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70 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO TEMA 04 PARTE 02 – A ÉTICA E A RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES 71 ÉTICA EMPRESARIAL E CULTURA CORPORATIVA A Ética é um tema muito importante para discussão nos dias atuais. Fala-se em Ética em todas as ações no cotidiano, nas escolas, nos governos, nas empresas, entre outros. Na verdade, a Ética permeia a vida e cada vez mais será exigida no comportamento de todos. Da mesma forma, no âmbito empresarial, a Ética é encontrada permeando as relações entre empresas e os clientes. Os padrões de avaliação de uma empresa são medidos agora com parâmetros éticos também porque se encontram no momento da avaliação da marca, imagem, prestígio e confiabilidade. As boas práticas estão sendo cada vez mais valorizadas no mundo atual e, por isso, o relacionamento da empresa com seus clientes e fornecedores está sendo medido pelo seu comportamento ético. Mas, é necessário, antes de aprofundar no mundo empresarial, estudar o conceito de Ética e suas articulações desde sua origem até os dias atuais. De acordo com Coelho (2010), as regras Éticas são aquelas universais, ou seja, devem ser respeitadas por todos os integrantes da sociedade e sustentam valores que preservam a dignidade da pessoa humana e são esteios que impedem a transformação das pessoas em coisas ou em pessoas manipuladas. Marilena Chauí (1997) comenta que, “do ponto de vista dos valores, a Ética exprime a maneira como a cultura e a sociedade definem para si mesmas o que julgam ser a violência e o crime, o mal e o vício e, como contrapartida, o que consideram ser o bem e a virtude. Por realizar-se como relação intersubjetiva e social, a Ética não é alheia ou indiferente às condições históricas e políticas, econômicas e culturais da ação moral”. O termo Ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A Ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a Ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. 72 Além disso, a Ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. Segundo Lopes (2008), “as relações econômicas e políticas do mundo em que vivemos tendem a transformar homens em coisas e coisas em homens, fenômeno esse batizado por Marx como fetichismo da mercadoria”. Nesse sentido, o autor discute, ainda, se os homens criam de fato as relações sociais ou se são elas que o criam e cita um fragmento do prefácio do texto ‘Contribuição à crítica da economia política’, escrito por Marx, em 1859, pelo qual se pode entender o ponto de vista de como a autonomia, a vontade e a liberdade das pessoas podem estar condicionadas à realidade social A compreensão do que é Ética demanda um estudo de vários aspectos filosóficos, envolvendo Ética e moral, valores morais, juízo de fato e de valor, ser consciente de si e dos outros e estar presente a vontade no agir, nos atos praticados pelas pessoas. Foi por meio de questões suscitadas por Sócrates, na Grécia antiga, para entender o sentido dos costumes estabelecidos (os valores éticos ou morais da coletividade, transmitidos de geração a geração) e quais as disposições do caráter (características pessoais, sentimentos, atitudes, condutas individuais) levavam alguém a respeitar ou transgredir os valores da sociedade que se construiu o que atualmente se designa como o sujeito ético moral. CONSCIÊNCIA ÉTICA O neoliberalismo tem a tendência de extinguir os direitos sociais e as políticas públicas porque entende que o mercado pode regulá-los, mas o que se vê é o aumento da exclusão social. Por isso, a luta pela conquista e manutenção de direitos torna-se tão fundamental na sociedade em relação aos excluídos. Cabe notar que ocorre a tendência de aumento do processo de exclusão, inclusive porque nessa era digital cada vez mais um número maior de pessoas fica fora do acesso a essas novas tecnologias. 73 A questão da dignidade do cidadão e a própria questão da cidadania encontram-se sempre ameaçadas nessa nova era. Por isso, a mobilização constante dos indivíduos por meio de conselhos, movimentos sociais e organizações não governamentais é cada vez mais crescente. Verifica-se que esses grupos utilizam, também, esse processo de globalização para levar seus ideais a um maior número de pessoas. Observa-se que muitos grupos sociais estão hoje na rede mundial de computadores e utilizam a internet como ferramenta na divulgação de suas ideias e de suas propostas de ação. O conceito de Responsabilidade Social Empresarial, inicialmente focado nas questões ambientais e de filantropia, hoje, agrega ao seu conteúdo o compromisso de agir com responsabilidade com todos os agentes com os quais a empresa se relaciona, cuja efetiva realização está nas atitudes concretas de enfrentamento dos problemas sociais, contribuindo para a melhoria das condições e qualidade de vida da sociedade. Numa perspectiva de mercado, os procedimentos éticos facilitam e solidificam os laços de parceria empresarial em função do respeito que o agente ético gera em seus parceiros em qualquer nível relacional. (MOREIRA, 1999). Muitas empresas, geralmente as mais ágeis, já adotam um código de Ética institucional, sinalizando ao mercado sua