Prévia do material em texto
OBJETIVO 1: COMPREENDER A HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO MUNDIAL A alimentação é fundamental para a vida humana, pois fornece os nutrientes necessários ao funcionamento do organismo. Historicamente, o ser humano começou se alimentando de frutos e raízes, depois passou a consumir carne crua e moluscos, até aprender a cozinhar. Com o tempo, desenvolveu técnicas como o uso da cerâmica e experimentou diferentes formas de alimentação. - Alimentação na Pré-História Não se sabe ao certo de quais frutos e raízes o homem se alimentava nem de onde surgiu o instinto irracional que o fez consumir esses alimentos. É mais fácil ver e colher um fruto maduro do que adivinhar uma raiz comestível enterrada, isso seria descoberto posteriormente. Segundo achados arqueológicos, o homem caçava e se alimentava da carne de animais. O homem de Neanderthal parece ter sido antropófago(se alimentava de carne humana). FOGO??? PALEOLÍTICO(500.000 a.C. a 1.000 a.C.) Nesse período a subsistência era garantida por coleta de frutos e raízes , pesca e caça de diferentes animais selvagens (ursos, rinocerontes, elefantes, renas, cavalos, mamutes, etc) para isso eram utilizados instrumentos rudimentares de osso, madeira os lascas de pedra. Devido a escassez de alimentos, mudanças climáticas e hostilidade do meio ambiente, os grupos humanos viviam como nômades. Ao fazerem essas migrações de um lugar a outro foram percebendo que as sementes que caiam na terra multiplicavam suas colheitas em alguns meses. Com a descoberta da agricultura, deixaram a vida nômade e passaram a se organizar em pequenas aldeias, já que poderiam contar com os alimentos que produziam. Nesse mesmo período a invenção do arco e flecha e do arremessador de lanças foi um marco importante. NEOLÍTICO (10.000 a.C. a 4.000 a.C.) - idade dos metais Marcado pelo desenvolvimento de técnicas de agricultura e domesticação e criação de animais(bovinos, ovinos, caprinos e suínos). A caça já era de animais menores (javalis, lebres, pássaros). Ao fim desse período a intervenção do homem sobre a natureza se tornou mais intensa e as colheitas mais abundantes favoreceram o aumento da população, que passou a se organizar em grupos maiores: as tribos. É nessa época que se inicia a base de nossa alimentação tradicional, que é a cultura de cereais, trigo, milho, arros e cevada foram os primeiros grãos cultivados pelos povos antigos. Também começam a ser produzidas bebidas e alimentos líquidos com o emprego de cereais: raízes, caules, grãos, vagens, brotos, cozidos, ensopados e condimentos. ANTIGO EGITO As elites tinham uma comida farta e variada, as tumbas do antigo Egito mostram os alimentos consumidos pelos faraós: massas, carnes, peixes, laticínios, frutas, legumes, cereais, condimentos, especiarias, mel e bebidas. O homem comum nesse período se alimentava da agricultura, criação de animais, caça e pesca. No Egito antigo o trigo era plantado cerca de 3.000 a. C. Os faraós usavam o trigo como pagamento e faziam pão com ele. Antes mesmo do nascimento de Cristo, gregos e romanos também cultivavam trigo e o levaram para outras partes da Europa. O trigo era considerado um cereal especial, consumido pelos ricos, enquanto os pobres e escravos comiam cevada. Para os egípcios, a saúde e longevidade estava diretamente ligada ao prazer de comer bem. A falta de apetite era considerada um sinal de enfermidade. Eram grandes conhecedores das propriedades das ervas medicinais e já relacionavam a alimentação com a cura de moléstias. Quanto ao arroz, não se tem certeza se é originário da Índia ou da China. Mas sabe-se que, por volta de 2.800 anos a.C., ele era a planta sagrada do imperador da China. Do Oriente, o arroz se espalhou para outras regiões e hoje alimenta mais da metade da humanidade. A disseminação do uso de diferentes tipos de alimentos entre os continentes se deve muito ao comércio e à introdução de plantas e animais domésticos em novas áreas. Os gregos e os romanos tinham um comércio de grande porte, envolvendo plantas comestíveis, azeite de oliva e ainda importavam especiarias no Extremo Oriente em 1000 a.C. - Alimentação na Antiguidade (séc. V a X d.C.) Os médicos desse período conheciam os efeitos preventivos e terapêuticos da alimentação. Textos de Hipócrates, célebre médico da Grécia antiga, revelam alguns produtos alimentícios consumidos pelos gregos e também a associação entre alimentos e o combate a doenças. São citados o cultivo de