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Indigestões em Ruminantes - Classificação
- É um grupo de doenças muito frequente em bovinos leiteiros
Classificação:
● Indigestões Primárias: são doenças (processos patológicos) em que a sede do
problema são no retículo e no rúmen
- Doenças Motoras
- Doenças Fermentativas
● Indigestões Secundárias: é quando existe hipomotilidade retículo-ruminal
secundária a doenças localizadas em outros órgãos que não sejam o retículo ou o
rúmen (podem ser no omaso, e abomaso, e nos intestinos)
- Compactação do Abomaso
- Doenças do Abomaso → Ex: deslocamento do abomaso
- Doenças intestinais
- Peritonite
- Processos sistêmicos
INDIGESTÕES PRIMÁRIAS
a) Doenças motoras Reticulorruminais:
● Reticuloperitonite Traumática → mais frequente
● Indigestão Vagal
● Timpanismo Gasoso
● Paraqueratose Ruminal → menos frequente
● Reticulite e Ruminite não Traumáticas → menos frequente
● Obstrução do Cárdia
● Obstrução do Orifício Retículo-omasal
● Hérnia Diafragmática → raro
b) Doenças fermentativas Reticulorruminais: são doenças relacionadas com a
dieta - são mais prevalentes em comparação com as doenças motoras
● Indigestão Simples → mais frequente
● Sobrecarga Ruminal Crônica
● Acidose Láctica Ruminal Aguda
● Acidose Ruminal Crônica Latente → prevalência alta
● Alcalose Ruminal
● Putrefação da Ingesta Ruminal
● Timpanismo Espumoso
As doenças motoras e as doenças fermentativas apresentam grande importância, e
representam grande parte das doenças que acometem o sistema digestório de
ruminantes. Tem maior casuística em bovinos leiteiros
Síndrome de Indigestão dos Ruminantes
- Sintomas comuns e inespecíficos
● Apatia
● Apetite seletivo
● Diminuição ou ausência de apetite → anorexia ou inapetência
● Ausência de ruminação
● Hipomotilidade reticulorruminal → toda vez que houver vai haver
dificuldade para eliminação de gás - ocorre secundariamente a esta
condição o timpanismo gasoso
● Timpanismo gasoso
● Cólica → raramente os ruminantes apresentam, com exceção dos caprinos
● Queda da produção de leite → em vacas leiteiras em lactação - pode ser
abrupta ou gradativa
Aspectos Anatômicos e Fisiológicos
- Rúmen e retículo ocupam o lado esquerdo da cavidade abdominal → imagem 2
- No lado direito está o omaso e abomaso → imagem 1 - e dá para ver o lado medial
do saco dorsal e ventral do rúmen
- Posição do baço: entre o rúmen e retículo e a parede abdominal → está
pontilhado na primeira imagem
- Esôfago que vai desembocar no retículo que vai estar em contato com o
diafragma
- Imagem 2 : Região diferenciada localizada na parede medial do retículo →
é o sulco reticular ou goteira esofageana. Orifício retículo-omasal ⇒
conduz a ingesta em sentido aboral, ou seja, a ingesta que sai do
rúmen-retículo para dentro do canal omasal e posteriormente para o
abomaso. O sulco reticular é importante na fase em que os ruminantes são
lactentes, por um processo de arco-reflexo estas pregas formam tipo de
uma “calha” que conduz o leite direto do cárdia para o orifício
retículo-omasal, evitando assim que o leite seja derramado para o interior
do retículo e rúmen, o leite vai direto para o canal omasal e
posteriormente para o abomaso. Então esta região diferenciada
compreende as pregas específicas, e dois esfíncteres: o cárdia (dorsal) e
o orifício retículo-omasal (ventral).
- Na imagem 3 → o omento menor recobrindo o omaso e o omento maior que
abriga todo o trato gastrointestinal (exceto o início do duodeno)
Esta imagem demonstra o sulco reticular na parede medial do retículo, o baço
está nesta imagem (6), o rúmen foi retirado
Lado direito do abdômen, dá para se ver o fígado, o omento menor
recobrindo o abomaso, o duodeno em amarelo
Trato intestinal fica abrigado na bolsa do omento maior
Dividir a cavidade abdominal em 4 quadrantes. Por palpação retal só é possível a
avaliação dos quadrantes dorsais (esquerdo e direito). Palpamos do lado esquerdo
a parede medial do rúmen e do lado direito palpamos o intestino delgado e grosso.
No interior do rúmen existe uma situação fisiológica de estratificação do
conteúdo ruminal em 3 estratos principais: o gás (dorsal - frequentemente
eliminado pela eructação), a parte fibrosa (intermediária), e a porção líquida ou
suco ruminal (ventral)
Aspectos Fisiológicos
- Função motora retículo-ruminal é avaliada por palpação, inspeção e auscultação
Ciclos de Contrações Reticulorruminais
A) Ciclo Primário: Bifásico, tem a primeira fase e a segunda fase e
posteriormente tem um momento de silêncio auscultatório, até que ocorra
o próximo movimento ruminal com as mesmas características
- 2 a 3 movimentos em 2 minutos
- 7 a 12 movimentos em 5 minutos
Nos casos de indigestões a maior parte destes animais vai ter
hipomotilidade ruminal e eventualmente atonia ruminal.
B) Ciclo Secundário: a cada 2 a 3 ciclos primários
- Empurra o gás em direção ao cárdia. Permite a eructação do gás
que se acumulou dorsalmente
2 funções básicas relacionadas aos pré estômagos:
- Função motora → comandada pelo nervo vago (ramos dorsal e ventral), são
responsáveis por conduzir os impulsos eferentes que geram a contração desta
musculatura lisa (tanto do rúmen, retículo, omaso e abomaso). Então a função
motora pré-estomacal e abomasal depende da integridade dos dois ramos do
nervo vago
- Função fermentativa → é exercida pela microbiota que habita os pré estômagos
(protozoários, fungos e bactérias, e alguns vírus), e executam a digestão
fermentativa
Estas funções são independentes uma da outra. As doenças motoras geram disfunção
motora primária, as doenças fermentativas geram disfunção fermentativa primária,
porém uma interfere na outra, ou seja, a disfunção motora diminui a eficiência da
atividade fermentativa, e a disfunção fermentativa leva a hipomotilidade
retículo-ruminal (ou seja leva disfunção motora secundariamente)
- Impulso aferente → informação conduzida por fibras sensoriais dentro do nervo
e vão da periferia para o SNC. São informações que chegam ao encéfalo por meio
das fibras sensitivas ou sensoriais dos nervos
- O nervo vago é misto, ou seja, é composto por fibras motoras e sensoriais, então
conduz os impulsos aferentes.
- Os impulsos aferentes são informações captadas por receptores sensoriais e
direcionados pelo nervo vago a medula oblonga, onde ficam os núcleos dos nervos
vagos, ao lado dos centros gástricos.
- Os centros gástricos são regiões muito próximas aos núcleos do nervo vago que
ficam na medula oblonga, e é uma região que recebe as informações aferentes.
- Estas informações aferentes podem ser subdivididas em 2 tipos:
● Impulsos excitatórios para os centros gástricos
● Impulsos inibitórios para os centros gástricos
- Toda vez que os impulsos aferentes excitatórios superarem numericamente os
impulsos inibitórios isto excitará os centros gástricos que vão gerar os
impulsos eferentes.
- Impulsos eferentes → informações que trafegam pelas fibras motoras de um
nervo, originadas no SNC para a periferia, para o órgão efetor, que neste caso é
a musculatura lisa pré estomacal - nervo vago conduz os impulsos eferentes
originados no centro gástrico até a musculatura lisa pré-estomacal.
- Entre um movimento ruminal e outro os centros gástricos passam um período de
tempo recebendo e acumulando os impulsos aferentes, aí vai depender se a
maioria é inibitório ou excitatório para determinar a condição fisiológica
- Nas enfermidades agrupadas como indigestões: os estímulos excitatórios
diminuem em número e os estímulos inibitórios aumentam, assim a contração
retículo-ruminal será menos frequente
- Capítulo Indigestão em Ruminantes - Medicina Interna de grandes animais →
Franklin Garry
- Rúmen repleto ou totalmente vazio → não contrai bem
Retículo Peritonite Traumática
- Doença motora de maior importância → causada pela perfuração do retículo por
instrumentos perfurantes (perfura→ cabeça do equino fica inchada, é uma
emergência equina
- Injeção intra arterial – Ex: artéria carótida - leva sangue para o encéfalo.
Caso seja feito aplicação de sedativos pode levar a uma depressão intensa,
podendo até mesmo levar a uma parada cardiorrespiratória
Colocar agulha antes para ver se está em uma artéria ou em uma veia! O
sangue venoso fica gotejando e é escuro, já o sangue arterial tem alta
pressão e é vermelho
VASOS DE APLICAÇÃO:
Equinos:
- Jugular → mais utilizada
- Safena *
- Cefálica *
- Veia torácica lateral
*Mais utilizadas em potros
Bovinos:
- Mamária
- Veia da cauda → boa para coletar sangue, mas não para a aplicação de
medicamentos
- Jugular
- Veias de membros (safena e cefálica) → boa para pequenos ruminantes
- Veias auriculares → preferível do que a jugular no caso de manutenção de
fluido (animal não se mexe tanto). A veia auricular cranial não pode ser
utilizada
AGULHAS UTILIZADAS
- Agulha 25x7 → utilizada em neonatos e potros
- Agulha 30x8 → em bezerros, potros, ovelhas e cabras adultas, e cavalos
adultos (IV)
- 40x12 → via IM em cavalo, e para todas as vias do bovino adulto
- 40x16 → bovino adulto - para medicamentos oleosos
- Escalpe → para antibioticoterapia regional e local
- Cateteres → 14, 16, 18
14, 16 - jugular de bovino e equino adulto
18 - potro, bezerros, ovelha e cabra adulta, e para coleta de líquor
também
- Cateter 20, 22 e 24 → para veias auriculares
- Cateter venoso periférico → pode deixar no máximo 72 horas, após
deve-se fazer a troca
- Cateter de acesso venoso central
❖ 21 dias (3 semanas)
❖ Neonatos, para pós operatório de cólicas complicadas
❖ Tricotomia, antissepsia, anestesia local
❖ Cavalo → jugular
Cálculo de Volume
V= P x D / []
Dose de flunixin meglumine
D = 1,1 - 2,2 mg/kg
As doses dos medicamentos achamos na literatura ou no Vet smart. Há doses
diferentes para enfermidades diferentes, como exemplo o Albendazol
(vermífugo feito via oral) que dependendo do parasita há diferenças na dose
O peso se avalia através da balança, ou até mesmo com fitas de peso
A concentração avaliamos na bula
EXEMPLOS:
Bezerro, 50 kg, Flunixin meglumine
- []= 50 mg/ml
- D= 2,2 mg/kg
- V= 50 x 2,2 /50 ⇒ 2,2 ml
Florfenicol - usado para pneumonia
D= 20 mg/kg
P= 50 Kg
[]= 20%
20 g – 100 ml ⇒ 20.000 mg – 100 ml ⇒ 20.000/100 ⇒ 200 mg/ml
Ou multiplica por 10
V= 20x50/200 → 5 ml
Potro, 300 kg
- Penicilina cristalina = potássica e sódica → estas penicilinas são feitas por
via IV, possuem ação curta e normalmente são utilizadas pós operatória
- Procaína e benzatina → possuem meia vida longa, a procaína é IM
obrigatória, a benzatina é feita a cada 48 horas e a procaína é feita em
um intervalo de 12 a 24 horas
Tétano
- Primeiro realizar o cálculo de benzatina - fazer cálculo somente dela,
isolar o medicamento
- D= 10.000 - 40.000 UI/kg → neste caso fazer 20.000 UI/kg
- []= 12.000.000 UI/60 ml → quanto tem em 1 ml → 12.000.000/60
⇒200.000 UI/ml
- V= 20.000 x 300/200.000 ⇒ 30 ml
DEVE-SE FAZER NO MÁXIMO 20 ml EM CADA MÚSCULO!!!
