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26/01/16 1 CONTRATOS EM ESPÉCIE OBJETIVOS DA DISCIPLINA: Propiciar ao futuro bacharel em direito o conhecimento das relações contratuais e seus efeitos, desde a formação dos vínculos aos contratos tratados na lei civil, de maneira que o aluno seja plenamente capacitado à compreensão e uClização destes insCtutos do Direito Civil em sua vida profissional. DESCRIÇÃO DA EMENTA: 1-Do Emprés>mo 1.1. Comodato. Natureza Jurídica. Caracterís>cas e Requisitos 1. 2-Do Emprés>mo: Mútuo. Natureza Jurídica caracterís>cas e requisitos. 2 - Do Depósito. Conceito. Natureza jurídica. Caracterís>cas. Espécies. Prisão Civil. 3 - Do Mandato. Conceito. Natureza jurídica. Espécies. Obrigações das partes. Ex>nção. 4 - Do Transporte. Conceito. Natureza jurídica. Espécies. Obrigações das partes. 5 - Do Seguro. Conceito. Natureza jurídica. Espécies. Obrigações das partes. 6 - Da Cons>tuição de Renda. Conceito. Natureza jurídica. Sujeitos. Obrigações das partes. Ex>nção. 7 - Do Jogo e da Aposta. Noções gerais. Espécies. Prêmio. 8 - Da Fiança. Conceito. Natureza jurídica. Caracterís>cas. Efeitos da fiança. Ex>nção da fiança. 9 – Declarações Unilaterais de vontade 9.1. Da Promessa de Recompensa. Conceito. Obrigações das partes. Ex>nção. 9.2 - Da Gestão de Negócios. Conceito. Obrigações das partes. Ex>nção. 10 - Do Pagamento Indevido. 11 - Do Enriquecimento Sem Causa. 12- Títulos de Crédito. Conceito. Obrigação das partes. Natureza jurídica. Ex>nção. 26/01/16 2 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 1. Prova escrita (duas – parte objeCva, parte aberta, a critério do professor); Valor: 0 a 10 (dez) pontos. 2. Realização de trabalhos individuais ou em grupo; Valor: 0 a 10 (dez) pontos 3. Apresentação de “cases”; Valor: 0 a 1,0 (um) ponto (desconto em questões da prova) Fórmula da média: M= P+T1+T2/3, sendo P=prova; T1=trabalhos individuais; T2= trabalhos em grupo. • DATAS PROVÁVEIS DAS PROVAS: • AV-1: 27/01/2016 • AV-2: 10/03/2016 • AV. SUBSTITUTIVA: 17/03/2016 • AV-SUPLEMENTAR: 24/03/2016 4 – Contrato de Transporte - Transporte é práCca muito anCga – o contrato se confundia com locação de serviços ou empreitada – transportador era quem se encarregava de realizar obra para outrem. - Crescimento do comércio e modernização dos meios de transporte levaram à especialização da aCvidade – exigência de normas próprias. - O Código Comercial de 1850 – primeiro a regular o transporte de pessoas, embora tratasse mais do transporte de coisas e do transporte maríCmo, atendendo às necessidades da época. Referia-se a condutores de gêneros e aos comissários de transportes (arts. 99 a 118). 26/01/16 3 - Depois disso, apareceram algumas normas de transporte ferroviário, com referências ao transporte terrestre. - Faltava legislação mais apropriada – dificultava a aplicação do direito. - Código Civil de 2002 - Capítulo XIV - Seção 1, parte geral; Seção II, transporte de pessoas; Seção III, transporte de coisas. 4.1. Conceito – CC, art. 730 - “Pelo contrato de transporte alguém se obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou coisas” - inspirado em Pontes de Miranda: “Contrato de transporte é o contrato pelo qual alguem se vincula, mediante retribuição, a transferir de um lugar para outro pessoas e bens”. – Negócio pelo qual um sujeito se obriga, mediante remuneração, a entregar coisa em outro local ou a percorrer um iCnerário para uma pessoa (VENOSA, Silvio Savio). 4.2. Elementos a) Transportador – o que realiza a tarefa de translado; b) Passageiro – o que adquire a passagem, recebe do transportador ou de terceiros que adquiriram. c) Transladação - transferência de um lugar para outro – mesmo a pequena distância (dentro de casa, do prédio, de um andar a outro, do térreo para a cobertura – C.R. Gonçalves) 26/01/16 4 4.3. Natureza jurídica Contrato kpico de adesão – as partes não discutem as cláusulas previamente - são esCpuladas por uma das partes, às quais a outra simplesmente adere. Ex. Contrato de transporte coleCvo – há contrato tácito de adesão com a empresa transportadora. - Adesão se dá com a aquisição da passagem. - Rege-se também pelas normas do contrato de depósito, quando a coisa é também guardada pelo transportador – CC, art. 751. .... a) Diferença do contrato de fretamento (charter) – o meio de transporte é cedido – ônibus, avião, navio – o responsável é o fretador do meio de translado; no contrato de transportes o responsável é o transportador – (direção e deslocamento) 4.4. Caracterís>cas a) Bilateral ou sinalagmáCco - gera obrigações para ambas as partes, entre transportador e o passageiro ou expedidor; b) Consensual - se aperfeiçoa com simples acordo de vontades; c) Oneroso -as partes buscam vantagens recíprocas – para o transportador, o preço cobrado; para o passageiro a chegada dele (ou de coisas que envia) ao desCno. ... 26/01/16 5 – Mesmo quando não há remuneração será oneroso se representar vantagens indiretas ao transportador – CC, art. 736, § Único. c) Típico - previsão expressa no art. 730 e ss. do Código Civil de 2002; d) ComutaCvo - as partes estão cientes desde logo das obrigações de cada uma - não depende de evento futuro ou incerto e) Não solene – independe de forma prescrita para ser celebrado. Importante: disCnção entre transporte de pessoas e simples carona amigável – na carona não estão presentes as caracterísCcas do contrato de transporte - implica efeitos de responsabilidade extracontratual - CC, art. 736. 