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uso racional de medicamentos em idosos

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS 
 FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS 
 
 
 
 
ALLAN VIDOTI DIAS 
AMANDA MANZATO VOLPE 
ELIZÂNGELA BATISTA DO PRADO 
LARISSA GABRIELE BARRETO ANGELO 
 
 
 
 
 
O IDOSO E O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NO MUNICÍPIO 
DE FERNANDÓPOLIS 
 
 
 
 
 
 
FERNANDÓPOLIS 
2011 
 
 
ALLAN VIDOTI DIAS 
AMANDA MANZATO VOLPE 
ELIZÂNGELA BATISTA DO PRADO 
LARISSA GABRIELE BARRETO ANGELO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O IDOSO E O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NO MUNICÍPIO DE 
FERNANDÓPOLIS 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado à 
Banca Examinadora do Curso de Graduação em 
Farmácia da Fundação Educacional de 
Fernandópolis como exigência parcial para obtenção 
do título de bacharel em farmácia. 
 
 
Orientador: Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
FERNANDÓPOLIS – SP 
2011 
 
 
ALLAN VIDOTI DIAS 
AMANDA MANZATO VOLPE 
ELIZÂNGELA BATISTA DO PRADO 
LARISSA GABRIELE BARRETO ANGELO 
 
 
 
O IDOSO E O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NO MUNICÍPIO DE 
FERNANDÓPOLIS 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso aprovado como 
requisito parcial para obtenção do título de bacharel 
em farmácia. 
 
Aprovado em: 09 de dezembro de 2011. 
 
 
 
Banca examinadora Assinatura Conceito 
Prof. MSc. Giovanni Carlos de 
Oliveira 
 
Profa. Valéria Cristina José Erédia 
Fancio 
 
Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira 
Presidente da Banca Examinadora 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, que 
nos permitiu a graça da vida, pois sem ele não 
estaríamos aqui presentes realizando este trabalho. 
Aos nossos pais que depositaram total confiança em 
nós e proporcionaram a maravilhosa oportunidade 
de ingressar no ensino superior. 
Aos familiares que nos apoiaram durante esta fase 
tão importante de nossas vidas. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Aos professores, especialmente ao Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira, 
pela contribuição, dentro de suas áreas, para o desenvolvimento de nossa 
monografia. 
Aos familiares, principalmente aos nossos pais, pelo apoio e compreensão, 
aos quais devemos todo nosso esforço e dedicação. 
Agradecemos a Deus por nos abençoar com sabedoria, inteligência e força 
de vontade para concluir a fase final da nossa graduação. 
E por fim agradecemos uns aos outros do nosso grupo, pois sem a nossa 
união nada seria realizado e não estaríamos preparados para enfrentar as 
dificuldades que passamos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Que os vossos esforços desafiem as 
impossibilidades, lembre-vos de que as grandes 
coisas do homem foram conquistadas do que 
parecia impossível. 
Charles Chaplin 
 
 
 
RESUMO 
 
Os idosos representam o estrato etário com maior utilização de medicamentos na 
sociedade. Os aspectos farmacocinéticos, doenças crônicas que acometem 
geralmente esta faixa etária, os medicamentos utilizados nessas doenças são 
abordados neste trabalho, demonstrando as mudanças fisiológicas e os processos 
patológicos que ocorrem na terceira idade. Este trabalho tem como objetivo geral 
verificar o uso racional de medicamentos em idosos, através de pesquisas na rede 
pública de saúde do município de Fernandópolis. Foi aplicado um questionário 
abordando 22 perguntas relacionadas ao uso racional de medicamentos e aspectos 
envolvidos na terapêutica da população idosa, aplicado em forma de entrevista 
direta com os pacientes idosos. No momento em que eles esperavam por uma 
consulta médica ou quando passavam pela unidade de saúde para buscar 
medicamentos. A automedicação tem sido objetivo de muitas pesquisas e assume 
uma importância maior quando é realizada em idosos, pois geralmente representam 
um grupo polimedicado. O presente estudo teve relevância para reflexão ao 
tratamento com os idosos, que juntamente com as crianças, são as classes que 
mais requer cuidado e atenção. Contudo a prática do uso racional de medicamentos 
precisa ser exposta cada vez mais, tanto para os profissionais da saúde, que são 
responsáveis pelo auxílio, atenção e cuidados com a saúde dos pacientes, quanto 
para a sociedade, que necessita estar sempre informada sobre os cuidados que 
devem ser adotados na terapêutica medicamentosa dos idosos, para proporcionar a 
qualidade de vida a esta classe. 
 
Palavras-chave: Uso racional de medicamentos. Qualidade de vida. Idoso. Saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The elderly represent the age stratum with greater drug use in society. The 
pharmacokinetic aspects, chronic diseases that typically affect this age group, the 
drugs used in these diseases are discussed in this work, demonstrating the 
physiological and pathological processes that occur in old age. This study aims to 
verify the general rational use of drugs in the elderly through research in the public 
health of the city of Fernandópolis. We applied a questionnaire with 22 questions 
related to the rational use of medicines and therapeutic aspects involved in the 
elderly population, applied in the form of direct interview with the elderly. The 
moment they were waiting for a doctor's appointment or when they passed by the 
health unit to get some medicine. Self-medication has been the subject of much 
research and assumes greater importance when it is performed in the elderly 
because they generally represent a group receiving multiple medications. This study 
has relevance for reflection to treatment with the elderly, who along with children, are 
the classes that require more care and attention. However the practice of rational 
drug use must be increasingly exposed both to health professionals who are 
responsible for their help, support and care for the health of patients and for society, 
which needs to be kept informed about the care that should be adopted in the drug 
therapy of the elderly, to the quality of life for this class. 
 
Keywords: Rational use of medicines. Quality of life. Elderly. Health. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1- Idade dos entrevistados 
Figura 2- Sexo dos entrevistados 
Figura 3- Escolaridade dos entrevistados 
Figura 4- Trabalho da Unidade de Saúde 
Figura 5- Questão sobre medicamentos encontrados na rede pública 
Figura 6- Uso correto de medicamentos, posologia e tratamento 
Figura 7- Uso de medicamentos próximo às refeições 
Figura 8- Orientações do farmacêutico e funcionários em relação ao uso dos 
 medicamentos 
Figura 9- Adesão ao tratamento 
Figura 10- Problema relacionado a não utilização do medicamento necessário 
Figura 11- Uso de medicamentos em doenças crônicas 
Figura 12- Classes dos medicamentos utilizados no tratamento das doenças 
 crônicas 
Figura 13- Automedicação 
Figura 14- Classes dos medicamentos utilizados na automedicação 
Figura 15- Desistência de uso do medicamento por apresentar efeito adverso 
Figura 16- Embalagens de medicamentos 
Figura 17- Local de armazenamento dos medicamentos 
Figura 18- Uso de cigarro e bebida alcoólica 
Figura 19- Tipode líquido ingerido na administração do medicamento 
Figura 20- Hábito de leitura da bula 
Figura 21- Entendimento da bula 
Figura 22- Locais de procura dos medicamentos não encontrados na rede 
 pública 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ARA II - Antagonista dos Receptores da Angiotensina II 
CNS - Conselho Nacional de Saúde 
DA - Doença de Alzheimer 
DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos mentais da associação 
Americana de Psiquiatria 
FDA - Food And Drug Administration 
GABA - Ácido Gama-aminobutíirico 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia Estatística 
IECAS - Inibidores da Enzima de Conversão da angiotensina 
MAO- A - Monoaminoxidase 
NAI - Núcleo de Atenção ao Idoso 
OMS - Organização Mundial da Saúde 
PA - Pressão Arterial 
PNAF - Política Nacional de Assistência Farmacêutica 
PNM - Política Nacional de Medicamentos 
PSF - Programa de Saúde da Família 
RAM - Reações adversas a medicamentos 
RENAME - Relação Nacional de Medicamentos Essenciais 
SUS - Sistema Único de Saúde 
UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
UNATI - Universidade Aberta da Terceira Idade 
USF - Unidade de Saúde da Família 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO................................................................................................... .12 
 
1 QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO................................................................ .16 
 
2 RESPONSABILIDADES INSTITUCIONAIS....................................................18 
 
3 ORIENTAÇÃO AO PACIENTE SOBRE O USO DE MEDICAMENTO..........18 
 
3.1 REORIENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA.............................21 
 
3.2 DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS........................................................25 
3.3 USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS.......................................................25 
4 IATROGENIA................................................................................................. ..26 
4.1 MEDICAR O IDOSO.....................................................................................26 
5 ADESÃO DO PACIENTE AO TRATAMENTO................................................27 
5.1 PREVALÊNCIA, FATORES ASSOCIADOS E USO INADEQUADO DE 
MEDICAMENTOS ENTRE IDOSOS...................................................................28 
6 FARMACOLOGIA GERIATRICA....................................................................29 
6.1 DEMÊNCIA...................................................................................................29 
6.1.1 DOENÇA DE ALZHEIMER........................................................................30 
6.2 DIABETE MELITO.........................................................................................30 
6.3 HIPERTENSÃO ARTERIAL..........................................................................32 
6.4 DEPRESSÃO................................................................................................33 
7 VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS NO IDOSO QUE ALTERAM OS EFEITOS DOS 
FÁRMACOS........................................................................................................33 
 
7.1 ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS............................................................34 
 
