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Prévia do material em texto

RESPONSABILIDADE CIVIL
ROTEIRO DE ESTUDOS
FACULDADE DE DIREITO – 6º PERÍODO
1 - Conceito de Responsabilidade Civil
“Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo”.
(Artigo 927 do Código Civil) 
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar o direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
(Artigo 186 do Código Civil) 
"Obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam”.
(Savatier)
“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal.”
(Maria Helena Diniz)
Importante: um só fato jurídico pode deflagrar responsabilidades em mais de um "ramo" do Direito!!!
Aplicação do princípio do NEMINEM LAEDERE = "não lesar a ninguém"
OBS: PRAZOS GERAIS PARA PROPOSITURA DA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
CC, 206, §3º, V - 3 ANOS
CDC, 27 - 5 ANOS
2 - Classificações da Responsabilidade Civil
a) quanto ao fato gerador: 
extracontratual (aquiliana) ( prática de ato ilícito ou abuso de direito (CC, 927 c/c 186 e 187)
 ex:	
contratual ( descumprimento de dever contratual, ensejando as seguintes escolhas para o credor:
a) cobrança da multa e dos juros de mora (cláusula penal moratória), se o adimplemento ainda interessa ao credor;
b) execução forçada do contrato (CC, 475 c/c CPC, 461, 461A, 621, 632 e 585, II) mais perdas e danos, se for o caso;
c) resolução do contrato (CC, 475 c/c o art. 389 do CC):
 - restituição das quantias já adiantadas (restabelecimento do status quo ante)
- perdas e danos (ou cláusula penal estipulada validamente - CC, 408 a 416);
- juros;
- correção monetária;
- custas processuais e honorários de advogado.
Obs: Para ensejar indenização, o contrato descumprido há de ser válido! Contrato nulo não pode gerar efeito jurídico!
b) quanto ao fundamento:
	
subjetiva ( depende da comprovação de dolo ou culpa do autor do dano.
ex: CC, 927, caput
 CC, 186 – ATO ILÍCITO: culpa e dolo
 CC, 187 – ABUSO DE DIREITO
	 CDC, 14, §4º - responsabilidade dos profissionais liberais não associados 
	 CTB – acidentes de trânsito	
objetiva ( haverá indenização independentemente de dolo ou culpa: basta a prova do dano e do nexo causal entre o fato/ ato ilícito e a conduta daquele a quem se imputa a indenização. Hoje, é a regra em nosso ordenamento jurídico, por oferecer maior proteção às pessoas. Aplica-se a TEORIA DO RISCO: aquele que, com sua atividade, cria um risco para terceiros, fica obrigado a responder pelos danos causados (onde há o lucro, há responsabilidade civil). Vale lembrar que a responsabilidade objetiva atinge situações em que há possibilidade de SOCIALIZAÇÃO DOS RISCOS, que seria a pulverização dos prejuízos entre uma multidão de usuários/ beneficiários do produto ou do serviço, como ocorre nas relações consumeristas.
ex: 
I) ATIVIDADE EMPRESARIAL
CC, 927, P. U. - atividade de risco: frustração da "expectativa de segurança"
CC, 931 - produtos postos em circulação
CDC, 12 - fato do produto
CDC, 14 - fato do serviço
CDC, 13 – responsabilidade do comerciante
CDC, 17 – consumidor por equiparação 
	
II) RESPONSABILIDADE POR FATO DE TERCEIROS
CC, 932 – hipóteses
CC, 933 - dever objetivo de guarda e vigilância
CC, 934 – previsão do direito de regresso
	
OBS: TEORIA DA RESPONSABILIDADE ATENUADA DO INCAPAZ (CC, 928)
III) RESPONSABILIDADE POR FATO DE ANIMAL
CC, 936 - fato de animal (presunção de guarda)
	
IV) RESPONSABILIDADE POR FATO DE COISA
CC, 937 - ruína de edifício (proprietário)
CC, 938 - queda ou lançamento de objetos (habitante ou condomínio)
	
V) RESPONSABILIDADE NO ACIDENTE DE TRABALHO
CF, 7º, XXVIII - haverá 2 indenizações cumuláveis:
- uma objetiva, a ser cobrada do INSS (auxílio-doença, aposentadoria por invalidez) 
- outra subjetiva, a ser cobrada do empregador, se agiu com dolo ou culpa.
CC, 950 – indenização na incapacidade para o trabalho	
VI) RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
CF, 37, §6º - Teoria do Risco Administrativo
Direito de Regresso: Poder Público tem direito de regresso contra seu agente, mas sua responsabilidade é subjetiva! 
VII) OUTROS CASOS
Lei 6938/81, 14, §1º - dano ambiental, pela Teoria do Risco Integral (não admite excludentes)
Lei 6453/77 - danos nucleares, pela Teoria do Risco Integral (idem) 	
Lei 6194/74 - DPVAT: responsabilidade objetiva por acidentes de trânsito (Teoria do Risco Integral). 
O STJ entende que o DPVAT pode ser descontado do seguro comum. 
OBS: CC, 942 – Previsão de solidariedade entre os causadores do dano.
_________________________________________________________
3 - Excludentes da Responsabilidade Civil 
	As situações abaixo elencadas somente não excluem a responsabilidade civil fundada na Teoria do Risco Integral, de aplicação restrita no Direito brasileiro. Nos demais casos, a indenização não ocorrerá.
fato exclusivo da vítima:
ex: 
 
fato exclusivo de terceiro:
ex:
caso fortuito e força maior (CC, 393), exceto:
se houve responsabilização expressa;
se o devedor está em mora, a não ser que o dano sobreviesse de qualquer maneira;
ex:
legítima defesa contra o agressor originário; mas subsiste responsabilidade civil se:
houver excesso de quem se defende;
a legítima defesa for putativa (imaginária);
terceiros são atingidos. 
ex:
exercício regular de direito, salvo se houver excesso;
Ex:
f) estrito cumprimento do dever legal, salvo se houver excesso;
Ex:
g) estado de necessidade, lesando o seu causador (CC, 929, 930), salvo se terceiro é atingido. 
Ex:
h) inocorrência de dano
ex:
i) prescrição da pretensão indenizatória
ex: 
OBS: Cláusula de não indenizar ou limitativa da responsabilidade
Tal cláusula não é bem vista pelo Direito brasileiro, pois, embora não afaste a responsabilidade civil, pode excluir ou limitar a obrigação de indenizar (como ocorre na eviccção, p. ex.)
 	Os limites desta cláusula são os seguintes:
só podem ser previstas quanto à responsabilidade contratual (autonomia da vontade);
não podem excluir indenização quanto a obrigações fundamentais do contrato;
não podem afastar a indenização nos casos de dolo ou culpa grave.
CDC, 24, 25 e 51, I - inaplicabilidade nas relações de consumo;
CC, 743 - inaplicabilidade quanto ao transporte.
Ex: estacionamento que não se responsabiliza por furto de veículo 
________________________________________________________
4 – ATENUANTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL
CC, 944 – Princípio do “restitutio in integrum”
CC, 944, PU – possibilidade de se mensurar a indenização pela gravidade da culpa (DISPOSITIVO CRÍTICÁVEL)
CC, 945 - CULPA CONCORRENTE: culpa do autor – culpa da vítima = indenização
CC, 736 – responsabilidade civil pelo transporte gratuito: só existirá nos casos de dolo ou culpa grave
5 – NEXO CAUSAL
Relação natural de causa e efeito entre conduta e dano.
Teoria da Causalidade Adequada (Von Kries): só será considerada para fins de responsabilização a conduta que, de fato, tiver sido necessária e adequada para a realização do fato. Para encontrá-la, deve-se excluir mentalmente todas as condutas envolvidas. Será adequada aquela que, na ausência de todas as outras, tiver sido a determinante do dano.
Ex: atropelamento ( vítima levada ao SUS ( não atendimento médico ( morte
Concausas: circunstâncias que apenas concorrem para o resultando, não lhe sendo causas determinantes. Podem ser:
preexistentes:são imputáveis ao causador do dano e não atenuam sua responsabilidade
ex: lesão contra pessoa de saúde debilitada
b) concomitantes ou posteriores: são imputáveis ao causador do dano, A NÃO SER QUE CONFIGUREM, POR SI SÓS, CAUSA ADEQUADA PARA A DETERMINAÇÃO DO EVENTO DANOSO 
 ex: parto difícil + rompimento de aneurisma = morte da mãe	
________________________________________________________
6 – DANOS PASSÍVEIS DE RESSARCIMENTO
a) danos patrimoniais (ou materiais) ( suscetíveis de avaliação pecuniária
danos emergentes: prejuízo experimentado diretamente do dano 
lucros cessantes: expectativa legitima de lucro, fundada na razoabilidade
b) danos pessoais ( dificuldade de avaliação do "pretium doloris"
danos físicos : debilidade ou deformação de membro, órgão ou sentido
danos morais: desconforto psicológico, sofrimento emocional, agressão à dignidade da pessoa humana (CF, art. 5º, V e X e CDC, art. 6º, VI). O STJ, em sua Súmula 37, admitiu cumulação entre danos morais e materiais. 
Aborrecimentos corriqueiros: não ensejam configuração de dano moral!!! Não se deve incentivar a "indústria do dano moral".
