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Fisioterapeuta e ESF

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12 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.3, n.1, p.12-29, jan./dez. 2010 
 
INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO 
PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: UMA 
PROPOSTA ÉTICA E CIDADÃ 
 
Karla Cavalcante Silva Dantas Gama * 
 
RESUMO A estratégia Saúde da Família (PSF) traça um 
novo paradigma para a organização do trabalho em 
saúde. Implementando em 1994, a Saúde da Família 
é pautada no trabalho de todos os profissionais de 
saúde em tempo integral, na delimitação mais precisa 
e radical do território de atuação das equipes, na 
disponibilização dos serviços próximos ao local onde 
as pessoas vivem ou trabalham e na responsabilidade 
compartilhada entre os governos federal, estadual, 
municipal e na composição de equipes 
multiprofissionais. Aliada a isso, evidencia-se a 
incorporação da participação da comunidade no 
trabalho da equipe, o vínculo dos profissionais com os 
indivíduos e famílias, além da qualificação dos 
profissionais para a ampliação de conhecimentos, 
atitudes e habilidades adequados ao novo modelo. A 
inserção do fisioterapeuta nos serviços de atenção 
primária à saúde é um processo em construção, 
associado, principalmente a criação da profissão, 
rotulando o fisioterapeuta como reabilitador, voltando-
se a temas para uma pequena parte de seu objeto de 
trabalho, que é tratar a doença e suas seqüelas. Essa 
lógica de conceitualizacão, durante muito tempo, 
excluiu da rede básica os serviços de fisioterapia, 
acarretando uma grande dificuldade de acesso da 
população a esse serviço e impedindo o profissional 
de atuar na atenção primária do PSF. Baseado nesse 
enfoque o objetivo desse estudo foi realizar uma 
revisão de literatura sobre a inserção do fisioterapeuta 
no PSF. Foram consultadas as bases de dados da 
Bireme (Medline e Liliacs), Scielo e Google 
acadêmico utilizando-se Programa de saúde da 
família, Fisioterapia, Equipe, Inserção e o tempo de 
publicação a partir do ano de 1994, ano de 
implementação do PSF. 
 
Palavras-chave: Programa Saúde da Família. Fisioterapia. 
 Equipe. Inserção. 
 
 
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* FAINOR.E-mail: 
karlinhakau@hotmail.com 
 
GAMA, K. C. S. D. 
 
 
 
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1 INTRODUÇÃO 
 
O Programa Saúde da Família 
(PSF) foi introduzido no Brasil em 1994 
pelo Ministério da Saúde, com o objetivo 
de reordenar as práticas de saúde no 
âmbito da atenção básica em novas 
bases e critérios, com foco na família, a 
partir do seu ambiente físico e social. 
Posteriormente definido como estratégia, 
reafirma e incorpora os princípios básicos 
do Sistema Único de Saúde (SUS) de 
universalização, descentralização, 
integralidade e participação da 
comunidade (GROISMAN; MORAIS; 
CHAGAS, 2005). 
 Como foco central o PSF define a 
criação de vínculos e a formação de 
alianças de compromisso e de co-
responsabilidade entre a população e os 
profissionais de saúde, fazendo com que 
a família passe a ser o objeto precípuo de 
atenção, entendida a partir do ambiente 
onde vive, rompendo os muros das 
unidades de saúde. Ele defende uma 
característica inter e multidisciplinar de 
responsabilidade sobre a população que 
reside na área de abrangência de suas 
unidades de saúde (SANTOS, 2000). 
 Segundo Sousa (2000) as equipes 
têm como pressuposto uma atuação 
diferenciada, onde o vínculo e o 
sentimento de pertencer à comunidade 
são traduzidos em valorização profissional 
e formas diferenciadas de remuneração. A 
equipe mínima de saúde da família é 
composta por médico, odontólogo, 
enfermeiro, auxiliar de enfermagem e 
agente da saúde. Outros profissionais de 
saúde como por exemplo o fisioterapeuta, 
podem ser incorporados de acordo com a 
demanda local. 
Portanto, a fisioterapia vem como 
uma resposta às necessidades da 
comunidade sendo o PSF uma forma 
atual de viabilizar esse acesso. O 
fisioterapeuta pode e deve atuar nos 
serviços como profissional de primeiro 
contato, com a habilidade de avaliar o 
usuário, e caso necessário, prescrever a 
melhor conduta, estabelecer o 
prognóstico e decidir-se pela alta 
fisioterapeutica provisória ou definitiva. 
 Embora, o fisioterapeuta tenha sua 
atuação historicamente construída na 
reabilitação, é possível atuar na promoção 
e manutenção da saúde, a partir de uma 
compreensão mais abrangente sobre os 
determinantes sociais do processo saúde-
doença e da necessidade de uma atuação 
Inserção do fisioterapeuta no programa de saúde da família: uma proposta ética e cidadã 
 
 
 
