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Lógica Jurídica

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LÓGICA JURÍDICA 
 
 
Chade Rezek Neto1 
 
RESUMO 
 
A ciência do direito pode ser melhor desenvolvida a partir do estudo da lógica. 
Inúmeros são os princípios que orientam a aplicação da lógica ao direito. O 
desenvolvimento da lógica teve as fases clássica, formal, material e simbólica, até 
especializar-se para a lógica jurídica, que representa instrumento de interpretação 
racional da ciência do direito, notadamente com a ponderação por meio do pressuposto 
da razoabilidade. 
 
ABSTRACT 
 
The science of law can best be developed from the study of logic. Countless are the 
principles that guide the application of logic to law. The development stages of logic 
was classical, formal, material and symbolic, to specialize to legal logic, it represents an 
instrument of rational interpretation of the science of law, especially with the weighted 
by the presumption of reasonableness. 
 
1. A ciência do direito e sua estrutura 
 
Para iniciarmos um estudo sobre a Lógica Jurídica é importante tecermos 
alguns comentários sobre a ciência do Direito e suas características relevantes para o 
assunto em questão, destacando a importância do valor do Direito. 
O Direito em si não é ciência, e sim objeto da ciência e, quando do seu estudo, 
aplica-se o conhecimento sistematizado, visto que a ciência é o modo como se estuda o 
objeto. 
O Direito, por regular as condutas humanas, estando sempre em constante 
evolução, necessita de uma metodologia própria para ser analisado cientificamente. 
Hans Kelsen tentou comprovar que a ciência era sinônimo de Norma Jurídica, 
excluindo do Direito o valor, que é a própria metafísica, sendo na negação da metafísica 
que incorreu no problema da fundamentação, pois a fundamentação do Direito está na 
metafísica. 
Kelsen, ao criar a Norma Hipotética Fundamental como fundamento do 
Direito, transcorreu em erro, tendo em vista esta ser nada mais que a metafísica, daí o 
 
1
 Doutor em Educação pela UNIMEP, Piracicaba/SP. Diretor Geral e Professor da Faculdade Barretos. 
 
 
seu erro em aplicar o conhecimento científico à Norma Hipotética Fundamental, que faz 
parte das ciências naturais. 
Miguel Reale, ao contrário de Kelsen, formulou sua Teoria Tridimensional, 
onde a norma é apenas integrante do Direito. Através desta Teoria, ocorre a conduta 
humana, conduta esta que é valorada e incide-se na norma no fato valorado, criando o 
Direito. 
Através da concepção de que o Direito não é autônomo, que não é sinônimo de 
norma jurídica, destacamos uma teoria especial do conhecimento ontológico, o 
Substancialismo. 
O Substancialismo é uma das formas para o conhecimento do ser, uma das 
formas de conhecer por categorias, de investigar o conceito dos seres. 
 
2. Breves considerações sobre a lógica 
 
Lógica é sinônimo de reunir, escolher palavras para que se tenha um discurso, 
a razão, um significado, sendo daí que surgiu a expressão quando respondemos a 
alguma pessoa: mas isso é Lógico! 
Lógica é aquilo que vem dos significados das palavras, significando dizer 
alguma coisa de modo inteligível, buscando então o que só se presta ao ser disposta a 
utilizar a sua inteligência. 
Usar a Lógica é criar a capacidade de relacionamento de conteúdos de idéias, e 
de juízos que permitam uma comunicação, uma leitura para dentro de si mesmo, 
podendo-se entender o que está sendo dito. 
Em sentido amplo podemos dizer que a Lógica, como instrumento do saber, é 
a arte do pensamento da criatura humana, visto na condição de estrutura, 
independentemente de suas causas genéticas e das circunstâncias externas que lhe 
imprimem dinamismo funcional, interessando a ela lidar com as entidades formais que 
organizam a estrutura do pensamento. É a arte, no dizer de Santo Tomás de Aquino, 
que nos permite raciocinar com ordem, facilmente e sem erro. 
Tomada como ciência, a Lógica consiste num discurso lingüístico que se 
dirige a determinado campo de entidades. Esse domínio é o universo das formas lógicas, 
situado na região ôntica dos objetos ideais, que, portanto, não têm existência concreta, 
real, não estão na experiência e são axiologicamente neutros. 
 
