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RODOLFO2009

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Prévia do material em texto

1 
 
RODOLFO SILVA BERTOLI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR 
ÁREA: MEDICINA DE ANIMAIS SILVESTRES 
REVISÃO DE LITERATURA: NUTRIÇÃO CLÍNICA DE AVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2009 
2 
 
RODOLFO SILVA BERTOLI 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR 
ÁREA: MEDICINA DE ANIMAIS SILVESTRES 
REVISÃO DE LITERATURA: NUTRIÇÃO CLÍNICA DE AVES 
 
 
 
 
Relatório de estágio curricular 
supervisionado apresentado como 
requisito para a graduação em Medicina 
Veterinária pela Universidade Federal 
do Paraná, Setor de Ciências Agrárias, 
Departamento de Medicina Veterinária 
 
 
Autor: Rodolfo Silva Bertoli 
Supervisor: MSc Rogério Ribas Lange 
Orientadores: M.V. Mathias Dislich 
 M.V. Esp. Grazielle Soresini 
 
 
CURITIBA 
2009 
3 
 
FOLHA DE IDENTIFICAÇÃO 
 
 
Locais de estágio 
- Centro de Triagem de Animais Silvestres da Pontifícia Universidade Católica do 
 Paraná (CETAS-PUCPR) 
- Parque das Aves 
 
 
Carga horária 
- 160 horas no CETAS-PUCPR 
- 160 horas no Parque das Aves 
 
 
 
Período 
- 6 a 30 de julho de 2009 no CETAS-PUCPR 
- 3 a 31 de agosto de 2009 no Parque das Aves 
 
 
 
Orientadores 
- M.V. Esp. Grazielle Cristina Garcia Soresini 
- M.V. Mathias Dislich 
 
Supervisor 
- MZ. Rogério Ribas Lange 
 
 
Carga horária total: 320 horas 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Um ser humano deveria ser capaz de trocar uma fralda, planejar uma invasão, fatiar 
um porco, construir um barco, projetar um prédio, escrever um soneto, gerenciar 
contas, levantar um muro, consertar um osso, confortar os moribundos, receber 
ordens, dar ordens, cooperar, agir sozinho, resolver equações, analisar um novo 
problema, preparar adubo, programar um computador, cozinhar uma refeição 
saborosa, lutar com eficiência, morrer com estilo. Especialização é para insetos.” 
Robert A. Heinlein 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
Pai e Mãe, muito obrigado. Há 22 anos zelando por mim, apoiando-me em cada 
decisão, dando força em todas as etapas da minha vida, adotando meus bichos (muitas 
vezes tomando-os de mim permanentemente). Prometo honrá-los em minhas ações e 
carregá-los sempre em meu coração. 
 “Brothers and sista”, quando a ponte já tinha sido interditada, surge um pequeno 
cabeção. Obrigado pelo companheirismo, atenção e carinho. 
 Rafaela: sinceridade, cumplicidade e companheirismo. 3 anos, muitas 
dificuldades e alegrias enfrentamos juntos. Obrigado! 
 Professor Rogério, obrigado por todo o apoio, orientação e disposição em 
ajudar. Orgulho-me de tê-lo como supervisor, você é um exemplo a ser seguido. 
 Grazi, obrigado pela oportunidade e confiança. “Resida Nath”, estertor 
fraco/moderado/forte? Gotinha em canarinho? Sulfa ou Enro? Muito Obrigado, pela 
amizade, conhecimentos e experiência proporcionada. Mari, intragável e sagaz, ótima 
companheira de estágio e de contenção de sagüis e pavós! Paulinho e Sr. Belmiro, 
Luisa, Tias do Refeitório, Muito obrigado! 
 Mathias, obrigado pelos inesgotáveis ensinamentos, tanto veterinários como 
fotográficos, de Excel, Access... sempre lembrarei que “se quisermos ser ainda mais 
sistemáticos... ficaria bem mais elegante!” Laiz e Adriana, Zana, Giovane, Vanderlei, 
Paulinho, Sr Mário, Francisco, Amarildo, Dona Amélia, Girlei e Yara, muito obrigado 
pela receptividade e ensinamentos. 
 Professores, muito obrigado pela dedicação, seriedade e competência. Vocês 
honram o nome da nossa Universidade, se sacrificam por nós, e a isto serei 
eternamente grato. 
 Amigos: estudar, fazer trabalhos, festar, jogar video game, beber uma 
cervejinha... a base para manutenção de uma mente sã no meio de tanta piração. 
Agora só restarão saudades dos melhores anos de nossas vidas. 
6 
 
SUMÁRIO 
 
LISTA DE FIGURAS 07 
LISTA DE GRÁFICOS 08 
LISTA DE TABELAS 09 
RESUMO 10 
1 INTRODUÇÃO 11 
2 OBJETIVO GERAL DO ESTÁGIO 12 
3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO ESTÁGIO 12 
4 CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES - PUCPR 13 
5 PARQUE DAS AVES 32 
6 DISCUSSÃO 45 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 46 
8 REVISÃO DE LITERATURA: NUTRIÇÃO CLÍNICA DE AVES, UMA 
ABORDAGEM PRÁTICA 
48 
ANEXO 1: TABELA DE NOMES POPULARES E CIENTÍFICOS DOS ANIMAIS 
CITADOS NO RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR 
64 
ANEXO 2: PLANTEL VIVO DO PARQUE DAS AVES NO MÊS DE AGOSTO DE 
2009 
69 
ANEXO 3: INSTRUÇÕES AOS AUTORES: REVISTA “ARCHIVES OF 
VETERINARY SCIENCE” 
68 
 
 
 
7 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Vista parcial da fachada do Centro de Triagem de Animais 
Silvestre da Pontifícia Universidade católica do Paraná, localizado em 
Tijucas do Sul, Paraná 
16 
Figura 2 - Vista interna das salas de atendimento veterinário do Centro de 
Triagem de Animais Silvestres da Pontifícia Universidade Católica do 
Paraná. A, Sala de internamento. B, ambulatório 
16 
Figura 3 - Vista geral dos recintos externos do Centro de Triagem de 
Animais Silvestres da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. A, 
recintos extras. B, recintos de rapinantes 
17 
Figura 4 - Mapa esquemático das instalações do Parque das Aves. Fonte: 
www.parquedasaves.com.br 
33 
Figura 5 - Internamento de um Flamingo. Uso de espelhos para proporcionar 
maior conforto e segurança ao animal. Parque das Aves. Fonte: Mathias 
Dislich 
40 
 
 
 
 
 
8 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 - Novos casos recebidos divididos por classe animal no centro de 
Triagem de Animais Silvestres durante julho de 2009 
27 
Gráfico 2 - Condição dos animais no momento de sua recepção no Centro de 
Triagem de Animais Silvestres durante julho de 2009 
28 
Gráfico 3 - Principais afecções dos animais recebidos no Centro de Triagem 
de Animais Silvestres durante julho de 2009 
29 
Gráfico 4 - Atividades desenvolvidas no mês de agosto no Parque das Aves, 
divididas por área 
37 
Gráfico 5 - Exemplo de gráfico de acompanhamento de consumo alimentar 
diário e massa corporal de um paciente internado no Parque das Aves 
 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Inventário do Centro de Triagem de Animais Silvestres em julho 
de 2009 
22 
Tabela 2 - Animais em tratamento em julho de 2009 no Centro de Triagem 
de Animais Silvestres da Pontifícia Universidade Católica do Paraná 
25 
Tabela 3 - Animais internados no mês de agosto no Parque das Aves 39 
Tabela 4 - Características de diferentes fórmulas enterais de uso médico 
adaptadas para o uso veterinário 
50 
Tabela 5 - Volumes e frequências de alimentação sugeridos para 
alimentação de aves anoréticas, adaptado de QUESENBERRY e HILLYER, 
1994. 
55 
Tabela 6 - Volumes e frequências de alimentação por sonda oro-esofágica 
sugeridos para alimentação enteral de aves anoréticas, adaptado de 
QUESENBERRY e HILLYER, 1994. 
 
56 
 
 
 
 
 
10 
 
RESUMO 
 A medicina de animais silvestres é uma importante área de atuação do médico 
veterinário, e pode ser realizada em distintas maneiras: clínica de mascotes não 
convencionais, assistência a criadouros, medicina de animais de zoológico, projetos de 
conservação, Centros de triagem de animais silvestres, entre outras. O objetivo geral 
do estágio curricular realizado no CETAS-PUCPR e no Parque das Aves foi aprimorar 
conhecimentos teóricos e práticos adquiridos durante a graduação sobre clínica, 
cirurgia e manejo de animais silvestres. Durante o período de 06 de julhoa 31 de 
agosto de 2009 foram acompanhados diversos casos, em sua maioria aves. Neste 
trabalho também será apresentada uma revisão de literatura sobre nutrição clínica de 
aves. Por camuflarem que encontram-se enfermas e apresentarem metabolismo muito 
acelerado, as aves são pacientes muitos suscetíveis à caquexia e que freqüentemente 
necessitam receber suplementos nutricionais ou alimentação forçada para que tenham 
uma adequada recuperação durante o tratamento. Aspectos referentes ao cálculo de 
energia metabólica basal e fatores de correção para diferentes moléstias serão 
abordados no artigo de revisão. 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
 O presente trabalho tem como finalidade apresentar as atividades desenvolvidas 
durante o estágio curricular no Centro de Triagem de Animais Silvestres – PUCPR 
durante o período de 6 a 30 de julho de 2009 e no Parque das Aves durante o período 
de 3 a 31 de agosto de 2009. 
 A escolha por duas instituições deve-se à ampla área de atuação do médico 
veterinário de animais silvestres e por serem áreas com as quais eu não havia 
desenvolvido suficiente experiência, favorecendo assim minha formação profissional e 
melhor preparação para atuação no mercado de trabalho. 
 O CETAS-PUCPR é uma instituição de referência em seu meio, conta com todo 
o suporte da Pontificia Universidade Católica do Paraná e apresenta grande casuística 
por ser o único da região, favorecendo dessa forma a vivência e o aprendizado prático. 
O Parque das Aves é o maior do gênero na América Latina e é referência em medicina 
preventiva, conhecimento fundamental na formação de um profissional que pretende 
trabalhar com animais de zoológico. 
 