 
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comprometida com conquistas sociais. 
Inclusive porque, na Fisioterapia, é 
indissociável a atuação na recuperação e 
na prevenção, ou seja, no tratamento de 
recuperação da disfunção do paciente, 
sempre é realizado o trabalho preventivo 
de forma concomitante. Portanto, as 
possibilidades de atuação não devem se 
restringir às concepções tradicionalmente 
facultadas a esse profissional. Além da 
utilização de recursos terapêuticos 
específicos, em especial a cinesioterapia 
e os recursos terapêuticos manuais, é de 
fundamental importância que sua atuação 
possa interferir no meio em que o usuário 
vive, da forma mais ampla possível, 
visando maior integração com a estrutura 
física de sua residência e a facilitação da 
convivência diária com seus familiares. 
 Baseado nas ações mínimas de 
atenção básica nos deparamos com uma 
realidade antiquada, porém esquecida, 
sobre a necessidade de inter e 
multidisciplinaridade que dificilmente 
constatamos na prática e assim, é notória 
a importância do fisioterapeuta e da sua 
inserção na equipe da atenção básica 
devido à grande demanda de pessoas 
que precisam do serviço, mas que são 
impossibilitadas pelos limites físicos que 
muitas patologias trazem, como também 
os limites arquitetônicos encontrados nas 
comunidades periféricas (ladeiras, ruas 
com buracos, etc) e fora isso as 
condições sócio-econômicas, que em sua 
maioria são precárias, até mesmo para 
gastos em transportes. Contudo, se 
ultrapassam todas essas dificuldades e 
vão para o centro de reabilitação (público) 
onde muitas vezes não se tem vaga ou 
ficam aguardando numa lista de espera 
(SOUSA, 2000). 
 Embora, o fisioterapeuta tenha sua 
atuação historicamente construída na 
reabilitação, é possível atuar na promoção 
e manutenção da saúde, a partir de uma 
compreensão mais abrangente sobre os 
determinantes sociais do processo saúde-
doença e da necessidade de uma atuação 
comprometida com conquistas sociais. 
O Projeto de Lei (PL) 3256, 
apresentado em 2004 propõe que “A 
atuação do fisioterapeuta como ação 
indispensável no atendimento da 
população inserida no Programa de 
Saúde da Família”. O PL prevê a 
obrigatoriedade da inserção desses 
profissionais nas equipes do PSF, 
entendendo que essa obrigatoriedade é 
fundamental para garantir o acesso à 
GAMA, K. C. S. D. 
 
 
 
 
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população brasileira aos "meios e 
técnicas necessários para a resolução de 
problemas relacionados a esta 
especialidade" (AGÊNCIA COFFITO, 
2008). 
Nesta perspectiva o objetivo deste 
estudo foi realizar umarevisão de 
literatura sobre a inserção do 
fisioterapeuta no Programa de Saúde da 
Família (PSF). Os objetivos específicos 
são: descrever a atuação do 
Fisioterapeuta na atuação básica e 
averiguar as contribuições do 
Fisioterapeuta para a Atenção Básica no 
PSF; expondo sua metodologia, 
juntamente com a necessidade vigente de 
que o profissional fisioterapeuta faça parte 
desta realidade. Dessa revisão é possível 
concluir que há uma produção escassa 
sobre a relação existente entre a questão 
do fisioterapeuta e sua inserção no PSF. 
As referências apresentadas 
representam uma amostra significativa da 
produção sobre o tema PSF. Os estudos 
apresentados foram selecionados pelo 
foco em diferentes abordagens sobre o 
Programa de Saúde da Família, trazendo, 
assim, uma breve revisão sobre a 
inserção do Fisioterapeuta no PSF. Aqui 
as conclusões refletem o consenso sobre 
as principais questões e direções futuras 
desejáveis para a inserção do profissional 
fisioterapeuta no Programa de Saúde da 
Família. 
O material apresentado está 
organizado em quatro partes: 1) breve 
histórico sobre a criação do Programa de 
Saúde da Família (PSF), 2) o surgimento 
da fisioterapia, 3) o fisioterapeuta e suas 
áreas de atuação, e 4) PSF versus 
fisioterapia: as contribuições do 
fisioterapeuta para a Atenção Básica e, no 
final a conclusão. 
 
2 BREVE HISTÓRICO SOBRE A CRIA-
ÇÃO DO PSF 
 
 A idéia que deu vida ao PSF surgiu 
em 1991, graças aos programas de 
agentes comunitários de saúde, com a 
finalidade de ajudar na redução das 
mortalidades infantil e materna, 
principalmente nas regiões mais 
necessitadas Norte e Nordeste. A partir da 
experiência vivida no Ceará com o 
Programa de Agentes Comunitários de 
Saúde (PACS), o Ministério da Saúde 
sente a imprescindível importância de 
Agentes nos serviços básicos de saúde 
no município e resolve dar atenção à 
Inserção do fisioterapeuta no programa de saúde da família: uma proposta ética e cidadã 
 
 
 