 
O sentido Lógico envolve dois aspectos: o primeiro é que lógico é razoável, e 
o segundo é que lógico para a filosofia e para as ciências particulares tem um sentido 
específico, diferentemente do sentido lógico e óbvio para todos. 
A Lógica integra a parte da Filosofia que trata do conhecimento. Entre os 
gregos, inicialmente, assumiu a feição de arte ou dom de produzir argumentos de 
maneira habilidosa, com o fito de organizar a mensagem ensejando o conhecimento. 
Evoluiu, em seguida, para tornar-se um conjunto de proposições cujo objetivo ia mais 
além, oferecendo critérios para a determinação da própria validade dos esquemas 
intelectuais que buscavam o valor da verdade. O núcleo das preocupações lógicas 
passou a estudar os modos que presidem o funcionamento do pensar humano, isolando-
se a temática do pensamento naquilo que se podia considerar o quadro das relações 
possíveis entre as várias formas de manifestação do intelecto. Essa função tem início 
com as associações que o nosso espírito elabora a partir dos materiais oferecidos pela 
intuição sensível. Esses materiais são as idéias, noções ou conceitos. Aliás, o 
pensamento começa pelo ato da afirmação, que põe o juízo, enquanto este último se 
exterioriza pela proposição. 
Na Lógica, o vocábulo proposição significa a expressão verbal de um juízo. 
Os estudiosos, entretanto, negaram-se a empregá-lo para designar outros juízos que não 
os descritivos de situações, subordinados aos critérios de verdade/falsidade. É curioso 
sublinhar que Kelsen, evitando a palavra para se referir às unidades do direito positivo, 
utilizou-a na expressão proposição jurídica, querendo aludir ao discurso do cientista, 
em nível de metalinguagem. Daí a distinção que fez entre norma jurídica e proposição 
jurídica. O étimo proposição, contudo, serve para denominar qualquer espécie de juízo, 
seja ele declarativo, interrogativo, imperativo ou exclamativo. 
O termo Lógica foi criado por comentadores de Aristóteles (escolásticos), e é 
justamente ele que a história consagra como “pai da lógica”, embora Platão, em seu 
método dialético, já houvesse feito as primeiras análises do pensamento. 
Foi Aristóteles quem transformou a pesquisa dos conteúdos mentais, na 
secreta intimidade de sua organização interior, num sistema de enunciados de natureza 
científica. E o fez de modo tão bem composto que Kant admitiu estar diante de um 
corpo de conhecimentos pronto e acabado, não havendo como experimentar novos 
progressos. 
Aristóteles define a Lógica como “método do discurso demonstrativo que se 
utiliza de três operações da inteligência: o conceito, o juízo e o raciocínio”. 
 
 
Francisco Antonio de Andrade Filho destaca a Lógica como “sendo o estudo 
da razão do ponto de vista do seu uso no conhecimento ou como meio de se chegar à 
verdade”2, ensinando como o homem deve proceder de maneira ordenada, fácil e sem 
erro no uso da razão. 
A Lógica é uma maneira específica de pensar, de organizar o pensamento. 
Não é a única nem é a mais apropriada para muitas das situações em que nos 
encontramos, mas tem a sua importância, principalmente no campo do Direito (ao 
proferir sentenças, dar pareceres, formular petições, etc.), conforme se verá no decorrer 
do nosso estudo. 
 
3. Princípios universais das ordens lógicas e sua aplicação ao direito 
 
3.1 Princípio da identidade 
 
Aquilo que é, é. Uma coisa só pede ser idêntica a si mesma. Não existem duas 
coisas idênticas. Pode existir uma coisa igual, semelhante à outra, mas, idêntica, nunca; 
uma coisa só é idêntica a ela mesma. Como exemplo, podemos citar a carteira de 
identidade. 
A linguagem comume algumas vezes a linguagem técnica contém termos 
equivalentes. É claro que a linguagem técnica do Direito não deve ter sinônimos, porém 
a literatura jurídica assinala: procuração – instrumento de mandato; petição inicial conta 
com estes equivalentes; peça vestibular, etc. Essas expressões equivalentes permitem 
verificar a identidade A é A. Todavia, a melhor orientação em linguagem forense é 
empregar sempre os termos da lei. Não poderíamos compreender o Direito se não 
mantivéssemos o mesmo pensamento com expressões diferentes, imaginando que o 
advogado com determinadas palavras se referisse ao crime a que o Promotor se reportou 
com palavras diferentes das do réu ao mesmo crime e o juiz condenasse, ainda com 
outras palavras: não se saberia o resultado. 
Todo objeto do conhecimento jurídico é idêntico a si mesmo. O que não está 
proibido é permitido. Se tivéssemos o direito de fazer o que está proibido 
 
2
 ANDRADE FILHO, Francisco Antonio de. Tópicos de lógica nos clássicos da filosofia, in: 
<http://users.hotlink.com.br/fico/refl0049.htm>. 
 
 
(juridicamente), a mesma ação seria, ao mesmo tempo, permitida e proibida, o que seria 
contradição. Por outro lado, o que não se proíbe é permitido. 
Sem o princípio da identidade seria impossível uma discussão, por isso os 
escolásticos prescrevem que, antes de qualquer discussão dê-se o sentido que devem ter 
as palavras no decorrer dela. 
 
3.2 Princípio da contradição 
 
Uma coisa não pode ser e deixar de ser ao mesmo tempo, ou seja, não se pode 
afirmar e negar a mesma coisa no mesmo tempo. 
No nível do Direito, uma pessoa não pode ser autor e réu no mesmo processo 
ao mesmo tempo, bem como, ser testemunha e réu no mesmo processo. 
Todas as vezes que dois homens têm sobre uma mesma coisa um julgamento 
contrário, é certo que um deles está enganado, sendo certo também que, nenhum dos 
dois está com a verdade, porque se um estivesse com a verdade teria uma vista clara e 
nítida evidência, e poderia expor a seu adversário de tal maneira que ele acabaria se 
convencendo. 
 
