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Conceito e Requisitos dos Contratos

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CONTRATOS
Conceito
O contrato é um negócio jurídico bilateral, exige a expressão de duas vontades voltadas a um mesmo fim, e que esteja em conformidade com a lei. Isso porque, o direito não permite que acordo que afrontem a lei tenham força cogente. Assim, o contrato é um acordo de vontades, em conformidade com a lei, e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos.
Na tradição romana, o contrato não significava um acordo de vontades dirigido a constituir uma relação obrigacional, ao contrário, era, de modo geral, um negócio.
Requisitos dos Contratos
Devem ser considerados em três planos:
No plano da existência, dizem respeito a tudo que antecede qualquer tipificação do contrato planejado. Pressupõe a existência das partes, sejam elas pessoas naturais ou jurídicas; um objeto imediato e idôneo; e a legitimidade, que é entendido como o poder de contratar, ou seja, trata-se de tudo o que antecede qualquer tipificação do contrato planejado. E tem como elementos essenciais, que são aqueles que servem para justificar os requisitos de validade do contrato: a declaração de vontade, que, nos contratos, se manifestam através de uma proposta e de um aceite; a forma, qualquer que seja ela, desde que suscetível de ser avaliada no plano existencial (a forma pode ser expressa, tácita ou silenciosa); e um objeto mediato, que será aquele sobre o qual incidirá a obrigação. Note-se que, sem qualquer desses elementos o contrato, simplesmente, não existe; não haverá, portanto, que se falar em nulidade ou anulabilidade de algo que não existe.
OBS.: no caso de nascituro donatário, haverá a existência de somente uma das partes contratantes, o doador, enquanto o donatário será representado por seu representante legal. Art 542, C/C/02 “A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal”. O contrato existe, é válido, mas só se aperfeiçoa após o nascimento.
No plano da validade, para que o contrato tenha relevância jurídica, ele deve possuir certos aspectos que o tornem capaz de produzir efeitos no mundo jurídico. São os requisitos de validade dos contratos, sem os quais o contrato, simplesmente, não interfere no mundo jurídico. A inobservância deles leva a nulidade, ou anulabilidade do contrato. Esses requisitos de validade são também chamados de elementos naturais do contrato.
Tais elementos podem dizer respeito ao sujeito, ao objeto ou à forma do contrato.
Com relação ao sujeito, para que o contrato seja válido é necessário que os contratantes sejam capazes, sejam aptos a emitir validamente suas vontades. Assim, os contratantes não podem ser atingidos nem pela incapacidade genérica, contida nos arts. 3º e 4º do Código Civil, nem pela incapacidade dita contratual, qual seja aquela incapacidade provocada por restrição legal à faculdade de determinado indivíduo de contratar. Por exemplo, art .497, C/C/02 “sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: I- pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração”.
 Em relação ao objeto, este deverá ser lícito, possível e determinado, ou determinável. Em primeiro lugar o objeto deve ser possível, pois impossibilium nulla est obligatio. A impossibilidade física, ou material, ocorre quando o contrato objetiva prestação irrealizável. Se a impossibilidade for absoluta, ou seja, aquela que não pode ser vencida por ninguém, por nenhum indivíduo, e concomitante à criação do contrato, este será nulo de pleno direito; se for superveniente à formação do contrato, este restará resolvido, com ou sem perdas e danos. No entanto, pode ser que a impossibilidade seja relativa, ou seja, o devedor, em determinado momento, não consegue vencer certo obstáculo para cumprir o contrato. Nesse caso, o devedor estará sujeito à responsabilidade contratual. Note-se que, pode ocorrer de o objeto não existir, no momento da formação do contrato, mas ser possível e determinável. É possível que se contrate tendo por objeto coisa futura e incerta, como no caso dos contratos aleatórios e com condição de realização.