4.5. Espécies de transporte - CC, arts. 730-756 a) de pessoas b) de animais ou coisas - Diferença: o objeto do contrato, não a causa. c) Terrestre - ferroviário ou rodoviário. Urbano, metropolitano, intermunicipal, interestadual ou internacional. d) aéreo, fluvial ou maríCmo e) individual 26/01/16 6 f) coleCvo – quando várias pessoas são transportadas por um mesmo veículo, cada qual paga sua passagem – surgem contratos individuais de cada uma com o transportador. OBS. Contrato único para transportar várias pessoas não se considera coleCvo. f.1.) Transporte oriundo de autorização, permissão ou concessão da adm. pública – contrato se rege pelas normas contratuais administraCvas (Leis 8.784/95 e 9.074/95 - Permissões e concessões de serviço público, e prorrogações, e outras). Disposições do Código Civil são subsidiárias para esses contratos – CC, art. 731. g) Transporte internacional – especialmente companhias aéreas – Legislação especial, tratados e convenções internacionais – CC, art. 732. h) Transporte cumulaCvo - vários transportadores realizam o translado, por trechos, que estabelece a unidade do serviço, feito mediante bilhete único – como a obrigação fosse de uma única empresa. - Ausência de unidade desnatura o transporte cumulaCvo, tornando-se transporte sucessivo, caracterizado por uma cadeia de contratos, cada qual com empresa independente. - CC, art. 733 – A responsabilidade é de cada transportador, que se obriga a cumprir o contrato de acordo com o percurso, e respondem pelos danos causados no trecho a pessoa e coisas. 26/01/16 7 - O dano, resultante do atraso ou da interrupção da viagem, será determinado em razão da totalidade do percurso (§ 1°). - Se houver subsCtuição de algum dos transportadores no decorrer do percurso, a responsabilidade solidária estender- se-á ao subsCtuto” (§2°). - Responsabilidade é solidária entre os transportadores: - CC, art. 756: “no caso de transporte cumulaCvo, todosos transportadores respondem solidariamente pelo dano causado perante o remetente, ressalvada a apuração final da responsabilidade entre eles, de modo que o ressarcimento recaia, por inteiro, ou proporcionalmente, naquele ou naqueles em cujo percurso houver ocorrido o dano”. 4.5.2. Transporte de pessoas - Contrato começa quando o passageiro entra no âmbito de direção do transportador a) Transporte rodoviário - ao tocar os pés no veículo, inicia-se para o passageiro a garanCa de integridade e incolumidade até o desCno. b) Viagens aéreas – inicia a garanCa com o início de execução da viagem – desde o embarque – ainda que a passagem seja adquirida antes. c) Passageiro clandesCno – não caracteriza responsabilidade do transportador, nasce a parCr de contrato. d) Culpa de terceiro – não ilide a responsabilidade do transportador – CC, art. 735 (Reprodução Súmula 187 do STF). Obrigação do transportador é de resultado. 26/01/16 8 e) Responsabilidade objeCva do transportador – CC, art. 734 - excludente por força maior, não caso fortuito. – Jurisprudência: tese de AgosCnho Alvim: - fortuito interno (não excludente - referente à pessoa, coisa ou empresa); - fortuito externo (força maior – inundações, vendavais, etc.). Ex. de fortuito interno: defeitos mecânicos, estouro de pneus, etc. - Decreto n. 2.681/1912: a culpa concorrente da víCma não exonera o transportador da obrigação de compor os danos – responsável por 50% dos prejuízos – mesmo para os chamados “pingentes” (jurisprudência do STJ). f) Contrato de serviço de natureza pública - responsabilidade objeCva do transportador e subsidiária da Administração -– CF, art. 37, § 6º. Excludentes: força maior, culpa exclusiva da víCma ou fato exclusivo de terceiro. Importante: Novidade do Código Civil, art. 927, § Único: Quando a aCvidade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem, responderá ele independentemente de culpa. - Parte da doutrina considera que transporte se insere entre aCvidades perigosas 26/01/16 9 g) Transporte de bagagem ou mercadoria do passageiro – contrato acessório ao de transporte de pessoas – obrigação é assumida pelo transportador de modo tácito, quando contrata o translado. 4.5.3. Transporte de coisas Integram o serviço de transporte de coisas: a) o expedidor ou remetente; b) o transportador, que recebe a coisa com a obrigação de transportá-la; c) o desCnatário ou consignatário, pessoa a quem a coisa é desCnada. - A coisa transportada deve ser descrita ou especificada de modo a não se confundir com outra. Quando entregue deve estar caracterizada pela sua natureza, valor, peso e quanCdade – CC, art. 743. - O transportador deve emiCr conhecimento, mencionando dados que a idenCfiquem, obedecido o disposto em lei especial- CC, art. 744. - Cabe indenização ao transportador que sofrer prejuízo por receber informação inexata ou falsa descrição da coisa transportada – CC, art. 745. - Direito de recusa – produto cuja embalagem não for adequada, produtos que ofereçam riscos à saúde. E obrigatoriamente, coisas que de transporte ou venda proibidos, ou não esCverem acompanhadas de documentação exigida por lei – CC, arts. 746 e 747. - Título de crédito impróprio: recibo de entrega, conhecimento de transporte ou conhecimento de frete ou de carga: documento emiCdo pelo transportador que se desCna a comprovar a conclusão do contrato, do recebimento da mercadoria e das condições do transporte. Pode ser transferido por simples endosso. 