posição de boa conduta, entretanto, grande parte desses documentos é escrita em forma prescritiva, que condiciona os sujeitos da organização a agirem conforme normas, sob a condição de punição quando ocorrer transgressão (ARRUDA, 2002). Segundo Arruda (2002), a elaboração de um Código de Ética se dá a partir da definição da base de princípios e valores esperados dos funcionários de determinada organização. Para se chegar a isto, o ideal é que se proceda a um relatório que irá agregar as práticas e políticas específicas da organização, o qual deverá ser discutido e criticado por todos os funcionários em todos os níveis. Conforme alerta Humberg (2008), a implantação de um programa de Ética abrangente implica em mudanças muito significativas na forma de proceder da organização. O Código de Ética é uma declaração de princípios e, ao mesmo tempo, um estatuto ou constituição a que todos se obrigam, a partir da cúpula, o que exige o envolvimento e a participação geral, partir da presidência e diretoria, para se tornar efetivo. 74 TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL Principal nome: Warren Bennis • Professor e reitor da Universidade de Buffalo. • Surge no final da década de 60 nos Estados Unidos. • Acadêmicos e consultores percebem grandes mudanças nas organizações e criam o DO como resposta a essas mudanças. Querem ajudar as pessoas a se adaptarem a estas mudanças. • Guerra do Vietnã, movimento estudantil, crise no emprego, conflitos sociais e raciais, estresse causado aos indivíduos pela mudança rápida. • Outros autores: R. Blake, J. Mouton, Edgar Schein, Chrys Argyris, P. Lawrence. DO é um conjunto de intervenções planejadas de mudança construída sobre valores humanos e democráticos que procuram incrementar a eficácia organizacional e o bem-estar dos funcionários. O Desenvolvimento Organizacional é um desdobramento prático e operacional da Teoria Comportamental a caminho da abordagem sistêmica. Essa teoria representa a fusão de duas tendências no estudo das organizações: o estudo da estrutura de um lado, e o estudo do comportamento humano nas organizações de outro, integrados através de um tratamento sistêmico. Os diversos modelos de D.O. consideram basicamente quatro variáveis:1) o meio ambiente, focalizando aspectos como a turbulência ambiental, a explosão do conhecimento, a explosão tecnológica, a explosão das comunicações, o impacto dessas mudanças sobre as instituições e valores sociais, etc.; 2) a organização, abordando o impacto sofrido em decorrência da turbulência ambiental e as características necessárias de dinamismo e flexibilidade organizacional para sobreviver nesse ambiente; 75 3) o grupo social, considerando aspectos de liderança, comunicação, relações interpessoais, conflitos, etc.; e 4) o indivíduo ressaltando as motivações, atitudes necessidades, etc. Os autores salientam essas variáveis básicas de maneira a poderem explorar sua interdependência, diagnosticar a situação e intervir em variáveis estruturais e em variáveis comportamentais, para que uma mudança permita a consecução tanto dos objetivos organizacionais quanto individuais. Portanto, a ênfase é dada na gestão de pessoas e processos. Características de DO: • Constante e rápida mutação do ambiente. • Necessidade de contínua adaptação. • Interação entre a organização e o ambiente, entre o indivíduo e a organização e entre os objetivos individuais e organizacionais. Processos de DO: • A coleta de dados – identificar as características e as relações na organização. • Diagnóstico organizacional – análise, elaboração de estratégias e preparação para mudança. • Ação de intervenção - intervenção e reforço, já que o DO é um processo contínuo. TEORIA CONTINGENCIAL PRINCIPAL Principal nome: James Thompson Abordagem mais moderna que usa a TGA para solucionar os problemas. Chamada de Ça depend. Deriva da TGS incorporando a interdependência, a natureza orgânica das organizações, o caráter aberto e adaptativo. Manter flexibilidade nas mudanças e unir teoria e prática. Visão no ambiente para descobrir elementos para orientar seu desempenho: o competidor, os apoios e, especialmente, o cliente e os resultados por este esperado. Tudo depende de tudo. Não há a melhor maneira de administrar. 76 A Teoria contingencial enfatiza que não há nada de absoluto nas organizações ou na teoria administrativa. Tudo é relativo. Tudo depende. A abordagem contingencial explica que existe uma relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance eficaz dos objetivos da organização. As variáveis ambientais são variáveis independentes, enquanto as técnicas administrativas são variáveis dependentes dentro de uma relação funcional. Na realidade, não existe uma causalidade direta entre essas variáveis independentes e dependentes, pois o ambiente não causa a ocorrência de técnicas administrativas. Em vez de relação de causa e efeito entre as variáveis do ambiente (independentes) e as variáveis administrativas (dependentes), existe uma relação funcional entre elas. Essa relação funcional é do tipo "se-então" e pode levar a um alcance eficaz dos objetivos da organização. “Se a forma de gerenciar é adequadamente vista como dependente da situação que se procura