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P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 1 
 
PEDIATRIA 1 
 
 O RNT na sala de parto: recepção, adaptação e classificação 
 RNT no alojamento conjunto 
 Aleitamento materno 
 Crescimento nos dois primeiros anos de vida – identificação de distúrbios 
 Desenvolvimento nos dois primeiros anos de vida – identificação de distúrbios 
 Crescimento do pré-escolar – identificação de distúrbios 
 Distúrbios nutricionais: anemias e carência de micronutrientes; desnutrição e 
obesidade 
 Diarreia, desidratação e parasitoses mais comuns na infância 
 Crescimento e desenvolvimento do adolescente 
 Aspectos psicossociais e comportamentais da adolescência 
 Imunizações 
 Higiene e saúde bucal 
 Mortalidade na infância 
 A criança vitimizada 
 Prevenção de acidentes 
 
 
 
http://www.desenhoseriscos.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 2 
 
O RECÉM NASCIDO NORMAL 
 
O PRÉ-NASCIMENTO: 
Dados: 
 Sobre a mãe; 
 Obstétricos maternos; 
 Sobre a gestação atual; 
 Sobre o trabalho de parto; 
 Caráter de antecipação sobre o parto e o pós-parto 
(possibilidades); 
 Caráter de antecipação sobre intercorrências do 
parto. 
 
PREPARANDO A SALA DE PARTO: 
 A necessidade de reanimação é previsível; 
 A necessidade de reanimação pode ser inesperada (o 
bebê nasce bem, mas depois precisa de ajuda); 
 Todo parto requer o preparo para condições 
adversas; 
 Manutenção da temperatura corporal: 
o Fonte de calor radiante; 
o Material para secar o neonato (líquido 
amniótico esfria > assim como o corpo do 
bebê); 
 Estabelecimento/ manutenção de vias aéreas; 
o Posicionar o neonato; 
o Aspiração de vias aéreas superiores. 
 Estabelecimento de ventilação do neonato; 
 Estabelecimento de circulação do neonato. 
 
ABC da reanimação neonatal: 
A (airway): via aérea pérvia; 
B (breathing): respiração; 
C (circulation): circulação 
 
VITALIDADE DO NEONATO 
Boletim de Apgar: 
Pontos 0 1 2 
FC Ausente <100/minuto >100/minuto 
Respiração Ausente Fraca, 
irregular 
Forte, choro 
Tônus muscular Flácido Flexão MM Movimento 
ativo 
Cor Cianótico/pálido Acrocianose Rosado 
Irritabilidade 
reflexa 
Ausente Algum 
movimento 
Choro 
 
Obs.: é o método mais comumente empregado para avaliar 
o ajuste imediato do RN à vida extra-uterina, avaliando 
suas condições de vitalidade. Consiste na avaliação de 5 
itens do exame físico do RN, com 1, 5 e 10 min de vida. 
Para cada um desses itens é atribuída uma nota de 0-2. 
Somam-se as notas de cada item, e temos então o total, 
que vai de 0-10. Uma nota de 8-10, presente em 90% dos 
RN significa que o bebê nasceu em ótimas condições. Uma 
nota 7 significa que o bebê teve uma dificuldade leve. De 
4-6 traduz uma dificuldade de grau moderado, e, de 0-3 
uma dificuldade de ordem grave. O boletim Apgar de 
primeiro minuto é considerado como um diagnóstico da 
situação presente, índice que pode traduzir sinal de 
asfixia e da necessidade de ventilação mecânica. Já o 
Apgar de quinto e de décimo minuto são considerados mais 
acurado, levando ao prognóstico as saúde neurológica da 
criança. <http://www.uff.br/disicamep/escala_de_apgar.htm> 
 
EXAME FÍSICO EM SALA DE PARTO: 
 Ectoscopia geral (face e extremidades); 
 Palato (ex.: fenda palatina); 
 Perviedade: 
o De coanas 
o De esôfago 
o De ânus 
 Genitália; 
 Umbigo (clampeamento); 
 Impressão plantar e identificação. 
 
Sonda nasogástrica: para verificar se o bebê tem atresia 
de coanas ou de esôfago. 
A realização de aspirado gástrico de rotina ainda é 
polêmica, pois pode ocasionar estimulação vagal 
(parassimpática)  bradicardia. No entanto, ela ainda é 
preconizada para todos os RN, mesmo sabendo-se que 
existe esse risco (portanto, a equipe deve estar 
preparada caso haja necessidade de reanimação do bebê). 
 
Obs.: regurgitação de saliva  se a saliva for aerada  sinal 
semiológico de atresia de esôfago. 
 
Imperfuração anal: introdução da sonda no ânus. Obs.: se 
o bebê eliminar mecônio logo após o nascimento  não é 
necessário a introdução da sonda. 
 
Fístula retovesical: 
 Pode “urinar” mecônico - mas o mecônio é muito 
espesso, e, portanto, não passa. 
 O bebe tem que eliminar mecônio em pelo menos 24h; 
 Nutrição parenteral, programação cirúrgica, 
colostomia, ostomia. 
 
Fístula retovaginal – forma uma ‘cloaca’. 
 Meninas – podem eliminar mecônio pela vagina. 
 
*Obs.: nenhum RN pode receber alta hospitalar sem 
ter eliminado mecônio. 
 
Bebe normotérmico, em condições aptas de respiração  
deve-se fazer um exame sumário na sala de parto, para 
ver se não há nada de aberrante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 3 
 
CARACTERÍSTICAS DO RNT E RNPT 
 
Terminologia: 
Segundo o CFM Brasil é obrigatório registrar fetos > 
500g ou IG 20/22 sem. ou com 25 cm; 
 
Nascimento: 
• Nascido vivo: independente da IG. Após o parto 
presença: respiração, batimento cardíaco, movimento 
voluntário. 
• Óbito fetal: independente da IG: Após o parto ausência: 
respiração, batimento cardíaco e movimento voluntário. 
Obs.: natimorto = óbito fetal. 
 
Idade gestacional: 
 DUM; 
 USG (de 1o. Trimestre, mais recente) 
 Exame da maturidade física e neurológica do 
RN. 
 
Classificação: 
 Quanto ao peso (P); 
 Quanto à idade gestacional (IG); 
 Quanto à relação P/IG; 
 Quanto ao estado nutricional; 
 
Quem é o recém-nascido (RN)? 
RECÉM NASCIDO 
Bebê < 28 dias 
Período neonatal precoce < 7 dias 
Período neonatal tardio 8 – 28 dias 
 
Classificação do RN quanto ao peso: 
RN de baixo peso (RNBP) 1500< PN < 2500g 
RN de muito baixo peso (RNMBP) 1000 < PN < 1500g 
RN de extremo baixo peso (RNEBP) PN < 1000g 
RN excessivamente grande PN > 4500g 
 
Classificação do RN quanto à IG: 
RN prematuro extremo IG < 28 sem 
RN prematuro (RNPT) 28 sem < IG < 37 sem 
RNPT tardio 34-36 sem 
RN a termo (RNT) 37 sem < IG < 42 sem 
RN pós termo IG > 42 sem 
 
 Obs.: RN PT tardio: tem um prognóstico muito melhor. 
Muitos são provenientes de cesáreas eletivas (maior 
problema: hipertensão pulmonar). 
 
Classificação do RN quanto à relação P/IG: 
 RN grande para a idade gestacional (GIG): 
 PN > P90 p/ IG 
 RN adequado para a idade gestacional (AIG):
 P10 < PN < P90 p/ IG 
 RN pequeno para a idade gestacional (PIG): 
 PN < P10 p/ IG. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curva de Lubchenco 
Classificação quanto ao estado nutricional: (pouco 
utilizada) 
 Eutrófico 
 Mal nutrido fetal: grau 1, 2 e 3; 
 Hidratação, textura, descamação, fissuras cutâneas, 
quantidade de TCSC, impregnação meconial (unhas, 
pele e cordão). 
 
RN PIG: 
 Retardo de crescimento intra-uterino; 
 Simétrico ou assimétrico; 
 Elevada associação com prematuridade. 
Obs.: 
 1º. Órgão a desenvolver-se  SN 
 Portanto, quem tem o melhor desenvolvimento 
neurológico é o RN assimétrico; 
 Alguma coisa deve ter acontecido durante a gravidez 
para que esse bebê tenha nascido PIG – nesse caso é 
melhor que ele seja assimétrico  se o cérebro foi 
formado adequadamente, os outros sistemas também 
devem ter tido um desenvolvimento adequado  
assim, o que deve ter faltado nesse RN foi apenas 
tecido celular subcutâneo. 
 
Idade gestacional: 
Idadegestacional pelo exame da maturidade física e 
neurológica do RN: 
 Capurro: 
 Forma da orelha; 
 Tamanho da glândula mamária; 
 Formação do mamilo; 
 Textura da pele; 
 Quantidade de pregas plantares. 
Para cada um desses itens são atribuídos alguns pontos: 
IG = soma dos pontos + 204/7 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 4 
 
 
 
Forma da orelha: (0) chata, disforme, pavilhão não 
encurvado; (8): pavilhão parcialmente encurvado na borda; 
(16): pavilhão parcialmente encurvado em toda parte 
superior; (24): pavilhão totalmente encurvado; 
Tamanho da glândula mamária: (0): não palpável; (5) 
palpável, menos de 5mm; (10) entre 5 e 10 mm; (15) maior 
que 10mm; 
Formação do mamilo: 
(0) = apenas visível;( 5) = aréola pigmentada – diâmetro 
menor que 7,5 mm;(10)= aréola pigmentada, pontiaguda – 
diâmetro menor que 7,5 mm, borda não levantada; (15) = 
borda levantada – diâmetro menor que 7,5 mm. 
Pele: (0): muito fina, gelatinosa; (5) fina e lisa; (10) mais 
grossa, discreta descamação superficial; (15): grossa, 
rugas superficiais, descamação nas mãos e pés; (20): 
grossa, apergaminhada com gretas profundas. 
Pregas plantares: (0): sem pregas; (5) marcas mal 
definidas sobre a parte anterior da planta; (15): marcas 
bem definidas sobre a metade anterior e sulcos no terço 
anterior; (20) sulcos em mais da metade anterior da 
planta. 
 