26/01/16 10 - Responsabilidade do transportador: limitada ao valor constante do conhecimento - CC, art. 750. Começa quando o transportador ou seus prepostos recebem a coisa, e acaba quando é entregue ao desCnatário, ou depositada em juízo, se aquele não for encontrado CC, art. 750; ou se houver dúvida sobre quem é o desCnatário – CC, art. 755. - Até a entrega da coisa, o remetente pode desisCr do transporte, reclamando-a de volta, ou determinando que seja entregue a outro desCnatário Nestes casos, paga acréscimos de despesa decorrentes da contra-ordem, mais perdas e danos, se houver – CC, art. 748. Importante – CC, art.754, § Único – Afasta a aplicação do Código do Consumidor no que se refere a prazos decadenciais – específico para o contrato de transporte. Em caso de perda parcial ou avaria não percepkvel à primeira vista, a ação do desCnatário contra o transportador fica garanCda , desde que seja feita a denúncia da perda no prazo de dez dias a parCr da entrega. 26/01/16 11 Depositário da coisa – Quando o bem esCver depositado nos armazéns do próprio transportador (CC, art. 751) responsável por sua guarda e conservação, devendo receber remuneração pela custódia, ajustada em contrato ou conforme usos adotados em cada sistema de transporte – CC, art. 753, § 4°. Aplicam-se os disposiCvos do contrato de depósito. JURISPRUDÊNCIA CONTRATO DE TRANSPORTE 1) Responsabilidade civil transporte de carona APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE TRÂNSITO. ÓBITO DO FILHO DOS AUTORES. CARONEIRO DE VEÍCULO SAVEIRO, NA QUAL HAVIA TRÊS OCUPANTES. CULPA DO CONDUTOR DA SAVEIRO RECONHECIDA NA SENTENÇA. MANUTENÇÃO. CULPA DO CORRÉU LUCAS EM DECORRÊNCIA DE SUPOSTA OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. QUANTUM INDENIZATÓRIO. REDUÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MANUTENÇÃO. É de ser manCda a sentença no tópico em que reconheceu a culpa do réu gustavo, o qual agiu com imprudência ao dirigir sob influência de álcool e transportar três pessoas em um veículo que comportava apenas dois com segurança. Circunstâncias do acidente que revelam excesso de velocidade. Alegação de culpa de terceiros não comprovada. Quantum indenizatório reduzido, a fim de adequar-se aos padrões da câmara. Em relação a lucas, deve ser afastada a condenação, pois a conduta de negar carona à víCma não se mostra contrária a qualquer dever, não restando configurado ato ilícito ou omissão que tenha causado diretamente o resultado morte. Primeiro apelo parcialmente provido. Segundo apelo provido. Unânime. (TJRS; AC 0013533-94.2015.8.21.7000; Seberi; Décima Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Pedro Luiz Pozza; Julg. 26/11/2015; DJERS 01/12/2015). 26/01/16 12 2) Responsabilidade civil em transporte de coisa APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE TRANSPORTE DE COISAS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. OBRA DE ARTE. CUTELARIA. EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL. CONVITE A MESTRE CUTELEIRO PARA EXPOR OBRA DE ARTE (GLÁDIO ROMANO) NO INSTITUTO PARA OS ASSUNTOS CÍVICOS E MUNICIPAIS DE MACAU, REPÚBLICA POPULAR DA CHINA. PEÇA PERDIDA NO RETORNO AO BRASIL. EMBARAÇO ALFANDEGÁRIO. RESPONSABILIDADE DA TRANSPORTADORA PATROCINADORA OFICIAL NO TRANSPORTE DAS PEÇAS EXPOSTAS. PRESCRIÇÃO. [...] Preliminar afastada. 2- mérito. Não foi posto em dúvida o fato de que a ré se comprometera a realizar o transporte da peça (espada) para o local de sua exposição, não se mostrando crível [...]- ademais, para atender convite expresso de exposição internacional, o contrato firmado entre as partes se exaurisse com a etapa do envio, nada havendo a ré, sobretudo patrocinadora do evento no transporte das peças, por se responsabilizar no que tange o retorno da espada. Não se cuida de se analisar a quem cabia ou de que forma se daria o "desembaraçoalfandegário" da obra. Tal questão é secundária (subsidiária) àquela acomeCda pelo contrato de transporte firmado, uma vez que, consoante se tem da legislação de regência, art. 750, do Código Civil, verbis: A responsabilidade do transportador, limitada ao valor constante do conhecimento, começa no momento em que ele, ou seus prepostos, recebem a coisa; termina quando é entregue ao desCnatário, ou depositada em juízo, se aquele não for encontrado. Portanto, a entrega da peça era inerente ao contrato firmado, sendo despropositadas as razões defensivas, no senCdo de que o embaraço no Brasil ocorreu por absoluto ato d i s c r i c i o n á r i o d a a l f â n d e g a b r a s i l e i r a . N o s t e rmo s d o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, a responsabilidade da empresa demandada, considerada como fornecedora de serviços de transporte, pelos danos causados aos seus clientes (no caso dos autos, o autor) é objeCva. ... 