 
 
 
 
12 
 
2 OBJETIVO GERAL DO ESTÁGIO 
 Aprimorar conhecimentos teóricos e práticos adquiridos durante a graduação 
sobre clínica, cirurgia e manejo de animais silvestres. 
 
3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO ESTÁGIO 
 Acompanhar a rotina de um Centro de Triagem de Animais Silvestres; aumentar 
o conhecimento sobre biologia e medicina de espécies silvestres; auxiliar no 
diagnóstico de enfermidades, no tratamento de animais internados e realização de 
necropsias; aumentar conhecimentos sobre medicina preventiva e nutrição de animais 
silvestres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
4 CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES – PUCPR 
4.1 Centros de Triagem de Animais Silvestres segundo o Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA 
 “A Lei nº 5.197/67, afirma que os animais silvestres são propriedade do Estado. 
Quando os agentes da fiscalização do IBAMA ou das Polícias Florestais 
encontram algum desses animais sendo vendidos ilegalmente, apreendem a 
"mercadoria" e encaminham para um local denominado Centro de Triagem de Animais 
Silvestres - CETAS. Esses Centros podem ser gerenciados pelo próprio IBAMA ou por 
outras Instituições, em sistema convênio ou parceria, sob a supervisão do Órgão. 
Os CETAS tem a finalidade recepcionar, triar e tratar os animais silvestres 
resgatados ou apreendidos pelos órgãos fiscalizadores, assim como eventualmente, 
receber animais silvestres de particulares que os estavam mantendo em cativeiro 
domésticos de forma irregular como animais de estimação 
O trabalho de recepcionar e triar animais implica em registrar a entrada de cada 
indivíduo; identificando qual é a espécie e o sexo (quando possível), buscando o 
máximo de informações quanto ao local em que foi capturado e o tempo de cativeiro; 
verificando qual é o habitat da espécie; e alojando os animais em local adequado para 
receberem o devido tratamento. 
Após serem examinados, os animais ficam sob quarentena para receber 
nutrição adequada e sob observação para identificar o aparecimento de possíveis 
14 
 
doenças. Durante esse período, a equipe de técnicos do CETAS estuda o melhor 
destino para os animais. 
O destino dos animais apreendidos, desde que não estejam na lista oficial das 
espécies ameaçadas de extinção, é preferencialmente, zoológicos, criadouros 
registrados no IBAMA, e centros de pesquisa. Solturas são, sempre que possível, 
vinculadas a programas específicos de manejo para as diferentes espécies. Animais 
ameaçados de extinção são tratados de maneira especial, caso a caso, seguindo 
recomendações de planos de manejo elaborados para cada espécie e de comitês 
nacionais e internacionais, quando existentes. 
A quantidade de viveiros que um CETAS necessita ter é relativa à quantidade e 
variedade das espécies que os órgãos fiscalizadores costumam encontrar na região 
onde o Centro está instalado. 
Para que um CETAS funcione a contento, precisa dispor em seu quadro de 
pessoal, no mínimo, um biólogo, um médico-veterinário e tratadores pois são atividades 
complexas e requerem bastante conhecimento de quem as desempenha. 
Os Centros de Triagem são apoiados e supervisionados pelo Ibama por meio de 
termos de cooperação técnica e normalmente são administrados por instituições 
científicas, universidades, jardins zoológicos, empresas privadas, fundações e 
secretarias estaduais ou municipais. 
Por tratar-se de empreendimento oneroso e que lida diretamente com vida, as 
suas atividades não podem ser interrompidas repentinamente por falta de recursos. 
15 
 
Dessa forma, os CETAS normalmente são vinculados à pessoas jurídicas ou a órgãos 
de governo.” Fonte: http://www.ibama.gov.br/fauna-silvestre 
 
4.2 O Centro de Triagem de Animais Silvestres – Pontifícia Universidade Católica do 
Paraná 
O Centro de Triagem de Animais Silvestres da Pontifícia Universidade Católica 
do Paraná (CETAS-PUCPR) localiza-se na Estrada Principal, sem número, na cidade 
de Tijucas do Sul – PR. Surgiu através de uma parceria, firmada em 1999 entre o 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a 
Sociedade Paranaense de Cultura (SPC), a Pontifícia Universidade Católica do Paraná 
(PUC-PR) e a Instituição Filantrópica Sergius Erdelyi (IFSE). 
A instituição recebe animais de diversas localidades do estado do Paraná, 
compreendendo desde a faixa litorânea, a serra do mar e o interior do estado. Os 
animais são, em sua maioria, entregues por autoridades locais ambientais como a 
Polícia Ambiental, o IBAMA, a Força Verde, que resgataram ou apreenderam estes 
animais. Há também a entrega por autoridades municipais e a doação por civis. 
O objetivo principal da fundação deste estabelecimento foi suprir a carência no 
atendimento a animais silvestres vítimas do tráfico e de maus tratos, abandonados ou 
acidentados. O trabalho consiste basicamente em atendimento veterinário emergencial 
para recuperação dos animais e sua pronta destinação, seja ela a soltura ou o envio 
para zoológicos, criadouros conservacionistas ou criadouros comerciais. 
 
16 
 
4.3 Estrutura do CETAS – PUCPR 
 O CETAS-PUCPR tem uma estrutura física construída especificamente para a 
função que desempenha, de atendimento imediato e abrigo provisório de animais 
silvestres. É constituído basicamente por uma sala de recepção, sala de internamento, 
ambulatório, depósito, cozinha, sala de répteis, viveiros externos e piquetes para 
animais de maior porte. 
Figura 1 – Vista parcial da fachada do Centro de Triagem de Animais Silvestre 
da Pontifícia Universidade católica do Paraná, localizado em Tijucas do Sul, Paraná 
 
Figura 2 – Vista interna das salas de atendimento veterinário do Centro de 
Triagem de Animais Silvestres da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. A, Sala 
de internamento. B, ambulatório 
A B 
17 
 
Figura 3 – Vista geraldos recintos externos do Centro de Triagem de Animais 
Silvestres da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. A, recintos extras. B, recintos 
de rapinantes 
 
Com o aumento do número de animais recebidos, algumas modificações foram 
feitas, visando o alojamento dos mesmos, sendo algumas estruturas suprimidas, como 
é o caso dos recintos de quarentena, que atualmente são ocupados por macacos-
pregos (Cebus sp.). A ausência de uma área de quarentena pode ser um risco aos 
animais mantidos na instituição, mas devido ao desinteresse de zoológicos e criadores 
conservacionistas ou comerciais por determinadas espécies, o CETAS torna-se o lar 
permanente de muitos animais. O objetivo de um CETAS é servir como uma “casa de 
passagem” para triagem e tratamento de animais vítimas do tráfico e de maus tratos, 
mas muitos animais não são destinados, ocupando um valioso espaço que poderia ser 
utilizado por animais em condições mais críticas. 
4.3.1 Recepção 
 Na recepção encontram-se todos os formulários de recebimento e destinação de 
animais, o livro de registros, fichas clínicas, obituário, controle de inventário e demais 
A B 
18 
 
formulários. Há um grande espaço para o recebimento de animais, até que todos os 
documentos de entrega ou doação sejam conferidos e preenchidos. Apenas após a 
confirmação dos dados e da legalidade da ação, o animal poderá ser encaminhado 
para o ambulatório, onde será avaliado. 
4.3.2 Sala de Internamento 
Sala com duas pias, uma mesa central de aço inox®, gaiolas grandes para 
psitacídeos e pequenos mamíferos e prateleiras onde são acomodadas gaiolas com 
aves de menor porte, principalmente passeriformes e pequenos psitacídeos. A sala 
possui aquecedor, servindo de abrigo e dando suporte a animais enfermos ou que não 
se adaptariam adequadamente aos viveiros coletivos externos. 
4.3.3 Ambulatório 
É a sala de atendimento veterinário. Está equipada com aquecedor, mesa 
central de aço inox®, escrivaninha, armários para armazenamento de medicamentos e 
equipamentos de uso veterinário. No ambulatório são feitas as medicações da maior 
parte dos animais, pequenas cirurgias, avaliações e reavaliações dos animais 
recebidos. No ambulatório são mantidos os animais que encontram-se em estado mais 
crítico, pois ficam sob constante supervisão dos veterinários e estagiários. 
4.3.4 Sala dos Répteis 
Pequena sala onde são mantidos cágados, jabutis e serpentes. Os cágados e 
jabutis permanecem nesta sala por estarem em tratamento ou por serem muito 
pequenos, até serem transferidos para recintos externos. As serpentes são mantidas 
em caixas de madeira, com a frente de vidro, para melhor acompanhamento. A sala 
19 
 
está equipada com aquecedor, termômetro e higrômetro, para monitorar se 
temperatura e umidade estão sendo mantidas na faixa ideal de conforto dos animais. 
4.3.5 Sala de Lavagem de Utensílios/Comedouros 
Sala localizada ao lado da cozinha onde são preparados os alimentos para os 
animais. Nesta sala é feita a higienização dos bebedouros e comedouros dos animais 
mantidos na instituição. Esta higienização é feita apenas através da limpeza dos 
utensílios com água e sabão. 
4.3.6 Cozinha 
Composta por uma mesa, uma pia, duas geladeiras com congelador, um fogão e 
um liquidificador. Nela são preparados os alimentos de todos os animais, de acordo 
com recomendações da médica veterinária e biólogo responsáveis. 
4.3.7 Depósito de Alimentos 
Anexo à cozinha, nele são armazenados os grãos e rações secas que servem 
de alimento aos animais. Os alimentos são acomodados em prateleiras para minimizar 
a umidade e o acesso de animais indesejados. 
4.3.8 Depósito de Equipamentos 
Galpão de madeira localizado próximo à cozinha. Nele são armazenadas as 
gaiolas que não estão em uso, vassoura-de-fogo, material de limpeza, equipamentos 
de marcenaria e maquinário necessário para manutenção dos recintos, gramado e 
demais instalações. Há também uma geladeira para armazenamento de cadáveres, os 
quais são encaminhados uma vez por semana para que seja feita a necropsia no 
Campus PUCPR de São José dos Pinhais. 
 