equacionar, o que decorre como conseqüência é que não há um único conjunto de princípios de ‘boa organização’ um tipo ideal de sistema gerencial que sirva de modelo para que a prática administrativa imite ou deva mesmo imitar. O que também decorre é a necessidade, de parte da gerência, de, em primeiro lugar, interpretar a situação de mercado e tecnológica, em termos de sua instabilidade ou da velocidade em que as condições externas estão mudando, e só então planejar o sistema gerencial apropriado às condições, e então fazê-lo funcionar.” PESQUISA DE T. BURNS E G.M. STALKER: Pesquisaram para verificar a relação existente entre as praticas administrativas e o ambiente externo dessas organizações. Ficaram impressionadas com os métodos nitidamente diferentes encontrados. Sistema Mecânico: Cada um executa sua tarefa como se fosse distinta e separada das demais: Centralização das decisões; Hierarquia de autoridade rígida; Sistemas rígido de controle; Simples comunicação e Ênfase nos princípios universais da gestão. Sistema Orgânico: Estrutura organizacional flexível e adaptável; Descentralização das decisões; Cargos são continuamente modificados e 77 redefinidos; Hierarquia flexível; Comunicações informais e Ênfase nos princípios do bom relacionamento humano. Conclusão: Há uma espécie de seleção natural do tipo: sistemas mecanicistas sobrevivem em ambientes imutáveis e estáveis, e sistemas orgânicos se adaptam bem a ambientes instáveis e turbulentos. HISTÓRICO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL Desde os primórdios, filantropia e a assistência não eram vistas como principio para sustentabilidade das organizações, fato não internalizado na cultura empresarial brasileira. Segundo Rico (2001), até o início do nosso processo de industrialização mesmo a partir dele as ações sociais empresariais foram heterogêneas, pontuais, dependentes e tuteladas pelo Estado. Inexistiam ações assistenciais sistemáticas aos pobres, partir de medidas tomadas pelo Estado. A prática dessas ações era uma forma de os ricos ascenderem aos valores aristocráticos, pela prática do “bem” através de esmolas (SPOSATI, 1988). O Estado brasileiro limitava-se a reconhecer as ações assistenciais praticadas pelas irmandades, atribuindo um papel diferenciado à Igreja. Através da intensificação do processo tecnológico por meio das sofisticadas tecnologias de informação a partir dos anos 80, da extinção das fronteiras dos Estados, da socialização e da polarização nacional-global, ocasionou o início do processo político denominado globalização econômica. Com o novo cenário mundial, a concorrência fica mais acirrada e os consumidores mais exigentes. Isso é demonstrado claramente quando Paes fala sobre este processo de globalização: Diante dessa nova organização empresarial global, as organizações privadas possuem uma nova diretriz nos rumos da obtenção do lucro, pois simplesmente as vantagens oferecidas em relação a valores (preços) não estão sendo suficientes para a obtenção de um mercado consumidor. Cada vez mais a qualidade do produto está relacionada à relação da empresa com a sociedade e seu comportamento ético e esses fatores determinam o comportamento dos consumidores (PAES, 2003, p. 25). 78 Fica claro que a RS se torna um fator diferencial para as organizações que desejam obter sucesso, pois aplicando-a de forma consciente, agregam valores perante a sociedade e ao mercado, valorizando a empresa. Conceitos de Responsabilidade Social Com base nos conceitos estudados sobre a responsabilidade social das empresas, pode-se defini-la como o comportamento da organização que externa a sua real preocupação com o desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental da sociedade. Segundo Ursini e Sekiguchi (2005) a RS é abordada como a relação ética e transparente da organização diante de sua cadeia de relações, que por sua vez também se compõe de grupos de pessoas com seus valores, identidades e as inter-relações entre os princípios, pessoas e organizações em direção ao desenvolvimento sustentável. Mas, será que a RS se refere apenas a uma relação ética e transparente da organização em relação aos seus parceiros? Sobre isso kreilton (2004) afirma que a RS é o compromisso empresarial com o desenvolvimento econômico sustentável, em conjunto com a comunidade local e com a sociedade em geral, para melhorar a qualidade de vida e alcance dos objetivos organizacionais. Os governos vêem na RS formas de minimizar os impactos das atividades econômicas. Para Leão (2003) apud Neto (2007), a RS pode ser definida como o processo político-participativo que integra as sustentabilidades econômica, ambiental e cultural, coletiva e individual, tendo em vista o alcance e a manutenção da qualidade de vida, sejam nosmomentos de disponibilização de recursos, seja quando dos períodos de escassez, tendo como perspectivas a cooperação e a solidariedade, entre os povos, as gerações e organizações. Neto (2007) utiliza uma definição mais política de RS, ou seja, a definição de RS utilizada pelo autor diz respeito mais a questão de governo, sendo mais adequada à gestão pública, pois, só os governos podem articular políticas de sustentabilidade econômica, ambiental e cultural entre os povos, ou seja, entre as nações. 