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Aula da sétima semana de clínica com crianças

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AULA DA SÉTIMA SEMANA DE CLÍNICA COM CRIANÇAS.
TEXTO SOBRE O COMPLEXO DE ÉDIPO E O CASO DO PEQUENO HANS.
Como surge o entendimento de Freud sobre o Complexo de Édipo? 
Temos estudado os Três ensaios da sexualidade (1905) e como vimos, não há referências de Freud sobre o complexo de Édipo e o complexo de Castração embora Freud, já em uma carta ao seu amigo Fliess (1897), relate “ter descoberto em si mesmo impulsos carinhosos quanto à mãe e hostis em relação ao pai, estes complicados pelo afeto que lhe dedicava”. 
No caso do pequeno Hans, Freud comenta: “é verdadeiramente um pequeno Édipo, que gostaria de fazer seu pai desaparecer para ficar sozinho com sua mãe e dormir com ela”.
Portanto, o caso do pequeno Hans, auxiliou Freud na compreensão do complexo de Édipo e na temática da castração. O pequeno Hans DEPARA-SE COM A CASTRAÇÃO MATERNA em meio a sua vivência da trama edipiana. Ele defronta-se com os enigmas da relação com o Outro e da separação dos desejos deste.
Qual a relação que Freud faz entre o Complexo de Édipo o Complexo de castração e a curiosidade infantil sobre o falo?
Em seu texto “Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos”, Freud (1925/1980) demarca, de forma concisa, a relação existente entre o complexo de Édipo e o complexo de castração nas meninas e nos meninos, afirmando que “Enquanto nos meninos, o complexo de Édipo é destruído pelo complexo de castração, nas meninas ele se faz possível e é introduzido pelo complexo de castração” (Freud, 1925/1980, p. 318). 
O complexo de Édipo e de castração no menino
O menino, volta-se a pulsão para o seu pênis e inicia assim, a prática da masturbação pela manipulação. Esta prática não é bem aceita pelos adultos que, diante da percepção de que o menino está se masturbando, repreendem-no, sugerindo alguma forma de mutilação.
No caso do pequeno Hans, há um exemplo de como a ameaça de castração pode se presentificar, e como a criança pode reagir frente a isto. Aos três anos e meio, sua mãe o viu tocar com a mão no pênis. Ameaçou-o com as palavras: ‘se fizer isso de novo, vou chamar o Dr. A. para cortar fora seu pipi. Aí, com o que você vai fazer pipi?’Hans: ‘Com meu traseiro’. (Freud, 1909/1980, p. 17). Com esta resposta, Hans demonstra que não temeu a castração, pois, só posteriormente, esta terá o efeito esperado, a da ameaça da castração. 
O termo “complexo de castração” surge na obra de Freud pela primeira no artigo “Sobre as Teorias Sexuais Infantis”(1908). Nele, Freud atribui a formação do “complexo nuclear das neuroses” ao conflito entre as explicações dos adultos com relação às origens da sexualidade e da vida, e as teorias sexuais infantis, construídas a partir das investigações que as crianças empreendem sobre estes assuntos. O motor de tais investigações, diz Freud, é o temor de perder o lugar junto aos pais com a chegada de um novo bebê tornando-se um desejo de saber sexual através de construções e teorias sexuais infantis. A criancinha é levada a empreender um trabalho de investigação, de pesquisa, quando se vê confrontada om a questão-enigma da origem dos bebês, a questão da sexualidade, da procriação. E diante dessa questão, surge um grande número de mitos e lendas que a criança constrói de modo genial de um teórico. O que impulsiona esse impulso ao saber é a questão de sua própria existência, confrontada como sujeito ao abismo do desejo do Outro parental, abismo diante do qual, como diz Lacan, a criança não tem recursos. O que você quer de mim, além daquilo que me demanda? De que desejo eu nasci? Mas a dimensão de urgência com que a questão se coloca para a criancinha está também ligada ao fato de que, nesse período de entrada na fase fálica, ela está especialmente ocupada e preocupada com seu próprio sexo que, nesse momento, é o lugar privilegiado do auto-erotismo. É o caso das múltiplas perguntas do pequeno Hans sobre o “faz-pipi” bem antes da eclosão da fobia. É, pois, nesse momento em que a criancinha é confrontada, como sujeito ao que há de insaciável no desejo do Outro (que nenhuma resposta à demanda consegue satisfazer). É nesse momento em que o prazer masturbatório também não é suficiente para satisfazer completamente que a questão da procriação vai suscitar uma insaciável sede de saber.Os pais representam para a criança a fonte de saber, mas Freud nos diz que aí se constitui um impasse. Efetivamente, qualquer resposta que seja dada será insatisfatória. O mito da cegonha, como qualquer resposta dada pelo adulto não faz senão rodear e escavar o lugar de uma falta, a falta de resposta que ofereceria ao sujeito o acesso ao saber e ao gozo sexual. Essa falta, que marca o lugar do saber que o Outro não dispõe, a criança faz dele o lugar de um saber proibido, de um saber que os adultos guardam em si e que ela irá tentar desvendar através de suas teorias sexuais infantis.
