIt+/t-nItintensidade da corrente em relação ao tempo no instante t: h I . i/H - i, di é a diminuição anual média da massa da substância considerada w= 1m =-. h-+O h dt (expressa em gramas) durante o período escolhido e que é natural se chamar de velocidade média de desintegração neste período.Assim, w sendo a derivada da corrente i pelo tempo, pode-se O limite ao qual esta velocidade tenderá com h -+ O, não é outra escrever a equação (26) na forma senão a velocidade de desintegração no instante t. Se a denotarmos ~= _~(/_.É-) por u, teremos dt L R' r nltH - 17Ir dm u = .~IIJ h dt' Esta última se distingue da equação (23) unicamente pela notação da função incógnita, precisamente, i em lugar de v, o que é, Observemos que esta velocidade é necessariamente negativa, a massa t bem entendido, irrelevante. Ás constantes k e c figurando na da substância radioativa diminuindo com o tempo. equação (23) se atribuem, neste caso, os valores Pode-se admitir, a concentração da substância radioativa na rocha sendo pequena, que a velocidade de desintegração é diretaR E k =1:' c=]f' mente proporcional à massa da substância que o pedaço de rocha contém no momento dado, em outras palavras, que vale a relação A solução da nossa equação diferencial terá, em virtude de (24), u = -km, 28 29 r;'''' • onde m é a massa da substância e k, um coeficiente positivo, chamado constante de desimegração. A validade desta conjetura se justifica pelas seguintes considerações. Sendo válida, em virtude das leis físicas, para átomos independentes, o será para uma certa quantidade da substância, se o comportamento de cada átomo não influir ou influir insignificativamente no comportalnento dos demais. Nestas condições, pode-se supor que de cada grama da substância se desintegrará, na unidade de tempo, precisamente k gramas, independentemente da massa total da substância que ainda resta na rocha. De m gramas da substância se desintegrarão, bem entendido, km gramas. Para que estas condições se cumpram é necessário que as partículas emitidas nas desintegrações nào se captem, ou se captem muito raramente por outros núcleos provocando desintegrações subseqüentes. Tal reação em cadeia (na qual se baseia, de resto, o funcionamento de um reator nuclear) leva à dependência das desintegrações. Para que isto nào aconteça, é necessário que as partículas provenientes das desintegrações espontaneas se percam (na maioria dos casos), em lugar de serem captados por núcleos sujeitos à desintegração. Isto terá lugar, se a concentração da substância radiativa for ínfima,a rocha sendo quase inteiramente não radioativa. Então, a quase totalidade das partículas emitidas se perderá e a reação em cadeia será impossível. Resumindo, uma pequena concentra ção da substância radioativa permite encarar as desintegrações como independentes entre si. Assim, a massa da substância permanecendo não desintegrada satisfaz a equação diferencial dm = -km, que se distingue da equação (23) pela notação da função des conhecida m em lugar de v e pelo fato da constante c ser nula no presente caso.Logo, em virtude de (24), a sua solução terá o aspeto mr = moe- Itt, (27) onde mo é a massa da substância radioativa no instante inicial da observação do processo. EXEMPLO 5. Que tempo é necessário para que a massa de uma substância radioativa se reduza à metade? Solução. A fim de responder a esta questão, deve-se determinar t da equação kt 1 moe- = mo. Simplificando por mo e tomando o logaritmo, encontramos 1 0,69 loge 2 ;:::: -k-' 30 o intervalo de tempo assim encontrado chama-se meia-vida da substância radioativa. Observemos que esta não depende da massa inicial da substância, dependendo apenas da constante de desintegração k, quer dizer, da substância em apreço. Assim, a meia-vida do rádio é 1590 anos, a do urânio 238, cerca de 4,5 bilhões (4,5· 109) de anos. EXEMPLO 6. A fórmula (27) permite emitir conjeturas acerca da idade da Terra. Suponhamos que uma amostra de rocha extraída da Terra contenha, além de substâncias inertes, m gramas de uma substância radioativa e p gramas do seu produto de desintegração. Admitamos ademais que cada grama desta substância produza, uma vez totalmente desintegrada, r gramas do produto de desintegração. Daqui decorre que os p gramas do produto de desintagração terão resultado de gramas da substância radioativa. Então, supondo r que num certo instante o processo de desintegração na amostra começou sem que esta contivesse qualquer quantidade do produto de desintegração, poderemos concluir que a massa inicial da substância radioativa era m + A fim de determinar o tempo r que decorreu entre o instante virtual em que o processo de desintegração na amostra começou e o dia de hoje, deve-se, de acordo com (27), resolver relativamente a t a equação m (m + ~ )e-kl , obtendo-se 1loge (1 + r~). Cálculos baseados nesta fórmula e efetuados para diferentes rochas terrestres fornecem aproximadamente o mesmo valor de t de ordem de 2.109 anos. Logo, condições propícias à fixação do processo de desintegração descrito duram, na Terra, alguns bilhões de anos. É possível que antes a matéria que presentemente compõe a Terra estivesse num estado muito menos rígido. Tal conjetura explicaria os resultados descritos. Uma das hipóteses mais plausíveis concernentes à origem e à idade da Terra se emeteu nos trabalhos de vários geofísicos soviéticos, nos de O. Schmidt, em particular. 