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P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 1 PEDIATRIA 1 O RNT na sala de parto: recepção, adaptação e classificação RNT no alojamento conjunto Aleitamento materno Crescimento nos dois primeiros anos de vida – identificação de distúrbios Desenvolvimento nos dois primeiros anos de vida – identificação de distúrbios Crescimento do pré-escolar – identificação de distúrbios Distúrbios nutricionais: anemias e carência de micronutrientes; desnutrição e obesidade Diarreia, desidratação e parasitoses mais comuns na infância Crescimento e desenvolvimento do adolescente Aspectos psicossociais e comportamentais da adolescência Imunizações Higiene e saúde bucal Mortalidade na infância A criança vitimizada Prevenção de acidentes http://www.desenhoseriscos.com.br P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 2 O RECÉM NASCIDO NORMAL O PRÉ-NASCIMENTO: Dados: Sobre a mãe; Obstétricos maternos; Sobre a gestação atual; Sobre o trabalho de parto; Caráter de antecipação sobre o parto e o pós-parto (possibilidades); Caráter de antecipação sobre intercorrências do parto. PREPARANDO A SALA DE PARTO: A necessidade de reanimação é previsível; A necessidade de reanimação pode ser inesperada (o bebê nasce bem, mas depois precisa de ajuda); Todo parto requer o preparo para condições adversas; Manutenção da temperatura corporal: o Fonte de calor radiante; o Material para secar o neonato (líquido amniótico esfria > assim como o corpo do bebê); Estabelecimento/ manutenção de vias aéreas; o Posicionar o neonato; o Aspiração de vias aéreas superiores. Estabelecimento de ventilação do neonato; Estabelecimento de circulação do neonato. ABC da reanimação neonatal: A (airway): via aérea pérvia; B (breathing): respiração; C (circulation): circulação VITALIDADE DO NEONATO Boletim de Apgar: Pontos 0 1 2 FC Ausente <100/minuto >100/minuto Respiração Ausente Fraca, irregular Forte, choro Tônus muscular Flácido Flexão MM Movimento ativo Cor Cianótico/pálido Acrocianose Rosado Irritabilidade reflexa Ausente Algum movimento Choro Obs.: é o método mais comumente empregado para avaliar o ajuste imediato do RN à vida extra-uterina, avaliando suas condições de vitalidade. Consiste na avaliação de 5 itens do exame físico do RN, com 1, 5 e 10 min de vida. Para cada um desses itens é atribuída uma nota de 0-2. Somam-se as notas de cada item, e temos então o total, que vai de 0-10. Uma nota de 8-10, presente em 90% dos RN significa que o bebê nasceu em ótimas condições. Uma nota 7 significa que o bebê teve uma dificuldade leve. De 4-6 traduz uma dificuldade de grau moderado, e, de 0-3 uma dificuldade de ordem grave. O boletim Apgar de primeiro minuto é considerado como um diagnóstico da situação presente, índice que pode traduzir sinal de asfixia e da necessidade de ventilação mecânica. Já o Apgar de quinto e de décimo minuto são considerados mais acurado, levando ao prognóstico as saúde neurológica da criança. <http://www.uff.br/disicamep/escala_de_apgar.htm> EXAME FÍSICO EM SALA DE PARTO: Ectoscopia geral (face e extremidades); Palato (ex.: fenda palatina); Perviedade: o De coanas o De esôfago o De ânus Genitália; Umbigo (clampeamento); Impressão plantar e identificação. Sonda nasogástrica: para verificar se o bebê tem atresia de coanas ou de esôfago. A realização de aspirado gástrico de rotina ainda é polêmica, pois pode ocasionar estimulação vagal (parassimpática) bradicardia. No entanto, ela ainda é preconizada para todos os RN, mesmo sabendo-se que existe esse risco (portanto, a equipe deve estar preparada caso haja necessidade de reanimação do bebê). Obs.: regurgitação de saliva se a saliva for aerada sinal semiológico de atresia de esôfago. Imperfuração anal: introdução da sonda no ânus. Obs.: se o bebê eliminar mecônio logo após o nascimento não é necessário a introdução da sonda. Fístula retovesical: Pode “urinar” mecônico - mas o mecônio é muito espesso, e, portanto, não passa. O bebe tem que eliminar mecônio em pelo menos 24h; Nutrição parenteral, programação cirúrgica, colostomia, ostomia. Fístula retovaginal – forma uma ‘cloaca’. Meninas – podem eliminar mecônio pela vagina. *Obs.: nenhum RN pode receber alta hospitalar sem ter eliminado mecônio. Bebe normotérmico, em condições aptas de respiração deve-se fazer um exame sumário na sala de parto, para ver se não há nada de aberrante. P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 3 CARACTERÍSTICAS DO RNT E RNPT Terminologia: Segundo o CFM Brasil é obrigatório registrar fetos > 500g ou IG 20/22 sem. ou com 25 cm; Nascimento: • Nascido vivo: independente da IG. Após o parto presença: respiração, batimento cardíaco, movimento voluntário. • Óbito fetal: independente da IG: Após o parto ausência: respiração, batimento cardíaco e movimento voluntário. Obs.: natimorto = óbito fetal. Idade gestacional: DUM; USG (de 1o. Trimestre, mais recente) Exame da maturidade física e neurológica do RN. Classificação: Quanto ao peso (P); Quanto à idade gestacional (IG); Quanto à relação P/IG; Quanto ao estado nutricional; Quem é o recém-nascido (RN)? RECÉM NASCIDO Bebê < 28 dias Período neonatal precoce < 7 dias Período neonatal tardio 8 – 28 dias Classificação do RN quanto ao peso: RN de baixo peso (RNBP) 1500< PN < 2500g RN de muito baixo peso (RNMBP) 1000 < PN < 1500g RN de extremo baixo peso (RNEBP) PN < 1000g RN excessivamente grande PN > 4500g Classificação do RN quanto à IG: RN prematuro extremo IG < 28 sem RN prematuro (RNPT) 28 sem < IG < 37 sem RNPT tardio 34-36 sem RN a termo (RNT) 37 sem < IG < 42 sem RN pós termo IG > 42 sem Obs.: RN PT tardio: tem um prognóstico muito melhor. Muitos são provenientes de cesáreas eletivas (maior problema: hipertensão pulmonar). Classificação do RN quanto à relação P/IG: RN grande para a idade gestacional (GIG): PN > P90 p/ IG RN adequado para a idade gestacional (AIG): P10 < PN < P90 p/ IG RN pequeno para a idade gestacional (PIG): PN < P10 p/ IG. Curva de Lubchenco Classificação quanto ao estado nutricional: (pouco utilizada) Eutrófico Mal nutrido fetal: grau 1, 2 e 3; Hidratação, textura, descamação, fissuras cutâneas, quantidade de TCSC, impregnação meconial (unhas, pele e cordão). RN PIG: Retardo de crescimento intra-uterino; Simétrico ou assimétrico; Elevada associação com prematuridade. Obs.: 1º. Órgão a desenvolver-se SN Portanto, quem tem o melhor desenvolvimento neurológico é o RN assimétrico; Alguma coisa deve ter acontecido durante a gravidez para que esse bebê tenha nascido PIG – nesse caso é melhor que ele seja assimétrico se o cérebro foi formado adequadamente, os outros sistemas também devem ter tido um desenvolvimento adequado assim, o que deve ter faltado nesse RN foi apenas tecido celular subcutâneo. Idade gestacional: Idadegestacional pelo exame da maturidade física e neurológica do RN: Capurro: Forma da orelha; Tamanho da glândula mamária; Formação do mamilo; Textura da pele; Quantidade de pregas plantares. Para cada um desses itens são atribuídos alguns pontos: IG = soma dos pontos + 204/7 P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 4 Forma da orelha: (0) chata, disforme, pavilhão não encurvado; (8): pavilhão parcialmente encurvado na borda; (16): pavilhão parcialmente encurvado em toda parte superior; (24): pavilhão totalmente encurvado; Tamanho da glândula mamária: (0): não palpável; (5) palpável, menos de 5mm; (10) entre 5 e 10 mm; (15) maior que 10mm; Formação do mamilo: (0) = apenas visível;( 5) = aréola pigmentada – diâmetro menor que 7,5 mm;(10)= aréola pigmentada, pontiaguda – diâmetro menor que 7,5 mm, borda não levantada; (15) = borda levantada – diâmetro menor que 7,5 mm. Pele: (0): muito fina, gelatinosa; (5) fina e lisa; (10) mais grossa, discreta descamação superficial; (15): grossa, rugas superficiais, descamação nas mãos e pés; (20): grossa, apergaminhada com gretas profundas. Pregas plantares: (0): sem pregas; (5) marcas mal definidas sobre a parte anterior da planta; (15): marcas bem definidas sobre a metade anterior e sulcos no terço anterior; (20) sulcos em mais da metade anterior da planta. New Ballard: Mais critérios se for prematuro, utilizar esse critério. O NBS (New Ballard Score) é um método de avaliação da idade gestacional (IG) de recém- nascido (RN) através da análise de 6 parâmetros neurológicos (postura, ângulo de flexão do punho, retração do braço, ângulo poplíteo, sinal do xale, calcanhar-orelha) e 6 parâmetros físicos (pele, lanugo, superfície