Obs: 
CC, 948 - dano reflexo ou "em ricochete"
CPC. 602 - constituição de capital
Ex:
Perda da Chance (perte d´une chance): reparabilidade de dano pela perda de uma oportunidade 
Ex:
__________________________________________
7 - A Indenização
Funções indenização:
reparação ou compensação do dano sofrido; 
desmotivação da conduta reincidente por parte do ofensor (FUNÇÂO PEDAGÓGICA);
Obs: Não se concebe que a indenização venha para enriquecer a vítima! O Direito não pode, jamais, viabilizar o locupletamento. Embora também não deva incentivar a não indenização justa e proporcional ao dano experimentado pela vítima. 
Revisão da indenização: é possível nas relações jurídicas continuativas, como o pensionamento, em função da cláusula implícita "rebus sic stantibus". Pode a indenização ser revista tanto em favor do devedor como do credor (CPC, 471, I).
Transmissibilidade hereditária (CC, 943)
Indenização na ofensa contra a saúde (CC, 949)
Indenização na incapacitação para o trabalho (CC, 950)
Indenização por usurpação ou esbulho de coisas (CC, 952)
Indenização por ofensa à honra (CC, 953)
Indenização por ofensa à liberdade pessoal (CC, 954)
8 - Relação entre os Juízos Cível e Criminal
CC, 935 - INDEPENDÊNCIA DOS JUÍZOS CÍVEL E CRIMINAL, exceto quanto a questões envolvendo FATO e AUTORIA já decididas no Juízo Criminal. 
Assim, o réu não será responsabilizado na esfera civil:
se o réu foi absolvido criminalmente porque o fato não existiu; 
se o réu foi absolvido criminalmente porque não foi autor do fato; 
se foi reconhecida uma excludente da ilicitude (CPP, 65). 
 
Por outro lado, será o réu condenado a reparar o dano:
se foi penalmente condenado pela prática do ato (CP, 91, I c/c CPP, 63 e CPC, 584, II)
Mas, a condenação civil configurar-se-á incerta, entre outros casos (CPP, 67):
a) se o réu foi absolvido por falta de provas;
se foi "absolvido" por inimputabilidade;
 se foi absolvido por motivos próprios do Direito Penal (ex: prescrição);
se foi absolvido pelo Tribunal do Júri, cuja decisão não tem fundamentação;
se foi absolvido pela não configuração de crime;
se o inquérito policial foi arquivado.
Importante! 
8.1 Interpenetração dos Juízos na Lei 9099/95, arts. 74 e 75 - "celeridade processual"
Importante: a sentença penal condenatória apenas servirá como título executivo civil contra o réu do processo penal. No caso de a responsabilidade civil ser transferida a terceiros, contra a sentença penal servirá apenas de prova, em sede de ação de conhecimento. 
“Art.927 ....................................................................................................................................
§ 2º Os princípios da responsabilidade civil aplicam-se também às relações de família.” (NR)
 
O texto que estamos propondo acrescentar como parágrafo ao artigo 927 é sugestão da professora REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA. Os argumentos da citada professora para justificar a necessidade de inclusão desse novo texto e aos quais me acosto inteiramente, são os seguintes: “ Já que a responsabilidade civil avança conforme progride a civilização, há necessidade de constante adaptação desse instituto às novas necessidades sociais. Bem por isso, as leis sobre essa matéria devem ter caráter genérico, como a regra a seguir sugerida, e aos tribunais cabe delas extrair os preceitos para aplicá-los ao caso concreto. Em suma, não se pode negar a importância da responsabilidade civil, que invade todos os domínios da ciência jurídica, sendo o centro do direito civil e de todos os demais ramos do direito, tanto de natureza pública quanto privada, por constituir-se em proteção à pessoa em suas mais variadas relações. Dentre as relações de caráter privado destacam-se as familiares, em que também devem ser aplicados os princípios da responsabilidade civil, como já reconhecem a doutrina brasileira (Mário Moacyr Porto, Responsabilidade civil entre marido e mulher, in Responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência, coord. Yussef Said Cahali, São Paulo, Saraiva, 1984, p. 203; Carlos Alberto Bittar, Reparação Civil por Danos Morais, 3ª ed., São Paulo, Revista dos Tribunais, 1999, p. 189; Carlos Roberto Gonçalves, Responsabilidade civil, 6ª ed., São Paulo, Saraiva, 1995, p. 71; José de Aguiar Dias, Da responsabilidade civil, 6ª ed., Rio de Janeiro, Forense, 1.979, v. II, p. 14/16) e a jurisprudência pátria (STJ – 3ª Turma, Recurso Especial nº 37051, Relator Min. Nilson Naves, j. 17.04.2001; TJSP – 4ª Câmara Civil, Apelação nº 220.943-1/1, Relator Des. Olavo Silveira, j. 09.03.1995; TJSP – 6ª Câmara de Direito Privado, Apelação nº 272.221.1/2, Relator Des. Testa Marchi, j. 10.10.1996; TJSP - 10ª Câmara de Direito Privado, Relator Des. Quaglia Barbosa, j. 23.04.1996, in BAASP 2008/04-m, de 23.06.1997 e RJ 232/71; TJSP - 2ª Câmara de Direito Privado, Relator Des. Ênio Santarelli Zuliani, j. 23.02.1999, in RT 765/191; TJSP – 2ª Câmara de Direito Privado, Apelação nº 101.160-4/0, Rel. Des. Osvaldo Caron, j. 19.09.2000; TJSP – 6ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Octavio Helene, j. 31.08.2000, in JTJ/SP 235/47). Embora as relações familiares sejam repletas de aspectos, especialmente pessoais, afetivos, sentimentais e religiosos, envolvendo as pessoas num projeto grandioso, preordenado a durar para sempre, por vezes o sonho acaba, o amor termina, o rompimento é inevitável. Nestas rupturas, são inúmeras as situações em que os deveres de família são violados, com desrespeito especialmente aos direitos da personalidade dos envolvidos nessas relações, a acarretar graves danos aos membros de uma família. As sevícias, ofensivas à integridade física, e injúrias graves, violadoras da honra, praticadas por um dos cônjuges contra o outro (v. Regina Beatriz Tavares da Silva Papa dos Santos, Reparação Civil na Separação e no Divórcio, São Paulo, Saraiva, 1999, p. 76- 79, 153 e 163-165); o atentado à vida do convivente, configurado em contaminação de doença grave e letal ou em abandono moral e material da companheira (v. Regina Beatriz Tavares da Silva Papa dos Santos, Responsabilidade Civil dos Conviventes, Revista Brasileira de Direito de Família, Porto Alegre, Síntese e IBDFAM, v. 1, nº 3, outubro/dezembro de 1999, p. 36-39); o abandono moral e material pelo filho do pai idoso e enfermo; a recusa quanto ao reconhecimento da paternidade, com conseqüente negação à prestação de alimentos, embora haja a certeza desse vínculo de parentesco (v. Regina Beatriz Tavares da Silva Papa dos Santos, Reflexões sobre o reconhecimento da filiação extramatrimonial, Revista de Direito Privado, coord. Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery, São Paulo, Revista dos Tribunais, nº 1, janeiro/março de 2000, p. 83 e 84); estessão alguns exemplos de desrespeito aos direitos da personalidade no seio familiar. Os lesados nessas circunstâncias, dentre tantas outras, em obediência ao princípio da proteção à dignidade da pessoa humana, merecem a devida reparação pelos danos sofridos. Recorde-se que o princípio da reparação de danos encontra respaldo na defesa da personalidade, ‘repugnando à consciência humana o dano injusto e sendo necessária a proteção da individualidade para a própria coexistência pacífica da sociedade‘, de modo que ‘a teoria da reparação de danos ou da responsabilidade civil encontra na natureza do homem a sua própria explicação’ (v. Carlos Alberto Bittar, Reparação Civil por Danos Morais, cit., p. 13-28). Por fim, salientamos que a aplicabilidade dos princípios da responsabilidade civil ao Direito de Família tem amplo respaldo constitucional, precisamente na cláusula geral de proteção à dignidade humana, constante do art. 1º, inciso III da Lei Maior. E outro relevante dispositivo da Constituição Federal que fundamenta a tese reparatória no Direito de Família é o art. 226, § 8º, ao estabelecer que ‘O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.’Remissão deve ser feita ao artigo 185 do novo Código Civil, que estabelece: ‘Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito’, sendo, evidentemente, ato ilícito aquele praticado em violação a um dever de família. Inobstante haja a aplicabilidade dos princípios da responsabilidade civil às relações de família com base nesta regra geral, deve ser explicitamente estabelecida a regra a seguir proposta, como ocorre no Direito Francês (Código Civil, art. 266) e Português (Código Civil, art. 1.792), dentre outros ramos do Direito Comparado. Em suma a responsabilidade civil é verdadeira tutela privada à dignidade da pessoa humana e a seus direitos da personalidade, inclusive na família, que é centro de preservação do ser humano, antes mesmo de ser havida como núcleo essencial da nação. Conclui-se que a teoria da responsabilidade civil visa ao restabelecimento da ordem ou equilíbrio pessoal e social, inclusive em relações familiares, por meio da reparação dos danos morais e materiais oriundos da ação lesiva a interesse alheio, único meio de cumprir-se a própria finalidade do Direito, que é viabilizar a vida em sociedade, dentro do conhecido ditame de neminem laedere “.
“Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, observado o disposto no art. 932 e no parágrafo único do art. 942 .