31 LOGARITMOS NATURAIS Nas fórmulas que fornecem a solução dos nossos problemas figura o número e elevado a um expoente variável. Os cállijulos resultantes da aplicação destas fórmulas se simplificarão, se empregarmos logaritmos na base e. Assim, tomando o logaritmo de cada membro de (27) na base e e na base 10, respectivamente, obteremos loge m, = - kt + loge mo, 19 m, = - kt 19 e + 19 mo· No segundo caso se impõe o cálculo de um logaritmo e uma multiplicação suplementares. Além disso, outros problemas, como os dos exemplos S e 6, conduzem a fórmulas nas quais ocorrem logaritmos na base e. O número e surge com freqüência em análise, a utilização dos logaritmos na base e resultando muito cômoda, sobretudo nas considerações teóricas. Os logaritmos na base e chamam-se naturais ou neperianos e denotam-se mediante o símbolo In, a expressão In x significando o mesmo que loge x. O vínculo entre os logaritmos decimal e natural dá-se por 10glO x = M ·ln x, onde M = 10glO e ~ 0,4343. Esta relação se obtém tomando o logaritmo decimal dos membros da identidade 1nxe = x. 32 OSCILAÇÕES HARMÔNICAS O PROPLEMA DAS PEQUENAS OSCILAÇÕES DO PÊNDULO Suponhamos que um corpo M esteja preso por um fio de comprimento I a um ponto fixo C. Tal sistema mecânico chama-se pêndulo. Por abuso de linguagem, chamaremos de pêndulo igualmente o próprio corpo M, o problema consistindo na determinação do movimento que este efetuará. Para isso, adotaremos algumas simplificações, admitindo que o fio que segura o corpo M é inestendível e sem peso. Consideraremos o movimento que o pêndulo M efetuará num plano vertical fixo passando pelo ponto de suspensão. O fio sendo inestendível, o corpo M descreverá um arco de circunferência de centro em C e raio I. O peso de um fio real pode ser desprezado, se for pequeno em comparação com o do corpo M. Nestas condições, pode-se admitir que as forças atuando sobre o sistema estão todas aplicadas a M. O próprio corpo M será idealizado como um ponto dotado de certa massa m, abstraindo-se, assim, das suas dimensões. Sobre M atuará, além da força de tensão do fio, a força de gravidade. As demais forças, entre as quais a da resistência do ar, se desprezarão. Pode-se imaginar o pêndulo suspendido num recipiente do qual se tenha pompado o ar. A influência exercida no movimento pela resistência do ar será discutida na pág. 47. Suponhamos que num instante dado o corpo M se encontre num ponto A do arco que descreve. Seja Q ponto mais baixo deste arco, s o comprimento do arco QA e ex o ângulo central L QCA medido em radianos (fig. 4). Então s = lex. (28) O arco s, assim como o ângulo ex, serão por convenção positivos, se A se situar à direita de Q, e negativos em caso contrário. Encontremos a equação a qual obedece o movimento do pêndulo. A diferença h = QB entre as alturas de A e de Q é igual a h = CQ - CB = I - I cos ex = 1(1 - cos ex) = I· 2 sen2 ~ • Se atribuirmos ao pêndulo em Q uma energia potencial nula, esta ex energia será, em A, igual a W<P) = mgh = mg. 21 sen2 2' 33 'T" Por outro lado, a sua energia cinética é 2 W«) = mv onde v é a velocidade do corpo M. Logo, a energia total E •que o pêndulo possuirá em A se dará por 2mv a.2E = 2 + 2mg/ sen (29) Em virtude de termos desprezado as forças de atrito e de resistência do ar, o pêndulo não efetuará nenhum trabalho, conservando, por conseguinte, uma energia E constante. Simplificaremos um tanto a equação (29), limitando-nos à consideração de pequenas oscilações do pêndulo, isto é, de oscilações para as quais o ângulo do maior desvio do ponto de equilíbrio Q é pequeno. Precisemos a noção de "pequeno ângulo". A solução exata da equação (29) não se expressando mediante funções usuais, seria conveniente substituir à equação (29) uma equação mais simples, cuja solução, porém, aproximasse bem a da equação (29). Observemos que tal simplificação não levantará necessariamente uma questão de princípio, a equação (29) resultando já de uma idealização *. A questão concernente à legitimidade de tal ou tal simplificação, dependerá da precisão esperada. A simplificação corrente consiste em substituir na equação (29) sen <p pelo próprio ângulo <p. Efetivamente, como resulta da figura 5 na qual está representado o arco A'Q'B' de uma cir cunferência de raio C'Q' = 1, o comprimento do segmento A'B' é 2 sen <p e o do arco A'B', 2<p, este se medindo em radianos. Da figura se vê que a diferença entre estes será tanto menor, quanto menor for <p. Assim, pela tabela dos senos, achamos que, para qualquer ângulo inferior a 0,245 radianos (~14°), a diferença entre 1 e sen não excederá 0,01, para ângulos menores que 10 <p (~0,017 radianos) esta se tornado inferior a 0,0005. ... Ao deduzirmos a equação (29), tínhamos desprezado a resistência do ar, o peso do fio, a dimensão de M, etc. Observemos ademais que a aplicação de uma lei física à uma situação real (as relações (1), (2), (3), (4), (5), (25), (29) ilustrando-o claramente) comporta necessariamente certas simplificações ao se abstrair de certos fatores pouco relevantes. Estas simplificações não diminuem, porém, a importância prática das leis fisicas. Assim, ao se cumprirem certas condições razoàveis, leis como a de Ohm ou como a segunda lei de Newton descreverão os fenômenos naturais com uma grande exatidão. 