Em segundo lugar, o objeto do contrato deve ser lícito, pois, em caso contrário haverá impossilidade jurídica e o contrato será irrealizável, mesmo que o objeto seja materialmente possível. Neste caso, a impossibilidade é intransponível, pois o contrário atacaria a ordem jurídica e os bons costumes; em função disso, o contrato é nulo.
Em terceiro, o objeto deve ser determinado, ou determinável, para que a obrigação tenha sobre o que incidir. Tanto que, se o objeto for indeterminável, o contrato é nulo por ausência do objeto.
Por fim, o objeto deve ser economicamente apreciável, pois, se o objeto não representa valor faltar-lhe-á suporte para uma ação judicial e impossível será a execução forçada da prestação não cumprida, assim como a indenização por perdas e danos, quando impossível a execução.
Art. 1174 C/C Italiano: “a prestação que constitui objeto da obrigação deve ser suscetível de avaliação econômica e deve corresponder a um interesse, ainda que não econômico, do credor”.
Esses requisitos dizem respeito, ainda, à forma, que deverá ser aquela prescrita ou não defesa em lei. Em regra, o elemento formal não tem importância no direito contratual, senão em linha de exceção. Normalmente, as convenções se concluem pelo simples acordo de vontades, já que a forma é considerada um dificultador das transações. No entanto, em alguns casos, a lei exige a observância de determinada forma para que alguns sejam válidos.
Art, 107 C/C Brasileiro: “a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.”
	Há ainda um último requisito de validade dos contratos, que é o consentimento. Além de estar ligado à existência do contrato, pois, sem consentimento não há acordo, quão menos contrato, ele também se liga à sua validade, pois a lei qualifica o consentimento válido para a constituição dos contratos e exige que ele seja livre, desprovido de vícios e defeitos.
Art 171 C/C Brasileiro: “Além dos casos expressamente declarados em lei, é anulável o negócio jurídico: I- por incapacidade relativa do agente; II- por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.”
OBS.: A causa é requisito de validade do contrato?
	Depende. Se por causa entendermos aquilo a que se reduz o contrato, qual o objetivo do contrato, e, por extensão, dos contratantes, então ela será requisito de validade, inserte no art.104. Se, no entanto, entendermos por causa o motivo que leva as partes a contratar, surge a dúvida. Já que o art. 166 dispõe que “é nulo o negócio jurídico quando: III- o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito”. Assim, se os contratantes visarem, em conjunto, o cometimento de um ilícito, o contrato será nulo. Porém, se somente uma das partes contratar com o objetivo de realizar o ilícito, não haverá nulidade. Por exemplo: A compra um carro para transportar drogas. Do ponto de vista do objeto, o contrato é valido. Para impedir essa operação, tem-se o art.166, III. No entanto, se A informa a razão, o motivo é ilícito, o que justifica a anulação do contrato.
- História 
	Em geral, o Direito Romano não era causalista, ao contrário, era formalista. A causa só era considerada, pelos romanos, quando dizia respeito aos contratos inominados, explicando a resolução do contrato pelo sistema da causa: não se pode cumprir a contraprestação sem a prestação.
	Em fins da Renascença, Domat defende uma concepção mais objetiva da causa e afirma que, nos contratos bilaterais, a causa sempre será a mesma: a contraprestação; nos contratos onerosos, é a vantagem esperada por cada contratante; nos gratuitos, é a intenção liberal; nos aleatórios a causa é a álea, ou seja, é o evento incerto ao qual estão submetidas as partes. Enfim, para Domat, a cada contrato corresponderia uma causa típica. Tal concepçãoé rebatida por Planiol, que entende ser inútil preocupar-se com a causa objetiva dos contratos e que esta seria ilógica, um erro histórico. Nos contratos bilaterais, a causa não é a prestação, pois, nascendo juntas as obrigações, uma não pode ser a causa da outra (é ilógico). Além disso, nos contratos gratuitos, a causa, a intenção liberal, se confunde com o próprio consentimento; trata-se de uma questão de consentimento (é inútil). Por fim, o Direito Romano era formalista, o que deixava a causa à margem das discussões, enquanto o Direito Moderno é consensualista, o que torna impossível que se entenda a causa a partir dos romanos.