26/01/16 13 Ou seja, responde, independentemente da existência de culpa, por defeitos relaCvos à prestação do serviço, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição. [...] Tampouco exculpa a ré a situação de que fora autorizada terceira empresa, na china, para providenciar o despacho da peça em retorno ao Brasil, dada a responsabilidade de todas as integrantes, p r e s t a d o r a s d o s s e r v i ç o s , n a c a d e i a d o c o n s um o ( art. 18 do Código de Defesa do Consumidor). Ademais, a solidariedade, no caso em liça, encontra correspondência no art. 756 do Código Civil, que dispõe: No caso de transporte cumulaCvo, todos os transportadores respondem solidariamente pelo dano causado perante o remetente, ressalvada a apuração final da responsabilidade entre eles, de modo que o ressarcimento recaia, por inteiro, ou proporcionalmente, naquele ou naqueles em cujo percurso houver ocorrido o dano. Por tais razões, deverá a demandada responder pelos prejuízos de ordem material e moral causados ao autor, julgando-se procedente a ação. 3- danos materiais [...] 4- danos morais. Os danos morais, no caso em tela, decorrem in re ipsa. Houve o extravio não só definiCvo do bem transportado, como também, e principalmente, a perda da obra forjada pelo autor, mestre cuteleiro, não sendo dicil imaginar-se o senCmento de hipovalia, impotência, frustração e até mesmo "desfalecimento" (SIC) experimentado pelo expositor, que, depois da euforia e entusiasmo de ter o seu trabalho presCgiado em solo estrangeiro e com a expectaCva de ser valorizado depois da bem sucedida exposição, viu ruir qualquer possibilidade de reaver a obra forjada e, quiçá, reforçar a importância do seu ocio. [...]. Apelo provido. (TJRS; AC 0008083-10.2014.8.21.7000; Nova Petrópolis; Décima Segunda Câmara Cível; Relª Desª Ana Lúcia Carvalho Pinto Vieira Rebout; Julg. 23/04/2015; DJERS 28/04/2015) 26/01/16 14 3) Responsabilidade em transporte público AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. VEÍCULO DE TRANSPORTE COLETIVO URBANO. QUEDA DA VÍTIMA. EMPRESA DE ÔNIBUS. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. COMPROVAÇÃO. DEVER DE INDENIZAR AUSENTE. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. A concessionária de serviço público de transporte responde objeCvamente pelos danos c a u s a d o s a t e r c e i r o s . T o d a v i a , e s t a s e e x im i r á da responsabilidade pelo acidente de trânsito se comprovar a culpa exclusiva da víCma. Hipótese que restou caracterizada a culpa exclusiva da viCma, que se encontrava embriagada e dormindo na poltrona da frente. (TJMG; APCV 1.0245.08.154815-9/001; Rel. Des. Domingos Coelho; Julg. 03/12/2015; DJEMG 15/12/2015) 5 - DO CONTRATO DE SEGURO 5.1. Origem: muito antes de Cristo caravanas at ravessavam desertos do Or iente para comercializar camelos. Animais sempre morriam no caminho - cameleiros fizeram acordo para subsCtuir o camelo de quem o perdesse. - Navegação - princípio de seguro entre os fenícios, cujos barcos navegavam pelos mares Egeu e Mediterrâneo. 26/01/16 15 - Preocupação com transporte maríCmo se devia a interesses econômicos - o comércio exterior dos países ocorria apenas por mar. Havia acordo entre navegadores, para garanCr a construção de um novo navio para quem o perdesse, valor pago pelos demais parCcipantes da mesma viagem. - Primeiro contrato de seguro – 1347 – Gênova (IT), emissão da primeira apólice. Era um contrato de seguro de transporte maríCmo. - Século XVI: Grandes Navegações, Revolução Industrial e desenvolvimento da teoria das probabilidades (de ocorrer um evento futuro e incerto), associada à estaksCca. - Século XVIII – seguros contra incêndio e contra a vida. No Brasil - abertura dos portos ao comércio internacional, em 1808, uso do seguro maríCmo. ACvidade seguradora regulada por leis portuguesas. 26/01/16 16 1850 - Código Comercial Brasileiro (Lei n° 556, de 25 de junho/50) regulação e estudo do seguro maríCmo. Depois veio o seguro terrestre. - C.Com. – proibição de seguro de vida – autorizado em 1855 – sob argumento de que proibição se referia apenas ao seguro de vida atrelado ao seguro maríCmo. - Expansão do setor - empresas estrangeiras de seguro criam sucursais no Brasil – evasão de divisas. - Contrato não contemplado nos Códigos civis francês e alemão. - 1895 – Lei 924 – tratando exclusivamente dos negócios de companhias estrangeiras de seguros de vida – obrigou a consCtuição de reservas técnicas e aplicação de recursos no Brasil, enfrentar riscos assumidos no Brasil. - 1916 - Código Civil Brasileiro – capítulo específico dedicado ao "contrato de seguro". 26/01/16 17 - 2002 – Código Civil – estrutura fundamental do contrato de seguro, arts. 757-802 – pormenores na legislação extravagante. - Tratamento no CC 2002: Seção I – Disposições gerais – arts. 757-777; Seção II – Seguro contra dano – arts. 778-788; Seção III – Seguro de pessoa – arts. 789-802. Seguro maríCmo – Código Comercial, arts. 666-730. 5.2. Conceito - CC, art. 757 a) contrato em que uma das partes (segurador) se obriga, mediante o recebimento de um prêmio, a garanCr interesse legíCmo da outra parte (segurado), relaCvo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. b) Contrato pelo qual o segurados, mediante um prêmio, assume perante o segurado a obrigação de pagamento de uma prestação, se ocorrer o risco a que está exposto (Pedro Alvim). 