8 PRESCRIÇÕES EM IDOSOS..........................................................................35 
 
8.1 PRINCÍPIOS DE PRESCRIÇÃO DE DROGAS NOS IDOSOS....................35 
9 O FUTURO EM RELAÇÃO AO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS EM 
IDOSO.................................................................................................................36 
10 MÉTODO........................................................................................................38 
 
 
 
 
11 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................39 
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................61 
REFERÊNCIAS.................................................................................................. .63 
APÊNDICE..........................................................................................................69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
INTRODUÇÃO 
 
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no 
Brasil a população idosa vem crescendo quase oito vezes mais que os jovens e 
quase duas vezes mais que a população geral, passando de 6,3%, em 1980, para a 
cifra estimada de 14% no ano de 2025, o que em números absolutos posiciona-se 
na sexta maior população de idosos do mundo (COSTA et al., 2009). 
Com esse elevado aumento da população idosa no Brasil a qual segue uma 
tendência já ocorrida em países desenvolvidos, ocorre um aumento de desafios aos 
serviços e aos profissionais da saúde. Consequentemente verifica-se um grande 
número de patologias encontradas com sintomatologias diversas e, ademais, a 
prevalência de doenças crônicas degenerativas, as quais frequentemente dependem 
de terapêuticas medicamentosas prolongadas ou contínuas. Por esse motivo, esses 
indivíduos tornam-se grandes consumidores de medicamentos sendo, 
possivelmente, o grupo etário mais medicalizado na sociedade (ANDRADE; SILVA; 
FREITAS, 2009). 
Por esse motivo a promoção do uso racional de medicamentos e a educação 
terapêutica são indispensáveis nos dias de hoje e a aplicação dessa racionalidade 
pode ser feita através de aconselhamentos, os quais permitem um maior 
relacionamento entre os profissionais de saúde e o paciente. Isso torna o tratamento 
mais eficaz e capacita o idoso a lidar com possíveis efeitos colaterais e interações 
medicamentosas contribuindo para a adesão ao tratamento (ANDRADE; SILVA; 
FREITAS, 2009). 
Refletindo o aumento da população de idosos se observa aumento do 
consumo de medicamentos por essa população. Mais de 80% desses indivíduos 
utilizam, pelo menos, um medicamento por dia, e cerca de um terço consome cinco 
ou mais simultaneamente. Esse público constitui aproximadamente 50% dos 
multiusuários, sendo ate considerados o grupo etário que mais consome 
medicamentos na sociedade, fato justificado pelo aumento da prevalência de 
doenças crônicas relacionadas à idade (COSTA et al., 2009). 
 
 
 
 
 
13 
 
A chegada da terceira idade traz consigo limitações sobre 
um corpo já muito vivido. Já não se tem a mesma 
vitalidade, a rapidez dos movimentos e do raciocínio, a 
mesma coordenação motora da época da juventude. Há 
mais tempo disponível, mas os idosos não sabem o que 
fazer com ele... Acostumados a fazer, não sabem o que é 
ser (COSTA et al., 2009). 
 
De acordo com Andrade; Silva; Freitas (2009) em função da presença 
frequente de múltiplas patologias, requerendo terapias diferentes, as quais podem 
resultar no uso concomitante de vários medicamentos, por isso, o aconselhamento 
acerca do uso racional de medicamento é uma pratica importante e essencial tanto 
para a população em geral e em especial, para o idoso. Por isso, uma boa estratégia 
de administração que diminua os riscos de efeitos colaterais ou adversos e de 
interações medicamentosas é muito necessária e muito eficaz. Somam-se a isto 
vários fatores, entre outros: 
a) automedicação com produtos de venda livre, e aqueles indicados e até 
fornecidos por pessoas próximas; 
b) a não adesão ao tratamento que aumenta com a idade. 
Segundo Andrade; Silva; Freitas (2009) este quadro pode ser agravado por 
alterações fisiológicas como: 
a) redução da memória, da visão, da destreza manual; 
b) não acesso ao (s) medicamento(s); 
c) perda da capacidade de reserva funcionalde órgãos vitais; 
d) deterioração do controle homeostático e, 
e) alterações na velocidade e extensão de metabolização do fármaco, com 
consequência na ação farmacológica. 
Escolheu-se este tema devido à relevância do mesmo em relação à saúde 
pública e ao aumento da população de idosos, esse público vem se destacando com 
relação a sua expectativa de vida que é cada vez maior. 
O uso racional de medicamento em idosos é um assunto muito discutido nos 
dias atuais. Por isso, considerou-se fazer uma pesquisa sobre o uso de 
medicamentos e outros aspectos ligados a saúde dos idosos, a nível municipal, e 
através desta, coletaram-se dados, buscando saber qual a situação dos idosos no 
município de Fernandópolis. 
Outro fato importante é que com os resultados do trabalho, podem-se 
observar vários problemas enfrentados pelos idosos, tanto nas unidades básicas de 
14 
 
saúde quanto na sua rotina em casa, e os resultados obtidos poderão ser utilizados 
na assistência ao idoso, pois sabendo dos problemas enfrentados por eles, ficará 
mais fácil orientá-los, contribuindo para melhora da qualidade de vida. 
Foi utilizada uma pesquisa exploratória com 22 questões em três unidades 
de saúde com 100 pessoas modo a buscar dados para a elaboração do trabalho. 
Este trabalho tem como objetivo geral verificar o uso racional de 
medicamentos em idosos, através de pesquisas na rede pública de saúde do 
município de Fernandópolis. 
O estudo tem como objetivos específicos a observação da (s): 
 Prática de assistência farmacêutica tem influências positivas na 
administração dos medicamentos e reafirma quanto à dispensação e 
orientação do seu uso; 
 Saúde e qualidade de vida do idoso: alimentação adequada, atividade física, 
uso de álcool e tabaco; 
 Reações adversas e adesão ao tratamento; 
Este trabalho foi dividido em oito capítulos. 
Sendo o primeiro, saúde e qualidade de vida do idoso, abordando aspectos 
da longevidade, atividades físicas, melhores alimentações, controle de 
medicamentos de acordo com suas reais necessidades. 
 O segundo capítulo relata sobre responsabilidades institucionais, ao 
Sistema Único de Saúde (SUS) caberá prover meios para alcance do propósito da 
política nacional de saúde do idoso. 
No terceiro capítulo apresenta a orientação ao paciente sobre o uso de 
medicamento, relacionando a promoção do uso racional com a Política Nacional de 
Medicamentos brasileira (PNM). Relata a prática da assistência farmacêutica, as 
finalidades de sua reorganização, responsabilidades da PNM e dispensação de 
medicamento. 
Já no quarto define iatrogenia e os fatores que levam ao acontecimento da 
mesma, como é o funcionamento do organismo do idoso e como acertar na 
prescrição do medicamento. 
O capítulo cinco aborda a adesão ao tratamento, o idoso tem dificuldade de 
adesão ao tratamento, observam-se com maior frequência de erros de 
administração, fatores sócios econômicos, fatores associados ao mau uso do 
medicamento entre idosos. 
15 
 
De acordo com o capítulo seis exemplifica a farmacologia geriátrica de 
algumas doenças mais acometidas nos pacientes idosos, demência como o 
Alzheimer, diabete melito, hipertensão arterial e depressão. 
No capítulo sete destaca as principais variáveis fisiológicas no idoso que 
altera os efeitos dos fármacos, isso decorre devido à idade avançada, tornando o 
idoso mais sensível. O fator fisiológico próprios do idoso pode alterar a 
farmacocinética e farmacodinâmica. 
O capítulo oito tem como tema prescrições em idosos, comentando as 
exigências contidas nas bulas dos produtos com orientações sobre o uso em 
pacientes acima de 65 anos; os princípios da prescrição e fatores relacionados. 
O capítulo nove traz a finalização do desenvolvimento teórico, com o tema o 
futuro em relação ao uso racional de medicamentos em idoso, e aborda fatores 
relacionados à farmacologia, e ao uso indevido de medicamentos que ocorre com 
esta faixa etária. Comenta o que deve ser feito para diminuir o uso inadequado de 
medicamentos pelos idosos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
1 SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO 
 
O aumento da longevidade e a redução das taxas de mortalidade, nas 
últimas décadas do século passado, mudaram o perfil demográfico. No Brasil, em 
1900, a expectativa de vida ao nascer era de 33,7 anos; nos anos 40, de 39 anos; 
em 50, aumentou para 43,2 anos e, em 60, era de 55,9 anos. De 1960 para 1980, 
essa expectativa ampliou-se para 63,4 anos, isto é, foram acrescidos vinte anos em 
três décadas, segundo revela o Anuário Estatístico do Brasil de 1982 (IBGE). De 
1980 para 2000, o aumento deverá ser em torno de cinco anos, ocasião em que 
cada brasileiro, ao nascer, esperará viver 68 anos e meio. As projeções para o 
período de 2000 a 2025 permitem supor que a expectativa média de vida do 
brasileiro estará próxima de 80 anos, para ambos os sexos (PINTO et al., 2003). 
Segundo Braga (2003) o aumento na expectativa de vida, tem sido 
observado, a partir da década de 60, um declínio acentuado da fecundidade, 
levando a um aumento importante da proporção de idosos na população brasileira. 
De 1980 a 2000, o grupo etário com 60 anos ou mais deverá crescer, as projeções 
apontam para um crescimento de 130% no período de 2000 a 2025. Isso faz com 
que se criem algumas diretrizes para cuidar desse público tais como a promoção do 
envelhecimento saudável; a manutenção da capacidade funcional; assistência às 
necessidades de saúde do idoso; a reabilitação da capacidade funcional 
comprometida; o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais; e o apoio a 
estudos e pesquisas. 
Esse fenômeno delineia uma série de implicações sociais, culturais e 
epidemiológicas, uma vez que nesse grupo etário, a prevalência de morbidades e 
incapacidades é maior. Apesar disso ainda são escassos os estudos referentes a 
idosos de forma a permitir o conhecimento das condições de saúde desse grupo no 
país (NOGUEIRA et al., 2010). 
O envelhecimento humano provoca modificações no corpo como 
consequência de mudanças durante todo o processo evolutivo: alterações 
cardiovasculares, metabólicas, respiratórias, na pele, no sistema digestivo, ósseo, 
neurológico, gênito-urinário e muscular. No entanto, o poder de percepção destas 
alterações não se altera fundamentalmente com idade (ANDRADE; SILVA; 
FREITAS, 2009). 
17 
 