	Enfim, duas correntes se contrapõem: uma sustenta a causa objetiva e afirma que ela não é analisada somente no momento da formação do contrato, ao contrário, é analisada durante toda a execução, pois ela pode se perder durante a execução (na formação a causa não era discutida, mas se a prestação aumente e eu soubesse, não contrataria); outra demonstra a importância da causa subjetiva afirmando que o motivo não pode ser tão intimo que ninguém o conheça, ele deve ser um pouco objetivo. Savatier entende ser a causa um motivo comum e determinante para ambas as partes (Art. 166, III CC/02).
INEFICACIA “STRICTO SENSU” DO CONTRATO
	Em sentido estrito, considera-se ineficácia a recusa de efeitos quando, embora preenchidos os requisitos de validade, o negócio não se aperfeiçoa. Isso pode acontecer quando o contrato, perfeito, encontra-se sob condição suspensiva. Nesse caso, o contrato é válido, está completo como negócio jurídico, mas não produz seus efeitos em função daquela condição.
Formação dos Contratos
Considera-se formado o contrato a partir do momento em que as partes fazem coincidir suas vontades. O processo de formação do contrato distingue-se em três fases: negociações preliminares, proposta e aceitação.
	Durante as negociações preliminares, as partes conversam entre si, debatem seus interesses, discutem os termos em que será realizado o contrato. No entanto, trata-se de uma fase pré-contratual, em que as partes não estão juridicamente vinculadas entre si. Porém, as partes fazem surgir alguns deveres jurídicos, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé. É esse princípio que torna possível a incidência, nesta fase de negociação, da responsabilidade civil. Importante lembrar que, como não há vínculo, essa responsabilidade não estará ligada à noção de culpa contratual, mas à aquiliana. Tal situação ocorre somente no caso de uma das partes induzir na outra a crença de que o negocio será celebrado, levando o outro à despesas ou a não contratar com um terceiro, e recuar, causando dano.
	A seguir, com o fim das negociações preliminares, emerge a proposta de contrato que, feita por uma das partes, poderá ou não ser aceita pela outra. Porém, tem a característica de vincular o proponente, situação prevista pelo art. 427:
Art 427 C/C Brasileiro: “A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.”
	Note-se que a proposta só vincula o policitante, o proponente, na medida do art. 427, ou seja, nos casos em que a própria proposta dispõe sobre a sua não obrigatoriedade, em que o negócio jurídico mesmo não admite que a proposta seja vinculante, ou ainda, de acordo com as circunstâncias do caso não incidirá o efeito vinculador.
	Apesar de a lei não aclarar quais os requisitos da proposta, ele deverá ser séria e precisa, contendo a estrutura do negócio a ser celebrado, pois, sobre a proposta é que se aperfeiçoará o contrato.
Situação especial é aquela em que a proposta é feita, não a uma pessoa determinada, mas ao público em geral. Ainda assim a proposta vinculará o proponente, nos moldes do art. 429:
Art 429 C/C Brasileiro: “A oferta ao público equivale à proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.”
	Ainda sobre a oferta ao público, é importante notar o disposto na lei 8078/90, que estatui o Código de Defesa do Consumidor. Essa lei vai além do Código Civil quando possibilita ao consumidor que, em caso de recusa de cumprimento de uma proposta de contrato por parte do fornecedor, exija o cumprimento forçado, nos termos da oferta, ou aceito outro produto ou prestação de serviço equivalente, ou ainda rescinda o contrato, com direito à restituição daquilo eventualmente antecipado e às perdas e danos. No entanto, a doutrina entende que, nos casos não abrangidos pela lei 8078/90, ao oblato resta apenas a opção de exigir perdas e danos.