26/01/16 18 Principal elemento – risco – transferido a outra pessoa. 5.3. Intervenientes do contrato a) Segurador – Contratante que assume os riscos e se propõe a indenizar o segurado dos danos sofridos, na hipótese de sinistro. - Podem ser seguradores sociedades anônimas, mútuas (bancos) e cooperaCvas, mediante previa autorização do governo federal. b) Segurado – pessoa sica ou jurídica – paga o prêmio – geralmente em prestações sucessivas e recebe a indenização em caso de sinistro. - Seguro de vida e seguro obrigatório – pode haver terceira pessoa – beneficiário da indenização em caso de morte do segurado. - Seguro social – pago pelo Estado – INSS – não integra o estudo. 26/01/16 19 5.4. Elementos do contrato de seguro a) Risco: elemento mais importante do seguro. ConsCtui o próprio objeto do contrato. Acontecimento futuro e incerto do qual segurado busca se prevenir. CC, art. 762: Nulo contratopara garanCa de risco com origem em ato doloso do segurado, beneficiário ou representante de um ou outro. b) Prêmio: contraprestação devida pelo segurado, ao segurador, para que este assuma o risco do evento. b.1) Composição do prêmio: importância em dinheiro mais encargos desCnados à administração, mais o lucro do segurador. O prêmio é fixo, estabelecido pelo segurador e determinado no contrato. Feito com base em cálculos atuariais. Cálculo atuarial: método matemáCco – a parCr de conceitos financeiros, econômicos e probabilísCcos, determina o montante de recursos e de contribuições necessárias ao pagamento de despesas administraCvas e benecios futuros, para definir o valor de coberturas presentes e futuras. 26/01/16 20 CC, art. 764: Salvo disposição especial, o fato de se não ter verificado o risco, em previsão do qual se faz o seguro, não exime o segurado de pagar o prêmio. b.2. Atraso no pagamento do prêmio: CC, art. 763: Não terá direito a indenização o segurado que esCver em mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação. Segurado pode ser reabilitado pela purgação da mora no prazo da noCficação - que é obrigatória. b.2.1.) Interpretação gramaCcal do art. 763: quem pagou o prêmio uma vida toda, e atrasa um só dia, não teria direito a indenização. Atraso no pagamento do prêmio não resolve o contrato ipso jure. O caso concreto determina a solução. c) Apólice ou bilhete de seguro – CC, art. 760 - é o instrumento do contrato. c.1. Requisitos: 26/01/16 21 c.1.1. constar os riscos assumidos c.2.2. início e fim da validade: mês, dia e hora do começo e fim do risco. c.2.3. limite da garanCa c.2.4. prêmio devido e – se for o caso, nomes de segurado e beneficiário. Podem ser nominaCvas, a ordem ou ao portador. Importante: seguro de pessoas - apólice ou o bilhete NÃO podem ser ao portador. NominaCvas se transferem por cessão civil. Apólices à ordem só se transferem com endosso do cedente. 5.5. Natureza jurídica do contrato de seguro a) Bilateral (sinalagmáCco) – gera obrigações para ambas as partes – o inadimplemento de uma das partes rompe o equilíbrio contratual – passível de resolução pelo prejudicado – CC, art. 476. 26/01/16 22 b) Oneroso – ambos os contraentes aproveitam o contrato mediante o cumprimento de suas obrigações: - segurado, garanCndo efeitos dos riscos previstos no contrato, com o pagamento do prêmio; - segurador recebendo o prêmio logo no início, e assumindo obrigação de pagar a indenização em caso de sinistro. c) Aleatório – obrigação certa para o segurado – pagar o prêmio da apólice – aleatória para o segurador – prestação depende de fato eventual – de ocorrer ou não o sinistro – risco é elemento essencial – acontecimento incerto, independente da vontade das partes. d) Adesão – Cpicidade do contrato de seguro – se aperfeiçoa com a aceitação das cláusulas previamente elaboradas pelo segurador e inscritas na apólice... 26/01/16 23 – conteúdo é imposto ao segurado, que adere às cláusulas sem contestação. d.1.) Vedação – CC, arts. 423 e 424 – resguarda o aderente de cláusulas ambíguas ou contraditórias e proibição ao aderente, de renunciar a direito que resulte da natureza do negócio. Ex.: renunciar a prêmio do seguro por liberalidade do causador do sinistro em oferecer certa quanCa em dinheiro. d.2.) CDC, art. 47 – cláusulas do contrato terão interpretação mais favorável ao consumidor – CDC: Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa d i scuCr ou mod ificar substancialmente seu conteúdo. 26/01/16 24 - § 1º A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato. - § 2º Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternaCva, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2º do arCgo anterior. - § 3º Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Redação dada pela nº 11.785, de 2008) - § 4º As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permiCndo sua imediata e fácil compreensão. 26/01/16 25 e) Consensual – há divergências – CC, art. 758 – e.1.) se aperfeiçoa somente depois de emiCda a apólice – contrato solene; e.2.) forma escrita apenas para objeto de prova – não é essencial - se prova com o pagamento do prêmio pelo segurado (art. 758, final). 