Cordeiro, diarréia
- P=20 kg
- Sulfa + trimetopin (clássica combinação em casos de diarréia)
- D = 15-30 mg/kg → dose de associação
- []= 20 g sulfa + 4 g Trimetoprim/100ml → soma (20+4) ⇒ 24 g/100ml →
24.000 mg/100 ml → 240 mg/1 ml
- V = 30x20/240 = 2,5 ml
AFECÇÕES DO OMASO e ABOMASO
Revisão anatômica
- Pré-estômagos: Rúmen (pH = 5,5 - 7,2), retículo e omaso (aglandulares)
- Estômago: Abomaso (glandular)
- Omaso:
● Esférico
● Lâminas musculares / folhas (folhoso)
● Trituração das fibras
● Lado direito
● Classificação alimentar: faz separação das partículas alimentares
❖ Partículas pequenas - abomaso
❖ Partículas grandes - retículo
- Abomaso:
● Localizado no quadrante abdominal ventral direito
● Glândulas fúndicas e pilóricas
● Digestão química
● pH 2,0 a 2,5
● Importante em animais lactentes
Compactação Abomasal (e omasal)
Fatores de risco
Primárias - leva a compactação de abomaso primária
- Dietas fibrosas
● Difícil digestibilidade
● Capim fibroso, palha e feno
● Forragem de menor qualidade (fibroso) triturada e misturada a
concentrados para aumentar o consumo
- Países de clima frio ou temperado → comum em lugares mais ao sul
- Geofagia (ingestão de terra, areia) → normalmente em animais com déficit
nutricional - ingere na tentativa de repor os nutrientes que estão faltando
- Privação de água
Secundárias - Hipomotilidade secundária a
- “Enfermidades primárias que levam a alterações na motilidade do órgão”
- Atonia abomasal secundária ao DAE ou DAD
- Hipomotilidade secundária a Leucose
- Hipomotilidade secundária a Úlcera de abomaso/ Abomasite
- Hipomotilidade secundária a Indigestão vagal
Na grande maioria dos casos não se tem somente um fator acontecendo
PATOGENIA
Como está em partículas pequenas passa direto pelos pré-estômagos, e o omaso
separa o que é pequeno do que é grande para saber se vai para o abomaso ou se
vai para o rúmen-retículo. Vai chegando no abomaso está fibra de baixa
digestibilidade e de forma excessiva (consumo excessivo), ocorre o acúmulo e a
compactação desta ingesta - o órgão vai ficando pesado com a grande quantidade
de alimento - leva à dilatação de abomaso e atonia
TODA VÍSCERA OCA (abomaso, rúmen) → QUANDO COMEÇA A DILATAR
EXCESSIVAMENTE → PODE CAUSAR HIPOMOTILIDADE E ATONIA →
LEVANDO A DOR
Fibra pequena passa rapidamente pelos pré-estômagos e chega até o abomaso.
Areia → pode levar inclusive a erosão da mucosa. – Pelo processo abrasivo
- Abomaso com este monte de conteúdo dentro continua secretando suco
gástrico (Hcl)
- Não é uma enfermidade aguda - curso subagudo
- Se tem uma evolução de mais de 7 dias para o animal começar a
apresentar sintomas
- A secreção vai continuar de modo contínuo no abomaso
SINTOMAS
- Curso subagudo com agravamento progressivo
- Evolução de mais de 7 dias
- Diminuição da produção de leite
- Apetite caprichoso → anorexia
- Hipomotilidade ruminal
- Fezes escassas e infrequentes → pode evoluir para ausência de fezes
- Desidratação e apatia
- Distensão abdominal → no quadrante direito e ventral
- Dor abdominal subaguda - dor mais leve
● Reluta em deitar ou caminhar
- Dor a palpação profunda ou percussão do quadrante ventral direito →
pode ficar tentando escoicear o abdômen do lado direto
- Presença de terra ou areia nas fezes
COMPLICAÇÕES
- Ruptura de abomaso → DEVIDO A QUANTIDADE DE CONTEÚDO, PODE
CAUSAR INCLUSIVE PERITONITE E O ANIMAL PODE VIR A ÓBITO
- Compactação concomitante de omaso e rúmen
- Úlcera de abomaso → ESPECIALMENTE EM ANIMAIS QUE COMEM
AREIA, POIS PODE TER FORMAÇÃO DE ÁREAS EROSIVAS NA
MUCOSA
- Indigestão vagal
DIAGNÓSTICO
- Histórico
- **Achados do exame físico são bastante inespecíficos
- Sinais clínicos → Palpação retal difícil
- Laparotomia exploratória – CONFIRMATÓRIA
◼ Flanco direito - Observação direta do abomaso
◼ Flanco esquerdo com ruminotomia - palpação do abomaso pelo rúmen
Abre o abdômen para ver o que está acontecendo
- Achados de necropsia
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Indigestão vagal
● Estenose funcional posterior
● Curso crônico
- Obstrução intestinal → bem menos comum em ruminantes do que em
cavalos
- Peritonite difusa
TRATAMENTO
Conservativo
- Casos moderados
- Ausência de compactação ruminal
- Sem risco de morte iminente
Cirúrgico
- Casos graves
- Distensão abdominal acentuada
- Compactação ruminal
- Risco de morte iminente
***prova
ABATE?? Avaliar custo benefício
- Tentamos o tratamento conservativo com 72 horas no máximo.
- Este animal tem desidratação, alcalose metabólica, hipocloremia e
hipocalemia
- Além da hidratação por via intravenosa (correção da desidratação,
alcalose metabólica, hipocloremia e hipopotassemia). Fazemos hidratação
por via enteral → para amolecer o conteúdo dentro do abomaso e
desfazer a compactação e esvaziar o abomaso - vai passara sonda e vai
fazer dentro do rúmen o Dioctilsulfossuccinato de sódio (um agente
emoliente, penetra na massa compactada e desfaz) - Faz esta solução por
3 dias e avalia, caso o abomaso começa a esvaziar faz por mais dois dias,
se não ter mais respostas vai ter que partir para o tratamento cirúrgico.
Outra opção é a Metoclopramida (plasil), que ajuda na contratilidade do
abomaso, ajudando no esvaziamento. Fazemos a metoclopramida quando o
animal estiver devidamente hidratado, visto que se o abomaso ficar
contraindo com o conteúdo muito ressecado pode acabar levando a mais
dor.
- Solução fisiológica – solução acidificante. Ringer simples – solução
acidificante → animal está em alcalose metabólica
- Se não voltou a motilidade do abomaso e o animal não produziu fezes, e ele
ainda está dilatado vamos partir para o tratamento cirúrgico.
Cirúrgico
Casos de prenhez avançada
◼ Indução do parto (20mg de Dexametasona, IM) – com o feto dentro do útero
não vai conseguir expor o abomaso adequadamente
◼ Cesariana
Abomasotomia
◼ Casos mais graves
◼ Laparotomia paramediana → do lado direito - expõe o abomaso e faz a
abertura e retira o conteúdo
Ruminotomia e sifonamento do conteúdo abomasal
◼ Casos moderados
Nos casos moderados faz acesso pelo lado esquerdo (laparotomia esquerda), faz
a ruminotomia e retira o conteúdo pelo rúmen
**Sem motilidade → o conteúdo vai se compactando
PROGNÓSTICO
- Causas alimentares – Reservado
- Secundária à doenças e causas funcionais - Mau
PREVENÇÃO
- Manter dieta adequada → Retirar fatores de risco alimentares que podem
levar à compactação
- Controle de doenças que geram atonia abomasal → úlcera de abomaso,
leucose enzoótica bovina, atonia de abomaso, indigestão vagal…
ÚLCERA DE ABOMASO
- Equivalente a úlcera gástrica nos cavalos e cães
- Acomete bovinos jovens e adultos
- Ovinos e caprinos submetidos a estas situações de estresse também
podem ter úlcera de abomaso
- Maior ocorrência em animais de produção leiteira → animais submetidos a
maiores alterações de manejo
- Período de ocorrência
● Ligados a fase de maior exigência para a vaca: até 6 semanas pós
parto em vacas de leite
● E para outros bovinos e geral: Após transporte, cirurgias e
situações de estresse
- Pode ser subclínica em bezerros – mais frequente
- Muitas vezes o animal passa por uma indigestão. E o animal para de comer,
sente um pouco de dor, fica mais apático e passa como se fosse uma
indigestão, mas dali a algum tempo ele acaba tendo outro quadro desse -
aparenta ser um quadro de indigestão
Etiologia
- Etiologia incerta
- Alimentação rica em concentrados → mudança do pH trato
gastrointestinal – abomaso pode ficar mais ácido ainda
- Estresse
● Ambiental, nutricional ou físico
● Período de transição da vaca leiteira: Gestação avançada, início de
lactação, pico de produção leiteira
● Transporte prolongado, leilão, torneio leiteiro
● Dor → fator de estresse, pode levar a úlceras
- Uso de esteróides e AINEs - quando o animal tem dor, podem levar a ter
mais chances do animal ter úlcera de abomaso
● Reduzem produção de muco e renovação celular
- Deficiência mineral de cobre e selênio → também pode levar a úlcera de
abomaso
Bactérias
- Campylobacter spp.
- Helicobacter pylori
- Clostridium perfringens A
Em bezerros:
- Tricobezoares (bolas de pelos) – ação abrasiva na mucosa, predispõem a
úlcera
- Aleitamento artificial X forragem → bezerros em aleitamento artificial
tem mais úlceras de abomaso
- Substitutos do leite X leite de vaca → bezerros que tomam substitutos
de leite são mais predispostos a ter úlcera de abomaso
Outras enfermidades relacionadas:
- BVD
- Febre catarral maligna
- Metrite*
- Mastite*
- Cetose*
*Típico da vaca leiteira em transição
- Leucose
- DAE, DAD ou VA
- Timpanismo
- Compactação omasal ou abomasal
- Indigestão vagal
- Sablose → deposição de areia nas vísceras
- Quadros que levam a inapetência
Qualquer condição que leve a uma redução do consumo de alimento e que afete o
abomaso em si → pode levar a uma úlcera de abomaso
PATOGENIA
“Teoria da abrasão”
- Alimentos grosseiros ou até mesmo os tricobezoares ⇒ abrasão da
mucosa → FACILITADOR PARA A DIFUSÃO DE ÁCIDO E PEPSINA -
agrava a lesão e leva a úlcera em si
- Difusão do H+ e pepsina → agravamento da lesão
Apresentações clínicas
- Tipo I: úlcera sem hemorragia para a luz do abomaso
- Tipo II: Úlcera com hemorragia para a luz do abomaso
- Tipo III: perfurada (erodiu mucosa, submucosa, muscular e serosa e
chegou no peritônio) com peritonite localizada
- Tipo IV: perfurada com peritonite difusa
● Tipo V: perfurada com peritonite restrita ao omento, levando a
aderências do abomaso ao ID e bursite de omento (aderência do
abomaso no omento). **Bursite – peritonite que fica dentro do
omento, é difícil de ser diagnosticada, não dá para acessar por via
de colheita de líquido peritoneal
Omento → cobre as alças do Intestino delgado
Tipo I
- Subclínica
- Perda mínima de sangue intraluminal
- Sinais inespecíficos: diminuição do apetite, discreta apatia
- Úlcera mais presente nos bezerros
Tipo II
- Hemorragia intraluminal grave
- Sinais clínicos:
◼ Anemia progressiva
◼ Melena → fezes enegrecidas
◼ Distensão abomasal
◼ Refluxo do conteúdo do abomaso para o rúmen
◼ Alcalose metabólica hipoclorêmica e hipocalêmica
- Úlceras dos tipos I e II podem vir a se tornar perfurantes → caso não
forem diagnosticadas e tratadas
- A úlcera pode estar associada com linfossarcoma → **tumor advindo da
leucose enzoótica bovina
◼ Vacas com mais de 5 anos
Tipo III
- Peritonite aguda local
- Aderência do abomaso ao omento (na parede externa do omento) ou
peritônio
- Prognóstico reservado
Tipo IV
- Peritonite aguda difusa
- Quase sempre fatal
Tipo V
- Peritonite localizada, com aderências em ID e bursite omental (fica uma
bolsa cheia de conteúdo necrótico, de alimento dentro do omento)
- Quase sempre fatal, porém com evolução subaguda a crônica
- Evolução mais crônica, de algumas semanas - mas também é fatal
- **Bolsa do omento separando o IG e o ID do abomaso, e quando este
abomaso perfura para dentro do omento vai gerar um acúmulo de líquidos
para dentro do omento, levando a bursite omental
Sinais clínicos
Úlceras não perfurantes - tipo II
- *Sangram
- Anorexia
- Dor abdominal leve
- Taquicardia (90 a 100 bpm)
- Bruxismo* todo pequeno ruminante que a professora viu com este sinal
clínico tinham bruxismo
- Fezes escassas, escuras, fétidas
- Melena
◼ pode ser intermitente
◼ 8 horas para detecção
Úlceras não perfurantes com hemorragia aguda - tipo II
- Choque hipovolêmico → perda intraluminal de sangue excessiva – ocorre
bastante em bezerros
- Anemia grave
- Mucosas pálidas
- Pulso fraco
- Extremidades frias
- Desidratação
- Estase ruminal
- Hipotermia
- Decúbito permanente
- Morte
**tratamento aqui é transfusão sanguínea
Úlceras perfurantes: tipo III, IV e V
- Ocasionam peritonite
- Febre
- Anorexia
- Diarréia ou Fezes escassas
- Melena incomum → sangramento normalmente ocorre para dentro da
cavidade e não para dentro do abomaso
- Estase (atonia) ruminal
- Dor (abdomen direito)
- Depressão profunda
- Desidratação
- Choque
- Morte
Diagnóstico
- Anamnese e sinais clínicos → Exame do abomaso difícil acesso
- Hemograma → **se tiver anemia pensar em úlcera perfurante com
sangramento. No caso das úlceras III, IV e V vai ter leucocitose
hiperfibrinogenemia
- Pepsinogênio sérico - > 5,0 = úlcera
● Parasitismo por Ostertagia ostertagi
- Gastrina sérica
● Normal = 103,2 pg/mL
● Úlcera = 536,6 a 900,4 pg/mL
- Dosagem de cloreto → Concentração de cloretos no suco ruminal → pode
ter refluxo de conteúdo do abomaso para o rúmen
- Sangue oculto nas fezes → não é um exame 100%, tem bastante falso
negativo
- Abdominocentese → colheita do conteúdo abdominal para ver se tem
peritonite ou não
● AUM deleucócitos e proteínas no líquido peritoneal – em peritonite
difusa
- Ultrassonografia → importante para o diagnóstico da úlcera do tipo V
- Abomasoscopia
- Laparotomia exploratória → para fazer a visualização do abomaso
- Necrópsia
● Úlceras perfuradas – corpo do abomaso, ao longo da curvatura
maior
◼ Bovinos adultos – região fúndica
◼ Bezerros em amamentação – antro pilórico (área de transição do
abomaso para o ID)
- Úlceras de 5cm de diâmetro
- Fluido abomasal na cavidade abdominal
- Aderências
Diagnóstico diferencial
Tipo I
- Indigestões → apresentam poucos sinais clínicos
Tipo II - são as úlceras que sangram
- Ulcerações intestinais
- Obstrução intestinal
Tipos III, IV e V - úlceras perfuradas
- Diagnósticos diferenciais são as outras causas de peritonite
- RPT → mais frequente - principal diferencial
- Ruptura intestinal
- Ruptura uterina
Tratamento
- Dieta volumosa de boa qualidade
● Alimento = tampão → cobrir a úlcera e evitar o contato com o HCL
● Restabelecimento da motilidade e fluxo abomasal = AUM o pH
● Fazer o ruminante comer normalmente
- Fluidoterapia - Desidratação
● Ringer simples
● NaCl 0,9%
● **Quadro de alcalose metabólica → soluções acidificantes
- Transfusão sanguínea
● Se o VG- Jejum sólido de 16h - estômago deve estar vazio para ser visualizado na
sua totalidade
- Sedação → animal não necessita ser anestesiado
- Experiência na avaliação
Score das lesões (Smith, 2015) - Gastroscopia
- Grau 0
• Epitélio intacto (escamoso e glandular) e ausência de hiperqueratose ou
hiperemia
É aquele cavalo que não tem sinal de lesão no momento e nem tem sinal de
lesão anterior (sinal de lesão crônica)
- Grau I
• Mucosa intacta
• Áreas de hiperqueratose ou hiperemia → sinal de leve inflamação
- Grau II
• Lesões pequenas, únicas ou multifocais
- Grau III
• Lesões grandes, únicas ou multifocais
• Superficiais → não apresenta sangramento
- Grau IV
• Lesões extensas com áreas de ulceração profunda - já apresenta
sangramento
PROGNÓSTICO
• Bom
• Reservado
- Atletas de alta performance com úlceras recorrentes
- O certo seria aposentar o cavalo
TRATAMENTO
• Objetivos:
- Eliminar sinais clínicos
- Promover cicatrização da úlcera
- Prevenir complicações
- Prevenir recorrências
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
+
ADEQUAÇÃO DO MANEJO
**DEVE-SE TER MEDICAMENTO E MANEJO!!!
• Supressão da produção de ácido → Para a Cicatrização da úlcera
- Inibidor da bomba de prótons
● Omeprazol – 4mg/kg, VO, SID, 28 a 45 dias - Terapia mais longa em
úlceras na porção glandular (mais que 45 dias)
● Pantoprazol – 1 a 1,5mg/kg, VO, SID
● Esomeprazol – 1 a 2mg/kg, VO, SID
- Antagonistas dos receptores H2
● Ranitidina – 6,6mg/kg, VO, QID ou 1,5mg/kg, IV, QID
● Não está sendo produzida ou comercializada no BR
• Antiácidos
- Hidróxido de alumínio - 0,5 ml/kg, VO, QID
- Hidróxido de magnésio - 0,5 ml/kg, VO, QID
- Reduzem a acidez estomacal
- Efeito fugaz (2 horas)
• Protetores de mucosa
- Sucralfato – 20 a 40mg/kg, VO, TID
- Complexo pectina/lectina – 150g/equino, VO, BID
- Barreira física de mucopolissacarídeo e promove alívio
- Protetores de mucosa → cobrem a úlcera e ela para um pouco de doer
**Omeprazol → não é um protetor de mucosa, é um inibidor da bomba de prótons
- inibe a liberação de ácido
• Pró cinéticos
- Promovem esvaziamento gástrico
- Indicação em potros, não precisa fazer em cavalos adultos
- Retardo no esvaziamento gástrico*
- Dilatação gástrica*
- Refluxo gastroesofágico*
*Acontece na Úlcera gastroduodenal em potros
- Betanecol - 0,025 mg/kg, SC, QID
- Metoclopramida – 0,1 a 0,25mg/kg, IV ou SC, TID
**Cimetidina → não tem ação sobre a mucosa gástrica
Metoclopramida → pode causar um efeito de excitação em potros – preferência
pelo Betanecol
• Antibioticoterapia
- Úlceras resistentes - recorrentes → somente nestes casos
- Tratamento com omeprazol por mais de 45 dias, sem sucesso
● Doxiciclina (10mg/kg, VO, BID) + Sucralfato (20mg/kg, VO,BID)
Smith (2015)
● Associação Amoxicilina e metronidazol ⇒ Utilizada em humanos
com H. pylori
Cuidado!
- Sinais clínicos melhoram com poucos dias de tratamento (2 a 3 dias do
tratamento)
- Cicatrização COMPLETA leva de 30 a 40 dias
- Reforçar que o omeprazol precisa ser aplicado por no mínimo 28 até 45
dias → para a cicatrização da úlcera por completo
• Acompanhamento do tratamento com gastroscopias
PREVENÇÃO
Deve-se ser estabelecidos estas medidas também no manejo do animal
• Evitar fatores de stress
- Treinamento intensivo
- Competições
- Transporte
• Adequar a alimentação
- Forrageiras de melhor qualidade → animal na natureza come o dia inteiro
- Reduzir o concentrado
• Evitar mudanças bruscas na alimentação
• Evitar períodos de jejum prolongado
• Uso adequado de AINEs → na menor dose possível para ser eficaz e no menor
tempo possível
• Óleo de milho – 0,5 mL/kg, VO, SID
- Diminui secreção gástrica
- AUM de PGE1
• Uso de protetores de mucosa em ambientes estressantes → Sucralfato
• Omeprazol preventivo → animais que vão passar por situações estressantes, ou
vão fazer o uso de AINEs por muito tempo
- 1 a 2mg/kg, VO, SID
Diarreia em Equinos e Ruminantes
- Diarréia é uma manifestação clínica, não é uma doença
- Bezerros são os principais acometidos
Diarreia nos equinos - Potros
- Rotavirose (neonatos)
- Coronavirose (neonatos)
- Salmonelose
- Clostridiose (Cl. difficile e Cl. perfringens)
- Infecção intestinal com Rhodococcus equi
- Campilobacteriose
- Estrogiloidose (neonatos)
- Estrongilose Criptosporidiose (neonatos)
- Giardíase
- Diarreia do cio do potro (neonatos)
- Má digestão de substitutos de leite
- Intolerância à lactose (neonatos)
Diarreia em Equinos - Adultos
- Salmonelose
- Clostridiose (Cl. difficile e Cl. perfringens)
- Colite/tiflite de etiologia incerta
- Helmintose
- Mudança súbita na dieta ou superalimentação
- Sablose
- Intoxicação com fenilbutazona
- Endotoxemia Peritonite
- Insuficiência renal Insuficiência cardíaca congestiva direita
- Insuficiência hepática
Diarreia nos ruminantes - Bezerros
- Rotavirose (neonatos)
- Coronavirose (neonatos)
- Diarreia viral bovina
- Colibacilose (ETEC) (neonatos)
- Salmonelose
- Clostridiose (Cl. perfringens)
- Campilobacteriose
- Estrogiloidose (neonatos)
- Outras helmintoses
- Criptosporidiose (neonatos)
- Eimeriose
- Giardíase
- Má digestão de substitutos de leite
Diarreia nos ruminantes - Adultos
- Salmonelose
- Clostridiose (Cl. perfringens) (ov e cap)
- Paratuberculose (bov)
- Tuberculose (bov)
- Diarreia viral bovina (bov)
- Coronavirose (Winter disentery) (bov)
- Febre Catarral Maligna (bov)
- Helmintose
- Eimeriose (ov e cap)
- Indigestão Simples
- Acidose Láctica Ruminal Aguda
- Deslocamento Abomasal à Esquerda (bov)
- Sablose Endotoxemia Peritonite
- Insuficiências renal, cardíaca ou hepática
- Deficiências de Cu e de Co (bov)
DIARREIA EM BEZERROS
Diarréia em bezerros neonatos
Eimeria é mais tardia → a partir da terceira semana
Alterações dietéticas → desde que seja alimentado artificialmente, difícil haver
alguma mudança no leite da mãe – uso dos substitutos de leite, que apresentam
um grande teor de proteína vegetal, dificuldade de digestão → levando à
diarréia
FATORES PREDISPONENTES
• Transferência de Imunidade Passiva (manejo do colostro; novilhas)
• Manejo Intensivo e Superlotação → doenças infectocontagiosas
• Condições Sanitárias (instalações; baldes; mamadeiras; água) → lavagem de
mamadeiras - mais dificultoso, nestes casos é melhor o balde
• Dieta (variações qualitativas e quantitativas; substitutos de leite)
• Cuidados do Tratador ("senso de higiene"; instinto materno)
Mecanismos Causadores de Diarreia
• Má digestão/má absorção (atrofia das vilosidades)
• Hipersecreção
• Sobrecarga osmótica (MAIOR osmolaridade na luz) → RELACIONADO COM A
INGESTÃO DE ALGO QUE NÃO CONSEGUE SER DIGERIDO COM
FACILIDADE
• Transudação/exsudação (MAIOR pressão hidráulica para a luz)** → entrada
de transudato ou exsudato para a luz intestinal. A exsudação é quando existe
inflamação intestinal - enterite e colite
• Motilidade intestinal anormal (MENOR tempo de trânsito - menor a absorção)
→ é o menos importante de todos, normalmente acontece secundariamente
**Substitutos de leite → menor digestibilidade intestinal, e acaba não sendo
absorvido, e se permanece no rúmen tem efeito osmótico e acaba atraindo água
para o interior do rúmen - ocasionando uma diarréia com efeito osmótico
SECREÇÃO E ABSORÇÃO INTESTINAIS
Fluxo de absorção → vermelho
Fluxo de secreção → Azul
A mucosa do intestino delgado secreta mais do que a mucosa do intestino grosso,
a absorção ocorre nos dois intestinos
O fluxo de absorção é maior do que o de secreção → absorvemos aquilo que
ingerimos e comemos - tem que ser maior para se manter em equilíbrio, se não
tudo aquilo que ingerimos iria sair nas fezes e haveria diarréia
Íons secretados pelo rúmen → HCO3, Na, K+ e Cl
E é absorvido pelo intestino?
PATOGENIA DA DIARRÉIA
Todas as diarréias são auto-limitantes
As células da cripta são células jovens, responsáveis pelo fluxo e secreçãode
água e eletrólitos para a luz intestinal. Já as células das vilosidades são maduras
e diferenciadas e são responsáveis pela digestão e pela absorção
Unidade funcional → enterócitos
Mecanismo de Hipersecreção ocasionada pela E.coli enterotoxigênica:
E.coli enterotoxigênica → toxina atua sobre a células da cripta induzindo uma
atividade secretória exagerada (água e eletrólitos - desidratação). Não ocasiona
mudanças na morfologia. O fluxo de absorção é o mesmo, mas o fluxo de
secreção vai estar aumentado. Neste caso as células das vilosidades não são
afetadas, não existe inflamação (enterite) e o fluxo de absorção não está
comprometido e a capacidade de digestão é a mesma.
Importante saber o agente para vermos se vamos aplicar ATB ou não
Fezes claras → indicadores para o não uso de antimicrobianos
Mecanismos da má digestão e má absorção:
Atrofia da vilosidade → por destruição celular, ocorre má digestão e má
absorção - região está prejudicada. A secreção não é alterada
Resultado da má-digestão e da má-absorção → diarréia
Agentes que causam: rotavírus, coronavírus e cryptosporidium
Fezes claras – não há enterite - não há necessidade de usar antimicrobianos
A recuperação depende do restabelecimento desta morfologia
Agentes causadores de ENTERITE: Clostridium e Salmonella
Células sanguíneas que vão para o lúmen → fezes escuras, avermelhadas -
esverdeada - amarronzada, com mal dor, fragmentos de mucosa, coágulos,
fibrina, presença de sangue → alterações nas características das fezes, sinais
de ENTERITE
Há exsudação → passam proteínas, células sanguíneas. Existe menor capacidade
de digestão e absorção também, visto que toda a região está inflamada e com
maior permeabilidade.