20 
 
4.3.9 Biotério 
Localiza-se dentro do depósito de equipamentos. É uma área cercada por tela, 
com prateleiras onde são acondicionadas as caixas para criação dos ratos e 
camundongos. Os animais são separados em categorias, conforme sua função, em 
reprodutores, futuros reprodutores, animais para alimentação e animais de descarte. 
Constantemente novas caixas de reprodutores são formadas, para garantir a 
viabilidade do plantel, tendo em vista que o ciclo de vida e reprodutivo destes animais é 
muito curto. Os animais são alimentados com ração peletizada própria para ratos e 
camundongos. 
4.3.10 Recinto Carcarás 
Situa-se na área externa, próxima ao internamento. É um recinto com 
aproximadamente 2,5 x 2,5 x 3 m (largura, comprimento e altura). Nele são alojados 5 
carcarás (Polyborus plancus) que aguardam destinação. A alimentação destes animais 
consiste em carne enriquecida com cálcio ou presas inteiras (principalmente ratos). 
4.3.11 Recintos Extras 
Constituído por sete piquetes, que são grandes áreas cercadas, mas sem 
cobertura. Cada um contém uma casa de alvenaria que serve de abrigo para os 
animais. O recinto é gramado e com vegetação arbustiva de pequeno porte. Neles são 
abrigados grandes mamíferos, como veado, capivara, cachorro do mato entre outros. 
4.3.12 Recinto dos Jabutis 
É um recinto amplo, gramado, com espelho d`água, abrigo e vegetação 
arbustiva para que os animais possam se esconder/proteger. 
 
21 
 
4.3.13 Recinto dos Tigres-d’água 
Nele são mantidos os tigres-d`água (Trachemis sp.), que somavam um total 
aproximado de noventa indivíduos na época do estágio. É um recinto bem estruturado, 
com mureta de pedra, gramado, tanque para natação dos animais, solário e área 
sombreada. 
4.3.14 Recintos dos Rapinantes 
Constituem-se de cinco viveiros de dimensões variadas que tem em comum o 
mesmo corredor de segurança. Neles são alojados rapinantes que na medida do 
possível são separados por espécie ou por compatibilidade de comportamento e 
tamanho, para que os menores não sejam predados. 
4.3.15 Viveiros Externos e Quarentena 
Somam um total de quatorze viveiros, nos quais são abrigados animais em 
observação ou que aguardam destinação. Cada recinto possui área de manejo 
individual, planejada para evitar fugas para o corredor interno, o qual serve de local de 
abrigo para alguns animais mantidos em gaiolas. Os animais são divididos de acordo 
com espécie ou tamanho, na medida do possível. Como exemplo tem-se um recinto de 
pequenos passeriformes, outro de passeriformes maiores, de pequenos psitacídeos, de 
macacos-pregos, de gato-do-mato, etc. Um dos recintos servia como quarentena, a 
qual foi suprimida devido à grande lotação do CETAS e hoje abriga sete macacos-
pregos. 
 
 
 
22 
 
4.4 Inventário do CETAS – PUCPR 
 Por se tratar do único Centro de Triagem da Região, o CETAS-PUCPR recebe 
grande número de animais e por não conseguir destinar satisfatoriamente estes 
animais, seja por problemas burocráticos ou falta de interessados, conta com um sério 
problema de superlotação. O CETAS passa então a ser o lar definitivo de muitos 
indivíduos, que vivem em condições não ideais. O grande número de animais também 
acarreta mais custos para a instituição mantenedora, pois requer maior número de 
funcionários e há maior gasto em alimentos. 
 Na tabela 1 há uma lista de animais presentes no CETAS-PUCPR durante o 
período de estágio. Na época do estágio 360 animais (mamíferos, aves e répteis) eram 
mantidos na instituição, os quais chegavam por intermédiodo Batalhão da Polícia 
Ambiental, IBAMA, Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Autoridades Municipais ou até 
mesmo por doação de civis. 
 
Tabela 1 – Inventário do Centro de Triagem de Animais Silvestres em julho de 2009 
ANIMAL Nome científico Total 
Arara-canindé Ara ararauna 1 
Azulão Passerina brissonii 7 
Baitaca Pionus maximiliani 2 
Bem-te-vi Pitangus sulphuratus 2 
Bigodinho Sporophila lineola 2 
Cachorro-do-mato Cerdocyon thous 2 
Canário-da-terra Sicalis flaveola 52 
Canário-do-campo Sicalis columbiana 5 
Capivara Hydrochaeris hydrochaeris 1 
Carcará Polyborus plancus 5 
Cardeal Paroaria coronata 2 
Cascavel Crotalus durissus 2 
Catatau Haplospiza unicolor 1 
Cateto Tayassu tayacu 1 
23 
 
Tabela 1 (continuação) 
ANIMAL Nome científico Total 
Coleirinho Sporophila caerulescens 21 
Coruja-buraqueira Speotyto cunicularia 2 
Coruja-do-mato Otus sp. 4 
Coruja-listrada Strix hilophila 1 
Coruja-orelhuda Rhinoptynx clamator 3 
Coruja-sapo Megascops atilapella 1 
Cuiú-cuiú Pionopsita pileato 1 
Curió Oryzoborus angolensis 8 
Gato-do-mato-pequeno Leopardus tigrinus 3 
Gavião-carijó Rupornis magnirostris 5 
Gralha-picaça Cyanocorax chrysops 1 
Guasco Cacicus haemorrhous 2 
Inhapim-soldado Icterus cayanensis 2 
Jararaca Bothrops jararaca 18 
Lagarto Mabuya dorsivittata 1 
Macaco-prego Cebus apella 21 
Mão-pelada Procyon canaivorus 1 
Mocho Asio stygius 1 
Papagaio-do-mangue Amazona amazonica 2 
Papagaio-peito-roxo Amazona vinacea 1 
Papagaio-verdadeiro Amazona aestiva 10 
Pássaro-preto Gnorimopsar chopi 5 
Periquito-verde Brotogeris tirica 5 
Pichochó Sporophila frontalis 2 
Pintassilgo Carduelis magellanica 5 
Pomba-avoante Zenaida auriculata 4 
Quiri-quiri Falco spavienus 4 
Sabiá-laranjeira Turdus rufiventris 12 
Sabiá-poca Turdus amauroehalinus 2 
Sabiá--uma Platycichla flavipes 3 
Sagui-tufo-branco Callitrix jacchus 1 
Sagui-tufo-preto Callitrix penicillata 4 
Suindara Tyto alba 1 
Tigre-d'água-americano Trachemis scripta 87 
Tigre-d'água-brasileiro Trachemis dorbignyi 4 
Tiriva Pyrrura frontalis 5 
Trinca-ferro Saltator similis 18 
Tucano-de-bico-verde Ramphastos dicolorus 2 
Veado Mazama sp. 2 
Total 360 
 
 
24 
 
4.5 Atividades Desenvolvidas 
 As atividades do estágio no CETAS-PUCPR iniciavam-se diariamente às oito 
horas da manhã e encerravam-se às cinco horas da tarde, com uma hora de intervalo 
para o almoço, totalizando assim uma carga horária de oito horas diárias, de segunda à 
sexta-feira. 
 A primeira atividade a ser desenvolvida nas manhãs era a medicação dos 
animais internados. Dava-se prioridade aos animais medicados com antibióticos. 
Posteriormente eram feitos outros procedimentos como troca de curativos, alimentação 
forçada, pequenas intervenções cirúrgicas, etc. Na Tabela 2 há uma lista de todos os 
animais que já estavam em tratamento no mês de julho, com os respectivos quadros 
clínicos expostos de maneira simplificada. 
 Novos animais eram recebidos diariamente, dando-se preferência à recepção 
nos dias de semana, durante o horário de trabalho dos médicos veterinários (8:00 as 
17:00 horas). Se não fosse possível a entrega dos animais nesse horário, um tratador 
com residência vizinha ao CETAS se encarregava pelo recebimento, preenchimento da 
documentação necessária e primeiros cuidados aos animais. Às sextas-feiras o IBAMA 
realizava a entrega de animais que haviam sido resgatados/apreendidos durante a 
semana e estavam sendo mantidos na sede do IBAMA em Curitiba. Todos os animais 
eram avaliados e identificados individualmente. 
 As funções dos estagiários incluíam a alimentação de aves, mamíferos e répteis, 
medicação dos animais internados, contenção física de aves, répteis (os ofídios eram 
apenas manipulados pelos técnicos) e mamíferos silvestres, acompanhamento de 
intervenções cirúrgicas e exames complementares, exame clínico dos animais, limpeza 
25 
 
de gaiolas e recintos, auxílio na organização e preenchimento de fichas clínicas e 
registro e identificação dos animais. 
 Ao receber os animais de uma autoridade, o boletim de ocorrência era analisado 
para verificar se os dados condiziam com o animal entregue. Depois, um termo de 
recebimento era preenchido e uma cópia entregue à autoridade que realizou a entrega. 
Logo em seguida o animal era registrado no livro tombo e devidamente acondicionado 
nas dependências do CETAS. Em caso de doação por civis, um termo de doação era 
preenchido e o animal também registrado no livro tombo. 
 Os animais poderiam sair do CETAS em apenas três situações: óbito, soltura ou 
encaminhamento para instituição ou pessoa autorizada pelo IBAMA. A veterinária ou o 
biólogo responsável poderiam realizar esses tramites mediante a aprovação do IBAMA. 
Toda a destinação ou óbito de animais era imediatamente anotado no livro tombo, e os 
cadáveres encaminhados para necropsia no Campus PUCPR de São José dos 
Pinhais. 
 
