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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé FÍSICA EXPERIMENTAL II FLUIDOS, OSCILAÇÕES, ONDAS E TERMODINÂMICA MANUAL DE LABORATÓRIO Docentes dos laboratórios de Física Docentes dos laboratórios de Física 2 : Bernardo Tavares Franciole Marinho Raphael Púpio Valéria Belmonte Técnico dos laboratórios de Física: Giovanni Belloni Raphael Rubem Caetano Licença: Creative Commons Atribuição - Não Comercial - Sem Derivações 4.0 Internacional. Você pode obter uma cópia da licença em creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR. Sumário Nota ao estudante 4 Introdução 6 1 Tubo em U 14 2 Princípio de Arquimedes 19 3 Pêndulos simples e físico 23 4 Oscilador harmônico amortecido e forçado 29 5 Vibrações numa corda 34 6 Tubo de Kundt 39 7 Calorimetria 44 8 Lei de Boyle 48 A SciDAVis 52 B Sensores 56 Bibliografia 59 Nota ao estudante O manual de laboratório da disciplina física experimental 2 é destinado aos estudantes inscritos nos cursos regulares da UFRJ–campus Macaé das áreas de ciência e tecnologia. O objetivo é auxiliá-lo ao longo de todo o semestre, sendo importante a leitura prévia do conteúdo de cada aula. O estudante poderá utilizá-lo durante a realização das experiências, assim como um material de estudos completar, resolvendo os problemas ao final de cada capítulo, onde são discutidos alguns conceitos discutidos em cada atividade prática. Para aprofundar o conhecimento o leitor pode buscar as referências bibliográficas. Este roteiro é organizado em capítulos que correspondem a cada um dos experimentos a serem realizados no laboratório de física 2. Já na introdução é encontrada uma breve discussão sobre os igredientes básicos que concernem à análise de dados necessária para os experimentos propostos. Ao final encontram-se apêndices onde são encontrados alguns tópicos de auxílio: análise de dados com um aplicativo numérico e a configuração dos sensores utilizados no laboratório. Na tabela abaixo é mostrada a cronologia desta disciplina. O cronograma específico de cada semestre será divulgado no início do semestre em sala de aula e por meios eletrônicos. semana experiência tópicos 1 Tubo em U Hidrostática 2 Princípio de Arquimedes 3 Pêndulos simples e composto Oscilações 4 Oscilador harmônico amortecido e forçado 5 Prova 1 Hidrostática e Oscilações 6 Modos normais numa corda Ondas 7 tubo de Kundt 8 Calorimetria Termodinâmica 9 Lei de Boyle 10 Prova 2 Ondas e Termodinâmica Sobre a avaliação A frequência nos dias de aula tem caráter obrigatório, sendo exigida uma frequência mínima de 75% do total de aulas práticas. Não cumprindo esta exigência, o estudante será reprovado por frequência. A reposição de aula será concedida noutra turma somente na mesma semana da experiência, sendo necessária a anuência prévia de ambos os professores, e em caso de haver vaga na turma em que se deseja fazer a reposição. Nesse caso o estudante deverá escrever uma declaração de próprio punho onde conste dia, hora, experiência e a rúbrica do professor da aula; esta declaração deverá ser entregue ao professor da turma de origem. Ao longo do curso o estudante será avaliado em pelo menos quatro momentos distintos; serão duas provas escritas (notas parciais P1 e P2) e dois relatórios individuais entregues ao professor da diciplina (notas R1 e R2). A nota final (NF) será calculada atribuíndo peso de 80% à média das notas das provas parciais e 20% à média das notas dos relatórios: MP = 0, 5 (P1 + P2) , MR = 0, 5 (R1 +R2) , NF = 0, 8MP + 0, 2MR . Fica a critério de cada professor se a avaliação por meio de relatórios será presencial ou não, podendo também incluir outras avaliações na MR: caderno de laboratório, conduta