Havendo processo inflamatório intestinal → deve-se usar antimicrobianos -
serve para matar as bactérias que atingem o sistema
Enterite → a passagem de bactérias para a corrente sanguínea é facilidade
Sobrecarga osmótica → aquilo que não é digerido, não é absorvido. E não
sendo absorvido chega intacto no IG, e lá servirá de substrato para bactérias
que habitam aquela região, haverá fermentação e geração de produtos finais da
fermentação que aumentam a osmolaridade no lúmen - atrai água e faz com que
haja a liberação de fezes mais fluídas.
Desidratação
Em indivíduos saudáveis → Na é mais predominante que o cloreto.
Nesta doença há maior perda de Na, e há hipercloremia relativa (está aumentado
com relação ao sódio - causa desequilíbrio entre eles, a quantidade de cloro fica
maior)
Perda de bicarbonato → perda fecal, mas não colabora para a acidose
metabólica, o que corrobora é a hipercloremia
Para corrigir → repor água, repor potássio, repor sódio e corrigir a acidose
metabólica
Diarréia → tem perda de Na
Vômitos → faz com que haja perda de Cl
O k + é o íon abundante no meio intracelular.
Graus de Desidratação
• Inaparente → até 5% PC
• Leve → 5 a 8% PC
• Moderada → 8 a 10% PC
• Acentuada → 10 a 12% PC
• Choque hipovolêmico → até 15% PC
Avaliação realizada clinicamente
Bovinos têm sobra de pele → fazer na região de escápula, na região de pálpebra
- o turgor cutâneo
Mede o milímetro entre o olho e a pálpebra
Desequilíbrio ácido-base
Outro mecanismo que leva a acidose metabólica, além da perda de Na com
relação ao cloreto, é correlacionado a desidratação acentuada que leva a um
quadro de hipovolemia e menor perfusão tecidual, assim haverá hipóxia tecidual e
consequentemente glicose anaeróbica que gerará lactato
Desidratação leve e moderada → isto não acontece
Mas em uma desidratação grave isto ocorre
Se ocorrer juntamente com o choque a ocorrência de Sepse → endotoxemia
Carboidratos não absorvidos → chegam no IG e são fermentados pelas bactérias
→ produção de ácido lático L e D → ocorre hiperlactatemia D - sistemas
enzimáticos são capazes de metabolizar o ácido lático L, por isso o ácido lático D
se acumula, pois os sistemas enzimáticos não vão metabolizar - gerando assim
também a acidose metabólica
Então existem 3 mecanismos geradores de acidose metabólica:
- Desequilíbrio eletrolítico com hiponatremia e hipercloremia relativa
- Desidratação acentuada → hipovolemia → menor perfusão tecidual →
hipóxia → glicólise anaeróbica → ácido lático
- Má digestão e má absorção de carboidratos → fermentação no IG -
gerando ácido lático L e D (aumentam a osmolaridade - diarréia osmótica)
→ o ácido lático D não é metabolizado pelos sistemas enzimáticos e acaba
se acumulando e sendo absorvido → gerando acidose metabólica
RESULTADOS DA HEMOGASOMETRIA
pH = 7.35 - 7.4 → rúmen
Desequilíbrios ácido-básicos se acentuam juntamente com a desidratação
Acidose metabólica moderada → se pensa se deve ou não instituir tratamento
Acidose metabólica acentuada → deve-se instituir o tratamento
Quanto mais acidótico mais deprimido fica o animal
Acidose metabólica
- Urina ácida → rins eliminam ácido pela urina para tentar reverter o
quadro de acidemia
- Dificuldade de usar este método de medição de ácidos na urina – caso o
animal esteja oligúrico não vou ter o volume necessário para fazer a
medição - animal desidratados tendem a ser oligúricos
EXCLUSIVO PARA BEZERROS COM DIARRÉIA - este cálculo
Tratamento
• Reposição de fluido e eletrólitos e correção da acidose metabólica → é
imprescindível
• Antimicrobianos → em algumas situações é imprescindível, mas tem que ter
zelo sobre a resistência
• Restrição alimentar (leite) ?
FLUIDOTERAPIA - QUANDO USAR??
1. Terapia de reposição
Volume (L) = grau de desidratação (%) x PC (kg)/100
- Ex: 50 kg, 10% de desidratação → resultado = 5 L
- 10 a 20ml/kg/h
- Se faz de forma rápida
- Volume que corrige o desequilíbrio hídrico
- IV ou via oral
- Situações de desidratação acentuada ou choque hipovolêmico →
obrigatoriamente a via IV
2. Volume de Manutenção (24h)
Volume (L) = 150 mL/kg PC/dia - em neonatos (primeiro mês de vida)
- Em animais jovens ⇒ 100 ml/k PC/dia
- Em animais adultos ⇒ 50 ml/kg PC/dia
- É aquilo que mantém o equilíbrio ao longo das 24 horas
- Resultado do exemplo = 7,5 L
- 2 a 4 ml/kg/h
- Aporte lento e gradativo durante 1 dia
- Via oral
- Não fazer somente com a administração de solução eletrolítica, em
neonatos calculamos o volume de leite a ser administrado ao longo do dia -
e subtrair do volume de manutenção
- Não deve se separar da mãe → mamar parceladamente ao longo do dia e ao
final do dia terá o seu volume de manutenção atendido
Volume de manutenção + terapia de reposição ⇒ 12,5 L
QUAL A VIA??
Via Intravenosa
• obrigatória nas desidratações moderadas e acentuadas
• preferência na terapia de reposição
• custo e tempo para execução → é mais lento
Ruminantes → orelha
Equinos → jugular
Via oral ou enteral
• possível na ausência de seqüestro GI
• custo reduzido
• preferência na terapia de manutenção
Melhor de ser utilizada - prático e barato
**enteral → diretamente no trato digestório
Melhor mamadeira em comparação com a sonda esofageana
Abomaso do bezerro → 2 litros - capacidade volumétrica
Volume administrado em equinos é menor → volume estomacal menor - sonda de
pequeno calibre nasoesofageana - conteúdo é derramado ao longo do dia em
volumes pequenos - para que não ocorra uma distensão gástrica. Nos ruminantes
não se tem este problema, devido ao tamanho dos seus compartimentos que são
capazes de suportar um grande volume
A absorção de água depende da absorção de sódio.
3 mecanismos de absorção de Na e água
- Na entra na célula e água entra juntamente
- Co-transporte com a glicose - sódio é absorvido junto com a glicose e a
água acompanha
- Um número grande de amn (principalmente a glicina), em um mecanismo de
co-transporte
Solução administrada deve ter Na para fazer a reposição de Na, e também para
colaborar com a absorção de água . A glicose presente na solução facilitará a
absorção de Na+ e água.
Tem soluçõesque são feitas com glicose, para estimular este mecanismo de
co-transporte. Assim como também tem soluções com aminoácidos → são mais
eficientes estas soluções combinadas
Glicose → otimiza a absorção de Na e de água - não pode se aplicar açúcar
(sacarose) - tem que estar ativa a atividade de sacarase, para haver a quebra de
sacarose em 2 glicoses
Acetato é uma fonte alcalinizante
Atualmente estamos utilizando a quantidade de glicose pela metade → ao invés
de 20 são utilizadas 10 g - trocar por nova tabela no slide. Isto para otimizar a
absorção de Na e água
Solução de glicose → inviabiliza o seu uso em ruminantes, devido a ação das
bactérias ruminais sobre a glicose
Solução ideal → tem Na, tem K, tem menos cloro em comparação com o Na, e tem
glicose para ajudar na reabsorção de Na e água
Soluções eletrolíticas orais comerciais
Repositores eletrolíticos comerciais no Brasil
● Glutellac®: Bayer (frasco de 50 mL)
● Nutronlyt®: Nutron (embalagem de 1 kg)
● Hidralac® Gel: J.A Saúde Animal (frasco 500 mL)
● Hydrafeed®: Hypred (sachê 100g)
Composição das soluções enterais para equinos
Ribeiro Filho (2012)
- NaCl 5,0 g/L
- KCl 1,0 g/L
- NaHCO3 4,0 g/L → substitui o acetato de sódio
- Glicose 5,0 g/L → em equinos pode se substituir por açúcar, não é o ideal,
mas pode.
SOLUÇÕES PARA O USO INTRAVENOSO
Solução deve ter osmolaridade próxima à do plasma
NaCl 0,9% → pode ser utilizada, mas causa desequilíbrio eletrolítico, corrigiria a
hiponatremia e a desidratação. Mas não corrige a acidose presente nos casos de
diarréia, inclusive pode acabar piorando o quadro, devido a maior quantidade de
cloro presente com relação ao plasma - SOLUÇÃO ACIDIFICANTE - Acentua a
hipercloremia relativa
Ringer → tem sódio e potássio com quantidade parecida com a do plasma,
quantidades de cloro maiores que a do plasma – vai corrigir a desidratação, a
hiponatremia, a depleção de potássio, mas pode acentuar a acidose metabólica
nos casos de diarréia
Ringer com lactato → quantidade de sódio, cloreto e potássio parecidos com o do
plasma; a quantidade de lactato parecido com a quantidade de bicarbonato no
plasma. - efeitos no indivíduo com diarréia → corrige a desidratação, a
hiponatremia, corrige o déficit de potássio, não vai acentuar o quadro de acidose
metabólica. É alcalinizante? não, apenas possuem as concentrações de íons muito
parecido com o plasma, então não é capaz de causar um distúrbio ácido-básico
Animal com diarréia → a melhor solução é o Ringer Lactato - em casos leves
de acidose metabólica, não vai corrigir acidose metabólica
NaHCO3 6%→ usada para correção da acidose metabólica, não resolve casos de
desidratação - quantidade de Na e íon bicarbonato. Irá corrigir a hiponatremia e
a acidose metabólica.
Solução glicofisiológica → NaCl 0,9% + glicose - benefício relacionados com
reposição energética, hipoglicemia. Mas tem os mesmos problemas apresentados
na solução fisiológica - pode acentuar a hipercloremia relativa e não irá resolver
o problema da hipocalemia
Glicose 5% → não corrige os desequilíbrios eletrolíticos e ácidos básicos, não
possui sódio - néfron não vai conseguir reter água - não vaix corrigir a
desidratação, não vai hidratar
A condição para que a água seja retida no organismo através dos rins é a
correção da hiponatremia!! a conservação de água depende da conservação de
Na
**Animais oligúricos e desidratados → néfrons vão reter água, retendo o sódio -
só nos casos de animais com diarréia eles vão ter um quadro de hiponatremia -
dificuldade de reter água
Fluidoterapia - Como corrigir a acidose??
Para que o lactato exerça o seu efeito alcalinizante, e isso vale para o acetato,
citrato e gluconato - precisam primeiramente ser metabolizados, e o principal
órgão a metabolizar o lactato é o fígado - só exercem o efeito de alcalinização
após serem metabolizados. Diferente do bicarbonato que é um tamponante
imediato
Nos casos de BE: -5 mmol → não precisa corrigir a acidose metabólica, os rins
vão dar conta. Assim como no segundo caso também. Agora no terceiro e no
quarto fazemos o cálculo do bicarbonato para correção da acidose
FLUIDOTERAPIA
Bezerro diarreico, 50kg PC, desidratação grave (12%)
Volume de reposição: 6 L (infusão IV)
- 300 a 400 mL Solução NaHCO3 6%
- 6 L de Solução de Ringer lactato
Volume de manutenção: 7,5 L (oral) → 150 ml/g/dia
- 4 L leite (máximo 1 L por vez) - 4 x por dia para não sobrecarregar o
sistema digestório
- 4 L Solução eletrolítica oral (máximo 2 L por vez) - SEO - é o que o
abomaso aguenta com conforto
- 150 ml/KG PC/24 horas
- Não posso misturar o leite com o SEO → o primeiro processo de
digestão do leite ocorre no abomaso, que é coagulação - a formação do
coágulo. A administração do leite juntamente com o SEO faz com que este
coágulo não se forme, ou se forme lentamente - a digestão fica
prejudicada. - dar um intervalo de 2 horas.
- **Tomar cuidado com a administração de leite juntamente com a solução
eletrolítica oral - Deve ser administrada com duas horas de intervalo
antes do leite (a solução eletrolítica oral)
No dia seguinte avalio o grau de desidratação do paciente e calculo novamente o
volume de reposição
FLUIDOTERAPIA em caso de hipoproteinemia (hipoalbuminemia)
- Solução cristalóide é ineficaz
- Opções: colóides, plasma, sangue total
- Grande parte do volume que é administrado, nos caso dos cristalóides, sai
para o interstício, o espaço extravascular (levando a edema)–
principalmente quando se tem um quadro de hipoalbuminemia
- Corrijo primeiramente a hipoproteinemia e depois faço a reidratação
Terapia antimicrobiana
Critérios indicativos da necessidade:
- Necessário quando houver ENTERITE
- Característica das fezes
- sangue, fibrina,
- mau odor, cor escura
- Hipertermia → não se deve ter na diarréia, em casos persistentes
- Apatia/depressão
- Se persistir a hipertermia, depressão e apatia mesmo depois da correção
da desidratação e dos desequilíbrios (mesmo as fezes estando normais),
realizar a terapia antimicrobiana – são sinais possíveis de Sepse
- **Pq deve ser usada nos casos de enterite? A barreira comprometida por
conta da inflamação, possibilidade de invasão por MO é muito maior, de
haver a passagem para corrente sanguínea (migração transmural - maior
permeabilidade) - a ação dos antimicrobianos são responsáveis por matar
as bactérias que entram no sistema. Não são responsáveis por controlar a
disbiose que existe no intestino
Fezes no segundo quadro → características de casos de enterite -
deve-se usar antimicrobianos
Neste caso é necessário o uso de antimicrobianos
Diarréia é osmótica e é transitória - não se deve utilizar antimicrobianos
Terapia antimicrobiana - Princípios ativos:
- Sulfa/trimetoprima: 15 a 30 mg/kg SID ou BID
- Enrofloxacina: 2,5 a 5 mg/kg SID (rum)
5 mg/kg BID (eq)
- Florfenicol: 20 mg/kg a cada 48h
- Ceftiofur sódico:
● 1 a 2 mg/kg SID (rum)
● 2 a 5 mg/kg SID ou BID (eq)
● 10 mg/kg QID (potro)
- Exclusivamente via parenteral → devido ao quadro de enterite, não vai
ocorrer a absorção do princípio ativo - o Antimicrobiano vai agir no
sistema e não no intestino. Sem falar que por via oral pode piorar a
disbiose.