5.6. Boa-fé - CC, art. 765-766 Exigência para todos os contratos, maior nos contratos de seguro. Ausência de boa-fé implica penalidades para o segurado. Ex. segurado sabe da existência de doença prévia, responde negaCvamente ao ser indagado: perde indenização e terá de pagar o prêmio vencido. - Desinformação do segurado sobre a doença: o segurador tem direito à resolução do contrato ou cobrança da diferença a maior no prêmio, mesmo depois do sinistro. 26/01/16 26 5.7. Espécies de seguro O direito moderno contempla a possibilidade de assegurar praCcamente todos os riscos. Todo contrato deve ter objeto lícito. 5.7.1. Vedações - CC, arts. 778, 781 e 782. A lei brasileira veda certas modalidades de seguro, que consCtuem ilícitos especiais: - valor assegurado maior do que o do bem objeto do seguro; - pluralidade de segurados sobre um mesmo bem, exceto seguro de vida (art. 789). Os seguros mais conhecidos são: a) Seguros sociais: são desCnados a resguardar os interesses de determinadas categorias de pessoas em situações diversas: contra a velhice, invalidez, acidentes de trabalho, desemprego. Geralmente obrigatórios. b) Seguros privados: buscam atender interesses dos indivíduos regra geral são facultaCvos. Dividem-se em: 26/01/16 27 b.1. terrestres, b.2. maríCmos b.3. aéreos Cada classe se divide em seguro de coisas e de pessoas: b.4. seguro de dano – CC, art. 778 - seguro de coisas - desCnado a assegurar o valor de bens móveis, imóveis e semoventes. O termo garanCa é usado como sinônimo de cobertura. Dividido em: 1 - seguro de coisas próprias. Ex.: seguro contra incêndio, seguro de transporte, seguro contra roubo. 1.1. Coisas transportadas: nestes casos, a vigência da garanCa começa no momento em que são recebidas as coisas pelo transportador, e termina quando são entregues ao desCnatário. 1.2 Excludente da garanCa – CC, art. 784 - sinistro provocado por vício intrínseco da coisa e não comunicado pelo segurado. 2 - Seguro de responsabilidade civil – CC, art. 787: garanCa do segurado contra indenizações que tenha que pagar a terceiros, por atos praCcados com prejuízos a outrem. 26/01/16 28 - Comunicação ao segurador deve ser feita tão logo o segurado conheça os efeitos de seu ato. - É proibido ao segurado reconhecer sua responsabilidade ou confessar a ação, assim como, transigir com o terceiro prejudicado ou indeniza-lo diretamente, sem anuência expressa do segurador –art. 787, p. 2º. - Se proposta ação contra o segurado, este deve dar ciência da lide ao segurador – art. 787, p. 3º. - O segurado responde perante terceiro, se a seguradora for insolvente – art. 787, p. 4º. b.5. Seguro de pessoas – voltado à garanCa da integridade sica e mental de seres humanos. Se divide em: b.5.1. seguro de vida/seguro contra acidentes pessoais: o segurador estabelece com o segurado uma indenização para o caso deste sofrer um acidente. – difere do contrato tradicional de seguro. Trata-se de bem insuscekvel de apreciação pecuniária – pode ter mais de um seguro e ser esCmada por qualquer valor. 26/01/16 29 a) Livre esCpulação: - O segurado é livre para contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse, com o mesmo ou diversos seguradores. - O capital também é livremente esCpulado. b.5.2. Seguro sobre a vida de outros – CC, art. 790: A) Proponente é obrigado a declarar, sob pena de falsidade, seu interesse pela preservação da vida do segurado. * Presunção quando o segurado é cônjuge, ascendente, descendente do proponente (p. Único). B) SubsCtuição do beneficiário – CC, art. 791: Pode ser feito por ato inter vivos ou causa morCs. Segurador deve ser cienCficado. Se não for, ficará desobrigado da indenização ao anCgo beneficiário – P. Único. 26/01/16 30 * Quando segurado renuncia a essa faculdade, ou se a causa declarada do seguro não é a garanCa de alguma obrigação, não pode trocar o beneficiário. C) Falta de beneficiário ou a inviabilidade de que o beneficiário original receba a indenização, segurador deve pagar – CC, art. 792: C.1.) metade ao cônjuge não separado judicialmente (hoje, divorciado). C.2.) metade aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem de vocação hereditária. C.2.1.) Vocação hereditária: Art. 1.798. LegiCmam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; II - as pessoas jurídicas; III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. 26/01/16 31 C.3.) Na falta de cônjuge/herdeiros serão beneficiados aqueles q provarem que a morte do segurado os privou dos meios necessários à subsistência. C.4.) Companheiro – CC, art. 793 Pode ser beneficiário se ao tempo do contrato, o segurado estava separado judicialmente ou se estava separado de fato. D) Dívidas do beneficiário – CC, art. 794 * Seguro de vida/acidentes pessoais para o caso de morte - capital esCpulado não se sujeita às dividas do segurado, nem se considera herança para todos os efeitos de direito. * É nula, no seguro de pessoa, qualquer transação para pagamento reduzido do capital segurado – CC, art. 795 E) Prêmio - CC, art. 796: no seguro de vida, pode ser por prazo limitado no contrato, ou por toda a vida do segurado. 