 New Ballard: 
 Mais critérios  se for prematuro, utilizar esse 
critério. 
 O NBS (New Ballard Score) é um método de 
avaliação da idade gestacional (IG) de recém-
nascido (RN) através da análise de 6 parâmetros 
neurológicos (postura, ângulo de flexão do 
punho, retração do braço, ângulo poplíteo, sinal 
do xale, calcanhar-orelha) e 6 parâmetros 
físicos (pele, lanugo, superfície plantar, glândula 
mamária, olhos/orelhas, genital masculino, 
genital feminino), a cada um dos quais se atribui 
uma pontuação que na somatória determinará a 
estimativa da idade gestacional. 
 
Obs.: RNT: hipertonicidade muscular normal; RN PT: 
flácido. 
 
 
 
Situação 1: Gestante é trazida pelo SAMU ao PA 
do HUM em trabalho de parto, já no período 
expulsivo. É moradora de rua, e não fez seguimento 
pré-natal. Sem tempo hábil para transporte ao 
centro cirúrgico o parto ocorre na sala de 
emergência. O recém nascido é do sexo masculino 
apresenta-se corado, com choro vigoroso logo após o 
nascimento. Pergunta-se: como determinar a idade 
gestacional deste RN? 
 Exame da maturidade física e neurológica do 
RN: Capurro. 
 
Situação 2: Gestante no 3o. Trimestre de gestação 
é levado ao centro cirúrgico em caráter de 
emergência em função de sangramento vagina. 
Enquanto a paciente estava sendo preparada para a 
cesariana, o obstetra não consegue detectar o BCF 
e comunica o fato ao pediatra. Realiza-se a cesárea, 
mas infelizmente o bebê está morto. Pergunta-se: 
há necessidade de atestado de óbito para o bebê? 
Quem deve preenchê-lo, o pediatra ou o obstetra? 
 Óbito fetal; 
 Obstetra. 
 
Situação 3: Gestante de 15 semanas de gestação 
com intensa dores abdominais chega ao PA do HUM 
com sangramento e ainda na sala de emergência 
expulsa o feto na presença do obstetra e do 
pediatra. Ocorre a morte do feto. Pergunta-se: há 
necessidade de atestado de óbito para o bebê? 
Quem deve preenchê-lo, o pediatra ou o obstetra? 
 Não, ele é um aborto. 
 
Situação 4: Durante o estágio no berçário um 
interno do 6o. Ano depara-se com a seguinte 
situação: RN com idade gestacional de 39 sem pela 
DUM incerta e pelo USG de primeiro trimestre, no 
entanto com PN de 2000g. Pergunta-se: o RN é 
prematuro? 
 Não, RNT, PIG, BP 
 
Situação 5: Durante o estágio no berçário um 
interno do 6o. Ano depara-se com a seguinte 
situação: RN com idade gestacional de 35 sem pela 
DUM incerta e pelo USG de primeiro trimestre, no 
entanto com PN de 2000g. Pergunta-se: o RN é 
prematuro? 
 RNPT, AIG, BP 
 
 
 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 5 
 
CUIDADOS DE RECEPÇÃO E BERÇÁRIO 
 
*Lembrando que a aspiração de vias aéreas pode 
levar à estimulação vagal - por isso é importante 
que seja feito monitoramento cardíaco; 
 
Rotina de admissão do recém-nascido normal: 
 Logo após o nascimento é feito clampeamento do 
cordão. Depois é feita um novo clampeamento 
para diminuir o comprimento de cordão que fica 
no bebê; 
 Seringa: coletar o sangue do cordão (destinada à 
tipagem sanguínea do RN – é importante devido 
a quadros de incompatibilidade materno-fetal  
pode levar a um aumento da produção de 
bilirrubina  icterícia); 
 Fonte de calor radiante  cuidados com a 
manutenção térmica; 
 Apresentação do bebê à família - formação de 
vínculo - atenção centrada na paciente; 
 Vacina e administração de vitamina K: 
Vacina: hepatite B (injeções intramusculares – 
coxa); Administração de vitamina K – a vit. K é 
um cofator para a cascata de coagulação, e, uma 
vez que o bebê nasce com uma certa deficiência 
de vit. K, isso é importante para a prevenção da 
doença hemorrágica do RN; 
 Amamentação: mecanismo não farmacológico de 
alívio de dor e stress; 
 Identificação - importante para a segurança da 
própria equipe médica - através de impressão 
plantar, impressão digital das mães e pulseiras; 
 Administração de nitrato de prata (colírio) - 
prevenção de oftalmia gonocócica (rotina tanto 
para bebês de parto normal quanto de cesárea) - 
credeização; 
 Rotina básica - pesagem, aferição de perímetros 
cefálico, torácico e abdominal; 
 Momento de higienização (aqui no HU espera-se 
de 4 -6 horas para higienização, a fim de 
estabilização térmica do RN - a não ser que o 
bebe esteja muito 'sujo' ou então que o sangue 
materno precise ser removido com maior 
rapidez, em caso de mães com HIV, hepatite). É 
utilizado um balde, simulando um líquido 
amniótico. Nesse momento o bebê se acalma. 
 
Cuidados com o RN no alojamento conjunto: 
 Serve para um binômio saudável. A mãe e o 
bebê precisam desse momento de transição 
para momentos de laços e para triagens e 
observações; 
 Preconização de que o bebe fique no mínimo 
48h. (estabelecer uma rotina de cuidados e a 
segurança clínica do bebê); 
 Posicionar a mãe de modo adequado, fazer com 
que o bebê faça a pega adequada da mama; 
 A melhor oportunidade que a equipe hospitalar 
tem de orientar essa nutriz. 
 Estabelecer, orientar, corrigir possíveis erros 
no aleitamento materno. 
 Fortalecer o aleitamento materno - é um dos 
objetivos do alojamento conjunto; 
 Sonda nasogástrica – caso a criança logo nas 
primeiras horas de vida, não tenha conseguido 
estabelecer uma alimentação via oral (assim a 
sonda é uma transição); 
 A equipe de enfermagem orienta a mãe em 
tarefas básicas, como, por exemplo, o banho 
do bebê. Em um primeiro momento, é a 
enfermeira quem realiza todo o procedimento 
(mas nunca excluindo a mãe de todo o 
processo); posteriormente é a mãe que assume 
tais tarefas; 
 Higienização do cordão - clorexidina ou álcool 
70% - higienizar e desidratá-lo para que ele 
fique 'mumificado'. Quem faz isso é a mãe 
(treinada pelo profissional de enfermagem), 
pois essa mãe terá que continuar a fazer isso 
em casa. Esse coto irá cair cerca de 1 semana 
depois. 
 
Obs.: o bebê nasce 'oleoso' - isso não deve ser 
removido (não deve ser friccionado caso contrário 
você causará lesão). Ele vai saindo aos poucos com os 
banhos. Teste do pezinho: fenilcetonúria, 
hipotireoidismo congênito, fibrose cística, 
hemoglobinopatias  normalmente feitos 
após 48h; 
 Teste do olhinho – teste do reflexo 
vermelho (detectar reflexos vermelhos 
bilaterais). Opacidade indica que algo está 
errado. Esse teste de triagem serve para 
verificar se a criança tem catarata 
congênita (TORSCH); 
 Teste da orelhinha: testa se o bebê tem o 
mecanismo pré-neural da audição; 
 Teste do coraçãozinho: oximetria de pulso 
(mecanismo luminescente para verificar a 
saturação de Hb - esperado 92-95%). É 
colocado no membro superior direito e em 
um dos membros inferiores. 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 6 
 
Obs.: Lado E = mistura de sangue ; por isso é feito 
no membro superior D 
 
ICTERÍCIA FISIOLÓGICA: 
 
A icterícia do RN é um processo benigno, mas, 
devido à sua potencial toxicidade, deve ser 
monitorada. 
 
Icterícia fisiológica: 
 EM RN a termo ou próximo do termo 
 < 12 mg/dl de bilirrubina 
 Na primeira semana de vida 
 Pico do terceiro dia de vida 
 
Qual o drama? 
 Encefalopatia bilirrubínica 
 Kericterus 
Impregnação dos núcleos da base pela bilirrubina. 
 
Hiperbilirruninemia no RN a termo saudável: 
 Limitação do metabolismo da bilirrubina (Bb) 
 Sobrecarga de Bb ao hepatócito: 
- Maior produção de Bb por hemólise (< meia vida e > Bb) 
- Maior circulação êntero-hepática (menor flora) 
 Menor quantidade de ligandina 
intrahepatócitos; 
 
Fatores associados: 
 Asiáticos (2-3x) brancos (2x) negros 
 HMF para Foto tto (5x) 
 Mães acima de 25 anos 
 Diabetes materno (macrossomia fetal) 
 RN entre 2000-2500g 
 IG entre 35 e 38 semanas (déficit de sucção) 
 Homem 
 Traumas de parto 
 Alta precoce do alojamento conjunto 
 
Como identificar hiperbilirrubinemia 
potencialmente grave? 
 Clinicamente 
 Laboratorialmente 
 
Zonas de Kramer: 
Considerando a progressão craniocaudal da 
icterícia, Kramer elaborou uma tabela (conforme 
achados estatísticos), relacionando a zona dérmica 
de icterícia com os níveis médios de bilirrubina 
indireta. Classificou em 5 zonas. Este critério é 
utilizado como descrição no exame físico de um 
recém-nascido ictérico. Apesar da correlação das 
zonas com valores da bilirrubina indireta, sua 
utilização não exclui a necessidade de dosagem 
da bilirrubina. Observar que quando um RN 
apresenta-se ictérico até Zona V de Kramer, valores 
como 18 ou 25 mg/100ml de bilirrubina indireta não 
serão diferenciados. 
 
 
 
Fototerapia: 
 Fisiopatologia e efeito da terapia: 
o A meta da terapia é abaixar a [ ] da Bb 
circulante ou impedir seu aumento 
o A absorção da luz pela Bb da derme e do 
subcutâneo induz uma fração do 
pigmento a passar por várias reações 
fotoquímicas que ocorrem a diferentes 
proporções; 
o Estas reações geram isômeros de Bb e 
derivados menos coloridos e de menor 
peso molecular. 
 