Não se pode restringir o consumo de leite → não deve ter restrição
alimentar (leite)
Cortar o leite do indivíduo com diarréia, cria outro desequilíbrio, o energético,
hipoglicemia, formação de corpos cetônicos…
Como alternativa deixar o bezerros mamar pequenos volumes durante o dia -
parcelamento do consumo diário do bezerro
O potro e o bezerro devem receber pelos menos 12% do volume corporal em
leite
Tratamento - Outras medidas:
• Antiparasitários
- Tratamento antihelmíntico: dose padrão
- Tratamento de giardíase: albendazol 20 mg/kg SID/ 3 dias, VO
- Tratamento de eimeriose:
toltrazuril (Baycox): dose única VO
15 mg/kg (bez) e 20 mg/kg(cord e cab)
• Reposição de microbiota (iogurte e probióticos)
•Adsorventes carvão ativado:
- 15 a 30 g/ 45 kg PC, BID, VO
- kaolin/pectina: 90 a 120 g/ 45 kg PC, QID, VO
- Quelam toxinas bacterianas → evitam a ação destas nos enterócitos
- Professor não faz mais o uso
• Moduladores da motilidade intestinal (nunca usar) → qual seria o incoveniente
de reduzir o peristaltismo? Na diarréia com aumento do peristaltismo há a
eliminação de bactérias e toxinas, e com a diminuição da motilidade iria facilitar:
a migração transmural, a absorção de toxinas para a corrente sanguínea, pode
levar o animal a sepse e pode provocar a endotoxemia. Diarreia é um mecanismo
de defesa
Diarreia do Cio do Potro
- Primeiro cio pós parto da égua → 7 a 14 dias
- Potros com 4 a 14 dias → coincide com o início da diarréia também
- Coincide com o primeiro cio da égua
- Auto-limitante → homem deve reconhecer e não interferir
Etiologia incerta (teorias)
- mudanças na composição do leite
- coprofagia início da ingestão de forragem
- ingestão de secreções vaginais
- ingestão de maior volume de leite
- mudanças fisiológicas no TGI do potro → é a causa mais provável
- estrongiloidose
Sintomas
- fezes pastosas a líquidas, amareladas, sem odor fétido, alerta → Não há
enterite!!
- bom apetite
- funções vitais dentro dos intervalos fisiológicos → sem hipertermia, sem
taquicardia…
- dermatite com alopecia da região perineal
- remissão em 2 a 6 dias
Conduta Terapêutica
- monitorar comportamento (alerta, apetite), funções vitais, hidratação
(solução Ringer lactato IV) e apetite óleo mineral na região perineal (para
evitar assaduras nesta região)
- Não usar ATBas camadas do retículo), ocasionado
peritonite. - O nome da serosa que recobre a camada externa do retículo é o
peritônio
- Este instrumento carreia microorganismos para dentro do organismo, causando
uma peritonite secundária à perfuração (inflamação do peritônio)
Ocorrência:
➢ Praticamente restrita aos bovinos. Pouco comum em pequenos ruminantes. Menor
ocorrência em gado de corte
➢ Mais comum nos manejos intensivos - rebanhos leiteiros mais comum
➢ Capacidade tátil na boca dos bovinos é menor em comparação com os outros
animais → por isso facilmente deglutem objetos pontiagudos
➢ Doença relevante
Etiologia:
➢ Arames de amarração de fardos (feno, cama)
➢ Reformas de cercas e instalações
Patogenia:
CE ingerido
↓
Vai direto para o Rúmen (assoalho do saco ventral)
↓
Retículo (assoalho) - depósito de quase todos os corpos estranhos, Raramentes
seguem em sentido aboral, normalmente ficam parados no próprio retículo
O que favorece a perfuração? O padrão da mucosa favorece a fixação. A contração
vigorosa do retículo favorece a perfuração
Só ocasiona doença se ocorrer a perfuração do retículo!! Se ficar intacto lá no assoalho
do retículo não ocasiona doença, somente se perfurar a camada da serosa - atravessar
todas as camadas da parede (mucosa, submucosa, muscular e serosa) e chegue até o
peritônio. Se não houver peritonite, não há como ter esta doença.
Uma vez perfurado as camadas da parede do retículo, o objeto pode voltar ao lúmen do
retículo (melhor hipótese - chance de sucesso no tratamento é grande). O corpo
estranho também pode permanecer no ponto de perfuração, um processo inflamatório se
instala - neste caso a recuperação não acontecerá, e o animal vai para uma fase inicial
aguda e depois se cronifica e pode chegar ao óbito.
Quadro crônico de peritonite traumática → animal vai morrendo aos poucos
Peritonite difusa → quadro mais comum nos equinos
Peritonite em ruminantes → normalmente é localizada - circunscrita por deposição de
fibrina. Peritonite localizada pode ser aguda e evoluir para a cura, ou pode se cronificar
(dependendo do tempo de evolução)
Chance de sucesso em peritonite difusa é remota - mais complicada, normalmente
culmina em óbito. Já nas peritonites localizadas é mais acessível o tratamento e tem
mais chances de ser bem sucedido.
Perfuração em sentido cranial facilmente atinge o diafragma e posteriormente o saco
pericárdico e pode acabar perfurando o coração - pode acabar gerando uma pericardite,
pleurite. → Retículo pericardite traumática ou Retículo pleurite traumática
Forma localizada pode ter problemas futuros, primeiramente era aguda e passa a
ser crônica (pode acontecer semanas a meses depois, então a vaca não morre da
doença primária) → como por exemplo a indigestão vagal - doença motora
secundária geralmente a retículo peritonite traumática. A hérnia diafragmática
é mais rara (herniação do retículo)
A perfuração crânio ventral conduz ao tórax e ao coração → retículo
pericardite traumática (hipofonese dos ruídos cardíacos - diminuição dos
ruídos cardíacos, e posteriormente o animal pode chegar a ter insuficiência
cardíaca - normalmente direita), retículo pleurite traumática - mais
frequente (isto no sentido cranial) → são as mais comuns
Perfuração dorsal e lateral esquerdo → perfuração do baço - retículo esplenite
traumática – mais raro
Perfuração dorsal e medial → pode ocorrer a perfuração do fígado - retículo
hepatite traumática→ também é menos frequente
SINTOMAS
Peritonite localizada aguda
Início súbito dentro das primeiras 24 horas após a perfuração ocorre o início
dos sinais; magnitude máxima de dor no primeiro dia e DIMINUIÇÃO da
intensidade ao longo de 72 horas.
**Dor máxima no primeiro dia de perfuração (início do processo inflamatório), é
um pouco presente no segundo e no terceiro dia de evolução, e a partir do quarto
dia de evolução a dor pode não estar mais presente e pode estar mascarada por
sinais inespecíficos (diminui de intensidade a dor)
● anorexia - inespecífico
● queda na produção de leite - inespecífico
● sinais de dor abdominal: característico desta enfermidade - varia de
acordo com o momento da evolução
➢ relutância em se movimentar (passos lentos)
➢ gemidos durante o caminhar (descer rampas)
➢ preferência por manter-se em estação e evitar deitar (maioria)
➢ arqueamento da coluna vertebral (marcante em 50%) → cifose em
graus variados
➢ rigidez dos músculos do abdome e membros posteriores
➢ gemidos à defecação e micção → **momentos críticos de aumento
de pressão intra abdominal
➢ atos de escoicear o ventre ou rolar (raramente)
● abdução dos cotovelos
● ausência de ruminação → inespecífico
● atonia ou hipomotilidade ruminal → inespecífico
● timpanismo gasoso leve
● fezes escassas, ressecadas ou não
● hipertermia → **específico da fase aguda → contém processo
inflamatório pertinente – é um sinal que não acontece nas demais
indigestões
Presença de hipertermia e de dor abdominal no sentido cranial → sinais
específicos!!! Conduzem facilmente ao sinais de retículo pericardite traumática
Hipertermia estará presente nos primeiros dias de evolução. É possível que se
for observado mais tardiamente não seja visto nem hipertermia, nem dor
abdominal cranial
A cronicidade faz com que haja redução do processo doloroso (redução da
intensidade)
Peritonite localizada crônica
Persistência do processo além de 72 horas de evolução; sinais pouco expressivos
e de interpretação duvidosa. - não há mais hipertermia e dor pode estar ausente
● apetite e produção de leite não retornam completamente
● sinais infreqüentes de dor abdominal:
- caminhar com passos lentos
- gemidos ocasionais (ruminação, micção e defecação)
- arqueamento da coluna vertebral (pode ser mantido)
● 15 dias).
● anorexia
● agalaxia
● apatia → depressão → coma
● atonia ruminal e ausência de ruminação
● fezes escassas → **alguns podem apresentar diarréia
● dor abdominal detectada em vários locais do ventre (inicialmente)
● hipertermia (inicialmente) → hipotermia (extremidades frias) → isto em
quadros de sepse - choque séptico
● taquicardia
● congestão de mucosas
● desidratação → acúmulo de líquidos para dentro das cavidades → não
ocorre na forma localizada
● decúbito e morte
**O que diferencia ser difusa ou localizada? Os equinos não possuem facilidade
no processo de deposição de fibrina. O que faz ser difuso? Fator de risco
importante é a gestação avançada, a vaca em terço final de gestação mais
comumente fará o estado difuso de peritonite. Se a vaca ficar parada - isto
facilita o processo de circunscrição da formação de fibrina - aí vai ocorrer um
processo de peritonite localizada, se ela se movimentar isto vai dificultar o
processo de circunscrição da cicatrização do processo inflamatório, o processo
de deposição de fibrina.
