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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI – UNIASSELVI SAÚDE COLETIVA UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE Ásley Vieira Alves Bruna Lutes dos Santos de Angelo Fernanda Kelly Lugli Roberta da Silva Barros Nunes Tayná Fregini Flores UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE Brasil 2023 Ásley Vieira Alves Bruna Lutes dos Santos de Angelo Fernanda Kelly Lugli Roberta da Silva Barros Nunes Tayná Fregini Flores UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE Trabalho de graduação apresentado como requisito parcial para finalização do sexto período do curso de graduação de fisioterapia, no Centro Universitário Leonardo da Vince – UNIASSELVI Orientador: Pedro Chaves Seadi Brasil 2023 RESUMO Palavras-chave: Fisioterapeuta; atenção básica de saúde; saúde; atenção primária a saúde; Programa saúde da família e prevenção. INTRODUÇÃO Com a Constituição Federal de 1988 e a regulamentação do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir da década de 90, instituições representativas e formadoras ligadas à fisioterapia começaram a estimular a participação do fisioterapeuta na atenção básica à saúde. Os objetivos iniciais eram acompanhar a tendência das novas políticas públicas de investimento e assegurar um espaço nesse nível de atenção, além de propiciar a adaptação curricular às Diretrizes Curriculares e à participação em residências multiprofissionais. As Unidades Básicas de Saúde (UBS) fazem parte de uma organização territorial, chamada (SUS) Sistema Único de Saúde, no qual tem como maior prioridade a prevenção e promoção da saúde. No Brasil, as UBS trabalham por meio de demanda espontânea ou programada, para melhoria da saúde nas famílias. Nas unidades básicas de saúde, a atuação do Fisioterapeuta envolve ações de atendimentos individuais ou em grupo, tratamentos domiciliares e até mesmo acolhimento. É salientada em literatura científica a importância do profissional de Fisioterapia na Atenção Básica, por este ter formação generalista, com conhecimento para atuar em ações de prevenção e promoção e reabilitação da saúde. Além disso o profissional da fisioterapia está ligado a equipe de planejamento, para implementar, controlar, realizar programas, cursos, pesquisas ou eventos na saúde coletiva. percebe-se que a atuação no nível primário ainda é pouco divulgada. Entretanto, algumas experiências da fisioterapia na Atenção Primária à Saúde (APS) já estão sendo divulgadas em eventos científicos, como no Congresso Nacional da Fisioterapia na Saúde Coletiva (CONAFISC) e nos organizados pela Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia (ABENFISIO) e pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO). O fisioterapeuta pode avaliar a qualidade, eficácia e riscos à saúde decorrentes de equipamentos de uso fisioterapêutico. Além disso, pode promover assistência organizada em acolhimento, atendimento individual, domiciliar, grupos operativos e atividades educativas em equipe. (PATRIZZI, JORGE LISLEI 2015). Os fisioterapeutas que trabalham nas UBS podem realizar avaliações, diagnósticos e tratamentos de pacientes com problemas de saúde que afetam a capacidade funcional ou limitam suas atividades diárias. Eles podem oferecer exercícios e terapias manuais para ajudar a recuperar a função física, reduzir a dor, melhorar a mobilidade e aumentar a força muscular. Além disso, podem orientar os pacientes sobre postura, ergonomia e hábitos saudáveis de vida, que são importantes para a prevenção de doenças e a manutenção da saúde. Nos últimos anos, a Fisioterapia tem evidenciado a importância do seu papel no cuidado à saúde da população, estabelecendo-se de maneira cada vez mais significativa nos três níveis de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre esses níveis, a atenção primária está em constante processo de construção, uma vez que muitos profissionais e usuários ainda veem o fisioterapeuta apenas como um profissional voltado para reabilitação, concentrando suas práticas nos níveis secundário e terciário. Demonstrar a relevância das contribuições profissionais dos fisioterapeutas nas práticas das Equipes de Saúde da Família (ESF) é um desafio que já perdura há mais de uma década, tanto para as instituições formadoras quanto para os profissionais já inseridos no SUS. Até os anos 1980, a atuação do fisioterapeuta estava limitada à recuperação e reabilitação. Foi a partir desse