Para evitar eventual conflito entre o caput do art. 928, em sua redação atual, e o artigo 942, que estabelece a responsabilidade solidária dos incapazes e das pessoas designadas no artigo 932, ou seja, dos pais e dos filhos, do tutor e do tutelado, do curador e do curatelado, estamos propondo a alteração da parte final do caput do art. 928. O dispositivo em questão, ressalte-se, ao estabelecer expressamente a responsabilidade civil do incapaz, representa notável avanço e está de acordo com os mais modernos e festejados diplomas legais do mundo (Vide Código Civil Alemão, § 829, Código Civil Francês, art. 489-2, Código Civil Português, art. 489 e Código Civil Italiano, art. 2047 alínea 2), como bem observa o mestre ZENO VELOSO.
“Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação ou pelos serviços prestados.” (NR)
Para deixar mais clara a redação do art. 931, bem como para deixar expresso o seu âmbito de abrangência, a alcançar também a responsabilidade do empresário e da empresa pelos serviços prestados e não apenas pelos produtos postos em circulação , proponho nova redação ao dispositivo, com o acréscimo da cláusula final. 
“Art.944. ......................................................................................................................................
§ 1º Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização;
§ 2º A reparação do dano moral deve constituir-se em compensação ao lesado e adequado desestímulo ao lesante”. (NR)
O dispositivo é insuficiente, segundo nos alertou a professora REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA, já que seu caput se adapta somente ao dano material e não está adequado ao dano moral. O critério para a fixação do dano material é o cálculo de tudo aquilo que o lesado deixou de lucrar e do que efetivamente perdeu. O critério da extensão do dano aplica-se perfeitamente à reparação do dano material - que tem caráter ressarcitório. No entanto, na reparação do dano moral não há ressarcimento, já que é praticamente impossível restaurar o bem lesado, que, via de regra, tem caráter imaterial. O dano moral resulta, na maior parte das vezes, da violação a um direito da personalidade: vida, integridade física, honra, liberdade etc (v. Carlos Alberto Bittar, Os direitos da personalidade, 3ª ed., Rio de Janeiro, Forense Universitária; Carlos Alberto Bittar, Reparação Civil por danos morais, 3ª ed., São Paulo, Revista dos Tribunais, 1999, p. 57/65; Yussef Said Cahali, Dano moral, 2ª ed., São Paulo, Revista dos Tribunais, 1999, p. 42; Regina Beatriz Tavares da Silva Papa dos Santos, Reparação civil na separação e no divórcio, cit., p. 148 e 149). Por conseguinte, não basta estipular que a reparação mede-se pela extensão do dano. Os dois critérios que devem ser utilizados para a fixação do dano moral são a compensação ao lesado e o desestímulo ao lesante. Inserem-se neste contexto fatores subjetivos e objetivos, relacionados às pessoas envolvidas, como a análise do grau da culpa do lesante, de eventual participação do lesado no evento danoso, da situação econômica das partes e da proporcionalidade ao proveito obtido com o ilícito (v. Carlos Alberto Bittar, Reparação Civil por danos morais, cit., p. 221). Em suma, a reparação do dano moral deve ter em vista possibilitar ao lesado uma satisfação compensatória e, de outro lado, exercer função de desestímulo a novas práticas lesivas, de modo a “inibir comportamentos anti-sociais do lesante, ou de qualquer outro membro da sociedade”, traduzindo-se em “montante que represente advertência ao lesante e à sociedade de que não se aceita o comportamento assumido, ou o evento lesivo” (cf. Carlos Alberto Bittar, Reparação civil por danos morais, cit., p. 247 e 233; v., também, Yussef Said Cahali, Dano moral, cit., p. 33/42; e Antonio Jeová Santos, Dano moral indenizável, 3ª ed., São Paulo, 2001, p. 174 a 184; v. acórdãos in JTJ 199/59; RT 742/320).Ao juiz devem ser conferidos amplos poderes, tanto na definição da forma como da extensão da reparação cabível, mas certos parâmetros devem servir-lhe de norte firme e seguro, sendo estabelecidos em lei, inclusive para que se evite, definitivamente, o estabelecimento de indenizações simbólicas, que nada compensam à vítima e somente servem de estímulo ao agressor.
“Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, ou seu cumprimento não restaurar o estado anterior, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente”. (NR)
Ensina a professora REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA que são duas as formas de reparação de danos: reparação natural ou específica e reparação pecuniária ou indenizatória. Na reparação natural ocorre a entrega do próprio objeto ou de objeto da mesma espécie em substituição àquele que se deteriorou ou pereceu, de modo a restaurar a situação alterada pelo dano, tendo como exemplo a contrapropaganda, que pode ser imposta ao fornecedor que incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, de modo a desfazer o respectivo malefício, conforme prevê o art. 60 do Código do Consumidor (Lei 8.078/90). Em princípio a reparação deve ocorrer in natura, com a reposiçãodas coisas ao estado anterior, de modo que, tanto de acordo com o Código Civil de 1916 , como nos termos do CC/2002, a indenização pecuniária é subsidiária. No entanto, a reparação indenizatória ou pecuniária é a mais comum, em face das dificuldades inerentes à reparação natural e, especialmente, ao não restabelecimento por esta da situação anterior, como por exemplo na retratação em caso de ofensa à honra ou a direito moral do autor, a qual, via de regra, não restaura o estado anterior, devendo ser fixada uma indenização pecuniária. Para que reflita as necessidades atuais e a realidade, propomos que o presente dispositivo seja alterado.
“Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, sem excluir outras reparações”. (NR)
O art. 949 contém equívoco ao mencionar a prova dos outros danos, que têm natureza moral. O dano moral dispensa a prova do prejuízo em concreto, sua existência é presumida, por verificar-se na “realidade fática” e emergir da própria ofensa, já que exsurge da violação a um direito da personalidade e diz respeito à “essencialidade humana” (cf. Carlos Alberto Bittar, Reparação civil por danos morais, cit., p. 208/218). Esta presunção é adequada à natureza do direito lesado, no caso a integridade física, que compõe a personalidade humana, de modo a surgir ipso facto a necessidade de reparação, sem que haja necessidade de adentrar no psiquismo humano. Lembre-se, neste passo, que a grande dificuldade na reparação do dano moral sempre foi esta prova, a rigor impossível porque não há como adentrar na subjetividade do lesado. Deste modo, a teoria que se desenvolveu a respeito estará fulcralmente atingida diante deste dispositivo que exige a prova do dano moral resultante de violação ao direito da personalidade da integridade física, razão pela qual é sugerida a alteração.
 “Art.950. ...................................................................................................................................
§ 1º O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez;
§ 2º São também reparáveis os danos morais resultantes da ofensa que acarreta defeito físico permanente ou durável, mesmo que não causem incapacitação ou depreciação laborativa;
§ 3º Na reparação dos danos morais deve ser considerado o agravamento de suas conseqüências se o defeito físico, além de permanente ou durável, for aparente”. (NR)
Este dispositivo trata de ofensa à integridade física que acarreta defeito que impossibilite ou diminua a capacidade de trabalho da vítima, estabelecendo indenização pelos danos materiais: despesas de tratamento, lucros cessantes até ao fim da convalescença e pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou ou da depreciação sofrida. Deste modo, este artigo não faz referência aos danos morais e estéticos, sendo que, com a eliminação da norma constante do parágrafo 1º do art. 1538 do Código Civil de 1916, no artigo 949 deste Código, que se referia ao aleijão ou deformidade permanente, esta omissão é de suma gravidade e precisa ser suprida.É evidente que a pensão equivalente à inabilitação ao trabalho ou diminuição da capacidade laborativa, prevista neste artigo, tem caráter indenizatório do dano material. Não prevê o dispositivo a reparação dos danos morais oriundos de ofensa que acarrete defeito físico permanente e durável.Por estas razões propõe-se acréscimo de dois parágrafos a este artigo.
“Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação dos danos materiais e morais que delas resulte ao ofendido”. (NR)
Este dispositivo estabelece a reparação dos danos por violação à honra, que é direito da personalidade composto de dois aspectos: objetivo – consideração social – e subjetivo – auto-estima. Entretanto, o dispositivo constante do parágrafo único pode acarretar interpretação pela qual, diante de ofensa à honra, somente o dano material é, a princípio, indenizável, sendo cabível o dano moral somente em face da inexistência de dano material. A possibilidade de cumulação da indenização do dano moral com o dano material está pacificada em nosso direito, inclusive por meio da Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça, pela qual “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”. Com a consagração constitucional da indenizabilidade do dano moral, inclusive cumulado com o dano material, não pode remanescer qualquer dúvida quanto à cumulatividade das duas indenizações (CF, art. 5º, incisos V e X). Saliente-se que o art. 5º, inciso V da Constituição Federal assegura precisamente a indenizabilidade dos danos morais e materiais por ofensa à honra, de modo que o parágrafo único deste artigo deve ser considerado inconstitucional. Por esta razão, deve-se suprimir o parágrafo único, em preservação da indenizabilidade dos danos morais e materiais resultantes de ofensa à honra. 
 “Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento dos danos que sobrevierem ao ofendido.Parágrafo único. Consideram-se, dentre outros atos, ofensivos à liberdade pessoal :
Finalizando as suas sugestões sobre a temática da responsabilidade civil, alerta-nos a professora REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA que o presente artigo, no seu caput, refere-se à reparação de danos por ofensa à liberdade pessoal, que tem caráter amplo, assumindo várias formas de manifestação, como a liberdade de locomoção, de pensamento e sua expressão, de crença e prática religiosa, de escolha e exercício de atividade profissional, de relacionamento social etc. (v. Carlos Alberto Bittar, Os direitos da personalidade, 3ª ed., Rio de Janeiro, Forense Universitária, p. 101 e 102) quando no seu parágrafo único, o artigo cita apenas violações à liberdade de locomoção. Em razão das demais manifestações deste direito, inclusive reconhecidas expressamente na Constituição Federal, é necessária a modificação do parágrafo único do dispositivo, para restar claro seu caráter exemplificativo e não taxativo.Também não se deve condicionar a reparabilidade do dano moral à inexistência do dano material, com faz artigo 954 ao referir-se ao parágrafo único do artigo anterior.