Duas normas de Direito contraditórias não podem ambas ser válidas. A 
circunstância de existirem num ordenamento jurídico prescrições contraditórias não 
destrói o princípio, pois que no plano da lógica se cuida do possível e impossível. 
Como a contradição lógica refere-se exclusivamente a juízos, referido 
princípio no Direito refere-se exclusivamente a normas. A contradição é geralmente 
afastada pela aplicação da regra que a “lei posterior revoga a anterior”. 
 
3.3 Princípio da exclusão do meio 
 
De duas coisas contraditórias uma deve ser verdadeira, e a outra, falsa. Através 
do presente exemplo poderemos explicitar o princípio em tela: todo homem é mortal; 
nenhum homem é mortal. Evidente que uma proposição exclui a outra. Para que o 
princípio tenha aplicação é preciso que se trate de matéria necessária. Podemos dizer 
que é necessário o que sempre acontece e, contingente o que pode acontecer ou não. 
 
3.4 Princípio da razão suficiente 
 
 
 
Todo juízo, para ser verdadeiro, precisa de uma razão suficiente. A razão é 
suficiente quando basta por si só para servir de apoio completo ao juízo, a fim de torná-
lo plenamente verdadeiro. Em Direito, toda norma para ser válida necessita de um 
fundamento suficiente de validez. Esse fundamento é o apoio em norma hierárquica 
superior. 
 
3.5 Princípio da causalidade 
 
Todo evento é precedido de outro evento, sendo certo que, a todo evento 
corresponde um antecedente. É a lei ou princípio da causalidade, que assim se enuncia: 
A todo evento corresponde um evento anterior, ao qual está ligado de tal maneira que, 
se um ocorre o outro se verifica, se um falta o outro não se verifica. 
 
O antecedente é fácil de se observar quando é constituído de um fato único, 
porém, torna-se mais difícil quando o antecedente consta de vários fatos ou causas. 
Do princípio da causalidade seguem-se estas duas conseqüências: a) 
desaparecida a causa desaparece o efeito; b) todo objeto que não pode ser afastado sem 
que o efeito cesse deve ser considerado como causa ou parte da causa. 
 
3.6 Princípio da tríplice identidade 
 
Duas coisas iguais a uma terceira, sob certo aspecto, são iguais entre si, sob 
esse mesmo aspecto. 
 
3.7 Princípio da capacidade 
 
Tudo que contém uma coisa contém o seu conteúdo. Um grande exemplo é 
uma sala. A sala contém as paredes, mas, as paredes, por sua vez, não contêm a sala. 
Para nós podermos dizer que existe uma sala é necessária a existência de paredes, 
entretanto, para a existência de paredes não é necessário que exista a sala. 
Este princípio na esfera do Direito é de suma importância porque, por 
exemplo, quando se fala em alguns fenômenos penais. Um exemplo expressivo é 
daquele homem que esqueceu o seu filho dentro do carro, e, este veio a falecer. A perda, 
 
 
neste caso, é maior que a penalização. Ele perde a primariedade, mas, não será 
encarcerado por isto. 
 
4. O início do pensamento lógico e dialético 
 
A partir de 500 a.C. surgiram duas perspectivas de conhecer, totalmente 
antagônicas: a teoria de Parmênides (c. 540-480 a.C.) e de Heráclito (c. 540/480 a.C.). 
 
Parmênides defendia a idéia de que nada pode mudar, tudo que existe sempre 
existiu, nada se transforma e, por isso, não devemos confiar em nossos sentidos, já que 
vemos inúmeras transformações no mundo real: as árvores crescem, os rios correm, 
sendo estas mudanças ilusões de nossos sentidos. A essência para Parmênides é uma, 
imutável, ele nega o movimento. A razão era a única forma de se chegar a uma verdade, 
ao conhecimento. 
Heráclito acreditava na constante transformação dos seres. Ao contrário de 
Parmênides, para Heráclito tudo está em movimento, ele confiava nos sentidos. Além de 
sua concepção de que nada é, tudo está sendo, ele afirmava que o mundo estava cheio 
de contrastes: a noite e o dia, a doença e a saúde, a guerra e a paz, ou seja, o ser e o não 
ser de um mesmo objeto. 
Saber qual pensamento está correto, se o de Parmênides ou o de Heráclito, 
qual devemos tomar como método eficaz para o conhecimento de um objeto, não é um 
questionamento epistemológico, pois ambos são irrelevantes para o conhecimento, um 
pensamento não afasta o outro. São dois métodos clássicos de resolver os problemas 
epistemológicos. 
No nosso universo estão presentes ao mesmo tempo o pensamento e a 
experiência, a permanência e a mudança. Logo, para resolver os problemas 
epistemológicos, devemos escolher qual método que melhor se adequa à solução do 
problema analisado. 
A teoria de Parmênides equipara-se à Lógica Formal e a teoria de Heráclito à 
dialética. Foi com esses dois filósofos que surgiu os primeiros pensamentos sobre a 
metodologia do conhecimento: a Lógica Formal (Aristóteles, Platão, Immanuel Kant, 
Hans Kelsen) e a Dialética (Hegel, Marx, Engels, Lênin). 
 