plantar, glândula mamária, olhos/orelhas, genital masculino, genital feminino), a cada um dos quais se atribui uma pontuação que na somatória determinará a estimativa da idade gestacional. Obs.: RNT: hipertonicidade muscular normal; RN PT: flácido. Situação 1: Gestante é trazida pelo SAMU ao PA do HUM em trabalho de parto, já no período expulsivo. É moradora de rua, e não fez seguimento pré-natal. Sem tempo hábil para transporte ao centro cirúrgico o parto ocorre na sala de emergência. O recém nascido é do sexo masculino apresenta-se corado, com choro vigoroso logo após o nascimento. Pergunta-se: como determinar a idade gestacional deste RN? Exame da maturidade física e neurológica do RN: Capurro. Situação 2: Gestante no 3o. Trimestre de gestação é levado ao centro cirúrgico em caráter de emergência em função de sangramento vagina. Enquanto a paciente estava sendo preparada para a cesariana, o obstetra não consegue detectar o BCF e comunica o fato ao pediatra. Realiza-se a cesárea, mas infelizmente o bebê está morto. Pergunta-se: há necessidade de atestado de óbito para o bebê? Quem deve preenchê-lo, o pediatra ou o obstetra? Óbito fetal; Obstetra. Situação 3: Gestante de 15 semanas de gestação com intensa dores abdominais chega ao PA do HUM com sangramento e ainda na sala de emergência expulsa o feto na presença do obstetra e do pediatra. Ocorre a morte do feto. Pergunta-se: há necessidade de atestado de óbito para o bebê? Quem deve preenchê-lo, o pediatra ou o obstetra? Não, ele é um aborto. Situação 4: Durante o estágio no berçário um interno do 6o. Ano depara-se com a seguinte situação: RN com idade gestacional de 39 sem pela DUM incerta e pelo USG de primeiro trimestre, no entanto com PN de 2000g. Pergunta-se: o RN é prematuro? Não, RNT, PIG, BP Situação 5: Durante o estágio no berçário um interno do 6o. Ano depara-se com a seguinte situação: RN com idade gestacional de 35 sem pela DUM incerta e pelo USG de primeiro trimestre, no entanto com PN de 2000g. Pergunta-se: o RN é prematuro? RNPT, AIG, BP P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 5 CUIDADOS DE RECEPÇÃO E BERÇÁRIO *Lembrando que a aspiração de vias aéreas pode levar à estimulação vagal - por isso é importante que seja feito monitoramento cardíaco; Rotina de admissão do recém-nascido normal: Logo após o nascimento é feito clampeamento do cordão. Depois é feita um novo clampeamento para diminuir o comprimento de cordão que fica no bebê; Seringa: coletar o sangue do cordão (destinada à tipagem sanguínea do RN – é importante devido a quadros de incompatibilidade materno-fetal pode levar a um aumento da produção de bilirrubina icterícia); Fonte de calor radiante cuidados com a manutenção térmica; Apresentação do bebê à família - formação de vínculo - atenção centrada na paciente; Vacina e administração de vitamina K: Vacina: hepatite B (injeções intramusculares – coxa); Administração de vitamina K – a vit. K é um cofator para a cascata de coagulação, e, uma vez que o bebê nasce com uma certa deficiência de vit. K, isso é importante para a prevenção da doença hemorrágica do RN; Amamentação: mecanismo não farmacológico de alívio de dor e stress; Identificação - importante para a segurança da própria equipe médica - através de impressão plantar, impressão digital das mães e pulseiras; Administração de nitrato de prata (colírio) - prevenção de oftalmia gonocócica (rotina tanto para bebês de parto normal quanto de cesárea) - credeização; Rotina básica - pesagem, aferição de perímetros cefálico, torácico e abdominal; Momento de higienização (aqui no HU espera-se de 4 -6 horas para higienização, a fim de estabilização térmica do RN - a não ser que o bebe esteja muito 'sujo' ou então que o sangue materno precise ser removido com maior rapidez, em caso de mães com HIV, hepatite). É utilizado um balde, simulando um líquido amniótico. Nesse momento o bebê se acalma. Cuidados com o RN no alojamento conjunto: Serve para um binômio saudável. A mãe e o bebê precisam desse momento de transição para momentos de laços e para triagens e observações; Preconização de que o bebe fique no mínimo 48h. (estabelecer uma rotina de cuidados e a segurança clínica do bebê); Posicionar a mãe de modo adequado, fazer com que o bebê faça a pega adequada da mama; A melhor oportunidade que a equipe hospitalar tem de orientar essa nutriz. Estabelecer, orientar, corrigir possíveis erros no aleitamento materno. Fortalecer o aleitamento materno - é um dos objetivos do alojamento conjunto; Sonda nasogástrica – caso a criança logo nas primeiras horas de vida, não tenha conseguido estabelecer uma alimentação via oral (assim a sonda é uma transição); A equipe de enfermagem orienta a mãe em tarefas básicas, como, por exemplo, o banho do bebê. Em um primeiro momento, é a enfermeira quem realiza todo o procedimento (mas nunca excluindo a mãe de todo o processo); posteriormente é a mãe que assume tais tarefas; Higienização do cordão - clorexidina ou álcool 70% - higienizar e desidratá-lo para que ele fique 'mumificado'. Quem faz isso é a mãe (treinada pelo profissional de enfermagem), pois essa mãe terá que continuar a fazer isso em casa. Esse coto irá cair cerca de 1 semana depois. Obs.: o bebê nasce 'oleoso' - isso não deve ser removido (não deve ser friccionado caso contrário você causará lesão). Ele vai saindo aos poucos com os banhos. Teste do pezinho: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, fibrose cística, hemoglobinopatias normalmente feitos após 48h; Teste do olhinho – teste do reflexo vermelho (detectar reflexos vermelhos bilaterais). Opacidade indica que algo está errado. Esse teste de triagem serve para verificar se a criança tem catarata congênita (TORSCH); Teste da orelhinha: testa se o bebê tem o mecanismo pré-neural da audição; Teste do coraçãozinho: oximetria de pulso (mecanismo luminescente para verificar a saturação de Hb - esperado 92-95%). É colocado no membro superior direito e em um dos membros inferiores. P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 6 Obs.: Lado E = mistura de sangue ; por isso é feito no membro superior D ICTERÍCIA FISIOLÓGICA: A icterícia do RN é um processo benigno, mas, devido à sua potencial toxicidade, deve ser monitorada. Icterícia fisiológica: EM RN a termo ou próximo do termo < 12 mg/dl de bilirrubina Na primeira semana de vida Pico do terceiro dia de vida Qual o drama? Encefalopatia bilirrubínica Kericterus Impregnação dos núcleos da base pela bilirrubina. Hiperbilirruninemia no RN a termo saudável: Limitação do metabolismo da bilirrubina (Bb) Sobrecarga de Bb ao hepatócito: - Maior produção de Bb por hemólise (< meia vida e > Bb) - Maior circulação êntero-hepática (menor flora) Menor quantidade de ligandina intrahepatócitos; Fatores associados: Asiáticos (2-3x) brancos (2x) negros HMF para Foto tto (5x) Mães acima de 25 anos Diabetes materno (macrossomia fetal) RN entre 2000-2500g IG entre 35 e 38 semanas (déficit de sucção) Homem Traumas de parto Alta precoce do alojamento conjunto Como identificar hiperbilirrubinemia potencialmente grave? Clinicamente Laboratorialmente Zonas de Kramer: Considerando a progressão craniocaudal da icterícia, Kramer elaborou uma tabela (conforme achados estatísticos), relacionando a zona dérmica de icterícia com os níveis médios de bilirrubina indireta. Classificou em 5 zonas. Este critério é utilizado como descrição no exame físico de um recém-nascido ictérico. Apesar da correlação das zonas com valores da bilirrubina indireta, sua utilização não exclui a necessidade de dosagem da bilirrubina. Observar que quando um RN apresenta-se ictérico até Zona V de Kramer, valores como 18 ou 25 mg/100ml de bilirrubina indireta não serão diferenciados. Fototerapia: Fisiopatologia e efeito da terapia: o A meta da terapia é abaixar a [ ] da Bb circulante ou impedir seu aumento o A absorção da luz pela Bb da derme e do subcutâneo induz uma fração do pigmento a passar por várias reações fotoquímicas que ocorrem a diferentes proporções; o Estas reações geram isômeros de Bb e derivados menos coloridos e de menor peso molecular. A fototerapia com luz visível é utilizada para a prevenção do kernicterus, com o intuito de transformar a bilirrubina não-conjugada em isômeros que possam ser excretados na urina sem necessidade de conjugação. você cria uma nova via de eliminação da Bb enquanto o fígado amadurece para que consiga eliminar a Bb sozinho. P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 7 ALEITAMENTO MATERNO: O QUE FAZER PARA QUE NOSSAS CRIANÇAS VIVAM 100 ANOS? A prioridade do investimento na primeira infância é garantia de uma nação melhor. Dioclecio Campos Jr Aprender – saber cuidar: As vezes é uma coisa simples, como por exemplo, como colocar uma criança para mamar adequadamente? Apesar de simples, isso traz um benefício muito grande. Oferecendo: alta tecnologia Real necessidade do RN + High tech Do que a criança precisa? Alta tecnologia + real necessidade do RN: essas duas coisas devem ser aliadas. Parto humanizado: serie de rotinas implementadas durante o trabalho de parto, para que ele tenha alívio de dor, e para que envolva mais a família (em alguns casos até mesmo nos ambientes domiciliares). Nesse tipo de parto, a tecnologia utilizada é pequena. A criança nasce e já vai direto para o colo da mãe (o que seria ideal; não é interessante a interferência nesse processo, que é um processo fisiológico). No entanto, cada vez mais, estamos intervindo mais (maior número de cesáreas). Em alguns casos (ex.: prematuros) essa tecnologia realmente faz-se necessária. Real necessidade do RN: aconchego + amamentação Na realidade, quando o bebê nasce, a real necessidade dele é aconchego e amamentação. O bebê está dentro da barriga , envolto pelo líquido amniótico, ele engole esse líquido e urina nesse líquido também. Durante a gestação, esse bebê se movimenta (porque o líquido permite essa mobilidade); coloca o dedo na boca (reflexo de sucção); escuta os barulhos do intestino da mãe; escuta a voz da mãe de maneira abafada e o bater do coração da mãe. Ao nascer, é uma mudança muito grande para o bebê. A primeira coisa que ele encontra é a luz; respira (e ele chora - no momento em que o pulmão faz a pressão negativa, puxando o ar para dentro, isso dói - por isso ele chora). Além disso, a fonte de vida é cortada. O bebe é embrulhado no campo cirúrgico que é grosso, é levado para um bercinho super iluminado , é passada uma sonda em seu nariz, é feito o canaquion na coxa, laqueia-se o cordão, trocam-se os campo e o bebê é levado então novamente para a mãe – nesse momento ele irá sentir o cheiro da mãe, ouvir seu batimento e se tudo der certo, ele irá até ‘sugar’. Aconchego = interações mãe e filho Prolactina e Ocitocina: Ocitocina: neuro hipófise e Prolactina: adeno-hipófise Esses 2 hormônios competem com a liberação dos hormônios do estresse; Na hora que você dá o bebê para essa mãe segurar, esses hormônios começam a aumentar. Se esses hormônios sobem bastante, eles garantem a descida mais rápida do leite e também fazem com a mãe produza esse leite por mais tempo. Aconchego= contato precoce + amamentação 10947 RN de Gana normais e sadias - inicio AM X mortalidade neonatal ♦ 16% mortes neonatais evitáveis - 1º dia de vida ♦ 22% se na primeira hora. Por que amamentar? Olhos nos olhos: a primeira lição do amor Fortalecimento do vínculo afetivo Aleitamento materno x mortalidade infantil: - Quanto maior o aleitamento menor a mortalidade infantil e vice-versa P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 8 Por que leite humano? Melhor fonte de nutrientes É espécie-específico É uma substância viva de grande complexidade biológica O que o faz diferente de outros leites? Fatores de proteção IgA secretora, IgG, IgD, IgE, IgM Lisozima, lactoperoxidase, Lactoferrina (lactose + ferro torna o ferro mais absorvível. Isso é ruim para as bactérias) Leucócitos, macrófagos, linfócitos T Complementos C’3 e C’4 Fatores anti estafilococos Ác. carboxílicos (ác. graxos)- tbm acaba sendo toxico para a bact Proteinases – alteram as proteínas das bact que acabam sucumbindo Oligossacarídeos (fator bifidus) Anti-dengue e anti-cólera Interferon Melhor nutriente = saúde Bem estar físico e mental: Crescimento Desenvolvimento Desenvolvimento neuropsicomotor: 1035 RN americanos de muito baixo peso Alimentação enteral/ parenteral x leite materno Seguimento de 18 meses – escala de Bayley Para cada 10ml/kg/dia de LH ingerido: o Índice de desenvolvimento mental – 0,53 ptos o Índice de desenvolvimento psicomotor – 0,63 ptos o Escala comportamental – 0,82 ptos o Índice de re-hospitalização – 6% de chance Sobrevivência infantil: “Se aumentasse o número de mulheres que amamentam exclusivamente durante os primeiros seis meses de vida de seus filhos, seria possível, este ano, salvar a vida de pelo menos 1,3 milhão de crianças menores de um ano, em todo o mundo.” UNICEF- 2004 O aleitamento materno individualmente é a intervenção mais importante e de baixo custo que pode reduzir 13% das mortes em menores de cinco anos. Se associada a outras intervenções poderiam prevenir mais de um terço de todas as mortes infantis no mundo.Jones G. Lancet; 2003 Amamentação exclusiva – menor mortalidade: Aleitamento materno exclusivo (6 meses) oito vezes menos a probabilidade de câncer (antes dos 15 anos) Aleitamento materno exclusivo: Reduz o risco de asma: o Pelo menos durante a primeira década de vida o Particularmente evidente em crianças com história familiar de doenças atópicas Sobrevivência do prematuro - Meta-análise randomizada e controlada evidenciou que a amamentação reduz significativamente o risco de enterite necrotizante. McGuire W; Anthony MY. Archives of Disease in Childhood. 2003 Aleitamento materno x hospitalização: Millennium Cohort Study do Reino Unido (15 890 lactentes de 1 - 8 meses) Prevenção de 53% de internação por diarreia, se AME X 31%, se AM. Prevenção de 27% de internação por pneumonia, se AME X 25% se AM. P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 9 CONCLUSÃO: AME e AM traz benefício considerável para a saúde pública do Reino Unido. Proteção para mulheres que amamentam: 140 mil mulheres pós menopausa + amamentação por mais de um ano: Reduz em 12% o risco de diabetes Reduz em 13% o risco de pressão alta Reduz em 20% o risco de colesterol alto Reduz os riscos de câncer de mama e de ovário e de osteoporose Vantagens econômicas: Nas comunidades economicamente desfavorecidas, o custo de leite de vaca ou de mamadeiras, bicos e combustível para ferver a água, podem representar 25 a 50% da renda familiar OMS, 1993, O incentivo da amamentação pouparia nos Estados Unidos no mínimo $ 3.6 billhões de dólares caso os níveis atuais de 64 % nos hospitais e 29 % até os seis meses, aumentassem para 75 e 50 % respectivamente. Economic Research Service, 2001 Doenças crônico degenerativas: Evidências científicas mostram os benefícios da amamentação na prevenção das doenças crônico– degenerativas como: asma; diabete; obesidade e doenças cardiovasculares. Amamentar é construir saúde SABER CUIDAR DAS NOSSAS CRIANÇAS P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 10 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR: O que devemos saber: Reconhecer que o ser humano evolui! Reconhecer as fases do desenvolvimento motor no primeiro ano de vida; Reconhecer os dados semiológicos ao examinar a criança, que trazem informações sobre seu desenvolvimento; Saber que o desenvolvimento está intrinsecamente relacionado com a mielinização do SNC nos primeiros anos de vida. Comportamento: Comportamento é um termo conveniente para definir todas as reações das crianças, sejam elas reflexas, voluntárias, espontâneas ou aprendidas; O comportamento normal assume padrões característicos à medida que a criança se desenvolve; Padrão comportamental é uma resposta neuromotora definida a uma situação específica; Os padrões comportamentais seguem uma sequência organizada, evoluindo de maneira equiparável. Temos que ter situações equiparáveis: Ex.: 3 crianças que apresentam um padrão de comportamento diante de um estímulo externo (8-9 meses estimula a criança sorriso). Avaliação do desenvolvimento: Diz respeito ao desempenho correto de acordo com o tempo maturacional para qualquer comportamento em particular; Nos primeiros anos de vida, as aquisições serão mais rápidas (nos primeiros 5 anos); A avaliação do desenvolvimento é em essência o exame da maturidade e da integridade do SN. Obs.: parte motora: principalmente nos 2 primeiros anos. Existe um tempo para tudo! Existe um desenvolvimento biológico, natural do nosso SN , que parte da nossa macroestrutura anatômica para nossa microestrutura (DNA codifica todas as informações para que tenhamos o desenvolvimento do SNC e periférico). O exame neurológico: Deve ter uma análise transversa ... sequencial. Uma análise longitudinal ... pontual. É preciso saber qual o padrão comportamental de cada uma dessas fases. Qual a mágica? Cérebro ... 400g ... 