26/01/16 32 P. Único - Em qualquer hipótese, no seguro individual, o segurador não terá ação para cobrar o premio vencido, cuja falta de pagamento acarretará, nos prazos previstos, a resolução do contrato, com a resCtuição da reserva já formada, ou a redução do capital garanCdo proporcionalmente ao prêmio pago. F) Carência – CC, art. 797 - em seguro de vida, para evento morte, pode ser esCpulado prazo de carência – no qual não há responsabilidade do segurador. * P. Único - Morte em período de carência obriga o segurador a devolver ao beneficiário o montante da reserva técnica já formada. G) Suicídio do segurado – CC, art. 798: quando ocorre nos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato, desobriga o segurador do pagamento do prêmio ao beneficiário. Também não tem direito nos dois anos depois de sua recondução quando o contrato foi suspenso. 26/01/16 33 -P. Único – além dessa possibilidade, clausula contratual que exclui o pagamento do capital por suicídio do segurado será nula. H) Risco de morrer/incapacidade – CC, art. 799 - Segurador não pode se eximir do pagamento do seguro, ainda que conste da apólice a restrição de não pagamento se a morte resulta de: H.1.) uClização de meio de transporte arriscado H.2.) prestação de serviço militar H.3.) práCca de esporte H.4) atos de humanidade em auxilio de outrem. I) Sub-rogação – CC, art. 800: em seguros de pessoas, é vedado pela lei a sub-rogação do segurador nos direitos e ações do segurado ou do beneficiário contra o causador do sinistro. J) EsCpulação de seguro de pessoas – CC, art. 801: pode ser esCpulado por pessoa natural ou como jurídica em proveito de grupo que a ela, de qualquer modo se vincule. 26/01/16 34 J.1.) EsCpulante não representa o segurador perante o grupo segurado, e é o único responsável para com o segurador, pelo cumprimento de todas as obrigações contratuais - § 1º. J.2.) Modificações da apólice em vigor dependem da anuência expressa de ¾ dos segurados do grupo. L) Exclusão do Código Civil – art. 802 - garanCa de reembolso por despesas médicas ou hospitalares, ou custeio de despesas de luto e funeral do segurado. 5.8. Indenização Deve corresponder exatamente à quanCa declarada - seguro não tem finalidade lucraCva. Exige apuração real do prejuízo. Art. 781: A indenização não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento do sinistro, e, em hipótese alguma, o limite máximo da garanCa fixado na apólice, salvo em caso de mora do segurador. 26/01/16 35 5.8.1. Exoneração do segurador – CC art. 778 - o segurador poderá se exonerar provando: a) - o valor dado à coisa é superior ao real; b) que se trata de segundo seguro da coisa pelo mesmo risco e no seu valor integral – CC, arts. 778/782; c) caducidade da apólice pelo não pagamento do prêmio; d) inexistência de cobertura para o sinistro ocorrido; e) descumprimento das obrigações, principalmente relacionadas ao agravamento dos riscos e a falta de comunicação do sinistro. • GaranCa não compreende sinistro provocado por vício oculto da coisa segurada, não declarado pelo segurado (defeito próprio da coisa, que não é encontrado normalmente em outras coisas da mesma espécie). 26/01/16 36 * Segurador só responde pelos riscos assumidos, constante da apólice. Mas se ressalvado, o risco pode alcançar todos os prejuízos resultantes, caso estejam relacionados a situações desCnadas a evitar o sinistro, reduzir o dano ou salvar a coisa. *Transferência de contrato a terceiro – CC, art. 785 - admiCda quando não ressalvada no contrato com a alienação ou cessão do interesse segurado. * Transmissão é facultaCva – Quando o instrumento contratual é nominaCvo só produz efeitos em relação ao segurador mediante aviso escrito assinado pelo cedente e pelo cessionário. * Apólice ou bilhete a ordem só se transfere por endosso em preto, datado e assinado por endossante e endossatário. 26/01/16 37 • Jurisprudência: direito à indenização pode ser t ransmiCdo como acessór io da propriedade, operando-se a transmissão de pleno direito quando não vedado na a apólice. Jurisprudência transferência indenização A PE L A Ç Ã O C Í V E L . A ç ã o d e c o b r a n ç a e de indenização por danos morais. Seguro de vida. Procedência na origem. Prefaciais de não conhecimento do recurso e condenação por liCgância de má-fé arguidas em contrarrazões. Afastamento. Doença terminal. Transferência da apólice da seguradora Sul América para Mapfre seguros. Endosso ocorrido em p e r í o d o a n t e r i o r a o f a t o g e r a d o r da indenização securitária, que se configura diante do caráter irreversível da molésCa grave, e não de seu surgimento. Ciência do segurado acerca da transmissão. 26/01/16 38 Reconhecida a ilegiCmidade da ré Sul América para figurar no polo passivo da demanda. ManCda a responsabilidade da ré Mapfre Seguros. Falecimento do autor no curso da demanda. Pleito de reconhecimento de perda de objeto. Alegação de direito personalíssimo, sem legiCmidade aos sucessores. Inaplicabilidade. (...) Mérito. Aplicabilidade do CDC. Fato gerador que se subsume à hipótese de indenização por molésCa grave. Alegada doença preexistente. Insubsistência. ConCnuidade do contrato originalmente firmado. Patologia desenvolvida posteriormente à contratação. Dever de indenizar. Danos morais. Pedido de exclusão da condenação a este ktulo. Descabimento. Dano moral caracterizado diante da negaCva de pagamento da indenização securitária em momento críCco de saúde do autor. Abalo moral inconteste. Requerimento de alteração do termo inicial de incidência da correção monetária e dos juros de mora para a data do arbitramento. Afastamento. Aplicação