. “A Organização Genital Infantil: uma interpolação na teoria da sexualidade”(1923) Freud traz novos posicionamentos em relação à sexualidade infantil. Ele afirma que as escolhas objetais infantis, bem como suas pulsões parciais, já se encontram sob a primazia dos genitais muito antes do que ele mesmo imaginava ao escrever os “Três Ensaios”. A principal característica desta organização genital da criança é, ao mesmo tempo, sua principal diferença em relação à organização adulta: a teoria infantil de que para os dois sexos existe apenas um órgão genital – o pênis. A visão do órgão sexual feminino não leva a criança, neste momento, a vinculá-la à diferença entre os sexos: a diferença que a criança percebe e admite é relativa às características sexuais secundárias, mas isso não a impede de crer que todos os adultos possuem um pênis – ou pelo menos aqueles que não foram castigados com a castração. O menino inicialmente rejeita esta percepção, e a contradição entre o que ele vê e aquilo em que deseja acreditar é encoberta pela ideia de que o pênis “ainda vai crescer”. Em seguida ele conclui que o pênis estava lá e foi retirado, o que o leva ao receio de perder também o seu, e a pensar sobre o que seria necessário fazer, ou renunciar, para preservá-lo.
Em “A Dissolução do Complexo de Édipo” (1924) a vinculação entre complexo de castração e complexo de Édipo aparece de forma mais clara. Freud afirma que a masturbação da criança, motivo da ameaça de castração, é a descarga da excitação sexual relativa ao complexo de Édipo. A descoberta de que as mulheres não têm pênis põe fim às duas formas de satisfação frente ao complexo de Édipo: a maneira masculina, tendo relações sexuais com a mãe, e que tem como consequência a castração, e a maneira feminina, assumindo o lugar da mãe no amor do pai, que tem na castração sua precondição. A satisfação do amor edípico implica, necessariamente, na concretização da ameaça de castração: entre o investimento no objeto de amor edípico e o investimento narcísico no pênis, em geral triunfa o segundo, e “o ego da criança volta as costas ao complexo de Édipo” (1924, p.221).
E quando o menino começa a sentir os efeitos da ameaça da castração ?
A visão das genitálias femininas provocará a percepção de que há algo diferente entre ele e ela, isto é, entre o homem e a mulher. Diante de tal percepção, a criança é levada a ‘inventar’ teorias sobre tal fato a fim de camuflar a falta existente no outro, ou melhor, na outra. A questão da diferença anatômica entre os sexos irá acompanhar e inquietar o pequeno investigador Hans por bastante tempo e por diversas formas, como segue neste trecho: “Depois de pequena pausa, acrescentou com alguma reflexão: ‘Um cachorro e um cavalo têm pipi; a mesa e a cadeira, não.’ Assim tomou consciência de uma característica essencial de diferenciação entre objetos animados e inanimados. (...) Hans (três anos e nove meses): ‘Papai, você também tem um pipi’? Pai: ‘Sim, claro.’ (...) Noutra ocasião, ele estava olhando insistentemente sua mãe despida, antes de ir para a cama. ‘Para que você está olhando pra mim desse modo?’, ela perguntou. Hans: ‘ Eu só estava olhando para ver sevocê também tem um pipi.’ Mãe: ‘Claro, Você não sabia?’ Hans: ‘Não. Pensei que você era tão grande que tinha um pipi igual ao de um cavalo.’ (Freud, 1909/1980, p. 19).