5. A lógica clássica 
 
 
 
A Lógica Clássica ou Tradicional “pode ser considerada em dois momentos: o 
clássico, representado pelo ‘Organon’ de Aristóteles e seus comentadores, e o 
moderno, representado inicialmente pela Lógica de Port Royal e, posteriormente, pelos 
lógicos modernos que desenvolveram o pensamento fundamental de Aristóteles”. 
É constituída pelas Lógicas Formal e Material. 
 
5.1 A lógica formal 
 
A Lógica Formal, lógica clássica de Aristóteles, é uma forma de pensar, de 
conhecer, de organizar o raciocínio sem considerar o conteúdo. 
Também chamada de Lógica Menor, é a parte da Lógica que trata das leis de 
raciocínio correto, investigando e normatizando a articulação dos elementos do 
pensamento entre si e a sua coerência interna. 
Prescreve as regras em relação ao raciocínio, para que ele seja bem construído 
e, sob esse aspecto,a lógica visa realizar uma obra bem feita, alheando-se, contudo, dos 
elementos materiais do pensamento. 
Tem por objetivo o estudo das formas do pensamento, isto é, das idéias, dos 
juízos e dos raciocínios, bem como de seus correlatos verbais, a saber, dos termos, das 
proposições e dos argumentos, fazendo-se abstração dos conteúdos significativos a que 
se aplicam aqueles esquemas. Trata-se de examinar as estruturas do conhecimento, 
independentemente do objeto mesmo do conhecimento, o que lhe outorga foros de 
validade universal, uma vez que suas leis estão aptas para incidir em qualquer província 
do saber. 
Conceito nobre e importante da Lógica Formal é o de silogismo, que “é o 
raciocínio dedutivo estruturado formalmente, a partir de duas proposições, ditas 
premissas, das quais, por inferência, se obtém necessariamente uma terceira, chamada 
conclusão”3. 
No “Organon”, Aristóteles desenvolveu a Lógica implícita da dialética 
platônica, fazendo-a mudar de aspecto e concentrando suas investigações no Silogismo. 
Em termos gerais, podemos afirmar que o Silogismo, como processo lógico-dedutivo de 
raciocínio, consiste em atingir uma conclusão através de uma premissa maior e uma 
 
3
 Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Português, verbete “silogismo”. 
 
 
premissa menor (embora as premissas impliquem na conclusão, não se afirma que as 
premissas e sua subseqüente conclusão sejam verdadeiras). 
Inferência é a atividade mental que liga as duas premissas à conclusão. É a 
“operação intelectual por meio da qual se afirma a verdade de uma proposição em 
decorrência de sua ligação com outras já reconhecidas como verdadeiras”4. 
O silogismo desdobra-se em conceitos, juízos, inferências e conclusão. 
Em relação ao silogismo, Lourival Vilanova destaca: 
Um silogismo consta de proposições e estas de termos. O formal reside, no 
silogismo, na interconexão entre as proposições. O silogismo é uma estrutura sintática, 
como é estrutura sintática cada uma das proposições que a compõem. As proposições 
se interligam e compõem uma estrutura sintática maior, que é a forma-de-sistema, como 
forma-de-ciência. No campo da lógica, tudo é formal5. 
Aristóteles criou uma linguagem de símbolos, utilizando o silogismo no 
raciocínio lógico, onde qualquer que fossem os termos substituídos pelas letras seria 
válido. “Se todos os B são C e se todos os A são B, todos os A são C”, ou seja: “Todo 
homem é mortal. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal”. 
O procedimento que nos leva ao formal é sempre o mesmo, variando somente 
o domínio de objetos a que nos dirigimos. Da multiplicidade dessas variações advém a 
quantidade de métodos que os muitos setores reclamam em razão de suas peculiaridades 
existenciais. E, nesse meio, há de estar o jurídico, com seu modo específico de existir. 
Cumpre-nos observar que a locução “Lógica Formal” não pode escapar da 
crítica pleonástica, tendo em vista que, o único caminho capaz de conduzir-nos ao 
domínio das formas lógicas é a formalização. Daí destacamos que a linguagem da lógica 
é necessariamente formalizada, sendo certo que, basicamente, toda lógica é formal. 
Entretanto, quando o homem se nutre dos recursos dessa lógica formal e se 
dirige a um determinado segmento especulativo, em atitude cognoscente, da aplicação 
daquelas leis universais ao campo particular que foi proposto, surge a Lógica Aplicada, 
Lógica Maior, Lógica Material, etc. 
 