Indenização por morte de torcedor em estádio de futebol 
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA _______ VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA/PARANÁ
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, brasileiro, casado, operador de caldeira, portador de cédula de identidade sob nº PR, CPF nº e xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, brasileira, casada, auxiliar de cozinha, portadora de cédula de identidade sob nº PR, CPF nº, ambos residentes na rua, Curitiba, Paraná neste ato representados por seu procurador adiante assinado, Dr. Leucimar Gandin, instrumento de mandato anexo, com escritório profissional à rua Des. Westphalen nº 15, 4º andar, Centro, Curitiba, Paraná, CEP 80. 010-110, onde recebe notificações e intimações, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no Código Civil Brasileiro e nas Leis 10. 671/2003 e 8. 078/90, propor a presente
AÇÃO de REPARAÇÃO de DANOS MATERIAIS e MORAIS
em face de:CLUBE..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . , pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ/MF sob nº..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . , com sede na rua..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ; e ................, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº desconhecido, estabelecida à..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . , conforme razões de fato e direito adiante expostas:
I - Preliminarmente
a) Justiça Gratuita
Os autores não dispõem de condições financeiras para arcar com custas, despesas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo de seu sustento e de seus filhos menores.
Além do mais, perderam parte de suarenda com a morte do jovem Eduardo Michel Domingues de Oliveira, o que os impede de providenciar o recolhimento das custas processuais.
Assim sendo, requer aplicação do artigo 4º, e parágrafos, da Lei 1. 060/50, isentando-os do pagamento de quaisquer custas que vierem a ser necessárias no presente processo, tornando-os beneficiários da Justiça Gratuita.
b) Legitimidade Ativa
Os Autores, como genitores da vítima, são os únicos sucessores legítimos estabelecidos na ordem do artigo 1829 do Código Civil de 2002, visto que a vítima era jovem e, por não deixar qualquer descendente ou cônjuge, cabe aos seus pais o direito de propor a presente ação.
Além disso, a vítima, com o seu labor, já auxiliava na manutenção dos Autores, marcando uma justa expectativa de que os mesmos seriam continuamente amparados pelo filho, na velhice.
c) Legitimidade passiva
O primeiro réu possui indiscutível responsabilidade para integrar o pólo passivo da demanda em razão da queda ter ocorrido no seu estabelecimento, como demonstram todos os documentos anexos.
Quanto ao segundo réu, este é o responsável pela organização e regulamentação do evento esportivo denominado "CAMPEONATO BRASILEIRO SÉRIE A – 2004", assim como todas as competições esportivas de nível nacional nessa categoria.
Não bastasse, ambos os requeridos são beneficiados com o lucro do Campeonato Brasileiro, seja direta, seja indiretamente, não havendo qualquer óbice na sua inclusão no pólo passivo da presente lide.
A responsabilidade dos réus é solidária, em cumprimento ao que determina o artigo 19 da Lei 10. 671/2003, a saber:
Art. 19 – as entidades responsáveis pela organização da competição, bem como seus dirigentes respondem solidariamente com as entidades de que trata o art. 15 e seus dirigentes, independentemente da existência de culpa, pelos prejuízos causados a torcedor que decorram de falhas de segurança nos estádios ou da inobservância do disposto neste capítulo. (grifo difere do original)
Portanto, os réus devem arcar, solidariamente, com toda a responsabilidade pelos fatos que envolveram o fatídico acidente resultante na morte do jovem torcedor.
II - Dos fatos
Em data de 19 de dezembro de 2004 o jovem EMDO dirigiu-se ao estádio de futebol xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx - para prestigiar o jogo final do "Campeonato Brasileiro da Série A", disputado entre os clubes xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx e xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.
Antes do início do jogo, dirigiu-se à arquibancada da Rua xxxxxxxxxxxxxxxx – inferior, na fila G, aguardando o início da partida.
Desde a saída de sua residência já estava bastante entusiasmado com a possibilidade de seu clube obter vitória sobre o adversário, aumentando as chances de conquistar o título de Campeão Brasileiro de 2004. Certamente que chegando ao estádio esse entusiasmo aumentou.
Em certo momento, ainda na espera do jogo e, na iminência de tentar visualizar com mais detalhes o interior do campo, ou talvez algum jogador, apoiou-se na grade divisória da arquibancada; por uma fatalidade, escorregou, caindo no fosso do estádio de uma altura de aproximadamente 04/05 metros.
Despencou em queda livre, eis que não havia nenhuma outra proteção capaz de suportar o peso do torcedor.Após a queda, permaneceu alguns minutos no local sem qualquer atenção ou medida emergencial, pois o local onde caiu era de difícil acesso.
Com a chegada da equipe de socorro, seu quadro gravíssimo foi superficialmente avaliado e, em razão da necessidade de tratamento intensivo, foi encaminhado para atendimento no Pronto Socorro do Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba.
Lá chegando, foi diagnosticado "politraumatismo" [sic], conforme se extrai do laudo expedido pelo Hospital - sofreu traumatismo craniano e de tórax.Em razão das gravíssimas seqüelas provocadas pela queda, veio a falecer em data de 22/12/04 às 06h15min no mesmo hospital.
Esclareça-se que, durante todo o episódio, os réus não prestaram qualquer tipo de assistência ao torcedor ou à sua família, seja antes seja após sua morte; o único auxílio prestado foi a tentativa de socorro, ainda no campo, e a condução da vítima até o hospital.
III - Dos direitos
A Constituição Federal de 1988 assim determina:
Art. 5 - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (grifo nosso)
X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação".
O Código de Defesa do Consumidor, por seu turno, assim estabelece acerca de fatos que envolvam a prestação de serviços:
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Indiscutivelmente houve falha na segurança do estádio durante o evento esportivo, permitindo que um torcedor escorregasse e caísse de arquibancada, local que deveria ser absolutamente seguro e protegido, para que acidentes dessa natureza jamais ocorressem.
Até porque, por se tratar de local público, todas as possibilidades de acidente devem ser previstas e evitadas, o que não ocorreu.
A segurança do torcedor para esses eventos tornou-se obrigatória após o advento da Lei 10. 671/2003 – Estatuto do Torcedor, o qual determina:
Artigo 13. O torcedor tem direito à segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos antes, durante e após a realização das partidas.
No intuito de coibir negligência por parte dos organizadores do evento, o mesmo Estatuto responsabiliza-os, solidariamente e de forma objetiva, como se observa a seguir:
Art. 19. As entidades responsáveis pela organização da competição, bem como seus dirigentes respondem solidariamente com as entidades de que trata o artigo 15 e seus dirigentes, independentemente da existência de culpa, pelos prejuízos causados a torcedor que decorram de falhas de segurança nos estádios ou da inobservância do disposto neste capítulo.
Portanto, não há a menor dúvida que os requeridos deverão responder, de forma objetiva, pelos prejuízos causados aos autores com a perda do seu filho em virtude da falta de segurança no estádio onde foi promovida a partida.
Dessa forma, em razão de todos os danos causados, perfeitamente cabível aos autores a reparação dos mesmos, nos moldes do que estabelece o Código Civil Brasileiro de 2002:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente da existência de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
O presente caso agasalha-se também no inciso II do artigo 948 do mesmo diploma legal:
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável de vida da vítima.
a) Da responsabilidade objetiva
No caso em tela aplica-se a teoria da responsabilidade civil objetiva em atendimento ao que preceitua o artigo 927 do Código Civil de 2002, o artigo 19 da Lei 10. 671/2003 (Estatuto do Torcedor) e o artigo 14 da Lei 8. 078/90 (Código de Defesa do Consumidor).
Por outro lado, os réusnegligenciaram na segurança do estádio, fato este que resultou na queda e conseqüente morte do jovem torcedor que ali se encontrava para prestigiar o jogo de seu clube.
b) Inversão do ônus da prova – art 6º VIII
Houve fornecimento de produto/serviço, representado pela venda de ingresso torcedor/consumidor e conseqüente apresentação de evento esportivo no estabelecimento do primeiro réu, com divulgação pela imprensa nacional escrita e televisiva.
Em razão disso, aplicável a regra do artigo 6º VIII do CDC, devendo ser declarada, desde já, a inversão do ônus da prova, eis que evidente a hipossuficiência dos autores.
"Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos".
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação, ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias da experiência. "(grifamos)
Requer desde já seja declarada a inversão do ônus da prova, ante a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva, bem como a hipossuficiência dos autores, amparados pelo Código de Defesa do Consumidor.
IV - Dos Danos
A Carta Constitucional de 1988 estabelece em seu artigo 5º, X:
São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação".
O STJ, por seu turno, sumulou o seguinte entendimento:
Súmula 37 STJ – São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
Indiscutivelmente, os fatos concorreram para o surgimento de diversos danos aos autores, especialmente pela perda de seu ente querido, bem como os prejuízos materiais em decorrência de tão dolorosa perda, pois além da dor, deixaram de receber a ajuda necessária que o mesmo despendia mensalmente, e que faria até sua velhice, caso ainda estivesse vivo.
a) Danos materiais
a. 1) Lucros cessantes – pensão mensal
No que tange aos familiares requerentes, a ordem jurídica garante-lhes o direito à indenização pelo dano decorrente do acidente que vitimou seu filho.