34 B~ ):fA h 'A a a'Fig.4 Fig.5 Substituímos pois, admitindo que as oscilações são pequenas, sen a. por a. na equação (29) e chegamos à equação 2 mv (a.)2 -2-+ 2mgl"2 = E. Levando em corisideração a relação (28), podemos escrevê-la na forma 2mv mgs2 --+--=E2 2 ou I 2 2 2lE -v +S·=-. (30) g mg Nesta equação ocorrem duas funções desconhecidas, a saber, S e v (admitimos que as constantes g, I, m, E estejam dadas). Esta, porém, pode ser resolvida (como a equação (5», as funções desconhecidas estando vinculadas pela relação (20). Empregando-a, transcreveremos a equação (30) na forma ~(dS)2 + S2 = 2/E, (31) g dt mg na qual ocorre já uma única função desconhecida. Passemos à solução desta equação. Consideremos o lugar geométrico dos pontos do plano cujas coordenadas num sistema cartesiano são, respectivamente, s e Wv. Então em cada instante t a posição s e a velocidade v do corpo M determinarão um destes pontos, digamos N, (fig. 6) 35 c C' 1. v y w N •vlv x,-- ,P .. ! Fig. 6 Fig. 7 e, reciprocamente, a partir das coordenadas s e v de umW ponto N encontram-se a posição e a velocidade do pêndulo. Assim, em qualquer instante t, o estado do pêndulo M se representa por um certo ponto N. O comprimento do segmento ON se calcula facilmente pelo teorema de Pitágoras: 2 2ON=VPN +Op2 = V~ V +S2, donde, em virtude de (30), ON = V: . Ao oscilar o pêndulo, os números s e v vanarao, provocando o deslocamento no plano do ponto N correspondente. A distância de N à origem das coordenadas permanecerá, porém, constante, igual precisamente a V2!. Em outras palavras, o ponto N percorrerá a circunferência de raio 2 (32)R= V!, chamada circunferência de fase. Encontremos a velocidade com que o ponto N se moverá ao longo da circunferência. Sendo tangente a esta última, denotemo-la mediante o vetor NA (fig. 7). A componente horizontal deste, denotada por NB, fornece a velocidade de deslocamento do ponto P ao longo do eixo das abscissas. A distância entre P e O 36 - "-"0 L i J . Laal sendo $, a velocidade de P será igual a ~: = v, ou seja, NB v. Da semelhança dos triângulos O N P e N AB decorre PN:OH = NB:NA ou v:NA,WV:R da segunda proporção resultando NA =R lÍuVI' isto é, a expressão para a velocidade de N. Sejam $0 e Vo respectivamente o desvio e a velocidade do pêndulo no momento inicial, No sendo o ponto correspondente da circunferência de fase. Nestas condições, o raio da circunferência de fase será VI 2 2R = g-vo + So (33) (ver (30) e (32», o ángulo Q>o = L XONo determinando-se da relação tg~, _ V;" So (fig. 8). Num tempo t, N percorrerá com velocidade R 14 (34) o arco de comprimento N oN = da circunferência de fase.R 14 t Logo, o ângulo L NoON será igual a 14t, donde (fig. 9) Q> = L XON = L XONo - L NoON = Q>o - V~ t. Daqui se encontram O P = Rcos Q> = Rcos ( Q>o 14t) = Rcos (14 t - Q>o). PN = Rsen Q> = Rsen (Q>o - 14t) = -Rsen(14 t - Q>o} 37 i . '2 ..' ,Ji y y ----t--No ~' •V1v xx Fig. 8 Fig. 9 V Lembrando que OP s e PN = ~ v, obtemos finalmente s = R cos (Vf t - <Po). (35) v = - Vf R sen (V ~ t - <Po ). Estas fórmulas fornecem o desvio e a velocidade do pêndulo t segundos após o inicio do movimento, quer dizer, resolvem o problema (convenientemente simplificado) do movimento do pêndulo. Vejamos alguns exemplos. EXEMPLO 7. Tendo-se comunicado a um pêndulo o desvio So à direita, este é largado sem velocidade inicial. Encontrar a velocidade e o desvio deste no instante t. Solução. Dado que neste caso R = So e <Po = 0, as fórmulas (35) tomam o aspeto s = So cos V~ t, v = Vf So sen Vf t. EXEMPLO 8. A um pêndulo ocupando a poslçao de equilíbrio Q se imprimui uma velocidade inicial vo, orientada para a direita (quer dizer, positiva). Encontrar o desvio e a velocidade deste em função de t. Solução. As fórmulas (33) e (34) fornecendo, neste caso, 38 l~ 7t R = Vg vo, <Po = 2"' de (35) obtemos s = Vf 'vo cos (Vf t - ~) = Vf Vo sen Vf t, v= -vosen(V~ t- ~)=vocos V~ t. EXEMPLO 9. Encontrar as derivadas das funções sen rot ecos rot. Solução. Dado que v é a derivada de s com respeito a t, as fórmulas obtidas no exemplo 8 permitirão escrever :t (Vfvosen Vft) vocos V~ t, as do exemplo 7 fornecendo :t (socos Vft) = - Vfsosen V~ t. Se escolhermos, em particular, vo = Vf e So = 1 e denotarmos V~ por ro, destas fórmulas obteremos did sen rot = ro cos rot, dt d cos rot - ro sen rol. (36) EXEMPLO 10. O co-seno e o seno sendo funções periódicas, no fim de um lapso de tempo T, chamado período das oscilações, o pêndulo voltará ao seu estado inicial e o movimento prosseguirá se repetindo. Encontremos o período das oscilações do pêndulo. Solução. Ao aumentar de 27t o argumento, não mudarão os valores do seno e do co-seno. Logo, o período