No entanto, ainda de acordo com o art. 427, pode ser que a proposta não seja vinculante. Tal exceção pode ser prevista na própria proposta elaborada pelo policitante, donde se infere ser a obrigatoriedade da proposta uma norma supletiva. Há ainda a possibilidade de a obrigatoriedade não ser possível em função do próprio negocio a ser realizado, tal como no contrato de seguro, de mandato ou ainda nos de sociedade, pois, no primeiro, há a necessidade de o contrato de seguro se adequar a cada segurado, seja ele pessoa ou bem e nos outros, a confiança pessoal é estritamente necessária à formação dos contratos, ou ainda das circunstâncias do caso impedirem a vinculação do policitante. Tais circunstâncias estão expressas no art. 428, que diz:
Art 428 C/C Brasileiro: “Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV – se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.”
	O inciso I trata da proposta feita a pessoa presente, sendo que a palavra presente deve ser entendida como aqueles que se comunicam instantaneamente, e não como aqueles que estão fisicamente próximos. Sendo assim, é considerada proposta entre pessoas presentes aquelas feitas por telefone, chats, pois é essa comunicação direta que possibilita a resposta imediata do oblato, que deve pegar ou largar a proposta recebida.
	Os incisos II, III e IV tratam das propostas feitas a pessoas ausentes, ou seja, aqueles que precisam de determinado espaço temporal para receber a proposta e fazer com que a resposta chegue ao conhecimento da outra parte, caso em que o proponente não pode exigir do oblato resposta imediata. Note-se que o inciso II fala em “tempo suficiente”. A questão levantada pela doutrina é o que seria, quanto seria esse tempo; se o que se deve levar em conta é a distância e os meios de comunicação disponíveis, se é a complexidade do negócio a ser celebrado. Essa questão será resolvida pelo juiz, que deverá considerar ambas as hipóteses para que o tempo seja aquele razoável, por Caio Mário, “nem longo demais que mantenha o proponente em suspenso por um lapso temporal exagerado, nem tão estreito que ao oblato impeça resposta cuidadosa”. O inciso III é mais objetivo, pois considera que o prazo de resposta está fixado na própria proposta, assim sendo, caso o prazo estipulado não seja cumprido, perderá a proposta seu caráter obrigatório. Enfim, o inciso IV permite a retratação do proponente, desde que ela chegue ao conhecimento do oblato antes, ou, no máximo, juntamente com a proposta. Assim sendo, a retratação não é permitida a qualquer tempo, não pode ser decidida arbitrariamente pelo policitante. Importante observar que, não tendo recebido o proponente a resposta a tempo, este é obrigado a comunicar ao aceitante o não recebimento, qualquer que seja o motivo, sob pena de ser responsabilizado por eventuais prejuízos sofridos pelo oblato, de acordo com o art 430.
Art 430 C/C Brasileiro: “Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde aoconhecimento do proponente, este comunica-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.”
	Apesar de não ser cuidada pela lei, a doutrina debate sobre a obrigatoriedade ou não de proposta feita por pessoa que falece ou é declarada incapaz após envia-la ao aceitante. Duas correntes debatem-se: uma alegando que, o contrato só é perfeito depois de emitida a resposta pelo aceitante e, sendo assim, ocorrendo falecimento ou incapacidade antes da expedição da resposta, contrato não haverá; ao contrário, se a morte ocorrer depois de expedida a resposta, ou seja, depois de celebrado o contrato, mantêm-se a força obrigatória. Ora, qualquer obrigação, que não seja intuito personae é transmitida aos herdeiros do de cujus. Tal posição é defendida por Orlando Gomes. Ao contrário, defendem Caio Mário e Serpa Lopes, para quem o óbito ou a declaração de incapacidade não atingem a proposta já feita, portanto obrigatória. Desta forma, ela se transmite aos sucessores, que deverão se comportar diante do aceitante como se o falecido fossem.