 
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família como aspecto de maior atenção e 
não mais dando atenção exclusiva ao 
indivíduo e sim, aplicando a noção de 
cobertura por família (GALLO, 2005; 
COSTA NETO; MENEZES, 2000). 
 Desta forma, o PSF foi idealizado a 
partir de uma reunião realizada nos dias 
27 e 28 de dezembro de 1993 em Brasília 
DF, que teve como tema “Saúde da 
Família”, convocada pelo gabinete do 
Ministro da Saúde Henrique Santillo com 
apoio do UNICEF e a partir de 1994 
começaram a serem formadas as 
primeiras equipes do Programa de Saúde 
da Família. A reunião foi acertada na 
discussão de uma nova proposta devido 
ao sucesso do PACS e da grande 
precisão de acrescentar outros 
profissionais para que os agentes não 
atuassem isoladamente. Vale lembrar que 
a supervisão do trabalho do agente 
comunitário pelo enfermeiro, no Ceará, foi 
um primeiro passo no processo de 
incorporação de novos profissionais 
(GALLO, 2005). 
 Deve-se ressaltar que esse 
movimento de “olhar a família” aconteceu 
em muitos países, e a formulação do PSF 
teve em seu benefício o desenvolvimento 
anterior de modelos de assistência à 
família no Canadá, Cuba, Suécia e 
Inglaterra, servindo assim, como 
referência para a formação do programa 
brasileiro. Para o Ministério da Saúde 
(1994) o PSF é uma estratégia que busca 
atingir o indivíduo e a família de maneira 
absoluta e contínua, desenvolvendo 
ações de promoção, proteção e 
recuperação da saúde, reorganizando a 
prática assistencial, centrada no hospital, 
passando a dar atenção a família em seu 
ambiente físico e social. PSF pode ser 
definido como: “um modelo de atenção 
que pressupõe o reconhecimento de 
saúde como um direito de cidadania, 
trabalhando na melhoria das condições de 
vida”. No que diz respeito a área de 
saúde, essa melhoria deve ser traduzida 
em serviços mais eficazes, integrais e 
principalmente humanizados. 
 O programa saúde da família é 
uma estratégia que tem como meta dar 
prioridade as ações de promoção, 
proteção, recuperação da saúde de cada 
indivíduo e da família em si, sem 
discriminação alguma (BRASIL, 2005). 
 O PSF tem como objetivo principal 
a reorganização da prática assistencial, 
buscando substituir o modelo tradicional 
assistencial, focado para cura de 
GAMA, K. C. S. D. 
 
 
 
 
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doenças, os grandes exemplos são os 
hospitais. A atenção prioriza a família, 
onde começa a ter um entendimento 
plausível do ambiente físico e social, isso 
faz com que às equipes de saúde da 
família compreendam melhor o processo 
saúde/doença e a necessidade de 
interferências que vão além das práticas 
curativas. 
 Diferente da idéias que se tem 
sobre a maioria dos programas em nível 
central, o PSF é uma estratégia que 
permite a integração e gera a organização 
dessas atividades em um território 
definido. 
 A estratégia da Saúde da Família 
reafirma e inclui os princípios 
fundamentais do Sistema Único de Saúde 
(SUS): universalização, descentralização, 
integralidade e participação da 
comunidade. Essa estratégia está 
formatada a partir da Unidade de Saúde 
da família, uma unidade pública de saúde, 
que tenha uma equipe multiprofissional 
que adota a responsabilidade por uma 
determinada população, conectada a 
mesma, desenvolvendo ações de 
promoção de saúde e prevenção de 
doenças, tratamento e reabilitação de 
agravos (BRASIL, 2005). 
 Os perfis de pacientes que mais 
procuram o PSF são os: hipertensos, 
diabéticos, cardiopatas, pneumopatas 
(pneumonias, asma), gestantes e idosos 
(artrite, artrose, bursites, osteoporose, 
lombalgia, AVE). 
 
3 O SURGIMENTO DA FISIOTERAPIA 
 
 O surgimento da fisioterapia no 
Brasil foi um tanto turbulenta. O país vivia 
a época da industrialização, daí então 
houve o início da utilização dos recursos 
físicos na assistência à saúde por volta de 
1879, trazendo características da área da 
saúde na mesma época. Seus objetivos 
eram quase que totalmente voltados à 
assistência curativista e reabilitadora. Em 
1929 com a instalação do serviço de 
fisioterapia do instituto do Radium Arnaldo 
Vieira de Carvalho para assistência aos 
pacientes do Hospital de São Pedro pelo 
médico Dr. Waldo Rolim de Moraes, 
começou de forma discreta mais 
importante para dar espaço ao 
nascimento da fisioterapia no Brasil, em 
seguida, organizou o serviço de 
Fisioterapia do Hospital das Clínicas, 
iniciando em 1951 o primeiro curso para 
Inserção do fisioterapeuta no programa de saúde da família: uma proposta ética e cidadã 
 
 
 