Nesse sentido dispõe a Carta Magna de 1988, em seu artigo 5º inciso V, in verbis:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
Em sede infraconstitucional prevê o Código Civil o direito à recomposição patrimonial através do estabelecimento de pensão mensal vitalícia equivalente à redução dos rendimentos auferidos periodicamente pelos genitores da vítima, conforme se observa no artigo art. 948 inciso II do Código Civil Brasileiro de2002.
Também a doutrina e jurisprudência são assentes quanto à necessária prevalência do princípio da restituição integral do ofendido ao seu status quo ante.
No caso vertente, a vítima contribuía firmemente para a renda familiar com os proveitos de seu trabalho. Ademais, mesmo quando não trabalhava o de cujos auxiliava nos cuidados com os irmãos menores, permitindo que seus pais pudessem desenvolver livre e normalmente suas atividades laborativas, auxiliando, assim, na redução de despesas que seriam despendidas com tais cuidados.
Com o óbito de seu filho, os requerentes sofreram, também, significativa redução em sua renda familiar.Dessa forma, impõe-se a reparação do dano pela recomposição da renda mensal familiar diminuída com a morte de xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.
Em razão do exposto, fazem jus os requerentes ao recebimento de pensão mensal no valor de R$280,00 (duzentos e oitenta reais), os quais correspondem ao importe de 2/3 (dois terços) dos rendimentos do filho, que totalizavam R$420,00 à época dos fatos.
Assim devem as requeridas ser condenadas em tal pagamento, desde o falecimento da vítima até a data em que este completasse 25 (vinte e cinco) anos de idade. Após isso, o pensionamento deve ser reduzido para 1/3 (um terço dos) rendimentos – R$140,00 - na forma da jurisprudência pátria, deduzindo-se que o mesmo pudesse constituir família e, com isso, reduzir o potencial de contribuição.Tais valores devem ser corrigidos e atualizados mensalmente, na forma da Lei.
A respeito do tema, assim se posiciona a jurisprudência pátria:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO EM DECORRÊNCIA DE ATO ILÍCITO. MORTE DE FILHO QUE CONTRIBUÍA PARA O SUSTENTO DO LAR. PENSÃO MENSAL. TERMO FINAL. DANO MORAL. PEDIDO ESTIMATIVO. SUCUMBÊNCIA CORRETAMENTE ARBITRADA PELO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU. 1. Tratando-se de morte de filho já crescido, que contribuía real e efetivamente para a manutenção da família, o limite temporal da pensão devida aos pais estende-se até os 65 anos de idade, limite estatístico presumível da vida da vítima. Não é dado presumir que aos 25 anos o filho deixaria de prestar auxílio aos pais. Daí porque, após os 25 anos, época em que a vítima provavelmente constituiria nova família, a pensão persiste devendo, todavia, ser reduzida à metade do que até ali era devida (1/3). 2. É entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça de que o pedido de indenização por danos morais tem caráter meramente estimativo ou ilustrativo, em face da subjetividade de se estimá-lo. Daí porque, o valor por vezes sugerido na inicial não serve como parâmetro para efeito de se considerar vencido em parte o autor quando não logra obter, ao final, a integralidade do montante pedido. (Acórdão 256540-2, 19ª Camara Cível Rel. Juiz Lauri Caetano da Silva, unânime, DJ 6830, 17/02/2005)
"A indenização por pensionamento deve se estender até a data em que a vítima viesse a completar 65 anos de idade, sendo inaceitável a presunção de que, a partir dos 25 anos de idade, não mais contribuiria com o sustento dos pais. No pensionamento deve ser incluído o 13º salário, em atendimento ao princípio de que a indenização por ato ilícito, ainda em caso de morte, deve ser a mais ampla possível. " [Ac. Un. – 4ª Câm. do TAMG – Ap. - 225. 657 – 9 – Rel. Juiz FERREIRA ESTEVES – Rev. Julgs. TAMG – 65/205].
a. 2) Expectativa de vida
Não bastasse o posicionamento dos Tribunais pátrios em decisões mais antigas adotarem a teste de que a expectativa de vida do cidadão era de 65 anos, já existem estudos e até uma divulgação oficial do próprio IBGE, defendendo a estimativa de vida atual do cidadão brasileiro como sendo de 69 (sessenta e nove), e alguns para até 72 (setenta e dois) anos.
Partindo deste prisma, os tribunais já vêm entendendo possível projetar essa expectativa até 69 anos, nos casos de condenação a pensionamento, como ocorre no presente caso, conforme demonstra o autor Rui Stoco:
"Atualmente, porém estudos mais profundos concluíram que o brasileiro médio tem um período provável de existência que se aproxima dos 69 anos. " [RESPONSABILIDADE CIVIL E SUA INTERPRETAÇÃO JURISPRUDENCIAL – 3ª EDIÇÃO – pag. 554].
Isso em razão da própria Tabela do Ministério da Previdência adotar referida expectativa como referência:
"De conformidade com atual Tabela do Ministério da Previdência e Assistência Social, passou para 69 anos, como, aliás, ficou afirmado em recente decisão do Superior Tribunal de Justiça [4ª T. – Resp. – Rel. Barros Monteiro – j. 11. 10. 03 – RSTJ 58/386 - nesse sentido: ‘ A expectativa de vida da vítima deve ser fixada em 69 anos, de conformidade com a Tabela do Ministério da Previdência e Assistência Social.. ‘]. "
No caso em epígrafe, a vítima faleceu aos 19 (dezenove) anos de idade, tendo como expectativa de vida mais exatos 50 (cinqüenta) anos, devendo ser adotada essa referência para a indenização ora pleiteada.Segue anexa tabela da previdência social, que já adotava como sendo de 71 anos a expectativa de vida, ainda em 2002.
Portanto, requer seja utilizada a média de expectativa do "de cujos" como sendo de 69 anos de idade.
a. 3) Do 13º salário
Para o cálculo da renda da vítima deve ser integrado o valor do 13º (décimo terceiro) salário, conformeposicionamento já adotado pelos Tribunais acerca da matéria:
"É devido o 13º salário, que deve ser incluído na indenização (RTJ 110/342, 84/626, 65/554; RJTJSP 108/142, 81/118, 78/200; Lex-JTA 74/143, 71/130; JTACivSP 82/98), mesmo que não conste da petição inicial, (Lex-JTA 95/127) e que a vítima não o recebesse (RTJ 65/554, RJTJSP 59/110). "
Isso porque, o 13º salário é verba que integra a renda da vítima e, justamente por essa razão, deve ser acrescido à condenação, sendo revertida em favor dos autores.
a. 4) Constituição de capital
É inegável o caráter alimentar das verbas ora pleiteadas em sede de indenização. Neste diapasão, então, diz o artigo 602 do Código de Processo Civil em vigor :
" Art. 602. Toda vez que a indenização por ato ilícito incluir prestações de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, condenará o devedor a constituir um capital, cuja renda assegure o seu cabal cumprimento. "
O artigo em estudo, fala que ao final da ação, o juiz ao julgá-la, condenará o requerido a constituir um capital, afim de garantir o cumprimento da decisão judicial.
É justamente sobre esta questão legal que incide o pedido de antecipação de tutela nesta ação de conhecimento, pois a pretensão dos autores é que as requeridas sejam obrigadas a constituir o aludido capital, garantido assim a obrigação ora pleiteada.
A constituição de capital ora requerida tem objetivo puramente fiduciário; ela consiste na especialização de bens do devedor, sobre os quais incidirão, ex lege, as cláusulas de inalienabilidade e impenhorabilidade, garantido assim a aplicação da lei, a qual concerne ao pagamento do quantum indenizatório.
Nestes termos, então, Excelência, comunga a jurisprudência no seguinte sentido:
" A incidência da disposição contida no art. 602 do CPC independe de postulação do exequente, já que a norma prevê obrigatoriamente a constituição de garantia sempre que se cuidar de prestação de alimentos. A hipótese contrária – não incidência da norma – é que demandaria manifestação expressa do exequente, abrindo mão da garantia. " [Ac. Un. – 6ª Câm. do TJSP – Ag. 212. 848-1 – Rel. Des. P. COSTA MANSO – JTJSP – 166/183] ;
Nas ações de indenização por acidente de trabalho em que a sentença imponha o pagamento de pensão vitalícia, cabe à empresa constituir um capital que assegure a efetividade do benefício, a teor do disposto no artigo 602, § 1º do CPC, sem prejuízo de que seja determinada a inclusão do nome do pensionado em folha de pagamento, para garantir a regularidade das prestações. " [Ac. Un. – 4ª Câm. do TAMG – EDcls. – Ap. – 130. 457-0/01 – Rel. Juiz FERREIRA ESTEVES – Ver. Julgs. TAMG – 48/300] ;
" A constituição de um capital é uma segurança e garantia do cumprimento da obrigação, imposição legal, onde deve ser obedecido o princípio constitucional de que todos são iguais perante a lei, embora seja a devedora empresa portentosa. A indenização é devida desde a data do óbito, porque tem caráter alimentício, não importando a data do ajuizamento da ação. " [Ac. Un. – 5ª Cam. do TARS – Ap. 194071262 – Rel. Juiz NAYRES TPRRES – Julgs. TARS 92/158] ;
Destarte, o pedido em síntese decorre da aplicação da norma legal. Isto posto, com fulcro no artigo 273 e artigo 602 ambos do Código de Processo Civil em vigor, requer-se a Vossa Excelência, a antecipação da tutela, no sentido de que venham a ser compelidas as empresas requeridas a constituir um capital, representado por imóveis (artigo 602, § 1º, primeira parte do CPC), a fim de garantir na íntegra, o pagamento da indenização na forma de alimentos requeridos nesta inicial, aplicando-se assim a norma legal a qual se espera como de direito.