cevada, trigo, favas, grão-de-bico, lentilhas, gergelim; a criação de bovinos, suínos, ovinos e de cães (para consumo); a caça de javalis, lebres, raposas e aves; a pesca de peixes e moluscos; destaca-se o consumo de queijos, frutas secas e frescas, hortaliças como alho, cebola e agrião e condimentos como poejo, manjericão e tomilho. A principal bebida era o vinho. A alimentação na Roma antiga era bastante parecida com a alimentação na Grécia. - Alimentação na Idade Média (séc. X a XV d. C.) As cozinhas destacavam três sabores fundamentais: o forte, devido às especiarias; o doce, graças ao uso do açúcar; e o ácido, referente ao vinagre, ao vinho e aos sucos de frutas cítricas. Mas as pessoas dessa época preocupavam-se mais com a aparência do que com o sabor dos pratos. Com as cruzadas, que tiveram início em 1096, milhares de peregrinos entraram em contato com o Oriente Médio, estabelecendo-se um intenso comércio. Na Idade Média, as especiarias e ervas aromáticas eram usadas em banquetes para ostentar riqueza. - Idade Moderna A agricultura que antes era de subsistência, passa a ter fins comerciais. Produtos como tomate, batata, milho, arroz e outras espécies alimentares tornam-se importantes na alimentação ocidental. O pão era bastante consumido por todas as classes sociais e as crises na produção de cereais durante esse período tiveram impacto direto sobre a mortalidade. Durante os séculos XV e XVI, Portugal, Espanha e Veneza competiram no financiamento de viagens marítimas visando descobrir centros produtores de especiarias e apoderar-se deles. Essas viagens foram de grande importância para a descoberta de novos alimentos e especiarias - Idade Contemporânea(séc XIX a XX) Agricultura de mercado continuou a crescer e com isso passou a ser cultivada e consumida uma variedade maior de frutas e verduras. O consumo do açúcar, que era restrito à elite, passou a se difundir na alimentação popular. Houve aumento no consumo de ovos e gorduras de origem vegetal e animal. Hoje, há grande variedade de produtos alimentícios, com constantes inovações, como alimentos congelados, enlatados, pré-cozidos, e serviços como fast-food, delivery e self-service. Apesar da globalização tornar os hábitos alimentares aparentemente semelhantes entre os países, cada cultura mantém suas particularidades, refletindo sua identidade local na forma de se alimentar. A descoberta da América por Cristóvão Colombo em 1492 teve importantes repercussões gastronômicas além das políticas e econômicas. As caravelas retornaram à Europa trazendo alimentos até então desconhecidos no continente, como tomate, batata, abacaxi, abacate, amendoim, baunilha, milho, mandioca, feijão e pimentas. Esses ingredientes provocaram uma revolução culinária na Europa. No entanto, inicialmente, alimentos como batata e milho foram desprezados pelas elites, sendo destinados a animais, prisioneiros e camadas pobres. Posteriormente, milho e batata se tornaram fundamentais para a alimentação das populações menos favorecidas, enquanto cacau, baunilha e tomate passaram a ser valorizados pela alta gastronomia. Um estudo comparativo global sobre padrões alimentares (PEKKANIVEW, 1975) revelou grande variação no consumo conforme o nível de desenvolvimento dos países. Regiões desenvolvidas consomem mais alimentos de origem animal, frutas, vegetais e bebidas industrializadas, enquanto os países em desenvolvimento baseiam sua dieta principalmente em cereais e raízes (starchyfoods). O consumo de açúcar tem aumentado em todo o mundo, especialmente na América do Norte, Oceania, Europa e América Latina. O consumo de óleos e gorduras também é elevado nessas regiões. Cervejas e vinhos são as bebidas alcoólicas mais consumidas globalmente, com destaque para a Europa. OBJETIVO 2: DISCUTIR A INFLUÊNCIA DOS FATORES QUE CONTRIBUEM NA FORMAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES DAS DIFERENTES SOCIEDADES. Conceito Explicação Hábitos alimentares Comportamentos individuais ou coletivos relacionados à alimentação, influenciados por fatores culturais, sociais e psicológicos. Padrões alimentares Conjunto de alimentos consumidos regularmente, incluindo tipos, quantidades e frequência – é uma forma de medir ou descrever os hábitos. O hábito é um comportamento aprendido(portanto influenciável) que se tornou automático após várias repetições em um contexto estável. Os hábitos alimentares referem-se ao conjunto de comportamentos individuais ou coletivos relacionados à forma como as pessoas se alimentam, incluindo o que, quando, como, onde