5.2 A lógica material 
 
 
4
 Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, verbete “inferência”. 
5
 VILANOVA, Lourival. Lógica jurídica. São Paulo: Bushatsky, 1976. p. 60. 
 
 
A Lógica Material ou Maior mostra-nos, por sua vez, que, além de uma forma 
escorreita, o pensamento, para ser verdadeiro, necessita de uma correspondência entre 
os objetos do raciocínio. Não se pode tomar um argumento como verdadeiro apenas em 
razão de sua forma, mas também em razão dos termos particulares que nela se 
encontram. 
É a parte da Lógica que estuda a matéria do raciocínio, isto é, estuda o 
conteúdo da lógica em raciocínio, o conteúdo do antecedente e do conseqüente, que 
examina a “verdade ou valor” da argumentação e de seus elementos. 
Pela lógica material, preocupada com a coerência interna, o pensamento pode 
ser correto ou incorreto. Contudo, correto e incorreto não se confundem com verdadeiro 
e falso. 
Destaca-se como diferença entre a lógica formal e a lógica material é que a 
primeira é, pois, limitada; limita-se a estudar o pensamento em si mesmo. 
A lógica material vai além, preocupando-se com a coerência externa e com a 
verdade dos juízos, que podem ser verdadeiros ou falsos. Ela vai até a realidade 
pensada; relaciona o pensamento com o mundo. 
A Lógica material vai além da analítica das formas, sendo a lógica - 
instrumento com que trabalha o jurista teórico ou prático, cujo objetivo não é fazer 
lógica, mas relacionar o logos com a concreção existencial, de onde procede e para onde 
se dirige o Direito, como instrumento cultural destinado a estabelecer um tipo de 
ordenação na vida humana coletiva. 
 
6. Lógica simbólica 
 
Também chamada de lógica matemática, logística ou lógica moderna. É uma 
das vertentes da lógica formal. Utiliza muitos símbolos e operações algébricas para 
representar as proposições e suas inter-relações. 
A lógica simbólica utiliza uma linguagem formal, composta por símbolos 
convencionais. Estes símbolos permitem trabalhar as proposições segundo as relações 
que tenham entre si, e sem dar atenção ao seu conteúdo. Nisto, a lógica se parece com a 
álgebra, que faz a mesma coisa com o cálculo numérico. Por exemplo, suponhamos a 
seguinte fórmula algébrica: a + b = b + a. Não nos interessa saber qual número pode ser 
dado a cada uma das letras utilizadas, sempre que cada uma delas tenha, em qualquer 
 
 
dos cálculos, um valor idêntico, ou seja, o mesmo valor que você dê a “a” do lado 
esquerdo do sinal de igual, você deve dar a “a” do lado direito do sinal de igual. 
Mas, como podemos atribuir a “a” e “b” qualquer valor que queiramos, a 
fórmula algébrica mencionada no primeiro termo tem como resultado, especialmente 
útil, o sentido de mostrar uma relação geral, isto é: que se somarmos dois números 
quaisquer, o resultado será idêntico sem que tenha importância a ordem das somas. 
As proposições da lógica matemática devem satisfazer os dois princípios 
fundamentais, segundo Paulo Marques: 
 
1º - Uma proposição só pode ser verdadeira (V) ou falsa (F), e 
 
2º - Uma proposição não pode ser, ao mesmo tempo, VERDADEIRA (V) e 
falsa (F)6. 
 
Também a partir destas noções elementares a lógica matemática desenvolveu 
todo um sistema, que se desdobrou em inúmeras vertentes. 
 
O bom uso da lógica matemática, a tempo, pressupõe e desenvolve a 
inteligência intelectual ou racional. 
Muitos entendem que a Lógica Simbólica não é adequada ao estudo e análise 
do Direito. A lógica habitua o espírito a determinar o exato sentido das palavras e 
orações empregadas na expressão do pensamento. Em relação ao emprego da Lógica 
Simbólica no campo do Direito, convém acautelarmo-nos contra um matematismo 
exagerado, o qual de maneira nenhuma corresponde aos resultados que esperamos. 
Há, no entanto, interesse de natureza cultural dos estudantes de Direito em ter 
uma noção de como a Lógica simbólica mostra a proposição. Edmundo Dantes 
Nascimento cita o exemplo de Marcel Boll para elucidar a lógica acima transcrevendo: 
Para projetar uma ponte entre os hábitos gramaticais e a Lógica de Conjuntos, 
mostraremos que a frase O SOL É UMA ESTRELA se exprime, depois do que se acaba 
de ler, por: (OBJETO) SOL PERTENCE AO CONJUNTO DE ESTRELAS – o que 
vulgarmente falando quer dizer a mesma coisa. E é, precisamente,uma de nossas 
 
6
 Paulo Marques, in: <http:// www.zaz.com.br/matemática/arq1-2. htm>. 
 
 
intenções mostrar que essa segunda frase – bárbara com torneio literário – é maneável e 
protege contra os erros7. 
 