1000g (ao final do 1º. Ano) ... 1400g (ao final do 2º. Ano não existe uma diferença muito grande do peso do cérebro de um adulto mais de 90% do desenvolvimento de nosso cérebro, em tamanho, se dá nos primeiros 2 ou 3 anos de vida) Sinaptogênese as nossas células neuronais após o nascimento continuam o desenvolvimento, aumentando a arborização dendrítica aquisição de cada vez mais conhecimento; Mielinização quanto mais jovem, mais desmielinizado: ** o estado de mielinização expressa a maturidade funcional do cérebro.** Exame do lactente: Avaliar: crânio, face, choro, praxia, força, tono muscular, movimentos involuntários, reflexos profundos e superficiais e reflexos arcaicos. Reflexos arcaicos: são extremamente importantes. A ausência de alguns desses reflexos ou sua permanência para além da fase que se considera pertinente, pode indicar alguma lesão do SNC. Ao nascer somos guiados pelos nossos reflexos arcaicos, eles são nossa forma de defesa e manutenção da vida: Reflexo de Magnus Kleinj (reflexo tônico cervical assimétrico): o bebê na posição supina sofre uma rotação da cabeça para um A cabeça se mantém lateralizada posição assimétrica nos primeiros 45d proteção das vias aéreas. Nascemos com tônus aumentado. Mantemo-nos encolhidos para economizar energia e para manter o calor (RN chega a desenvolver taquicardia, alterações metabólicas por perda de calor por isso é importante manter uma temperatura adequada na sala de parto, secar o RN). Braços encolhidos, mãos fechadas. Reflexo do esgrimista ou do espadachim. P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 11 lado por 15 segundos. A resposta esperada é a extensão das extremidades do lado do queixo e flexão das extremidades do lado occipital. Desaparecimento: aos 3-4 meses. Reflexo de sucção: ao tocar os lábios de um lactente com o cotonete, verificamos movimentos de sucção. Desaparecimento: em vigília aos 3 meses e durante o sono com 6meses. Reflexo de voracidade (de procura): ao estimular o canto da boca do bebê ou sua bochecha, o bebê vira a cabeça em direção ao lado estimulado e abre a boca. Isso porque sua visão ainda não está completamente desenvolvida (não tem definição das imagens). Quando o bebê sente o seio da mãe no canto de sua boca, ele volta a cabeça para esse mesmo lado. Marcha reflexa: segura-se o recém-nascido de pé pelas axilas e ao colocar seus pés apoiados sobre uma superfície, imediatamente ele retificará o corpo e iniciará a marcha reflexa. Desaparecimento: aos 2 meses. Reflexo de Moro (reflexo do susto/ reflexo do ‘abraço’): na posição supina (tronco para cima) eleva-se o bebê pelo tronco acima do plano da mesa e repentinamente o solta, apoiando-o em seguida para que não caia. O objetivo é produzir uma extensão rápida do pescoço e da cabeça. Obtemos a abdução seguida da adução e flexão das extremidades superiores, flexão do pescoço e choro. Desaparecimento: aos 3 meses ele desaparece em sua forma ‘típica’ ou completa, como descrito anteriormente. Aos 6 meses desaparece completamente. Reflexo de preensão palmar: na posição supina, o examinador coloca o dedo na face palmar do bebê. A resposta esperada é a flexão dos dedos e o fechamento da mão. Desaparecimento: aos 6 meses. Reflexo de preensão plantar: na posição supina, o examinador comprime o seu polegar sobre a face plantar, abaixo dos dedos. A resposta é a flexão dos dedos do pé. Desaparecimento: aos 15 meses. Reflexo cutâneo plantar em extensão: é obtido ao se estimular a sola do pé com um objeto de ponta romba, fazendo-se um risco do calcanhar à base do 5º. Dedo. Até o 4º. Mês de vida, 100% dos lactentes têm uma resposta de extensão do hálux com ou sem abertura em leque dos dedos, e isto não deve ser interpretado como um achado anormal. Além disso, esta resposta em extensão do hálux nos primeiros meses de vida não deve ser chamada de sinal de Babinski, pois este sim é um fenômeno patológico encontrado nas síndromes piramidais. No 12º. Mês, a resposta passa a ser a flexão dos dedos, e assim permanece por toda a vida. Obs.: pela aula: quando você tem esse reflexo presente em uma criança > 9 meses, aí sim, considera-se Babinsky (sinal de lesão piramidal). Aos 9 meses já é de se esperar que o bebê consiga engatinhar e ficar de pé com apoio (assim, o reflexo cutâneo plantar em extensão deixa de existir para que a criança possa andar). Passamos com o tempo a termos maior controle postural, deitar, sentar, engatinhar e andamos. Mas ... para andar, é preciso aprender a cair! É preciso aprender a levantar! Para que o bebê consiga andar, ele precisa fortalecer a musculatura glútea e o quadríceps, principalmente. E , ele faz isso na brincadeira, por exemplo, os bebês agacham e levantam como se fosse uma brincadeira, mas na realidade, isso é um aprendizado e um fortalecimento para essa musculatura. Por essa razão os andadores são prejudiciais, uma vez que ele tira esse fortalecimento natural e subsequentemente, o posicionamento correto dos ossos do quadril. Reflexo do paraquedista: segura-se o lactente pela região ventral e o aproxima da mesa de exame bruscamente , para dar-lhe a impressão de que está caindo. A resposta esperada é a de que a criança estenda os braços e abra as mãos na tentativa de proteger-se. Aparecimento: surge aos 8-9 meses* e permanece por toda a vida. (*) pela aula: aparece aos 7 meses. Se aos 9 meses a criança não tiver esse reflexo, deve ser considerado como anormal. Esse reflexo mostra para o examinador que o seu SNC está se preparando para andar, pois qualquer um de nós, quando caímos, levamos as mãos à frente (reflexo de proteção). Nós somos propulsionados a aprender, a nos desenvolver... 2 P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 12 Reflexo da propulsão: para testar o reflexo da propulsão, o bebê é posicionado em decúbito ventral, com a cabeça lateralizada. A partir dessa posição, os membros inferiores são levemente fletidos, e é dado um apoio na região plantar dos pés. A resposta esperada é uma extensão de membros inferiores e a subsequente propulsão do bebê para adiante. Estamos em constante mudança sempre! O cérebro ao longo da nossa formação se aprimora para sermos nós! O desenvolvimento cerebral pode ser separado em estágios: Neurulação: 2-7ª. Semana; - Podemos ter uma neurulação primária e uma secundária. A primária é quando temos a definição dos 3 folhetos (ecto, meso e endoderme). Conforme os folhetos vão se dobrando e definem realmente o tubo neural, temos então a neurulação secundária. Isso é importante pois qualquer alteração que aconteça com esse embrião em formação, pode vir a se manifestar como uma doença. Segmentação: 5 – 16ª. Semana; - A segmentação é o dobramento do SNC sobre si, para dar ao cérebro o formato que ele terá ao nascimento; - Por volta da 30ª. Semana já temos os principais sulcos, e, temos bem definidos, o tronco encefálico e o cerebelo. No interior, já temos também definidos diencéfalo, mesencéfalo. No entanto, a giração cortical ainda é pobre. Portanto, o cérebro vai aumentando sua superfície cortical, e isso é extremamente importante, pois a superfície cortical (neocórtex) é o nosso grande diferencial em relação aos outros animais; - Ex.: bebê prematuro – se eu tenho um bebê que nasceu com 30 semanas, eu sei que ele não tem um desenvolvimento cerebral completo. E isso quer dizer que nesse momento, seu exame neurológico será diferente do que o de um bebê com 38 semanas. E, além disso, como o cérebro não está totalmente desenvolvido, essa criança está sujeita a lesões cerebrais dependendo das condições às quais lhe forem dadas. Diferenciação e migração: 8 – 24ª. Semana; - Juntamente com o desenvolvimento a nível macroscópico, também ocorre o desenvolvimento a nível celular. Temos a diferenciação, onde vários tipos de neurônios se desenvolvem e, também temos a migração, onde as células primordiais saem da região periventricular e ‘caminham’ no sentido de atingirem as várias camadas do córtex cerebral (6 camadas). Dependendo da região do córtex estudada, ela irá apresentar essas camadas de forma diferente – por exemplo, o córtex motor tem a camada piramidal muito mais desenvolvida do que o córtex visual. Mielinização: 24ª. Semana até ..? - Não se sabe até quando ela vai. Achava-se até algum tempo que era até os 2 anos, depois falava-se em 7 anos. No entanto, como a plasticidade neuronal é muito grande, pode ser que isso perdure até a vida adulta, porém de forma muito mais discreta. 