Caso não venha a ser fielmente cumprida esta determinação judicial, requer-se a Vossa Excelência, para que seja determinada a decretação da indisponibilidade de todos os bens de propriedade das requeridas, bem como de seus sócios, como forma de constituição da garantia legal acima requerida, para tanto determinando, mediante ofícios a todos os Cartórios de Registro de Imóveis e CIRETRANS de todo o Estado comunicando a decisão e determinado assim o competente registro da mencionada indisponibilidade, garantindo assim a legalidade do pedido e também o direitos dos autores, na melhor forma de direito.
Responsabilidade civil - acidente de veículos - morte - vitima solteira - dependência econômica - pensão devida - apelo parcialmente provido. O direito potencial a alimentos e o valor econômico, integrante do patrimônio da pessoa, e, desaparecendo em conseqüência de ato ilícito, o responsável por este, fica obrigado a indenizar o prejudicado pelo desfalque. A lei não nega indenização pela morte de filho maior solteiro, de quem os ascendentes dependiam economicamente para sua manutenção. Aplicação do artigo 602, do código de processo civil. A sucumbência total importa na obrigação de pagamento das custas e verba honorária. (TAPR, Ac nº 28518, unânime, 2ª CC, p. em 9/12/97)
b) Danos morais
No que tange ao dano moral, também este é reconhecido pela Constituição Federal, assegurando a Carta o direito à indenização em caso de sua violação, conforme se infere do cristalino comando normativo consolidado no artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, ao dispor que:
"São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação".
Mas antes de tudo, cumpre esclarecer a possibilidade de cumulação dos danos materiais e morais, consoante jurisprudência sumulada do Colendo Superior Tribunal de Justiça, in verbis:
"SÚMULA Nº 37 - São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. "
Este entendimento já era esposado por majoritária doutrina, bastando para demonstração, reproduzir as lições do professor Carlos Alberto Bittar, em incensurável monografia sobre responsabilidade civil, in verbis:
"Também são cumuláveis os pedidos de indenização por danos patrimoniais e morais, observadas as regras próprias para o respectivo cálculo em concreto, cumprindo-se frisar que os primeiros se revestem de caráter ressarcitório, e os segundos, reparatórios, de sorte que insistimos na necessidade de, quanto a estes, na respectiva fixação, adotar-se fórmulas que venham a inibir novas práticas atentatórias à personalidade humana, para cuja defesa se erigiu a teoria do dano moral, que vem sendo aplicada, ora com tranqüilidade, nos tribunais do país. " ("Responsabilidade Civil, Teoria e Prática", Rio, Forense Universitária, 1989, p. 90).
Doutrinariamente o dano moral é objeto de amplos estudos, que melhor permitem aferir sua natureza e efeitos, sendo de salientar-se os ensinamentos trazidos pelos mais renomados doutrinadores, senão vejamos:
AGUIAR DIAS distingue os danos patrimoniais e morais afirmando que a distinção "ao contrário do que parece, não decorre da natureza do direito, bem ou interesse lesado, mas do efeito da lesão, do caráter de sua repercussão sobre o lesado", anotando, ainda, "que a inestimabilidade do bem lesado, se bem que, em regra, constitua a essência do dano moral, não é critério definitivo para a distinção, convindo, pois, para caracterizá-lo, compreender o dano moral em relação ao seu conteúdo, que invocando MINOZZI - ´... não é o dinheiro nem coisa comercialmente reduzida a dinheiro, mas a dor, o espanto, a emoção, a vergonha, a injúria física ou moral, em geral uma dolorosa sensação, experimentada pela pessoa, atribuída à palavra dor o mais largo significado"´ (Da Responsabilidade Civil. Forense. Rio. Vol. II, 8ª ed. , 1. 987, números 226 e 227).
RICARDO DE ANGEL YÁGÜEZ, por sua vez, apresentou os chamados danos morais como aqueles "impostos às crenças, aos sentimentos, à dignidade, à estima social ou à saúde física ou psíquica, em suma, aos que são denominados direitos da personalidade ou extrapatrimoniais" (La Responsabilidad Civil, Universidad de Deusto, Bilbao, 1. 988, p. 224).
Já SAVATIER entende por dano moral todo sofrimentoque não é causado por uma perda pecuniária. Pode ser sofrimento físico, sendo a indenização aqui denominada pretium doloris. É, mais freqüentemente, uma dor moral de variegada origem, assim o agravo à reputação, à autoridade legítima, à sua segurança e sua tranqüilidade, ao seu amor próprio estético, à integridade de sua inteligência, etc. (Traité de la Responsabilité Civile. II, 1939, números 525 e 532).
PONTES DE MIRANDA abre o seu estudo sobre a matéria fixando um conceito básico, in Tratado de Direito Privado, Borsói, T. LIII, §§ 5. 509 e 5. 510, T. XXVI. § 3. 108, esclarecendo que "nos danos morais a esfera ética da pessoa é que é ofendida; sendo atingido o ser humano. "
Para o mestre não é só no campo do direito penal que se há de perquirir quanto ao dano moral, porquanto afirma:
"se há de reagir contra a ofensa à honra, à integridade física e moral, à reputação e à tranqüilidade psíquica".
E mais:
"A sensibilidade humana, sociopsicológica, não sofre somente o lucrum cessans e o damnum emergens, em que prepondera o caráter material, mensurável e suscetível de avaliação mais ou menos exata. No cômputo das suas substâncias positivas é dúplice a felicidade humana: bens materiais e bens espirituais (tranqüilidade, honra, consideração social, renome). Daí o surgir do princípio da reparabilidade do dano patrimonial".
Decisão unânime do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, quando do julgamento da AC 3. 059/91 é esclarecedora quanto ao tema ao afirmar que:
"... o dano moral como conseqüência da violação de um dos direitos da personalidade é melhor compreendido quando se percebe completamente a realidade da natureza humana. Ao estudar os fundamentos da moralidade, na sua monumental obra sobre o direito natural, JOHANNES MESSNER mostra que o homem é perfeito na razão e por meio da razão, segundo as exigências da realização plena da sua natureza (cfr. Ética Social, Política y Economia a la luz del Derecho Natural, trad. espanhola. Ediciones Rialp, S. A. , Madrid, 1. 967, p. 34).
Isto quer dizer que o ser humano tem uma esfera de valores próprios que são postos em sua conduta não apenas em relação ao Estado, mas, também, na convivência com os seus semelhantes. Respeitam-se, por isso mesmo, não apenas aqueles direitos que repercutem no seu patrimônio material, de pronto aferível, mas aqueles direitos relativos aos seus valores pessoais, que repercutem nos seus sentimentos, postos à luz diante dos outros homens.
Com a fixação de indenização a título de dano moral não se pretende desfazer a dor e a tristeza, o aborrecimento desmedido, porquanto inestimável o sofrimento a que se vêem submetidos os pais da jovem vítima ao ver ceifada a vida de um filho que lhe era principal companhia e razão de viver.
A "indenização" consiste numa compensação, numa tentativa de substituir o sofrimento por uma satisfação, além do aspecto retributivo e verdadeiramente punitivo no tocante ao causador do dano, que vendo doer em seu mais sensível "órgão" (o bolso), certamente refletirá melhor antes de sequer permitir que a vida de outras pessoas possam estar em risco.
No que toca ao quantum indenizatório, inclinam-se os tribunais pátrios a agravá-lo, aumentando-lhe o valor proporcionalmente à gravidade conduta do agente infrator, dando ao dano moral o colorido de "punição" ao agente que o perpetrou.
Destarte, com base nas lições acima mencionadas, resta veementemente demonstrado os danos morais experimentados pelos autores, em razão da perda de forma violenta do membro da família, causando transtornos e abalos em todos.
Tais imagens e tamanha tragédia, jamais serão esquecidas pelos autores, gerando abalos psicológicos imensuráveis, devendo assim tal indenização ser a mais reparadora e ampla possível, como forma de se afugentar e aplacar os males oriundos desta lesão moral, o que se busca com a aplicação do verdadeiro direito.
b. 1) Valor da indenização
Os réus dispõem de significativo patrimônio, auferindo renda invejável através da negociação de atletas profissionais no mercado nacional e internacional, bem como publicidade, patrocínio, direitos de imagem, dentre outras inúmeras formas de renda, de conhecimento público e notório. Note-se que para cada negociação de jogador os valores recebidos pelos réus, especialmente o primeiro, é de milhões de reais, cifras estas que fazem parte da rotina de negociação dos mesmos.
Portanto, arbitramento de valor inexpressivo acaba por não atingir o caráter punitivo da indenização, até porque, como se pode observar, após o acidente o réu nada fez para melhorar a segurança do estádio, permitindo que outros torcedores tenham acesso à grade divisória, sofrendo os mesmos riscos de queda.
Isso permite que os réus sejam inclusive enquadrados como reincidentes.