79 Para se manterem sustentáveis no mercado competitivo, as empresas terão cada vez mais que preocupar-se com posturas que resgatem princípios e valores éticos com os consumidores e os colaboradores, obedecerem às leis, respeitem a natureza e repudiem o trabalho infantil (MACHADO FILHO E ZYLBERSTAJN, 2004). Essa relação entre organização e sociedade reflete a procura por uma imagem legítima, de modo que muitas empresas têm se dedicado a estratégia até pouco tempo atrás desnecessárias e negligenciadas. As empresas almejam articular relações com o ambiente para justificar, garantir e consolidar, face aos grupos de interesse, o direito de comercializar (KREITLON e QUINTELLA, 2001). Friedman (1963) enfatiza que a relação da organização com a RS é meramente econômica, pois as empresas a encaram como uma obrigação legal ou para benefício próprio, atraindo a sociedade através de projetos e programas de inclusão social, mas com o foco na divulgação de produtos e serviços. As origens da responsabilidade social remetem aos primórdios da organização. Segundo Fellenberg (1980) apud Araújo (2008) na Grécia antiga e também na antiga Roma nota-se as organizações sendo cobradas a respeito de sua responsabilidade para com a sociedade. O exercício das atividades produtivas dependia de autorização e cumprimento de obrigações por parte das organizações, com o intuito de resguardar o interesse da população. Bello (2001) apud Araújo (2008) indica que em 1889 com a publicação do livro “O Evangelho das riquezas” de Andrew Carnegie, surge à abordagem clássica da responsabilidade social das grandes empresas que estava baseada em dois princípios: Princípio da caridade: pregava que os setores mais favorecidos ajudassem os menos favorecidos. Princípio da custódia: empresas e indivíduos ricos se vejam como guardiões, ou zeladores, mantendo suas propriedades em custódia, para o benefício da sociedade como um todo. 80 SA 800 e NBR 16000 – As certificações para a Responsabilidade Social Desenvolvida em outubro de 1997 pelo Órgão de Credenciamento do Conselho de Prioridades Econômicas (CEPAA), que está ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), a SA 8000 é uma norma internacional que norteia o gerenciamento de políticas e procedimentos relacionados à responsabilidade social. Consiste em uma metodologia auditável, o que viabiliza a mensuração de sua real prática, passível de certificação internacional. A SA 8000 (2001) não representa uma legislação. Os métodos nela descritos devem contemplar a legislação nacional vigente, e estão sujeitos a alterações e revisões periódicas, de acordo com a ocasional identificação de novas necessidades influenciadas pelo ambiente interno e externo das organizações e sociedade em geral, a norma atinge os ambientes de empresa, fornecedor e subcontratados (terceirizados) a fim de gerar uma consistência holística ao favorecimento e abrangência de sua prática. Pode-se inferir que a norma busca estar em conformidade com todas as exigências da OIT - Organização Internacional do Trabalho - descritas em suas respectivas convenções, como também é favorável a continuidade de toda legislação que ampara e defende a democracia, os Direitos Humanos, de trabalho infantil, de necessidades básicas de trabalho, saúde e segurança, ao direto de união sindical e negociação coletiva, como também repudia toda e qualquer manifestação de discriminação. Em muitos de seus aspectos pode-se notar a presença de diversos itens que fazem referência à nossa constituição, como da remuneração, devendo esta ser justa e capaz de satisfazer necessidades básicas e prover alguma renda extra. Através da SA 8000, torna-se responsabilidade da empresa assegurar a compreensão, implantação e implementação efetivas da norma em todos os níveis organizacionais, estando esta sujeita às punições cabíveis. Legalmente a empresa também está sujeita a prontificar-se em oferecer informações razoáveis, quando solicitada em contrato, da conformidade de suas ações com a norma, devendo também manter em registro um histórico de todas estas ações. 81 Conforme relatado no texto, da SA 8000, a norma é uma importante ferramenta para a habituação das empresas com práticas socialmente responsáveis baseada em pilares éticos e morais. A partir das orientações e exemplos internacionais sobre a responsabilidade social empresarial, o Brasil deu início a elaboração da norma nacional para certificação em responsabilidade social. A NBR 16001, assim como qualquer outra norma nacional para certificação empresarial foi elaborada pela Associação Nacional Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A norma foi publicada no Brasil no ano de 2004, depois de dois anos de preparação. Foi elaborada a partir de algumas referencias internacionais, como Inglaterra, México, Austrália, França e Israel. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas foi encarregada para elaborar uma normalização sobre Responsabilidade Social Empresarial compatível com a realidade brasileira. A NBR 16000 estabelece os requisitos mínimos para a um sistema de gestão da Responsabilidade Social, para que as organizações possam formular e implementar objetivos que levem em conta as exigências legais, compromissos éticos e preocupação com a promoção da cidadania, desenvolvimento social e transparência das suas atividades. Tem como principal objetivo prover às organizações os elementos de gestão eficaz da Responsabilidade Social que possam integrar- se com outras ferramentas de gestão já utilizadas na empresa, ou seja, uma orientação sobre como inserir e gerir a RS perante o mercado e a sociedade. Conforme estabelecido no texto da NBR 16001 (2004), esta norma possui requisitos generalistas para que possam ser aplicadas em toda organização dependendo somente da política empresarial que a mesma segue. O atendimento aos requisitos da Norma não significa que a organização é socialmente responsável, mas que possui um sistema da gestão da responsabilidade social. As comunicações da organização, tanto internas quanto externas, deverão respeitar este preceito. Para que as organizações possam ser consideradas adeptas a praticar a RS, de acordo com a NBR 16001, os requisitos partem do pressuposto primeiramente da definição de uma política de responsabilidade social onde a empresa deve assegurar que: a) seja apropriada à natureza, escala e impactos da organização; 82 b) inclua o comprometimento com a promoção da ética e do desenvolvimento sustentável; c) inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção de impactos adversos; d) inclua o comprometimento com o atendimento à legislação e demais requisitos subscritos pela organização; e) forneça a estrutura para o estabelecimento e revisão dos objetivos e metas da responsabilidade social; f) seja documentada, implementada e mantida; g) seja comunicada para todas as pessoas que trabalham para, ou em nome da, organização; h) esteja disponível para o público; e i) seja implementada por toda a organização. Deve-se de acordo com a norma, estabelecer um planejamento onde a organização tenha que identificar as partes interessadas e suas percepções, bem como os aspectos da responsabilidade social que possam ser controlados e sobre os quais se presume que tenha influência, a fim de determinar aquelesque tenham, ou possam ter, impacto significativo, positivo ou negativo, o mesmo acontece para os requisitos legais onde manter procedimentos para identificar e ter acesso à legislação aplicável a seus aspectos da responsabilidade social e outros requisitos por ela subscritos. Responsabilidade Social das empresas no Brasil É perceptível a mudança de concepção que as empresas brasileiras tiveram nas últimas décadas do século XX em relação à responsabilidade social, onde a atuação das empresas passou a se interessar problemas sociais tais como o investimento em educação para formar cidadãos capazes de promover uma sociedade igualitária, organizações que priorizem a conservação ambiental e desenvolvimento sustentável, contribuam para a prevenção de doenças como estratégia para garantir a saúde da sociedade e valorizem as ações culturais que agreguem valor na vida dos cidadãos, aplicando como base a NBR 16001 (2004). 83 Com base nos requisitos determinados pela NBR 16001, vê-se que as organizações não visam praticar a responsabilidade social apenas como um ato de colaboração para a sociedade, ou seja, apenas para retratar uma boa imagem. Em um mercado globalizado onde a maioria das organizações é capitalista, as mesmas buscam um retorno financeiro utilizando a RS, como por exemplo, incentivos fiscais, utilização como estratégia de marketing buscando aumento de consumidores que se preocupam com a questão sócio- ambiental, também o aumento da exigência de um cartel de fornecedores mais qualificados para agregar maior valor a seu produto final. Desta forma, pode- se considerar como um dos motivos do aumento de organizações que praticam a responsabilidade durante estas décadas. Têm-se abaixo alguns exemplos de organizações que efetivamente cumprem seu papel social, citamos alguns exemplos: A empresa White Martins, desde 2002, vem investindo na formação de 1.500 adolescentes de 17 anos, de 60 municípios, expostos aos riscos sociais relacionados à saúde. Os Agentes Jovens de Saúde recebem orientação para prevenir problemas típicos da faixa etária como gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis e consumo de drogas. Também são capacitados para investigar, nas comunidades em que moram, os casos que exigem assistência especializada, como os portadores de deficiência e patologias crônicas e atuar também em questões relacionadas a cuidados básicos de saúde. A Fundação Roberto Marinho, como uma das iniciativas das Organizações Globo, é uma instituição privada, sem fins lucrativos e faz parte do terceiro setor da economia do país. Foi criada em 1977, movida por uma missão de seu idealizador, o jornalista Roberto Marinho, também exerce RS contribuindo para a resolução dos problemas educacionais. A opção pela educação trouxe em primeiro momento a edição do programa Telecurso, atendendo a uma demanda de milhões de brasileiros, que por algum motivo ou falta de oportunidade, não concluíram o ensino básico. Em 1977, a Fundação colocou no ar o canal Futura, como o canal do conhecimento, em parceria com 15 instituições e grupos empresariais, que têm