 O envelhecimento passa a ser caracterizado pela incapacidade progressiva 
de o organismo adaptar- se às condições variáveis do seu ambiente. Os 
mecanismos implícitos neste episódio apresentam as seguintes características: são 
progressivos, nocivos, irreversíveis e geralmente comuns a inúmeros organismos, 
sendo semelhantes na mesma espécie. Os primeiros sinais que se notam são os 
físicos: cabelos brancos, pele enrugada, atividade física diminuída entre outros. Em 
geral, à medida que se envelhece os órgãos reduzem o número de células e 
diminuem o funcionamento do organismo tendo um impacto significativo nos 
aspectos biopsicossocial, espiritual e na multidimensionalidade da sua saúde, 
características marcantes na vida do idoso (ANDRADE; SILVA; FREITAS, 2009). 
O uso racional de medicamentos contribui com a qualidade de vida dos 
idosos, para que o paciente receba o medicamento apropriado à sua necessidade 
clínica na dosagem e posologia corretas, por um período de tempo adequado e ao 
menor custo, além de diminuir a não adesão ao tratamento farmacológico, reações 
adversas, interações entre medicamentos e risco de hospitalização (MOREIRA et al., 
2010). 
O envelhecimento da população tende a proporcionar, nas próximas 
décadas, desafios cada vez maioresaos serviços de saúde. No bojo desse 
processo, o delineamento de políticas específicas para pessoas idosas vem sendo 
apontado como altamente necessário, sendo imprescindível o conhecimento das 
necessidades e condições de vida desse segmento etário (ANDRADE; SILVA; 
FREITAS, 2009). 
De acordo com a Portaria 1395/GM- Política de Saúde do Idoso, o apoio 
informal e familiar constitui um dos aspectos fundamentais na atenção à saúde 
desse grupo populacional Isso não significa, no entanto, que o estado deixa de ter 
um papel preponderante na promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso 
nos três níveis de gestão do SUS, capaz de aperfeiçoar o suporte familiar sem 
transferir para a família a responsabilidade em relação a este grupo (BRASIL, 1999). 
 
 
 
 
18 
 
2 RESPONSABILIDADES INSTITUCIONAIS 
 
A Portaria 1395/GM- Política de Saúde do Idoso dispõe que caberá ao SUS, 
de forma articulada e na conformidade de suas atribuições comuns e específicas, 
proverem os meios para o alcance do propósito desta Política Nacional de Saúde do 
Idoso, que é a promoção do envelhecimento saudável, a manutenção e a melhoria, 
ao máximo, da capacidade funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a 
recuperação da saúde dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter 
a sua capacidade funcional restringida (BRASIL, 1999). 
 
3 ORIENTAÇÃO AO PACIENTE SOBRE O USO DE MEDICAMENTO 
 
As orientações sobre medicamentos fornecidas aos pacientes são 
fundamentais para o sucesso do tratamento, uma vez que a ausência delas é uma 
das principais causas do uso incorreto dos medicamentos. O uso racional de 
medicamentos, almejado pela Política Nacional de medicamentos brasileira, é o 
processo que compreende a prescrição apropriada, a disponibilidade oportuna e a 
preços acessíveis, a dispensação em condições adequadas e o consumo nas doses 
indicadas, nos intervalos definidos e no período de tempo determinado de 
medicamentos eficazes, seguros e de qualidade (OENNING; OLIVEIRA; BLATT, 
2011). 
A implementação dessa prática tem como objetivo melhorar o padrão de 
atendimento, colaborando significativamente com a redução de gastos. Ao contrário, 
o uso inadequado de medicamentos pode causar malefícios à saúde dos usuários, 
tais como efeitos adversos, eficácia limitada, resistência a antibióticos e 
farmacodependência. Entre os fatores que contribuem para o uso inadequado de 
medicamentos não pode deixar de ser destacadas às estratégias de promoção e 
vendas das empresas farmacêuticas e o papel assumido pelo medicamento na 
atualidade. Sendo que, este segundo, está em grande parte relacionado com o 
primeiro (OENNING; OLIVEIRA; BLATT, 2011). 
Atualmente, o uso de medicamentos pelos idosos tem gerado preocupação 
quanto aos gastos excessivos e aos possíveis efeitos, benéficos ou indesejáveis. O 
19 
 
perfil de uso obedece a peculiaridades de idade, gênero, inserção social, estado de 
saúde e classe terapêutica. A inadequação traduz-se por quantidade e qualidade 
impróprias dos produtos empregados. O aprimoramento da farmacoterapia depende 
da atuação no campo da prescrição e no da investigação científica (ROZENFELD, 
2003). 
Novos produtos surgem de modo permanente. Entre eles, destacam-se os 
empregados para o controle das doenças crônicas e aqueles que aprimoram a 
qualidade de vida. Assim sendo, é importante criar mecanismos que permitem ao 
clínico acompanhar e interpretar a literatura médica, bem como prescrever com base 
em evidências epidemiológicas consistentes (ROZENFELD, 2003). 
Segundo Rozenfeld (2003) há medidas importantes a serem seguidas diante 
do paciente idoso: estímulo ao emprego de medidas não farmacológicas; 
acompanhamento, com revisão periódica, do conjunto dos medicamentos e de seus 
possíveis efeitos adversos; preferência por mono drogas, em detrimento das 
associações em doses fixas; preferência por fármacos de eficácia comprovada 
através de evidências científicas; suspensão do uso, sempre que possível; 
verificação da compreensão da prescrição e das orientações farmacológicas ou não 
farmacológicas; simplificação dos esquemas de administração; atenção aos preços. 
No Sistema Único de Saúde, o acesso aos medicamentos é mediado pela 
apresentação da prescrição, sendo esta uma ordem escrita dirigida ao farmacêutico, 
com a definição do medicamento que deverá ser fornecido ao paciente, bem como 
com a maneira que este deverá utilizá-lo. A prescrição constitui um documento legal 
pelo qual se responsabilizam quem prescreve (médico, dentista) e quem dispensa o 
medicamento (farmacêutico), ambos os sujeitos à legislação de controle e a ações 
da vigilância sanitária (OENNING; OLIVEIRA; BLATT, 2011). 
O profissional da saúde que dispensa medicamentos exerce um importante 
papel na utilização correta deles. A dispensação é uma das últimas oportunidades 
de identificar, corrigir ou reduzir possíveis riscos à terapêutica medicamentosa, pois, 
além de dispensar o medicamento com qualidade e de maneira correta, o 
farmacêutico deve complementar as informações passadas pelo médico ao paciente 
sobre os medicamentos prescritos, como os cuidados na administração e as 
orientações não farmacológicas, de forma a contribuir com seu uso racional e para a 
melhora do quadro clínico do paciente, sem o eventual aparecimento de efeitos 
indesejados para este (OENNING; OLIVEIRA; BLATT, 2011). 
20 
 
O padrão de consumo elevado de medicamentos entre os idosos que vivem 
na comunidade tem sido descrito tanto no Brasil e no mundo. Em média, 2 a 5 
medicamentos são prescritos regularmente a idosos e a prevalência de uso é maior 
entre as mulheres independentemente da faixa de idade. É consenso que o 
desenvolvimento de medicamentos representa um grande avanço na história da 
ciência e que contribui com relevante significância para a melhoria da qualidade de 
vida da população. No entanto, a possibilidade de um dano induzido em decorrência 
da utilização de fármacos, mesmo quando utilizados nas doses preconizadas e com 
indicação terapêutica adequada se constitui em fato real. A população idosa possui 
risco elevado o de problemas relacionados a medicamentos (MEDEIROS et al., 
2011). 
 Segundo Medeiros et al.,(2011) a vulnerabilidade dos usuários de 
medicamentos, em especial os idosos, torna-se pronunciada quando se pratica o 
uso indiscriminado de medicamentos. A utilização dos medicamentos envolvendo 
mau uso e abuso de consumo, e a não adesão a tratamentos importantes tem 
provocado impacto sobre as medidas públicas para prevenção de agravos e 
promoção da saúde, assim como sobre o ciclo econômico envolvido na prestação 
dos serviços de saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais da 
metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos 
inadequadamente, e que, aproximadamente 50% de todos os pacientes não os 
utilizam corretamente. 
Ao longo do século XX, o medicamento deixou de ser somente um 
instrumento de ação terapêutica para converter-se em um elemento complexo – 
técnico e/ou simbólico atualmente a prescrição farmacoterapêutica tornou-se quase 
que obrigatória nas consultas médicas, sendo o médico avaliado pelo paciente por 
esta prática. Assim, a prescrição do medicamento tornou-se sinônimo de boa 
conduta médica, justificando sua enorme demanda, portanto, a medicalização da 
vida reforça a necessidade por uma abordagem multidimensional do atendimento, 
pautada no modelo interdisciplinar aplicado ao envelhecimento e cujo foco está no 
sujeito da intervenção (MEDEIROS et al., 2011). 
Assistência farmacêutica no Brasil até o ano de 1997, quando foi desativada, 
sendo suas atribuições transferidas para diferentes órgãose setores do Ministério da 
Saúde. No que se refere à ampliação do acesso aos medicamentos no Brasil, as 
instâncias gestoras e de controle social têm buscado sanar importantes lacunas que 
21 
 