	Por fim, feita a proposta e recebida pelo oblato, este deverá pronunciar-se, aceitando-a ou recusando-a. é a aceitação do oblato que converterá a proposta em contrato, haja vista ter este o consentimento como pressuposto. A aceitação poderá ser dada por qualquer forma, até mesmo pelo silêncio, desde que não se trate de contrato formal. No entanto, caso o aceitante se pronuncie fora do prazo estipulado pela proposta, ou faça modificações nela, ele deverá envia-la ao proponente como sendo uma nova proposta, de acordo com o art. 431, que deverá, novamente, ser aceita ou não.
Art. 431 C/C Brasileiro: “A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta”.
	De maneira semelhante ao operado com relação à proposta, a aceitação também poderá ser retratada, quando tratar-se de proposta feita entre ausentes. Assim, dispõe o art. 433:
Art. 433 C/C Brasileiro: “Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante”.
	
	Considerações importantes são feitas sobre o tempo e o lugar da formação do contrato. É importante precisar o tempo da perfeição do contrato pois, a partir daqui, estarão proponente e aceitante obrigados a cumprir o acordo que fizeram. Sobre o tema debatem-se os doutrinadores que entendem ser o momento de perfeição do contrato aquele em que o proponente toma conhecimento da resposta do oblato, é a teoria da informação. Há aqueles que entendem ser o momento em que o proponente recebe a resposta, independentemente de lê-la ou não, é a teoria da recepção. Outros afirmam ser o momento em que o oblato escreve a resposta, criticada pela impossibilidade de esse momento ser conhecido pelo policitante, é a teoria da declaração. Por fim, há quem defenda que o contrato é formado no momento em que o oblato expede sua aceitação, é a teoria da expedição, adotada, com ressalvas, pelo Código Civil Brasileiro, que admite a retratação da aceitação quando chegue antes ou junto com a aceitação e que possibilita ao proponente retratar-se em função de resposta que, embora expedida em prazo hábil, não chegue ao seu conhecimento.
Art. 434 C/C Brasileiro: “Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I – no caso do artigo antecedente; II – se o proponente se houver comprometido a esperar a resposta; III – se ela não chegar no prazo convencionado”.
	
	Ao contrário, quanto ao lugar de formação dos contratos, não há discussão, já que a lei dispõe claramente, em seu art. 435 que:
Art. 435 C/C Brasileiro: “Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que for proposto”.
	É importante precisar o lugar de celebração do contrato para que se defina qual o foro a que ele pertence. Caio Mário, o Tribunal de Alçada Cível de SP e a lei de arbitragem, interpretaram essa norma como sendo de caráter supletivo, ou seja, as partes podem escolher a que legislação serão submetidas através da eleição do foro, determinado através do acordo acerca do lugar onde foi formado o contrato, que poderá ser diverso daquele onde foi elaborada a proposta.
Classificação dos Contratos 
Típicos e atípicos (ou nominados e inominados)
 Contratos típicos são aqueles cujas regras estão claras, expressas, nos códigos e nas leis. Tais regras não são obrigatórias, ao contrário, servem para suprir eventuais lacunas deixadas pelos contratantes no contrato.
Ao contrário, os contratos atípicos não são esquematizados nas leis, não são especificamente regulados. Constituem a grande maioria dos contratos celebrados, em virtude da liberdade que conferem aos contratantes.
Consensuais, formais e reais
Consensuais são aqueles contratos que se formam solo consensu, ou seja, exclusivamente pelo acordo de vontades das partes, aos quais a lei não exige nada mais do que o simples acordo das partes.
Formais, ou solenes, são aqueles contratos que, para que sejam válidos, devem observar determinadas formalidades, previstas na legislação. O consentimento deve ser expresso pela forma prescrita em lei. Importante notar que, quando o contrato é solene, a forma está diretamente vinculada à sua substância, o que não acontece quando a forma é exigida apenas para a prova. Nesse caso o que ocorre é um contrato consensual que, no entanto, não pode ser provado judicialmente, salvo pela confissão.
Há contratos nos quais a lei exige, para seu aperfeiçoamento, a tradição efetiva do objeto. Neles, o consentimento continua sendo o elemento primordial, mas não suficiente, para a constituição do ato.