3 P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 13 DESENVOLVIMENTO NOS DOIS PRIMEIROS ANOS DE VIDA - IDENTIFICAÇÃO DE DISTÚRBIOS INTRODUÇÃO: Crescer é a principal característica da infância (é um processo dinâmico); O crescimento é um dos principais indicativos de saúde; OMS recomenda o acompanhamento do crescimento infantil para reduzir a mortalidade infantil; Um dos principais motivos de consultas. Obs.: o crescimento é máximo nos dois primeiros anos de vida (o momento em que há maior crescimento: período pré-natal – 50 cm; mas, considerando o período pós-natal, o crescimento é máximo nos dois primeiros anos). Crescimento: Primeiroano: 25 cm/ano; Segundo ano: 12 cm/ ano; Obs.: variação de mais ou menos 2 cm. Crescimento normal: Quais os fatores que interferem no crescimento? Genética; Hormônios – TSH, GH; Sociais e ambientais (atividade física); Nutricionais. Obs.: Fator nutricional se não há uma alimentação adequada, não há como formar tecido muscular, ósseo, o que é particularmente importante nos dois primeiros anos de vida estimular o consumo de alimentos integrais, verduras, frutas, leguminosas. Herança genética é importante não somente nos dois primeiros anos de vida, mas sim ao longo de todo o desenvolvimento. Como é realizada a avaliação do crescimento? A avaliação do crescimento é realizada através da antropometria: peso, estatura e perímetro cefálico; Sua aferição deve seguir técnicas e as pessoas devem ser treinadas; Essas medidas são comparadas nas curvas. Peso em lactentes: Utiliza balança pediátrica; Distribuição de peso, sem que os pés ou mãos toquem outra superfície. Obs.: a criança deve estar totalmente dentro da plataforma, livre. Primeiros dias de vida perda de 10% de seu peso de nascimento; Aos 10 dias recupera o peso de nascimento; Ganho de peso no primeiro trimestre 20/30 g/dia (podendo ser um pouco mais se a criança estiver em aleitamento materno exclusivo); 4-5 meses dobra de peso; 1º. Ano triplica o peso; 2º. Ano quadruplica; Durante o segundo ano: média: 2,5 kg. Estatura: Comprimento até 2 anos: Técnica: Criança deitada em superfície plana e firme; O comprimento é a medida entre a cabeça e a planta de ambos os pés; Régua antropométrica horizontal: Obs.: medir em pé x medir deitado: Pode-se ter uma diferença de até 2 cm; A partir de 2 anos deve-se medir a criança em pé; Se a criança com 2-3 anos for medida deitada esse dado deve ser anotado em sua ficha (“medição deitada” – e assim, quando a medição passar a ser com a criança em pé, nós saberemos que ela pode ‘perder’ até 2cm, mas que isso na verdade reflete apenas a utilização de técnicas diferentes). Velocidade de crescimento: É diferente entre meninos e meninas: O estirão dos meninos maior em amplitude e em época (ao invés de ser aos 11, ocorre aos 14 anos); Diferença de 13 cm entre meninos e meninas. Velocidade de crescimento: Primeiro semestre: 15 cm; Segundo semestre: 10 cm; Primeiro ano: ganho 50% da altura de nascimento; Média nascimento: 50 cm; 12 meses: 75 cm (+ 25 cm); Obs.: variações na estatura podem refletir doenças crônicas. Perímetro cefálico: Essencial nos primeiros 3 anos: reflete crescimento cerebral; Técnica: o Fita métrica inextensível; o Circundar todo o crânio (da glabela até o occipito – obs.: não passar a fita no pavilhão auricular) Ao nascimento: 35 cm; Nos 2 primeiros anos de vida: fator nutricional é o mais importante A cabeça da criança fica na parte fixa da régua. P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 14 Primeiro trimestre: 2 cm/mês; Segundo trimestre: 1 cm/mês; Próximos 6 meses: 0,5 cm/mês; Primeiro ano: 12 cm; Primeiro ao terceiro ano de vida: 0,25cm/mês; 3cm/ano. Normocefalia; Macro/microcefalia. Como avaliar o crescimento: Como comparar dados: Principais curvas de crescimento que existem: NCHS: foi a primeira grande curva feita no mundo, no entanto, utilizou dados de apenas uma única cidade; OMS: grande estudo multicêntrico para tentar criar uma curva que fosse aplicável no mundo inteiro; Marcondes: foi feita no ABC paulista na década de 70 (nessa época, a população desse local era basicamente de nordestinos – portanto, não foi um referencial adequado, pois não refletia o Brasil). O que é recomendado hoje? OMS NCHS ou CDC: Foi criada em 1977 nessa época vivia-se o “boom” do aleitamento artificial; Dados somente dos EUA; 2000 – revisão dados – foram incluídas crianças em aleitamento materno; Em 2000 também surgiu a primeira curva de IMC 2- 20 anos realizada em percentis (não dava para fazer comparações entre populações). Novas curvas da OMS: 1993: comitê da OMS ressaltou problemas técnicas; Começou uma nova curva com 8500 lactentes e crianças sadias; O estudo era longitudinal até 24 meses e depois era transversal (longitudinal: acompanhar a mesma criança nos dois primeiros anos; transversal: várias crianças, com 3, 4, 5 anos para serem colocadas na curva); Estudo multicêntrico, com vários países e continentes (o Brasil participou – Pelotas –RS). Conclusões: Estudo rigoroso, equipe treinada, instrumental padronizado; Mães dispostas a amamentar; parto a termo; enfim, condições que garantissem que aquelas crianças estavam bem. Resultados: 1) Grande uniformidade entre os dados dos 6 países quem é amamentado no peito tem um mesmo padrão de crescimento e de ganho de peso (a criança da África amamentada no peito, sem nenhum problema grave de saúde, cresce da mesma forma que a criança dos EUA, ganhou peso igual a criança do Brasil, da Índia,..); 2) O novo padrão de curvas representa o crescimento infantil normal sob condições ambientais ótimas; 3) Estas novas curvas devem ser usadas em qualquer país. 2006 curvas de crescimento OMS: 0 – 5 anos: Peso para idade; Altura para idade; Peso/ altura; IMC para idade; Perímetro cefálico; As curvas foram feitas em Z escore (desvio padrão). E também foi feita a relação para percentil. Isso permitiu a comparação entre as populações. Z escore 0 média; Quando pegamos, por exemplo, uma população que está entre Z score -2 e Z score +2 a maioria das pessoas com peso, altura normais estariam dentro desse intervalo. Poucas pessoas normais estariam abaixo do Z score -2 ou acima do Z score +2. Para quase todas as curvas: entre Z escore +2 e -2 dentro da normalidade. Obs.: exceção será feita ao IMC. Na prática, utiliza-se muito o percentil: Não tem Z score -1 ANA Highlight P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 15 Se o zero é a média, também será a mediana, pois 50% da população da amostra está ali. Por definição, percentil é frequência acumulada de crianças ou adolescentes que estão abaixo do percentil e é representado pela área a esquerda da linha vertical que define a porcentagem da população que apresenta exatamente aquele percentil ou escore z. Percentil 3 ou percentil 97 (extremos) investigar para doenças e anormalidades. Comparação entre o gráfico do NCHS e da OMS: NCHS: no início a criança ganhava menos peso e depois ela ganhava mais peso; OMS: é justamente o contrário, porque no aleitamento materno, a criança ganha muito peso no início e depois estabiliza. Obs.: já na fórmula infantil a criança vai ganhando cada vez mais peso obesidade. IMPORTANTE: O crescimento é um dos maiores indicadores de saúde; Até o segundo ano, o fator nutricional é o que mais importa !! A velocidade de crescimento: 1º. Ano: 25 cm 2º. Ano: 12 cm Triplica o peso no primeiro ano; quadruplica no segundo ano; As técnicas de aferição abaixo de 2 anos: estadiômetro horizontal; balançapediátrica; É importante medir, pesar e interpretar as curvas de crescimento; ANA Highlight P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 16 CRESCIMENTO DO PRÉ-ESCOLAR E ESCOLAR E SEUS DISTÚRBIOS: Objetivos: Técnicas de aferição em crianças > 2 a; Reconhecimento anormal: Estatura alvo e canal familiar; Reconhecer crescimento alterado – investigação inicial e crescimento anormal. Crescimento: Crescer é a principal característica da infância; As alterações são uma das principais causas de consultas pediátricas; Queixa comum: “ele não cresce”. Crescimento pré-escolar (2 a 6 anos): Criança perde o aspecto roliço e afina; Diminuição da ingesta alimentar pela redução do crescimento; Ganho de peso: 2 – 2,5 kg/ano; Importante registrar no cartão da criança: peso, altura e anormalidades; Colocar no gráfico e mostrar aos pais; Acompanhamento a cada 4-6 meses (até 6 meses consulta mensal; depois:7º. ; 9º. Mês e com 1 ano). Crescimento escolar: 7 – 10 anos (puberdade): Ganho de peso: 2,5 – 3 kg/ano; Geralmente procuram apenas no momento da doença; Ideal: são