foram aprofundadas na década de 90, com o crescente e rápido desenvolvimento 
técnico e científico neste campo. A equidade no acesso aos medicamentos no SUS 
tem sido discutida a partir da premissa de que o direito à assistência integral 
farmacêutica implica a partilha entre os entes federativos das responsabilidades 
legais do Estado, de propiciar o acesso igualitário e universal aos medicamentos e 
procedimentos terapêuticos para a assistência integral à saúde dos cidadãos. A 
necessidade de apontar aos gestores um rumo para a área resultou na formação de 
um grupo de profissionais que atuavam na mesma, o qual discutiu os principais 
aspectos relacionados aos medicamentos no país. Foi estabelecida, como resultado 
dessas discussões, a Política Nacional de Medicamentos, publicada pela Portaria 
GM/MS n. 3916, em 1998 (BRASIL, 2002). 
Essa política estabelece diretriz e prioridades que resultaram em importantes 
avanços na regulamentação sanitária, no gerenciamento de medicamentos e na 
organização e gestão da assistência farmacêutica no SUS (BRASIL, 2007). 
 
3.1 Reorientação da assistência farmacêutica 
As principais finalidades da reorganização da assistência são: 
 A garantia da necessária segurança, da eficácia e da qualidade dos 
medicamentos; 
 A promoção do uso racional dos medicamentos; 
 O acesso da população naqueles medicamentos considerados essenciais. 
Destas diretrizes, foram consideradas como prioridades a revisão 
permanente da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), a 
reorientação da Assistência Farmacêutica, a promoção do uso racional de 
medicamentos e a organização das atividades de Vigilância Sanitária de 
medicamentos para regular esta área. A implementação dessas diretrizes 
demandam ações que vêm sendo desenvolvidas ao longo dos anos (BRASIL, 2007). 
Um aspecto importante a ser mencionado em relação à PNM é a 
explicitação do caráter sistêmico e multidisciplinar da assistência farmacêutica, 
definindo-a como: 
 
 
 
22 
 
Grupo de atividades relacionadas com o medicamento 
destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por 
uma comunidade. Envolve o abastecimento de 
medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas 
constitutivas, a conservação e o controle de qualidade, a 
segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o 
acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção 
e a difusão de informação sobre medicamentos e a 
educação permanente dos profissionais de saúde, do 
paciente e da comunidade para assegurar o uso racional 
de medicamentos (BRASIL, 2002). 
 
Para alcançar um dos objetivos prioritários estabelecidos pela PNM, 
relacionado à reorientação da Assistência Farmacêutica, faz-se necessário 
promover a descentralização da sua gestão, o desenvolvimento de atividades para 
assegurar o uso racional dos medicamentos e ações que aperfeiçoem e tornem 
eficaz o sistema de distribuição no setor público e iniciativas que possibilitem a 
redução nos preços dos produtos (BRASIL, 2002). 
Muitas dessas ações foram e estão sendo desenvolvidas na área de 
assistência farmacêutica no SUS. É de responsabilidade da PNM: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
Tabela 1 - Responsabilidade da PNM 
______________________________________________________________ 
Possuir em vista a implementação da política de assistência farmacêutica no SUS; 
Promover a formulação da política estadual de medicamentos; 
Prestar cooperação técnica e financeira aos municípios no desenvolvimento das 
suas atividades e ações relativas à assistência farmacêutica; 
Coordenar e executar a assistência farmacêutica no seu âmbito; 
Apoiar a organização de consórcios intermunicipais de saúde destinados à 
prestação da assistência farmacêutica ou estimular a inclusão desse tipo de 
assistência como objeto de consórcios de saúde; 
Promover o uso racional de medicamentos junto à população, aos prescritores e aos 
dispensadores; 
Assegurar a adequada dispensação dos medicamentos, promovendo o treinamento 
dos recursos humanos e a aplicação das normas pertinentes; 
Participar da promoção de pesquisas na área farmacêutica, em especial aquelas 
consideradas estratégicas para a capacitação e o desenvolvimento tecnológico, bem 
como do incentivo à revisão das tecnologias de formulação 
farmacêuticas; 
Investir no desenvolvimento de recursos humanos para a gestão da assistência 
farmacêutica; 
Coordenar e monitorar o componente estadual de sistemas nacionais básicos para a 
política de medicamentos; 
Programar as ações de vigilância sanitária sob sua responsabilidade; 
Definir a relação estadual de medicamentos, com base na RENAME, e em 
conformidade com o perfil epidemiológico do estado; 
Definir o elenco de medicamentos que serão adquiridos diretamente pelo Estado; 
Investir na infra-estrutura das centrais farmacêuticas, visando garantir a qualidade 
dos produtos até a sua distribuição; 
Receber, armazenar e distribuir adequadamente os medicamentos sob sua guarda. 
Fonte: BRASIL, 2007. 
 
Em 2003, um amplo debate sobre a assistência farmacêutica foi realizado 
com a sociedade na I Conferência Nacional de Medicamentos e, com base nas 
propostas nela emanadas, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou e publicou 
a Resolução CNS n. 338, de seis de maio de 2004, que estabelece a Política 
Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF), definindo-a como: Um conjunto de 
ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como 
coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e seu uso 
racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de 
medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, 
distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, 
acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de 
24 
 
resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população (BRASIL, 
2004). 
Assegurar o acesso a medicamentos é uma das questões cruciais no SUS, 
constituindo a assistência farmacêutica, considerando que estes insumos são uma 
intervenção terapêutica muito utilizada, impactando diretamente sobre a 
resolubilidade das ações de saúde. Nesta área, em especial após a publicação da 
Política Nacional de Medicamentos e da Política Nacional de Assistência 
Farmacêutica, muitos foram os avanços e as conquistas (BRASIL, 2007). 
Paralelamente à necessidade de se dar acesso aos medicamentos àqueles 
que deles necessitam, é preciso ficar alerta para o uso indiscriminado que vem 
ocorrendo em nossa sociedade, que tem, entre outras causas, a fragilidade da 
regulamentação e a atuação das empresas farmacêuticas. Mesmo com os avanços 
no acesso aos medicamentos no SUS, observa-se procura crescente pelo seu 
fornecimento por demanda judicial. Estas requerem desde o fornecimento de 
medicamentos básicos, não incluídos na Relação Nacional de Medicamentos 
Essenciais, até medicamentos prescritos para indicações não previstas em bula, 
experimentais e sem registro no país (BRASIL, 2007). 
Segundo Marin et al., (2003) trabalhar de forma conjunta na perspectiva de 
uma assistência farmacêutica que, além do acesso, assegure o uso racional dos 
medicamentos é papel a ser assumido por todos os gestores, prescritores, órgãos 
de vigilância e controle, população em geral. 
A seleção de medicamentos é a etapa inicial e provavelmente uma das mais 
importantes do ciclo da assistência farmacêutica, sendo seu eixo, pois todas as 
outrasatividades lhe são decorrentes. É a atividade responsável pelo 
estabelecimento da relação de medicamentos a serem disponibilizados na rede 
pública, sendo uma atividade decisiva para assegurar o acesso aos mesmos. A 
disponibilidade de medicamentos no mercado, a constante introdução de novos 
produtos, a influência da propaganda sobre a prescrição médica tornam fundamental 
uma seleção racional de medicamentos, de maneira a proporcionar maior eficiência 
administrativa e uma adequada resolubilidade terapêutica, além de contribuir para a 
racionalidade na prescrição e na utilização de fármacos (MARIN et al., 2003). 
 
 
25 
 
3.2 Dispensação de medicamentos 
A dispensação de medicamentos foi definida na Política Nacional de 
Medicamentos como: 
É o ato profissional farmacêutico de proporcionar um ou 
mais medicamentos a um paciente, geralmente, como 
resposta a apresentação de uma receita elaborada por 
um profissional autorizado. Neste ato o farmacêutico 
informa e orienta o paciente sobre o uso adequado do 
medicamento. São elementos importantes da orientação, 
entre outros, a ênfase no cumprimento da dosagem, a 
influência dos alimentos, a interação com outros 
medicamentos, o reconhecimento de reações adversas 
potenciais e as condições de conservação dos produtos 
(BRASIL, 2002). 
 