A fototerapia com luz visível é utilizada para a prevenção 
do kernicterus, com o intuito de transformar a bilirrubina 
não-conjugada em isômeros que possam ser excretados na 
urina sem necessidade de conjugação.  você cria uma 
nova via de eliminação da Bb enquanto o fígado amadurece 
para que consiga eliminar a Bb sozinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 7 
 
ALEITAMENTO MATERNO: 
 
O QUE FAZER PARA QUE NOSSAS CRIANÇAS 
VIVAM 100 ANOS? 
A prioridade do investimento na primeira infância é 
garantia de uma nação melhor. 
Dioclecio Campos Jr 
 
Aprender – saber cuidar: 
As vezes é uma coisa simples, como por exemplo, como 
colocar uma criança para mamar adequadamente? 
Apesar de simples, isso traz um benefício muito grande. 
Oferecendo: alta tecnologia 
Real necessidade do RN + High tech 
Do que a criança precisa? Alta tecnologia + real 
necessidade do RN: essas duas coisas devem ser aliadas. 
Parto humanizado: serie de rotinas implementadas 
durante o trabalho de parto, para que ele tenha alívio de 
dor, e para que envolva mais a família (em alguns casos até 
mesmo nos ambientes domiciliares). Nesse tipo de parto, a 
tecnologia utilizada é pequena. A criança nasce e já vai 
direto para o colo da mãe (o que seria ideal; não é 
interessante a interferência nesse processo, que é um 
processo fisiológico). No entanto, cada vez mais, estamos 
intervindo mais (maior número de cesáreas). Em alguns 
casos (ex.: prematuros) essa tecnologia realmente faz-se 
necessária. 
Real necessidade do RN: aconchego + 
amamentação 
Na realidade, quando o bebê nasce, a real necessidade 
dele é aconchego e amamentação. O bebê está dentro da 
barriga , envolto pelo líquido amniótico, ele engole esse 
líquido e urina nesse líquido também. Durante a gestação, 
esse bebê se movimenta (porque o líquido permite essa 
mobilidade); coloca o dedo na boca (reflexo de sucção); 
escuta os barulhos do intestino da mãe; escuta a voz da 
mãe de maneira abafada e o bater do coração da mãe. Ao 
nascer, é uma mudança muito grande para o bebê. A 
primeira coisa que ele encontra é a luz; respira (e ele 
chora - no momento em que o pulmão faz a pressão 
negativa, puxando o ar para dentro, isso dói - por isso ele 
chora). Além disso, a fonte de vida é cortada. O bebe é 
embrulhado no campo cirúrgico que é grosso, é levado para 
um bercinho super iluminado , é passada uma sonda em seu 
nariz, é feito o canaquion na coxa, laqueia-se o cordão, 
trocam-se os campo e o bebê é levado então novamente 
para a mãe – nesse momento ele irá sentir o cheiro da 
mãe, ouvir seu batimento e se tudo der certo, ele irá até 
‘sugar’. 
Aconchego = interações mãe e filho 
 
Prolactina e Ocitocina: 
Ocitocina: neuro hipófise e Prolactina: adeno-hipófise 
Esses 2 hormônios competem com a liberação dos 
hormônios do estresse; Na hora que você dá o bebê para 
essa mãe segurar, esses hormônios começam a aumentar. 
Se esses hormônios sobem bastante, eles garantem a 
descida mais rápida do leite e também fazem com a mãe 
produza esse leite por mais tempo. 
Aconchego= contato precoce + amamentação 
10947 RN de Gana normais e sadias - inicio AM X 
mortalidade neonatal 
♦ 16% mortes neonatais evitáveis - 1º dia de vida 
♦ 22% se na primeira hora. 
 
Por que amamentar? 
Olhos nos olhos: a primeira lição 
do amor 
Fortalecimento do vínculo afetivo 
 
 
Aleitamento materno x mortalidade infantil: 
- Quanto maior o aleitamento  menor a 
mortalidade infantil e vice-versa 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 8 
 
 
Por que leite humano? 
 Melhor fonte de nutrientes 
 É espécie-específico 
 É uma substância viva de grande complexidade 
biológica 
O que o faz diferente de outros leites? 
Fatores de proteção 
 IgA secretora, IgG, IgD, IgE, IgM 
 Lisozima, lactoperoxidase, 
 Lactoferrina (lactose + ferro  torna o ferro 
mais absorvível. Isso é ruim para as bactérias) 
 Leucócitos, macrófagos, linfócitos T 
 Complementos C’3 e C’4 
 Fatores anti estafilococos 
 Ác. carboxílicos (ác. graxos)- tbm acaba sendo 
toxico para a bact 
 Proteinases – alteram as proteínas das bact que 
acabam sucumbindo 
 Oligossacarídeos (fator bifidus) 
 Anti-dengue e anti-cólera 
 Interferon 
 
Melhor nutriente = saúde 
Bem estar físico e mental: 
 Crescimento Desenvolvimento 
 
Desenvolvimento neuropsicomotor: 
 1035 RN americanos de muito baixo peso 
 Alimentação enteral/ parenteral x leite materno 
 Seguimento de 18 meses – escala de Bayley 
 Para cada 10ml/kg/dia de LH ingerido: 
o Índice de desenvolvimento mental – 
0,53 ptos 
o Índice de desenvolvimento 
psicomotor – 0,63 ptos 
o Escala comportamental – 0,82 ptos 
o Índice de re-hospitalização – 6% de 
chance 
 
Sobrevivência infantil: 
 “Se aumentasse o número de mulheres que 
amamentam exclusivamente durante os primeiros seis 
meses de vida de seus filhos, seria possível, este ano, 
salvar a vida de pelo menos 1,3 milhão de crianças 
menores de um ano, em todo o mundo.” UNICEF-
2004 
 O aleitamento materno individualmente é a 
intervenção mais importante e de baixo custo que 
pode reduzir 13% das mortes em menores de cinco 
anos. 
 Se associada a outras intervenções poderiam prevenir 
mais de um terço de todas as mortes infantis no 
mundo.Jones G. Lancet; 2003 
 
Amamentação exclusiva – menor mortalidade: 
 
 
Aleitamento materno exclusivo (6 meses)  oito vezes 
menos a probabilidade de câncer (antes dos 15 anos) 
 
Aleitamento materno exclusivo: 
 Reduz o risco de asma: 
o Pelo menos durante a primeira década de 
vida 
o Particularmente evidente em crianças 
com história familiar de doenças 
atópicas 
 
Sobrevivência do prematuro - Meta-análise 
randomizada e controlada evidenciou que a amamentação 
reduz significativamente o risco de enterite necrotizante. 
McGuire W; Anthony MY. Archives of Disease in Childhood. 2003 
 
Aleitamento materno x hospitalização: 
Millennium Cohort Study do Reino Unido 
(15 890 lactentes de 1 - 8 meses) 
 Prevenção de 53% de internação por diarreia, se AME 
X 31%, se AM. 
 Prevenção de 27% de internação por pneumonia, se 
AME X 25% se AM. 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 9 
 
CONCLUSÃO: AME e AM traz benefício considerável 
para a saúde pública do Reino Unido. 
 
Proteção para mulheres que amamentam: 
140 mil mulheres pós menopausa + amamentação por 
mais de um ano: 
 Reduz em 12% o risco de diabetes 
 Reduz em 13% o risco de pressão alta 
 Reduz em 20% o risco de colesterol alto 
 Reduz os riscos de câncer de mama e de ovário e 
de osteoporose 
 
Vantagens econômicas: 
 Nas comunidades economicamente desfavorecidas, o 
custo de leite de vaca ou de mamadeiras, bicos e 
combustível para ferver a água, podem representar 
25 a 50% da renda familiar OMS, 1993, 
 O incentivo da amamentação pouparia nos Estados 
Unidos no mínimo $ 3.6 billhões de dólares caso os 
níveis atuais de 64 % nos hospitais e 29 % até os seis 
meses, aumentassem para 75 e 50 % 
respectivamente. Economic Research Service, 2001 
 
Doenças crônico degenerativas: 
Evidências científicas mostram os benefícios da 
amamentação na prevenção das doenças crônico–
degenerativas como: asma; diabete; obesidade e doenças 
cardiovasculares. 
 
Amamentar é construir saúde 
SABER CUIDAR DAS NOSSAS CRIANÇAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 10 
 
DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR: 
O que devemos saber: 
Reconhecer que o ser humano evolui! 
 Reconhecer as fases do desenvolvimento motor 
no primeiro ano de vida; 
 Reconhecer os dados semiológicos ao examinar a 
criança, que trazem informações sobre seu 
desenvolvimento; 
 Saber que o desenvolvimento está 
intrinsecamente relacionado com a mielinização 
do SNC nos primeiros anos de vida. 
 
Comportamento: 
 Comportamento é um termo conveniente para 
definir todas as reações das crianças, sejam 
elas reflexas, voluntárias, espontâneas ou 
aprendidas; 
 O comportamento normal assume padrões 
característicos à medida que a criança se 
desenvolve; 
 Padrão comportamental é uma resposta 
neuromotora definida a uma situação específica; 
 Os padrões comportamentais seguem uma 
sequência organizada, evoluindo de maneira 
equiparável. 
 
Temos que ter situações equiparáveis: 
Ex.: 3 crianças que apresentam um padrão de 
comportamento diante de um estímulo externo (8-9 
meses  estimula a criança  sorriso). 
 
Avaliação do desenvolvimento: 
 Diz respeito ao desempenho correto de acordo 
com o tempo maturacional para qualquer 
comportamento em particular; 
 Nos primeiros anos de vida, as aquisições serão 
mais rápidas (nos primeiros 5 anos); 
 A avaliação do desenvolvimento é em essência o 
exame da maturidade e da integridade do SN. 
Obs.: parte motora: principalmente nos 2 primeiros 
anos. 
 
Existe um tempo para tudo! 
Existe um desenvolvimento biológico, natural do 
nosso SN , que parte da nossa macroestrutura 
anatômica para nossa microestrutura (DNA  
codifica todas as informações para que tenhamos o 
desenvolvimento do SNC e periférico). 
 
O exame neurológico: 
Deve ter uma análise transversa ... sequencial. 
Uma análise longitudinal ... pontual. 
 
 
É preciso saber qual o padrão comportamental de 
cada uma dessas fases. 
 
Qual a mágica? 
 Cérebro ... 400g ... 1000g (ao final do 1º. Ano) ... 
1400g (ao final do 2º. Ano  não existe uma 
diferença muito grande do peso do cérebro de 
um adulto  mais de 90% do desenvolvimento 
de nosso cérebro, em tamanho, se dá nos 
primeiros 2 ou 3 anos de vida) 
 Sinaptogênese  as nossas células neuronais 
após o nascimento continuam o desenvolvimento, 
aumentando a arborização dendrítica  
aquisição de cada vez mais conhecimento; 
 Mielinização  quanto mais jovem, mais 
desmielinizado: 
** o estado de mielinização expressa a 
maturidade funcional do cérebro.** 
 
Exame do lactente: 
Avaliar: crânio, face, choro, praxia, força, tono 
muscular, movimentos involuntários, reflexos 
profundos e superficiais e reflexos arcaicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Reflexos arcaicos: são extremamente importantes. 
A ausência de alguns desses reflexos ou sua 
permanência para além da fase que se considera 
pertinente, pode indicar alguma lesão do SNC. 
 