consultas anuais de puericultura. Obs.: é importante a consulta para detectar distúrbios, doenças, como, por exemplo, um câncer precoce. Fatores de crescimento: Nutricional; Ambiental; Doenças crônicas (cardiopatias, renal, má absorção, infecções de repetição); Genéticos; Hormonais (GH, TSH,..); Obs.: - Nutrição: se não tiver aporte proteico, calórico não tem crescimento; - Hormonal: até os dois anos de idade, o principal fator é o nutricional. A partir disso, os hormônios assumem um papel muito importante – GH, hormônios tireoidianos influenciam em todo o metabolismo, ajudam a formar as tecidos, cognição, ganho e perda de peso,..; - Genética: a partir dos dois anos tem uma influência muito grande (começa a buscar o canal familiar); - Doenças crônicas: influenciam negativamente no crescimento; - Ambiental: atividade física, esportes, brincadeiras, luz solar, estímulos, etc. Produção do hormônio do crescimento (GH): Hipotálamo produz GHRH estimula a produção de GH pela hipófise anterior fígado: IGF-1 (fator ativo do hormônio do crescimento) liga-se a IGFBP (proteínas) atua no crescimento muscular, ósseo, etc. Portanto, se a criança não tem um aporte proteico adequado produção inadequada de IGF não cresce. Velocidade de crescimento médio: Obs.: por que homens são em média 13 cm mais alto do que as mulheres? Porque a amplitude do crescimento é menor nas mulheres, Além disso, o tempo de crescimento é maior nos homens. Técnicas de aferição em crianças > 2 anos: Estadiômetro vertical; Posicionamento de Frankfurt; Os pés podem estar juntos ou ligeiramente afastados; Encostar o occipito na parede; Linha reta, olhar para o horizonte, 90º. Obs.: medir em pé x medir deitado medição em pé= diminui 1,5-2 cm; Curvas de crescimento – OMS: 5 – 19 anos: Peso para idade: 5 – 10 anos; Altura para idade: 5 – 19 anos; IMC: 5 – 19 anos. 1º. Ano 25 cm 2º. Ano 12 cm 3º. Ano 8 cm 4º. Ano até a puberdade 5 a 7 cm 1 ANA Highlight ANA Highlight ANA Highlight ANA Highlight ANA Highlight ANA Highlight ANA Highlight P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 17 O melhor gráfico para seguir a criança por toda a sua vida é o IMC, pois ele segue até os 19 anos. O gráfico de peso, por exemplo, foi feito até os 10 anos em função da obesidade – a partir dessa idade existia uma discrepância muito grande entre os dados de crianças dos EUA e da África, por exemplo. A partir dos 10 anos, a partir dos dados já existentes do CDC foi feito o gráfico do IMC. Obs.: na maioria das vezes Z score entre -2 e +2 está dentro da normalidade. Avaliação do crescimento: ANAMNESE: 1) Alimentação; 2) Atividade física; 3) Sono; 4) Peso e comprimento ao nascimento; 5) Doenças crônicas ou infecções de repetição; 6) Altura dos pais. Obs.: crianças PIG podem não crescer adequadamente (quase 20% não crescem de forma adequada e precisam ser tratadas). ESTATURA ALVO E CANAL FAMILIAR: Estatura alvo: Previsão genética: estatura alvo +/- 2DP Obs.: na prática considera-se um desvio padrão de 5 cm. Desenhar no gráfico o canal familiar. Obs.: a maioria das crianças fica dentro de um desvio padrão 5 cm; Obs.2: quando a diferença de altura entre os pais é muito grande a criança pode não ficar dentro dessa média. EXAME FÍSICO: Peso; Altura; segmento superior; segmento inferior e envergadura (ponta do 3º. Dedo). Velocidade de crescimento (curvas). Obs.: Segmento inferior: sínfise púbica ao chão; Segmento superior = altura – segmento inferior; Ao longo da vida, a relação segmento superior/segmento inferior varia. Ao nascimento= 1,7. Como os membros crescem mais em relação ao tronco, essa proporção chega a 1,3 aos 3 anos; com 8 a 10 anos, ela torna-se 1,0. Às vezes a criança pode ter algum distúrbio que leve a uma desproporção na relação desses segmentos. Obs.2: com relação às curvas: não se faz uma avaliação inferior a 3 meses normalmente a criança cresce mais no verão. EXAMES: RX idade óssea; Laboratoriais. Idade óssea: Radiografia da mão e punho E; Analisa os espaços entre os ossos, núcleos ósseos; Maturação óssea; Previsão da altura final. VARIAÇÕES NORMAIS DO CRESCIMENTO: Alterações na curva do crescimento, pela busca do canal genético entre 2-3 anos; Baixa estatura familiar mudança do canal entre 3-6 meses, com novo canal de crescimento entre 13-24 meses; Atraso constitucional do crescimento desaceleração aos 15-24 meses, com o novo canal entre 3-4 anos; A criança PIG ou com RIUC (retardo de crescimento intra-uterino) o canal é atingido por volta dos 2 anos de idade e os prematuros podem demorar até os 4 anos. Alta estatura família muito alta. Crescem mais rápido antes dos 3 meses com um novo canal aos 18 meses. BAIXA ESTATURA FAMILIAR: Estatura e peso normais ao nascimento; Queda gradual na curva de crescimento nos dois primeiros anos de vida, atingindo o canal genético de crescimento da família; Estatura da mãe + (estatura do pai – 13 cm) 2 Estatura do pai + (estatura da mãe + 13 cm) 2 2 ANA Highlight ANA Highlight ANA Highlight ANA Highlight ANA Highlight P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 18 Velocidade de crescimento normal dentro do canal familiar; Idade óssea compatível com a idade cronológica (IO = IC). ATRASO CONSTITUCIONAL DO CRESCIMENTO: Altura e peso normais ao nascer; Desaceleração do crescimento geralmente entre 2-4 anos, atingindo novo canal de cresc.; Velocidade de crescimento normal neste novo canal de crescimento que é abaixo do familiar; Casos na família de retardo de crescimento; Atraso da idade óssea (IO < IC). DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO: BAIXA ESTATURA VERDADEIRA: Altura < -2DP (escore Z-2) ou Abaixo do percentil 3; Após os 4 anos a mudança do canal genético é suspeita de doença! Mecanismos responsáveis pelo déficit de crescimento: Diminuição da oferta de nutrientes; Diminuição da oferta de oxigênio; Aumento do metabolismo basal com maior gasto calórico; Resistência ou déficit hormonal. Causas de baixa estatura: Baixa estatura familiar (*) Retardo constitucional do crescimento e puberdade – RCCP (*) (*) variações da normalidade. Desnutrição; RCIU ou PIG proporcional; Doenças crônicas – renais, cardíacas, hematológicas, respiratórias; Displasias ósseas; Síndromes genéticas; Endocrinopatias (doenças da tireoide, déficit de GH, tumores de SNC) menos de 10%; Baixa estatura idiopática. Criança usando corticoide; Medicações quimioterápicas, radioterápicas, imunossupressores. Síndrome de Turner: Importante causa de baixa estatura; Meninas; Causa genética; Confirmação por cariótipo (45, X0). Deficiência de GH: A deficiência de GH acomete cerca de 1: 10.000 nascidos vivos, sendo por isso causa rara de baixa estatura. Há causas congênitas adquiridas, e pode ocorrer a associação com deficiências de outros hormônios hipofisários. Existe um espectro clínico muito amplo da doença, variando desde os casos típicos até deficiências parciais do hormônio. Em RN com deficiência de GH pode haver hipoglicemia e micropênis/criptorquidia em meninos. As crianças podem apresentar baixa estatura, fácies de “boneca” (fronte olímpica, maxilares pequenos, base nasal achatada, voz aguda e cabelos finos), obesidade troncular com pés e mãos pequenos. A redução da velocidade de crescimento é uma manifestação precoce e a idade óssea está atrasada. Em crianças com baixa estatura, sem sinais de outras doenças sistêmicas crônicas, deve- se proceder a investigação da deficiência de GH. Como avaliar o crescimento: F Obs.: a velocidade de crescimento é muito importante, pois se a criança cresce normal, a chance de alteração patológica é muito pequena. EXAMES LABORATORIAIS: 1ª. Fase 2ª. E 3ª. Fase Hemograma (avaliar se a criança tem anemia) TSH, T4L Proteínas totais e frações IGF-1 1ª. Consulta: Anamnese e exame físico; Altura do paciente; Altura dos pais; Determinação do alvo parental. 