4.6 Casuística 
 Durante a realização do estágio pude acompanhar 79 casos clínicos já em 
andamento (Tabela 2) e 77 novos casos (Gráficos 1, 2 e 3). 
Tabela 2 – Animais em tratamento em julho de 2009 no Centro de Triagem de Animais 
Silvestres da Pontifícia Universidade Católica do Paraná 
Animal Quadro Clínico Quantidade 
Azulão sarna + estertores 1 
Baitaca enoftalmia (indicação de enucleação) 1 
lesão em bico 1 
Cágado-feio lesões em carapaça 1 
26 
 
Tabela 2 (continuação) 
Animal Quadro Clínico Quantidade 
Canário-da-terra estertores 4 
estertores + pododermatite 1 
obesidade + sarna 1 
sarna + estertores 16 
sarna + estertores + fratura 2 
sarna + estertores + fratura + obesidade + pododermatite 1 
sarna + estertores + hipovitaminose A 2 
sarna + fratura 2 
Canário-do-campo sarna + estertores 3 
sarna + estertores + hipovitaminose A 1 
Chopim sarna + fratura + obesidade 1 
Coleirinho estertores 1 
obesidade + estertores 1 
Coruja-orelhuda escoriação em asa 1 
Corujinha-do-Mato fratura de úmero direito 1 
lesão em bico 1 
Curió estertores 2 
estertores + hipovitaminose A 1 
estertores + úlcera de córnea 1 
sarna + estertores 2 
sarna + estertores + pododermatite 1 
Jabuti Doença ósteo-metabólica 1 
Doença ósteo-metabólica + afagia 1 
Jacu sarna + pododermatite severa 1 
Macaco-prego lesão em cauda (indicação de caudectomia total) 1 
Papagaio-campeiro Pododermatite + Estertores Moderados + Candidíase 1 
Papagaio-do-peito-roxo estertores + hipovitaminose A + candidíase 1 
Papagaio-verdadeiro abscesso em olho direito (indicado enucleação) 1 
automutilação 1 
estertores + pododermatite 1 
Pavó fratura em asa direita + enfisema subcutâneo 1 
Periquito-verde escoriação em cabeça 1 
Pichochó estertores + obesidade 1 
Sagüi alopecia em cauda 2 
Suindara filhote (mantida internada até empenamento completo) 1 
fratura consolidada 1 
fraturas consolidadas e distrofia óssea 1 
Tigre-d'água doença ósteo-metabólica + hipovitaminose A 1 
lesões em carapaça e plastrão 5 
27 
 
Tabela 2 (continuação) 
Animal Quadro Clínico Quantidade 
Tigre-d'água filhote (tamanho insuficiente para ir ao recinto externo) 1 
hipovitaminose A 3 
Trinca-ferro inflamação em glândula uropigea 1 
Veado lesão contaminada em falange 1 
 
 
 Grande parte dos animais em tratamento originou-se de uma mesma apreensão 
realizada pelo IBAMA, na qual mais de duzentas aves chegaram ao CETAS-PUCPR no 
mesmo dia, e das quais metade apresentava-se enferma, principalmente com sinais de 
doença respiratória. Dos 79 animais em tratamento, 4 eram mamíferos, 13 répteis e 62 
aves. Doença ósteo-metabólica, hipovitaminose A e lesões em casco eram as 
principais enfermidades dos répteis, enquanto que em aves o parasitismo e problemas 
respiratórios predominaram(80% das aves afetadas). Já em mamíferos os casos eram 
bem distintos e se constituíram basicamente de alopecia em cauda, lesão em dígito e 
lesão em cauda. 
 Dentre os 77 novos casos recebidos no mês de Julho, a maioria foi representada 
por aves, seguida de mamíferos e répteis, como pode-se observar no gráfico 1. 
 Gráfico 1 – Novos casos recebidos divididos por classe animal no centro de 
Triagem de Animais Silvestres durante julho de 2009 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 No gráfico 2 verificam-se as condições dos animais no momento de sua 
recepção. Todos, independentemente se chegavam saudáveis, enfermos ou mortos, 
eram registrados no livro tombo. Os animais saudáveis recebiam antiparasitários e 
eram então encaminhados para recintos externos ou para a soltura. Os enfermos eram 
internados e acompanhados até a resolução do caso clínico e os animais que já 
chegavam mortos eram devidamente identificados, embalados e enviados para o 
Campus de São José dos Pinhais da PUC-PR para que a necropsia fosse feita e a 
causa da morte elucidada. 
 
Gráfico 2 – Condição dos animais no momento de sua recepção no Centro de Triagem 
de Animais Silvestres durante julho de 2009 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dos 77 animais recebidos no mês de Julho, 9 chegaram mortos, 33 enfermos e 
35 saudáveis, como exposto no gráfico 2. No momento da recepção a primeira medida 
29 
 
a ser tomada era fornecer água e alimento para os animais, pois estes muitas vezes 
encontravam-se em jejum prolongado devido a maus tratos ou longo período de 
transporte. 
 Dos 33 animais enfermos, predominaram quadros de doença respiratória e 
parasitária (aerossaculite e sarna), seguidos de traumas, como pode-se observar no 
gráfico 3. 
 
Gráfico 3 – Principais afecções dos animais recebidos no Centro de Triagem de 
Animais Silvestres durante julho de 2009 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A grande incidência de doenças respiratórias (aproximadamente 55%) pode 
estar associado à estação do ano (inverno), que somada à má nutrição e maus tratos 
predispõem ao aparecimento de infecções do trato respiratório. Algumas bactérias, 
como a Yersinia sp., são capazes de se multiplicar em baixas temperaturas, sendo 
assim mais incidentes no inverno (BROWN, 2000; AGUILAR, 2006; CUBAS, 2006). 
Pode ocorrer também aerossaculite por proximidade dos sacos aéreos com lesões em 
30 
 
órgãos vizinhos, e traqueíte secundária a infecções do trato respiratório inferior ou 
superior (MORRISEY, 1997). 
 Devido aos maus tratos domiciliares, durante a venda ou transporte inadequado, 
21% dos animais recebidos no CETAS durante o mês de Julho apresentavam-se com 
traumas, que variavam desde pequenas lacerações na pele, fratura de ossos ou até 
mesmo necrose e perda de membros. 
 Doenças nutricionais totalizaram importante porcentagem dentre as afecções 
apresentadas. Sua ocorrência pode ser justificada por desconhecimento dos 
proprietários que alimentaram os animais com dietas inapropriadas ou adquiriram 
rações com composição inadequada ou de baixa qualidade. 
 A comercialização de animais legalizados, com a devida orientação para instruir 
os compradores e o acompanhamento médico veterinário reduziria significativamente o 
número de enfermidades observadas. Este comportamento já é uma realidade nos 
Estados Unidos da América e alguns países europeus, onde o comércio de animais 
silvestres e exóticos é legalizado. 
 
 
 
 
 
 
31 
 
5 PARQUE DAS AVES 
5.1 Histórico do Parque 
 O Parque das Aves foi criado em 1994, em Foz do Iguaçu/PR, por Dennis e 
Anna Croukamp. Conta com uma área de 16 hectares, dos quais 8 são de construções 
e destinados à visitação do público e os outros 8 hectares são área de preservação 
ambiental. O parque não é apenas um zoológico de aves, é um centro destinado à 
educação e conservação ambiental e de realização de importantes projetos de 
preservação de espécies ameaçadas. Conta atualmente com 919 espécimes de 132 
espécies distintas. Atualmente é o maior parque de aves da América latina. Localiza-
se em Foz do Iguaçu, no estado do Paraná. 
5.2 Objetivos e Projetos Desenvolvidos 
 Os principais objetivos do parque são a exposição de animais e arrecadação de 
recursos para manutenção do parque, reprodução de aves em cativeiro, 
desenvolvimento de projetos referentes à reintrodução de animais à áreas protegidas, 
pesquisa em conservação ambiental e manutenção sustentável do parque e promoção 
de atividades educacionais a fim de despertar a consciência ecológica de adultos e 
crianças. 
 Além de importantes projetos de pesquisa, o parque das aves esmera-se em 
desenvolver projetos para a população de Foz do Iguaçu e cidades vizinhas. Desde 
2007 desenvolve-se o projeto “O Parque das Aves é de Foz”, no qual os moradores da 
cidade têm acesso gratuito ao parque em uma determinada data, beneficiando até 
entao 11830 pessoas. Também é notável o projeto “Criança Especial”, realizado na 
32 
 
Semana do Excepcional, que desde 2006 já atendeu mais de 1720 pessoas com 
necessidades especiais. Os profissionais da Educação Ambiental realizam visitas 
guiadas e atividades lúdicas referentes à preservação ambiental. 
5.3 Estrutura Física 
 São 16 hectares, sendo a metade de área construída. As principais estruturas 
serão mencionadas a seguir, dentre elas estão a oficina, hospital veterinário, cozinha e 
depósito de alimentos, recintos de imersão, recintos fechados, quarentena, educação 
ambiental, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 4 – Mapa esquemático das instalações do Parque das Aves. 
 Fonte: www.parquedasaves.com.br 
33 
 