Julgados recentes, do extinto Tribunal de Alçada do Paraná, dão uma demonstração do valor a ser arbitrado nesses casos, conforme abaixo:
RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DE TRÂNSITO - ATROPELAMENTO COM MORTE - CULPA EXCLUSIVA DO MOTORISTA - MORTE DO FILHO - PENSÃO DEVIDA À MÃE - DEDUÇÃO DOS GASTOS PESSOAIS - DANO MORAL - INDENIZAÇÃO CABÍVEL - VALOR APROPRIADO - VERBA HONORÁRIA ADEQUADA - APELAÇÃO DESPROVIDA - RECURSO ADESIVO PROVIDO EM PARTE. Age com manifesta imprudência o motorista que, em via urbana, não utiliza meios eficazes para evitar o atropelamento do qual resultou a morte da vítima que atravessava a rua acenando ao condutor pedindo parada, pois o dever de cautela recai de modo especial sobre o motorista que tem a obrigação de prever eventual movimento de pedestres. A indenização à mãe pela morte de filho em decorrência de ato ilícito deve abranger os danos materiais e morais. Na fixação do valor da pensão cabe deduzir-se parcela que se presume relativa aos gastos pessoais da vítima. Não sendo vultuosa, mas módica, a importância de 200 salários mínimos, eleva-se para 500 salários mínimos o valor da reparação do dano moral para atender à finalidade de oferecer compensação ao lesado e de impor sanção ao causador do dano com o objetivo de desestimular a repetição do ato ilícito. A verba honorária fixada em quinze por cento sobre o valor da condenação, atende ao disposto no Código de Processo Civil e se constitui em justa remuneração ao trabalho desenvolvido pelo advogado. (Acórdão 12941 Extinto TA do PR, 3ª Câmara Cível, AC nº 0147601-9, Relator Juiz Rogério Coelho, unânime, 25/04/2000 DJ 5267) – grifo nosso
Em razão do exposto, sugere-se a título de indenização por todos os danos morais sofridos com a morte do ente querido, o importe de 400 (quatrocentos) salários mínimos, sendo 200 para cada autor.
b. 2) Valor requerido e sucumbência
Há de ser esclarecido que o valor requerido a título de danos morais serve apenas como sugestão ao magistrado. Daí porque, o valor por vezes sugerido na inicial não serve como parâmetro para efeito de se considerar vencido em parte o autor - quando não lograr obter, ao final, a integralidade do montante pedido.Tal posicionamento já vem sendo firmemente adotado pelos Tribunais pátrios, como se observa a seguir:
Dano moral – sucumbência
PROCESSUAL CIVIL - DANOS MORAIS –SUCUMBÊNCIA – HONORÁRIOS - PEDIDO EXORDIAL - REFERÊNCIA A MONTANTE MERAMENTE ESTIMATIVA - SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA NÃO CONFIGURADA. I. Dada a multiplicidade de hipóteses em que cabível a indenização por dano moral, aliada à dificuldade na mensuração do valor do ressarcimento, tem-se que a postulação contida na exordial se faz em caráter meramente estimativo, não podendo ser tomada como pedido certo para efeito de fixação de sucumbência recíproca, na hipótese de a ação vir a ser julgada procedente em montante inferior ao assinalado na peça inicial. (STJ/RESP nº 351602/PR, Relator Ministro Aldir Passarinho Junior, 4ª Turma, j. 04. 06. 2002)
Nesse mesmo sentido: RESP nº 304. 844/PR, Rel. Ministro Aldir Passarinho Junior, 4ª Turma, j. 12. 03. 2002; RESP nº 434. 518/MG, Rel. Ministro Castro Filho, 3ª Turma, j. 26. 06. 03; RESP. nº 488. 024/RJ, Rel. Ministro Antônio de PáduaRibeiro, 3ª Turma, j. 22. 05. 03; AGA nº 442. 335/DF, Rel. Ministro Ari Pargendler, 3ª Turma, j. 19. 09. 03, dentre outros.
V - Dos Pedidos
Em razão do exposto, requerem finalmente a Vossa Excelência:
a)Recebimento da presente ação de reparação de danos, bem como todas as peças que a instruem;
b)Sejam deferidos os benefícios da Justiça Gratuita;
c)A antecipação parcial da tutela, no sentido de que venham a ser compelidas as empresas requeridas a constituir um capital, (artigo 602, § 1º, primeira parte do CPC), a fim de garantir na íntegra, o pagamento da indenização na forma de alimentos requeridos nesta inicial; referido capital não deixará de ser propriedade dos requeridos durante o processo, razão pela qual não existe risco de irreversibilidade;
d)Citação dos réus, através de Aviso de Recebimento, para constestarem a presente, no prazo legal, advertidos sobre as pena de revelia;
e)Produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente documental, testemunhal, oitiva dos prepostos das rés e prova pericial, caso haja necessidade;
f)Procedência da ação para condenar os requeridos na Indenização a título de dano material (lucros cessantes) pela morte da vítima, atentando pela idade na data do evento, expectativa de vida e seus vencimentos, incluindo 13º salário, sendo o importe de 2/3 de seus rendimentos (R$280,00) até que completasse 25 (vinte e cinco anos de idade) e 1/3 de seus rendimentos (R$140,00) até a sobrevida estimada de 69 anos; alternativamente, seja adotada expectativa de vida de 65 anos;
g)Atualização mensal dos valores devidos, nos termos da Lei;
h)Condenação dos réus no pagamento de indenização a título de danos morais no montante de 400 (quatrocentos) salários mínimos, atualizados até a época do efetivo pagamento;
i)Honorários advocatícios na forma do artigo 20 § 3º do CPC.
Ao final, sobre todos e quaisquer valores deferidos e/ou arbitrados, devem ainda incidir juros legais e moratórios a partir da data da citação.
Já no que diz respeito à correção monetária, requer a aplicação da Súmula 43 do STJ, a qual determina que "Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo. ", no caso, 22/12/2004. Requer seja adotado índice do IGPM (FGV) ou, alternativamente, IGP-DI.
Dá-se à causa para efeitos fiscais o valor de R$150. 000,00 (cento e cinqüenta mil reais).
Nestes termos
Pedem deferimento
Curitiba, 05 de maio de 2005.
- Nome do advogado -
OAB/PR XXXXX
21/07/2006 - Empresa de telefonia condenada a pagar R$ 9 mil por danos morais
O juiz da 26ª Vara Cível de Belo Horizonte, Genil Anacleto Rodrigues Filho, condenou uma empresa de telefonia a pagar uma indenização de pouco mais de R$ 9 mil a uma advogada. 
Em julho de 2005, a advogada estava procurando um veículo para comprar quando tomou conhecimento de que seu nome estava negativo. Ela estava com várias pendências financeiras, lançadas pela empresa de telefonia, no valor de pouco mais de R$ 7 mil. Ao consultar um site de informações e serviços, tomou conhecimento de que o número do seu CPF estava cadastrado para uma outra pessoa, que inclusive residia em outro estado. 
Na ação judicial impetrada, a autora pediu uma indenização de mais de R$73 mil. De acordo com a decisão, não foi configurado o ato culposo por parte da empresa, mas por terceiro que teria utilizado os documentos da requerente para solicitar a ativação de linhas telefônicas, sendo descabido o montante pretendido pela requerente. 
Fixou a indenização em R$ 9.100 mil acrescidos de juros e correção, entendendo que a empresa de telefonia não agiu de forma dolosa, sendo também vítima da ação delituosa desta terceira pessoa que se fez passar pela requerente. 
Essa decisão foi publicada no Diário do Judiciário do dia 05/07/2006 e, por ser uma decisão de Primeira Instância, dela, cabe recurso. 
21/07/2006 - Agência de turismo indeniza casal por transtornos em viagem
A 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais condenou uma agência de turismo a indenizar um casal em R$70,58, por danos patrimoniais e R$2.000,00, para cada cônjuge, por danos morais, por constrangimentos sofridos em uma viagem a Fortaleza. 
      
Em janeiro de 2004, o casal contratou o pacote de turismo para estadia em Fortaleza, no valor de R$2.204,80. Ao chegar na capital cearense, de madrugada, não encontrou suas malas e foi informado de que elas teriam seguido para Natal, sendo-lhe garantido que seriam entregues no hotel no dia seguinte. 
Ao tomar o transporte do aeroporto para o hotel em uma van, conforme contratado, o casal foi informado de que seus nomes não constavam na lista. Eles telefonaram para a empresa, que lhes explicou ter acertado a viagem com uma outra agência e não a combinada, mas que iria uma pessoa buscá-los no aeroporto. Após esperarem duas horas, decidiram pegar um táxi. 
O casal, então, ajuizou a ação, pedindo indenização por danos morais e materiais. A sentença de primeira instância condenou a empresa de turismo a indenizar o casal em R$70,58, correspondentes aos valores de táxi e gastos com interurbanos, mais R$2.000,00 para cada cônjuge, por danos morais. 
A empresa recorreu ao Tribunal de Justiça, mas os desembargadores Luciano Pinto (relator), Márcia de Paoli Balbino e Irmar Ferreira Campos confirmaram a decisão de primeiro grau. 
O relator ponderou que a conduta da agência, ao não prestar o serviço contratado, foi ilícita, causando dissabores e transtornos ao casal, que faz jus, assim, à indenização por dano moral. Quanto aos danos materiais, o desembargador entendeu que também são devidos, uma vez que o casal teve despesas com táxi e várias ligações interurbanas para a agência de turismo. 
21/07/2006 - TJMG responsabiliza município de Uberaba por acidente automobilístico
A 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça condenou o município de Uberaba, cidade do triângulo mineiro, a indenizar um motociclista acidentado, em função da presença de uma corda de isolamento fixada pela administração municipal sem a devida sinalização. Ficou determinado o pagamento de R$351,55, pelos danos materiais, além de R$9.000,00, relativos ao dano moral.