em comum o compromisso com a educação no país. 84 O grupo Telemar, empresa de telecomunicações, atualmente responsável por 64% do território nacional, por meio do Instituto Telemar, em 2004, lançou o programa “Comunidade Digital”, destinado a oferecer acesso à Internet em banda larga à rede de ensino estadual e municipal de to do o Brasil. Até 2006, o projeto atingiu mais de duas mil escolas conectadas à rede mundial de computadores. A Fundação Bradesco também é um dos exemplos de investimento social na área da educação há mais de cinqüenta anos, num montante de 900 milhões de reais nos últimos anos. A Natura empresa de cosméticos, desde 1995, desenvolve o Programa Crer para Ver, em parceria com a Fundação Abrink, cuja finalidade é financiar projetos que contribuam para a qualidade da educação pública, e ainda desenvolve a linha EKOS de perfumes fabricados com ativos da biodiversidade brasileira, extraídos de forma sustentável. O conceito de stakeholder Quando discute-se proposições sobre “responsabilidade social” há que considerá-las inseridas numa quadro maior e que se amplia mais e mais pela inserção em outros temas fundamentais. As abordagens sobre ética e como os negócios (públicos ou privados) adaptam-se às exigências de diversos agentes, denominados stakeholders, são as bases mais apropriadas para situar os estudos. Em resumo, a temática está orientada no controle social das organizações. Os stakeholders são indivíduos ou grupos que possuem interesses válidos numa organização (Carroll e Näsi, 1997, Alkhafaji, 1989, Freeman, 1984, Walker e Marr, 2001, Svendsen, 1998). Eles possuem interesses no que uma organização faz e como seus objetivos são atingidos. Os interesses (stake) podem ser manifestados como um direito moral ou legal; às vezes uma simples reivindicação, noutras, ações enfáticas. O próprio sistema legal proporciona elementos que garantem a observância de interesses gerais da sociedade. As reivindicações, por exemplo, podem advir de questões éticas ou morais associadas às práticas que organizações utilizam ou à cultura de uma sociedade em particular. 85 Todas as instituições, queiram ou não, possuem obrigações em relação aos grupos ou sociedades dentro das quais elas operam. Isso implica na necessidade de ajustamentos por parte das organizações, tanto interna quanto externamente (Warhurst, 2001). Pode-se inferir que há uma constelação de agentes com interesses legítimos gravitando em torno delas, demando atuações diversas. Podem ser destacados agentes como: empregados; consumidores; fornecedores; acionistas; governos; comunidades locais; ambiente físico; espécies não humanas; e outros. Sirgy (2002) enfatiza que ao contextualizar e definir a qualidade dos relacionamentos, primeiramente deve-se reconhecer que há diferenças em termos de grupos internos, externos e distantes (três categorias que utiliza para diferenciá-los e caracterizar os stakes). A noção básica de Performance Social é o efetivo gerenciamento do relacionamento com todos os stakeholders, enquanto que a qualidade do relacionamento define-se em termos de eficácia de comunicação e gerenciamento das atividades resultantes. Os gerentes, conforme McWilliams e Siegel (2001), continuamente encontram demandas de múltiplos grupos de stakeholders para alocar recursos que impactam no que convencionou-se chamar de responsabilidade social das organizações. Essas demandas, por sua vez, podem ser classificadas em dois segmentos específicos: • demanda dos consumidores; • demanda de outros stakeholders. Freeman (1984), entretanto salienta que o relacionamento entre organizações e os seus stakeholders, quando devidamente avaliado, também resulta em ganhos para aquelas, ao se utilizarem das possíveis contribuições que são “oferecidas” pelos diversos agentes. A força dos stakeholders Walker e Marr (2001) assinalam que não há qualquer dificuldade em imaginar um cenário em que os negócios funcionam com foco nos stakeholders. A dificuldade torna-se excessiva quando caminha-se na 86 implementação do que é focado, exigindo dos gerentes relativa prudência e habilidades. Vale lembrar que as declarações de missão e visão de inúmeras organizações fazem menção às situações em que sociedade, clientes, empregados, por exemplo, são os alvos de suas atenções. As práticas, no entanto, não legitimam em nada tais princípios e as chances de obterem uma performance pífia com relação àquelas declarações são assustadoramente grandes – mesmo quando tomadas com seriedade. De outro modo, quando adota-se a perspectiva apresentada na figura 2 e têm-se urgência em entender profundamente o papel dos stakeholders para os negócios, caminha-se no sentido do sucesso(muito embora isso não represente uma garantia quando dissociadas de outros aspectos relativos ao gerenciamento). Outro caso que ilustra essa argumentação reside no movimento da qualidade. Os programas elevaram à condição de “rei” a classe dos clientes. A princípio, excluindo aquelas situações em que a primazia dos acionistas (shareholders ou stockholders) se manteve presente, houve, em maior ou menor grau, o reconhecimento do papel de um agente em especial. No entanto, em termos de gestão das operações, todos os interessados, com seus diferentes stakes, merecem atenções apropriadas. As ações dos ambientalistas, que cresce há décadas, são um outro exemplo de poder e influência nas decisões das organizações. Não precisam ser clientes diretos ou usuários de bens e serviços de nenhuma entidade, todavia, podem proporcionar situações de difícil solução para quaisquer organismos. O efeito propagador das reivindicações ou denúncias, em função de práticas inadequadas pode, em curto espaço de tempo, suscitar constrangimentos em amplas regiões. Não basta, dessa forma, reconhecer quem são os principais stakeholders, mas manter um forte e constante relacionamento com eles. Balancear as relações é o grande desafio gerencial, como também o é acompanhar seus interesses – quase sempre dinâmicos. 