período que a Fisioterapia começou a incluir a promoção e prevenção da saúde da população como uma área de atuação. Desde então, os cursos de Fisioterapia têm incorporado a prevenção e promoção em suas grades curriculares. Esta pesquisa teve como objetivo contribuir para a ampliação do debate sobre a atuação da Fisioterapia na Atenção Básica à Saúde no Brasil. O interesse nessa temática surgiu a partir da participação, no início dos anos 2000, em uma comissão composta por quatro professores do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Essa comissão foi responsável por elaborar um projeto para a implementação de um estágio curricular de Fisioterapia na Atenção Básica à Saúde, demonstrando assim o interesse em promover a inserção da Fisioterapia nesse nível de cuidado à saúde. A criação desse novo campo de estágio, identificado pelo Departamento de Fisioterapia, foi uma resposta necessária para alinhar a formação acadêmica às novas demandas estabelecidas pelas Diretrizes Curriculares, as quais aguardavam aprovação do Ministério da Educação (MEC). Essa iniciativa foi motivada pela inevitável necessidade de adequar o currículo acadêmico às mudanças e atualizações exigidas, garantindo que os estudantes de Fisioterapia estejam preparados para atender às demandas atuais da prática profissional na Atenção Básica à Saúde. Dentre os vários aspectos que apontavam para a necessidade de mudança na trajetória curricular do Curso de Fisioterapia, identificados pela Comissão de Especialistas responsável pela elaboração das Diretrizes, destacavam-se os aspectos relacionados ao perfil que o estudante deveria desenvolver e os conhecimentos necessários para adquirir certas competências e habilidades gerais. Conforme indicado no próprio texto das diretrizes: “Atenção à saúde: os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. Cada profissional deve assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para os mesmos. Os profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual como coletivo;” (Art.4º - inciso I) A formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, voltada para um perfil profissional adequado à atuação em todos os níveis de atenção à saúde, foi considerada essencial para o desenvolvimento do Estágio Curricular de Fisioterapia na Atenção Básica à Saúde (ABS) em Juiz de Fora. Além disso, foram estabelecidas práticas integradas com as demais instâncias do sistema de saúde, buscando uma atuação que vai além do mero ato técnico, conforme mencionado na citação anterior. Esses princípios fundamentais foram os pilares para a implementação bem-sucedida do estágio, visando uma formação abrangente e aberta às demandas e desafios da atenção básica em saúde. No entanto, a Fisioterapia, uma profissão que historicamente teve seu foco de atuação nos níveis secundário e terciário de atenção à saúde, precisa repensare reinterpretar alguns dos valores que compõem sua identidade profissional. Ao se inserir na atenção básica, é necessário romper com a lógica exclusiva do atendimento individual, superar a ênfase excessiva na doença, desvincular-se da percepção restrita que associa a profissão apenas à reabilitação e resistir à tendência de desenvolver práticas isoladas, distantes de interações com outros profissionais de saúde e da própria comunidade. Essa mudança requer uma nova abordagem, na qual a Fisioterapia na atenção básica se baseia em princípios de cuidado integral, promoção da saúde e prevenção de doenças. É necessário adotar uma visão mais ampla, que valorize a participação ativa dos usuários, a interdisciplinaridade e a colaboração com outros atores do sistema de saúde e da comunidade. Isso implica em superar concepções tradicionais e estabelecer novos modelos de prática que sejam mais contextualizados, abrangentes e alinhados com as necessidades da população atendida. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA BENEFÍCIOS DA INCLUSÃO DO FISIOTERAPEUTA NOS PROGRAMAS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA A definição que reflete bem os benefícios da atuação deste especialista é colocada por Ragasson et.al. e Aveiro et.al. ao referirem que a fisioterapia apresenta uma missão primordial de cooperação mediante à nova realidade contemporânea da saúde, através da aplicação de meios terapêuticos físicos, na prevenção, eliminação ou melhora de estados patológicos, focando sua intervenção na promoção e na educação em saúde. A intervenção deste profissional pode beneficiar diretamente vários setores da sociedade, pois a lesão peculiar e algumas atividades como: avaliações das funções musculoesqueléticas e ergonômicas; estabelecimento de diagnóstico fisioterapêutico; interpretação de exames; realização de prognóstico; prescrição da conduta terapêutica; planejamento de estratégias de intervenção, definindo objetivos, condutas e procedimentos; participação na elaboração de programas de qualidade de vida e principalmente educação em saúde, propondo mudanças de hábito de vida por meio de orientações aos pacientes, familiares e cuidadores. Na pesquisa realizada por Fréze Nobrese constatou alguns desses benefícios para os programas de atenção primária. Estes e outros autores acrescentam, relatando a satisfação dos usuários pelo atendimento recebido, que segundo a população foram apontados como ótimo, resultando em uma população satisfeita, alcançando, assim, os objetivos do SUS e da OMS. Em uma das frentes de atuação da fisioterapia está a prevenção por meio de orientações sou abordagem cinética funcional de danos temporários ou permanentes, evitando desfechos que possam implicar em grandes gastos monetários, danos psicológicos ou diminuição da qualidade de vida do indivíduo. Já existem relatos significativos na literatura científica que demonstram as diversas possibilidades de ações Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 17, n. 3, p. 110 - 115, 2015 Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba em saúde coletiva promovidas por este profissional. Acredita-se que a sua inclusão nos programas de saúde pública em nível de atenção primária possa trazer grandes benefícios para a saúde da sociedade e gestão municipal. A Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Fisioterapeuta No processo de priorização do SUS, a ESF (antigo Programa de Saúde da Família-PSF) foi firmada como modelo de atenção para todo o País, a ser desenvolvido prioritariamente pelos municípios. A ESF tem o objetivo de ampliar a cobertura de atenção à saúde da família, atingir a equidade e melhorar a qualidade de atenção à população em geral. Criado em 1994, a ESF é a porta de entrada do Sistema Único de Saúde, sendo composta por uma equipe multiprofissional mínima que envolve profissionais médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, agentes comunitários de saúde, cirurgiões-dentistas, auxiliares de consultórios dentários ou técnicos em higiene dentária. Dependendo da iniciativa do gestor municipal ou estadual, quaisquer outros profissionais da saúde ou áreas afins podem ser inseridos neste quadro. A proposta atual do Ministério da Saúde para a inserção do fisioterapeuta nos programas que atuam primordialmente na promoção e educação em saúde, em especial a ESF, é que elas e dê através dos Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família (NAISF), criados pela Portaria n º1.065 de 04 de Julho de 2005. Esta normatização tem provocado polêmica entre os profissionais que atuam na saúde, pois não é uma cobertura ofertada para todos. Em relação à funcionalidade do NAISF, a crítica volta-se para a visão restrita quanto à função do fisioterapeuta. A inserção deste profissional por meio dos núcleos, da forma como está proposta, limita-se somente à reabilitação, resultando, desta forma, em uma contribuição em nível da atenção básica bem raquítica. Neste sentido o Brasil coloca que os resultados da sua pesquisa enfatizam a importância do trabalho preventivo do fisioterapeuta dentro da ESF e ainda revelam que sua atuação gera satisfação da população beneficiada, o que requer a ampliação deste tipo de atendimento. Já no estudo desenvolvido por Barbosa et.al. constatou-se que o fisioterapeuta é um dos profissionais mais requisitados na Estratégia de Saúde da Família pela população. A pesquisa de Trelha et.al. Aponta a necessidade da inclusão do fisioterapeuta nas equipes de atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), especialmente na ESF. Segundo os autores, a inserção dele na ESF é um processo em construção e está concretizando-se de forma lenta, apesar de se saber que por meio de sua atuação pode-se reduzir a demanda de atendimento em níveis de maior complexidade de atenção à saúde e melhorar a qualidade de vida da população. Atualmente, o fisioterapeuta é reconhecido como um membro importante da equipe de saúde, com formação científica sólida. Sua atuação envolve uma ampla gama de atividades, incluindo prevenção, avaliação, tratamento e