e com quem se come. Esses hábitos são moldados por fatores como cultura, religião, condições socioeconômicas, fatores ambientais, estilo de vida, preferências pessoais e ambiente social. Se formam sobretudo na infância. Já os padrões alimentares representam um retrato geral do consumo de alimentos e são caracterizados com base no hábito de ingestão usual, sendo analisados com base na frequência, quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos. A partir da identificação de padrões, é possível compreender a relação entre a alimentação e a saúde de uma população. Exemplos de padrões incluem o padrão ocidental (rico em alimentos ultraprocessados, açúcares e gorduras) e o padrão mediterrâneo (baseado em frutas, vegetais, azeite de oliva, peixes e grãos integrais). Exemplos de padrões alimentares: ● Padrão alimentar mediterrâneo: alto consumo de frutas, vegetais, azeite de oliva, peixes e grãos integrais. ● Padrão ocidental: alto consumo de alimentos ultraprocessados, carnes vermelhas, açúcares e gorduras. ● Padrão tradicional brasileiro: presença de arroz, feijão, carnes, hortaliças e frutas. Se uma pessoa costuma comer fast food 3 vezes por semana, isso é um hábito alimentar. Quando avaliamos várias pessoas com hábitos semelhantes, identificamos um padrão alimentar ocidental. Se uma pessoa opta por não consumir carne e prioriza alimentos como vegetais, frutas, grãos, leguminosas e castanhas em todas as refeições, isso é um hábito alimentar individual. Quando esse tipo de comportamento é adotado por um grupo maior de pessoas, com escolhas semelhantes, podemos identificar um padrão alimentar vegetariano. Estudos internacionais e brasileiros mostram associações consistentes entre padrão alimentar e características sociais, econômicas e de estilo de vida, e apresentam outros fatores que também podem interferir nos padrões de consumo alimentar, como tamanho do domicílio, estado civil e cor da pele do indivíduo. FATORES SOCIAIS A classe social é um dos principais elementos que definem padrões alimentares, ao se relacionar diretamente com o poder de compra e acesso aos alimentos. Escolaridade: pessoas com maior nível educacional tendem a apresentar maior consciência sobre os impactos da alimentação na saúde, maior capacidade de interpretar rótulos nutricionais e maior interesse por práticas alimentares sustentáveis. No entanto, o acesso à informação por si só não garante mudanças de comportamento, uma vez que as escolhas alimentares são mediadas por preferências culturais, tradições familiares, disponibilidade de tempo e recursos. Gênero: Em muitas culturas, as mulheres são historicamente as principais responsáveis pela preparação dos alimentos e pela organização da rotina alimentar familiar. Ao mesmo tempo, expectativas sociais de corpo e estética afetam de maneira distinta homens e mulheres, influenciando restrições alimentares, dietas e comportamentos de consumo. Ciclos de vida e as estruturas familiares: crianças e adolescentes, por exemplo, são altamente suscetíveis à influência da mídia, do ambiente escolar e dos pares, sendo alvos de campanhas publicitárias que incentivam o consumo de produtos ultraprocessados. Já os idosos podem apresentar restrições alimentares associadas ao estado de saúde, à perda de apetite ou ao isolamento social, o que pode comprometer a qualidade da alimentação. A organização do tempo e da rotina social, típica da vida urbana contemporânea, também modifica as práticas alimentares. A escassez de tempo para preparar alimentos frescos e realizar refeições em família tem levado à substituição de pratos caseiros por refeições prontas e ao aumento do consumo fora do lar, muitas vezes em estabelecimentos de fast-food. Esse processo está diretamente relacionado às transformações do mundo do trabalho, à urbanização e às dinâmicas de mobilidade urbana. Influência da mídia e do marketing: Produtos industrializados são frequentemente associados à praticidade, modernidade e felicidade, enquanto alimentos tradicionais ou naturais podem ser desvalorizados ou estigmatizados como ultrapassados ou trabalhosos. Esse fenômeno é particularmente forte entre jovens, contribuindo para o distanciamento das culturas alimentares locais e a adesão a padrões alimentares globalizados. FATORES CULTURAIS A alimentação é um marcador central da identidade de um povo. Ela reforça o sentimento de pertencimento e é frequentemente associada a rituais e celebrações. A cultura, nesse contexto, desempenha um papel central na