A vítima narrou que, no dia 7 de setembro de 2003, trafegava com sua motocicleta por uma avenida da cidade, quando foi atingido na altura do pescoço por uma corda de isolamento que estava no local, sem nenhuma sinalização. Ele apontou a responsabilidade civil do município, tendo em vista que o ente público era o organizador da comemoração pública, no caso, o desfile de 7 de setembro, “Dia da Independência”. 
O relator do processo, desembargador Jarbas Ladeira, considerou que as provas produzidas a partir de depoimentos de testemunhas, que confirmaram a falta de sinalização no local do acidente, comprovam a culpa do município. Segundo ele, a responsabilidade do ente público é objetiva, uma vez que não houve culpa da vítima pela ocorrência do acidente e que é obrigação sinalizar a interdição temporária do trânsito. 
“O município de Uberaba não comprovou qualquer excludente de responsabilidade. Assim sendo, é responsável pelo ressarcimento dos danos”, concluiu o magistrado. 
20/07/2006 - Estado não é responsável por atropelamento de menor
O Estado não pode ser responsabilizado por um acidente que envolveu uma viatura dos Bombeiros e uma criança em Teófilo Otoni. Foi com esse entendimento que a 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais negou o pedido de indenização ajuizado por um menor, representado por seu pai, contra o Estado de Minas Gerais e o militar que conduzia o veículo, mantendo a decisão de 1ª Instância. 
Segundo os autos, o militar H.P.F. estava conduzindo um carro dos Bombeiros por uma avenida. Em determinado ponto da pista, a presença de brita e material de construção fez com que a passagem de carros na via ficasse mais estreita. Do outro lado da avenida, um motorista de um caminhão de gás encostou seu veículo para permitir a passagem daviatura. Neste instante, o menor V.S.M. não observou as normas de segurança e atravessou a rua, sendo atropelado pela viatura. 
O pai do menor disse que o bombeiro dirigia em velocidade alta para o local, e, além disso, o acidente trouxe como conseqüência a deformação do pé esquerdo da criança. Em razão, ele ajuizou o pedido de indenização por danos morais. 
Para o desembargador Moreira Diniz, relator do processo, apesar do acidente ter mutilado a criança, o Estado de Minas Gerais e o militar não podem ser responsabilizados pelo fato ocorrido. O magistrado levou em consideração os depoimentos de testemunhas que comprovaram que o veículo oficial estava em baixa velocidade e que o V.S.M. agiu de forma imprudente ao atravessar a rua atrás de outro veículo que estava subindo, sem obedecer às normas de segurança do local. 
Em sua decisão, o magistrado ressaltou o fato de que a rua onde ocorreu o acidente ser estreita e também a existência de outro veículo em sentido contrário, que foi obrigado a estacionar para permitir a passagem da viatura do corpo de bombeiros, é incompatível com a alegação de excesso de velocidade. Assim, fica evidenciada a culpa exclusiva da vítima. Votaram de acordo com o Relator os desembargadores Dárcio Lopardi Medes e Audebert Lage. 
20/07/2006 - Empresa de ônibus deve indenizar por acidente
O juiz da 3ª Vara Cível de Belo Horizonte, Raimundo Messias Júnior, determinou que uma empresa de ônibus indenize, por danos materiais, um proprietário de um automóvel, no valor de R$ 2.170,00 corrigidos monetariamente. 
O autor é advogado e proprietário de um automóvel. Ele alegou que em 15 de junho de 2004, por volta das 20h, o seu veículo trafegava no sentido centro/bairro, quando foi atingido, em sua traseira, por um ônibus. Segundo o autor, a empresa de ônibus não arcou com os prejuízos causados. Argumentou que não possuindo seguro, fez três orçamentos e deixou seu automóvel para reparos na oficina que apresentou o menor valor. 
A empresa de ônibus sustentou, dentre outras, a culpa exclusiva do autor. Argumentou que o ônibus transitava pela av. Carlos Luz, em baixa velocidade, quando se deparou com o veículo do advogado em frenagem brusca, fato que surpreendeu o motorista do ônibus, e que não o deixou em condições de evitar o choque. 
O juiz condenou a seguradora da empresa a reembolsar, aquilo que pagar a títulos de danos materiais, descontado o valor da franquia.Raimundo Messias Júnior lembrou que os condutores de veículo devem manter distância de segurança entre o seu automóvel e o que segue à sua frente, necessária a evitar a colisão, conforme Código de Trânsito. 
A sentença foi publicada no Diário do Judiciário em 15/07/2006 e dela cabe recurso. 
19/07/2006 - Criança queimada por cerca elétrica recebe indenização
A 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais condenou o dono de uma chácara localizada em Uberlândia a indenizar uma criança que sofreu graves queimaduras causadas por choque elétrico, ao entrar na propriedade e esbarrar num fio eletrificado. A criança, representada por seus pais no processo, deverá ser indenizada, por danos morais, em R$14.000,00. 
De acordo com o processo, os pais da criança trabalhavam em uma chácara. No dia 3 de fevereiro de 2003, o menino, então com 6 anos de idade, entrou na chácara vizinha e lá então encostou na cerca elétrica, instalada em volta de um “deck”, sofrendo graves queimaduras nas pernas e braços. 
O juiz da 10ª Vara Cível havia negado o pedido de indenização, sob o entendimento de que o dono da chácara não teve culpa no evento, já que o fio estava instalado dentro de sua propriedade e longe da divisa com a chácara vizinha, onde trabalhava o pai da criança. O magistrado entendeu que a culpa foi dos pais do menor, que não exerceram o dever de vigilância sobre o filho. 
Os desembargadores Luciano Pinto (relator), Márcia De Paoli Balbino e Irmar Ferreira Campos, contudo, reformaram a sentença, considerando as declarações do próprio proprietário que instalou a cerca. Este afirmou no processo que as propriedades eram divididas por cercas vivas baixas e que elas não impediam o trânsito de pessoas, sendo que mesmo as crianças conseguiam pulá-las. Afirmou também que as pessoas que moram na região transitam normalmente entre as chácaras e que as crianças eram acostumadas a brincar naquelas áreas. 
Para o desembargador Luciano Pinto, “não restam dúvidas de que a criança, quando entrou na chácara, o fazia observando uma prática comum e nem sequer precisava transpor qualquer obstáculo para isso, já que a cerca viva não impedia o acesso”. 
Também pelas próprias declarações do instalador do fio, ele não tinha conhecimento técnico de eletricidade, de forma que a instalação não se enquadrava nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABTN), apresentando grande perigo. 
Considerando que houve prova “suficiente e contundente” de que o proprietário da chácara agiu com imperícia e imprudência, expondo pessoas a perigo, o relator entendeu ser devida a indenização. 
14/07/2006 - Apresentador condenado por difamar fiscais em programa de TV
A 15ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais condenou um apresentador de TV, da cidade de Governador Valadares, a indenizar 13 fiscais de postura do município, por difamação em programa exibido na TV local. A indenização, por danos morais, foi fixada em R$3.000,00, para cada um dos fiscais. 
O jornalista mantém um programa diário na TV local, uma produção independente, no qual todas as matérias veiculadas são de sua inteira responsabilidade. Nos dias 20 e 21 de novembro de 2003, o jornalista divulgou em seu programa que os fiscais da prefeitura municipal haviam realizado uma operação, de forma brutal e arbitrária, contra um vendedor ambulante, em frente à prefeitura, derrubando seu “carrinho”, jogando a mercadoria (jabuticabas) fora e esfregando a cara dele no chão. O apresentador acusou os fiscais de terem agredido fisicamente o ambulante e de terem praticado crime de abuso de autoridade. 
Os 13 fiscais ajuizaram, então, uma ação de indenização por danos morais contra o jornalista, alegando que ele abordou o assunto de maneira abusiva e sensacionalista. O juiz de 1ª instância deferiu o pedido feito pelos fiscais, baseando-se nos boletins de ocorrência, no depoimento de testemunhas e fotos juntadas aos autos que atestam que os fiscais desempenharam suas funções dentro dos limites da lei, não podendo se falar em arbitrariedades e abusos de autoridade. Baseado nas provas documental e testemunhal, o juiz da 7ª Vara Cível de Governador Valadares fixou a indenização a ser paga para cada um dos autores da ação em R$3.000,00, totalizando o montante de R$39.000,00. 
 O apresentador do programa, então, recorreu ao Tribunal de Justiça, que em decisão da 15ª Câmara Cível, manteve a sentença de primeiro grau. De acordo com o relator do recurso, desembargador José Affonso da Costa Côrtes, “a liberdade de informar constitui um valor importante a ser preservado, mas não pode colidir com a garantia, também constitucional, de defesa da imagem e da honra e do direito à vida privada. Nessas condições, a liberdade de imprensa é um direito absoluto, apenas e tão somente, na medida em que não pode estar submetida à censura prévia, mas seu exercício abusivo, quando em conflito com outros valores também significativos, há de implicar certas responsabilidades.” 
O revisor e vogal, desembargadores Mota e Silva e Maurílio Gabriel, acompanharam o voto do relator. 
13/07/2006 - Estado é responsabilizado por morte de animal
A morte de um animal apreendido por Policiais Rodoviários Estaduais ocorreu por culpa e responsabilidade direta do Estado. Com esse entendimento, a 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais manteve a sentença de 1ª Instância condenando o Estado de Minas Gerais a indenizar um militar de Paraopeba em R$ 1.500 por danos materiais. 
De acordo com os autos, o militar era proprietário de um cavalo da

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