das oscilações do pêndulo será o intervalo de tempo T que assegurará uma modificação igual a 27t do argumento do seno e do co-seno figurando nas fórmulas (35). Em outras palavras, a diferença dos valores que a expressão Vf t - <Po tomará nos instantes t e t + T deverá ser igual a 27t: Vf (t + T) - <Po = (Vf t <po) + 27t. 39 - ----------- É imediato que o período será então igual a (37)T 21t W. Portanto, o movimento se repete cada T segundos, quer dizer, o pêndulo efetua oscilações periódicas. Durante qualquer lapso de tempo de comprimento T o pêndulo, como resulta das fórmulas (35), ocupará uma vez a sua posição extrema à direita (o co-seno tornando-se igual a + 1) e uma vez a posição extrema à esquerda (com o co-seno igual a -1). Nestes instantes de maior desvio a sua velocidade será, pelas mesmas fórmulas (35), nula, dado que o co-seno atinge os seus extremos ± 1, ao se tornar nulo o seno. O pêndulo será, ao contário, animado da maior velocidade quando passar pelo ponto Q, o seno assumindo os valores ± 1 e o co-seno se anulando. A EQUAÇÃO DIFERENCIAL DAS OSCILAÇÕES HARMÔNICAS Obtivemos a nossa solução do problema do movimento do pêndtÍlo resolvendo a equação (30) ou, o que é o mesmo, a equação diferencial (31). Existe, porém, uma outra equação diferencial descrevendo o mesmo movimento e cuja dedução é muito simples. Suponhamos que o corpo M se encontre num certo instante em um ponto A do arco de circunferência que descreve. Decom ponhamos a força da gravidade mg atuando sobre o corpo em duas componentes, a saber, urna tangente à circunferência em A e outra normal a esta. A segunda componente tenderá a estender o fio e se compensará pela reação deste. O módulo de F, a força tangente implicada no movimento, será mg sen r:t. Esta força, estando orientada na direção de Q (fig. 10), será negativa, se r:t for positivo, e inversamente, isto é, F = - mg sen r:t. Levando em consideração que a força normal à tangente e a reação do fio se compensam, concluímos que F é a única força movendo o corpo M (ao termos desprezado a resistência do ar) e que, portanto, pela segunda lei de Newton, ma = -mg sen r:t ou a = -g senO(. Se nos limitarmos, como antes, ao caso de pequenas oscilações, poderemos, sem que isso implique um erro considerável, substituir sen r:t por r:t nesta equação, obtendo-se a = -gr:t 40 c cc Q Fig. 10 e, em virtude de (28), g a+Ts O. (38) Esta é precisamente a equação procurada. Verifiquemos que se - dll: . I D I - dv dstrata de uma equaçao !terencla. as re açoes a = e v = di decorre que se, tendo derivado uma vez o caminho s em relação ao tempo, quer dizer, obtendo a velocidade, derivarmos esta última, obteremos a aceleração. Em outras palavras, a aceleração é a segunda derivada do caminho s em relação ao tempo e se escreve d(dS) a=di di ' ou dZs a = -Z' (39)dt a expressão~:~ ( segunda ,derivada de s por t) devendo se encarar como um símbolo indecomponível e não como, por exemplo, uma fração sujeita a simplificações ou outras operações. Graças a (39), constatamos que a equação (38) não é outra senão a equação diferencial dZs -+ g (40)dt2 TS = o. É razoável conjeturar que a solução desta equação coincide com a da equação (31), ambas descrevendo a variação no tempo de desvio s do pêndulo e tendo sido obtidas por meio de simplificações semelhantes. Este fato se confirma por verificação 41 "rp direta. Assim, a solução da equação (40) se dá pela primeira das fórmulas (35). Mais explicitamente, a solução da equação diferencial (40) é s = R cos (V ~ t - ~o). onde R e ~o se determinam das fórmulas (33) e (34). Observemos, que, a fim de encontrar os números R e ~o, deveremos conhêcer o desvio e a velocidade iniciais, isto é, So e vo, ou seja, os valores que assumem as funções s e ~: no instante inicial. Se denotarmos o número ro, poderemos formular-vt por esta afirmação do seguinte modo. TEOREMA. Qualquer solução da equação diferencial d2 s dt 2 + ro 2 s = O (41) tem o aspeto s = R cos (rot - ~o), (42) onde R e ~o se determinam a partir dos valores que assumem, . . .. I fi - ds no Instante ImCIa, as unçoes s e dto A equação (41) chama-se equação das oscilações harmônicas. Qualquer variável obedecendo à equação (41) efetua o chamado movimento harmônico, dado explicitamente pela fórmula (42). O número ro que ocorre na equação diferencial (41), assim como na expressão (42), é a chamada freqüência de oscilação, T = ~ ro sendo o respectivo período. Se uma variável s efetuar um movi mento harmônico, os seus valores se repetirão cada T segundos (ver o exemplo 10). Comparemos as equações (23) e (41). A equação (23) na qual ocorre apenas a primeira derivada é dita de primeira ordem. A equação (41) já é Um exemplo de equação diferencial de segunda ordem, nela ocorrendo a segunda derivada da função desconhecida. Observemos que para encontrar uma precisa solução da equação de prjmeira ordem (23), bastava conhecer o valor que a função procurada v assume no instante inicial. Ao contrário, para se encontrar uma determinada solução da equação de segunda ordem 42 (41) é necessário conhecer, além do valor que a própria função s assume no