Onerosos e gratuitos
Onerosos são aqueles contratos em que ambas as partes se obrigam a uma prestação, ou seja, as partes impõem-se encargos recíprocos.
Gratuitos, ao contrário, são aqueles contratos em que somente uma das partes está obrigada à prestação; uma aufere vantagens, a outra suporta os encargos.
Bilaterais e Unilaterais
Unilateral é o contrato que cria obrigações somente para uma das partes, ao contrário, o contrato bilateral obriga ambos os contratantes. Tal distinção diz respeito aos efeitos dos contratos, que podem atingir somente a um, ou a todos as partes. Se considerarmos o elemento constitutivo dos contratos vontade, os contratos serão sempre bilaterais, haja vista a necessidade de uma dupla manifestação de vontade para que o contrato se forme.
De forma mais clara: no contrato unilateral, uma das partes é credora, e a outra devedora; no bilateral, as partes são credora e devedora entre si, reciprocamente.
Ressalve-se que todo contrato é negócio jurídico bilateral, pois necessita da manifestação de duas vontades coincidentes para que se forme. No entanto, quanto aos efeitos, os contratos podem criar obrigações para ambas as partes.
Comutativos e aleatórios
Trata-se de uma subdivisão dos contratos bilaterais. Nos contratos comutativos as prestações das partes são equivalentes, não necessariamente iguais, e fixas desde a formação do contrato. 
Aleatórios são os contratos em que a prestação de uma das partes não é conhecida, o que a torna insuscetível de estimativa prévia, o que pode acarretar desproporção entre as prestações. Isto porque as prestações dependem de um evento incerto. Em suma, um dos contratantes assume o risco pelo acontecimento ou não de um evento futuro, no entanto, o evento futuro deve ser incerto para ambos os contratantes, sob pena de não existir o contrato aleatório, caso uma das partes já saiba, de antemão, se o evento esperado acontecerá ou não. Mais, a incerteza pode ainda dizer respeito à quantidade, ou até mesmo ao próprio objeto do contrato, caso em que o contratante que não assumiu o risco terá direito a receber a prestação avençada integralmente, salvo se o adquirente assumir o risco pela quantidade a ser produzida e, no entanto, nada vir a existir.
Art. 458 C/C Brasileiro: “Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantesassuma, terá o outro o direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir”.
Art. 459 C/C Brasileiro: “Se for aleatório por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.”
	Há ainda a possibilidade de o contrato ter por objeto uma coisa real, no momento de sua formação, mas sujeita a riscos. Neste caso, se o alienante terá direito ao preço, ainda que a coisa não mais existisse no momento do contrato.
Art. 460 C/C Brasileiro: “Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato”.
	Importante ressalvar a distinção entre contratos condicionais e aleatórios. Nestes, a incerteza diz respeito às prestações devidas pelas partes; naqueles, é a própria eficácia do contrato que depende da ocorrência de acontecimento futuro e incerto. Enfim, os contratos aleatórios caracterizam-se pelo risco, que pode atingir a qualquer das partes, fazendo com que a contraprestação devida por uma delas seja desproporcional à prestação recebida e, por esse motivo, não se pode falar em lesão, nos contratos aleatórios, haja vista ele ser conhecido por ambas as partes, no momento da contratação, o que não impede a anulação por dolo, se ficar provado que uma das partes não ignorava a consumação do risco (ART. 461).
Contratos de execução imediata, diferida e sucessiva
De execução imediata, como o próprio nome diz, são os contratos cujas prestações são realizadas num só instante, elas não perduram no tempo. A prestação é cumprida num só instante e acarreta a extinção do contrato.
No de execução diferida, a prestação de uma das partes depende de termo, o que faz com que o contrato dure até a conclusão da solutio. Note-se, aqui a execução das prestações continuam sendo feitas de uma só vez, com a diferença de que, nos contratos de execução diferida uma das partes cumpre sua prestação antes da outra, que depende do termo.