Nesse conceito, a dispensação não se configura apenas como o 
fornecimento do medicamento prescrito, devendo atender a aspectos técnicos, com 
o objetivo de garantir a entrega do medicamento correto ao usuário, na dosagem e 
na quantidade prescrita, com instruções suficientes para seu uso adequado e guarda 
correta. Entre as orientações a serem repassadas, destaca-se a forma de 
administração; a possibilidade de ocorrência de reações adversas; interações com 
outros medicamentos e com alimentos. Desta forma, o usuário do medicamento terá 
as informações necessárias para seu uso seguro e correto (BRASIL, 2007). 
3.3 Uso racional de medicamentos 
Sob o aspecto conceitual, a Política Nacional de Medicamentos refere o uso 
racional de medicamentos como sendo o processo que compreende a prescrição 
apropriada; a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis; a dispensação em 
condições adequadas; e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e 
no período de tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade 
(BRASIL, 2002). 
A Organização Mundial da Saúde considera que há uso racional de 
medicamentos quando pacientes recebem medicamentos apropriados para suas 
condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um 
período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade. Lidera, em 
conjunto com outras instituições gestoras e de pesquisa, movimentos que buscam a 
prescrição e o uso racional de medicamentos, a seleção de medicamentos 
26 
 
essenciais e a disponibilização de informações científicas e independentes aos 
profissionais de saúde, por meio de boletins e de formulários terapêuticos 
(ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA, 2007). 
A promoção do uso racional dos medicamentos deve contar com a 
participação de diversos atores sociais: pacientes, profissionais de saúde, 
legisladores, formuladores de políticas públicas, indústria, comércio e governo. Os 
resultados disponibilizados pelos estudos de utilização de medicamentos podem 
contribuir com a instrumentalização do profissional para o reconhecimento da 
realidade cotidiana que envolve o uso de medicamentos (OENNING; OLIVEIRA; 
BLATT, 2011). 
 
4 IATROGENIA 
 
Segundo Lopes et al., (2006) complicações iatrogênicas são definidas como 
doenças induzidas pelo médico ou outros profissionais da saúde. A iatrogenia pode 
ser produzida por medicamentos, orientações errôneas, como o simples repouso no 
leito prolongado, intervenções cirúrgicas e reabilitação inadequada. 
Consideram-se como afecções iatrogênicas aquelas decorrentes da 
intervenção do médico e∕ou de seus auxiliares, seja ela certa ou errada, justificada 
ou não, mas da qual resultam consequências prejudiciais para a saúde do paciente; 
as pesquisas indicam que sua maior ocorrência é em pacientes idosos 
hospitalizados. A iatrogenia adquire maior importância nos indivíduos idosos, nos 
quais tanto sua incidência como a intensidade de suas manifestações costuma ser 
mais acentuadas (GOMES; CALDAS, 2008). 
O uso de fármacos em idoso deve receber especial atenção dos 
profissionais pelas mudanças que ocorrem na farmacocinética e farmacodinâmica 
dos medicamentos no organismo após os 60 anos de idade (LOPES et al., 2006). 
4.1 Medicar o idoso 
Com o aumento da idade, incidência de reações adversas pode chegar até 
sete vezes maiores do que nos jovens. Há modificações nos mecanismos de 
absorção, distribuição, metabolização e excreção dos medicamentos no idoso. Há 
modificações nos receptores e sítios de ação relacionados ao envelhecimento. Há 
27 
 
também modificações nos receptores das drogas. O idoso é mais sensível aos 
benzodiazepínicos por alterações nos receptores de ácido gama-aminobutírico 
(GABA). Os neurotransmissores também sofrem alterações que podem facilitar a 
confusão mental induzida por drogas. Alguns reflexos fisiológicos através dos 
baroreceptores e do Sistema Nervoso Central estão diminuídos o que leva a maior 
suscetibilidade a hipotensão postural ocasionada por drogas e consequentemente 
quedas. A alta prevalência das doenças crônico-degenerativas no idoso leva a 
necessidade da utilização de mais de uma droga, o que potencializa o risco de 
interações medicamentosas (LOPES et al., 2006). 
A população idosa apresenta peculiaridades em relação a uso de 
medicamentos, uma vez que as alterações fisiológicas decorrentes do 
envelhecimento interferem na farmacocinética e na farmacodinâmica dos 
medicamentos e fazem com que eles atuem de forma diferente do que ocorre com 
adultos jovens, podendo ocasionar ausência de efeitos farmacológicos esperados, 
bem como o aumento do risco de iatrofarmacogenia no idoso (MOREIRA et al., 
(2010). 
Várias queixas comuns levam o idoso ao serviço de saúde, como quedas, 
perda da memória, confusão mental, lentidão motora podem ser fruto de efeitos 
medicamentosos (LOPES et al., 2006). 
 
5 ADESÃO DO PACIENTE AO TRATAMENTO 
 
De acordo com Aizenstein (2010) o idoso tem dificuldade de adesão ao 
tratamento, observa-se maior frequência de omissão, erros de administração, super 
dosagens intencionais ou acidentais, além de uso incorreto do medicamento, com 
validade vencida ou prescrita para outros indivíduos. 
Segundo Oenning; Oliveira; Blatt (2011) a falta de informações ou a não 
compreensão das informações transmitidas pelos profissionais da saúde aos 
pacientes podem trazer consequências como: não adesão ao tratamento, com o 
consequente insucesso terapêutico; retardo na administração do medicamento, 
agravando o quadro clínico do paciente; aumento da incidência de efeitos adversos, 
por inadequado esquema de administração e/ou duração do tratamento; dificuldades 
na diferenciação entre manifestações da doença e efeitos adversos da terapêutica; e 
28 
 
incentivo à automedicação, bem como outras sérias consequências, que podem 
piorar o estado de saúde do paciente. 
A falta de adesão pode relacionar se a fatores socioeconômicos e culturais, 
ao passo que resulta de uma avaliação do paciente de relação custo beneficio do 
tratamento, e representa a maior parte dos casos de falta de adesão. O dialogo 
entre os profissionais de saúde e o paciente é hoje considerado de extrema 
importância para o envolvimento do paciente no seu próprio tratamento. A prescrição 
ao paciente idoso deve considerar inicialmente se a terapêutica é fato necessário e 
seexistem alternativas não medicamentosas, se for o caso as instruções são 
importantes e devem ser feitas de forma clara e pausada, pois os idosos lembram 
melhor das primeiras informações, sobretudo se são simples e em pequenos 
números (AIZENSTEIN, 2010). 
5.1 Prevalência, fatores associados e uso inadequado de medicamentos entre 
idosos 
Segundo Rozenfeld (2003) as características do consumo dos 
medicamentos fornecem elementos para a eleição das prioridades em assistência 
farmacêutica e para a regulamentação de produtos. A partir daí, cabe aos gestores 
do SUS garantir o acesso aos produtos e a oferta de fármacos com o melhor perfil 
quanto à relação benefício versus risco. O potencial para a ocorrência e a gravidade 
das reações adversas aos medicamentos, sobretudo em idosos não internados é a 
preocupação básica. 
As distorções no campo da fabricação traduzem-se no número elevado de 
marcas comercializadas com duas, ou mais, substâncias associadas num mesmo 
produto. As associações em doses fixas são prática condenada em virtude do seu 
potencial de causar reações adversas e da impossibilidade de individualizar as 
doses de cada fármaco. Elas só são recomendadas caso se comprove haver 
vantagens acumuladas: maior eficácia, melhor cumprimento da prescrição e redução 
de custos. Os órgãos de regulamentação, no Brasil denominado vigilância sanitária, 
autorizam a comercialização de incontáveis produtos farmacêuticos 
insuficientemente testados, sem comprovação satisfatória de eficácia e de 
segurança, sem monitoração pós-comercialização e com efeitos similares aos de 
outros já registrados. Como resultado, o “cardápio” de produtos, em vez de ir ao 
29 
 
encontro das necessidades sanitárias, retrata as motivações econômicas dos 
fabricantes (ROZENFELD, 2003). 
O uso inapropriado de medicamentos tem se tornado uma preocupação 
humanística e econômica. Essa prática pode ocasionar graves conseqüências, como 
a elevação dos índices de morbidade e mortalidade (MOREIRA et al., 2010). 
Segundo Moreira et al.,(2010) os principais fatores contribuintes para 
problemas relacionados aos medicamentos são: polifarmácia, prescrição de 
medicamentos inapropriados, má complacência, uso de medicamentos não 
prescritos e falta ou inadequação nas orientações aos pacientes e cuidadores sobre 
os perigos dos medicamentos. 
 
6 FARMACOLOGIA GERIATRIA 
 
Segundo Pereira (2006) o estudo de farmacologia geriátrica tem especial 
interesse nos dias atuais devido ao envelhecimento populacional em todo o mundo. 
No Brasil, esse fenômeno tornou-se marcante no ano de 1950, trazendo grandes 
desafios, inclusive no campo da saúde. 
Paralelamente a essa alteração demográfica, observou-se um processo de 
mudança no perfil de morbimortalidade, predominando as doenças crônicas não 
transmissíveis. Com o aumento da expectativa de vida, frequentemente a pessoa 
idosa é portadora de várias doenças, fazendo uso de diferentes medicamentos 
concomitantes. Apesar de constituírem aproximadamente 10% da população, 
consomem mais de 205 das drogas prescritas (PEREIRA, 2006). 
6.1 Demência 
É uma síndrome que se manifesta pela diminuição global das funções 
cognitivas, embora não necessariamente de modo uniforme, associada a um estado 
preservado da consciência. Demência é definida como um distúrbio adquirido e 
persistente das funções intelectuais que compromete pelo menos três atividades 
mentais: linguagem, memória, capacidade visoespaciais, personalidade e cognição 
(LEVY; MENDONÇA, 2000). 
30 
 
A demência é classificada como uma síndrome degenerativa, caracterizada 
pela deterioração de habilidades intelectuais previamente adquiridas que interfere na 
atividade ocupacional ou social. Afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 
a doença de Alzheimer (DA) a causa mais comum, compreendendo 70% das 
demências. As únicas drogas que tem demonstrado eficácia e segurança em grande 
escala, através de trabalhos multicêntricos, randomizados, placebo - controlados, 
são os inibidores da colinesterase. Eles inibem a degradação da acetilcolina liberada 
pelos neurônios colinérgicos pré- sinápticos, aumentando a disponibilidade desse 
neurotransmissor na sinapse. As substâncias aprovadas pela Food and Drug 
Administration (FDA) são o donepezil, a rivastigmina e a galantamina (PEREIRA, 
2006). 
 