instante inicial, o valor que neste instante assume a sua derivada ~:. Resumindo, para resolver a nossa equação de primeira ordem, necessitávamos de um único número como condição inicial, necessitando já de dois números ao se tratar da equação de segunda ordem. Já mencionámos as razões que nos levaram a conjeturar que as soluções das equações (31) e (40) coincidem. Estas considerações, não rigorosas por si mesmas, se confirmam por cálculos formais. Mais precisamente, se derivarmos ambos os membros da equação (31), obteremos a equação (40). A passagem da equação (40) à equação (31) se efetua mediante a operação inversa à derivação, a saber, por meio da chamada . integração, conceito que não poderá ser tratado no âmbito do presente livro. A derivação e a integração constituem as operações fundamentais do Cálculo. O leitor poderá, porém, tendo encontrado com ajuda das fórmulas (36) a segunda derivada de função (42), verificar por substituição que esta satisfaz a equll:ção (41). Examinemos dois problemas de Física que conduzem a equação do movimento harmônico. O CIRCUITO OSCILATÓRIO Consideremos o chamado circuito oscilatório, quer dizer, o circuito fechado comportando um indutor e um capacitor. O indutor se caracteriza (ver pág. 28) pela sua indutância e sua resistência ôhmica. A figo 11 fornece a representação esquemática do circuito oscilatório. Seja q a carga elétrica do capacitor e i, a intencidade da corrente no circuito. Admitindo que inicialmente a carga elétrica do capacitor era igual a qo e a corrente no circuito igual a io. propomo-nos encontrar a lei de variação destas no tempo. Nestas condições, a queda de tensão no capacitor será igual a ~, onde C é a sua capacitância, a queda de tensão no Indutor ,-"--- Fig. 11 43 indutor sendo, segundo (25), igual a Lw + Ri, onde R é a resistência ôhmica e L, a auto-indutância do indutor. Pela segunda lei de Kirchhoff, a queda de tensão total no circuito é nula, isto é, Lw+Ri+~ =0. (43) A corrente i não é outra senão a derivada de q em relação • a t. De fato, se os valores da carga q nos instantes t e t + h eram, respectivamente, q, e q,+h, então entre estes instantes transitou, através de qualquer seção transversal do circuito, uma carga igual a q,+h - q,. Daqui resulta que a corrente média neste lapso de tempo é igual a . q,+h - qt 1",=--. donde, passando ao limite, obtemos i = lim q,+h - q, =~. h-+O h dt - . dq di.. d d d . dat',Das reIaçoes I = dt e w di' Isto e, o lato e w ser a enva de i = :i, resulta que w é a segunda derivada de q: w = ~; . A equação (43) adquire, portanto, a forma d2q dq (44)L dt2 + R dt + C = O. Esta equação diferencial é mais complexa do que a equação (41~ nela ocorrendo, além da função desconhecida q e da sua segunda . d d2q .. d' d dq N-derlva a dt2 ' a pnmelra enva a dto ao nos ocuparemos, porém, da resolução da equação (44) no caso geral (ver a observação na pág. 47), nos limítando a consideração de um indutor cuja resistência ôhmica R é desprezível (em comparação com os números L e C), o que permite, portanto, omitir o termo R ~i da equação (44). Esta tomará então o aspeto L d dt 2q 2 +Cq = O, ou d2q 1 (45)dt2 + q = O. 44 A equação (45) determinará, obviamente, um movimento harmônico (cf. (41» cuja freqüência de oscilação co será igual a 1 co = VLC' o respectivo período se dando por T= 21tVLC. A solução da equação (45) terá, de acordo com (42), o aspeto q = R cos (k -<PO), . onde R e <Po calculam-se a partir das condições iniciais qo e io. OSCILAÇÃO DE UM CORPO SUSPENSO POR UMA MOLA Suponhamos que um corpo de massa m se segure por uma mola. A força da gravidade atuando sobre o corpo, a mola se distenderá de modo que a força de elasticidade compense o peso do corpo. Em tal estado de equilíbrio, o corpo pode permanecer imóv~1. Se o violarmos puxando o corpo para baixo, a força de elasticidade se tornará superior ao peso e, portanto, sobre o corpo agirá uma força orientada para cima. Se, ao contrário, tirarmos o corpo da posição de equilíbrio levantando-o, aparecerá uma resultante atuando para baixo. Assim, a resultante das forças puxará o corpo na direção da sua posição de equilíbrio. Limitar-nos-emos, para simplificar, à consideração de um movimento se efetuando ao longo da vertical. Denotaremos por O o ponto de equilíbrio, por A, a posição do corpo no instante considerado e por s, a distância OA. Convencionando orientar a vertical para baixo, s resultará positiva, se A se encontrar abaixo de O e negativa em caso contário. Denotemos por F a resultante da força da gravidade e da força de elasticidade atuando sobre o corpo e por S, a força de resistência do ar. Admitindo que não há outras forças além de D e S agindo sobre o corpo, poderemos, pela segunda lei de Newton, escrever ma'=F+S, onde a é a aceleração do corpo. A força F que faz voltar o corpo à posição de equilíbrio cresce ao crescer o desvio s do corpo em relação a esta posição de equilíbrio precisamente. Admitiremos que F é diretamente proporcional ao desvio s, isto é, igual a ks, 45 T onde k é um coeficiente de proporcionalidade, conjetura que se confirma empiricamente para pequenas