5.3.1 Oficina 
 Todas as instalações do parque (casas, depósitos, recintos, sistema de filtração 
de água) são construídas por uma equipe própria de funcionários do parque. Na oficina 
há todos os instrumentos necessários para a manutenção e construção dessas 
estruturas. Os recintos estão em constante renovação, para um maior conforto dos 
animais. Os projetos de novos recintos são discutidos e acompanhados de perto por 
toda a equipe de profissionais responsáveis, incluindo os biólogos, o médico veterinário 
responsável e a proprietária do parque. 
 5.3.2 Área Interna 
 Na área interna localiza-se a cozinha e o refeitório, no qual os funcionários 
tomam café da manhã e almoço. Próximo ao refeitório há 16 recintos extras, que 
servem para manutenção de animais que não estão em exibição ou que estejam em 
tratamento, recuperação ou observação. Há também o recinto das cobras mansas, que 
abriga jibóias que podem ser manipuladas pelos visitantes. No isolamento são 
mantidas as araras e jandaias mansas que podem ser manipuladas pelos turistas e 
também animais que serão encaminhados para outras instituições. Há ainda o biotério, 
que abriga ratos, galinhas e coelhos, sendo apenas os ratos reproduzidos no parque, 
as galinhas e coelhos são comprados conforme necessidade e mantidos em recintos 
apropriados em uma divisão específica do biotério. 
 5.3.3 Hospital Veterinário 
 O hospital veterinário é uma construção recente, com espaços bem aproveitados 
e de alta funcionalidade. É constituído basicamente por uma sala de internamento com 
34 
 
gaiolas móveis de diversos tamanhos que podem ser retiradas conforme necessidade, 
dois banheiros, um ambulatório e escritório do médico veterinário, uma sala de 
autoclavagem e esterilização de materiais e um laboratório. A sala de incubação e sala 
de filhotes localizam-se no mesmo prédio, porém o acesso é restrito para evitar a 
veiculação de patógenos. 
5.3.4 Sala de NecropsiaComposta por uma bancada, torneira, exaustão de ar, armários para 
armazenamento de equipamentos e materiais para exames complementares, balança 
de precisão e geladeira. Nela eram realizadas necropsias e preparação de materiais 
(esqueletos, ovos, etc.) para o uso na educação ambiental. 
 5.3.5 Cozinha e Depósito de Alimentos 
 Há uma funcionária responsável pela cozinha, preparando a comida de todos os 
animais mantidos no parque, facilitando o trabalho dos tratadores que devem apenas 
retirar a quantidade necessária de alimento já preparado para os animais sob seus 
cuidados. Na cozinha são preparados também alimentos de maior complexidade, como 
uma ração especialmente formulada para tucanos, para lóris, entre outras. 
 Os alimentos frescos como frutas, verduras e ovos são armazenados em 
refrigeradores no interior da cozinha. As rações secas são armazenadas em um 
depósito especial, com controle de umidade para evitar o crescimento de fungos e o 
acesso de pragas. 
 
35 
 
5.3.6 Recintos de Imersão 
 Um grande diferencial do parque que encanta visitantes são os viveiros de 
imersão. São recintos muito grandes, com portas duplas e corredor de segurança, que 
permitem a entrada de pessoas sem risco de fuga de animais. Nesses recintos as 
pessoas ficam a poucos metros dos animais, podendo interagir com eles e observar 
seu comportamento mais próximo ao natural, por estarem em ambientes amplos que 
permitem com que desenvolvam seu repertório amplo de atividades. 
 No Parque das Aves os recintos de imersão são temáticos, retratando habitats e 
seus respectivos habitantes. Alguns exemplos são o “Floresta”(com tucanos, perdizes, 
jacupemba, jandaia-maracanã, etc.), o “Pantanal”(com tucanos, guará, tuiuiú, gralha-
do-pantanal, socó-dorminhoco, etc.), o “Borboletário” (com distintas espécies de 
borboletas e beija-flores) e o “Asiático” (abriga tucanos, araçaris, gralhas, pavões e em 
uma parte fechada corujas). 
 5.3.7 Recintos Fechados 
 Animais agressivos ou que apresentem algum risco ao visitante não podem ser 
mantidos em recintos de imersão, o mesmo ocorre com animais destinados à 
reprodução ou que não convivem pacificamente com outras espécies e devem ser 
mantidos isolados em ambiente tranqüilo e que proporcione o maior bem estar 
possível. Há recintos para avestruzes, casuares, flamingos, jacutingas, papagaios, 
araras, tucanos, urubus-rei e ararajubas, adequados à necessidade de cada espécie e 
todos podem ser observados pelos visitantes. 
 
36 
 
5.3.8 Quarentena 
 Quando novos animais ingressam no parque são mantidos em um prédio 
isolado, chamado de quarentena, por uma período aproximado de 30 dias. Durante 
esse período são feitos vários exames complementares para assegurar a saúde do 
animal e evitar o ingresso de patógenos ao plantel, é feita também a adaptação à dieta 
elaborada no parque, acompanhamento de peso e comportamento e marcação com 
microchip e/ou anilha (caso o animal não esteja identificado). 
5.3.9 Educação Ambiental 
 Ao lado da loja, pouco antes da saída do parque, encontra-se a área de 
educação ambiental. Trata-se de uma estrutura construída especialmente para que as 
biólogas responsáveis possam realizar trabalhos de educação e conscientização sobre 
fauna e flora silvestre para grupos escolares ou visitas guiadas. Conta com mesas, 
material de desenho e pintura, murais educativos, local para apresentação de teatro e 
outros materiais de apoio que enriquecem o aprendizado e aumentam o interesse das 
crianças pelas questões ambientais. 
5.4 Inventário 
Na época do estágio o Parque das Aves contava com um plantel vivo de 919 
espécimes e 132 espécies distintas de animais, entre aves, répteis e mamíferos, como 
pode-se observar no Anexo 2. 
 
 
37 
 
5.5 Atividades Desenvolvidas e Casuística 
 Como parte das atividades, o estagiário em medicina veterinária do Parque das 
Aves deve acompanhar cada tratador por um dia, totalizando quatro dias para 
acompanhar o tratamento e manejo de todos os animais mantidos no parque. No quinto 
dia acompanha-se a rotina da cozinha, com a preparação de alimentos específicos 
para cada uma das 132 espécies do acervo. A partir do sexto dia acompanhei a rotina 
do médico veterinário responsável. A distribuição das atividades desenvolvidas pode 
ser observada no gráfico 4. 
 Gráfico 4 – Atividades desenvolvidas no mês de agosto no Parque das Aves, 
divididas por área 
 
 
 
 
 
 
A rotina da veterinária constituía-se basicamente de cuidado dos internados, 
ronda diária, atendimento de novos casos, exames complementares (parasitologia, 
patologia clínica e bacteriologia), programa de reavaliação anual, desverminação e 
38 
 
microchipagem, elaboração de novas dietas e orientação de tratadores e demais 
funcionários relacionados ao manejo animal. 
 Os animais internados eram alimentados duas vezes ao dia. A comida era 
pesada antes e após a oferta para estimar o consumo alimentar diário. O peso do 
animal era aferido regularmente para melhor acompanhamento de sua evolução clínica 
e os dados tabulados no Excel, como pode-se observar no gráfico 5 
Gráfico 5 – Exemplo de gráfico de acompanhamento de consumo alimentar 
diário e massa corporal de um paciente internado no Parque das Aves 
 
 No mês de agosto pude acompanhar o internamento e tratamento de 14 
animais, citados na tabela 3. 
 
39 
 
Tabela 3 – Animais internados no mês de agosto no Parque das Aves 
 
 Durante o período de internamento buscava-se oferecer o maior conforto para o 
animal e reduzir ao máximo fatores estressantes, para maximizar a resposta ao 
tratamento. Um exemplo foi o internamento do Flamingo, um animal muito sensível e 
suscetível ao estresse, mas que graças à uma boa ambientação e manejo recuperou-
se e pôde retornar sem prejuízos ao grupo após o tratamento. 
 
 
Animal Nome Científico Quadro Clínico 
Ararajuba Guarouba guarouba Escoriações e retenção de ovo 
Flamingo-africano Phoenicopterus ruber Apatia e caquexia 
Gralha-picaça Cyanocorax crysops Edema de terceira pálpebra 
Gralha-picaça Cyanocorax crysops Hematomas e perfuração de olho esquerdo 
Jacutinga Aburria jacutinga Escoriações e ectoparasitas 
Jandaia-maracanã Aratinga leucophtalma Auto mutilação 
Jandaia-verdadeira Aratinga jandaya Escoriações e fratura de metacarpo 
Jandaia-verdadeira Aratinga jandaya Escoriações e hematomas 
Lóris-arco-íris Trichoglossus haematodus Dispnéia, apatia e afagia 
Papagaio-de-peito-roxo Amazona vinacea Pneumonia e paralisia de membros posteriores 
Tucano-de-bico-verde Ramphastos dicolorus Perda de peso e capilariose crônica 
Tucano-de-peito-branco Ramphastos tucanus Tumor em região uropigeana 
Tucano-toco Ramphastos toco Apatia 
Tucano-toco Ramphastos toco Hematomas generalizados 
40 
 
Figura 5 – Internamento de um Flamingo. Uso de espelhos para proporcionar maior 
conforto e segurança ao animal. Parque das Aves. Fonte: Mathias Dislich 
 
 
 
 
 