6.1.1 Doença de Alzheimer 
 
É considerada a causa mais frequente demência, ocorrendo em 4,4% da 
população acima de 65 anos, segundo estatística realizada nos Estados Unidos. A 
doença se inicia por alterações de memória, com desorientação têmporo-espacial, 
confabulação e falsos reconhecimentos. A seguir se instalam as alterações das 
funções simbólicas, outras características da doença. Apraxia construtiva, agnosia 
espacial e afasia costumam serem os primeiros achados. Posteriormente, se instala 
apraxia de vestir-se, apraxia ideomotora, somatognosias e global comprometimento 
das funções cerebrais (LEVY; MENDONÇA, 2000). 
6.2 Diabete Melito 
De acordo com Pereira (2006) o diabete melito acomete 7,45 da população 
brasileira, com maior percentual nos idosos, nos quais entre 60 e 69 anos aumenta 
para 17,4%, seis vezes maior que entre 30 e 39 anos. Ocorre pelo aumento da 
intolerância aos carboidratos, devido ao aumento da gordura corporal e paralela 
diminuição da massa magra, diminuição da atividade física, co-morbidades, maior 
ingestão de carboidratos e uso de drogas com ação hiperglicemiante. Concorre para 
desencadear essa doença o fator genético diminuição da secreção e aumento da 
resistência periférica à insulina e liberação hepática noturna de glicose. 
31 
 
O diabetes melito é uma síndrome decorrente de alterações metabólicas 
caracterizadas pela hiperglicemia inapropriada, em consequência da ausência da 
ação biológica da insulina. Este fato ocorre por deficiência de sua secreção ou por 
impossibilidade de desencadear os eventos resultantes da interação da insulina com 
seu receptor (MARCONDES; THOMSEN, 2000). 
O diabete melito tipo 2 é o mais comum entre os idosos, ocorrendo maior 
freqüência de complicações macrovasculares. Essas compreendem o acidente 
vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio e doença vascular periférica, 
comprometendo a qualidade de vida dessas pessoas, justificando o investimento no 
tratamento. As manifestações clínicas podem ser inespecíficas, como fraqueza, 
adinamia, estado confusional agudo, incontinência urinária e hipotensão postural. O 
diagnóstico é feito como nos jovens adultos (PEREIRA, 2006). 
Segundo Pereira (2006), para a população idosa é necessário definir metas 
de tratamento. Geralmente fazem-se o controle glicêmico adequado para 
desacelerar a progressão das complicações crônicas e, para os indivíduos 
cronicamente doentes, com expectativa de vida curta, manter o controle glicêmico 
não rigoroso, evitando sintomatologia de complicações agudas. Para esse último 
grupo estão incluídos os pacientes portadores de quadro demencial em fase 
avançada, aqueles com insuficiência renal crônica, cirróticos, alcoolistas, e aqueles 
com alto grau de dependência ou restrição alimentar. Para eles o controle glicêmico 
visa facilitar a cicatrização, prevenir a desidratação, sintomas de hiper ou 
hipoglicemia e a perda de peso. Devido à diminuição da função renal, o limiar de 
excreção da glicose apresenta-se alterado, aumentando os riscos de hipoglicemia 
por elevar a vida média das drogas. Pelo mesmo motivo, a monitorização pela 
glicofita perde sua utilidade. 
No tratamento com os antidiabéticos orais estão as sulnolinureias. Dá se 
preferência neste grupo para a glicazida e a glipizida, por terem curto tempo de ação 
não gerarem metabólitos ativos.A clorpropamida e contra-indicada no idoso pelo 
seu tempo muito prolongado de ação. A glibenclamida e a glimepirida exigem 
cuidado no uso, devido à maior chance de desencadear hipoglicemia pelos seus 
metabólitos ativos. As metiglinidas (repaglinida e nateglinida) são seguras para o 
idoso. Agem na primeira fase de secreção da insulina, cerca de 30 minutos após a 
ingestão alimentar. A metformina, representante das biguanidas, é indicada em 
pacientes com excesso de peso. Deve ser evitada nos idosos com idade maior de 
32 
 
80 anos. Tem maior risco de desencadear acidose lática, principalmente sob 
estresse orgânico pré e pós-operatório, desidratação, infarto agudo do miocárdio, 
entre outras situações. As glitazonas (rosiglitazona e pioglitazona) aumentam a 
sensibilidade da insulina no músculo. Podem fazer retenção hídrica e ganho de 
peso, não estando indicadas nos pacientes com insuficiência cardíaca. A acarbose é 
um anti-hiperglicemiante por inibir a alfa-glicosidase. Pode ser associado aos 
secretagogos de insulina nos pacientes com pouca adesão à dieta. A insulinoterapia 
é realizada quando o controle metabólico não é alcançado com medidas dietéticas e 
medicamentos orais (PEREIRA, 2006). 
 
6.3 Hipertensão Arterial 
 
De acordo com Pereira (2006) a diminuição da pressão arterial (PA) é efetiva 
em reduzir eventos cardiovasculares fatais e não fatais nos idosos, como 
demonstram ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos, placebo-controlados. 
Devido à grande variabilidade da PA nos indivíduos essa faixa etária, deve-se tomar 
os seguintes cuidados: com o paciente relaxado, medir PA três vezes, com intervalo 
mínimo de 5 minutos entre as variaçõe, medir PA nas posições deitada e sentada, 
observar a rigidez da parede arterial devido à calcificação. A pressão arterial obtida 
pode não ser a mesma da pressão intra-arterial, alterando a conduta terapêutica. 
Para o tratamento da hipertensão arterial em idosos, deve se levar em conta 
os níveis de PA, os fatores de risco cardiovasculares (idade acima de 60 anos, 
tabagismo, dislipidemia e história familiar de doença cardiovascular) e as lesões e 
órgão-alvo (PEREIRA, 2006). 
 Segundo Carvalho Filho; Pasini; Papaléo Netto (2000) o conceito de 
hipertensão arterial na pessoa idosa exigiu a análise de levantamentos realizados 
em grupos populacionais de diferentes, faixas etárias, com o intuito de estabelecer 
os limites máximos normais das pressões arteriais sistólica e diastólica, bem como 
suas variações com o avançar dos anos. Possibilitando definir os níveis, a partir dos 
quais pode se considerar o paciente como hipertenso. Entre 40 a 70 anos a pressão 
arterial sistólica aumenta em média 25 a 35mmHg e a diastólica 5 a 10mm Hg. 
Baseando-se em estudos, a OMS considerou os valores 140 a 160x90 a 95 
mmHg como limítrofes em adultos. Estabeleceu também que o idoso é considerado 
hipertenso quando, em posição supina, apresenta pressão sistólica igual ou superior 
33 
 
a 160 mmHg e/ou pressão sistólica igual ou superior a 95 mmHg (CARVALHO 
FILHO; PASINI; PAPALÉO NETTO, 2000). 
 
6.4 DEPRESSÃO 
 
É uma desordem funcional do cérebro devido à deficiência de 
neurotransmissores (noradrenalina, serotonina e dopamina). Segundo o Manual 
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de 
Psiquiatria (DSM-IV), a depressão maior é definida por humor deprimido na maior 
parte do dia, com marcada diminuição de interesse ou prazer em atividades antes 
agradáveis, durante pelo menos 2 semanas. Simultaneamente, somam-se quatro 
dos seguintes sintomas: perda ou ganho de peso, insônia, retardo psicomotor, 
fadiga, perda de energia, sensação de culpa excessiva, dificuldade de concentração, 
indecisão, pensamentos recorrentes de morte e planos específicos para suicídio 
(PEREIRA, 2006). 
 