em sala de aula, ou outras avaliações. Será considerado aprovado na disciplina o estudante que obtiver nota final maior ou igual à 5,0, sendo reprovado em caso contrário. Não haverá em hipótese alguma prova final. No caso de o estudante se ausentar no dias de uma das provas, o mesmo poderá requerer uma prova de segunda chamada (que substituirá a nota da prova não realizada) desde que justificada (atestado médico, certificado militar, etc.). Regras de conduta Durante as aulas de laboratório os estudantes devem seguir algumas regras básicas para o bom funcionamento do laboratório: • Manter o laboratório limpo e organizado; • Zelar pelos equipamentos do laboratório; • Reposição de aulas devem ser agendadas por e-mail com antecedência, e fica a critério do professor aceitá-lo em sua turma; • O uso de calçados fechados para as atividades de laboratório é mandatório; • É proibida a entrada de bebidas e comestíveis nos laboratórios de física; • Siga sempre os procedimentos de conduta adequados as atividades dos laboratórios. Introdução Aqui serão apresentados alguns tópicos essenciais com os quais o estudante deve estar familiarizado para uma correta análise de dados. Longe de ser um texto denso e pormenorizado, será apenas esboçada a análise de erros convencional. O leitor interessado nos detalhes deve recorrer às referências Tavares [2010], Taylor [2012]. Tratamento estatístico No que corcerne as incertezas de uma medida existem as aleatórias e as sistemáticas, sendo esta advinda da falha na calibração de algum instrumento de medida ou mesmo da falha no procedimento da experiência, e aquelas devido às flutuações inerentes do processo de medir mas que podem ser “suavizadas” por meio do tratamento estatístico das medições. Admitindo que foram eliminadas todas as incertezas sistemáticas (o que nunca acontece na prática), e que se repetiu N vezes a medição de uma mesma grandeza x em condições idênticas, então, há apenas as flutuações aleatórias, e o teorema do limite central James [2009] (para N →∞) garante que a medição (considerada como uma variável aleatória) terá uma distribuição de probabilidades normal centrada em x¯ e cuja largura vale σx: • Valor médio: x¯ = 1 N N∑ n=0 xi . (1) Valor central da distribuição de probabilidades da medição da grandeza x. • Desvio padrão: σx = √√√√ 1 N − 1 N∑ n=0 (xi − x¯)2 . (2) Desvio quadrático médio de x (ou largura da distribuição de probabilidades). • Desvio padrão do valor médio: δx = σx¯ = 1√ N σx . (3) É usada quando há inúmeras estimativas para o valor médio, sendo possível calcular o valor médio dessas estimativas bem como seu desvio padrão σx¯ = δx. Para interpretar o resultado de uma estimativa x¯± σx deve-se introduzir primeiro a noção de discrepância da medida em relação a um valor de referência xref: • Discrepância: Dx = x¯− xref (4) Introdução 7 t 0,0 0,25 0,5 0,75 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 P (%) 0 20 38 55 68 87 95,4 98,8 99,7 99,95 99,99 Tabela 1: Probabilidades relacionadas à discrepância de uma medida. Considere a discrepância como um múltiplo do desvio padrão Dx = tσx (onde t é um número adimensional real). A chance (probabilidade P ) de medir tal valor com uma discrepância até t vezes maior que σx é dada pela função erro, cujo alguns de seus valores estão contidos na Tabela 1. Por outro lado, a chance de ocorrer o inverso, ou seja, de fazer uma estimativa e esta ser encontrada fora do intervalo x¯± tσx é dada por 1− P . Por exemplo, para t = 1 a probabilidade de a medida feita estar fora do intervalo x¯± σx é de cerca de 32%, e para t = 4 a probabilidade (de que a estimativa caia fora da faixa x¯± 4σx) cai a 0,01%. No primeiro caso é até aceitável que tenha ocorrido