 
A ronda diária era realizada de preferência no período da manhã. Seus objetivos 
eram a avaliação dos animais e dos recintos, com a finalidade de fazer um diagnóstico 
precoce de qualquer alteração e/ou irregularidade. Todos os profissionais relacionados 
ao manejo animal realizavam uma ronda, e qualquer alteração era comunicada 
imediatamente ao veterinário, biólogas ou ao tratador responsável ou se não fosse 
urgente era discutida na reunião diária realizada antes do almoço. 
Exames complementares eram realizados freqüentemente, tanto em animais 
enfermos e em tratamento como em animais sadios em seus recintos, para diagnóstico 
precoce e profilaxia de enfermidades. Os principaisexames realizados no parque eram 
exames coproparasitológicos, esfregaços sanguíneos e hematócrito. Durante o estágio 
pude acompanhar a realização de 51 exames complementares, dos quais 30 foram 
exames de fezes, 19 esfregaços sanguíneos e duas citologias. 
41 
 
As necropsias eram realizadas pelo médico veterinário com o auxílio de sua 
assistente e do estagiário. Procurava-se realizar este procedimento imediatamente 
após o óbito do animal, mas quando não era possível acondicionava-se o cadáver em 
um saco plástico no refrigerador. Todos os órgãos eram separados e pesados 
individualmente. Fragmentos de tecidos eram sempre separados e enviados ao 
laboratório de Anatomia Patológica da Universidade de São Paulo (USP). 
Durante os meses de agosto e setembro é feito o recenseamento anual, com 
avaliação clínica e desverminação de todos os animais. Em 2009, além dessas ações, 
todos os animais que não portavam microchip seriam também microchipados. 
Acompanhei este procedimento em 283 animais, de diversas espécies, como 
flamingos, papagaios, jandaias, emas, marrecos, araras, grous, guteras, vulturinas, 
cisnes, tucanos, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
6 DISCUSSÃO 
 A realização de estágio curricular em duas instituições propicia a oportunidade 
de conhecer distintas realidades e modos de trabalhar. A rotina de um CETAS é o 
atendimento clínico e/ou cirúrgico imediato de animais que muitas vezes foram vítimas 
de maus tratos ou posse irresponsável. Por outro lado, o trabalho em um parque 
zoológico é muito mais voltado ao manejo e nutrição animal, com especial ênfase em 
medicina preventiva. Fato esse que é claramente observado na casuística das duas 
instituições. Durante o mesmo período (quatro semanas), acompanhei 156 casos 
clínicos no CETAS, a maioria devido à má alimentação ou maus tratos. Já no Parque 
das Aves acompanhei 14 casos, dentre os quais prevaleciam traumas por brigas 
devido à aproximação da estação reprodutiva. Esses dados reforçam a importância de 
um manejo adequado para a manutenção de animais saudáveis. 
O CETAS, apesar de mantido por uma instituição privada, enfrenta sérios 
problemas financeiros e de abastecimento. Muitos medicamentos fora do prazo de 
validade, carência de material básico como algodão e ausência de material essencial 
para o uso em emergências, como cilindro de oxigênio. No Parque das Aves a situação 
era distinta, e todo o material necessário era prontamente providenciado. Porém, 
ambas instituições tem suas vantagens para realização do estágio curricular. Estando 
no CETAS é possível acompanhar uma imensa variedade de casos e espécies, praticar 
distintos procedimentos e técnicas, pesquisar e aprender a cada dia sobre as novas 
espécies recebidas. No Parque das Aves pude perceber a importância do planejamento 
de ações, da elaboração de dietas adequadas, de programas de prevenção e controle 
de doenças para que o plantel mantenha-se em equilíbrio. 
43 
 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 Os estágios realizados foram de fundamental importância para minha formação 
como médico veterinário. Tive a oportunidade de conviver com profissionais muito 
qualificados e equipes com grandes habilidades sempre dispostas a ensinar-me e 
ajudar-me quando necessário. Através da vivência clínica diária pude unir 
conhecimentos aprendidos em diferentes disciplinas durante a graduação e colocá-los 
em prática. Tanto no CETAS como no Parque das Aves havia uma programação para 
os estagiários e foi gratificante sentir-me parte da equipe e capaz de auxiliar nas 
tarefas do dia-a-dia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
8 REVISÃO DE LITERATURA 
 
NUTRIÇÃO CLÍNICA DE AVES, UMA ABORDAGEM PRÁTICA 
(Avian clinical nutrition, a practical approach) 
 
RESUMO – A nutrição clínica é uma área de crescente interesse em medicina 
veterinária, mas ainda praticada empiricamente por muitos profissionais. Quando 
enfermas ou submetidas a estresse severo, as aves entram rapidamente em um estado 
catabólico associado a anorexia. O suporte nutricional é fundamental para a 
recuperação destes animais. Muitos avanços já foram alcançados no homem e em 
pequenos animais, porém ainda há muitas melhoras a serem realizadas no que se 
refere ao paciente aviário. A maioria dos clínicos extrapola o conhecimento adquirido 
em pequenos animais para aves, mas há particularidades que devem ser consideradas 
na abordagem desses pacientes. O suporte nutricional pode ser enteral, quando o 
alimento é absorvido pelo trato gastrintestinal ou parenteral, quando nutrientes são 
administrados por via intravenosa. Nesta revisão será abordada a nutrição enteral por 
ser a mais prática, barata e fácil de ser realizada em aves. Objetiva-se orientar clínicos 
e estudantes de medicina veterinária quanto à importância do suporte nutricional de 
pacientes em estado crítico, das técnicas de nutrição enteral e da escolha do paciente 
e das fórmulas disponíveis. 
Palavras-chave: – anorexia, catabolismo, desnutrição, enteral, suporte nutricional 
45 
 
 
ABSTRACT – Clinical nutrition is an area of increasing interest in veterinary medicine, 
but that is still empirically done by many professionals. When sick or under severe 
stress, birds become rapidly catabolic and anorexic. Nutritional support is essential for 
these animals recovery. Many advances have been achieved in human and small 
animals clinical nutrition, but there is a lot to be done when it comes to the avian patient. 
The majority of the clinicians adjust the knowledge acquired in small animal practice to 
birds, but there are particularities that must be considered when dealing with the avian 
patient. The nutritional support can be enteral or parenteral. In this review the enteral 
nutrition will be discussed because it is the most practical, the safest and the cheapest 
method to be used with the avian patient. The main purpose of this paper is to inform 
clinicians and veterinary students about the importance of nutritional support in critical 
patients, the main tube feeding techniques, the patient choice and available commercial 
formulas. 
Key words – anorexia, catabolism, desnutrition, enteral, nutritional support 
 
INTRODUÇÃO 
A maioria das aves em estado crítico são catabólicas. Hipovolemia e choque 
podem reduzir a taxa metabólica inicialmente, mas o catabolismo predomina após 
reestabelecimento do volume sanguíneo (HILL, 1994). O peso corporal pode subir 
inicialmente, pois a elevada secreção de aldosterona e ADH aumenta a retenção de 
46 
 
sódio e o acúmulo de fluido extracelular. Entretanto, a taxa metabólica, 
gluconeogênese, glicólise e lipólise aumentam concomitante à redução na ingestão de 
alimento, havendo uma rápida perda de proteínas musculares e gordura corporal 
(HAZELWOOD, 2000). 
A inapetência, hiporexia e anorexia são condições comuns em animais 
enfermos, principalmente naqueles em ambiente hospitalar, e, muitas vezes, acarretam 
severos quadros de desnutrição com conseqüente agravamento da enfermidade 
primária (MICHEL, 1998; VEADO, 2000 apud OLIVEIRA, 2008). O suporte nutricional é 
determinante para o sucesso na recuperação de uma ave anorética (QUESENBERRY, 
1994). 
O suporte alimentar em pacientes debilitados normalmente envolve a 
alimentação por sonda oro-esofágica ou infusão intravenosa de nutrientes. Neste 
trabalho será abordado o suporte nutricional enteral, por ser o mais seguro, mais barato 
e mais fácil de utilizar na nutrição clínica de aves. Nos mamíferos, a alimentação 
enteral tem sido demostrada tão eficiente ou até mesmo superior à alimentação 
parenteral (WEEREN e MUIR, 1992). 
A presenterevisão visa orientar o uso e a importância do suporte nutricional 
terapêutico em aves hospitalizadas, tanto para o clínico de animais silvestres quanto 
para o clínico de pequenos animais que eventualmente depara-se com aves na rotina 
clínica. 
 