DIAGNÓSTICO
● Informações de anamnese → ajudam a formular a suspeita clínica, mas não
confirma
● Conjunto de sintomas característico (exame físico) → também ajudam a
formular a suspeita clínica, mas não confirma - somente conduzem a
suspeita
- início súbito
- anorexia
- ↓ produção de leite
- disfunção motora ruminal
- dor abdominal cranial
- hipertermia
- “Conjunto de sinais clássico somente nas primeiras 24 a 48
horas de evolução” - tendência é dos sinais de dor e a hipertermia
irem diminuindo de intensidade, por isso é mais fácil diagnosticar a
doença no início● Exame físico e história clínica não confirmam o diagnóstico
MÉTODOS DE EXPLORAÇÃO CLÍNICA APLICADOS À RPT
1) Provas de detecção de dor abdominal localizada: (gemido indica presença
de dor) - também só reforça a suspeita, mas não confirma diagnóstico
• pinçamento de pele na cernelha
• percussão dolorosa
• prova do bastão (compressão ventral)
• prova da rampa - fazer descer ou subir
2) Exame com aparelho detector de metais (ferroscopia) → não confirma
diagnóstico, pois pode ter outros conteúdos metálicos contidos no retículo
e não necessariamente vai estar perfurando. Mas é uma ferramenta que
auxilia no diagnóstico
3) Laparotomia e ruminotomia exploratórias (finalidades diagnóstica e
terapêutica) - Melhor método!! - confirma diagnóstico. Enxergo o
processo inflamatório na parede do retículo
4) Exames de imagem: confirma também
• reticulografia (decúbito dorsal) → Enxergo o processo inflamatório na
parede do retículo
• ultrassonografia → para ver a extensão do processo inflamatório -
dependendo da extensão nem compensa a realização do tratamento -
critério para decisão da realização do tratamento ou não (prognóstico)
Reforçam a presença de retículo peritonite traumática
O exame de líquido peritoneal → também pode confirmar o diagnóstico (as
alterações no líquido). E influenciar no prognóstico
Este tubo com a presença de líquido peritoneal avermelhado e viscoso → indica a
presença de processo inflamatório, e a presença de bactérias
Necropsia → Também confirma diagnóstico
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
● Doenças que cursam com o início súbito de anorexia, menor produção de
leite e atonia ruminal: - não tem nada de hipertermia, não possuem dor
abdominal localizada, mas possuem o início súbito
- Indigestão Simples
- Acidose Láctica Ruminal Aguda
- Deslocamentos do Abomaso
- Obstrução Intestinal
- Cetose primária → alteração do metabolismo energético que cursa
com o aparecimento súbito de anorexia, queda da produção de leite
e atonia ruminal – primeiro mês de lactação em vacas – é uma doença
a ser considerada
● Doenças que cursam com relutância ao movimento, arqueamento da coluna
e indigestão secundária:
- Laminite → EM RUMINANTES É CRÔNICA E COM SINAIS MAIS
LEVES, mas eventualmente pode vir um quadro agudo é causar dor
no animal ao caminhar
- Poliartrite
- Traumatismos lombares e dos membros pélvicos
TRATAMENTO
● Conservativo
Não tem tantas chances de dar certo
- imobilização - manutenção em plano inclinado (membros anteriores
elevados - 25 a 40cm – teoricamente facilita o corpo estranho ir
novamente para o lúmen do retículo) com restrição absoluta de
movimentos;
- restrição de alimentos - volumoso em 1/2 da quantidade; → isso
naturalmente acontece, pois o animal vai apresentar anorexia
- antimicrobianos: *usar de maneira racional
➢ Penicilina procaína - 20.000 UI/kg cada 24h - sobre G+ -
bactericida
➢ Gentamicina - 2 a 3 mg/kg cada 8h – Gram - bactericida
➢ Tetraciclina - 10 mg/kg cada 12h; – Sobre os dois tipos -
bacteriostático
➢ Sabemos que a bactéria causadora deste processo é
anaeróbica! Proibido o uso de metronidazol em bovinos, de
doses terapêuticas (apesar de ser o ideal). Usaremos então
ATB específicos para bactérias anaeróbicas. A combinação
dos 3 auxilia no tratamento - antes da saída do antibiograma
para saber se é G+ ou G-
➢ Flumexina meglumina → AINE ** - 2,2 mg/kg
- administração de ímã enjaulado; - para se ligar no corpo estranho e
auxiliar na sua remoção
- Obs. Avaliar o sucesso do tratamento em 3 dias! – **Dos ATBs - se
não recuperar o apetite entre outros parâmetros (função motora
retículo-ruminal, continua com dificuldade em caminhar…), aí se não
for bem sucedido vai para o processo cirúrgico
- Tratamento conservativo geralmente é menos efetivo que o
tratamento cirúrgico, pois o corpo estranho permanecendo no local
de perfuração ele poderá com estas medidas retornar ou não para o
lúmen. No tratamento cirúrgico se faz a remoção, e é a medida de
eleição para os casos crônicos
● Cirúrgico (melhor opção)
- Com a vaca em estação
- Ruminotomia e remoção do CE
- Obs. É a medida de eleição para os casos crônicos e para as vacas
em gestação avançada! - **por conta do maior risco de peritonite
difusa em vacas em gestação (devido ao aumento da pressão intra
abdominal, devido a presença do feto e dos líquidos dentro do
útero)
- Nos casos crônicos já passou da fase em que as medidas não
cirúrgicas teriam efeitos
- Existem um percentual de casos que não respondem mesmo com o
tratamento, que cronificam mesmo sem a presença do corpo
estranho
PROGNÓSTICO
- Prognóstico mau → Peritonite difusa → não responde ao tratamento
- Prognóstico reservado a bom → peritonite localizada aguda -
tratamento logo no início do tratamento
- Prognóstico reservado a mau → peritonite localizada que cronifica
- Complicações → chance de sucesso terapêutico – prognóstico mau
- Sequelas → normalmente não são passíveis de tratamento -
prognóstico mau
- Complicações → não há possibilidade de recuperação - prognóstico
mau
PREVENÇÃO
● Cuidados durante as reformas
● Cuidados durante a manipulação dos alimentos (educação dos funcionários)
● Utilização de ímãs enjaulados (novilhas entre 12 e 18 meses de idade) →
nestes ímãs enjaulados impede que haja a perfuração - corpo estranho
fica aderido nestas janelas ⇒ utilização preventiva
Situação intratável somente com o uso de antibióticos e anti-inflamatórios →
caso de pericardite e pleurite difusa
Hepatite → aumento de enzimas hepáticas (AST…), nos casos de esplenite os
sinais são inespecíficos
**úlcera do abomaso → um dos sinais clínicos é melena
Indigestão Vagal
- Doença crônica → ocorre dilatação ruminal progressiva e dilatação
abdominal - diferente da RPT - e não responde aos tipos de tratamento
- Distúrbio nos ramos dos nervos vagos que inervam a musculatura lisa dos
pré estômagos
- Doença exclusiva dos bovinos → pois também ocorre como complicação à
RPT
- Processo inflamatório que envolve ramos do nervo vago (principalmente o
ventral) e impede que chegue impulsos eferentes até a musculatura lisa
- Bovinos adultos de raças leiteiras (> risco de RPT)
- Rara em bezerros
- Ocorrência esporádica: 4 a 6% de animais acometidos anteriormente pela
RPT – pode ser secundária a esta condição
- Também denominada de “Síndrome de Hoflund”
Formas clínicas descritas por Hoflund (1940):
Estenose Funcional Anterior (EFA)
● Estenose funcional entre o retículo e o omaso com atonia do retículo e do
rúmen. - orifício retículo-omasal
● Estenose funcional entre o retículo e o omaso com motilidade normal ou
hipermotilidade do retículo e do rúmen.
● Mais frequente
Estenose Funcional Posterior (EFP)
● Estenose funcional permanente do piloro com atonia ou não do retículo e
do rúmen.
● Estenose funcional incompleta (recidivante) do piloro.
● Passagem aboral do alimento pelo piloro – estará comprometida
Nervo vago
Origem na medula oblonga (esquerdo e direito), quando ultrapassa o diafragma e
entra na cavidade abdominal se ramifica em ramo dorsal e ramo ventral
- Ramo dorsal → inerva rúmen e parede lateral do retículo e do omaso
- Ramo ventral → retículo, omaso e abomaso (mais suscetível ao processo
inflamatório) - **Lembrar da RPT, vai ser o primeiro a ser afetado pelo
processo inflamatório
ETIOPATOGENIA
Lesões do nervo vago:
- ramo dorsal (rara)
- ramo ventral - mais frequente
● abscessos ou aderências nas paredes cranial e/ou medial do retículo
(RPT)
- ambos (pouco freq.) processos patológicos torácicos (mediastinais,
periesofageanos)
Principal causa de lesão no nervo vago → RPT
A segunda causa → Torção do abomaso (do lado direito - cônico -
diagnóstico tardio) ⇒ ocorre comprometimento vascular extenso e dependendo
do tempo e da gravidadedo comprometimento vascular, você desfaz a torção e
fixa o abomaso, porém a musculatura lisa não recupera a capacidade plena de
contração e aí o trânsito aboral da ingesta ficará comprometido - Capacidade de
contração da parede abomasal após período de hipóxia é menor → pode gerar
problemas com relação a motilidade
PATOGENIA
“Estenose” (estreitamento do lúmen) Funcional anterior → problema
não é mecânico, o problema É FUNCIONAL - nervo responsável pela contração
não conduz direito os impulsos devido ao processo inflamatório (acontecendo o
relaxamento da musculatura lisa dos esfíncteres) - deste modo não ocorre uma
estenose e sim uma dilatação do lúmen - trânsito aboral é diminuído, e a ingesta
permanece - se acumúla no retículo rúmen causando dilatação
Parede medial do retículo, na parte ventral da goteira esofageana → que dá
passagem para o canal omasal → onde ocorre o processo - orifício retículo
omasal – onde está o problema - ingesta deixa rúmen e retículo e vai para o
omaso e abomaso. O canal omasal é curto e logo o alimento já estará no abomaso
Este processo de abrir (relaxar) e contrair → promovem a sucção e assim a
passagem do alimento mais facilmente do retículo para o omaso. Deste modo sem
os impulsos nervosos agindo na musculatura, não vai ter esta abertura –
diminuindo o processo de sucção – e assim diminuindo o trânsito aboral do
alimento - e assim o rúmen vai se dilatar gradualmente (acúmulo de ingesta). A
passagem que aconteceria saindo do retículo entrando no canal omasal e
entrando no abomaso está comprometida, e o rúmen e o retículo se dilatam,
enquanto o restante do trato gastrointestinal (omaso, abomaso, intestinos) ficam
com pouco conteúdo
A ingesta sofre uma fermentação prolongada e aquele aspecto de estratificação
é perdido, pois todo aquele conteúdo sólido e líquido ficam homogêneamente
pastosos. O gás fica lá e existe timpanismo crônico recidivante
Em indivíduos saudáveis → compartimento ventral é maior que o dorsal. -
formato de pera
40:00
Em animais com doença → a dilatação progressiva de rúmen acaba gerando
dilatação acentuada do saco ventral do rúmen, e o compartimento ventral vai se
projetar para direita - formato de maça do lado esquerdo e pera do lado direito
- e rúmen chega a se projetar para o lado direito - quem está dilatado é o rúmen
e o retículo – por isso anterior
Trânsito aboral impedido → rúmen e retículo ficam cheios
Exame de Palpação retal → rúmen dilatado e saco ventral se projetando a
direita → muito eficiente para definir o diagnóstico
Fezes pequenas e ressecadas → devido ao menor trânsito
SINTOMAS
“Estenose” funcional anterior
● evolução crônica com agravamento progressivo (semanas) → diferencia da
RPT (é aguda e não apresenta dilatação)
● anorexia (depende do grau de dilatação ruminal)
● Diminuição da produção de leite → agalaxia
● apatia e emagrecimento progressivo (mascarado - vol abdominal)
● dilatação ruminal (L - palpação retal)
● timpanismo gasoso crônico → não há eliminação de gás recidivante
dilatação abdominal (maçã esq./pera dir.)
● conteúdo ruminal homogeneamente viscoso e espumoso → devido ao
tempo que este conteúdo fica parado dentro da câmara de fermentação
● hipermotilidade ruminal (3 a 6 mov/min) - ruído não característico - isto
porque o ramo dorsal normalmente não é afetado e fica viável e os pulsos
eferentes para o rúmen continuam acontecendo - já para o retículo
abomaso e omaso acontece menos ou não
● fezes escassas (pastosas ou firmes)
● Não há processo de desidratação?
● TR e FR normais
● bradicardia vagotônica (se insinua pelo orifício retículo
omasal para dentro do canal omasal causando uma obstrução
➢ Se este material se insinuar para o canal abomasal aí sim vai
ocorrer um processo de obstrução
➢ A EFA se confunde com este problema, só que nestes casos se tem
resolução por meio da cirurgia. E também apresenta uma evolução
mais rápida
TRATAMENTO
● Doença de prognóstico mau, tudo que é feito é de forma paliativa
● esvaziamento pré-estomacal (ruminotomia)
● remoção de corpos estranhos
● drenagem de abscessos
● fístula ruminal “permanente” → alternativa para drenagem de gás, quando
existe timpanismo crônico recidivante
● transferência de suco ruminal
● ingestão limitada de alimentos (volumosos e palatáveis)
● antimicrobianos e antiinflamatórios
● gluconato de cálcio, vitaminas do complexo B
● esvaziamento abomasal (via rúmen, abomasotomia) → no caso EFP - faz a
ruminotomia e passa uma mangueira, introduz pelo orifício retículo omasal
passa pelo canal omasal e chega no abomaso
● fluidoterapia (Solução NaCl 0,9% e de Ringer Simples) - hidratação - para
alcalose metabólica e para resolver a hipocloremia e a hipopotassemia
Não há resolução para esta enfermidade, mesmo fazendo todos estes
tratamentos, normalmente são tentativas frustradas
Prognóstico → Mau
Prevenção → não há, mas métodos que previnem RPT e de torção abomasal
podem ajudar
Distúrbios Fermentativos Reticulorruminais
•Indigestão Simples
•Sobrecarga Ruminal (Inatividade da Microbiota)
•Acidose Láctica Ruminal Aguda
•Acidose Ruminal Crônica Latente
•Alcalose Ruminal
•Putrefação do Conteúdo Ruminal → ingestão de alimentos que o bovino não está
acostumado ex: lavagem. Outra causa frequente é o bezerro lactente que tem
problemas de reflexo no fechamento da goteira esofageana, então parte do leite
ingerido durante a refeição cai para dentro do rúmen, o leite é rico em proteína
e pode favorecer a putrefação do conteúdo ruminal pela microbiota.
- As doenças fermentativas estão relacionadas com mudanças na dieta
- Problema encontrado geralmente em animais confinados
- Prevalência em gado leiteiro
- Dieta diferenciada
Indigestão Simples
FATORES DE RISCO:
Variabilidade qualitativa e quantitativa da dieta - é uma dieta diferenciada com
concentrado
• mudança súbita na alimentação
• consumo excessivo de silagem e concentrados - com a dilatação súbita e aguda
do rúmen, é uma sobrecarga aguda do rúmen
• alimento mofado e em putrefação – comum na silagem
• fatores inibidores da microbiota (?)