 
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formação de técnicos em fisioterapia, até 
1956 (REBELATTO; BOTOMÉ, 1999). 
 A fisioterapia no Brasil naquela 
época era exclusivamente focada para 
reabilitação da população ou indivíduo, 
tanto que, em 1959, médicos brasileiros 
por meio de entendimento com órgãos 
internacionais fundaram o Instituto 
Nacional de Reabilitação, onde se 
formava fisioterapeutas. Inclusive houve 
na época outros fatores decisivos para 
que a fisioterapia continuasse a tomar o 
rumo reabilitador. Dentre eles tiveram a 
incidência de poliomielite no Brasil na 
década de 1950 deixando indivíduos com 
grande quantidadede seqüelas motoras 
necessitando de uma reabilitação para 
sociedade, imensa quantidade de 
pessoas lesadas pelos acidentes de 
trabalho, cursando com um dos maiores 
índices da América do Sul (REBELATTO; 
BOTOMÉ, 1999). 
Na Antigüidade, período abrangido 
entre 4.000 a.C. e 395 d.C. havia uma 
grande preocupação com as pessoas que 
apresentavam certas “diferenças 
incômodas", a maior preocupação era 
extinguir essas diferenças através de 
recursos, técnicas, instrumentos e 
procedimentos. Inicialmente era usada 
ginástica apenas para fins terapêuticos, 
ou seja, eram utilizadas no tratamento das 
disfunções orgânicas já instaladas 
(GIUSTINA, 2002). 
A idade média (período entre os 
séculos IV e XV) foi uma época onde 
houve uma suspensão na melhoria dos 
estudos e da atuação na área da Saúde. 
Nesse período o corpo humano manteve 
sobre efeito da influência religiosa, sendo 
considerado algo inferior. Desta forma, o 
exercício estava impedido em sua forma 
anterior de aplicação, a curativa, passou a 
usá-lo para diferentes fins: a nobreza e o 
clero tinham como objetivo o aumento da 
potência física, enquanto, para burgueses 
e lavradores os exercícios serviam 
exclusivamente como diversão 
(REBELATTO; BOTOMÉ, 1999; 
GIUSTINA, 2002). 
No Renascimento (período entre os 
séculos XV e XVI), começa a retomar 
certa preocupação com o corpo saudável. 
Época em que se notava uma apreensão 
com o tratamento e cuidados com o 
organismo lesado e com o mantimento 
das condições normais existentes em 
organismos sadios. Na época da 
industrialização, período historicamente 
envolvido pelos séculos XVIII e XIX, 
GAMA, K. C. S. D. 
 
 
 
 
C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.3, n.1, p.12-29, jan./dez. 2010 19 
retoma o velho interesse pelas "diferenças 
incômodas". O então novo sistema 
maquinado, otimizava o crescimento da 
produção industrial, onde uma população 
explorada era sujeita a exaustivas e 
excessivas jornadas de trabalho, tendo 
condições alimentares e sanitárias difíceis 
provocando novas doenças como as 
epidemias de cólera, tuberculose 
pulmonar, alcoolismo e os inúmeros 
acidentes do trabalho. Então começa 
aparecer à grande preocupação das 
classes dominadoras para não perder ou 
diminuir a sua fonte enriquecedora gerada 
pela grande força de trabalho da classe 
proletariado. Nessa época o homem 
parecia ter centralizado seus esforços na 
descoberta de novos métodos de 
tratamento das doenças e de suas 
seqüelas (GIUSTINA, 2002). 
Sendo assim a aplicação de 
recursos elétricos, térmicos e hídricos, 
além desses a aplicação de exercícios 
físicos evoluiu com atenção voltada para o 
atendimento do indivíduo doente. Na 2º 
Guerra Mundial surgiram as escolas de 
Cinesioterapia, visando o tratamento ou 
reabilitação dos lesados, ou mutilados 
que precisavam imediatamente recuperar 
um mínimo possível de condições para 
retornar a uma atividade social integrada 
e produtiva. 
 Segundo à Revista Coffito (2005) a 
Fisioterapia hoje, é uma ciência atuante 
na área de Saúde que estuda, previne e 
trata os distúrbios cinéticos funcionais 
presentes em órgãos e sistemas do corpo 
humano, adquiridos por distúrbios 
genéticos, traumas e doenças que 
ocorrem durante a vida. Fundamenta suas 
ações em mecanismos terapêuticos 
próprios, sistematizados pelos estudos da 
biologia, das ciências morfológicas, das 
ciências fisiológicas, das patologias, da 
bioquímica, da biofísica, da biomecânica, 
da cinesia, da sinergia funcional, e da 
patologia de órgãos e sistemas do corpo 
humano e as disciplinas comportamentais 
e sociais. 
 