Ao nascer somos guiados pelos nossos reflexos 
arcaicos, eles são nossa forma de defesa e 
manutenção da vida: 
 Reflexo de Magnus Kleinj 
(reflexo tônico cervical 
assimétrico): o bebê na 
posição supina sofre uma 
rotação da cabeça para um 
A cabeça se mantém lateralizada  
posição assimétrica  nos 
primeiros 45d  proteção das vias 
aéreas. 
Nascemos com tônus aumentado. Mantemo-nos encolhidos para 
economizar energia e para manter o calor (RN  chega a 
desenvolver taquicardia, alterações metabólicas por perda de calor 
 por isso é importante manter uma temperatura adequada na sala 
de parto, secar o RN). 
Braços 
encolhidos, mãos 
fechadas. 
Reflexo do esgrimista ou do 
espadachim. 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 11 
 
lado por 15 segundos. A resposta esperada é a 
extensão das extremidades do lado do queixo e 
flexão das extremidades do lado occipital. 
Desaparecimento: aos 3-4 meses. 
 Reflexo de sucção: ao tocar os lábios de um 
lactente com o cotonete, verificamos 
movimentos de sucção. Desaparecimento: em 
vigília aos 3 meses e durante o sono com 6meses. 
 Reflexo de voracidade (de procura): ao 
estimular o canto da boca do bebê ou sua 
bochecha, o bebê vira a cabeça em direção ao 
lado estimulado e abre a boca. Isso porque sua 
visão ainda não está completamente 
desenvolvida (não tem definição das imagens). 
Quando o bebê sente o seio da mãe no canto de 
sua boca, ele volta a cabeça para esse mesmo 
lado. 
 Marcha reflexa: segura-se o recém-nascido de 
pé pelas axilas e ao colocar seus pés apoiados 
sobre uma superfície, imediatamente ele 
retificará o corpo e iniciará a marcha reflexa. 
Desaparecimento: aos 2 meses. 
 Reflexo de Moro (reflexo do susto/ reflexo 
do ‘abraço’): na posição supina (tronco para 
cima) eleva-se o bebê pelo tronco acima do plano 
da mesa e repentinamente o solta, apoiando-o 
em seguida para que não caia. O objetivo é 
produzir uma extensão rápida do pescoço e da 
cabeça. Obtemos a abdução seguida da adução e 
flexão das extremidades superiores, flexão do 
pescoço e choro. Desaparecimento: aos 3 meses 
ele desaparece em sua forma ‘típica’ ou 
completa, como descrito anteriormente. Aos 6 
meses desaparece completamente. 
 
 Reflexo de preensão palmar: na posição supina, 
o examinador coloca o dedo na face palmar do 
bebê. A resposta esperada é a flexão dos dedos 
e o fechamento da mão. Desaparecimento: aos 6 
meses. 
 Reflexo de preensão plantar: na posição 
supina, o examinador comprime o seu polegar 
sobre a face plantar, abaixo dos dedos. A 
resposta é a flexão dos dedos do pé. 
Desaparecimento: aos 15 meses. 
 Reflexo cutâneo plantar em extensão: é 
obtido ao se estimular a sola do pé com um 
objeto de ponta romba, fazendo-se um risco do 
calcanhar à base do 5º. Dedo. Até o 4º. Mês de 
vida, 100% dos lactentes têm uma resposta de 
extensão do hálux com ou sem abertura em 
leque dos dedos, e isto não deve ser 
interpretado como um achado anormal. Além 
disso, esta resposta em extensão do hálux nos 
primeiros meses de vida não deve ser chamada 
de sinal de Babinski, pois este sim é um 
fenômeno patológico encontrado nas síndromes 
piramidais. No 12º. Mês, a resposta passa a ser a 
flexão dos dedos, e assim permanece por toda a 
vida. 
Obs.: pela aula: quando você tem esse reflexo presente 
em uma criança > 9 meses, aí sim, considera-se Babinsky 
(sinal de lesão piramidal). Aos 9 meses já é de se esperar 
que o bebê consiga engatinhar e ficar de pé com apoio 
(assim, o reflexo cutâneo plantar em extensão deixa de 
existir para que a criança possa andar). 
 
Passamos com o tempo a termos maior controle 
postural, deitar, sentar, engatinhar e andamos. 
Mas ... para andar, é preciso aprender a cair! 
É preciso aprender a levantar! 
 
Para que o bebê consiga andar, ele precisa fortalecer a 
musculatura glútea e o quadríceps, principalmente. E , ele 
faz isso na brincadeira, por exemplo, os bebês agacham e 
levantam como se fosse uma brincadeira, mas na 
realidade, isso é um aprendizado e um fortalecimento para 
essa musculatura. Por essa razão os andadores são 
prejudiciais, uma vez que ele tira esse fortalecimento 
natural e subsequentemente, o posicionamento correto 
dos ossos do quadril. 
 
 Reflexo do paraquedista: segura-se o lactente 
pela região ventral e o aproxima da mesa de 
exame bruscamente , para dar-lhe a impressão 
de que está caindo. A resposta esperada é a de 
que a criança estenda os braços e abra as mãos 
na tentativa de proteger-se. Aparecimento: 
surge aos 8-9 meses* e permanece por toda a 
vida. 
(*) pela aula: aparece aos 7 meses. Se aos 9 meses a 
criança não tiver esse reflexo, deve ser considerado como 
anormal. Esse reflexo mostra para o examinador que o seu 
SNC está se preparando para andar, pois qualquer um de 
nós, quando caímos, levamos as mãos à frente (reflexo de 
proteção). 
 
Nós somos propulsionados a aprender, a nos 
desenvolver... 
2 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 12 
 
 Reflexo da propulsão: para testar o reflexo da 
propulsão, o bebê é posicionado em decúbito 
ventral, com a cabeça lateralizada. A partir 
dessa posição, os membros inferiores são 
levemente fletidos, e é dado um apoio na região 
plantar dos pés. A resposta esperada é uma 
extensão de membros inferiores e a 
subsequente propulsão do bebê para adiante. 
 
 
Estamos em constante mudança sempre! 
O cérebro ao longo da nossa formação se aprimora 
para sermos nós! O desenvolvimento cerebral pode 
ser separado em estágios: 
 Neurulação: 2-7ª. Semana; 
- Podemos ter uma neurulação primária e uma 
secundária. A primária é quando temos a definição 
dos 3 folhetos (ecto, meso e endoderme). Conforme 
os folhetos vão se dobrando e definem realmente o 
tubo neural, temos então a neurulação secundária. 
Isso é importante pois qualquer alteração que 
aconteça com esse embrião em formação, pode vir a 
se manifestar como uma doença. 
 
 
 Segmentação: 5 – 16ª. Semana; 
- A segmentação é o dobramento do SNC sobre si, 
para dar ao cérebro o formato que ele terá ao 
nascimento; 
- Por volta da 30ª. Semana já temos os principais 
sulcos, e, temos bem definidos, o tronco encefálico 
e o cerebelo. No interior, já temos também 
definidos diencéfalo, mesencéfalo. No entanto, a 
giração cortical ainda é pobre. Portanto, o cérebro 
vai aumentando sua superfície cortical, e isso é 
extremamente importante, pois a superfície cortical 
(neocórtex) é o nosso grande diferencial em relação 
aos outros animais; 
- Ex.: bebê prematuro – se eu tenho um bebê que 
nasceu com 30 semanas, eu sei que ele não tem um 
desenvolvimento cerebral completo. E isso quer 
dizer que nesse momento, seu exame neurológico 
será diferente do que o de um bebê com 38 
semanas. E, além disso, como o cérebro não está 
totalmente desenvolvido, essa criança está sujeita a 
lesões cerebrais dependendo das condições às quais 
lhe forem dadas. 
 
 
 Diferenciação e migração: 8 – 24ª. Semana; 
- Juntamente com o desenvolvimento a nível 
macroscópico, também ocorre o desenvolvimento a 
nível celular. Temos a diferenciação, onde vários 
tipos de neurônios se desenvolvem e, também temos 
a migração, onde as células primordiais saem da 
região periventricular e ‘caminham’ no sentido de 
atingirem as várias camadas do córtex cerebral (6 
camadas). Dependendo da região do córtex 
estudada, ela irá apresentar essas camadas de 
forma diferente – por exemplo, o córtex motor tem 
a camada piramidal muito mais desenvolvida do que o 
córtex visual. 
 Mielinização: 24ª. Semana até ..? 
- Não se sabe até quando ela vai. Achava-se até 
algum tempo que era até os 2 anos, depois falava-se 
em 7 anos. No entanto, como a plasticidade neuronal 
é muito grande, pode ser que isso perdure até a vida 
adulta, porém de forma muito mais discreta. 
3 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 13 
 
DESENVOLVIMENTO NOS DOIS 
PRIMEIROS ANOS DE VIDA - 
IDENTIFICAÇÃO DE DISTÚRBIOS 
 
INTRODUÇÃO: 
 Crescer é a principal característica da infância (é um 
processo dinâmico); 
 O crescimento é um dos principais indicativos de 
saúde; 
 OMS recomenda o acompanhamento do crescimento 
infantil para reduzir a mortalidade infantil; 
 Um dos principais motivos de consultas. 
Obs.: o crescimento é máximo nos dois primeiros anos de 
vida (o momento em que há maior crescimento: período 
pré-natal – 50 cm; mas, considerando o período pós-natal, 
o crescimento é máximo nos dois primeiros anos). 
 
Crescimento: 
 Primeiroano: 25 cm/ano; 
 Segundo ano: 12 cm/ ano; 
Obs.: variação de mais ou menos 2 cm. 
 
Crescimento normal: 
Quais os fatores que 
interferem no crescimento? 
 Genética; 
 Hormônios – TSH, GH; 
 Sociais e ambientais 
(atividade física); 
 Nutricionais. 
 