reabilitação. O fisioterapeuta utiliza uma variedade de técnicas e abordagens para ajudar os pacientes a recuperarem ou melhorarem sua função física. Isso pode envolver o uso de exercícios terapêuticos, mobilizações articulares, técnicas de manipulação, além de agentes físicos como o movimento, a água, o calor, o frio e a eletricidade. Além do tratamento de lesões e condições específicas, os fisioterapeutas também desempenham um papel importante na promoção da saúde e na prevenção de doenças. Eles podem fornecer orientações e programas personalizados para ajudar as pessoas a adotarem um estilo de vida mais ativo e saudável. Em resumo, o fisioterapeuta é um profissional qualificado e capacitado para trabalhar em diversas áreas da saúde, utilizando abordagens baseadas em evidências científicas para ajudar os pacientes a alcançarem seus objetivos de saúde e bem-estar. FISIOTERAPIA NA SAÚDE DOS IDOSOS O processo de envelhecimento traz mudanças nas condições físicas dos idosos. A diminuição da força muscular e da flexibilidade pode dificultar as tarefas diárias, bem como impedir que eles levem uma vida mais ativa. A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA NA SAÚDE DO IDOSO A fisioterapia geralmente trata alguns dos problemas naturais que fazem parte do envelhecimento, como controlar a dor, melhorar o equilíbrio e aumentar a força e a resistência muscular. A fisioterapia em grupo para a terceira idade traz muitos benefícios. O trabalho dos fisioterapeutas tem foco na prevenção, reabilitação e tratamento de doenças. O que pode começar como uma necessidade tende a se tornar prazeroso quando feito com outros idosos. De acordo com Jesus e Jorge (1999), os jogos e brincadeiras, para o idoso, têm como uma das suas funções evitar a despersonalização e a degeneração das funções, tão comuns na idade avançada, pois permite a utilização de vários recursos internos. O brincar em grupo estimulaas relações e a competição, e é por meio desse relacionamento que as pessoas estabelecem vínculos entre si. Os programas de treinamento físico multicomponente são recomendados pelo seu potencial para alterar positivamente diferentes componentes da aptidão funcional de adultos idoso. Além disso, um programa de exercícios multicomponente que inclua força, resistência e treinamento de equilíbrio está sendo considerado como a estratégia mais eficaz para melhorar a marcha, equilíbrio e força, diminuir taxa de quedas e, consequentemente, manter a capacidade funcional, durante o envelhecimento pode ser também intercaladas exercícios mais específicos para força e equilíbrio com atividades mais leves, nas quais se incluem brincadeiras livres, atividades com música e bolas de soprar, criando um ambiente mais divertido e favorável à interação entre todos. Guimarães, Rocha, Maciel e Adão (2011) observaram, em seus estudos, que por meio das práticas de atividades físicas e lúdicas as pessoas com limitações vivenciam suas qualidades, emoções, sentimentos, convívio social e independência. Neri (1993a, 1993b) observa que existem numerosas pesquisas demonstrando a atividade, seja ela qual for (física, mental, individual ou grupal), como um meio privilegiado de o idoso obter bem-estar psicológico. Neri (1993a) considera que a atividade sistemática, isto é, aquela praticada de maneira regular, empresta significado e satisfação à existência, quer pelo compromisso e responsabilidade social nela implícitos, quer pela oportunidade de manter o convívio social. Sobre os tipos de atendimentos que os fisioterapeutas realizam especificamente com o público idoso, a visita domiciliar e os grupos operativos foram os de maior proporção (Gráfico 1). https://www.redalyc.org/journal/4979/497956940006/html/#gf3 Atividades realizadas para a população idosa encaminhada, de acordo com fisioterapeutas de uma Regional de Saúde. Belo Horizonte, 2015 As condutas frequentemente realizadas com esses usuários: acompanhamento individual com orientações/treinamento do cuidador/familiar, seguido de encaminhamento para grupos estão no Gráfico 2. Fonte: Ministério da Saúde, Cadastro Nacional CNES, 2020 Gráfico 2. Condutas realizadas aos casos atendidos, conforme fisioterapeutas de uma Regional de Saúde. Belo Horizonte, 2015. ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA DO NASF NAS VISITAS DOMICILIARES Em 2008 foi estabelecido o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), com o objetivo de aprimorar a capacidade de resposta das equipes de saúde da Estratégia Saúde da Família (ESF) em relação aos problemas de saúde da população. O NASF é composto por uma equipe multidisciplinar, que inclui a possibilidade de integração de fisioterapeutas. O fisioterapeuta que faz parte do Núcleo de Apoio à Saúde da Família tem como responsabilidade realizar https://www.redalyc.org/journal/4979/497956940006/html/#gf4 visitas domiciliares, que envolvem deslocar-se até a residência do usuário com o propósito de prestar atenção à saúde. Nesse contexto, é importante avaliar a visita domiciliar (VD) tanto do ponto de vista do usuário quanto do profissional, uma vez que se trata de uma forma direta de atendimento e está relacionada às expectativas em relação aos cuidados de saúde. Verificou-se que o fisioterapeuta realiza orientações para o usuário e/ou cuidador, promove exercícios físicos e realiza avaliações. Os benefícios percebidos pelos usuários incluem um atendimento mais humano, acesso gratuito aos serviços e melhoria na independência funcional. Na perspectiva dos profissionais, destacam-se a melhora dos pacientes, maior acesso dos usuários aos serviços e apoio dos agentes comunitários de saúde. No entanto, os fisioterapeutas também enfrentam algumas dificuldades, tais como falta de materiais adequados, restrições na locomoção, carga horária reduzida e, na visão dos usuários, apenas a escassez de materiais. ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA DO NASF NO CONTEXTO ESCOLA Em 2008 foi estabelecido o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), com o intuito de aprimorar a capacidade de resposta das equipes de saúde da Estratégia Saúde da Família (ESF) diante dos problemas de saúde da população. O NASF é composto por uma equipe multidisciplinar, na qual o fisioterapeuta pode desempenhar um papel importante. O fisioterapeuta tem a possibilidade de atuar como um facilitador dentro do ambiente escolar, trabalhando em equipe interdisciplinar. No entanto, existem diversos desafios que precisam ser superados para que esse trabalho seja efetivamente realizado, desde a formação do profissional até a organização da equipe e do espaço escolar. Observa-se que, com a inclusão do fisioterapeuta na equipe do NASF, ocorreu um processo de transformação mais dinâmico do trabalho desenvolvido pela fisioterapia na atenção básica. Isso resultou na ampliação da atuação em diferentes grupos populacionais, contextos e espaços relacionados aos territórios da ESF, incluindo as escolas. No que diz respeito à atuação do fisioterapeuta do NASF no contexto escolar, constatou-se que não houve participação desse profissional no estudo em questão, impossibilitando a descrição das ações realizadas pelo fisioterapeuta nas escolas. As possíveis necessidades identificadas nesta pesquisa estavam relacionadas à orientação postural, prevenção de lesões por esforço repetitivo (LER/DORT) e apoio no processo de inclusão escolar de pessoas com deficiência física. Os obstáculos apontados incluíram a carga horária reduzida dos fisioterapeutas e o escasso conhecimento sobre o contexto escolar e o NASF. Além disso, os desafios mencionados estavam relacionados à criação de demanda para os fisioterapeutas nesse contexto e à promoção da interseccionalidade. AS INFLUÊNCIAS DO NOVO CAMPO DETERMINANDO A RESSIGNIFICAÇÃO DA PRÁTICA: APRESENTANDO A INTEGRALIDADE COMO REFERÊNCIA. A aprovação das Diretrizes Curriculares para os cursos da área da saúde, com base nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), foi um marco importante que indicou a necessidade de expandir a oferta de serviços na atenção básica à saúde da população. Essa mudança ocorreu quando se reconheceu a importância de uma formação generalista para capacitar os profissionais de saúde a atuarem em todos os níveis de atenção, algo que, até então, não era comum em algumas profissões, como a Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Psicologia. Essa priorização da formação generalista buscou atender às demandas da atenção básica, que requer um olhar integral para a saúde, envolvendo não apenas o tratamento de doenças, mas também a promoção da saúde, prevenção de agravos e ações de caráter coletivo. Com a inserção dessas profissões na atenção básica, houve uma ampliação do escopo de atuação e uma maior integração com outros profissionais da equipe de saúde, proporcionando uma abordagem mais abrangente e efetiva no cuidado à população. Essa transformação representou um avanço na configuração dos serviços de saúde, aproximando as profissões mencionadas das necessidades e realidades da população atendida na atenção básica. Ao adotar uma abordagem mais ampla e integrada, esses profissionais puderam contribuir de forma significativa para a promoção da saúde e prevenção de doenças, além de oferecer cuidados qualificados e humanizados para a comunidade. Certos valores que se incorporaram à prática da Fisioterapia, determinados pelas características do novo contexto de atuação na Atenção Básica à Saúde, indicam a necessidade de buscar outras bases teóricas que possam respaldar as demandas presentes nesse nível de atenção. Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares do Curso de Fisioterapia propõem, no artigo que aborda os objetivos da formação do fisioterapeuta, a abordagem abrangente da assistência como um dos conhecimentos essenciais para o exercício de suas competências e habilidades específicas:“Reconhecer a saúde como direitos e condições dignas de vida e atuar de forma a garantir a integralidade da assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos em cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema”. (Art. 5º, inciso IV. Grifo nosso). Inicialmente, é necessário realizar algumas considerações sobre o conceito de integralidade, a fim de evitar cair na armadilha da sua banalização. Isso é essencial para que seja possível propor contribuições significativas para o debate proposto neste momento do trabalho. Mattos (2001) chama a atenção para essa questão ao afirmar que, no contexto da reflexão sobre as noções de integralidade no debate sobre os rumos do Sistema Único de Saúde (SUS), encontramos diversos atores que anteriormente se opunham aos caminhos da saúde no Brasil. Atualmente, eles ocupam um espaço híbrido, entre posição e oposição, defendendo o SUS ao mesmo tempo em que criticam sua implementação com o objetivo de aprimorá-lo. Esse fato, segundo o autor, coloca em risco a validade de certos termos, como a integralidade. Seu uso torna-se banalizado ao defender algo para o qual não se tem muita clareza em relação ao seu significado e sentidos. Portanto, Mattos (2001, p.43) destaca: “Difícil tarefa para nossa cultura, na qual nos acostumamos a criticar os adversários mais do que os aliados ou a nós mesmos. É compreensível que, desde esse lugar híbrido, a força da crítica e da indignação com os aspectos do que existe, que subjazem nos princípios orientadores do SUS, tende a perder sua intensidade, ou sua centralidade. E que pode esvaziar os significados desses mesmos princípios. E uma das formas desse esvaziamento é exatamente a banalização do uso, ou seja, o uso de uma expressão de tal modo que todos a defendam, mas o façam sem saber exatamente o que defendem. Desse modo, as noções deixam de ser capazes de diferenciar aspectos e valores presentes em diferentes configurações do sistema, das instituições ou das práticas nos serviços de saúde; perdendo, assim, a sua utilidade na luta política”. A partir da década de 70, o Movimento de Reforma Sanitária no Brasil desempenhou um papel fundamental na construção de novas políticas públicas de saúde, visando garantir o acesso à saúde como um direito de cidadania. Esse movimento trouxe consigo uma série de transformações conceituais sobre a saúde e também criticou os modelos dominantes de assistência à saúde no país. Essas críticas possibilitaram a produção de conhecimentos valiosos em diferentes arenas de debate, resultando em reestruturações necessárias para a incorporação de novos valores e princípios que pudessem orientar tanto as políticas quanto as práticas de saúde em diversos contextos. Os conhecimentos mencionados constituíram um conjunto de ideias que passaram a ser adotadas por diferentes frentes políticas e sociais, especialmente por militantes políticos organizados na oposição ao governo. Esses grupos estavam insatisfeitos com a crescente exclusão do acesso à saúde pela maioria da população e com os graves problemas causados por essa lógica perversa. Nessa perspectiva, temas como universalidade do acesso, equidade e ações abrangentes de saúde surgiram como pontos centrais do debate e, posteriormente, foram incorporados como referências fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS) na Constituição Federal de 1988. Além disso, outras formulações provenientes da Reforma Sanitária Brasileira também foram incluídas nesse marco legal. Partindo do número total de fisioterapeutas cadastrados no CNES em junho de 2010, observaram-se 42.683 profissionais ao passo que no mesmo período de 2020 esse número passou para 83. 