47 
 
DESENVOLVIMENTO 
 Hipermetabolismo, também denominado má-nutrição protéico-calórica, tem sido 
estudado em mamíferos e presume-se que ocorra também em aves. Esta alteração 
metabólica está associada com a aumentada demanda por nutrientes que ocorre em 
casos de sepse, trauma, enfermidade severa, cirurgia, dor, hipotensão e/ou desbalanço 
ácido-base (LABATO, 1992). 
Patofisiologia da resposta orgânica à injúria 
Com o fim da injúria, a resposta sistêmica é passageira. Se ela persiste ou é 
acompanhada de uma má nutrição pode ocorrer imunossupressão, aumento na 
migração de bactérias do intestino, maior risco de sepse, atraso na cicatrização e 
prolongamento da permanência no hospital (WATERS et al., 1986). 
As alterações corporais secundárias ao trauma são caracterizadas por uma 
resposta hormonal bifásica. A primeira fase, aguda, é mediada pelo sistema nervoso 
simpático, com a liberação de catecolaminas e de ACTH que resultam em catabolismo 
protéico periférico e gluconeogênese. Glicocorticóides e outros peptídeos antagonizam 
a ação periférica da insulina, acarretando perda tecidual devido à proteólise com o 
objetivo de manutenção de níveis adequados de aminoácidos livres para a síntese de 
proteínas viscerais e fonte energética (BLACKBURN, 1977; O’DONNELL, 1976; 
WILMORE et al, 1974 apud BLACKBURN e GAZITUA). Esta fase tem uma duração 
variável conforme a espécie de ave, sendo que um jejum de três horas pode ter um 
efeito significativo em um passeiriforme de pequeno porte; entretanto, uma mudança 
48 
 
significativa não é observada em um pombo nas primeiras 24 horas e em um rapinante 
em até três dias de jejum (LABATO, 1992). A partir de então segue-se uma fase 
adaptativa hipermetabólica, na qual há um aumento na utilização de gordura como 
combustível energético, já que os estoques de glicogênio foram esgotados 
(BLACKBURN, 1977; O’DONNELL, 1976; WILMORE et al, 1974 apud BLACKBURN e 
GAZITUA). 
Ocasionalmente, a taxa metabólica diminui na medida em que o organismo tenta 
conservar as proteínas remanescentes para manutenção das funções vitais 
(CHANDLER et al., 1992). Nesta fase a perda de massa tecidual pode ser tão extensa, 
que pode haver diminuição da musculatura esquelética, lisa e cardíaca levando ao 
colapso e falência sistêmicos (BILBREY e BUFFINGTON, 1996). 
Quando começar o suporte nutricional 
OLIVEIRA et al.(2008), compilou informações descritas por LIPPERT e 
BUFFINGTON(1992), DONOGHUE (1994), ELLIOT E BIORGE (2007) e MITCHEL 
(2007) para a seleção do paciente que será submetido ao suporte nutricional, o qual 
dar-se-á com base no histórico, exame clínico e exames laboratoriais complementares. 
Histórico: Perda de peso aguda superior a 10%, ingestão alimentar diminuída há 
mais de cinco dias, ingestão alimentar menor que 85% da necessidade energética de 
manutenção, uso de medicamentos imunossupressores, antineoplásicos, antibióticos 
ou outros que possam levar à inapetência ou anorexia. 
49 
 
Exame clínico: Peso anormal ou escore corporal menor que dois (em escala de 
zero a cinco), presença de caquexia ou emaciação, subdesenvolvimento ou 
crescimento retardado, cicatrização retardada de feridas, atrofias musculares, flacidez 
muscular, fraqueza generalizada, apatia e prostração. 
Exames laboratoriais: Anemia, leucopenia, linfopenia e diminuição das proteínas 
totais são confirmatórios do quadro de subnutrição ou desnutrição, mas não são 
achados específicos. A correlação com os resultados do exame clínico e histórico são 
essenciais para um correto diagnóstico. 
Produtos de uso enteral 
 Dietas especiais foram criadas para pacientes que não podem, não queiram ou 
não devam comer alimentos regulares. Objetivam prover nutrientes para pacientes que 
tenham o trato gastrintestinal funcionante. Há diferentes classificações de produtos 
para uso na terapia de suporte nutricional enteral. Na Fórmula enteral padrão (DFD), 
entre oito e 16% das calorias são de fonte protéica. Aproximadamente 90% do total de 
carboidratos é glicose, não contendo lactose. Requer mínima digestão. Os Substitutos 
de refeição contêm níveis variáveis de lactose, a qual não é digerida por aves, e entre 
12 e 16% das calorias são providas por proteínas. Requerem adequada capacidade 
digestiva, pois as fontes de nutrientes são mais complexas que as encontradas na 
DFD. Suplementos são ricos em proteínas, sendo que 23% do total de calorias são de 
fonte protéica. São indicados para pacientes que seguem alimentando-se, com 
consumo energético em torno de 75% da necessidade diária, mas consumo insuficiente 
de proteínas. Já os Módulos nutricionais são fontes concentradas de apenas um 
50 
 
nutriente; seja ela proteína, carboidrato ou gordura. É utilizado como fator corretivo 
tanto para a alimentação normal do animal como para dietas terapêuticas enterais 
(BLACKBURN e GAZITUA). 
 
Tabela 4 – Características de diferentes fórmulas enterais de uso médico adaptadas 
para o uso veterinário 
Produto Densidade energética 
em Kcal/ml 
Osmolaridade 
em mOsm/Kg 
água 
Distribuição Calórica em % 
Proteína Lipídeo Carboidrato 
Danoninho® 1,1 - 26 12 61 
Ensure Pó® 1,0 395 14,8 29,2 56 
Nuteral 
Total 
Nutrition® 
1,1 323 21 28 51 
Osmolite 
Plus HN® 
1,2 295 18,5 29 52,5 
Oxepa® 1,5 385 16,7 28,1 55,2 
Perative® 1,3 304 20,5 25 54,5 
ProDiet 
Trophic 
Basic® 
1,0 – 1,5 366 15 30 55 
ProDiet 
Trophic 
Bio® 
1,0 498 15 30 55 
Profort® 1,0 286 25 23 52 
ProSure® 1,2 474 21 18 61 
 
 
51 
 
Nutrientes, cuidados especiais para aves 
 A habilidade das aves em absorver glicose geralmente condiz com a quantidade 
deste carboidrato contida na dieta natural. Porém, quando uma ave é alimentada por 
sonda oro-esofágica, a osmolaridade da dieta deve ser levada em conta. Dietas 
contendo glicose são hipertônicas e podem levar a um atraso no esvaziamento 
gástrico, podendo resultar em náusea e vômito. Soluções extremamente hipertônicas 
causarão diarréia severa e desitratação devido ao desvio de fluido para o lúme 
intestinal (DIAMOND e KARASOV, 1987; KARASOV, 1990). 
 Presume-se que os enterócitos de todas as aves sejam deficientes em lactase. 
Quando são alimentadas com grandes quantidades de leite ou outros alimentos que 
contenham lactose, intolerância ocorre. Carboidratos, quando não são absorvidos no 
lúme intestinal, acarretam diarréia osmótica, desequilíbrio na microbiota bacteriana e 
produção de gases como o dióxido de carbono, metano e hidrogênio, que levam à 
flatulência e distenção celomática. Muitas espécies de aves, como alguns integrantes 
das famílias Sturnidae, Turdidae e Mimidae não possuem a enzima sacarase. Essas 
espécies evitam naturalmente o consumo de sacarose, mas quando alimentadas com 
este dissacarídeo apresentam sinais de intolerância, incluindo diarréia osmótica 
(KLASING, 1998; MALCARNEY, 1994; MARTINEZ DEL RIO, 1990 apud POLLOCK, 
2002). 
 Ulrey et al. (1991) recomenda dietas com 24% de proteínas para todos os 
estágios de vida de psitacídeos. O nutricionista ou clínico deve preocupar-se não 
somente com a quantidade de proteínas, mas também com a qualidade, digestibilidade 
52 
 
e composição. Em geral, aves são incapazes de sintetizar os aminoáciodos essenciais 
arginina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, valina, triptofano e treonina. 
Glicina, histidina e prolina são frequentemente considerados essenciais,pois estudos 
em frangos demonstraram que a taxa de síntese destes aminoácidos não atende à 
demanda metabólica (AUSTIC, 1976 apud KOUTSOS et al., 2001). 
 A glutamina é importante substrato para as células com alta taxa de divisão, 
como os enterócitos, linfócitos e macrófagos. Também é importante para várias outras 
funções, como o equilíbrio ácido-base, precursor de purinas e pirimidinas, carreador de 
nitrogênio entre os tecidos e regulador da síntese de proteínas hepáticas. Embora no 
animal sudável não seja essencial, a sua síntese pode ser insuficiente para a 
recuperação de um paciente em estado crítico, devendo ser suplementada (ELLIOT e 
BIOURGE, 2006) 
 Ácidos graxos de cadeia longa, ômega 3, são antiinflamatórios. Sua 
suplementação pode reduzir a produção de citocinas, diminuindo a resposta 
inflamatória sistêmica. Fibras fermentáveis ou prebióticos podem ter efeito benéfico por 
estimular o crescimento de Lactobacilus sp. e Bifidobacter sp., diminuindo o 
crescimento de microorganismos patógenos como Clostridium sp. e Escherichia coli. 
Além disso são substratos para a produção de butirato, acetato e propionato, que 
melhoram a absorção de água e sódio, aumentam o fluxo sanguíneo na mucosa 
entérica e a liberação de hormônios gastrointestinais. Deficiência de zinco está 
associada ao aumento no catabolismo protéico, retardo na cicatrização de feridas e 
53 
 
imunossupressão, sendo sugerida a suplementação de zinco para a recuperação de 
animais enfermos (ELLIOT e BIOURGE, 2006). 
Passos básicos 
 A entubação deve ser evitada em pacientes desidratados e em aves que 
possuam desordens gastrointestinais, tais como vômito, paralisia ou queimadura no 
englúvio, dilatação do proventrículo, impactação do ventrículo e hipomotilidade 
intestinal (HARRISON, 1986; QUESENBERRY e HILLYER, 1994). 
 Uma sonda estéril deve ser usada para cada ave para prevenir a transmissão de 
doenças. Medicações parenterais devem ser administradas antes da alimentação com 
sonda, para evitar que ocorra regurgitação. Medicações orais podem ser feitas 
juntamente com o alimento preparado para nutrição enteral (BAILEY, 2000). 
 O suporte nutricional deve começar aos poucos, com pequenos volumes e 
concentrações. Se tolerada após 24 horas, ou seja, se não for observada diarréia, 
regurgitação ou acúmulo de gases, deve-se aumentar o volume a ser administrado. A 
concentração só deverá ser corrigida quando o volume apropriado já estiver sendo 
administrado (BLACKBURN e GAZITUA). 
 Para entubar uma ave de grande porte pode ser necessário o uso de um 
espéculo, o qual deve ser manipulado cuidadosamente para evitar dano aos tecidos 
moles das comissura oral. Em aves de médio e pequeno porte não é necessário o uso 
deste instrumento. O tubo de alimentação enteral deve ser introduzido pela comissura 
oral esquerda, passar pelo esôfago ao lado direito do pescoço e pode ser facilmente 
54 
 