Obs.: 
Fator nutricional  se não há uma alimentação adequada, 
não há como formar tecido muscular, ósseo, o que é 
particularmente importante nos dois primeiros anos de 
vida  estimular o consumo de alimentos integrais, 
verduras, frutas, leguminosas. 
Herança genética  é importante não somente nos dois 
primeiros anos de vida, mas sim ao longo de todo o 
desenvolvimento. 
 
Como é realizada a avaliação do crescimento? 
 A avaliação do crescimento é realizada através da 
antropometria: peso, estatura e perímetro cefálico; 
 Sua aferição deve seguir técnicas e as pessoas devem 
ser treinadas; 
 Essas medidas são comparadas nas curvas. 
 
Peso em lactentes: 
 Utiliza balança pediátrica; 
 Distribuição de peso, sem que os pés ou mãos toquem 
outra superfície. 
Obs.: a criança deve estar totalmente dentro da 
plataforma, livre. 
 
 Primeiros dias de vida perda de 10% de seu peso de 
nascimento; 
 Aos 10 dias  recupera o peso de nascimento; 
 Ganho de peso no primeiro trimestre  20/30 g/dia 
(podendo ser um pouco mais se a criança estiver em 
aleitamento materno exclusivo); 
 4-5 meses dobra de peso; 
 1º. Ano  triplica o peso; 
 2º. Ano  quadruplica; 
 Durante o segundo ano: média: 2,5 kg. 
 
Estatura: 
Comprimento até 2 anos: 
Técnica: 
 Criança deitada em superfície plana e firme; 
 O comprimento é a medida entre a cabeça e a planta 
de ambos os pés; 
 Régua antropométrica horizontal: 
 
 
 
 
Obs.: medir em pé x medir deitado: 
 Pode-se ter uma diferença de até 2 cm; 
 A partir de 2 anos deve-se medir a criança em pé; 
 Se a criança com 2-3 anos for medida deitada  esse 
dado deve ser anotado em sua ficha (“medição 
deitada” – e assim, quando a medição passar a ser com 
a criança em pé, nós saberemos que ela pode ‘perder’ 
até 2cm, mas que isso na verdade reflete apenas a 
utilização de técnicas diferentes). 
 
Velocidade de crescimento: 
 É diferente entre meninos e meninas: 
 O estirão dos meninos maior em amplitude e em 
época (ao invés de ser aos 11, ocorre aos 14 anos); 
 Diferença de 13 cm entre meninos e meninas. 
 
Velocidade de crescimento: 
 Primeiro semestre: 15 cm; 
 Segundo semestre: 10 cm; 
 Primeiro ano: ganho 50% da altura de nascimento; 
 Média nascimento: 50 cm; 
 12 meses: 75 cm (+ 25 cm); 
Obs.: variações na estatura podem refletir doenças 
crônicas. 
 
 Perímetro cefálico: 
 Essencial nos primeiros 3 anos: reflete crescimento 
cerebral; 
 Técnica: 
o Fita métrica inextensível; 
o Circundar todo o crânio (da 
glabela até o occipito – obs.: 
não passar a fita no pavilhão 
auricular) 
 Ao nascimento: 35 cm; 
Nos 2 primeiros anos de 
vida: fator nutricional é 
o mais importante 
A cabeça da 
criança fica na 
parte fixa da 
régua. 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 14 
 
 Primeiro trimestre: 2 cm/mês; 
 Segundo trimestre: 1 cm/mês; 
 Próximos 6 meses: 0,5 cm/mês; 
 Primeiro ano: 12 cm; 
 Primeiro ao terceiro ano de vida: 0,25cm/mês; 
3cm/ano. 
 
 Normocefalia; 
 Macro/microcefalia. 
 
Como avaliar o crescimento: 
Como comparar dados: 
Principais curvas de crescimento que existem: 
 NCHS: foi a primeira grande curva feita no mundo, no 
entanto, utilizou dados de apenas uma única cidade; 
 OMS: grande estudo multicêntrico para tentar criar 
uma curva que fosse aplicável no mundo inteiro; 
 Marcondes: foi feita no ABC paulista na década de 
70 (nessa época, a população desse local era 
basicamente de nordestinos – portanto, não foi um 
referencial adequado, pois não refletia o Brasil). 
 
O que é recomendado hoje? OMS 
 
NCHS ou CDC: 
 Foi criada em 1977  nessa época vivia-se o “boom” 
do aleitamento artificial; 
 Dados somente dos EUA; 
 2000 – revisão dados – foram incluídas crianças em 
aleitamento materno; 
 Em 2000 também surgiu a primeira curva de IMC 2-
20 anos  realizada em percentis (não dava para 
fazer comparações entre populações). 
 
Novas curvas da OMS: 
 1993: comitê da OMS ressaltou problemas técnicas; 
 Começou uma nova curva com 8500 lactentes e 
crianças sadias; 
 O estudo era longitudinal até 24 meses e depois era 
transversal (longitudinal: acompanhar a mesma 
criança nos dois primeiros anos; transversal: várias 
crianças, com 3, 4, 5 anos para serem colocadas na 
curva); 
 Estudo multicêntrico, com vários países e continentes 
(o Brasil participou – Pelotas –RS). 
 
Conclusões: 
 Estudo rigoroso, equipe treinada, instrumental 
padronizado; 
 Mães dispostas a amamentar; parto a termo; 
enfim, condições que garantissem que aquelas 
crianças estavam bem. 
 
Resultados: 
1) Grande uniformidade entre os dados dos 6 países 
 quem é amamentado no peito tem um mesmo 
padrão de crescimento e de ganho de peso (a 
criança da África amamentada no peito, sem 
nenhum problema grave de saúde, cresce da 
mesma forma que a criança dos EUA, ganhou peso 
igual a criança do Brasil, da Índia,..); 
2) O novo padrão de curvas representa o 
crescimento infantil normal sob condições 
ambientais ótimas; 
3) Estas novas curvas devem ser usadas em qualquer 
país. 
 
2006  curvas de crescimento OMS: 0 – 5 anos: 
 Peso para idade; 
 Altura para idade; 
 Peso/ altura; 
 IMC para idade; 
 Perímetro cefálico; 
 
As curvas foram feitas em Z escore (desvio padrão). E 
também foi feita a relação para percentil. 
Isso permitiu a comparação entre as populações. 
 
Z escore 0  média; 
 
Quando pegamos, por exemplo, uma população que está 
entre Z score -2 e Z score +2  a maioria das pessoas 
com peso, altura normais estariam dentro desse intervalo. 
Poucas pessoas normais estariam abaixo do Z score -2 ou 
acima do Z score +2. 
 
Para quase todas as curvas: entre Z escore +2 e -2  
dentro da normalidade. 
Obs.: exceção será feita ao IMC. 
 
Na prática, utiliza-se muito o percentil: 
 
Não tem Z score -1 
ANA
Highlight
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 15 
 
Se o zero é a média, também será a mediana, pois 50% da 
população da amostra está ali. 
Por definição, percentil é frequência acumulada de 
crianças ou adolescentes que estão abaixo do percentil e 
é representado pela área a esquerda da linha vertical que 
define a porcentagem da população que apresenta 
exatamente aquele percentil ou escore z. 
Percentil 3 ou percentil 97 (extremos)  investigar para 
doenças e anormalidades. 
 
Comparação entre o gráfico do NCHS e da OMS: 
 NCHS: no início a criança ganhava menos peso e 
depois ela ganhava mais peso; 
 OMS: é justamente o contrário, porque no 
aleitamento materno, a criança ganha muito peso no 
início e depois estabiliza. 
Obs.: já na fórmula infantil  a criança vai ganhando 
cada vez mais peso  obesidade. 
 
IMPORTANTE: 
 O crescimento é um dos maiores indicadores de 
saúde; 
 Até o segundo ano, o fator nutricional é o que 
mais importa !! 
 A velocidade de crescimento: 
 1º. Ano: 25 cm 
 2º. Ano: 12 cm 
 Triplica o peso no primeiro ano; quadruplica no 
segundo ano; 
 As técnicas de aferição abaixo de 2 anos: 
estadiômetro horizontal; balançapediátrica; 
 É importante medir, pesar e interpretar as curvas 
de crescimento; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANA
Highlight
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 16 
 
CRESCIMENTO DO PRÉ-ESCOLAR E 
ESCOLAR E SEUS DISTÚRBIOS: 
Objetivos: 
 Técnicas de aferição em crianças > 
2 a; 
 Reconhecimento anormal: 
 Estatura alvo e canal familiar; 
 Reconhecer crescimento alterado – 
investigação inicial e crescimento 
anormal. 
 
Crescimento: 
 Crescer é a principal característica da 
infância; 
 As alterações são uma das principais causas de 
consultas pediátricas; 
 Queixa comum: “ele não cresce”. 
 
Crescimento pré-escolar (2 a 6 anos): 
 Criança perde o aspecto roliço e afina; 
 Diminuição da ingesta alimentar pela redução 
do crescimento; 
 Ganho de peso: 2 – 2,5 kg/ano; 
 Importante registrar no cartão da criança: 
peso, altura e anormalidades; 
 Colocar no gráfico e mostrar aos pais; 
 Acompanhamento a cada 4-6 meses (até 6 
meses  consulta mensal; depois:7º. ; 9º. Mês 
e com 1 ano). 
 
Crescimento escolar: 7 – 10 anos (puberdade): 
 Ganho de peso: 2,5 – 3 kg/ano; 
 Geralmente procuram apenas no momento da 
doença; 
 Ideal: são consultas anuais de puericultura. 
Obs.: é importante a consulta para detectar 
distúrbios, doenças, como, por exemplo, um câncer 
precoce. 
 
Fatores de crescimento: 
 Nutricional; 
 Ambiental; 
 Doenças crônicas (cardiopatias, renal, má 
absorção, infecções de repetição); 
 Genéticos; 
 Hormonais (GH, TSH,..); 
 
Obs.: 
- Nutrição: se não tiver aporte proteico, calórico 
 não tem crescimento; 
- Hormonal: até os dois anos de idade, o principal 
fator é o nutricional. A partir disso, os hormônios 
assumem um papel muito importante – GH, 
hormônios tireoidianos  influenciam em todo o 
metabolismo, ajudam a formar as tecidos, 
cognição, ganho e perda de peso,..; 
- Genética: a partir dos dois anos tem uma 
influência muito grande (começa a buscar o canal 
familiar); 
- Doenças crônicas: influenciam negativamente no 
crescimento; 
- Ambiental: atividade física, esportes, 
brincadeiras, luz solar, estímulos, etc. 
 