A última frase da citação acima se refere a uma possível teoria de Hans sobre as diferenças sexuais. Contudo, ele ainda não aceitava a existência de um sexo diferente do seu, e isto ficou evidente quando, ao observar o banho de sua irmã, com sete dias de nascida, ele argumenta que o ‘pipi’ é pequenininho, mas que vai ficar maior.
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O que é o falo?
Freud (1924/1980) afirma que há uma contemporaneidade entre a fase fálica e o complexo de Édipo e, consequentemente, com o complexo de castração. 
Desta forma, é preciso fazer uma breve retrospectiva. Na fase fálica, há o primado do falo e a criança acredita que todos os seres possuem falo, que, em Freud, é referido inicialmente como o pênis. Com a noção de a possibilidade de castração fazer efeito de ameaça, “o conceito psicanalítico de falo começa a se deslocar, assim, do órgão peniano, ganhando o estatuto de representante psíquico da falta (perdas narcísicas)”. Este deslocamento pode ser, inclusive, notado em Hans, ao investigar a presença ou não do ‘pipi’ nos objetos, nos animais e nas pessoas.
A fobia de Hans
Toda fobia é uma manifestação sintomática do complexo de castração. A fobia não é uma estrutura. Não é tampouco um tipo clínico. A fobia é uma plataforma giratória, uma encruzilhada, desde onde se toma a via da histeria ou da obsessão. Isto significa que quando encontramos o sintoma fóbico podemos ter certeza que a psicose está excluída, porque a fobia é o brasão do complexo de castração, porque a fobia tem valor que indica que o complexo de Édipo esteve em pleno funcionamento. Diante deste sintoma temos certeza de que o sujeito atravessou para além de sua posição inicial de objeto que falta à mãe. Freud prefere chamar a fobia de Hans de “histeria de angústia”. O termo se justifica da semelhança entre a histeria e a fobia. A diferença é que a angústia na histeria se transforma em um sintoma somático enquanto que na histeria de angústia se converte em fobia.
O nascimento da irmãzinha Hanna.
Um dia, quando estava na rua, Hans teve uma crise de angústia e pediu para voltar para casa e ficar com a mamãe. Logo Freud descobriu que o motivo dessa angústia estava relacionado aos desejos incestuosos de Hans em relação à sua mãe. O nascimento de Hanna, sua irmãzinha, também contribuiu para o desencadeamento desta crise. O desencadeamento do estado de angústia não foi tão repentino quanto parece. Dias antes Hans tinha acordado de um sonho de angústia, cujo sentido era que sua mãe tinha ido embora. Trata-se, para Freud, de um sonho típico de punição devido aos seus desejos inconscientes. A angústia do sonho é uma expressão de uma fantasia incestuosa. Hans costumava demandar dormir com sua mãe.
Ao retomar as questões de Hans sobre o nascimento de sua irmã, aponta-se para ele duas situações: uma referente à reanimação dos prazeres que havia desfrutado, quando bebê, em virtude de sua irmã agora ser tratada com os cuidados maternos; e outra, em que ele se depara com o grande enigma do nascimento dos bebês. Quanto a este enigma, Hans irá chegar à conclusão de que o pai não só tinha algo a ver com o nascimento, mas que o ‘pipi’, tinha algo a ver com isso, tendo que ser inclusive um ‘pipi’ maior do que o dele para fazer isso. Apesar de tal hipótese, o pequeno Hans não se depara aí com a castração, pois, para ele, sua mãe possuía o ‘pipi’, tal como ele (Freud, 1909/1980). Além disto, a criança também acreditava que o seu ‘pipi’ cresceria.