854 profissionais cadastrados. Em relação ao número de fisioterapeutas na atenção básica, houve um crescimento no que se refere ao número de profissionais nesse nível de assistência, considerando os anos de 2010 e 2020, em que totalizaram 5.779 e 11.818 profissionais, respectivamente, um aumento de 114% ( Gráfico 3). Contudo, entre os locais de atuação em ambos os anos, a Unidade Básica de Saúde (UBS) apresentou maiores índices, onde em 2010 representava 85,05% da atuação de profissionais, porém em 2020 houve um decréscimo percentual do número de profissionais para 79,75%. Já a menor representatividade de atuação em 2010 ocorreu na Academia de Saúde (0%), ao passo que em 2020, o local de menor atuação foi a Unidade de Saúde Indígena (0,04%), similar a 2010. Gráfico 3- Quantidade total de fisioterapeutas na atenção básica, média e alta complexidade nos anos 2010 e 2020. Estabelecimentos de Saúde do Brasil - CNES, 2020- Fonte: Ministério da Saúde, Cadastro Nacional dos CNES, 2020 Em relação ao número de fisioterapeutas na atenção básica, houve um crescimento no que se refere ao número de profissionais nesse nível de assistência, considerando os anos de 2010 e 2020, em que totalizaram 5.779 e 11.818 profissionais, respectivamente, um aumento de 114% (2). Contudo, entre os locais de atuação em ambos os anos, a Unidade Básica de Saúde (UBS) apresentou maiores índices, onde em 2010 representava 85,05% da atuação de profissionais, porém em 2020 houve um decréscimo percentual do número de profissionais para 79,75%. Já a menor representatividade de atuação em 2010 ocorreu na Academia de Saúde (0%), ao passo que em 2020, o local de menor atuação foi a Unidade de Saúde Indígena (0,04%), similar a 2010. Gráfico 4: Percentual referente a quantidade de fisioterapeutas na atenção básica nos anos de 2010 e 2020. Estabelecimentos de Saúde do Brasil - CNES, 2020- Fonte: Ministério da Saúde, Cadastro Nacional dos CNES https://www.scielo.br/j/csc/a/MScrtJcHYc65KTNVhkL39Zs/ 3 METODOLOGIA Na perspectiva de obter uma ampla revisão bibliográfica da literatura brasileira, esta pesquisa foi realizada a partir da busca dos termos “Atenção Básica”, “Atenção Primária à Saúde” e “Programa Saúde da Família”, que se correlacionassem com a atuação do fisioterapeuta, por meio das bases de dados científicas GOOGLE ACADÊMICO e SCIELO. O número de artigos encontrados foram 26, os quais 8 foram excluídos por não se enquadrarem noa termos da pesquisa e 4 por não estarem nos idiomas selecionados. A revisão foi realizada no período compreendido entre março e maio de 2023. Algumas dissertações, teses e monografias de graduação foram utilizadas para compor a discussão deste trabalho. Após o estudo da literatura encontrada, foi elaborada uma análise que buscou apontar o perfil dos artigos e organizar em categorias as atuações dos fisioterapeutas, facilitando a apresentação e discussão. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES O fisioterapeuta na atenção básica O Sistema Único de Saúde (SUS) tem apresentado resultados positivos nos propósitos de universalização, descentralização e ampliação de cobertura dos serviços de saúde. Entretanto, o avanço na garantia da qualidade, equidade e na resolubilidade da assistência ambulatorial e pré-hospitalar tem se mostrado bastante deficitário, principalmente pela falta de profissionais habilitados a prestar assistência integral em saúde. As diretrizes do SUS propõem um modelo de assistência integral, enfatizando a atenção primária e a promoção da saúde. Corroborando com esta disposição a Organização Mundial da Saúde (OMS), se preocupando não só com a saúde individual e coletiva, mas visualizando a questão do bem-estar completo e complexo, aponta para uma maior promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos, priorizando a qualidade de vida da população e o direito à saúde de uma forma completa. É patente que os fisioterapeutas têm uma formação clínica generalista consistente, o que os habilita a atuar no atendimento de diversas áreas da saúde e nos diversos níveis de atenção (primária, secundária e terciária). Estes profissionais estãohabilitados a intervir na prevenção de doenças, tratamentos, na referência e contrarreferência e na educação e promoção à saúde, sendo esta última a base prioritária em saúde pública. Mediante estes argumentos, facilmente