Produção do hormônio do crescimento (GH): 
Hipotálamo  produz GHRH  estimula a 
produção de GH pela hipófise anterior  fígado: 
IGF-1 (fator ativo do hormônio do crescimento)  
liga-se a IGFBP (proteínas)  atua no crescimento 
muscular, ósseo, etc. 
Portanto, se a criança não tem um aporte proteico 
adequado  produção inadequada de IGF  não 
cresce. 
 
Velocidade de crescimento médio: 
 
 
 
 
 
 
Obs.: por que homens são em média 13 cm mais 
alto do que as mulheres? 
Porque a amplitude do crescimento é menor nas 
mulheres, Além disso, o tempo de crescimento é 
maior nos homens. 
 
Técnicas de aferição em crianças > 2 anos: 
 Estadiômetro vertical; 
 Posicionamento de Frankfurt; 
 Os pés podem estar juntos ou ligeiramente 
afastados; 
 Encostar o occipito na parede; 
 Linha reta, olhar para o horizonte, 90º. 
 
Obs.: medir em pé x medir deitado  medição em 
pé= diminui 1,5-2 cm; 
 
Curvas de crescimento – OMS: 5 – 19 anos: 
 Peso para idade: 5 – 10 anos; 
 Altura para idade: 5 – 19 anos; 
 IMC: 5 – 19 anos. 
1º. Ano  25 cm 
2º. Ano  12 cm 
3º. Ano  8 cm 
4º. Ano até a puberdade  5 a 7 cm 
1 
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O melhor gráfico para seguir a criança por toda a 
sua vida é o IMC, pois ele segue até os 19 anos. O 
gráfico de peso, por exemplo, foi feito até os 10 
anos em função da obesidade – a partir dessa 
idade existia uma discrepância muito grande entre 
os dados de crianças dos EUA e da África, por 
exemplo. A partir dos 10 anos, a partir dos dados 
já existentes do CDC foi feito o gráfico do IMC. 
 
Obs.: na maioria das vezes Z score entre -2 e +2 
 está dentro da normalidade. 
 
Avaliação do crescimento: 
 
ANAMNESE: 
1) Alimentação; 
2) Atividade física; 
3) Sono; 
4) Peso e comprimento ao nascimento; 
5) Doenças crônicas ou infecções de repetição; 
6) Altura dos pais. 
 
Obs.: crianças PIG podem não crescer 
adequadamente (quase 20% não crescem de forma 
adequada e precisam ser tratadas). 
 
ESTATURA ALVO E CANAL FAMILIAR: 
Estatura alvo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Previsão genética: estatura alvo +/- 2DP 
Obs.: na prática considera-se um desvio padrão de 
5 cm. 
 
 Desenhar no gráfico o canal familiar. 
 
Obs.: a maioria das crianças fica dentro de um 
desvio padrão  5 cm; 
Obs.2: quando a diferença de altura entre os pais 
é muito grande  a criança pode não ficar dentro 
dessa média. 
 
EXAME FÍSICO: 
 Peso; 
 Altura; segmento superior; segmento inferior 
e envergadura (ponta do 3º. Dedo). 
 Velocidade de crescimento (curvas). 
 
Obs.: 
 Segmento inferior: sínfise púbica ao chão; 
 Segmento superior = altura – segmento 
inferior; 
 Ao longo da vida, a relação segmento 
superior/segmento inferior varia. Ao 
nascimento= 1,7. Como os membros 
crescem mais em relação ao tronco, essa 
proporção chega a 1,3 aos 3 anos; com 8 a 
10 anos, ela torna-se 1,0. 
 Às vezes a criança pode ter algum 
distúrbio que leve a uma desproporção na 
relação desses segmentos. 
 
Obs.2: com relação às curvas: não se faz uma 
avaliação inferior a 3 meses  normalmente a 
criança cresce mais no verão. 
 
EXAMES: 
 RX idade óssea; 
 Laboratoriais. 
 
Idade óssea: 
 Radiografia da mão e punho E; 
 Analisa os espaços entre os ossos, núcleos 
ósseos; 
 Maturação óssea; 
 Previsão da altura final. 
 
VARIAÇÕES NORMAIS DO CRESCIMENTO: 
 Alterações na curva do crescimento, pela 
busca do canal genético entre 2-3 anos; 
 Baixa estatura familiar  mudança do canal 
entre 3-6 meses, com novo canal de 
crescimento entre 13-24 meses; 
 Atraso constitucional do crescimento  
desaceleração aos 15-24 meses, com o novo 
canal entre 3-4 anos; 
 A criança PIG ou com RIUC (retardo de 
crescimento intra-uterino)  o canal é atingido 
por volta dos 2 anos de idade e os prematuros 
podem demorar até os 4 anos. 
 Alta estatura  família muito alta. Crescem 
mais rápido antes dos 3 meses com um novo 
canal aos 18 meses. 
 
BAIXA ESTATURA FAMILIAR: 
 Estatura e peso normais ao nascimento; 
 Queda gradual na curva de crescimento nos 
dois primeiros anos de vida, atingindo o canal 
genético de crescimento da família; 
Estatura da mãe + (estatura do pai – 13 cm) 
2 
Estatura do pai + (estatura da mãe + 13 cm) 
2 
2 
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 Velocidade de crescimento normal dentro do 
canal familiar; 
 Idade óssea compatível com a idade 
cronológica (IO = IC). 
 
ATRASO CONSTITUCIONAL DO 
CRESCIMENTO: 
Altura e peso normais ao nascer; 
 Desaceleração do crescimento geralmente 
entre 2-4 anos, atingindo novo canal de cresc.; 
 Velocidade de crescimento normal neste novo 
canal de crescimento que é abaixo do familiar; 
 Casos na família de retardo de crescimento; 
 Atraso da idade óssea (IO < IC). 
 
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO: 
 BAIXA ESTATURA VERDADEIRA: 
 Altura < -2DP (escore Z-2) ou 
 Abaixo do percentil 3; 
 Após os 4 anos a mudança do canal 
genético é suspeita de doença! 
 
Mecanismos responsáveis pelo déficit de 
crescimento: 
 Diminuição da oferta de nutrientes; 
 Diminuição da oferta de oxigênio; 
 Aumento do metabolismo basal com maior gasto 
calórico; 
 Resistência ou déficit hormonal. 
 
Causas de baixa estatura: 
 Baixa estatura familiar (*) 
 Retardo constitucional do crescimento e 
puberdade – RCCP (*) 
(*) variações da normalidade. 
 Desnutrição; 
 RCIU ou PIG proporcional; 
 Doenças crônicas – renais, cardíacas, 
hematológicas, respiratórias; 
 Displasias ósseas; 
 Síndromes genéticas; 
 Endocrinopatias (doenças da tireoide, déficit de 
GH, tumores de SNC)  menos de 10%; 
 Baixa estatura idiopática. 
 Criança usando corticoide; 
 Medicações quimioterápicas, radioterápicas, 
imunossupressores. 
 
Síndrome de Turner: 
 Importante causa de baixa estatura; 
 Meninas; 
 Causa genética; 
 Confirmação por cariótipo (45, X0). 
Deficiência de GH: 
A deficiência de GH acomete cerca de 1: 10.000 
nascidos vivos, sendo por isso causa rara de baixa 
estatura. Há causas congênitas adquiridas, e pode 
ocorrer a associação com deficiências de outros 
hormônios hipofisários. Existe um espectro clínico 
muito amplo da doença, variando desde os casos 
típicos até deficiências parciais do hormônio. Em RN 
com deficiência de GH pode haver hipoglicemia e 
micropênis/criptorquidia em meninos. As crianças 
podem apresentar baixa estatura, fácies de 
“boneca” (fronte olímpica, maxilares pequenos, base 
nasal achatada, voz aguda e cabelos finos), 
obesidade troncular com pés e mãos pequenos. A 
redução da velocidade de crescimento é uma 
manifestação precoce e a idade óssea está 
atrasada. Em crianças com baixa estatura, sem 
sinais de outras doenças sistêmicas crônicas, deve-
se proceder a investigação da deficiência de GH. 
 
Como avaliar o crescimento: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
F 
 
 
Obs.: a velocidade de crescimento é muito 
importante, pois se a criança cresce normal, a 
chance de alteração patológica é muito pequena. 
 
EXAMES LABORATORIAIS: 
1ª. Fase 2ª. E 3ª. Fase 
Hemograma (avaliar se a 
criança tem anemia) 
TSH, T4L 
Proteínas totais e frações IGF-1 
1ª. Consulta: 
 Anamnese e exame físico; 
 Altura do paciente; 
 Altura dos pais; 
 Determinação do alvo parental. 
2ª. Consulta: 
 Reavaliação em 3 meses; 
 Calcular a velocidade de crescimento; 
 Avaliação da idade óssea. 
Velocidade de crescimento: 
(a) Normal com alvo 
parental baixo  
provavelmente baixa 
estatura familiar; 
(b) Baixa (< 4cm/ano)  
encaminhar para 
endocrinologista 
Idade óssea: 
(a) Atrasada, + de 2 anos  
maturação muito 
atrasada  fala a favor 
de deficiências 
hormonais (GH, TSH,..) 
(b) Até 2 anos + velocidade 
de crescimento normal 
 acompanhamento  
pode ser RCCP 
3 
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TGO e TGP (avaliar o fígado) Anti-endomísio 
(doença celíaca 
 não absorve 
glúten) 
IgA 
Ureia e creatinina (saber se a 
criança tem IR) 
IgA sérica 
Cálcio, P. fosfatase alcalina 
(a fosfatase alcalina avalia o 
metabolismo ósseo) 
Testes 
estímulos 
hormonais 
Glicemia jejum (deficiência de 
cortisol hipoglicemia) 
Cariótipo 
Parcial de urina RX sela túrcica 
Parasitológico de fezes RM crânio 
 
PRINCIPAIS CAUSAS DE ACELERAÇÃO DO 
CRESCIMENTO: 
 Alta estatura familiar; 
 Obesidade exógena; 
 Puberdade precoce; 
 Síndromes genéticas; 
 Gigantismo (aumento de GH crescimento 
desproporcional); 
 Tumores SNC. 
 
Obs.: curvas paralelas  velocidade de crescimento 
normal. No entanto, se as curvas forem paralelas, 
mas se estiver fora do canal familiar, a investigação 
deve ser feita da mesma forma. 
 