formação dos hábitos alimentares, moldando o que se come, como se come, com quem se come e o que determinado alimento representa em um dado grupo social. Comer, portanto, é uma forma de organizar o mundo e de expressar pertencimento a um grupo. Tradições culinárias específicas — como a feijoada no Brasil, o kimchi na Coreia ou o curry na Índia — carregam significados que vão além do sabor: são expressões de memória coletiva, práticas herdadas e vínculos afetivos FATORES ECONÔMICOS O alimento está disponível, mas não é acessível para milhões de pessoas que não têm poder aquisitivo nem terras. Portanto, o acesso ao alimento está condicionado ao poder de compra. A condição econômica determina o tipo de alimentação, famílias com maior poder aquisitivo, gastam mais na alimentação, têm mais opções e podem escolher alimentos com mais qualidade. Diferente das famílias mais pobres, que buscam alimentos mais baratos, com menos qualidade e têm uma alimentação pobre de nutrientes. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2017-2018) do IBGE mostra que famílias de menor renda gastam proporcionalmente mais com alimentos básicos e ultraprocessados, enquanto famílias de maior renda diversificam mais a alimentação e consomem mais hortaliças, frutas e carnes magras. Esse cenário força milhões de famílias a priorizarem o custo em detrimento da qualidade, muitas vezes substituindo refeições por alimentos baratos e hipercalóricos. FATORES AMBIENTAIS O ambiente natural — incluindo o clima, o relevo, a vegetação, a hidrografia e a biodiversidade local — define, desde os primórdios da civilização, as possibilidades de obtenção, produção, conservação e consumo de alimentos. Assim, os ecossistemas em que os grupos humanos estão inseridos influenciam diretamente a formação de seus hábitos alimentares, condicionando tanto a oferta de ingredientes disponíveis quanto às técnicas culinárias utilizadas. O clima é um dos fatores ambientais mais determinantes. Regiões tropicais, com temperaturas elevadas e chuvas abundantes, favorecem o cultivo de frutas, raízes e tubérculos, como mandioca, inhame e banana, que são bases alimentares fundamentais em diversas culturas do Sul Global. Zonas temperadas ou frias tendem a desenvolver hábitos alimentares voltados ao consumo de cereais (como trigo, aveia, cevada), leguminosas secase carnes conservadas por defumação, salmoura ou fermentação — técnicas adaptadas à escassez de alimentos frescos durante o inverno. O relevo e a disponibilidade de água moldam padrões produtivos locais. Regiões montanhosas, por exemplo, favorecem o pastoreio e o consumo de laticínios, como se observa nos Alpes europeus, enquanto planícies irrigadas, como no Sudeste Asiático, são ideais para o cultivo de arroz, o que explica sua centralidade na alimentação desses povos. A geografia costeira, por sua vez, está diretamente ligada ao alto consumo de pescados e frutos do mar, constituindo parte essencial da dieta mediterrânea, japonesa, ribeirinha e de diversas comunidades indígenas. A biodiversidade local também exerce forte influência nos hábitos alimentares tradicionais. Povos indígenas e comunidades tradicionais mantêm conhecimentos ecológicos que permitem o uso sustentável de recursos naturais específicos de seus biomas, como frutas nativas, sementes, cogumelos, ervas medicinais e caça. A sociobiodiversidade brasileira, por exemplo, oferece alimentos como o açaí, o baru, a castanha-do-brasil e o pequi, que têm profundo valor cultural e nutricional em suas regiões de origem. Processo de sazonalidade, ou seja, a disponibilidade cíclica de alimentos ao longo do ano. Sociedades tradicionais costumam ter dietas que respeitam os ciclos naturais, adaptando seus hábitos de consumo ao ritmo das colheitas. Já em contextos urbanos modernos, essa relação se rompeu parcialmente devido à industrialização da agricultura, ao uso de agrotóxicos e fertilizantes e à globalização das cadeias alimentares, que permitem o consumo de alimentos fora de época. Nos tempos atuais, a degradação ambiental e as mudanças climáticas vêm alterando drasticamente os padrões alimentares em muitas regiões. O aquecimento global afeta a produtividade agrícola, a disponibilidade de água e a segurança alimentar de populações vulneráveis. OBJETIVO 1: COMPREENDER A HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO MUNDIAL OBJETIVO 2: DISCUTIR A INFLUÊNCIA DOS FATORES QUE CONTRIBUEM NA FORMAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES DAS DIFERENTES SOCIEDADES.