87 Responsabilidade Social das Organizações Vários são os autores que abordam as questões relativas à responsabilidade social das organizações e os aspectos críticos da sua operacionalização. Para um melhor entendimento destes conceitos, apresenta-se a seguir um breve relato dos mesmos. O conceito amplo Quando são discutidas questões acerca da Responsabilidade Social das Organizações (Corporate Social Responsability - CSR), o tema deve estar centrado, necessariamente, na abordagem dos papéis exercidos pelos stakeholders na administração dos negócios. Freeman (1984), por esse motivo, destaca duas visões nas quais o conceito de stakeholder é especialmente importante: a) ética nos negócios; e b) gestão estratégica. Para o World Business Council Sustainable Development (WBCSD), CSR é o comportamento ético de uma companhia em relação à sociedade. Isso significa que devem ser preservados os interesses de outros stakeholders e não somente dos acionistas. Sustenta, entretanto, que não há uma definição aceita universalmente. Warhurst (2001) define CSR como sendo a internalização por uma companhia dos efeitos sociais e ambientais de suas operações por meio de ações preventivas. Argumenta que três áreas específicas – uso do produto; práticas de negócios e equidade – “ligam ao coração dos novos conceitos de estratégias de responsabilidade social das organizações” (p. 58) Carroll e Näsi (1987) para melhor abordar o tema “stakeholders conceituam CSR”, esclarecendo que o conceito amplo compreende diversas categorias, podendo ser formulado como descrito a seguir: Responsabilidade Econômica + Responsabilidade Legal + Responsabilidade Ética 88 + Responsabilidade Discricionária (Filantrópica) = Responsabilidade Social Total As implicações da adoção do conceito amplo para qualquer tipo de organização é visivelmente complexa e enseja uma série de avaliações, sobretudo naqueles aspectos que afetam de uma forma ou de outra o desenvolvimento das operações diárias. Como explicam Carroll e Näsi (1997), isolando-se o componente ético da equação apresentada anteriormente, tem-se um continuum (figura 3) que permite algumas análises básicas e que servem para enfatizar a importância da CSR. 89 Figura 3 – O componente ético na gestão como continuum Na gestão imoral prevalece a oposição aos preceitos éticos, negando o que é direito. A gestão moral caracteriza-se, por sua vez, pela adesão às normas éticas, refletindo alto padrão de comportamento associado ao que é direito. Na gestão amoral, o mais representativo dos modelos, as ações são tomadas sem percepção ou consciência do sentido ético. 90 Carroll e Näsi (1987) explicam que na gestão moral os stakeholders são totalmente considerados; na gestão amoral há a aceitação parcial e, por último, na gestão imoral, aqueles são rejeitados. Entre a total aceitação e a rejeição completa, são possíveis diferentes estágios e repercussões diversas. O conceito amplo de CSR, portanto, traz para a discussão da gestão profundas implicações, pondo sob teste os posicionamentos com relação aos stakeholders. Essencialmente, no que se refere a alguns elementos do design organizacional – estruturas dos processos e atividades - as influências são marcantes e as conseqüências pouco avaliadas. Pode-se afirmar que, numa primeira e elementar avaliação, a adoção de um dos modelos irá refletir no padrão de gestão dos negócios e na estrutura de custos de cada organização. Como conseqüência, a forma de organizar as atividades e utilizar os recursos afeta e é afetada por decisões de padrões de conduta associados a CSR. AS PRÁTICAS DE CSR – ASPECTOS CRÍTICOS O que está tornando-se comum na literatura acerca da CSR é a ênfase num dos aspectos da equação apresentada por Carroll e Näsi (1997). Um dos exemplos mais característicos ocorre no que se convencionou chamar de Balanço Social. Nesse documento as empresas divulgam suas “ações sociais”, preponderando as informações relativas a um número restrito de stakeholders – empregados, acionistas (responsabilidade legal); sociedade (responsabilidade legal e discricionária) e, meio ambiente (responsabilidade legal). A abordagem, grosso modo, é caracterizada pela incompreensão do conceito amplo e dos significados oriundos de sua aplicação. A despeito de uma espécie de luta para redirecionar os negócios, dando destaque às questões sociais, a maioria das empresas continuam focadas nos lucros (Halal, 2001). O viés observado quando aborda-se