2ª. Consulta: Reavaliação em 3 meses; Calcular a velocidade de crescimento; Avaliação da idade óssea. Velocidade de crescimento: (a) Normal com alvo parental baixo provavelmente baixa estatura familiar; (b) Baixa (< 4cm/ano) encaminhar para endocrinologista Idade óssea: (a) Atrasada, + de 2 anos maturação muito atrasada fala a favor de deficiências hormonais (GH, TSH,..) (b) Até 2 anos + velocidade de crescimento normal acompanhamento pode ser RCCP 3 ANA Highlight ANA Highlight ANA Highlight ANA Highlight ANA Highlight P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 19 TGO e TGP (avaliar o fígado) Anti-endomísio (doença celíaca não absorve glúten) IgA Ureia e creatinina (saber se a criança tem IR) IgA sérica Cálcio, P. fosfatase alcalina (a fosfatase alcalina avalia o metabolismo ósseo) Testes estímulos hormonais Glicemia jejum (deficiência de cortisol hipoglicemia) Cariótipo Parcial de urina RX sela túrcica Parasitológico de fezes RM crânio PRINCIPAIS CAUSAS DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO: Alta estatura familiar; Obesidade exógena; Puberdade precoce; Síndromes genéticas; Gigantismo (aumento de GH crescimento desproporcional); Tumores SNC. Obs.: curvas paralelas velocidade de crescimento normal. No entanto, se as curvas forem paralelas, mas se estiver fora do canal familiar, a investigação deve ser feita da mesma forma. Caso clínico: #ID: Pedro, 4 anos; # HMA: próximo do 2º. Ano de vida, a mãe observou um crescimento mais lento e agora está preocupada por ser um dos mais baixos da creche. #Boa alimentação, pratica natação 3x/sem e está sempre brincando; #HMP: saudável;#Antec.:PN:3200g;E:50cm; #HMF: pai 179cm; mãe 158 cm #Exame físico: BEG, dentro da normalidade. 1) Faça o gráfico da criança; 2) Classificar quanto ao Z-escore a altura; 3) Determinar a estatura alvo; 4) Qual exame pode auxiliar no diagnóstico? 5) Qual a velocidade de crescimento no 1º.,2º.,3º. E 4º. Ano? 6) Qual o diagnóstico do Pedro? Idade Estatura 3m 61cm 6m 68cm 12m 75cm 18m 79cm 2 anos 83cm 3 anos 90cm 4 anos 96cm 1) 2) Estatura adequada para a idade. A altura está entre o z escore -2 e 0 (colocar primeiro o que se encontra mais próximo da curva); 3) Estatura alvo = 179 + (158 + 13) / 2 = 175 +/- 5 cm; 4) Exame diagnóstico: rx de idade óssea; Obs.: rx de idade óssea antes dos dois anos não tem muita validade. Após os 6 anos é um excelente exame. Obs.2: o exame de rx de idade óssea de Pedro atrasado 1 ano. 5) Velocidade de crescimento: 1º. Ano: 25 cm 2º. Ano: 8 cm 3º. Ano: 7 cm 4º. Ano: 6 cm 6)Diagnóstico: atraso constitucional do crescimento. 1) Gráfico: 4 P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 20 DISTÚRBIOS DA ALIMENTAÇÃO – ANEMIA E MICRONUTRIENTES: Objetivos: Fatores de risco para anemia ferropriva; Diagnóstico de anemia ferropriva e estágios de deficiência de ferro; Alimentos facilitadores e inibidores de ferro; Tratamento e prevenção de anemia ferropriva; Noções sobre vitaminas; Prevenção de osteoporose na criança; Programas de suplementação do MS. 1ª. Parte – anemias carenciais: 1) Deficiência de Ferro; 2) Deficiência de vitamina B12; 3) Deficiência de ácido fólico. DEFICIÊNCIA DE FERRO: Epidemiologia: Deficiência de Fe é a carência nutricional mais prevalente no mundo; ¼ da população mundial é afetada; OMS: afeta 50% das crianças (<4anos). Definição: anemia e deficiência de ferro: Anemia: valores de hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht) < 2 DP da referência para idade e sexo; Deficiência de ferro: suprimento de ferro inadequado para o metabolismo. Fatores de risco – deficiência de Fe: Desnutrição intrauterina (quando a mãe não se alimenta direito se a mãe não tem um aporte adequado, a criança também terá um déficit); Baixo peso ao nascer e prematuridade (não teve tempo suficiente para receber a alimentação materna. Ou então, se a mãe teve hipertensão e não conseguiu desviar o alimento/nutrientes para a criança, essa criança terá um baixo peso ao nascer e não terá a quantidade de Fe necessária); Desmame precoce; Leite de vaca introduzido precocemente (devido à biodisponibilidade); Faltade suplementação x crescimento (quando a criança começa a comer, deve ser iniciada a suplementação pois é uma fase de crescimento da criança); Doenças (parasitoses, alergias, intolerância à lactose, RGE pequenos sangramentos /sangue oculto perda de ferro); Baixa renda (sem condições de comprar os alimentos necessários). Outros: Alimentação inadequada se a criança não come: feijão, folhosos e especialmente carne; Parasitoses, verminoses ação espoliadora; Aleitamento materno é um dos maiores meios de prevenção da anemia, pois a biodisponibilidade de Fe do leite materno é muito superior a de qualquer outro tipo de leite. Biodisponibilidade: Leite de vaca: biodisponibiliza 10%; Leite materno: biodisponibiliza 49%. Obs.: o leite de vaca tem mais Fe, mas biodisponibiliza muito menos. Obs.2: as fórmulas infantis normalmente são suplementadas com Fe, e por isso, têm uma boa quantidade – mas nada se compara ao leite materno. Idades de prevalência da deficiência de Fe: 6-18 meses é o pico (mas até o segundo ano de vida é muito importante); Adolescência estirão de crescimento. Fases da vida em que mais crescemos são as fases em que mais precisamos de nutrientes (crescimento e ingesta); Fisiopatogenia – Fe ligado a proteínas: Compostos essenciais (70-80% Fe): basicamente a hemoglobina; mas também temos a mioglobina e outros funções metabólicas relacionadas ao transporte e utilização de O2; Compostos de armazenagem (20-30%): Ferritina (guarda quase 80% do nosso estoque de ferro); Hemossiderina; Transferrina. Obs.: na prática clínica, é dosada a ferritina, de modo geral. Anemia fisiológica: Queda dos níveis de Hb, após 4-6 semanas com pico entre 8-12 semanas (até 10d/dL); Ocorre devido à redução da eritropoetina pela maior oferta de O2 pulmonar; Não é necessário tratamento, visto ser uma adaptação fisiológica, sendo que o Fe permanece estocado. P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 21 Metabolismo do Ferro: 2 formas de ferro: Ferrosa (Fe++) ou heme carnes, Hb; Férrica (Fe+++) ou não heme alimentos vegetais; A forma férrica transforma-se na forma ferrosa: Férrica (maioria dos alimentos) Ferrosa (absorção no intestino). Etiologia – anemia ferropriva: Ferro fonte animal: absorção de 10-30% não sofre influência de fatores inibidores; Ferro fonte vegetal: absorção de 1-7% sofre influência de fatores facilitadores e inibidores. (principais facilitadores: frutas cítricas). Obs.: filhos de vegetarianos o ferro deve ser suplementado; além disso, a dieta deve ser riquíssima em alimentos folhosos ricos em Fe. Absorção de ferro: Fatores facilitadores Fatores inibidores Ácido ascórbido (vitamina C) Fitato (aveia, farelo, trigo) Frutose Fibras Aminoácidos das carnes Cafeína Sais de Cálcio; Fósforo – ex. leite de vaca Compostos fenólicos (chás, achocolatados, refrigerantes) Diagnóstico clínico – anemia: Palidez cutâneo-mucosa (palmo-plantar); Anorexia; Perversão do apetite (avidez pelo ferro); Geofagia; Apatia ou irritabilidade; Fraqueza muscular; Prejuízo no desenvolvimento físico; Outras consequências da anemia: Redução da atenção; Déficits psicomotores; Maior suscetibilidade à doenças; Alteração da função imune (Fe contribui com a ação bactericida dos neutrófilos); Prejuízos nas funções cognitivas (diminuição do NT DOPA e redução do processo de mielinização). Diagnóstico laboratorial de anemia: OMS Diagnóstico laboratorial de anemia: 1) Associação Hb e índices hematimétricos: VCM (volume corpuscular médio) CHCM (concentração Hb corpuscular média) HCM (Hb corpuscular média) Abaixo dos valores de referência falam a favor de anemia ferropriva, 2) RDW (coeficiente de variação se eu tiver células muito grandes, e outras muito pequenas essa variação não é normal: coeficiente de variação eritrocitária > 14% fala a favor de anemia ferropriva). Estágios da deficiência de ferro: 1) Carência de Fe nos estoques; 2) Carência de Fe sem anemia; 3) Anemia hipocrômica e microcítica. Obs.: é possível ter uma deficiência de Fe, porém sem uma anemia clínica – ex.: Hb de 12, mas com uma ferritina baixa em breve essa criança terá uma anemia clínica, pois a sua reserva acabou. Exames alterados conforme estágio da deficiência de Fe: Exame 1º.) Depleção do estoque 2º.) Depleção de Fe (circulante) 3º.) Anemia Hb Normal Normal Diminuída VCM Normal Normal Diminuída Fe sérico Normal Diminuído Diminuído Ferritina Diminuída Diminuída Diminuída CLF (capacidade de ligação do Fe) Normal Aumentado Aumentado Saturação transferritina Normal Diminuída Diminuída 6m-5a: Hb<11g/dL 5a-11a: Hb<11,5 11a-adolesc. : Hb<12 Muito utilizado na saúde pública! ! P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 22 Depleção de estoque: o que estará baixo será a ferritina (principal local de armazenamento). O restante estará normal; Depleção de Fe circulante: a Hb e o VCM estarão normais, mas o Fe sérico estará diminuído, e o estoque que já estava baixo, continuará baixo, e, a CLF estará aumentada, pois existe pouco Fe, logo, sua avidez pela ligação a proteínas será muito alta. Mas, a saturação periférica será baixa, pois existe pouco