- Mais leve em termos de relação de saúde
- Relacionada com a dieta → mudança súbita na alimentação
- Mudanças sem obedecer um período de adaptação prévia
- É a mais comum das doenças fermentativas
- 2 semanas seria o período ideal para introduzir gradativamente o novo
alimento, para o animal se adaptar a nova dieta
PATOGENIA:
- Hipomotilidade a atonia
- Doença de aparecimento súbito
O que causa hipomotilidade?
- desvios discretos do pH **o pH normal ruminal é de 5,5 - 7,0 ou 7,2 → os
desvios normalmente que acontecem são pouco abaixo ou um pouco acima
do valor normal, são desvios discretos
- dilatação ruminal aguda (impedimento físico)
- putrefação de proteínas: amidas, aminas → pela fermentação de fungos**
Hipomotilidade retículo-ruminal secundário a um distúrbio fermentativo
O que acontece se o animal fica com hipomotilidade?
- hipomotilidade → anorexia a inapetência
- BAIXA produção de AGV (atrapalha na produção de AGV) → BAIXA
produção de leite - de forma súbita
- AGV principais (maior concentração no interior do rúmen - pela
fermentação da microbiota ruminal) → ácido propiônico (propionato), ácido
acético, ácido butírico
SINTOMAS:
- aparecimento súbito → parecido com a RPT (também aparece
subitamente)
- anorexia, apatia, MENOR produção de leite
- hipomotilidade a atonia ruminal
- ausência de ruminação
- dilatação ruminal (“sobrecarga aguda”/timpanismo gasoso leve a moderado
por conta da hipomotilidade - acúmulo de gás) → em animais que comem
muito - Nem todo caso de indigestão simples tem dilatação ruminal
- Pré-estômagos contraem menos → eructação ocorre menos → menor
liberação de gás
- fezes em menor volume e ressecadas → diarreia ⇒ ** é osmótica
(aumento de osmolaridade no lúmen intestinal) e auto-limitante
- funções vitais normais → sem alteração de FC, FR, temperatura e sem
desidratação
- recuperação espontânea em 2 a 3 dias – prognóstico bom
- Auto-limitante (pode se recuperar sem necessidade de tratamento)
- Nenhum dos sintomas é específico desta doença → dificulta que o clínico
dê o diagnóstico - porém é uma das doenças mais comum - sinais
inespecíficos
- Mas é melhor fazer o tratamento para acelerar o processo de
recuperação da vaca
- Doença com prognóstico bom
DIAGNÓSTICO
- Exame do suco ruminal: pH → não confirma o diagnóstico (pode não
ultrapassar, e nas maioria das vezes é uma mudança discreta) → é uma
informação útil para o tratamento
- Teste de redução do azul de metileno → não define o diagnóstico - só diz
se tem distúrbio fermentativo ou não, se a microbiota está mais ou menos
ativa. O tempo de redução de azul de metileno nestes casos aumenta,
visto que a microbiota está menos ativa
- Mensuração de corpos cetônicos no sangue: beta-hidroxibutirato →
**Uma doença importante é a Cetose, ocorre no início da lactação e que se
confunde com a indigestão simples (tem sinais inespecíficos semelhantes),
se o valor for alto (acima de 3 mmol/L) se confirma o diagnóstico de
cetose, se não for alto reforça o diagnóstico de indigestão simples, mas
não confirma que é indigestão simples. Fase crítica para ocorrência de
cetose → terceira fase da lactação?
- **se houve uma mudança súbita da dieta de vários animais pode acontecer
de forma difusa no rebanho
DIFERENCIAL
- Indigestões primárias e secundárias - de ocorrência súbita. Ex: RPT
- Afecções do abomaso agudas → especificamente os deslocamentos
abomasais e a úlcera abomasal
- Cetose
- **Chego no diagnóstico da indigestão simples descartando as outras
enfermidades, e sabendo que ela é a mais frequente de todas
TRATAMENTO:
Mas pq tratar sendo auto-limitante? Na vaca em lactação quanto mais rápido ela
recuperar a saúde mais rápido ela recupera a curva de lactação - reduz o tempo
de recuperação da saúde.
a) Catárticos ou Laxantes: aumentam a motilidade (aceleram o trânsito),
aumentam osmolaridade do suco ruminal, atraem mais líquidos, e faz com que as
fezes fiquem mais líquidas (diarréia) – isto para a vaca eliminar mais rápido o
conteúdo alterado que se acumulou
- sulfato Mg 500 a 1.000g → não interfere no pH
- óxido Mg 400g **
- hidróxido Mg 400g **
- **afeta o equilíbrio ácido básico → são alcalinizantes, aumenta o pH do
suco ruminal em grau leve, mas interfere no pH do suco ruminal. Por isso, é
importante medir o pH ruminal para ter noção de qual utilizar. Quando o
pH estiver perto do limite inferior fisiológico (5,5 - ácido) é interessante
utilizar estes dois para ter efeito de tamponamento.
- **Usar quando houver dilatação ruminal/sobrecarga ruminal aguda →
efeito laxativo, aumenta o trânsito, causa diarréia, e diminui o grau de
dilatação ruminal gradativamente
Obs. doses e volumes adequados para o tratamento de uma vaca de 500 kg
b) Alcalinizante:
- bicarbonato Na 400g → é somente tamponante, os dois debaixo são
tamponantes e laxativos
- óxido Mg 400g
- hidróxido Mg 400g
- **Utilizar quando o pH estiver próximo do limite inferior fisiológico -
acidose ruminal
Obs. doses e volumes adequados para o tratamento de uma vaca de 500 kg
c) Acidificante:
- ácido acético 2,5% 2 a 5L
Obs. doses e volumes adequados para o tratamento de uma vaca de 500 kg
d) Liquefação do conteúdo:
- Quando o conteúdo ruminal está tendendo a compactação (um pouco
desidratado)
- Solução NaCl 0,9% 15 a 20L → 300 mOsm/L → não tem tanto impacto na
osmolaridade do rúmen,assim evita a saída de líquido do interior do
rúmen. Por isso não pode simplesmente só usar água, pois vai diminuir a
osmolaridade do interior do rúmen
- **Liquefação do conteúdo compactado (ressecado) para que possa ser
restabelecido o trânsito e o rúmen volte ao seu grau normal de dilatação -
para se ter o trânsito aboral da ingesta normalmente
- **Osmolaridade dentro do líquido ruminal é em torno de 300 mOsm/L,
assim como também no sangue → se somente fosse feito água no rúmen,
só iria diminuir a osmolaridade do líquido e favorece a saída de líquido do
rúmen para fora
- ** O rúmen tem que manter um certo grau de dilatação para se contrair e
gerar impulso excitatório, e quando ele está dilatado estes impulsos
excitatórios diminuem pois passa a ter mais estímulos inibitórios
decorrentes dos receptores de estiramento de alto limiar. Então se o
rúmen já está dilatado e eu vier com a administração desta solução via
sonda produzir maior dilatação terá liquefação, só que terá malefícios na
função motora (nos centros gástricos) aumentando a quantidade de
impulsos inibitórios
- Então volume administrado depende muito do grau de dilatação do rúmen-
se ele está muito dilatado faço várias administrações seguidas e vou
avaliando o grau de dilatação do rúmen
- Obs. doses e volumes adequados para o tratamento de uma vaca de 500 kg
e) Transfaunação:
- Transferência de suco ruminal de um animal saudável e fornecer por sonda
esofágica para dentro do rúmen de um animal doente
- 10 a 15 L → é um problema
- Situação recomendada: Disbiose → microbiota alterada - desequilibrada
→ e assim a atividade motora não se restabelece – Então tem o intuito de
recuperar a microbiota, repovoar o mais rápido possível. Hidrata e
fornece nutrientes
- Terá o mesmo efeito que a solução fisiológica acima → vale mais a pena
usar o anterior, pois este dá mais trabalho – de liquefação do conteúdo
- Obs. doses e volumes adequados para o tratamento de uma vaca de 500 kg
f) Parassimpatomiméticos:,
- carbamilcolina
- fisiostigmina
- neostigmina (0,05mg/kg a cada 6 a 8 h/3 vezes; BID)
- pilocarpina
- Obs. doses e volumes adequados para o tratamento de uma vaca de 500 kg
- Não são capazes de induzir um movimento (contração) retículo-ruminal
fisiológico. Causam contrações desorganizadas → não é tão recomendado
(Professor)
- Não adianta fazer esta aplicação se não forem resolvidos os outros
problemas: acertar o pH, melhorar a condição da microbiota, liquefazer o
conteúdo que está compactado, aliviar a dilatação ruminal. A partir do
momento em que se resolve todos estes fatores, naturalmente os
estímulos inibitórios diminuem e os estímulos excitatórios passam a ser
mais numerosos e a função motora se restabelece.
- Mimetizam a descarga do nervo vago e isso melhora a contração
g) Gluconato ou borogluconato Ca 20 a 25%: 150 mL IV
- Algumas vacas leiteiras no início da lactação, nos primeiros dias pós parto,
fazem hipocalcemia. E a ocorrência de diminuição de apetite no início da
lactação pode gerar hipocalcemia
- Cálcio pode ser decisivo para o retorno da função motora
h) Remoção do conteúdo: ruminotomia → em uma dilatação extrema ruminal – a
retirada do conteúdo é recomendada. Em casos de conteúdos compactados
também
i) Ingestão forçada de volumoso verde
- Recomendado Capim de folhas largas
- **Tem importância para a recuperação da função motora →
principalmente nos casos onde se tem anorexia crônica e o rúmen está
menos repleto como é o caso da figura C - rúmen menos repleto contrai
menos ou entra em atonia
- Movimento mastigatório é um estímulo excitatório para os centros
gástricos → estimula o centro gástrico a gerar estímulos excitatórios
para a musculatura ruminal. Outro fator que estimula é um grau de
dilatação ruminal fisiológica
- Frequência ruminal em animais saudáveis → 7 a 12 movimentos em 5
minutos
- Ingestão forçada aumenta a quantidade de ingesta sólida para o interior
do rúmen - o ideal é que o animal não fique com o rúmen repleto
Acidose Láctica Ruminal Aguda
FATORES DE RISCO:
- AMIDO (grãos e tubérculos) → grãos (milho)
- AÇÚCAR (frutas)
- Quantidade ingerida X Adaptação da microbiota (prévia) → a intensidade
da doença depende destes dois fatores
- **Uma das doenças mais graves → pode levar o animal a morte, pois pode
levar a alterações sistêmicas - é um desequilíbrio fermentativo muito
grave com repercussões sistêmicas, desequilíbrios sistêmicos. Acúmulo de
ácido lático
- Vaca leiteira adaptada a um tipo de alimento pode consumir 15 a 20kg de
grãos sem desenvolver doença
- Vaca de corte não adaptada pode morrer após consumir 10kg de grãos
- Das indigestões é a mais grave → pode levar o animal a morte
- Letalidade é alta → mesmo com o tratamento
- Morbidade: 10 a 50% confinamentos - se houver erros de manejo
- Letalidade:
● 90% sem tratamento
● 30 a 40% com tratamento
- Não tem resolução espontânea → é uma emergência clínica
Ingestão excessiva de amido e açúcar → favorece a multiplicação de bactérias
amilolíticas (que utilizam amido como substrato) → e isso gera uma síntese muito
rápida de AGV (principalmente o ácido propiônico, mas também o acético e o
butírico) e um pouco de ácido lático (é um produto final da fermentação, porém
não é um AGV) → reduzindo o pH do rúmen para a faixa de 5,0 → reduz a
população bacteriana e de protozoários → nesta faixa de pH favorece a
multiplicação de lactobacillus (começam a predominar) → e o produto final da
fermentação destas bactérias é o ácido lático → neste momento o pH fica
abaixo de 5,0 → caracterizando acidose lática ruminal aguda → todo este
desequilíbrio da microbiota acontece em questão de 2 a 6 horas após a ingestão
**é esperado de 10 a 12 horas após a ingestão um grau alto de gravidade
Aumenta a quantidade de D-lactato e L-lactato (isômeros do ácido lático) →
aumenta a osmolaridade no interior do rúmen → assim vai água do líquido
extracelular para dentro do rúmen → levando a uma fluidificação do conteúdo
ruminal, a uma dilatação ruminal com um conteúdo mais líquido, e este fluxo de
água leva a um quadro de desidratação (leve, moderada e grave)
O D-lactato e o L-lactato são absorvidos, causando acidose lática sistêmica
(leve, moderada e grave)
A morte das bactérias faz com que haja liberação de endotoxinas (estão
presentes na parede) levando o animal a um quadro de endotoxemia uma vez
absorvidas
Morte em 24 a 48 horas:
- Pela desidratação
- Pela acidose metabólica ruminal e sistêmica
- Pela endotoxemia
Efeitos mais tardios:
A permanência por mais tempo do D-lactato e do L-lactato em um animal que não
morre em 48 horas pode causar
- Ruminite química → pelo efeito direto na mucosa pré-estomacal,
principalmente o saco ventral onde fica a porção líquida (permanência da
exposição da parede ruminal ao ácido láctico)
- Esta lesão inflamatória da parede pode permitir a migração transmural de
bactérias e o sistema porta hepática estabelece a sobrevivência do fígado
por meio de abscessos hepáticos?