o assunto, resulta em última análise, na observância dos preceitos legais que tendem a balizar as atitudes e como cada organização deve portar-se diante da “sociedade”. Ações responsáveis tornam-se presente nas atividades apenas 91 com o caráter de “propaganda” (na acepção vulgarmente difundida do termo). Há um forte senso de “fazer bem” o que é justificado por força de lei, enquanto outras categorias que compõem o conceito ampliado de CSR recebem atenção secundária ou tornam-se atividades periféricas de relações públicas (Wilson, 2000). Alkhafaji (1989) observa que concomitante à dificuldade de conceituar CSR, as organizações também não encontram facilidades em traduzir essa concepção de gestão em políticas corporativas. O problema básico reside nos diferentes interesses e expectativas dos stakeholders. Assim, a definição requer ser suficientemente exata para proporcionar o desenvolvimento de estratégias e linhas mestras de ação e, em igual medida, ser flexível para acatar as mudanças que o ambiente proporciona. Quando empreende-se uma abordagem crítica sobre aspectos associados a CSR, assinala Alkhafaji (1989), sobressai a falta de clareza em proporcionar uma linha de referência aos gerentes para moldar as atividades sob seus cuidados. Outro ponto fundamental é que a abordagem está fundamentalmente apoiada nos conceitos de moral e ética, sendo que as pessoas possuem visões drasticamente diferentes acerca desses temas. GESTÃO DE CUSTOS E CSR A elaboração de estratégias que considerem os interesses dos diversos stakeholders supõe que haverá, necessariamente, atividades específicas para atender os objetivos propostos. Portanto, haverá custos associados à implementação de tais estratégias. O estágio atual da gestão de custos É indubitável que, assim como as formas de gestão dos negócios modificaram-se nas últimas décadas e tais alterações refletiram-se no design organizacional, o desenvolvimento de novas atividades resultaram em estruturas de custos cujascaracterísticas resultam diferentes nos diversos ramos e práticas de negócios. A CSR vista como um conjunto de práticas, envolve uma série de procedimentos e recursos que suscitam debates diversos. McWilliams e 92 Siegel (2001) levantam duas questões importantes em função das divergências existentes entre a relação CSR e performance financeira: a) em relação à outras companhias e para os mesmos critérios, as socialmente responsáveis alcançam performance superior ou inferior? b) quanto deve ser gasto precisamente em CSR? Um outro aspecto para discussão, endereçada pelas questões anteriores, está relacionado às influências da CSR na gestão de custos, especialmente nos fatores geradores dos custos e como os mesmos são influenciados pelos diversos stakeholders nas organizações que operam com o conceito amplo proposto por Carroll e Näsi (1997). Tratando-se do custeio de produtos e das atividades as discussões sobre o ABC vêm servindo para enfatizar a importância das informações de custos, independente de outros métodos utilizados. O ABC revelou-se um método com grande aceitação, aproximando substancialmente os gerentes de uma das mais árduas tarefas: a medição e avaliação da performance. As novas técnicas de produção, a customização, a fabricação de pequenos lotes, o fluxo de materiais interno, o gerenciamento da cadeia de suprimentos, o atendimento pós-venda, dentre outras situações, passaram a demandar além de novas abordagens gerenciais, novas formas de estruturação e avaliação de processos. A inclusão de novos agentes nas operações de cada organização é um fato constatado e observável sem grandes esforços. No âmbito do setor privado percebe-se além do acirramento da concorrência – em escala mundial – alianças estratégicas entre grandes corporações, resultando em novos elementos a serem monitorados . No setor público a escassez de recursos e a exigência de novos padrões de serviços, também proporcionam aos poucos algumas alterações nos modos tradicionais de gestão dos custos. A inserção de novos atores nos vários ambientes acaba requerendo novas atenções e demandando alterações significativas nas operações. Os resultados, portanto, são novas obrigações e, como conseqüência, novas formas de dispêndios. Deve-se frisar, todavia, que a dinâmica imposta pelos stakeholders às organizações em geral, quando relacionada à gestão dos custos, pode ser analisada sob duas abordagens distintas: 93 a) os gastos advindos para atender os interesses e as expectativas; b) as economias resultantes das contribuições dos stakeholders na gestão dos negócios e operações. A ênfase dada neste trabalho refere-se ao primeiro aspecto. Certamente, embora de difícil implementação, balancear esses dois componentes ou reduzir o impacto dos custos nas operações, torna-se uma missão razoavelmente complexa. Um enfoque para a gestão de custos Para possibilitar que a gestão de custos seja possível num ambiente que incorpore o conceito amplo de CSR aqui adotado, é fundamental que seja assimilado como o mesmo relaciona-se com as organizações. A figura 4 apresenta uma visão esquemática destinada a orientar o entendimento das relações entre os vários elementos presentes no conceito e nos objetivos do estudo.