7 VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS NO IDOSO QUE ALTERAM OS EFEITOS DOS 
FÁRMACOS 
 
Segundo Aizenstein (2010), o declínio funcional em vários órgãos e sistemas 
decorre da idade avançada, tornando o idoso mais sensível em situações de 
sobrecarga. Embora ocorra envelhecimento variável entre indivíduos, alguns fatores 
fisiológicos próprios do idoso podem alterar a farmacocinética e a farmacodinâmica. 
Dentre os principais: 
 Diminuição dos líquidos corpóreos 
 Aumento da gordura corpórea 
 Diminuição das proteínas plasmáticas 
 Diminuição da massa muscular 
 Diminuição no metabolismo hepático 
 Diminuição da velocidade e do volume de filtração glomerular 
 Diminuição do fluxo sanguineo renal 
34 
 
 Diminuição da secreção tubular 
 Diminuição funciona (absorção, secreção e motilidade) e morfológica 
(atrofia) do trato gastrintestinal 
 Aumento do ph gástrico 
 Diminuição do fluxo sanguineo gastrintestinal 
 Diminuição da resposta imune 
 Redução da eficiência respiratória 
 Intolerância a carboidratos (diabetes) 
 Diminuição da sensibilidade nos centros da fome e da sede. 
7.1 Aspectos farmacocinéticos 
A medicina preventiva, em nosso meio, é pouco praticada, os idosos 
acumulam doenças e utilizam múltiplas medicações simultaneamente, aumentando 
a chance de interações não desejadas. Além disso, as modificações orgânicas 
fisiológicas, próprias do envelhecimento, alteram a farmacocinética (a absorção, 
distribuição, metabolismo e excreção) e a farmacodinâmica (local e mecanismo de 
ação, relação entre dose e efeito e variação da resposta) das drogas, obrigando a 
realização de estudos apropriados para essa faixa etária, o que muitas vezes não é 
feito pelos laboratórios. Quando o conjunto desses fatos não é considerado, os 
medicamentos tendem a ser prescritos da mesma forma que são para adultos, 
podendo levar à iatrogenia. Essa é classificada como um dos “Cinco Gigantes da 
Geriatria” acompanhada por imobilidade, instabilidade postural, incontinência 
esfincteriana, insuficiência cerebral, problemas comuns da velhice, difíceis de 
diagnosticar e tratar, que comprometem a qualidade de vida do paciente idoso 
(PEREIRA, 2006). 
A mudança no perfil farmacocinético em idosos pode predispor os pacientes 
a reações adversas a medicamentos, resultantes de interações farmacológicas, que 
se apresentam com maior gravidade em idosos quando comparados aos adultos 
não idosos. Estudos mostram que os idosos com idade superior a 80 anos são os 
maiores prejudicados pela ocorrência de tratamentos farmacológicos múltiplos e 
reações adversas a medicamentos, quadro se agrava quando há aumento do 
consumo de medicamentos decorrente de doenças do envelhecimento. A 
35 
 
racionalidade da prescrição é indispensável para diminuir esses efeitos adversos 
relacionados da terapia farmacológica (AIZENSTEIN, 2010). 
 
8 PRESCRIÇÕES EM IDOSOS 
 
Segundo Witzel (2001) pacientes idosos recebem uma quantidade 
desproporcional de medicamentos, cerca de um terço de todas as prescrições de 
medicamentos. Aumentando-se a idade do paciente verifica-se que aumentam os 
custos de internação, tempo de hospitalização, e o risco de reações adversas a 
medicamentos (RAM). 
 O FDA passou a exigir que os fabricantes de medicamentos incluam uma 
subseção na bula dos produtos com orientações sobre o uso em pacientes acima de 
65 anos, com especial atenção a oito grupos de drogas: psicotrópicos, 
antiinflamatórios não esteroidais, digoxina, antiarritimico, bloqueadores de canal de 
cálcio, hipoglicemiantes orais, anticoagulantes e quinolonas (WITZEL, 2001). 
8.1 Princípios de Prescrição de Drogas nos Idosos 
1- Avaliar a necessidade de farmacoterapia: sempre que possível deve-se 
tentar lançar mão de terapias não medicamentosas. 
2- Traçar um histórico cuidadoso sobre hábitos e uso de medicamentos:devem-se incluir drogas prescritas, não prescritas, fitoterápicos, álcool, 
cafeína, e outras informações dietéticas e sobre alergias. 
3- Conhecer a farmacologia das drogas: aprofundar-se nas drogas mais 
utilizadas no paciente idoso. 
4- Geralmente as drogas prescritas devem ser menores: especialmente para 
doenças crônicas, onde o controle, e não a cura, é o objetivo. 
5- Monitorar níveis plasmáticos de drogas e sua resposta farmacológica: os 
pacientes devem ser continuamente questionados sobre o efeito das drogas 
em relação à eficácia e efeitos colaterais. 
6- Simplificar os regimes terapêuticos e encorajar a adesão ao tratamento: 
pacientes idosos normalmente apresentam déficits de memória e quanto 
mais simples forem os regimes posológicos, menor será o risco de 
esquecimento e trocas de medicamentos. 
36 
 
7- Revisar regularmente o plano terapêutico e descontinuar as drogas 
desnecessárias: acompanhamento constante garante melhores resultados 
terapêuticos. 
8- Recordar das drogas que podem causar doenças: efeitos adversos de 
drogas podem apresentar-se atipicamente nos idosos ou podem mimetizar 
doenças (WITZEL, 2001). 
 
9 FUTURO EM RELAÇÃO AO USO RACIONAL DE MEDICAMENTO EM IDOSO 
 
Novos produtos surgem de modo permanente. Entre eles, destacam-se os 
empregados para o controle das doenças crônicas e aqueles que aprimoram a 
qualidade de vida. Assim sendo, é importante criar mecanismos que permitem ao 
clínico acompanhar e interpretar a literatura médica, bem como prescrever com base 
em evidências epidemiológicas consistentes (ROZENFELD, 2003). 
De acordo com Rozenfeld (2003) no campo da investigação, é preciso 
conhecer o perfil dos usuários, segundo as diferentes realidades sociais, geográficas 
e sanitárias; avaliar a qualidade do conjunto dos produtos consumidos e, ao mesmo 
tempo, identificar os principais preceptores do uso indevido. É com base nesses 
últimos que será possível propor estratégias de correção, sejam elas na forma de 
programas educativos para profissionais ou para leigos, seja como sugestões para 
regulamentação, controle de qualidade e fiscalização de fabricantes e de produtos. 
Entre os indicadores da qualidade da terapia dos idosos destacam-se: 
• número de produtos empregados por pessoa; 
• a proporção de produtos com associações em doses fixas; 
• a proporção dos fármacos contra-indicados; sem efeitos benéficos 
comprovados; eficazes, mas empregados em formas farmacêuticas, doses, 
duração de tratamento ou indicação terapêutica impróprias; com potencial 
inaceitável de provocar interações; 
• uso redundante de fármacos da mesma classe terapêutica. 
O conhecimento dos padrões de uso e de prescrição entre os idosos 
constitui uma medida indireta da ocorrência dos efeitos danosos. É o primeiro passo 
para se conhecerem os riscos subjacentes à terapêutica farmacológica. No entanto, 
37 
 
isso não é suficiente. É preciso conhecer o perfil das reações adversas, dimensioná-
las, identificar os seus impactos clínicos, sociais e monetários (ROZENFELD, 2003). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
10 MÉTODO 
 
Para execução deste trabalho, utilizou-se uma pesquisa exploratória, entre 
homens e mulheres acima de 60 anos de idade que buscavam atendimento na rede 
pública de saúde do município de Fernandópolis. 
Participaram do questionário 100 idosos, dos quais 54 eram do sexo 
masculino e 46 do sexo feminino, respondendo sobre uso racional de 
medicamentos. 
Foi aplicado um questionário abordando 22 perguntas relacionadas ao uso 
racional de medicamentos e aspectos envolvidos na terapêutica da população idosa. 
As entrevistas foram realizadas através do contato direto com os pacientes 
idosos. No momento em que eles esperavam por uma consulta médica ou quando 
passavam pela unidade de saúde para buscar medicamentos. 
As unidades de saúde onde foram realizadas as entrevistas foram no Projeto 
Saúde da Família (PSF) Heitor Maldonado no bairro Jardim Araguaia, PSF Antônio 
Pivato no bairro Jardim Paulista e PSF Waltrudes Baraldi no bairro Jardim Planalto, 
na cidade de Fernandópolis- SP, durante o período do dia 20 de junho a 11 de 
agosto de 2011. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
11 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
A Figura 1 mostra que 40% dos entrevistados têm idade entre 66 anos e 70 
anos, 30% entre 71 e 80 anos, 28% entre 60 e 65 anos e apenas 2% tem idade 
maior que 80 anos. 
Estes dados são semelhantes aos resultados de um estudo proposto a 
caracterizar as necessidades de saúde entre idosos da área de abrangência de uma 
Unidade de Saúde da Família (MARIN; CECÍLIO, 2009). 
O presente estudo aponta que quase a metade dos idosos entrevistados se 
encontrava na faixa etária dos 60 a 69 anos. 
Como mostra a Figura 2, 54% dos idosos entrevistados na pesquisa, eram 
do sexo masculino e 46% do sexo feminino. 
Estes dados se diferem aos resultados obtidos no mesmo estudo realizado 
em idosos da área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família Além de 
demonstrar a idade dos idosos entre 60 a 69 anos, também demonstrou o predomínio do 
sexo feminino, retratado nos estudos epidemiológicos sobre o processo de 
envelhecimento. Também relatam que na velhice, atribui-se ao sexo feminino, 
quando comparado ao sexo masculino, maior vulnerabilidade no estado de saúde 
em relação a risco de quedas, presença de múltiplas doenças, uso de múltiplos 
medicamentos, obesidade, pobreza e dependências diversas. Destaca-se também 
quanto ao estado marital que 93 (50%) mulheres vivem sem o companheiro, 
enquanto apenas 18 (15,7%) homens vivem sós (MARIN; CECÍLIO, 2009). 
 
 
40 
 
Figura 1 – Faixa etária dos entrevistados (n=100)
 
 Fonte: Elaboração própria. 
 
Figura 2 - Sexo dos entrevistados (n=100) 
 
 Fonte: Elaboração própria. 
 
Dos entrevistados 55% possuem o ensino fundamental incompleto, 14% 
ensino fundamental completo, 26% são analfabetos e 5% possuem ensino médio 
incompleto (Figura 3). 
28% 
40% 
30% 
2% 
Entre 60 e 65 anos 
Entre 66 e 70 anos 
Entre 71 e 80 anos 
Acima de 80 anos 
54% 
46% masculino 
Feminino 
41 
 
Comparando esses dados de alfabetização dos idosos com o estudo na 
Unidade de Saúde da Família, a porcentagem de idosos analfabetos tem um índice 
maior, porém a questão da alfabetização é semelhante, já que a maioria dos idosos 
de ambas as pesquisas não concluíram o tempo de escolaridade suficiente. 
 O estudo demonstra que a baixa escolaridade dos idosos apresenta-se 
como um aspecto importante a ser considerado na implementação das ações de 
saúde, à medida que se constatou que 68,1% são analfabetos ou tiveram pouco 
tempo de escolaridade (MARIN; CECÍLIO, 2009). 
 