7. A dialética 
 
A teoria de Heráclito, destacada no item 4 do presente estudo equipara-se à 
Dialética. 
É um método de se conhecer, que agrega o fato ao fenômeno, analisando-o 
dentro de um contexto universal. Essa metodologia analisa os contraditórios, conhece o 
que o objeto é a partir do que ele não é. 
Para podermos elaborar uma análise superficial da dialética, necessário se 
torna tecermos alguns comentários sobre suas teorias: a de Hegel e a de Popper. 
A dialética de Hegel é muito complexa, abordando a teoria do conhecimento 
ao mesmo tempo que influencia o pensamento político da época (contexto idealista 
alemão), tendo ainda repercussão na concepção do Jus Naturalismo. 
Recebeu diversas críticas e foi considerado um inovador, pois antes da 
expansão de sua teoria dialética, a metodologia da lógica formal predominava entre os 
filósofos da época. 
Para Hegel, o conhecimento humano era ilimitado, afirmando que, através da 
razão tudo pode ser conhecido. 
A tríade dialética é destacada em sua teoria, que dá a idéia de movimento do 
pensamento. Através desta, o processo de conhecimento é composto de três estágios: a 
tese, a antítese e a síntese. Primeiro surge uma teoria, que é a tese; depois, em virtude 
da existência de contradições naquela tese, surge a antítese e, para solucionar o impasse 
entre a tese e a antítese, soluciona-se o problema da contradição formulando a síntese. 
Karl Popper, através de sua teoria, segue a mesma linha de raciocínio dos 
dialéticos, mas, fazendo um estudo crítico da evolução da dialética, servindo para a 
criação de uma nova teoria, que é a de “conhecer através da correção de nossos erros”. 
De acordo com sua teoria, para Popper, o homem conhece com seus erros e 
acertos, primeiro formulando idéias e, estas conjecturas são analisadas criticamente, 
refutando os problemas. 
 
7
 BOLL, Marcel & REINHART, Jacques. Historie de la logique. Apud NASCIMENTO, Edmundo 
Dantes. Lógica aplicada à advocacia. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 1991. p. 231. 
 
 
Contudo, o resultado do conhecimento formulado com conjecturas e 
refutações não proporciona ao homem o conhecimento absoluto, e, à medida que o 
homem aprende com os erros cometidos, seu conhecimento aumenta. 
As teorias de Hegel e Popper se coadunam em virtude destas proporcionarem 
o movimento e fertilidade do pensamento, com uma possibilidade de mudança, de 
evolução das ciências. 
 
8. Lógica deôntica 
 
É aplicação das normas como sendo válidas ou não válidas. 
A lógica clássica e a simbólica se ocupam fundamentalmente de proposições 
enunciativas, ao contrário da Lógica Deôntica ou das Normas, que estuda as relações 
constantes formais que existem entre as proposições normativas. 
As leis da lógica deôntica valem para todas as diversas espécies de normas, 
como as morais, técnicas, gramaticais e jurídicas. 
A lógica das Normas, como o próprio nome diz, se refere a todos as espécies 
de normas. Temos, portanto, que, a lógica jurídica se ocupa apenas das normas 
jurídicas, sendo uma de suas partes. 
 
9. Lógica da linguagem 
 
A linguagem da ciência lógica é, puramente, uma linguagem. 
Dispomos de duas linguagens: uma linguagem-de-objetos e uma linguagem 
formalizada, a da lógica. Se a lógica usar linguagem não simbólica, como se não fora 
uma álgebra, ainda assim outra é a sua linguagem. Com a linguagem lógica não vamos 
aos fatos físicos, aos fatos biológicos ou aos fatos sociais, e muito menos exibimos o 
revestimento gramatical de uma determinada linguagem de objetos. A linguagem lógica 
quer simbólica, artificial, construída para nela se verterem as formas lógicas, quer não, é 
uma linguagem que conduz ao formal. 
Desde que o raciocínio, o principal objeto da lógica, é uma operação que 
geralmente se efetua por meio das significações das palavras, e em casos complexos não 
se pode realizar de nenhuma outra maneira, aqueles que não têm perfeito conhecimento 
da significação e do valor dos termos correrão o risco quase certo de raciocinar ou 
inferir incorretamente. 
 
 
A lógica da Linguagem trata-se de uma teoria voltada para a análise da 
estrutura lógica da linguagem, designando a semiótica como a teoria geral dos sinais. 
A análise lógica da estrutura do discurso científico e de suas proposições e do 
adequado emprego de seus termos é uma das características da Lógica da linguagem. 
 