visualizado e palpado até a altura do englúvio. Durante todo o procedimento o pescoço 
da ave deve ser mantido em extensão. O volume total a ser administrado depende do 
tamanho do paciente (Tabela 5). Após a administração do alimento, a sonda deve ser 
removida cuidadosamente para evitar refluxo e o animal mantido com o pescoço 
estendido até que seja solto em sua gaiola. Se ocorrer refluxo durante o procedimento 
o animal deve ser solto imediatamente, para que possa limpar a cavidade por conta 
própria. Tentativas de limpar a cavidade com zaragatoas ou virá-lo de cabeça para 
baixo só aumentam a possibilidade de aspiração. Caso o englúvio ou esôfago estejam 
danificados ou o animal apresente severo trauma oral, a nutrição enteral poderá ser 
provida através de um tubo de faringostomia ou de um cateter duodenal. O primeiro se 
faz através de uma pequena incisão na base da mandíbula, colocação de um tubo 
flexível que passe pelo esôfago e entre no proventrículo pela abertura localizada na 
base direita do englúvio. O tubo é mantido suturado à pele. O cateter duodenal, por sua 
vez, é indicado apenas para aves de maior porte e é posicionado cirurgicamente na 
porção proximal do duodeno. Este tipo de técnicas foi utilizado por seis dias 
consecutivos em aves, sem complicações decorrentes (QUESENBERRY e HILLYER, 
1994). 
 
 
 
55 
 
Tabela 6 – Volumes e frequências de alimentação por sonda oro-esofágica sugeridos 
para alimentação enteral de aves anoréticas, adaptado de QUESENBERRY e 
HILLYER, 1994. 
Espécie Volume Frequência 
Curió 0,1 – 0,3 ml Seis vezes/dia 
Periquito australiano 0,5 – 1,0 ml QID* 
Calopsita 1,0 – 2,5 ml QID 
Jandaia 2,5 – 5,0 ml QID 
Papagaio 5,0 – 8,0 ml TID** 
Cacatua 8,0 – 12 ml BID*** 
Arara 10,0 – 20,0 ml BID 
 *Quatro vezes ao dia, ** Três vezes ao dia, *** Duas vezes ao dia. 
O tamanho, peso, status reprodutivo e estação do ano afetam a necessidade calórica 
diária das aves. O primeiro passo ao formular um esquema de nutrição enteral é 
calcular o requerimento calórico diário do paciente. A taxa metabólica basal (TMB) é a 
quantidade mínima de energia necessária para manutenção diária e pode ser calculada 
através da seguinte fórmula, descrita por SEDGWICK, PAKRAS e KAUFMAN, 1990. 
TMB = K (PesoKg 0,75), onde: 
K = 129 em passeriformes, 
K = 78 em não passeriformes. 
56 
 
 O requerimento energético de manutenção (REM) é a TMB acrescida da energia 
necessária para atividade física, digestão e absorção. Para animais adultos 
hospitalizados geralmente é 25% superior à TMB (LABATO 1992). Em passeriformes, a 
REM varia de 1,3 a 7,2 vezes mais que a TMB, de acordo com a energia necessária 
para atividade e termorregulação durante as diferentes épocas do ano (WHITTON, 
1986 apud QUESENBERRY e HILLYER 1994). Deste modo: 
REM = 1,25TMB 
 Submetidos a enfermidades, os animais estão em estado hipermetabólico, 
necessitando um aporte energético maior que o de manutenção. O aumento na 
demanda varia conforme a natureza da injúria, podendo variar de uma a três vezes a 
mais que o REM. Sendo assim, calcula-se o requerimento final de energia (RFE): 
RFE = REM x FATOR DE AJUSTE 
 Os fatores de ajuste podem ser observados na Tabela 6. 
Tabela 6 – Fatores de ajuste para o cálculo do requerimento final de energia, adaptado 
de QUESENBERRY e HILLYER, 1994. 
Condição Fator de Ajuste 
Caquexia 0,5 – 0,7 
Cirurgia eletiva 1,0 – 1,2 
Trauma leve 1,0 – 1,2 
Trauma severo 1,1 – 2,0 
Crescimento 1,5 – 3,0 
Sepse 1,2 – 1,5 
Queimaduras 1,2 – 2,0 
Traumas cranianos 1,0 – 2,0 
57 
 
 O médico veterinário deve ter em mente que o cálculo de necessidade 
energética é importante para estimar um valor inicial a ser administrado para um 
determinado paciente, mas os ajustes deverão ser realizados com base nas 
observações clínicas e resposta do paciente. São muitas as espécies de aves e cada 
indivíduo responderá de uma forma diferente ao tratamento e ao suporte nutricional. 
 A densidade calórica das fórmulas comerciais varia de 0,8 a 2,0 Kcal/ml. Com 
uma fórmula mais densa, o volume a ser administrado será menor. Porém, uma boa 
hidratação é fundamental para pacientes que recebam fórmulas muito densas, devido 
ao desvio de fluido ao lúme intestinal. 
 Muitos clínicos preferem preparar fórmulas caseiras ao adquirir produtos 
específicos. Alimentos peletizados, frutas e cereais são comumente utilizados. Estas 
fórmulas podem ser uma boa opção para a nutrição enteral, porém enfrentam o 
problema de não serem padronizadas, sendo muitas vezes ricas em água e deficientes 
em energia. Acompanhar o peso diariamente e a resposta clínica do animal são as 
melhores medidas para avaliar a qualidade do tratamento ofertado. 
 É importante sempre estimular oconsumo voluntário do paciente em 
recuperação, oferecendo alimentos atrativos como frutas, verduras, pequenos insetos 
ou outros alimentos que a ave costume aceitar naturalmente com maior facilidade. O 
retorno a alimentação oral voluntária deve ser gradual, até que o paciente esteja 
ingerindo a quantidade total necessária de nutrientes espontâneamente. 
58 
 
 Algumas complicações podem ocorrer devido à terapia nutricional, sendo a 
diarréia muito freqüente. Devido à hiperosmolaridade da maioria das fórmulas, a 
administração inicial de pequenas quantidades e na forma diluída deve ser enfatizada. 
Pacientes que foram submetidos a cirurgias no trato gastrintestinal podem não suportar 
a carga da diarréia osmótica e se beneficiariam de fórmulas que contenham lipídeos 
como principal fonte energética, por ter menor osmolaridade. Pacientes com pouca 
capacidade digestiva devem receber nutrientes na sua forma mais simples, 
parcialmente diregidas, com pouca ou nenhuma fonte de lipídeo para prevenir 
esteatorréria e diarréia (BLACKBURN e GAZITUA). Problemas mecânicos, como 
obstrução luminar, dano às mucosas do esôfago e englúvio são possíveis de 
ocorrerem, mas facilmente evitados com a aplicação correta da técnica de entubação. 
Aspiração também pode ocorrer, levando a quadros de pneumonia e/ou aerossaculite 
que deverão ser devidamente tratados. Por fim, complicações sépticas podem ocorrer 
em casos nos quais procedimento cirúrgico de colocação de sonda é necessário, e 
normalmente são resolvidos quando a sonda é removida (QUESENBERRY e 
HILLYER, 1994). 
 
CONCLUSÃO 
 O suporte nutritional deve ser utilizado como um importante aliado no tratamento 
de pacientes em estado crítico. Quando corretamente utilizado otimiza a resposta ao 
tratamento e diminui o tempo para a recuperação do paciente, minimizando 
consequentemente o tempo de permanência hospitalar. O clínico deve saber quando e 
59 
 
como utilizar a terapia de nutrição enteral, sabendo que não é uma medida emergencial 
e que deve ser estabelecida com rigoroso critério para evitar os efeitos colaterais, que 
podem ser fatais em pacientes muito debilitados. Muitas formulações comerciais 
destinadas ao paciente humano podem ser utilizadas, tendo em vista sua adequada 
composição e equlíbrio de nutrientes, que condizem com as necessidades de pacientes 
aviários. É costumeiro o uso de queijo tipo “petit suisse” na nutrição enteral de aves, 
pois apesar de ser um derivado do leite contém grande quantidade de caseína e 
lactose desdobradas, sendo digeríveis para as aves. Deve-se, entretanto, estar ciente 
para os sinais adversos que podem advir devido presença de creme de leite nas 
fórmulas comerciais, que podem levar à distúrbios gastrointestinais. Formulações 
caseiras são corriqueiramente utilizadas, porém o clínico deve estar conciente dos 
níveis nutricionais do produto, devendo a evolução do paciente ser metodicamente 
avaliada. Mesmo com a realização da nutrição enteral, outras medidas de suporte não 
devem ser abandonadas, tendo em vista que é o conjunto de terapias que será 
responsável pela recuperação plena do paciente. 
 
 
 
 
 
 
60 
 
REFERÊNCIAS 
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silvestre (15/11/2009) 
 
 
 
64 
 
ANEXO 1: TABELA DE NOMES POPULARES E CIENTÍFICOS DOS ANIMAIS 
CITADOS NO RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR 
Nome Popular Nome Científico 
Anacã Deroptyus accipitrinus 
Araçari-banana Pteroglossus bailloni 
Araçari-castanho Pteroglossus castanotis 
Araçari-de-bico-branco Pteroglossus aracari 
Araçari-de-pescoço-vermelho Pteroglossus bitorquatus 
Araçari-poca Selenidera maculirostris 
Aracuã Ortalis guttata 
Arapapá Cochlearius cochlearius 
Araponga Procnias nudicollis 
Arara-azul-grande Anodorhynchus hyacinthinus 
Arara-canindé Ara ararauna 
Arara-macao Ara mação

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