deformações. O número k chama-se módulo de elasticidade da mola. Se s for positivo, A se situando abaixo de O, a força F estará orientada para cima, isto é, será negativa. Contrariamente, se s for negativo, F serápositiva. Em outras palavras, o sinal de F é contrário ao do desvio s, quer dizer, F = - ks. Admitiremos que o valor de S é igual ao .. adotado anteriormente (cf. (3», isto é, que S = - bv. Chegamos, assim, à seguinte equação do movimento do corpo ma = -ks - bv, ou ma + bv + ks = O. (46) 2ds d s' l . - d'"Dado que v = e a = a u tIma equaçao a rrnbra a repre sentação d2 s ds (47)m dt2 + b di" + ks = O. A equação diferencial (47) é semelhante à equação (44) que surgiu no problema do circuito oscilatório. Não nos empenharemos a resolver a equação geral (47) (ver a observação na pág. 47), limitando-nos ao caso em que se pode desprezar a resistência do ar, isto é, quando b for insignificante em comparação com m e k. Nesta condição (47) tomará o aspeto d2s k -d2 + s = O. (48) t m A equação (48) é a de um movimento oscilatório harmônico com freqüência 00= W e período T 21t W. A sua solução dá-se, segundo (42), por (49)s = RCOS(Wt - cpo} 46 onde R e CPo se calculam a partir das condicões iniciais So e vo. Observação. A fim de chegar à equação do movimento harmô nico, tínhamos, no caso do pêndulo e do corpo suspenso por uma mola, desprezado o atrito e a resistência do ar e desprezado a resistência ôhmica do circuito, no caso do circuito oscilatório. Estas simplificações significam fisicamente que não há perda de energia e permitem, do ponto de vista formal, omitir o termo que contém a primeira derivada. Como conseqüência resultaram oscilações estritamente periódicas, sem amortecimento. O que aconteceria se tivéssemos, nos problemas abordados, levado em consideração a resistência do ar ou a queda de tensão ocasionada pela resistência ôhmica? O que distingue, por exemplo, . as soluções das equações (44) e (45)? Pode-se mostrar mediante cálcúlos que omitiremos que a equação (44) descreverá igualmente um movimento oscilatório, se R não for demasiado grande. A amplitude das oscilações diminuirá, porém, com o tempo, se observando, por conseguinte, um movimento amortecido. Fisicamente este fenômeno se explica pela dissipação de energia gasta no aquecimento do condutor elétrico ou no aquecimento do ar fendido pelo pêndulo. Se a respectiva resistência for, porém, pequeI1a, o movimento, observado durante um lapso relativamente curto, pouco se distinguirá do movimento harmônico sem amortecimento. Assim, um pêndulo maciço, obrigado a oscilar com pequena amplitude, deverá efetuar um número considerável de oscilações, bem superior a 10 ou 15, para que a diminuição da amplitude se torne visível a olho. Mencionaremos, a título de ilustração, a expressão que dá a solução exata da equação (47). Admitamos que o coeficiente b que caracteriza a resistência do ar não é demasiado grande, precisamente, que b < 2 v;;;k. Neste caso, a solução da equação (47) será -~.t (Vk (b)2 ) S = Re 2... cos m - 2m t - CPo , (50) onde R e CPo se determinam pelas condições iniciais. Desta fórmula resulta imediatamente que o módulo de s tende com o b --'i tempo para zero graças ao fator e 2m. Na figo 12, os gráficos a e b são os da função (50) para diferentes valores de 2~-' l' b . I . .Quanto menor lor 2m-' tanto maiS ento sera o amorteCImento das oscilações. Convém comparar estes gráficos ao do movimento 47 " '" (ln,=O,4) o) • 5 b) c) Fig. 12 harmônico dado por (49) e mostrado na figo 12, c (a fórmula (50) se transforma com 2~- = O na fórmula (49». Observemos que, para valores grandes de b, a saber, b > 2 y;;;k, a solução se dará por uma fórmula distinta de (50). Ne~te caso, o corpo, tendo passado ao máximo uma única vez ,pelo seu ponto de equilíbrio, se aproximará lentamente do ponto mencionado, permanecendo acima ou abaixo deste. 48 APLICAÇÕES SUPLEMENTARES DA DERIVAÇÃO MÁXIMOS E MÍNIMOS Diz-se que uma variável y depende ou é uma função de x, se a cada valor atribuído a x corresponde um e um só valor de y. Assim, a área do círculo é função do raio, dado que se calcula a partir deste. Um outro exemplo é o das funções trigonométricas seno, co-seno, tangente, etc., que se encaram como funções do ,respectivo ângulo. Dada uma função y de x, examinemos o problema de encontrar o valor de x para o qual y assume o seu valor máximo. A fim de formulá-lo mais precisamente, necessitaremos do conceito de domínio de uma função que ilustraremos mediante os seguintes exemplos. Consideremos, para começar, um quilograma de água. Seja V o seu volume para uma pressão atmosférica normal e temperatura de t graus centígrados. Neste caso, V dependerá de t, isto é, será uma função de t. E claro que a última estara definida unicamente para valores de t compreendidos entre O e 100 graus, uma vez que sob pressão normal a água não poderá para t < 0° ou t > 100 permanecer no estado líquido, dado que se transformará em gelo ou se evaporará segundo o caso. Portanto, V como função de t estará definida apenas para t ;;J!: Oe t ~ 100, ou seja, para O ~ t ~ 100. Resumindo, V está definida somente