10. Lógica jurídica 
 
A lógica, como ciência e aplicação no mundo jurídico tem por finalidade o 
exercício pleno do pensamento. A linguagem, precisa e transparente, a Retórica, como 
arte de persuasão e a dialética, como técnica e método na busca para aperfeiçoar 
princípios da Hermenêutica, fornecerão ao especialista do Direito elementos essenciais 
em sua formação jurídica. 
Lógica jurídica é condição e instrumento necessário ao estudo de todos os 
campos do Direito. O Direito compõe um sistema lógico. 
Dizemos que a lógica é jurídica sem deixar de ser formal porque está 
vinculada à uma região ou domínio de objetos – as normas jurídicas – e se apresenta 
como uma formalização da linguagem que serve de expressão aos significados que são 
as normas. Sendo uma formalização dessa linguagem, a lógica jurídica, por sua vez, é 
uma linguagem por mais simbólica que se construa, sendo certo que sempre os seus 
símbolos fazem referência geral ao domínio dos objetos jurídicos. Diante de tantas 
peculiaridades da ciência do Direito, muitos juristas formularam metodologias para seu 
estudo, atribuindo, entre outras, a “lógica jurídica”. As chamadas “lógica dialética”, 
“lógica jurídica”, nada mais são que a própria dialética. 
A importância da lógica no mundo jurídico é de suma importância. Na 
decisão judicial, a premissa maior é a lei; a premissa menor, a descrição dos fatos 
concretos narrados; a conclusão, a sentença. 
Somente o saber de experiência feito produz julgamentos sintonizados com o 
Direito e a Justiça. No silogismo da sentença judicial, o saber e a experiência entram, 
principalmente, na inferência que, como já vimos, é a atividade mental que liga as duas 
premissas à conclusão. 
O Direito é uma realidade procurada. No universo jurídico sempre se buscam 
novas verdades. Na seara jurídica, um bom conhecimento da Lógica revela-se de 
acentuada importância. 
 
 
Entre as discussões referentes a qual das modalidades de lógica devemos 
utilizar no estudo da lógica jurídica, temos de ter uma visão compreensiva e abrangente 
de seu campo de atuação, levando-nos a considerar, no campo do Direito, todos os tipos 
de lógica já destacados, que representam focalizações diferentes, correspondendo a 
situações diferentes. 
O desenvolvimento dos estudos lógico-jurídicos vem demonstrando a 
necessidade de utilização de todas as espécies de lógica para o exame de determinadas 
situações de Direito. 
 
10.1 A lógica jurídica e sua interpretação 
 
A interpretação do Direito constitui passo fundamental para a perfeita 
aplicação dos preceitos e conseqüente desenvolvimento social. É um tema 
imprescindível a todos os técnicos do Direito cuja função precípua é desentranhar o 
sentido e o alcance das expressões jurídicas. 
O técnico do Direito, em sua interpretação jurídica, deverá recorrer a vários 
elementos, dentre os quais destacamos: gramatical, histórico, sistemático e lógico. O 
texto legislativo é, assim, uma estrutura lingüística que pressupõe vontade e raciocínio, 
exigindo os trabalhos da lógica para a sua interpretação. 
No que diz respeito ao elemento lógico na interpretaçãodo Direito, uns 
concebem-no amplamente como lógica do razoável (lógica do concreto) e outros 
estritamente como lógica do racional. Os primeiros são adeptos dos métodos modernos 
de interpretação; os segundos, do método tradicional ou Aristotélico. 
 
10.1.1 A lógica jurídica do racional 
 
A lógica jurídica do Racional é a lógica tradicional ou Aristotélica aplicada ao 
Direito, o método usado pela arcaica hermenêutica jurídica e refere-se justamente 
àquela espécie de interpretação lógica que fica adstrita aos elementos internos da norma. 
Nesta espécie de lógica jurídica, o apego à fórmula do texto e a não 
ultrapassagem dos elementos intrínsecos geram muita insegurança para esta forma de 
interpretação. 
Em uma interpretação lógico-tradicional, tanto a forma do preceito é correta 
como o conteúdo é verdadeiro, sendo certo que o que ocorre é que na interpretação 
 
 
lógico-tradicional não se avaliam os aspectos extrínsecos do preceito, o que leva 
modernamente este processo de interpretação ser tão atacado. 
 
10.1.2. A lógica jurídica do razoável 
 
Trata-se de um novo tipo de lógica, especialmente aplicada ao campo do 
Direito e de outras ciências humanas, através de um alargamento do campo da lógica 
para abranger outros processos de conhecimento. 
Desenvolvida pelo professor mexicano Recauséns Siches, a “lógica do 
razoável”, é uma doutrina que ataca a lógica do racional, achando um erro absurdo o 
emprego exclusivo, em assuntos jurídicos, de métodos tradicionais da lógica (originada 
com o “Organon” de Aristóteles). 
De acordo com o entendimento do professor mexicano Siches, esses métodos 
lógicos apenas aplicam-se às ciências da natureza como a Física e a Matemática, 
revelando-se, pois, incompatíveis com os problemas ligados à conduta humana. 
Acredita que todo o esforço deve ser feito para alcançar a máxima individualização da 
regra geral; todos os elementos interpretativos são válidos, porém condicionados, 
havendo, portanto, a presença de fatores teleológicos, de investigação dos fins a que a 
lei pretende. A norma é apenas um meio a serviço de uma finalidade, que é a Justiça e o 
Bem Comum. 
A interpretação do Direito deve levar em consideração certos elementos 
exteriores ao texto, mas que permaneçam em íntimo contato com ele; deve-se ater às 
valorações incluídas explicita ou tacitamente em um preceito positivo. Essa 
interpretação deve ter não só uma razão como a da Lógica do Racional, mas também 
uma razão impregnada de pontos de vista estimativos, de critérios de valoração, de 
pautas axiológicas. 
Alípio Silveira nos ensina: 
 