Fe circulante; Anemia clínica: praticamente tudo alterado: Hb (<12) e VCM diminuídos, Fe sérico e ferritina baixos, CLF aumentada e saturação baixa. Diagnóstico diferencial – anemia ferropriva: Dentro das anemias microcíticas e hipocrômicas: Talassemias (mais importante); Infecções crônicas; Intoxicação por chumbo. Exames: Eletroforese de Hb; Dosagem de chumbo; Pesquisa de infecções. Tratamento: Objetivos: Corrigir a causa (verminose, doença de base,..) Restabelecer Hb; Repor estoques. (duração do tratamento: 3 a 4 meses ex.: o tratamento durante um mês e meio já consegue corrigir a Hb (hemograma normal) no entanto, se o tratamento for suspenso, depois de 3 a 4 meses, essa criança voltará a ter anemia, pois ela não havia feito estoque). Orientação nutricional: Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses; Consumo de alimentos ricos em Fe (carnes, verduras – espinafre); Aumentar os alimentos facilitadores da absorção (explicar, por exemplo, que é importante consumir uma fruta depois da refeição); Evitar alimentos que inibem a absorção (ex.: as crianças têm o hábito de após comer, tomar uma mamadeira de leite isso é errado!). Medicamentosos: Reposição com sais de Fe – ferro elementar; Duração de 3 a 4 meses para restauração dos estoques de Fe; Ideal é ser dado com agentes facilitadores; Pode apresentar vários efeitos colaterais (diarreia, constipação, cólica, vômitos). Obs.: sulfato ferroso – é o mais comum na rede pública, porém, é o que mais dá efeitos colaterais. Esses efeitos colaterais dificultam o tratamento. Às vezes é necessário trocar a medicação, ou então iniciar com doses menores, aumentando de maneira gradual, até atingir a dose necessária.Falência de tratamento com ferro oral: Não complacência do paciente principal causa de falência do tratamento! Perda de sangue contínua (alergias alimentares fazem perdas ocultas); Duração insuficiente do tratamento; Uso de medicações inibidoras da absorção (ex.: bloqueadores de bombas – omeprazol, ranitidina inibem a absorção por alterarem o pH do estômago); Diagnóstico incorreto. Recomendações da SBP para suplementação de Fe: Situação Recomendação RN termo em AME até 6m Não é necessário Após introdução de alimentação ou > 6m 1-2mg/kg/dia até 24 meses Lactentes em uso de fórmula infantil > 500 ml/dia Não necessário Prematuros – depende do peso e IG e após 30d de vida 2-4mg/kg/dia – 1º. Ano após 1-2mg/kg/dia A SUPLEMENTAÇÃO É ATÉ 2 ANOS PELA SBP Programa nacional de suplementação de Fe (PNSF): Devido à alta prevalência, 67,6% nas idades entre 6 e 24 meses e cerca de metade dos pré- escolares; O PNSF consiste na suplementação medicamentosa de Fe para crianças de 6 a 18 meses de idade, gestantes a partir da 20ª. Semana e mulheres até o 3º. Mês pós-parto. Toda criança precisa fazer suplementação de ferro após introdução de alimentos e até os 2 anos. A dose é variável. P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 23 *é um pouco diferente da recomendação da SBP (pois a recomendação é feita até os 18 m e não até os 24 m). É um programa mínimo para tentar amenizar a carência de Fe, mas não é o ideal. ANEMIAS MEGALOBLÁSTICAS: Definição: grupo de anemias onde a medula óssea produz hemácias gigantes e imaturas. Causas: 1) Deficiência de vitamina B12; 2) Deficiência de ácido fólico. Deficiência vitamínica de B12: Causas: Nutrição inadequada: Deficiência materna afetando o feto e lactente; Dieta vegetariana (vit. B12 é encontrada principalmente nas carnes); Dieta pobre ou insuficiente. Deficiência na absorção: Anemia perniciosa; Ressecções cirúrgicas; Verminoses. Deficiência de ácido fólico: Causas: Nutrição inadequada: Doença materna afetando feto ou lactente; Dieta pobre ou insuficiente (leite de cabra); Drogas: trimetoprima (bactrim), drogas antiepilépticas; Aumento da demanda: lactação e gestação. Fisiopatologia: Essas duas vitaminas são importantes para síntese do DNA na eritropoese; A deficiência leva a um desequilíbrio no crescimento e divisão celular com aumento do volume citoplasmático; A vitamina B12 atua na formação do tetraidrofolato (forma ativa do ácido fólico). Por isso uma deficiência pode estar associada com a outra. Quadro clínico: Sintomas descritos na anemia; Sensação de queimação em língua e úlceras; Sintomas gastrintestinais; Alterações neurológicas (parestesias, irritabilidade, atraso DNPM). Diagnóstico laboratorial: VCM aumentado (> 100µ³ ); Sangue periférico pode apresentar neutropenia e plaquetopenia; MO: hiperplasia eritroide com células megaloblásticas; Diferencial: dosagem de folato e vitamina B12. Tratamento: Orientação dietética: o Alimentos ricos em ácido fólico: Origem vegetal: frutas, hortaliças verde- escuras, feijão, nozes. o Alimentos ricos em vitamina B12: Origem animal: carnes e peixes. Terapia medicamentosa: o Administração intramuscular de vitamina B12; o Ácido fólico oral. 2ª. Parte- carências de micronutrientes: Definição: micronutrientes são substâncias de origens diversificadas (orgânicas ou minerais), de componentes dietéticos que são necessários para manutenção da nossa saúde. Funções dos micronutrientes: Várias funções metabólicas: Coenzimas: vit. B1-7, B-9, B-12 e K; Antioxidantes: vit. C, E; Síntese de proteínas: vit. A e D; Síntese de pré-hormônios: vit. D; Outras funções ainda desconhecidas. 1) Vitaminas: adquiridas de fontes alimentares exógenas. São divididas em lipossolúveis (A,D,E,K) e hidrossolúveis (vit. B e C). 2) Minerais: divididos conforme a concentração no organismo em: a. Macrominerais: cálcio, fósforo e magnésio (basta lembrar dos ossos!); b. Microminerais: ferro, sódio, cloro, e muitos outros. VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS: VITAMINA A: Hipovitaminose A é a principal causa de xerodermia, e pode levar à cegueira; No Brasil, mais prevalente em regiões de MG, SP e Nordeste; Importante problema de saúde pública nesses locais e em vários países. P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 24 Vit. A – Propriedades retinol: Fontes: Animal: leite e derivado, gema, fígado, óleos de peixe e margarinas; Vegetal (carotenos): frutas e hortaliças amarelo alaranjadas e verde-escuras; Funções – vit. A: Essencial para visão – componente da rodopsina, pigmento responsável pela excitação visual mediante ação da luz; Diferenciação celular dos epitélios; Crescimento celular; Osteogênese; Espermatogênese; Crescimento embrionário e transcrição genética. Sinais clínicos de hipovitaminose A: Sinais cutâneos: xerodermia, hiperqueratose folicular; Sinais oculares: cegueira noturna, xerose conjuntival e corneana, úlcera, cegueira; Perdas de apetite; Redução de crescimento; Deformidades ósseas; Diminuição LysT. Diagnóstico: Fatores predisponentes pelo inquérito alimentar; Síndrome xeroftálmica (olho seco, criança não enxerga direito) Concentração retinol sérica (normal:20- 49,9mcg/dL). O que é importante lembrar: crianças na região do Nordeste que só comem farinha e arroz grande chance de apresentarem deficiência de vit. A observar bem a pele e os olhos dessa criança qualquer alteração encaminhar ao oftalmologista. Suplementação de vitamina A: 6m – 5a: suplementação nas crianças que vivem em áreas de risco; Outras áreas que detectem sinais de deficiência de vit.A em crianças poderão ser incorporados ao programa. Lembrando: Nordeste, Vale do Jequitinhonha e Vale do Ribeira (SP) áreas de risco. VITAMINA D: Vit. D2 – ergocalciferol origem vegetal; Vit. D3 – colecalciferol derivada do seu precursor na pele, após exposição aos raios UV; A vit. D3 sozinha não faz nada, ela precisa passar pelo fígado, para ser transformada em 25-hidroxi-vit.D (25-OH-colecalciferol. No fígado: 25-OH-colecalciferol (calcidiol) forma estoque (importante para a imunidade, pele e inúmeras funções metabólicas). No entanto, para se transformar em sua forma ativa, ela precisa passar por uma outra hidroxilação (1,25-vit.D). Nos rins: calcidiol calcitriol (1,25- diidroxicolecalciferol) forma ativa (é essa forma ativa que irá absorver o cálcio do nosso intestino, reabsorver o cálcio do nosso rim ..) Basicamente precisamos tomar sol !! Fazer essa recomendação a todos os pacientes. Obs.: a cor da pele influencia. Para sintetizar a mesma quantidade de vit.D, pessoas com pele mais escura precisam de mais tempo de exposição solar. Fontes de vit. D: Exposição solar (>90%) fazer essa recomendação para todos os pacientes; Alimentos: leite integral, gema de ovo, manteiga, fígado, peixes de água salgada* (bacalhau, salmão). (*) principais fontes.