para O ~ t ~ 100. A reglao O ~ t ~ 100 é o que se chamará de domínio de V. Tal região chama-se intervalo, os números O ~ t ~ 100 preenchendo precisamente um intervalo da reta numérica. Os números O e 100 se chamarão extremidades do intervalo, os demais pontos tais que O~ t ~ 100 se chamando pontos interiores. Qualquer ponto interior to se caracteriza pelo fato de existirem pontos do intervalo situados à direita e à esquerda de to. As extremidades não gozam desta propriedade. Um outro exemplo é o da intensidade da corrente i no circuito da figo 3, t segundos após termos fechado o interruptor. A inten sidade i será função de t como se mostra na pág. 29. E razoável examinar os valores de i apenas para t ;;J!: O, dado que para t < O não havia corrente, o domínio de i estando constituído, portanto, 49 dos pontos t ~ O. Esta região (uma semi-reta numérica) tem uma única extremidade, a saber, t = O, os demais pontos sendo interiores. Ao contrário, o dominio da função Y = sen x coincidirá com a reta numérica toda e não terá, portanto, nenhuma extremidade. Bem que existam funções com os mais variados domínios, examinaremos apenas casos em que estes coincidem com um intervalo, uma semi-reta ou o eixo numérico. •Voltando ao nosso problema da determinação do máximo de uma função, observemos, antes de tudo, que este pode, eventual mente, se assumir na extremidade do domínio. De fato, o volume V de um quilograma de água sob pressão normal será máximo, a água se dilatando ao aumentar a temperatura, precisamente no ponto t = 100°, ou seja, na extremidade do dominío de V. A derivada permite encontrar, em muitos casos, o máximo de uma função. Precisamente, vale a seguinte afirmação. Suponhamos que Y seja uma função de x e assuma o seu valor máximo num ponto x = a interior ao seu domínio. Então a derivada d d~ • se anula neste ponto. Demostremos esta asserção. Denotemos por y", o valor de y que corresponde a x, este pertencendo ao domínío da função. Pela hipótese, o valor Ya que assume a função para x = a é máximo, isto é, Ya ~ y", (51) para qualquer x do domínío da função. O valor da derivada _~~ no ponto x = a dá-se pela relação dy I = lim Ya+h - Ya . (52)dx _~_ h ... O h Mostremos que esta é nula. Façamos tender h para zero atribuindo-lhe, primeiramente, valores positivos. O numerador Ya+h - Ya da fração cujo limite se toma satisfaz, graças a (51), a desigualdade Ya+h - Ya ~ O, se tendo, ao mesmo tempo, h > O. Logo, a fração mencionada pode ser ou nula ou negativa, o seu limite não podendo, por conseguinte, ser positivo. Assim, a derivada (52) não pode ser positiva. Façamos agora tender h para zero, atribuindo-lhe valores negativos. Então como antes, em virtude de(51), YII+h - Ya ~ O, * A condição desta derivada existir no ponto em questão. Existem funções não gozando desta propriedade. 50 se tendo, porém, h < O. Logo, a fração considerada e, por con seguinte, o seu limite (ou seja, a nossa derivada) não podem ser negativos. Assim, a derivada -~~ calculada no ponto x = a, não sendo nem positiva nem negativa, é nula, concluindo-se a demonstração. Observemos que é essencial, nesta demonstração, que o ponto a em questão seja um ponto interior ao domínio da função. De fato, ao atribuirmos a h valores tanto positivos como negativos, a + h se tornava, segundo o caso, superior ou inferior a a. Se, por acaso, a. for uma extremidade do domínio, a este pertencerão ou apenas pontos situados à direita de a, ou apenas os situados à esquerda, a demonstração deixando de ser válida. . A questão concernente ao estabelecimento do mínimo de uma função (em vez do máximo) conduz a considerações semelhantes e a um resultado afirmando que num ponto de mínimo que for interior ao domínío de uma função a derivada desta se anula. Reunindo os casos de máximo e de mínimo, obteremos o seguinte resultado que se deve a Fermat·. TEOREMA. Se uma função assumir o valor máximo (ou mínimo) num ponto interior ao seu domínio. então a sua derivada se anulará neste ponto. Neste teorema se baseia a determinação do máximo e do mínimo de funções por meio da derivação. Assim, o ponto no qual a função assume o seu valor máximo (ou minimo) deve ser escolhido entre as extremidades do domínío e os pontos interiores a este nos quais a derivada se anula. EXEMPLO 11. Suponhamos que um aparelho elétrico, digamos, de aquecimento, esteja ligado a urna bateria de força eletromotriz E e resistência interna r. Estabelecer a resistência do aparelho que lhe permitirá consumir a maior energia. Solução. Se denotarmos a resistência do aparelho por R, a resistência total do circuito será R + r, donde a corrente que circulará se dá por . E 1= -.