Em face de qualquer caso, o aplicador há de proceder razoavelmente, 
investigando a realidade e sentindo os fatos, indagando dos juízos de valor 
em que se inspira a ordem jurídica em vigor, para que se encontre a solução 
satisfatória, entendendo-se esta em função do que a ordem jurídica considera 
como sentido de justiça8. 
 
 
8
 SILVEIRA, Alípio. Hermenêutica no direito brasileiro. São Paulo: RT, 1968. p. 35. 
 
 
Através da Lógica do Razoável, além dos elementos racionais, pretendeu-se 
que, além dos elementos racionais, se há necessidades sociais que reclamam normas, 
estas devem ser interpretadas de acordo com os fins a que se propõem. 
Dentro do âmbito das normas, deverá o juiz dar ao caso concreto a solução 
mais justa possível, mas, na sua interpretação não deverá contrariar os preceitos 
jurídicos, e sim deverá ter total obediência a eles. 
 
11. Conclusão 
 
Para muitos autores, a Lógica Clássica ou Tradicional não interessa ao campo 
de estudo da Lógica Jurídica. Para outros, a lógica moderna nada mais é do que o 
prolongamento da Lógica Clássica. 
Para outros ainda, a única lógica válida é a da linguagem, ao afirmarem que a 
lógica atual se limita à lógica da linguagem, tratando unicamente de questões referentes 
ao uso dos signos da linguagem, opinião diversa da de Miguel Reale, que considera 
inadmissível julgar que a lógica jurídica possa se exaurir na pesquisa de seus elementos 
lógicos lingüísticos. 
Através de uma visão compreensiva, deixando de lado o radicalismo de cada 
corrente, podemos encontrar no campo do Direito todos os tipos de lógica já destacados, 
representando perspectivas diferentes em cada caso isolado a ser analisado. 
Em relação à Lógica Clássica, destacamos que esta apresenta contribuições 
básicas sobre conceitos, proposições e modalidades de raciocínio, como a dedução, a 
indução, etc. 
Muitos criticam a Lógica de Aristóteles como a lógica do “silogismo”, não 
percebendo que a descoberta do silogismo é considerada, por muitos, uma das maiores 
conquistas da mente humana. 
Elementos da lógica clássica foram amplamente desenvolvidos pela lógica 
simbólica, oferecendo amplo campo de estudo especialmente para as ciências físico-
matemáticas. Contudo, entendemos que a lógica simbólica pode prestar grandes 
serviços ao Direito, notadamente no campo da informática, em virtude de, atualmente, o 
campo da informática se estender aos múltiplos campos da justiça, através da expedição 
de certidões, informações processuais, na programação de casos repetitivos de matéria 
fiscal, etc. 
 
 
A Lógica Deôntica se ocupa dos raciocínios jurídicos normativos, como as 
sentenças, que possuem normas com premissa e conclusão, podendo também, desta 
forma, dar à jurisprudência o fundamento da dedução do domínio das normas. 
As lógicas do concreto constituem hoje um dos instrumentos mais adequados 
ao estudo do Direito vivo e se acha incorporada definitivamente à moderna Lógica 
Jurídica. 
A análise da lógica da linguagem no campo do Direito também tem se 
mostrado de vital importância, revelando aspectos novos e cada vez mais amplos e 
esclarecedores dos fenômenos jurídicos. O estudo dos aspectos semânticos, pragmáticos 
e sintáticos dos institutos jurídicos é abrangido pela análise da linguagem, sendo um 
estudo absolutamente necessário à Lógica Jurídica. 
 
12. BIBLIOGRAFIA 
 
BATALHA, Wilson de Souza Campos. Introdução ao Estado do Direito. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 1986. 
 
COELHO, L. Fernando. Lógica jurídica e interpretação das leis. Rio de Janeiro: 
Forense, 1981. 
 
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do Direito. 8. ed. São Paulo: 
Saraiva, 1995. 
NÁDER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
1997. 
 
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4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 1991. 
 
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 1975. 
 
______. Lições preliminares de Direito. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1976. 
 
SILVEIRA, Alípio. Hermenêutica no Direito brasileiro. São Paulo: RT, 1968. 
 
 
 
VILANOVA, Lourival. Lógica jurídica. São Paulo: Bushatsky, 1976. 
 
VON JHERING, Rudolf. A finalidade do Direito. Campinas: Bookseller, 2000.

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