4 O FISIOTERAPEUTA E SUAS ÁREAS 
DE ATUAÇÃO 
 
 O fisioterapeuta é um profissional 
da área da saúde, com formação 
acadêmica Superior, respaldado à 
conclusão do diagnóstico dos distúrbios 
cinéticos funcionais (Diagnóstico 
Cinesiológico Funcional), a prescrição das 
condutas fisioterapêuticas, a sua 
Inserção do fisioterapeuta no programa de saúde da família: uma proposta ética e cidadã 
 
 
 
 
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execução no paciente bem como, seu 
acompanhamento, sua evolução clínica 
funcional e plenas condições para se 
responsabilizar da alta do tratamento. 
Atividade de saúde, regulamentada pelo 
Decreto-Lei 938/69, Lei 6.316/75, 
Resoluções do COFFITO, Decreto 
9.640/84, Lei 8.856/94 (FISIOTERAPIA, 
2009). 
 Segundo o COFFITO - Conselho 
Federal de Fisioterapia e Terapia 
Ocupacional (2009) as áreas da 
fisioterapia são diversas, dentre as quais, 
Fisioterapia Clínica em Ambulatórios, 
Consultórios, Centros de Reabilitação, 
Hospitais e clínica; Saúde Coletiva em 
Ações Básicas de Saúde, Fisioterapia do 
Trabalho, Programas institucionais, 
Vigilância Sanitária; Educação em Direção 
e coordenação de cursos, Docência - 
níveis: secundário e superior, Extensão, 
Pesquisa, Supervisão técnica e 
administrativa e outras como Esporte, 
Indústria de equipamentos de uso 
fisioterapêutico. Como especialidades são 
encontradas, Acupuntura (Resoluções 
Coffito 201/99 e 219/00); Quiropraxia 
(Resolução Coffito 220/01); Osteopatia 
(Resolução Coffito 220/01); Fisioterapia 
Dermato-Funcional (Resolução 
Coffito 362/09); Fisioterapia em Saúde 
Coletiva (Resolução Coffito 363/09); 
Fisioterapia Neuro Funcional 
(ResoluçãoCoffito 189/98); Fisioterapia 
Onco-Funcional (Resolução Coffito 
364/09); Fisioterapia Pneumo Funcional 
(Resolução Coffito 188/98); Fisioterapia 
Traumato-Ortopédica Funcional 
(Resolução Coffito 260/04); Fisioterapia 
Urogineco-Funcional (Resolução Coffito 
365/09). 
 Portanto, o fisioterapeuta é 
qualificado para exercer atendimento na 
Atenção Básica, assim como também nos 
âmbitos da saúde primário, secundário e 
terciário, atuando na promoção, 
prevenção e na reabilitação da saúde 
como num todo. 
 
5 PSF VERSUS FISIOTERAPIA: 
CONTRIBUIÇÕES DO FISIOTERAPEU-
TA PARA A ATENÇÃO BÁSICA 
 
O PSF surgiu no final de 1993, 
para atender o núcleo familiar enfrentando 
os problemas na implantação do Sistema 
Único de Saúde (SUS), descentralizando 
os serviços de acordo com as reais 
necessidades da população que se 
manifestam como prioridades (SANTOS, 
GAMA, K. C. S. D. 
 
 
 
 
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 2000). 
O Ministério da Saúde determina 
que para implantação do PSF deve-se ter 
uma clientela de, no máximo, 4.500 
pessoas e uma equipe composta de no 
mínimo, um médico, um enfermeiro, 
auxiliares de enfermagem e agentes 
comunitários de saúde (BRASIL, 1994). 
 O PSF propõe uma nova dinâmica 
para estruturação dos serviços de saúde, 
assim como para a relação com a 
comunidade e para diversos níveis de 
assistência. Assume o compromisso de 
prestar assistência integral à população 
na unidade de saúde e no domicílio de 
acordo com as necessidades, 
identificando fatores de risco aos quais 
ela está exposta intervindo de forma 
apropriada. Propõe-se a humanizar as 
práticas de saúde, buscando a satisfação 
dos usuários, por meio do estreito 
relacionamento dos profissionais com a 
comunidade, tendo sempre a saúde como 
direito de cidadania (SOUSA, 2000) 
Consiste em orientação do 
Ministério da Saúde (BRASIL, 1994) a 
implantação do PSF como estratégia para 
reorganizar a Atenção Básica. Para issoela deve ser acompanhada de 
redefinições de referências, em especial 
do primeiro nível. Enquanto isso não se 
concretiza, as unidades atuam nas 
responsabilidades mínimas da Atenção 
Básica que são: controle da tuberculose, 
eliminação da hanseníase, controle da 
hipertensão arterial, controle de diabetes 
mellitus, ações de saúde bucal, ações da 
saúde da criança e ações da saúde da 
mulher. 
O PSF teve como antecedente o 
Programa de Agentes Comunitários de 
Saúde (Pacs), lançado em 1991, no qual 
já se trabalhava a família como unidade 
de ação programática. Os bons resultados 
do Pacs, particularmente na redução dos 
índices de mortalidade infantil, levaram à 
busca da ampliação e maior 
resolutividade das ações e, a partir de 
janeiro de 1994, começaram a ser 
formadas as primeiras Equipes de Saúde 
da Família (ESFs) (RONCALLI, 2003). 
O PSF produziu um consenso 
quanto a um projeto de mudança do 
modelo de saúde hegemônico que 
nenhum outro projeto na história do SUS 
conseguiu. Contribuiu, ainda, para o 
acirramento das discussões sobre a 
necessidade de uma nova lógica de 
financiamento, que não a por 
procedimentos (ANDRADE, 2001). 
Inserção do fisioterapeuta no programa de saúde da família: uma proposta ética e cidadã 
 