Caso clínico: 
#ID: Pedro, 4 anos; 
# HMA: próximo do 2º. Ano de vida, a mãe 
observou um crescimento mais lento e agora está 
preocupada por ser um dos mais baixos da 
creche. 
#Boa alimentação, pratica natação 3x/sem e 
está sempre brincando; 
#HMP: saudável;#Antec.:PN:3200g;E:50cm; 
#HMF: pai 179cm; mãe 158 cm 
#Exame físico: BEG, dentro da normalidade. 
1) Faça o gráfico da criança; 
2) Classificar quanto ao Z-escore a altura; 
3) Determinar a estatura alvo; 
4) Qual exame pode auxiliar no diagnóstico? 
5) Qual a velocidade de crescimento no 
1º.,2º.,3º. E 4º. Ano? 
6) Qual o diagnóstico do Pedro? 
 
Idade Estatura 
3m 61cm 
6m 68cm 
12m 75cm 
18m 79cm 
2 anos 83cm 
3 anos 90cm 
4 anos 96cm 
 
1) 
2) Estatura adequada para a idade. A altura está 
entre o z escore -2 e 0 (colocar primeiro o que se 
encontra mais próximo da curva); 
3) Estatura alvo = 179 + (158 + 13) / 2 = 175 +/- 5 cm; 
4) Exame diagnóstico: rx de idade óssea; 
Obs.: rx de idade óssea antes dos dois anos não tem 
muita validade. Após os 6 anos é um excelente 
exame. 
Obs.2: o exame de rx de idade óssea de Pedro  
atrasado 1 ano. 
5) Velocidade de crescimento: 
1º. Ano: 25 cm 
2º. Ano: 8 cm 
3º. Ano: 7 cm 
4º. Ano: 6 cm 
6)Diagnóstico: atraso constitucional do crescimento. 
 
1) Gráfico: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
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DISTÚRBIOS DA ALIMENTAÇÃO – 
ANEMIA E MICRONUTRIENTES: 
 
Objetivos: 
 Fatores de risco para anemia ferropriva; 
 Diagnóstico de anemia ferropriva e estágios de 
deficiência de ferro; 
 Alimentos facilitadores e inibidores de ferro; 
 Tratamento e prevenção de anemia ferropriva; 
 Noções sobre vitaminas; 
 Prevenção de osteoporose na criança; 
 Programas de suplementação do MS. 
 
1ª. Parte – anemias carenciais: 
1) Deficiência de Ferro; 
2) Deficiência de vitamina B12; 
3) Deficiência de ácido fólico. 
 
DEFICIÊNCIA DE FERRO: 
Epidemiologia: 
 Deficiência de Fe é a carência nutricional mais 
prevalente no mundo; 
 ¼ da população mundial é afetada; 
 OMS: afeta 50% das crianças (<4anos). 
 
Definição: anemia e deficiência de ferro: 
 Anemia: valores de hemoglobina (Hb) e 
hematócrito (Ht) < 2 DP da referência para 
idade e sexo; 
 Deficiência de ferro: suprimento de ferro 
inadequado para o metabolismo. 
 
Fatores de risco – deficiência de Fe: 
 Desnutrição intrauterina (quando a mãe não se 
alimenta direito  se a mãe não tem um aporte 
adequado, a criança também terá um déficit); 
 Baixo peso ao nascer e prematuridade (não 
teve tempo suficiente para receber a 
alimentação materna. Ou então, se a mãe teve 
hipertensão e não conseguiu desviar o 
alimento/nutrientes para a criança, essa criança 
terá um baixo peso ao nascer e não terá a 
quantidade de Fe necessária); 
 Desmame precoce; 
 Leite de vaca introduzido precocemente 
(devido à biodisponibilidade); 
 Faltade suplementação x crescimento (quando 
a criança começa a comer, deve ser iniciada a 
suplementação  pois é uma fase de 
crescimento da criança); 
 Doenças (parasitoses, alergias, intolerância à 
lactose, RGE  pequenos sangramentos /sangue 
oculto  perda de ferro); 
 Baixa renda (sem condições de comprar os 
alimentos necessários). 
 
Outros: 
 Alimentação inadequada  se a criança não 
come: feijão, folhosos e especialmente carne; 
 Parasitoses, verminoses  ação espoliadora; 
 Aleitamento materno  é um dos maiores meios 
de prevenção da anemia, pois a 
biodisponibilidade de Fe do leite materno é 
muito superior a de qualquer outro tipo de leite. 
 
Biodisponibilidade: 
 Leite de vaca: biodisponibiliza 10%; 
 Leite materno: biodisponibiliza 49%. 
Obs.: o leite de vaca tem mais Fe, mas 
biodisponibiliza muito menos. 
Obs.2: as fórmulas infantis normalmente são 
suplementadas com Fe, e por isso, têm uma boa 
quantidade – mas nada se compara ao leite materno. 
 
Idades de prevalência da deficiência de Fe: 
 6-18 meses  é o pico (mas até o segundo ano 
de vida é muito importante); 
 Adolescência  estirão de crescimento. 
Fases da vida em que mais crescemos  são as 
fases em que mais precisamos de nutrientes 
(crescimento e ingesta); 
 
Fisiopatogenia – Fe ligado a proteínas: 
 Compostos essenciais (70-80% Fe): basicamente 
a hemoglobina; mas também temos a mioglobina 
e outros  funções metabólicas relacionadas ao 
transporte e utilização de O2; 
 Compostos de armazenagem (20-30%): 
 Ferritina (guarda quase 80% do nosso 
estoque de ferro); 
 Hemossiderina; 
 Transferrina. 
Obs.: na prática clínica, é dosada a ferritina, de 
modo geral. 
 
Anemia fisiológica: 
 Queda dos níveis de Hb, após 4-6 semanas com 
pico entre 8-12 semanas (até 10d/dL); 
 Ocorre devido à redução da eritropoetina pela 
maior oferta de O2 pulmonar; 
 Não é necessário tratamento, visto ser uma 
adaptação fisiológica, sendo que o Fe permanece 
estocado. 
P E D I A T R I A 1 – L i z Y u m i S a g u t i – M E D U E M X X I V P á g i n a | 21 
 
 Metabolismo do Ferro: 
2 formas de ferro: 
 Ferrosa (Fe++) ou heme  carnes, Hb; 
 Férrica (Fe+++) ou não heme  alimentos 
vegetais; 
 
A forma férrica transforma-se na forma ferrosa: 
Férrica (maioria dos alimentos)  Ferrosa 
(absorção no intestino). 
 
Etiologia – anemia ferropriva: 
 Ferro fonte animal: absorção de 10-30%  não 
sofre influência de fatores inibidores; 
 Ferro fonte vegetal: absorção de 1-7%  sofre 
influência de fatores facilitadores e inibidores. 
(principais facilitadores: frutas cítricas). 
Obs.: filhos de vegetarianos  o ferro deve ser 
suplementado; além disso, a dieta deve ser 
riquíssima em alimentos folhosos ricos em Fe. 
 
Absorção de ferro: 
Fatores facilitadores Fatores inibidores 
Ácido ascórbido 
(vitamina C) 
Fitato (aveia, farelo, 
trigo) 
Frutose Fibras 
Aminoácidos das carnes Cafeína 
 Sais de Cálcio; Fósforo 
– ex. leite de vaca 
 Compostos fenólicos 
(chás, achocolatados, 
refrigerantes) 
 
Diagnóstico clínico – anemia: 
 Palidez cutâneo-mucosa (palmo-plantar); 
 Anorexia; 
 Perversão do apetite (avidez pelo ferro); 
 Geofagia; 
 Apatia ou irritabilidade; 
 Fraqueza muscular; 
 Prejuízo no desenvolvimento físico; 
 
Outras consequências da anemia: 
 Redução da atenção; 
 Déficits psicomotores; 
 Maior suscetibilidade à doenças; 
 Alteração da função imune (Fe  contribui com 
a ação bactericida dos neutrófilos); 
 Prejuízos nas funções cognitivas (diminuição do 
NT DOPA e redução do processo de 
mielinização). 
 
 
 
Diagnóstico laboratorial de anemia: OMS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diagnóstico laboratorial de anemia: 
1) Associação Hb e índices hematimétricos: 
 VCM (volume corpuscular médio) 
 CHCM (concentração Hb corpuscular média) 
 HCM (Hb corpuscular média) 
 
Abaixo dos valores de referência  falam a favor 
de anemia ferropriva, 
2) RDW (coeficiente de variação  se eu tiver 
células muito grandes, e outras muito pequenas 
 essa variação não é normal: coeficiente de 
variação eritrocitária > 14%  fala a favor de 
anemia ferropriva). 
 
Estágios da deficiência de ferro: 
1) Carência de Fe nos estoques; 
2) Carência de Fe sem anemia; 
3) Anemia hipocrômica e microcítica. 
Obs.: é possível ter uma deficiência de Fe, porém 
sem uma anemia clínica – ex.: Hb de 12, mas com uma 
ferritina baixa  em breve essa criança terá uma 
anemia clínica, pois a sua reserva acabou. 
 
Exames alterados conforme estágio da deficiência 
de Fe: 
Exame 1º.) 
Depleção 
do estoque 
2º.) 
Depleção de 
Fe 
(circulante) 
3º.) Anemia 
Hb Normal Normal Diminuída 
VCM Normal Normal Diminuída 
Fe sérico Normal Diminuído Diminuído 
Ferritina Diminuída Diminuída Diminuída 
CLF 
(capacidade de 
ligação do Fe) 
Normal Aumentado Aumentado 
Saturação 
transferritina 
Normal Diminuída Diminuída 
6m-5a: Hb<11g/dL 
5a-11a: Hb<11,5 
11a-adolesc. : Hb<12 
Muito utilizado 
na saúde 
pública! ! 
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 Depleção de estoque: o que estará baixo será a 
ferritina (principal local de armazenamento). O 
restante estará normal; 
 Depleção de Fe circulante: a Hb e o VCM 
estarão normais, mas o Fe sérico estará 
diminuído, e o estoque que já estava baixo, 
continuará baixo, e, a CLF estará aumentada, 
pois existe pouco Fe, logo, sua avidez pela 
ligação a proteínas será muito alta. Mas, a 
saturação periférica será baixa, pois existe 
pouco Fe circulante; 
 Anemia clínica: praticamente tudo alterado: Hb 
(<12) e VCM diminuídos, Fe sérico e ferritina 
baixos, CLF aumentada e saturação baixa. 
 