de a medida cair fora do intervalo (são 32% de probabilidade); já no segundo caso não é razoável esperar que a medida esteja fora posto que a probabilidade é extremamente pequena (0,01%). Não há um critério harmônico entre os físicos que diga onde está o limite entre o aceitável e o não aceitável – pode-se convencionar que para 1, 9 ≤ t ≤ 2, 6 o resultado da medida é inconclusivo.Caso tenham sido feitas inúmeras estimativas de x¯, a discussão acima pode também ser estendida à discrepância em termos do desvio padrão do valor médio (δx). Propagação de incertezas Em alguns casos dispomos da incerteza de um certo instrumento de antemão, e em outros casos não. Quando não é conhecida a incerteza, pode-se recorrer ao tratamento estatístico explicado anteriormente. Isso acontece, por exemplo, se você tenta medir o período do pêndulo com um cronômetro (Experiência 3); que incerteza deve ser usada se a medida nesse caso é altamente sensível ao atraso (ou adiantamento) de quem aperta o botão? A resposta é dada pela equação (3) Dizer que sabemos as incertezas de um instrumento (régua, proveta, multímetro, frequencí- metro, etc.) quer dizer na verdade que os que estão no laboratório já foram comparados entre si e com outros (mais confiáveis) de maneira que é possível julgar as componentes sistemáticas e aleatórias de cada um destes. Para fins didáticos adota-se a menor medida do instrumento (seja digital ou analógico), não excluindo, é claro, eventuais correções de outras incertezas sistemáticas, como erro no procedimento experimental. Até aqui foram discutidas as medidas diretas obtidas por meio da leitura da escala de um instrumento. Todavia, grande parte do trabalho de análise de dados com o fim de verificar leis ou propriedades físicas conhecidas envolve a obtenção de estimativas por via indireta. Daí a necessidade de estabelecer um método de carregar as incertezas até o resultado final (que pode ser conclusivo ou não). O método consiste em calcular a propagação quadrática das incertezas das medidas pretéritas (x1, x2, . . . , xN ) com a finalidade de encontrar a nova incerteza δI de uma certa medida indireta I: I = f(x1, x2, . . . xN ) , δI 2 = N∑ n=1 ( ∂f ∂xn )2 δx2n . (5) Isto se o conjunto (x1, x2, . . . , xN ) for de medidas independentes entre si; caso contrário devem ser levadas em conta as covariâncias. 8 Manual de laboratório Método dos mínimos quadrados Em certas ocasiões, coleta-se no laboratório um conjunto de N dados em pares (xi, yi), e pretende-se verificar uma relação entre essas medidas. Havendo uma relação linear entre os observáveis x e y, ou seja, y = Ax + B, pode-se verificar essa relação por meio de um ajuste linear (ou regressão linear), que tem como objetivo encontrar o possível intervalo de valores em que podemos encontrar os coeficientes linear B e angular A. Considere que para as medidas (xi, yi) ajustou-se um reta yi = axi+ b, com suas respectivas incertezas δa e δb. Assim, os resultados do ajuste linear podem ser confrontados com os valores conhecidos das grandezas, a saber: A = a± δa e B = b± δb. Para fazer o ajuste linear, pode-se examinar o comportamento dos desvios dos pontos experimentais em relação as retas, yi − axi − b, considerando a e b como variáveis. A ideia do método dos mínimos quadrados é encontrar o extremo da soma dos desvios quadráticos dos pontos experimentais em relação a reta, ou seja, o que se almeja é calcular os valores de a e b para os quais o resíduo χ2 = N∑ i=1 (yi − axi − b)2 , (6) é mínimo. Seguindo o procedimento usual do cálculo diferencial em duas variáveis, é necessário que o gradiente de χ2(a, b) seja nulo. Com efeito, devem-se verificar as igualdades ∂χ2 ∂a = −2 N∑ i=1 (yi − axi − b) = 0 , ∂χ 2 ∂b = −2 N∑ i=1 (yi − axi − b)xi = 0 . (7) Acima encontra-se um sistema de duas equações lineares nas incógnitas a e b. Ao ser definido o centróide C = (x¯, y¯) dos dados, x¯ = 1 N N∑ i=1 xi , y¯ = 1 N N∑ i=1 yi . (8) pode-se expressar a solução desse sistema de equações da seguinte forma: a = N∑ i=1 (xi − x¯)(yi − y¯) N∑ i=1 (xi − x¯)2 , b = y¯ − ax¯ . (9) Com o fim de verificar se os dados (xi, yi) coletados têm de fato uma relação linear, pode-se calcular o coeficiente de correlação linear : R = N∑ i=1 (xi − x¯)(yi − y¯)√ N∑ i=1 (xi − x¯) √ N∑ i=1 (yi − y¯) . (10) É possível mostrar que −1 ≤ R ≤ 1. Havendo correlação linear entre os dados coletados, o valor desse coeficiente será próximo da unidade, R ≈ ±1. Caso não haja, esse coeficiente terá um valor próximo de zero. Para ser ou não conclusiva uma investigação acerca da relação de linearidade entre dois observáveis não é suficiente o valor de R. Qual é a chance de as grandezas x e y não terem Introdução 9 R0 N 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 3 100 94 87 81 74 67 59 51 41 29 0 6 100 85 70 56 43 31 21 12 6 1 0 10 100 78 58 40 25 14 7 2 0,5 0 20 100 67 40 20 8 2 0,5 0,1 0 50 100 49 16 3 0,4 Tabela 2: Probabilidades relacionada à correlação linear entre duas grandezas. Células em branco correspondem à probabilidade inferior a 0,05%. correlação linear, e após realizada a coleta de N pares ser calculado um valor |R| > R0? A resposta está na Tabela 2. Digamos que você finalizou o procedimento experimental da experiência 1.4 (Densidade da água), e encontrou um coeficiente R = 0, 7 após N = 10 medições do par (m,V ) (massa e volume). A Tabela indica que se m e V não estão correlacionados a probabilidade disso ocorrer é de apenas 2%, o que fortalece a hipótese de que as medidas estão linearmente correlacionadas. Para fins didáticos será considerada significativa a correlação linear que dê algo menor ou igual a 5%. Uma vez calculados os valores a e b que determinam a melhor reta (calculada com o MMQ), pode-se estimar as incertezas δa e δb. Considerando que a incerteza na medida x é desprezível, a grandeza que quantifica a incerteza do observável y é a seguinte: δy = √√√√ 1 N − 2 N∑ i=1 (yi − axi − b)2 (11) Note que a incerteza acima pode ser calculada para no mínimo 3 pontos, porquanto dois pontos são suficientes para determinar uma única reta. Usando a propagação quadráticas das incertezas, δa2 = N∑ i=1 ( ∂a ∂yi )2 δy2i , δb 2 = N∑ i=1 ( ∂b ∂yi )2 δy2i , (12) calcula-se as incertezas dos coeficientes a e b. Os resultados encontrados são: δa = δy √√√√√ 1N∑ i=1 (xi − x¯)2 , δb = δy √√√√√√√√ N∑ i=1 x2i N N∑ i=1 (xi − x¯)2 . (13) Portanto, para realizar o ajuste linear calculado com o MMQ deve-se usar as equações (9) para calcular, respectivamente, os coeficientes angular e linear, assim como as equações (13) para as incertezas correspondentes. Para aplicar o método apresentado deve ser considerada como variável independente a medição que possui a maior incerteza relativa, ou seja, δy/y � δx/x. Aqui foi apresentado o MMQ mais simples, sendo possível generalizar o método para outros casos: pode-se: (i) incluir as incertezas das medições para realizar o ajuste linear ponderado pelas incertezas de cada medida; (ii) fazer um ajuste não-linear usando o princípio de máxima verossimilhança (que no caso de um ajuste linear é dado pela equação (7)). 