 
 
 
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É de grande importância tornar a 
“questão” da Fisioterapia acessível a toda 
população, pois é crescente a quantidade 
de pessoas nas comunidades, que 
necessitam deste serviço e não possuem 
condições, em sua maioria, de deslocar-
se para um estágio nas unidades de PSF 
localizadas em outro bairro que não seja o 
seu. Para suprir as novas políticas de 
saúde, fazem-se necessárias mudanças 
ou até mesmo “reformas” na formação 
dos recursos humanos, adaptando-os a 
nova realidade do "tratar em saúde". 
Trata-se de um processo de 
transformação complexo, que deve iniciar-
se durante a graduação e manter-se como 
um processo de educação continuada 
após a inserção deste profissional no 
mercado de trabalho. Faz-se necessário 
também ressaltar a necessidade da 
Fisioterapia na atenção primária de saúde 
não apenas com a reabilitação, como 
também no sentido de ações educativas 
(RIBEIRO, 2002). 
O Ministério da Saúde (BRASIL, 
2004) propõe que as atividades 
desenvolvidas pela equipe de saúde da 
família sejam freqüentemente avaliadas e 
adaptadas às necessidades da 
comunidade, sendo fundamental o 
acompanhamento dos dados que servirão 
de base para o planejamento e 
redirecionamento das ações. 
Portanto, a fisioterapia vem como 
uma resposta às necessidades da 
comunidade sendo o PSF uma forma 
atual de viabilizar esse acesso. O 
fisioterapeuta pode e deve atuar nos 
serviços como profissional de primeiro 
contato, com a habilidade de avaliar o 
usuário, e caso necessário, prescrever a 
melhor conduta, estabelecer o 
prognóstico e decidir-se pela alta 
fisioterapêutica provisória ou definitiva. 
Embora, o fisioterapeuta tenha sua 
atuação historicamente construída na 
reabilitação, é possível atuar na promoção 
e manutenção da saúde, a partir de uma 
compreensão mais abrangente sobre os 
determinantes sociais do processo saúde-
doença e da necessidade de uma atuação 
comprometida com conquistas sociais. 
Inclusive porque, na Fisioterapia, é 
indissociável a atuação na recuperação e 
na prevenção, ou seja, no tratamento de 
recuperação da disfunção do paciente, 
sempre é realizado o trabalho preventivo 
de forma concomitante. Portanto, as 
possibilidades de atuação não devem se 
restringir às concepções tradicionalmente 
GAMA, K. C. S. D. 
 
 
 
 
C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.3, n.1, p.12-29, jan./dez. 2010 23 
facultadas a esse profissional. Além da 
utilização de recursos terapêuticos 
específicos, em especial a cinesioterapia 
e os recursos terapêuticos manuais, é de 
fundamental importância que sua atuação 
possa interferir no meio em que o usuário 
vive, da forma mais ampla possível, 
visando maior integração com a estrutura 
física de sua residência e a facilitação da 
convivência diária com seus familiares. 
“A atuação do fisioterapeuta como 
ação indispensável no atendimento da 
população inserida no Programa de 
Saúde da Família” Essa é a proposta do 
Projeto de Lei (PL) 3256, apresentado em 
2004. O PL prevê a obrigatoriedade da 
inserção desses profissionais nas equipes 
do PSF, entendendo que essa 
obrigatoriedade é fundamental para 
garantir o acesso à população brasileira 
aos "meios e técnicas necessários para a 
resolução de problemas relacionados a 
esta especialidade" (AGÊNCIA COFFITO, 
2008). 
Segundo a Agência Coffito (2008), 
o voto favorável do relator do projeto abre 
uma possibilidade destas equipes 
começarem a contar com um 
fisioterapeuta. O Conselho Federal de 
Fisioterapia e Terapia Ocupacional 
(Coffito) que acompanha essas 
discussões elogia empenho dos 
parlamentares para efetivar tal ação. O 
presidente do Coffito, Dr. Euclides Poubel 
e Silva destaca que esta sempre foi uma 
luta árdua, que agora recebe o 
reconhecimento dos parlamentares. Para 
ele esta foi uma vitória importantíssima da 
Terapia Ocupacional e da Fisioterapia, 
possibilitando às duas profissões, 
estabelecer uma relação de proximidade 
com a população, além de cumprir com o 
papel de atuar na prevenção à saúde, 
meta do programa para reduzir as 
internações hospitalares e, 
conseqüentemente, os gastos públicos 
com esse tipo de ação de saúde. 
O Coffito acredita que os inúmeros 
trabalhos e experiências dos terapeutas 
ocupacionais e fisioterapeutas nos 16 
anos de implementação do Programa de 
Saúde da Família demonstram a 
necessidade dessas categorias 
integrarem esse grupo buscando a 
consolidação de uma equipe 
interdisciplinar. A fisioterapia poderá 
dessa forma contribuir em áreas como na 
saúde da mulher, trabalhando com grupos 
de gestantes dando orientações que irão 
prepará-las para o parto, além de 
Inserção do fisioterapeuta no programa de saúde da família: uma proposta ética e cidadã 
 