Diagnóstico diferencial – anemia ferropriva: 
 Dentro das anemias microcíticas e hipocrômicas: 
 Talassemias (mais importante); 
 Infecções crônicas; 
 Intoxicação por chumbo. 
 Exames: 
 Eletroforese de Hb; 
 Dosagem de chumbo; 
 Pesquisa de infecções. 
 
Tratamento: 
Objetivos: 
 Corrigir a causa (verminose, doença de base,..) 
 Restabelecer Hb; 
 Repor estoques. 
(duração do tratamento: 3 a 4 meses  ex.: o 
tratamento durante um mês e meio já consegue 
corrigir a Hb (hemograma normal)  no entanto, se 
o tratamento for suspenso, depois de 3 a 4 meses, 
essa criança voltará a ter anemia, pois ela não havia 
feito estoque). 
 
Orientação nutricional: 
 Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses; 
 Consumo de alimentos ricos em Fe (carnes, 
verduras – espinafre); 
 Aumentar os alimentos facilitadores da 
absorção (explicar, por exemplo, que é 
importante consumir uma fruta depois da 
refeição); 
 Evitar alimentos que inibem a absorção (ex.: as 
crianças têm o hábito de após comer, tomar uma 
mamadeira de leite  isso é errado!). 
 
Medicamentosos: 
 Reposição com sais de Fe – ferro elementar; 
 Duração de 3 a 4 meses  para restauração dos 
estoques de Fe; 
 Ideal é ser dado com agentes facilitadores; 
 Pode apresentar vários efeitos colaterais 
(diarreia, constipação, cólica, vômitos). 
 
Obs.: sulfato ferroso – é o mais comum na rede 
pública, porém, é o que mais dá efeitos colaterais. 
Esses efeitos colaterais dificultam o tratamento. 
Às vezes é necessário trocar a medicação, ou então 
iniciar com doses menores, aumentando de maneira 
gradual, até atingir a dose necessária.Falência de tratamento com ferro oral: 
 Não complacência do paciente  principal causa 
de falência do tratamento! 
 Perda de sangue contínua (alergias alimentares 
fazem perdas ocultas); 
 Duração insuficiente do tratamento; 
 Uso de medicações inibidoras da absorção (ex.: 
bloqueadores de bombas – omeprazol, ranitidina 
 inibem a absorção por alterarem o pH do 
estômago); 
 Diagnóstico incorreto. 
 
Recomendações da SBP para suplementação de 
Fe: 
Situação Recomendação 
RN termo em AME até 
6m 
Não é necessário 
Após introdução de 
alimentação ou > 6m 
1-2mg/kg/dia até 24 
meses 
Lactentes em uso de 
fórmula infantil > 500 
ml/dia 
Não necessário 
Prematuros – depende 
do peso e IG e após 
30d de vida 
2-4mg/kg/dia – 1º. Ano 
após 1-2mg/kg/dia 
 
A SUPLEMENTAÇÃO É ATÉ 2 ANOS PELA SBP 
 
 
 
 
 
Programa nacional de suplementação de Fe 
(PNSF): 
 Devido à alta prevalência, 67,6% nas idades 
entre 6 e 24 meses e cerca de metade dos pré-
escolares; 
 O PNSF consiste na suplementação 
medicamentosa de Fe para crianças de 6 a 18 
meses de idade, gestantes a partir da 20ª. 
Semana e mulheres até o 3º. Mês pós-parto. 
Toda criança precisa fazer suplementação de 
ferro após introdução de alimentos e até os 2 
anos. A dose é variável. 
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*é um pouco diferente da recomendação da SBP 
(pois a recomendação é feita até os 18 m e não até 
os 24 m). É um programa mínimo para tentar 
amenizar a carência de Fe, mas não é o ideal. 
ANEMIAS MEGALOBLÁSTICAS: 
Definição: grupo de anemias onde a medula óssea 
produz hemácias gigantes e imaturas. 
Causas: 
1) Deficiência de vitamina B12; 
2) Deficiência de ácido fólico. 
 
Deficiência vitamínica de B12: 
Causas: 
 Nutrição inadequada: 
 Deficiência materna afetando o feto e 
lactente; 
 Dieta vegetariana (vit. B12 é encontrada 
principalmente nas carnes); 
 Dieta pobre ou insuficiente. 
 Deficiência na absorção: 
 Anemia perniciosa; 
 Ressecções cirúrgicas; 
 Verminoses. 
 
Deficiência de ácido fólico: 
Causas: 
 Nutrição inadequada: 
 Doença materna afetando feto ou lactente; 
 Dieta pobre ou insuficiente (leite de cabra); 
 Drogas: trimetoprima (bactrim), drogas 
antiepilépticas; 
 Aumento da demanda: lactação e gestação. 
 
Fisiopatologia: 
 Essas duas vitaminas são importantes para 
síntese do DNA na eritropoese; 
 A deficiência leva a um desequilíbrio no 
crescimento e divisão celular com aumento do 
volume citoplasmático; 
 A vitamina B12 atua na formação do 
tetraidrofolato (forma ativa do ácido fólico). 
Por isso uma deficiência pode estar associada 
com a outra. 
 
Quadro clínico: 
 Sintomas descritos na anemia; 
 Sensação de queimação em língua e úlceras; 
 Sintomas gastrintestinais; 
 Alterações neurológicas (parestesias, 
irritabilidade, atraso DNPM). 
 
Diagnóstico laboratorial: 
 VCM aumentado (> 100µ³ ); 
 Sangue periférico pode apresentar neutropenia 
e plaquetopenia; 
 MO: hiperplasia eritroide com células 
megaloblásticas; 
 Diferencial: dosagem de folato e vitamina B12. 
 
Tratamento: 
 Orientação dietética: 
o Alimentos ricos em ácido fólico: 
 Origem vegetal: frutas, hortaliças verde-
escuras, feijão, nozes. 
o Alimentos ricos em vitamina B12: 
 Origem animal: carnes e peixes. 
 
 Terapia medicamentosa: 
o Administração intramuscular de vitamina 
B12; 
o Ácido fólico oral. 
 
2ª. Parte- carências de micronutrientes: 
 
Definição: micronutrientes são substâncias de 
origens diversificadas (orgânicas ou minerais), de 
componentes dietéticos que são necessários para 
manutenção da nossa saúde. 
 
Funções dos micronutrientes: 
Várias funções metabólicas: 
 Coenzimas: vit. B1-7, B-9, B-12 e K; 
 Antioxidantes: vit. C, E; 
 Síntese de proteínas: vit. A e D; 
 Síntese de pré-hormônios: vit. D; 
 Outras funções ainda desconhecidas. 
 
1) Vitaminas: adquiridas de fontes alimentares 
exógenas. São divididas em lipossolúveis 
(A,D,E,K) e hidrossolúveis (vit. B e C). 
2) Minerais: divididos conforme a concentração no 
organismo em: 
a. Macrominerais: cálcio, fósforo e 
magnésio (basta lembrar dos ossos!); 
b. Microminerais: ferro, sódio, cloro, e 
muitos outros. 
 
VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS: 
 
VITAMINA A: 
 Hipovitaminose A é a principal causa de 
xerodermia, e pode levar à cegueira; 
 No Brasil, mais prevalente em regiões de MG, SP 
e Nordeste; 
 Importante problema de saúde pública nesses 
locais e em vários países. 
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 Vit. A – Propriedades retinol: 
Fontes: 
 Animal: leite e derivado, gema, fígado, óleos de 
peixe e margarinas; 
 Vegetal (carotenos): frutas e hortaliças amarelo 
alaranjadas e verde-escuras; 
 
Funções – vit. A: 
 Essencial para visão – componente da rodopsina, 
pigmento responsável pela excitação visual 
mediante ação da luz; 
 Diferenciação celular dos epitélios; 
 Crescimento celular; 
 Osteogênese; 
 Espermatogênese; 
 Crescimento embrionário e transcrição genética. 
 
Sinais clínicos de hipovitaminose A: 
 Sinais cutâneos: xerodermia, hiperqueratose 
folicular; 
 Sinais oculares: cegueira noturna, xerose 
conjuntival e corneana, úlcera, cegueira; 
 Perdas de apetite; 
 Redução de crescimento; 
 Deformidades ósseas; 
 Diminuição LysT. 
 
Diagnóstico: 
 Fatores predisponentes pelo inquérito 
alimentar; 
 Síndrome xeroftálmica (olho seco, criança não 
enxerga direito) 
 Concentração retinol sérica (normal:20-
49,9mcg/dL). 
 
O que é importante lembrar: crianças na região do 
Nordeste que só comem farinha e arroz  grande 
chance de apresentarem deficiência de vit. A  
observar bem a pele e os olhos dessa criança  
qualquer alteração  encaminhar ao oftalmologista. 
 
Suplementação de vitamina A: 
 6m – 5a: suplementação nas crianças que vivem 
em áreas de risco; 
 Outras áreas que detectem sinais de deficiência 
de vit.A em crianças poderão ser incorporados 
ao programa. 
 
Lembrando: Nordeste, Vale do Jequitinhonha e Vale 
do Ribeira (SP)  áreas de risco. 
 
VITAMINA D: 
 Vit. D2 – ergocalciferol  origem vegetal; 
 Vit. D3 – colecalciferol  derivada do seu 
precursor na pele, após exposição aos raios UV; 
A vit. D3 sozinha não faz nada, ela precisa 
passar pelo fígado, para ser transformada em 
25-hidroxi-vit.D (25-OH-colecalciferol. 
 No fígado: 25-OH-colecalciferol (calcidiol)  
forma estoque (importante para a imunidade, 
pele e inúmeras funções metabólicas). 
No entanto, para se transformar em sua forma 
ativa, ela precisa passar por uma outra 
hidroxilação (1,25-vit.D). 
 Nos rins: calcidiol  calcitriol (1,25- 
diidroxicolecalciferol)  forma ativa (é essa 
forma ativa que irá absorver o cálcio do nosso 
intestino, reabsorver o cálcio do nosso rim ..) 
 
Basicamente  precisamos tomar sol !! 
Fazer essa recomendação a todos os 
pacientes. 
Obs.: a cor da pele influencia. Para 
sintetizar a mesma quantidade de vit.D, 
pessoas com pele mais escura precisam de mais 
tempo de exposição solar. 
 
Fontes de vit. D: 
 Exposição solar (>90%)  fazer essa 
recomendação para todos os pacientes; 
 Alimentos: leite integral, gema de ovo, manteiga, 
fígado, peixes de água salgada* (bacalhau, 
salmão). 
(*) principais fontes.