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Evelyn Nagaoka MIGLIOLI, Jorge. Acumulação de capital e demanda efetiva: Capítulo 1:A Lei de Say e suas implicações.Campinas: 1979. Introdução Objetivos Demonstrar por que a Lei de Say causou discórdia entre os teóricos e explicar sua origem. Objeto de Estudo As implicações e interpretações da Lei de Say de acordo com os teóricos que o sucederam. Metodologia Análises críticas aos autores que trataram da Lei de Say e à própria Lei de Say. Principais Assuntos / Idéias Pág.1 Ricardo aceitou a Lei de Say, que diz que a produção gera sua própria demanda, o que fez com que a Lei fosse tomada como verdadeira por ele e pelos seguidores da Economia Política Clássica e Neoclássica (com Mill) Pág. 3 Para entender por que a Lei de Say permaneceu como verdadeira por mais de um século, recorre-se à Sociologia da ciência. Kalecki explica a duração da Lei de Say com duas razões: a primeira ressalta que tal lei representa o interesse capitalista e a segunda explica que a lei é “aparentemente confirmada cotidianamente pelas experiências dos indivíduos no trato de suas economias pessoais”. Pág. 5 A Lei de Say foi derrubada imediatamente após a crise de 1929-32. Pág. 6 Keynes atacou a Lei de Say e fez com que ela tivesse maior destaque, tendo se tornado a separação entre a Economia Clássica e a Economia Keynesiana. Pág. 8 A Lei de Say poderia ser aplicada numa economia simples onde cada família troca apenas o excedente. Entretanto, Say, Ricardo e Mill aplicaram a Lei para uma economia capitalista. Para explicar o funcionamento nesse tipo de economia, Miglioli ressalta que o preço de um produto é dividido em: custos dos meios de produção, salários e lucros; e que cada produto corresponde a um determinado valor. Pág. 9 “[...] a produção em seu conjunto gera uma capacidade de compra exatamente suficiente para absorver a própria produção. Os capitalistas compram e vendem entre si os diferentes tipos de produtos [...] e pagam aos trabalhadores os salários que serão usados para a compra de bens de consumo” Pág. 10 Pág. 11 O dinheiro é apenas meio de troca e, assim, o lado monetário do fluxo acima pode ser visto apenas como reflexo das trocas reais. Pág. 12- 13 Para Miglioli, Ricardo divergia de Say no sentido de que via o consumo como o objetivo final da produção, como se tratasse de uma sociedade simples, e não capitalista. Existe uma divergência entre os dois. Para Ricardo, se o produtor vende uma mercadoria é porque quer comprar outra. Para Say, se o produtor vende sua mercadoria e em seguida compra outra, é porque tanto o valor da mercadoria quanto o do dinheiro por ela obtido são perecíveis. Pág. 13 Ricardo e Say concordam em três pontos fundamentais: 1. Os dois parecem se referir a uma sociedade simples 2. O dinheiro é apenas um meio de troca 3. A produção gera sua própria demanda Pág. 13- 14 Segundo Marx, o dinheiro traz consigo a possibilidade de crise. Se um capitalista entesoura, isso cria um retardo ou até uma interrupção no processo de circulação. Para Say e Ricardo, no entanto, o dinheiro é gasto imediatamente. A explicação de Say é que o dinheiro é perecível, enquanto a de Ricardo atesta que não há motivo para manter dinheiro nas mãos por mais tempo do que o necessário para adquirir bens de consumo ou de produção. Pág. 14- 15 “[...] os produtos criados na economia como um todo são de diferentes tipos, isto é, servem a diferentes fins. Para que não houvesse excesso de produção, a quantidade produzida de cada tipo de bem deveria ser de tal modo a atender exatamente à quantidade demandada de cada bem.” Se não fosse assim, haveria uma deficiência de demanda. Pág. 15- 16 Ricardo explica a afirmação acima dizendo, na interpretação de Miglioli, que a demanda é ilimitada. “[...] embora possa haver um excesso de produção, isto acontece apenas para certos tipos de mercadorias e em caráter temporário.” Pág. 17 Ricardo diz que, se uma pessoa não usa todo o seu dinheiro, ela o empresta e a outra pessoa usará o dinheiro para comprar outras mercadorias, resolvendo a questão de que todo poder de compra deve ser efetivamente aplicado. Pág. 20 “[...] os obstáculos à expansão da demanda são os próprios obstáculos ao crescimento da produção.