pode-se perceber que a presença do fisioterapeuta nos programas de atenção básica é de suma importância, sendo o próprio Ministério da Saúde, nesta mesma ideologia, categórico ao afirmar que a saúde funcional é primordial em nível de atenção primária à saúde. Mediante estas colocações, logo surge uma incógnita não recente. Já que é conhecida a importância da atuação deste profissional em todos os níveis de atenção, então se pergunta o porquê da resistência à sua inserção nos programas da saúde pública em nível de atenção primária. Segundo Neuwald e Alvarenga a resposta para esta pergunta é: A inserção da fisioterapia na rede pública de saúde vem sofrendo a influência do seu surgimento, pois apresenta sua origem e evolução marcadas pela reabilitação. A própria origem da fisioterapia enfatizou e dirigiu as definições do campo profissional para atividades recuperativas, reabilitadoras e atenuadoras de um organismo que se encontra em más condições de saúde. O fisioterapeuta, por formação acadêmica, tem a função também de atuar no setor terciário; isto o torna um abarcado de conhecimentos e funções. Entretanto, a sua formação universitária não o limita somente a recuperar, reabilitar ou atenuar os comprometimentos provocados pelas patologias de base, mas o capacita também a avaliar, prevenir, e trabalhar em promoção a saúde. Portanto, a atuação do fisioterapeuta não se limita apenas ao setor curativo e de reabilitação. O potencial mostrado pelos trabalhos que os fisioterapeutas vêm desenvolvendo em alguns programas de atenção básica são bastantes promissores, validando dessa forma a inclusão defendida neste trabalho. Devido às significativas transformações demográficas e epidemiológicas, bem como a implementação da Estratégia Saúde da Família (ESF), tornou-se evidente a necessidade de contar com fisioterapeutas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), possibilitando sua atuação em diversos programas desenvolvidos nessas unidades, como saúde da mulher, saúde do idoso, gestantes, saúde da criança, entre outros. Com foco na prevenção de doenças, promoção e manutenção da saúde, os fisioterapeutas desempenham um papel fundamental para melhorar a qualidade de vida da comunidade atendida. O fisioterapeuta, em uma abordagem integrada à equipe, desempenha um papel fundamental no planejamento, implementação, controle e execução de políticas de saúde pública. Sua atuação abrange todas as etapas do ciclo de vida do indivíduo, proporcionando assistência abrangente às famílias, desde a infância até a fase idosa. O fisioterapeuta está cada vez mais reconhecido e valorizado na área da saúde coletiva, ganhando importância nos serviços de atenção primária, como é o caso da ESF. Essa integração é um processo em constante evolução, ampliando o impacto do trabalho realizado e alcançando diversos grupos de pessoas, com efeitos positivos na melhoria da qualidade de vida da sociedade. 5 CONCLUSÃO Entende se que o fisioterapeuta tem grande valia nas unidades básicas de saúde dando total suporte a equipe. Garantindo assim, saúde e bem-estar aos pacientes atendidos, avaliando as suas patologias afins de obter um bom diagnostico, e realizar teu plano de reabilitação para os devidos casos. Assim o fisioterapeuta, diagnostica, previne e trata as disfunções ligadas os pacientes atendidos, ajudando nas estruturas e funções do corpo humano. REFERÊNCIAS ALVES¹, Nágila Silva et al. Pespectivas sobre o trabalho do fisioterapeuta na atenção básica: uma revisão integrativa. Revista CPAQV–Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida| Vol, v. 12, n. 1, p. 2, 2020. American College of Sports Medicine Position Stand. Exercise and physical activity for older adults. Med Sci Sports Exerc. 2009;4(7):1510-30. DA SILVA MAIA, Francisco Eudison et al. A importância da inclusão do profissional fisioterapeuta na atenção básica de saúde. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, v. 17, n. 3, p. 110-115, 2015. FREITAS, Marcos Souza. A Atenção Básica como campo de atuação da fisioterapia no Brasil: as diretrizes curriculares resignificando a prática profissional. Rio de Janeiro (RJ): Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2006. FRIGO, Leticia Fernandez et al. FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE. CADERNOS DE EDUCAÇÃO, SAÚDE E FISIOTERAPIA, v. 2, n. 3, 2015. Guimarães, A. C., Rocha, G. B. D., Maciel, M. G., & Adão, K. D. S. (2011). 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