--. R+ r A potência consumida pelo aparelho sendo W = j2R, teremos E2R (53)W= (R + r)2' Logo, o problema consiste em encontrar o valor de R para o qual * Matemático francês do século XVII. 51 r" a função W definida pela fórmula (53) assume o seu máximo. O dominio da função W coincide com a semi-reta R ~ O, a resistência de um condutor não podendo ser negativa. Encon . d dWtremos a denva a dR: E 2 (R + h) E2R dW = Iim (R + h + r)2 - (R"+r)2 dR n-+O h = Iim E2 [(R + h)(R + r)2 - R (R + h + r)2] 11-+0 h(R + h + r)2 (R + r)2 2 R2 r2 R 2 . r - Rh - r - R -hm - - ___ - 11-+0 (R + h + r)2 (R +r)2 - (R + rt - (R + r)3 . . d dW.. ~Para que a denva a dR ' Isto e, a ramo r R se anule, é necessário que se anule o numerador, quer dizer, que R r. Logo, a potência W poderá assumir o seu maior valor seja em R = r, seja na extremidade R O do seu domínio. No ponto R O, porém, a potência é nula, isto é, assume o seu valor mínimo e não máximo. Logo, este máximo pode se assumir eventualmente apenas em R = r, isto é, quando a resistência do aparelho for igual à da bateria. Tendo estabelecido unicamente a possibilidade de que a potência seja máxima para R = r, resta verificar se esta assume de fato o seu valor máximo em R = r. Efetivamente, a potência W é nula para R = O e se torna arbitrariamente pequena ao crescer a resistência R, dado que o mesmo vale para o corrente i, uma vez que a queda de tensão no aparelho não excede E. Daqui resulta que a potência deverá necessariamente ser máxima para um certo valor (não demasiado grande) de R. Do fato desta poder assumir tal valor apenas em R = r, decorre que este é precisamente o ponto procurado. EXEMPLO 12. Achar as dimensões do cilíndro de- menor super fície cujo volume é V. Solução. Denotemos por R o raio da base do cilíndro e por h, a sua altura. Então v = 1tR2h, 52 donde V h = 1tR2 . A superfície do cilindro sendo S = 21tR2 + 21tRh, teremos 2V S = 21tR2 + R' (54) O problema consiste em encontrar R para o qual S, que é função de R, assume o menor valor. Encontremos a derivada ~!: 2 " dS . [21t(R + h)2 + R ~hJ-[21tR + 2:J -=hm = dR 11-+0 h 2 2Vh . 21t (2Rh + h ) - R (R + h) = hm ------:-----.::.----':.... 11-+0 h . r ] 2V2V =1~ 41tR + 27th - R (R + h) = 41tR -]i2' 3 Igualando a derivada ~! a zero, encontramos R ~, donde 3 3 4 h= V =V; =2 ~=2R. Logo, a altura do cilindro deve ser igual ao seu diâmetro. A fim de mostrar que esta relação determina de fato o cilindro de menor superfície possível, observemos que esta superfície será, para valores grandes de R, igualmente grande, em virtude do crescimento do primeiro termo da expressão (54) de S. Ao contrário, ao diminuir R, o mesmo acontecerá em virtude do crescimento do segundo termo. Logo, para um certo R, nem demasiado grande, nem demasiado pequeno, S deverá assumir o seu valor minimo. A derivada ~! se anulando, porém, unicamente para o valor encontrado de R, a este corresponde, de fato, a menor superfície do cilindro. Contentaremo-nos com estes exemplos. Uma grande variedade de exercícios deste gênero se propõe nos manuais de Cálculo. Pode-se sugerir ao leitor que resolva alguns deles, a condição de que não omita a fase 53 x .,..' final, a saber, a verificação do fato que no ponto encontrado ocorre o máximo ou o mínimo segundo o caso. Nos manuais de Cálculo, dão-se critérios de verificação mais elaborados. Ademais, formulam-se regras de cálculo de derivadas. Tendo presumido que o leitor as desconhece" fomos obrigados a calcular as nossas derivadas diretamente a partir'pa definição geral. o TRAÇADO DE TANGENTES Seja L uma curva e Mo, um certo ponto desta. Examinemos a questão do traçado da tangente a L em Mo. Precisemos, antes de tudo, a definição de tangente. Toda reta, denotemo-la por MoM, que passar por Mo e um outro ponto qualquer da curva M, será obviamente uma secante. Se M, permanecendo sobre L, tender para Mo (na figo 13 se ilustram as posições consecutivas M, M', M", ... do ponto M~ a secante efetuará um movimento giratório em torno de Mo. Se a secante MoM tender, M se aproximando de Mo, para uma certa reta MoK, então esta reta limite se chamará tangente a Lem Mo- Se L estiver compreendida no plano com um sistema de coor denadas dado, então a cada ponto M de L corresponderão a sua abscissa x e ordenada y. Denotemos por a abscissa de Mo (fig. 14) e por h, o comprimento do segmento NoN. A abscissa de M será então igual a a + h. Denotemos por Y.. a ordenada de Mo e por Y.. +Ir a de M. O comprimento do segmento MP então se expressará por MP = MN - PN = MN - MoNo =Y..+Ir - Y.., donde resulta MP MP Y.. +II - Y.. (55)tgLPMoM= MoP = NoN = h Denotemos por a o ângulo PMoK, a saber, a ângulo entre o eixo das abscissas e a tangente. Então, ao M se aproximar de Mo, Fig. 13 54 Fig. 14 isto é, ao tender para zero o comprimento do segmento N oN = h, o ângulo PMoM e a sua tangente tenderão respectivamente para a e tg a. Assim, passando ao limite na relação (55) com h -+ 0, obtemos tg a = lim Ya+ll - Y,a = dy n-'O h dx Resumindo, a tangente trigonométrica do ângulo que uma tangente faz com o eixo das abscissas é igual ti derivada da ordenada Y em relação à abscissa x no ponto x = a da curva em que esta tangente está traçada. EXEMPLO 13. Consideremos a senóide (fig. 15), isto é, a curva cuja equação em coordenadas cartesianas é Y = senx. Construir a tangente a esta curva num ponto Mo de abscissa a. O coeficiente angular da tangente será, como vimos, igual a tga = .dy I = ~sen = cosa dx %=a dx y Fig. 15 55 x .,..---...,. (ver (36». Logo, a fim de construir a tangente, deve-se calcular cos a (o que é facil