10 Manual de laboratório Exemplo: Densidade da água Para determinar a densidade da água utilizou-se uma balança de travessão e uma proveta graduada (o mais comum é utilizar um único instrumento: o densímetro). Mediu-se a massa de uma porção de água e o seu volume, sendo esta feita com uma proveta com máxima graduação de 100ml (e cuja incerteza é de 1ml), enquanto que aquela feitas feita com a balança cuja precisão é de 0,1 g. A partir dessas medidas, construiu-se a Tabela 3 já com a massa da provata da vazia descontada. i m± 0, 1 (g) V ± 1 (ml) 1 24,9 25 2 29,4 29 3 33,8 34 4 39,9 40 5 44,4 45 6 49,5 50 7 55,3 56 8 59,2 60 9 64,8 66 10 70,2 71 11 74,3 75 12 81,8 83 13 89,5 90 14 94,9 96 15 98,0 100 N = 15 m¯ = 60,66 g V¯ = 61,33ml Tabela 3: Dados obtidos pela leitura dos equipamentos. De acordo com a definição de densidade de um fluido (mantidas temperatura e pressão constante), o volume V do mesmo deve ser proporcionalao valor da massa m, sendo a constante de proporcionalidade dada pela densidade ρ. Para verificar essa relação, será feito o ajuste linear das medidas apresentadas na Tabela 3. Considere a relação linear existente entre o volume e a massa de água, V = ρ−1m+ 0 ↔ V = am+ b . (14) Portanto, é possível obter indiretamente o valor da densidade da água, ρ−1 = a± δa, e de um possível desvio da origem dos eixos, 0 = b± δb. Coeficientes linear e angular: A partir dos dados apresentados na Tabela 3, construiu-se a Tabela 4. Os dois valores calculados na última linha da tabela acima são suficientes para calcular os coeficiente linear b e angular a. É preciso, sobretudo, calcular primeiro o coeficiente angular usando a fórmula (9), a = N∑ i=1 (mi − m¯)(Vi − V¯ )∑N i=1(mi − m¯)2 = 8123, 2 7967, 696 = 1,0195 cm3/g , Introdução 11 i m− m¯ (g) V − V¯ (ml) 1 -37,76 -35,66 2 -31,26 -31,66 3 -26,86 26,66 ... ... ... N = 15 ∑ (mi − m¯)2 = 7967,696 g ∑ (mi − m¯)(Vi − V¯ ) = 8123,2 g·ml Tabela 4: Análise estatística dos dados. uma vez que o coeficiente linear b é calculado a partir dos valorers de a, m¯ e P¯ com a equação (9), b = V¯ − am¯ = (61, 33)− (1, 0195)(60, 66) = −0,51 cm3 É importante destacar que é necessário calcular as incertezas de cada um desses coeficientes. Para investigar a relação entre as grandezas medidas, calcula-se o coeficiente de correlação linear (equação (10)): R = 8123, 2√ 7967, 696 √ 8283, 33 = 0, 9999 . (15) Observe na Tabela 2 que a probabilidade de m e V não estarem correlacionados e dar o valor acima é menor do que 0,05%, indicando que os dados tem sim correlação linear. Incertezas dos coeficientes linear e angular: Uma vez construídas as Tabelas 3 e 4, pode-se elaborar a seguinte tabela: i m2 (kg) (Vi − axi − b)2 (N) 1 620,01 0,0155 2 864,36 0,2146 3 1142,44 0,0026 ... ... ... N = 15 ∑ m2i = 63 162,23 g 2 ∑ (Vi − axi − b)2 = 1,594(cm3)2 Tabela 5: Análise estatística dos dados. Para calcular a incerteza δV , usou-se o valor calculado na última linha da Tabela 5 na equação (11), δV = √√√√ 1 15− 2 15∑ i=1 (Vi − axi − b)2 = 0,35 cm3 A incerteza do coeficiente linear, δb, é calculada com a equação (13), ao substituir os valores apropriados das últimas linhas das Tabelas 4 e 5, δb = δV √√√√√√√√ 15∑ i=1 m2i 15 15∑ i=1 (mi − m¯)2 = 0, 35 √ (63162, 23) 15(7967, 696) = 0,25 cm3 . 12 Manual de laboratório E a incerteza do coeficiente angular, δa, é calculada com a equação (13), substituindo o valor apropriado da última linha da Tabela 4, δa = δV √√√√√ 14∑ i=1 (mi − m¯)2 = 0, 35 √ 1 (7967, 696) = 0,0039 cm3/g . O ajuste linear é dado pelos parâmetros e suas respectivas incertezas: a = (1,020± 0,004) cm3/g , (16) b = (−0,5± 0,3) cm3 . (17) Propagação quadrática de incertezas: O cálculo da densidade e sua respectiva incerteza são: ρ = a−1 = 0,980 392 157 g/cm3 , δρ = δa a2 = 0,0042 g/cm3 (18) A análise dos dados medidos permitiu encontrar a densidade da água, ρ = (9,80± 0,04)× 10−1 g/cm3 , (19) bem como o provável intervalo do valor da reta quando m = 0, que é dado por: b = (−5± 3)× 10−1 cm3 . (20) Confira as probabilidades contidas nas Tabelas 1 e 2 e veja que os valores de