Figura 3 - Escolaridade dos entrevistados (n=100) 
 
 Fonte: Elaboração própria. 
Quando foi perguntado aos entrevistados sobre o trabalho das unidades de 
saúde, foi constatado que vem sendo feito um bom trabalho por parte das unidades, 
82% dos entrevistados responderam positivamente a pergunta, apenas 18% 
consideraram que o trabalho da unidade não é bom (Figura 4). 
 
 
 
 
 
26% 
55% 
14% 
5% 
Analfabeto 
Ensino 
fundamental 
incompleto 
Ensino 
fundamental 
completo 
Ensino médio 
incompleto 
42 
 
Figura 4 - Trabalho da unidade de saúde (n=100) 
 
 Fonte: Elaboração própria. 
 
Um problema que a entrevista apontou é a falta de medicamentos nas 
unidades de saúde, pois 54% dos entrevistados relataram não encontrar todos os 
medicamentos que são receitados pelo médico,e 46% relataram encontrar na rede 
pública os medicamentos que necessitam (Figura 5). 
A maioria dos idosos entrevistados utiliza medicamentos disponíveis no 
sistema público de saúde, tendo acesso aos medicamentos por meio dos programas 
de farmácia básica e popular, que vem sendo implantado no país, mas esse sistema 
ainda não consegue suprir todas as necessidades, pois a maioria não é encontrada. 
82% 
18% 
Sim 
Não 
43 
 
Figura 5 - Questão sobre medicamentos encontrados na rede pública (n=100)
 
 Fonte: Elaboração própria. 
Quando foi perguntado aos idosos sobre o uso racional de medicamentos, a 
resposta foi unânime, pois como mostra a Figura 6, 100% dos entrevistados 
responderam que fazem o uso correto dos medicamentos. 
Estudos mostram que 25% das pessoas com mais de 65 anos apresentam 
perda auditiva. Esta perda é correlacionada com disfunção cognitiva em pacientes 
idosos, e presumivelmente com suscetibilidade a erros de medicação. Deficiência é 
o déficit sensorial mais comum nesta população, com 90% necessitando de lentes 
corretivas. Perto de 20% dos idosos com mais de 80 anos de idade mostram-se 
incapazes de ler um jornal, mesmo com óculos, ou de enxergar as gotas dos 
medicamentos que precisam medir. Doenças crônicas como artrite e parkinsonismo 
podem interferir na capacidade de segurar a colher de medida do medicamento, 
abrir um blister de alumínio ou um frasco com tampa. A diminuição da audição pode 
interferir no entendimento das instruções sobre o tratamento (SÃO PAULO, 2003). 
 
46% 
54% 
Sim 
Não 
44 
 
Figura 6 - Uso correto de medicamentos, posologia e tratamento (n=100)
 
 Fonte: Elaboração própria. 
 
A Figura 7 mostra que 57% dos entrevistados relataram não fazer uso de 
medicamentos próximo as refeições, respeitando as orientações médicas. Já 43% 
fazem uso de medicamentos perto das refeições, pois, muitas vezes, mesmo sendo 
bem orientados, não possuem conhecimento sobre as possíveis interações que 
podem ocorrer administrando certos fármacos perto das refeições. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
100% 
Sim 
45 
 
Figura 7- Uso de medicamentos próximo às refeições (n=100) 
 
 Fonte: Elaboração própria. 
Em relação às informações sobre o uso dos medicamentos dispensados, foi 
perguntado aos entrevistados se eles recebiam algum tipo de informação do 
farmacêutico ou de outro funcionário sobre o uso correto de medicamentos, onde 
77% dos entrevistados afirmaram receber orientações, 15% relataram receber 
algumas vezes e 8% relataram não receber informações (Figura 8). 
Estes dados são semelhantes a um estudo realizado com idosos, em 
atendimento em um Ambulatório Privado de Especialidades Médicas, na cidade de 
Ribeirão Preto, que apontou dados mais elevados. 
Quando indagados se haviam recebido informação sobre uso dos 
medicamentos, 97,9% responderam afirmativamente, sendo que destes, 88,4% 
mencionaram tratar-se de orientação médica e 10,5% seguiam orientações do 
médico e enfermeiro. Sobre o tipo de orientação recebida, 81,1% referiram a ter 
recebido de uma forma verbal e escrita e 14,7% de forma escrita, 78% negaram ter 
ficado com dúvidas sobre o uso da medicação, após a orientação (FREIRE, 2009). 
 
 
 
 
 
43% 
57% 
Sim 
Não 
46 
 
Figura 8 - Orientações do farmacêutico e funcionários em relação ao uso dos 
medicamentos (n=100) 
 
 Fonte: Elaboração própria. 
 
A Figura 9 mostra que, a maioria, ou seja, 86% dos entrevistados não 
desistem do tratamento, mesmo quando há falta de orientação relacionada ao uso 
do medicamento pelos profissionais da saúde, 8% algumas vezes desistem e 
apenas 6% não aderem ao tratamento devido a falta de orientação sobre o uso do 
medicamento. 
Em geral, os idosos aderem melhor a tratamento do que os indivíduos 
jovens, porém muitos fatores podem levar a uma baixa adesão, resultando em falhas 
na terapêutica. Estes fatores podem ser intencionais: por não gostar de tomar 
comprimidos, do sabor do medicamento, por acreditar que o medicamento pode ser 
uma química, não tolerar bem os efeitos do medicamento. Ou não-intencionais como 
diminuição da memória, da visão, da audição, da capacidade mental, dificuldade em 
deglutir os comprimidos, polifarmácia, esquemas terapêuticos complicados, 
ausência de auxílio de familiares e deficiência física. Estudos demonstram que cerca 
de 40% a 75% dos idosos não tomam seus medicamentos nos horários e 
quantidades certas (SÃO PAULO, 2003). 
Os dados de um estudo relacionado à adesão a prescrição médica em 
idosos, o qual fez parte do Projeto Idosos da Prefeitura do município de Porto 
Alegre, em parceria com o Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia 
77% 
8% 
15% 
0 
Sim 
Não 
As vezes 
Nunca 
47 
 
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, se diferem aos deste estudo, pois em 
relação à classificação da adesão, 37,1% dos idosos se auto-relataram aderentes e 
62,9%, não-aderente (ROCHA et al., 2008). 
 
Figura 9 - Adesão ao tratamento (n=100) 
 
 Fonte: Elaboração própria. 
A Figura 10 mostra que 69% dos entrevistados não apresentam problemas 
por não utilizarem os medicamentos que necessitam, pois, relataram que antes 
mesmo de acabar o medicamento administrado, vão até as unidades de saúde para 
pegar mais medicamento, para não ocorrer interrupção do tratamento. Entre esses 
28% afirmaram ter problemas por não utilizar o medicamento necessário e 3% 
algumas vezes tem problemas pela não utilização do medicamento. 
 
 
 
 
 
 
6% 
86% 
8% 
Sim 
Não 
As vezes 
48 
 
Figura 10 - Problema relacionado a não utilização do medicamento 
necessário (n=100) 
 
 Fonte: Elaboração própria. 
 
Doenças crônicas fazem parte da vida dos idosos, e demonstrando isso, a 
Figura 11 aponta que 74% dos entrevistados fazem uso regular de medicamentos 
para o tratamento de doenças crônicas e 26% não fazem uso de medicamentos para 
doenças crônicas. 
Estes resultados são semelhantes aos encontrados no estudo realizado 
junto à população do ambulatório do Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI) da 
Universidade Aberta da Terceira Idade (UNATI), da Universidade do Estado do Rio 
de Janeiro (UERJ). 
A percepção de morbidade, a resposta à pergunta se tem alguma doença 
segue o que se poderia esperar de uma população idosa, praticamente todos com 
exceção de dois casos de idosos neste estudo, têm a percepção de que há algum 
distúrbio ou doença crônica em suas vidas. Observa-se que apenas 20% dos 
pacientes declaram apenas uma doença crônica. A maioria relata apresentar dois ou 
três problemas de saúde (SAYD; FIGUEIREDO; VAENA, 2000). 
A Figura 12 mostra que 48% dos entrevistados sofrem de hipertensão 
arterial e fazem uso de anti-hipertensivos, para manter a pressão estável. Dos 
demais 24% utilizam outras classes de medicamentos para tratamento de demais 
doenças crônicas, 11% utilizam hipoglicemiantes, 8% antidepressivos, 6% 
antissecretores, 2% antiparkinsonianos e apenas 1% insulina. 
28% 
69% 
3% 
Sim 
Não 
As vezes 
49 
 
Um estudo realizado com o objetivo de caracterizar as classes mais 
prescritas de anti-hipertensivos aos idosos que utilizam os serviços de diferentes 
Unidades de Saúde da Família (USF) do município de Marília mostrou que entre os 
idosos cujos prontuários foram analisados, a proporção daqueles que utilizam anti-
hipertensivos foi em média de 69% entre as quatro unidades onde foi realizado o 
estudo. Esses dados assemelham-se à prevalência constatada no Brasil, em

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