das Súmulas n. 54 e n. 362 do STJ. Recursos conhecidos. Apelo da ré Sul América provido para excluí-la do polo passivo da demanda. Insurgência da ré Mapfre seguros desprovida. (TJSC; AC 2014.071978-6; Tubarão; Quinta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Sérgio Izidoro Heil; Julg. 10/12/2015; DJSC 18/12/2015; Pág. 454) 26/01/16 39 5.8. Obrigações das partes 5.8.1. Do segurado a) Pagar o premio esCpulado no contrato. A não ocorrência do risco não exime o segurado do pagamento. b) Não agravar intencionalmente o risco, sob pena de perder a garanCa – CC, art. 768. Ex.: segurado que morre durante práCca de roubo. C) Comunicar o segurador a respeito de qualquer incidente capaz de agravar o risco, sob pena de perder a garanCa. * A perda ocorre quando o segurado Cnha conhecimento e não comunicou o segurador, o que caracteriza má-fé. * Agravamento de riscos sem culpa do segurado - o segurador pode dar ciência ao segurado por escrito, de sua decisão de resolver o contrato, desde que seja nos quinze dias seguintes ao recebimento do aviso. * Resolução do contrato só será eficaz 30 após ao recebimento do aviso. Segurador deve resCtuir a diferença. 26/01/16 40 de premio ao segurado. D) Comunicar o sinistro ao segurador, assim que souber e tomar todas as providencias para amenizar as consequências do sinistro. *Correm pelo segurador as despesas de salvamento consequentes do sinistro, ate o limite fixado no contrato. E) Não pode pedir redução do pagamento do prêmio esCpulado, no caso de redução do risco. Se a redução do risco for considerável, segurado poderá exigir a revisão do prêmio, ou a resolução do contrato. 5.8.2. Do segurador a) Pagar em dinheiro o prejuízo resultante do risco assumido, não foi convencionado outro modo (ex.: consertar o veículo); conforme as circunstâncias, deve entregar outra coisa em lugar da coisa assegurada (Ex. dar um carro novo). b) A mora do segurador no pagamento dos prejuízos do sinistro lhe obriga a pagar indenização com correção monetária e juros moratórios. 26/01/16 41 c) Agentes autorizados do segurador presumem-se seus representantes para todos os atos relacionados aos contratos agenciados. d) Cláusula tácita de renovação do contrato – CC, art. 774 - se as partes nada argumentam, o contrato se renova pelo mesmo prazo, por apenas uma vez. e) Segurador paga em dobro o valor pago pelo segurado ao tempo do contrato, quando, sabendo não haver mais risco para o segurado, expede a apólice. e.1.) Risco em cosseguro – CC, art. 761 - a apólice deve indicar o segurador para administrar o contrato e representar os demais, para todos os efeitos. f) Seguro a conta de outrem - segurador pode opor ao segurado todas as defesas que tenha contra o esCpulante, por descumprimento das normas de conclusão do contrato, ou de pagamento do prêmio. 26/01/16 42 Jurisprudência - culpa do segurado e fixação do quantum da indenização DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. CONTRATO DE SEGURO DEVIDA. RECUSA NO P A G A M E N T O D A I N D E N I Z A Ç Ã O S O B A ALEGAÇÃO DE AUMENTO DO RISCO PELO SEGURADO. NÃO COMPROVAÇÃO. ART. 333, II, DO CPC. DANO MORAL C O N F I G U R A D O . Q U A N T UM I N D E N I Z A T Ó R I O FIXADO DE FORMA RAZOÁVEL E JUSTA. JUROS DE MORA. T E RMO I N I C I A L . 1 . O c e r n e d a c o n t r o v é r s i a trata de cobrança de seguro de vida, tendo em vista o falecimento do Sr. Raimundo Lindoval Ferreira, em virtude de acidente de trânsito. A seguradora apelante resiste ao pagamento, tendo por fundamento o aumento do risco pelo de cujus. 2. Não há nos autos prova cabal da culpa do segurado pelo acidente ou da voluntariedade da conduta de agravar o risco, ônus que incumbia à seguradora e da qual não se desincumbiu, nos termos do arCgo 333, inciso II, do CPC, não se desonerando, portanto, do pagamento da indenização securitária. [...]. 3. Em relação aos danos morais, a negaCva da indenização extrapolou o mero e simples aborrecimento, tendo em vista que, além de negar o direito dos promoventes à indenização, a promovida coloca em cheque a culpa da fatalidade, atribuindo ao falecido a responsabilidade pela morte. 26/01/16 43 4. Para a fixação do quantum devido a ktulo de danos morais, a jurisprudência pátria tem consagrado a dupla função: Compensatória e penalizante, bem assim que a referida verba deva ser arbitrada com moderação, evitando o enriquecimento sem causa, em atenção à condição econômico- financeira das partes. Na hipótese vertente, a condenação atende aos princípios gerais e específicos que devem nortear a fixação da compensação pelo dano moral, notadamente o bom senso e a proporcionalidade. Assim, não procede o pedido de majoração. 5. Os juros demora sobre o valor da indenização, em se tratando de responsabilidade contratual, como é o caso dos autos, devem incidir a parCr da citação. Sentença reformada neste ponto. 6. Recurso de apelação interposto por Panamericano de Seguros S/a conhecido e improvido. 7. Recurso de apelação aviado por João Victor da Silva Ferreira e Francisca Eliane da Silva Ferreira conhecido e parcialmente provido. (TJCE; APL 0023811-62.2012.8.06.0151; Sé]ma Câmara Cível; Rel. Des. Francisco Bezerra Cavalcante; DJCE 18/12/2015; Pág. 52)
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