A fantasia das duas girafas
Hans continua a comunicar através da fantasia das duas girafas (às quais ele acrescenta, no desenho que seu pai faz, o pipi) seus desejos recalcados. Uma girafa estava gritando em vão porque ele havia tomado posse da outra. Ele representou o “tomar posse de”, pictoricamente, como “sentar em cima”. Seu pai reconheceu esta fantasia como a reprodução de uma cena de quarto, que se passava habitualmente de manhã. O pai e a mãe eram as girafas grande e pequena.
Freud interpreta que, Hans estaria dizendo: “Eu gostaria de estar fazendo algo proibido com minha mãe, algo que você também está fazendo”. Segundo Lacan esta é a única verdade possível, a verdade da castração, pois a relação sexual só pode existir enquanto incestuosa ou assassina e é imperioso nos livrarmos dela.
A fantasia da girafa faz conjunção com o temor de que “o cavalo entrasse em seu quarto” e permite a Freud deduzir que Hans tinha medo de seu pai, porque tinha desejos de livrar-se dele (parricídio). Os detalhes do cavalo de que Hans tinha medo, o preto na boca e as coisas na frente dos seus olhos (o bigode e os óculos), são traços que autorizam a transposição, a metáfora do cavalo ao pai.
O medo do pai e a dissolução do Complexo de Édipo em Hans
Sua fobia atravessou de cavalo que cai, a cavalo que morde, até chegar ao medo do pai. Quando o complexo paterno, o complexo de castração assume a dianteira, isto significa que o complexo materno, o complexo de Édipo conheceu sua dissolução. Por isso Hans passa a se interessar pelo “Lumpf”, pelas fezes, e se equivoca ao dizer “Strumpf”, meias. Revela a Freud que “ficou com a bobagem”, assim ele chamava sua fobia, “por causa do cavalo”.
A fantasia do bombeiro
Hans introduz então a fantasia do encanador, do bombeiro, como é conhecida: o bombeiro desaparafusou a banheira e bateu no seu estômago com sua grande broca. Freud chama a isso de fantasia de procriação. Hanna, sua irmãzinha, entra em cena. Hans desejava a morte dela.
Hanna era um lumf (era assim que Hans pronunciava), os bebês nascem como lumfs. Compreende-se então que as carroças, os carrinhos, os ônibus eram carroças de caixas de cegonha, eram significantes da gravidez. Assim quando um cavalo caiu, Hans viu nisso, um parto. Portanto, o significante cavalo caindo, era um significante que servia para tudo, servia tanto para representar o parto quanto a ineficácia do pai para interditar o gozo incestuoso. E mesmo ao servir para representar o parto, estava representando o aparecimento no real de um objeto que viria interditar a relação imaginária da criança e sua mãe. Donde Hanna tal qual a representação psíquica do pai, é um objeto de interdição do gozo. É assim que devemos entender que uma carroça pesadamente carregada representa uma mãe grávida, que um cavalo caindo significa o parto de um bebê.
A dissolução do complexo de Édipo
Freud explica como tal complexo, juntamente com a ameaça da castração, coloca o menino frente aos seus desejos de ocupar o lugar do pai em relação à mãe. Na verdade, como levam-no a desistir da relação edípica, o que não é permitido, por ser uma relação incestuosa. Desse modo se o amor deve custar à criança o seu pênis, surge um conflito narcísico nessa parte do seu corpo. Nesse conflito, triunfa o interesse narcísico pelo seu órgão e ele volta as costas ao complexo de Édipo. 
A saída do complexo de Édipo, pela sua destruição, proporciona ao menino a formação do superego, a identificação com o pai e a garantia do seu órgão presente. Contudo, há um preço, que é o seu afastamento das atividades sexuais. Ele deverá agora voltar a sua pulsão para o saber da cultura, não mais para o saber da sexualidade humana, por ora. Este saber da cultura, de alguma forma, já se fazia presente pela lei do pai, ao resgatar a lei contra o incesto, que não é do conhecimento da criança até que alguém lhe anuncie.

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