Contratos de execução sucessiva, ou de trato sucessivo, são aqueles em que a execução não pode cumprir-se num só instante, pela própria natureza do contrato; como no contrato de locação. Característica desses contratos é que os pagamentos não geram a extinção da obrigação, que subsiste, até o implemento de uma condição, ou até o decurso de um prazo, momento em que cessa o próprio contrato.
Tal distinção é importante porque os contratos de execução única, quando anulados, repõem as partes ao status quo, ao passo que, nos contratos de execução continuada, a nulidade não atinge os efeitos já produzidos. Além disso, pela própria natureza, os contratos de prestação única não admitem a aplicação da teoria da imprevisão, que só atingem os contratos de execução continuada.
Contratos individuais e coletivos
Contratos de Adesão
São aqueles em que uma das partes aceita, simplesmente, as condições estabelecidas pela outra, fato que gera controvérsia na doutrina a ponto de alguns autores negarem o caráter contratual a essa espécie, posição que não se sustenta, haja vista a aceitação decorrer da vontade da outra parte.
Tendo em vista a impossibilidade de o aderente alterar as cláusulas pré-estabelecidas, pela autoridade competente ou pelo fornecedor, o Código determina que, em caso de ambigüidade ou contradição, as cláusulas devem ser interpretadas da forma mais favorável ao aderente, assim como afirma nulas as cláusulas que impliquem em renúncia prévia de direitos do aderente.
Art. 423 C/C Brasileiro: “Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente”.
Art. 424 C/C Brasileiro: “Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio”.
Contrato Preliminar
É aquele através do qual as partes se comprometem a celebrar, mais tarde, outro contrato, que será o contrato principal. Ou seja, as partes realizam um negócio, celebram um contrato, visando um contrato futuro. Assim, o contrato preliminar tem com objeto a celebração do contrato principal; é uma fase da formação dos contratos em que as partes estipulam que certos efeitos do contrato querido por elas não se produzirão naquele momento, embora previstos no contrato preliminar. E é exatamente a definição dos efeitos pretendidos e sua manifestação, pelas partes, que distingue os contratos das negociações preliminares, já que elas não possuem o caráter obrigatório, conferido pela lei aos contratos.
Necessita o contrato preliminar cumprir todos os requisitos comuns aos contratos em geral: as partes devem ter capacidade para contratar, o objeto deve ser lícito, possível e determinado, o consentimento deve ser livre e sem vícios. No entanto, quanto ao requisito formal, a lei deixa claro que fica a cargo das partes decidir.
Art. 462 C/C Brasileiro: “O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado”.
Art. 463 C/C Brasileiro: “Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra parte para que o efetive”.
	Pois, se houver cláusula de arrependimento, não mais se tratará de contrato preliminar, talvez de uma promessa de contratação.
Art. 463, parágrafo único. “O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente”. 
Para que produza os efeitos em relação aos terceiros e seja possível a execução específica, pois, em caso contrário, o contrato preliminar produzirá efeitos somente entre as partes, restando, em caso de inadimplemento, somente a conversão da obrigação em perdas e danos, já que a assinatura do contrato principal é uma obrigação de fazer, insuscetível, normalmente, de execução forçada.
Art. 464 C/C Brasileiro: “Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação”.
Por fim, como se trata de um contrato, em sendo perfeito, os direitos e obrigações originados pelo contrato preliminar serão transmitidos, em caso de falecimento, aos herdeiros do de cujus, e poderão sê-lo, também, inter vivos, a não ser que esteja ajustada cláusula que proíba a transmissão das obrigações ou que se trate de obrigação personalíssima.
Relatividade dos Contratos
Contratos em Favor de Terceiros
Uma pessoa (estipulante) convenciona com outra (promitente) uma obrigação, cuja prestação será cumprida em favor de terceiro (beneficiário).
Sas
sas
Vícios Redibitórios
Evicção
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