 
 
 
24 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.3, n.1, p.12-29, jan./dez. 2010 
 
desenvolver exercícios respiratórios, 
necessários para uma gestação sem 
riscos. Na saúde do trabalhador dando 
orientações sobre postura e investindo na 
reeducação postural. A luta ainda não 
terminou, pois o projeto ainda tem de ser 
aprovado na Comissão de Finanças e 
Tributação, além da de Constituição, 
Justiça e Cidadania (AGÊNCIA COFFITO, 
2008). 
Todavia as políticas municipais têm 
se organizado com base no Programa de 
Saúde da Família (PSF), que se perpetua 
no nível da atenção básica e persegue o 
objetivo final de promover a qualidade de 
vida e bem estar individual e coletivo, por 
meio de ações e serviços de promoção, 
proteção e recuperação da saúde. Mas a 
presença escassa do Fisioterapeuta no 
PSF ainda é questionada. O que falta aos 
conselhos e associações profissionais 
destas áreas é uma proposta do que pode 
ser feito na organização desses serviços 
nos municípios, dentro de uma visão de 
saúde pública. Sob um olhar crítico, seria 
de grande importância a inserção e a 
importância da atuação social deste 
profissional, em especial no Nordeste 
brasileiro (BARROS, 2002). 
 A atenção primária prevê a 
 resolutividade das necessidades desaúde que extrapolam a esfera de 
intervenção curativa e reabilitadora 
individual, através da promoção da saúde, 
prevenção de doenças e educação 
continuada (PAIM; ALMEIDA FILHO, 
1998). 
O sistema único de saúde tem 
apresentado resultados positivos nos 
propósitos de universalização, 
descentralização e ampliação de 
cobertura dos serviços de saúde. Avança 
com mais dificuldade na garantia da 
qualidade, equidade e na resolutividade 
da assistência ambulatorial e hospitalar, 
principalmente, pela falta de profissionais 
habilitados a prestar assistência integral 
de saúde (BADUY; OLIVEIRA, 2001). 
 Para solidificação e inserção do 
Fisioterapeuta no Programa Saúde da 
Família (PSF) faz-se necessária uma 
adaptação dos profissionais de saúde à 
nova estratégia, abordando como eixos 
principais a universalidade, equidade, 
integralidade e a saúde vista em sua 
positividade. A Fisioterapia nos tempos 
passados adotou como foco de trabalho a 
exclusividade ao indivíduo doente, só que 
agora com sua inclusão gradual no PSF 
também torna-se um grande responsável 
GAMA, K. C. S. D. 
 
 
 
 
C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.3, n.1, p.12-29, jan./dez. 2010 25 
pela mudança na abordagem, visando a 
não exclusividade do doente e sim a 
família como um todo (GALLO, 2005). 
 A saúde da família consta de 
cuidados imprescindíveis para assegurar 
aos cidadãos serviços de qualidade. Nos 
PSF’s existem programas que visam 
controlar determinadas campanhas, como 
por exemplo a campanha para a 
minimização do Diabetes Mellitus. Porém 
existe a necessidade de implantação de 
campanhas preventivas abordando temas 
voltados à reabilitação, osteoporose, 
hipertensão, AVC, entre outras patologias 
(CLAVE, 2008). 
 E é exatamente neste ponto que 
também entra o profissional 
Fisioterapeuta, seja na própria unidade de 
Saúde de Família, como também se 
estendendo para o atendimento à 
domicílio daquela população circunscrita 
àquele PSF, àquele bairro, etc. 
Em relação ao trabalho do 
Fisioterapeuta no PSF, de acordo a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) a 
Assistência Domiciliar como fornecimento 
de serviços de saúde por prestadores 
formais e informais objetiva promover, 
restaurar e manter o conforto, função e 
saúde das pessoas num nível máximo, 
inclusive abrangendo cuidados para uma 
morte digna. Estes serviços de assistência 
domiciliar podem ser classificados nas 
categorias de preventivos, terapêuticos, 
reabilitadores, acompanhamento por 
longo tempo e cuidados paliativos 
(BARROS, 2002). 
O Atendimento Fisioterapêutico a 
Domicilio é um serviço disponibilizado aos 
pacientes que apresentam qualquer 
impasse para realizar o seu tratamento 
fisioterápico em clínicas, Hospitais e 
mesmo no PSF do seu bairro, sendo por 
motivos de transporte, tempo, distância ou 
condições físicas, entre outros. O 
profissional Fisioterapeuta atende, trata e 
reabilita na casa do paciente, a depender 
das suas necessidades. O Fisioterapeuta 
atua nos distúrbios Neurológicos da 
criança, adulto e do idoso (AVE, TCE, 
TRM, Paralisia cerebral, Parkinson, etc), 
Ortopédicos (fraturas, entorses, 
contusões, coluna vertebral, postura, etc), 
Respiratórios (Asma, DPOC, Bronquite, 
etc), como também na Saúde Mulher 
(Gineco-obstetrícia, insuficiência urinária, 
etc), incluindo promoção de saúde, 
prevenção de doenças e qualidade de 
vida para a população em geral 
(ARRUDA, 2006; DUMAS, 2007). 
Inserção do fisioterapeuta no programa de saúde da família: uma proposta ética e cidadã 
 