[...]temos que a economia tende naturalmente a operar com pleno emprego de recursos.” Pág. 22 Para muitos economistas, “não existe um „salário natural‟ em torno do qual oscilam os salários efetivamente pagos nos diferentes momentos, mas sim diferentes níveis de salários em função da oferta e demanda de trabalho”. Eles também introduziram a concepção de substituição de fatores de produção, em que “qualquer bem ou serviço pode ser produzido com as mais diversas combinações de „fatores‟”. Pág. 23 O preço de trabalho passou a ser explicado pelo princípio marginalista, com a desutilidade marginal do trabalho. Pág. 24 “[...] o único elemento necessário ao mecanismo de obtenção ou preservação do pleno emprego é a perfeita flexibilidade da taxa de salário.” A sentença é compatível com a Lei de Say, pois não há problema de insuficiência de demanda, visto que excesso de força de trabalho pressiona o salário para baixo e vice-versa. Além disso, o mecanismo também implica a preservação do poder de compra criado pela produção. Pág. 25 Os neoclássicos tratavam o desemprego e a capacidade ociosa dos equipamentos como anormalidades do funcionamento da economia, causadas pela intervenção do livre funcionamento do mercado por parte de sindicatos e Estado. Pág. 27 Na obra de Ricardo, o preço das mercadorias é fixo. Assim, o salário e o lucro variam de forma inversamente proporcional entre si, visto que ambos compõem o preço. Pág. 28 Ricardo considera os preços como dados porque raciocina em termos de concorrência perfeita. Pág. 31 “[...] nem os economistas clássicos nem os neoclássicos visualizavam a possibilidade de uma redistribuição de renda afetar o volume do poder de compra gerado pela produção, ou, para usar a terminologia mais conhecida, afetar o nível de demanda efetiva.” Pág. 31- 32 De acordo com a Lei de Say, visto que não há possibilidade de superprodução ou subdemanda, não há a possibilidade também de crises econômicas. Porém, como as crises de fato existe, Mill e Marshall tentaram explicá-las. “Para Mill, isso decorre das atividades especulativas dos comerciantes.[...] Segundo Mill, o sistema de crédito tem uma parcela de responsabilidade pela crise: as taxas de juros são muito baixas, [...] facilitando aos comerciantes a tomada de empréstimos para seus fins especulativos[...]” Pág. 32- 33 Marshall concorda com Mill na questão de especulação e crédito, mas “[...] introduz também alguns elementos novos. [...] Marshall vê a possibilidade de rompimento daquela igualdade (entre produção e demanda), que pode ser provocada pela falta de confiança nos negócios.” Com essa afirmação, Marshall rompe com a Lei de Say e se aproxima da concepção de Keynes: “uma queda no nível de investimento [...] gera adicionais decréscimos do investimento através da redução da demanda.” Pág. 35 Para não abandonar a Lei de Say, algumas respostas tiveram que ser dadas: a primeira delas foi a imposta por Mashall e Mill de que a Lei pode ser infringida durante as crises; a segunda mantém a Lei de Say e explica as crises por meio de uma queda de produção causada por fatores exógenos. Pág. 36 De acordo com a concepção da Lei de Say, os gastos governamentais “são apenas transferências de despesas do setor privado para o setor estatal”, que os indivíduos pagam através dos tributos ou empréstimos públicos. Pág. 40 Segundo Ricardo, impostos sobre o salário aumentam o preço dotrabalho e no final das contas será pago pelos capitalistas. Pág.42 As finanças públicas deveriam ser orientadas por alguns princípios básicos, entre os quais: os gastos do governo devem limitar-se ao necessário, a tributação deveria ser feita da forma mais justa para que não reduzisse ou interrompesse a expansão econômica, e não se via a tributação como forma possível de aumentar, em vez de diminuir, a produção. Pág. 43- 44 Para Ricardo, somente os capitalistas (manufacturers, farmers e landlords) acumulam e, assim, toda a acumulação depende do lucro. Como a tendência dos lucros é de cair em decorrência do aumento dos salários, temos que o capitalismo tende a atingir um estado estacionário onde a acumulação de capital deixaria de existir. Pág. 44- 45 No contexto histórico dos teóricos clássicos, era verdade que os investimentos eram iguais à poupança, justificando suas teorias. Porém, na época dos neoclássicos isso já não era verdade. Assim, aceitaram a separação entre investimento e poupança e explicaram que a igualdade se dá através da taxa de juros.
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