R e de b são conclusivos quando se admite o valor de referência bref = 0; a discrepância Db = tbδb é caracterizada por tb = 0, 7. O resultado para a densidade da água de torneira (não destilada) indica a presença de incertezas sistemáticas. Incertezas sistemáticas: Na prática sempre existem incertezas sistemáticas. Nesse exemplo são por causa de alguns fatores como: pequenas gotas de água na parede interna da proveta; marcas da escala e calibração da balança e da proveta; etc. As incertezas calculadas pelo MMQ (não ponderado) não levam em conta as incertezas sistemáticas, apenas as aleatórias. Para tornar isto claro, basta confrontar a incerteza de leitura da proveta δVtotal = 1ml com a incerteza retornada pelo ajuste linear, δValeat. = 0,4ml. Para fazer uma estimativa mais realista com a incerteza total (sistemática e aleatória) da densidade, aplica-se o MMQ ponderado pelas incertezas do volume (ver o Apêndice A). O resultado é dado por a = (1,02± 0,01) cm3/g , (21) b = (−0,5± 0,7) cm3 , (22) ρ = (9,8± 0,1)× 10−1 g/cm3 . (23) Após o método ponderado veja que as discrepâncias agora são tb = 0, 3 e tρ = 1, 8, o que permite-nos concluir que de fato há correlação linear entre m e V assim como o valor estimado para a densidade da água reproduz o valor conhecido de ρref = 9,98× 10−1 g/cm3 (a 22 ◦C). Introdução 13 Problemas: 1. Complete a Tabela 4 fazendo o cálculo de todos as somatórias pertinentes. Com isso calcule os valores de a, b e R. 2. Complete também a Tabela 5 fazendo o cálculo de todos as somatórias pertinentes. Com isso calcule os valores de δa, δb e δy. 3. Use o formato a = ( ± ) cm3/g para relatar a sua estimativa, usando apenas 1 algarismo significativo para a inceteza. 4. Use a propagação quadrática das incertezas para mostrar como calcular as fórmulas (18) e (??). 5. Usando a sua estimativa para densidade da água determine a massa de água m0 = ρV0 contida V0 = (3,00± 0,01)× 102 ml. Escreva o seu resultado na forma padrão: m0 = ( ± ) 102 g. 1 Tubo em U Objetivos • Aprender a realizar a medida da massa e do volume de um líquido; • Usar um aplicativo numérico com a finalidade de ajustar uma reta aos dados experimentais. • Estimar a densidade da água de forma indireta; • Aplicar a lei de Stevin para determinar indiretamente a densidade do hexano; Introdução A densidade de um fluido é uma propriedade que assume um dado valor em um dado ponto (x, y, z) do espaço, isto é, refere-se a um ponto fixo do espaço e não a uma determinada partícula do fluido. Todavia, ao considerar um fluido homogêneo, a densidade ρ do mesmo não altera de valor em cada ponto, e com isso fica determinada pela razão ρ = m V ↔ V = am+ b , (1.1) entre uma certa quantidade de massa m e o volume V que esta substância ocupa. Note a relação linear entre as quantidades V e m, sendo os coeficientes angular a = ρ−1 e linear b = 0. O princípio da estática dos fluidos que utilizaremos mais adiante é a lei de Stevin [Nussens- veig, 2002]: A pressão a uma certa profundidade y de um fluido incompressível em equilíbrio na presença de um campo gravitacional aumenta linearmente com a profundidade, p(y) = p0 + ρgy . (1.2) A origem do eixo vertical y = 0 é a interface entre o fluido (de densidade ρ) e a atmosfera onde a pressão vale p0, quando o fluido encontra-se na presença de um campo gravitacional cujo valor da aceleração da gravidade local é dada por g. Para um tubo em forma de U que contém um único fluido como na figura 1.4 (a), a pressão depende apenas da profundidade, de maneira que em qualquer profundidade abaixo da superfície a pressão nos dois lados do tubo é a mesma. Este raciocínio é válido desde de que o tubo em U esteja preenchido com somente um fluido tal que a densidade