 
 
 
26 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.3, n.1, p.12-29, jan./dez. 2010 
 
Ao ser constatado uma melhora por 
parte do paciente e também sua 
possibilidade de se dirigir ao ambulatório, 
o fisioterapeuta deve tentar encaminhá-lo 
para que ele possa interagir com a 
sociedade não se limitando apenas ao 
ambiente familiar (ARRUDA, 2006). 
 Para a concretização da entrada do 
Fisioterapeuta na equipe do Programa 
Saúde da Família (PSF) faz-se necessária 
uma adaptação e a integração dos 
profissionais de saúde à nova estratégia, 
colocando como prática diária os 
princípios do SUS, abordando como eixos 
principais a universalidade, equidade, 
integralidade e a saúde vista em sua 
positividade (GALLO, 2005). 
A integração entre os membros da 
equipe permite que os profissionais 
troquem informações relacionadas aos 
pacientes para tomar a conduta adequada 
de acordo com cada necessidade 
identificada pela equipe. O fisioterapeuta 
como também cada membro da equipe 
tem o seu papel no Programa, e 
desempenhá-lo com dedicação torna o 
trabalho gratificante e reconhecido pela 
comunidade e equipe. O trabalho em 
equipe é muito importante para dispensar 
assistência integral ao paciente e família. 
Quando todos os membros conhecem as 
necessidades das famílias, a abordagem 
acontece em sua totalidade e é mais 
eficaz, pois toda a equipe participa do 
acompanhamento (OLIVEIRA; SPIRI, 
2006). 
O complexo família/paciente sente-
se satisfeito ao ter seus problemas 
resolvidos e consegue confiar na equipe 
permitindo maior envolvimento. O vínculo 
estabelecido melhora a qualidade da 
assistência porque o paciente/família 
aderem ao Programa e participam nas 
intervenções, além de possibilitar que as 
confidências pessoais ocorridas nas 
visitas domiciliares desenvolvam a 
compreensão de necessidades dos 
sujeitos e a ética das relações. A 
população reconhece o desempenho dos 
profissionais e a efetividade do trabalho, o 
que facilita a disseminação do Programa 
(GONÇALVES; MILGLIORINI, 2007). 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Nesta perspectiva, fica evidente a 
necessidade de estudos para aprimorar 
não só o conhecimento sobre o Programa 
de Saúde da Família, como também a 
associação entre PSF e a inserção do 
GAMA, K. C. S. D. 
 
 
 
 
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Fisioterapeuta neste programa. Para 
alcançar os objetivos propostos, torna-se 
necessário o incentivo a educação 
permanente como estratégia na 
reorganização dos serviços de saúde, 
integrando todos os membros envolvidos 
no processo e fazendo do PSF junto à 
implementação da Fisioterapia, uma 
proposta ética e cidadã. 
 
 
INSERTION OF THE PHYSIOTHERAPIST IN THE FAMILY HEALTH PROGRAM: A 
PROPOSAL ETHICS AND CITIZENS 
 
 
ABSTRACT The Family Health Strategy (PSF) provides a new paradigm for the 
organization of health work. Implementing in 1994, Family Health is 
guided by the work of all health professionals in full-time, in more 
precise delimitation of the territory and radical performance of the 
teams in the availability of services close to where people live or 
work and shared responsibility among federal, state, municipal and 
composition of multidisciplinary teams. Allied to this, shows the 
incorporation of community participation in team work, the bond of 
professionals with individuals and families, including the 
qualifications of professionals to increase their knowledge, attitudes 
and skills appropriate to the new model. The inclusion of 
physiotherapist services in primary health care is an evolving 
process, associate, particularly the creation of the profession by 
labeling the physiotherapist as rehabilitation, returning to themes for 
a small portion of its work object, which is to treat disease and its 
sequelae. This logic of conceptualization, havelong been excluded 
from the basic network services of physiotherapy, causing great 
difficulty for the population's access to this service and preventing 
professional work in primary care by the PSF. Based on this 
approach the objective of this study was to review the literature on 
the insertion of the physiotherapist in the PSF. We consulted the 
databases of BIREME (Liliacs and Medline), Scielo and Google 
academic program using family health, Physiotherapy, Insertion, 
Team, Insert; and the time of publication from the year 1994, year of 
implementation of the PSF. 
 
Keywords: Program Family Health. Physical Therapy. Team. Insert. 
 
 
Artigo recebido em 23/07/2010 e aceito para publicação em 19/09/2010 
 
 
Inserção do fisioterapeuta no programa de saúde da família: uma proposta ética e cidadã 
 
 
 
28 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.3, n.1, p.12-29, jan./dez.2010 
 
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