- Eventualmente acontece peritonite pela migração transmural e o processo
inflamatório por contiguidade chegando ao peritônio - e este indivíduo
fará uma atonia ruminal prolongada.
- Endotoxemia → levando a laminite
Endotoxemias bacterianas → podem levar a laminite, não costuma a ser aguda,
mas costuma ser um quadro crônico
pH da urina diminui → urina ácida - urina dos ruminantes é alcalina
SINTOMAS:
Forma Leve
Idênticos aos sinais vistos na indigestão simples - são sinais leves e inespecíficos
de indigestão
- aparecimento súbito
- anorexia, apatia, DIM da produção de leite
- hipomotilidade a atonia ruminal
- ausência de ruminação
- dilatação ruminal (“sobrecarga”/timpanismo)
- fezes amolecidas
- funções vitais normais
- recuperação espontânea em 3 a 4 dias
- **Pode ser um quadro tão leve → que pode se assemelhar com a indigestãosimples
Forma Grave
- depressão, decúbito
- alteração do comportamento (agressividade, depressão, mudança de
personalidade), ataxia, amaurose (cegueira central)
- anorexia
- atonia ruminal
- dilatação ruminal (pastoso a líquido/timpanismo) → devido ao líquido que é
atraído para o interior do órgão (aumento da osmolaridade) e o acúmulo de
gás
- **Eructação depende dos movimentos ruminais
- fezes líquidas, claras, odor acre-doce → efeito osmótico
- hipotermia (acontece na fase crítica da afecção, quando o animal já está
em decúbito e com as extremidades frias), taquicardia, taquipnéia →
estado de choque
- desidratação moderada a acentuada
- Este indivíduo se não tratado pode vir a morte
DIAGNÓSTICO:
- Exame do suco ruminal: medição do pH → método suficiente para
confirmação de diagnóstico - diferente da indigestão simples - fácil
método de diagnóstico – valores = oue tenho que inserir a dieta antes pois as bactérias que utilizam o ácido lático
possuem o crescimento mais lento do que as produzem, então se entro com a
dieta antes a vaca já vai estar com a microbiota mais ou menos adaptada a aquele
tipo de alimento - deve haver um equilíbrio entre estas bactérias)
Aqui o problema não é o acúmulo de ácido lático, mas sim o acúmulo de AGV. E o
ácido lático não se acumula pois as bactérias utilizadoras estão presentes e não
deixa eles se acumularem
- ingestão adequada de volumoso durante toda a lactação
- aumentar gradativamente a quantidade de concentrado energético
ingerida nas primeiras semanas de lactação - introdução com aumento
gradual
Vaca leiteira: Saliva (tamponante endógeno)
- Tamanho da fibra ingerida (comprimento e largura)
- (promover > secreção salivar maior e > tempo de ruminação)
- Para haver tamponamento fisiológico
Bovinos confinados e vacas leiteiras: Tamponantes dietéticos
- NaHCO3 : efeito superior ao do carbonato de cálcio
- vários estudos com resultados conflitantes até hoje
- > efeito no início da oferta e monensina > lasalocida
- monensina: ↓ S. bovis ↓ [ácido láctico] ↑ pH do suco ruminal e diminui o
risco de acidose crônica latente e suas complicações
**Está sendo proibido na maioria dos países, por conta da resistência
antimicrobiana
É um antimicrobiano. Atua sobre as bactérias produtoras do ácido lático, não age
sobre as utilizadoras.
Distúrbios Fermentativos
PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO:
• identificar e corrigir a causa primária (dieta) - evitar as mudanças súbitas e
manter o padrão de manejo dietético adequado
• corrigir o pH do suco ruminal → seja nos casos de doença, seja nestes casos
como prevenção
• corrigir os desequilíbrios hidroeletrolíticos e ácido base sistêmicos
• remover o conteúdo ruminal alterado (sifonamento - quando possível ou
ruminotomia - quando não possível)
• corrigir o grau de repleção ruminal (dilatação ou não repleto) - para que volte a
ter o seu grau de repleção adequado para a manutenção da função motora e para
geração de impulsos
• transfaunação
• fluidificar o conteúdo ruminal ressecado → incluir catárticos para acelerar a
eliminação disso
• suplementar com minerais (oral) e vitaminas (parenteral) nos casos de anorexia
crônica → basicamente a vitamina B12 injetável
TIMPANISMO (METEORISMO)
RETENÇÃO DE GÁS → MENOR CAPACIDADE DE ELIMINAÇÃO
TIMPANISMO ESPUMOSO → ACÚMULO DE ESPUMA
Se não houver contração retículo-ruminal secundário a fermentação → não há
eructação
O gás acaba se acumulando nas doenças classificadas como indigestão → por uma
disfunção motora ou fermentativa
*Timpanismo Gasoso sempre secundário → gás é produzido como produto final da
fermentação bacteriana e é principalmente constituído por CO2 e metano
Causas do timpanismo:
1) Impedimento da eructação
2) Disfunção motora reticulorruminal
3) Distúrbios fermentativos reticulorruminais
O timpanismo gasoso é sempre secundário, ou por impedimento da eructação ou
uma disfunção motora (seja ela primária ou secundária aos distúrbios
fermentativos)
**A retenção de gás não é por superprodução (quantidade de gás que ultrapasse
a eructação), e sim pela menor capacidade de eliminação - algo que compromete a
eficiência da eructação, disfunção motora, doenças fermentativas…
**O timpanismo espumoso é primário → uma alteração fermentativa que produz
espuma
Toda vez que tiver hipomotilidade ruminal haverá retenção de gás, pois a
eliminação de gás (eructação) depende da contração desta musculatura lisa
44:00
1) Impedimento da eructação:
- Obstrução ou estenose esofagiana
- Obstrução ou estenose do cárdia **por frutas
- Tamponamento do cárdia
Obstrução ou estenose esofagiana
● corpos estranhos na luz → principais são as frutas
● tétano → ocorre espasmo da musculatura (esôfago do ruminante tem
musculatura estriada) - pode ser agudo
● compressão por linfonodos mediastinais (neoplasia - leucose, e granuloma -
tuberculose)
**Nos casos de obstrução o acúmulo de gás é agudo, já nos casos da
estenose não, clinicamente isto vai aparecer como um caso de ocorrência e
desaparecimento - normalmente é aquele quadro de timpanismo gasoso
recidivante
Obstrução ou estenose do cárdia
● papilomas, fibromas e carcinoma
● actinomicose, actinobacilose e abscessos
● corpos estranhos (bezoários, panos, plástico, placenta) → pode se insinuar
pelo cárdia e também pelo orifício retículo-omasal, ou poderia passar pelo
canal omasal sem obstruir e obstruir o piloro
● **Intoxicação crônica por samambaia que causa neoplasias no sistema
digestório (e cárdia é uma das regiões, pode se formar no estômago
também) - Carcinoma
● **Tem como impedir a saída do gás parcialmente ou completamente. Se
for completamente o timpanismo é classificado como agudo (não tem como
ser eliminado). Se for parcialmente vai provocar um quadro de evolução
crônica recidivante
Tamponamento do cárdia com ingesta
● decúbito lateral (principalmente o esquerdo) → a ingesta ocupa o espaço
em contato com o cárdia e impede a eructação - o gás não consegue sair
● sobrecarga ruminal (forragem de difícil digestão)
● dilatação ruminorreticular com ingesta pastosa (Indigestão Vagal) -
quadros de timpanismo gasoso recidivante
● obstrução do orifício retículo-omasal → **quadro idêntico ao da EFA,
porém é de evolução mais rápida
● **O cárdia em contato com a ingesta não se relaxa, e assim o gás não vai
passar
2) Disfunção motora reticulorruminal:
- Falha na contração da musculatura lisa - não ocorre o ciclo secundário
eficiente para a eructação
● hipocalcemia
● Doenças motoras: reticuloperitonite traumática
- Contração fraca da musculatura (dilatação ruminal crônica)
● Indigestão Vagal
● Sobrecarga ruminal (forragem de difícil digestão)
● Obstrução do orifício retículo-omasal
- Dilatação abomasal → também interfere com a musculatura lisa pré
abomasal
● DAE
● DAD
● Compactação abomasal
● **Dilata o abomaso e isto causa uma disfunção motora retículo
ruminal secundária
- Danos ao nervo vago
● Indigestão Vagal
● Inflamação torácica que envolva o nervo vago
● Linfadenopatia mediastinal (neoplasia e granuloma) → pode
comprimir o esôfago, como também pode comprimir o nervo vago
3) Distúrbios fermentativos reticulorruminais:
• Estase ruminal (inibição química) - ausência de contração por inibição química
- Indigestão Simples
- Acidose ruminal
- Alcalose ruminal*
- Putrefação do conteúdo ruminal*
Levam a disfunção motora secundária a doenças fermentativas
*Causam o mesmo efeito, diminuindo a frequência dos movimentos ruminais, ou
até mesmo levando a atonia
**Acúmulo de gás secundário à problemas na contração ruminal – a parte que
está acima
O acúmulo de gás leva a dilatação leve a moderada, não chega a dilatação
acentuada - e em um caráter agudo a recidivante, mas é o gás livre -
Todos os casos vistos foram de timpanismo gasoso (final do processo
fermentativo)
• Timpanismo espumoso (gás aprisionado em espuma estável) - o gás ao invés
de ficar livre naquele compartimento dorsal, fica mesclado ao conteúdo
formando uma espuma.
Classificação:
• gasoso (secundário) X espumoso (primário)
• agudo X crônico recidivante
**Agudo → ir de leve para moderado e logo para acentuado, isto acontece
comumente em obstrução do cárdia e do esôfago (principalmente). Nos casos
crônicos geralmente é os casos de indigestão vagal, estenose do esôfago e do
cárdia.
• leve, moderado e grave → intensidade
TIMPANISMO ESPUMOSO → acúmulo de gás PRIMÁRIO, alteração
fermentativa que leva a formação de espuma, o gás é aprisionado em bolhas
- Apresenta caráter agudo!
- Pode evoluir rapidamente de um quadro leve para moderado e até
chegando a um quadro grave rapidamente
TIMPANISMO GASOSO- acúmulo de gás livre dorsalmente, dilatação
ruminal com acúmulo de gás no seu aspecto dorsal, abaulamento do quadrante
abdominal dorsal esquerdo. Acúmulo de gás SECUNDÁRIO a alguma afecção que
leva ao impedimento da eructação. É a forma mais frequente
Nos casos de impedimento da eructação este acúmulo poderá ser grave
Doenças de hipomotilidade ruminal ou atonia ruminal relacionado a doenças
primárias motoras ou doenças primárias fermentativas este acúmulo será leve a
moderado
Na indigestão vagal tenderá ser crônico a recidivante, leve a moderado
Na forma posterior da doença vai tender também a ser crônico a recidivante e
leve a moderado.
Todas estas situações acima são correspondentes ao timpanismo
gasoso → leve a moderado em termos de intensidade. O impedimento da
eructação é de moderado a acentuado
O Timpanismo espumoso → é primário, pode ter graus de intensidade
(leve, moderada, acentuada), e pode ser agudo
No timpanismo espumoso há abaulamento dos dois quadrantes do lado esquerdo
(dorsal e ventral), diferente do timpanismo gasoso que é só de um quadrante. O
conteúdo a palpação apresenta uma consistência firme, parece pastoso e com
espalhamento. E de acordo com a quantidade de espuma acumulada este
estiramento será maior ou menor.
Sondagem esofágica tem uma importância diagnóstica, e nos casos da obstrução
esofágica tem importância terapêutica.
Sondagem esofageana como meio diagnóstico → dá para se ter a confirmação do
timpanismo espumoso somente pela sondagem, sai espuma
Sondagem esofágica → com obstrução do esôfago é dificultada, tem resistência
Passagem fácil, sem resistência, mas não sai gás nenhum → timpanismo
espumoso, vai sair um pouco de espuma
SONDAGEM tem uma importância enorme do ponto de vista diagnóstico de modo
a fazer entender qual o processo patológico que está envolvido na retenção de
gás
TIMPANISMO ESPUMOSO
- Formação de espuma
- Gás não sai pois está aprisionada em pequenas bolhas, está aprisionado no
conteúdo
Fatores de Risco:
• Timpanismo das pastagens
- leguminosas X gramíneas → principalmente leguminosas
- pastagem X feno
- > risco: alfafa (oferecida como feno - rara), trevo branco e trevo
vermelho **maior problema está relacionada com a ingestão de trevo
(leguminosa)
- planta suculenta, imatura em estado vegetativo (> proporção folha:caule, >
[proteínas solúveis]) → digestão é rápida e a fermentação também
- ingestão da forragem úmida com orvalho (menor produção de saliva → a
saliva tem um componente - mucina - que evita a formação de espuma)
- Ocorrência esporádica: trigo, centeio, aveia, feno de alfafa
Acaba formando gás aprisionado em pequena bolhas
Normalmente na região Sul → onde tem maior proporção de gramíneas
• Timpanismo nos confinamentos
- Nordeste → menor quantidade de forragem
- > risco: grãos finamente triturados
- dieta com MAIOR [concentrados] e pouca [FB] (