seja constante por todo tubo, já que essa é uma hipótese chave na derivação da lei de Stevin (1.2). Na figura 1.4 (b), a densidade varia abruptamente de ρ1 para ρ2 quando passamos de um fluido para o outro, e portanto, não podemos usar a lei de Stevin para comparar as pressões em dois líquidos diferentes. Contudo, é possível comparar as pressões em diferentes pontos dentro de uma mesma quantidade de fluido. Considere a pressão no ponto B da figura 1.4 (b). Este ponto está dentro do líquido 1 e está logo abaixo da interface que separa os dois fluidos. Como consideramos um ponto B que está a uma mesma profundidade que o ponto A, a pressão nestes dois pontos são iguais, pA = pB. Agora considere um ponto C dentro do líquido 2 que está logo acima da interface entre os dois fluidos. Os dois pontos B e C, estando(infinitesimalmente) próximos um do outro, devem também estar a uma mesma pressão, pA = pB = pC . Tubo em U 15 A B (a) y 0 h hx y 0 A B C (b) Figura 1.1: Tubo em U: (a) apenas um fluido, e (b) contendo dois fluidos. Aplicando a lei de Stevin aos pontos A e B, e igualando suas pressões pA = pB, é possível determinar indiretamente a densidade do fluido x, ρx = y − y0 yx − y0 ρ = h hx ρ , (1.3) a partir das medidas das alturas das colunas líquidas h = y − y0 e hx = yx − y0, e de uma densidade já conhecida ρ. Procedimento experimental Material utilizado: Proveta graduada; balança de travessão; água; hexano; painel graduado com tubo em U aberto; seringa com prolongamento; ? Atenção: A proveta é um equipamento frágil feito de vidro; jamais a submeta a qualquer esforço físico. Densidade da água: • Faça a medida da massa de uma proveta vazia: M0 = ( ± ) g; • Coloque uma porção de água dentro da proveta e realize a medição do volume do líquido, apresentado seu resultado na Tabela (1.1). Faça também a medida da massa da proveta com água e a anote na Tabela supracitada; M (g) δM (g) V (cm3) δV (cm3) Tabela 1.1: Medidas diretas do experimento. • Coloque mais água na proveta e repita a medição da massa e do volume. Termine a coleta de dados somente quando houver obtido pelo menos cinco pares (Mi, Vi). 16 Manual de laboratório Densidade do hexano: • Introduza água devagar no tubo em U por uma de suas extremidades usando uma seringa com prolongamente. Observe se as superfícies nas duas extremidades estão a uma mesma altura; • Lentamente coloque o hexano no tubo, também utilizando uma outra seringa com prolonga- mento; • Faça a medição das alturas y1 e y2 das duas superfícies livres dos líquidos (água e hexano). Meça a altura y0 da interface entre os dois líquidos. Organize seus dados conforme mostra a tabela abaixo; y (cm) δy (cm) interface água hexano Tabela 1.2: Alturas medidas diretamente no tubo em U. Análise de dados Densidade da água: 1. Use os seus dados para determinar a massa de água contida na proveta em cada estapa e preencha os valores na Tabela abaixo, sendo m = M −M0. (Confira o Problema 2) massa volume m (g) δm (g) V (ml) δV (ml) ... ajuste linear: coef. angular: a = ( ± )ml/g V = aρ−1 + b coef. linear: b = ( ± )ml Densidade: água: ρ = ( ± ) g/cm3 ρ = a−1 Tabela 1.3: Medidas indiretas da experiência. 2. Utilize um PC do laboratório para ajustar uma reta aos dados contidos na Tabela 1.3 (Veja como no Apêndice A); 3. Faça os cálculos para ajustar uma reta aos dados contidos na Tabela 1.3 aplicando o MMQ: (a) Faça o gráfico de V vs. m, e verifique se existe a relação linear (1.1); Tubo em U 17 (b) Escreva o coeficiente angular na forma padrão: a = ( ± ) cm3/g; (c) Apresente também o coeficiente linear: b = ( ± ) cm3; (d) Anote o valor calculado para o coeficiente de correlação linear R2; Faça o Problema 3 para entender o motivo de expressar o volume V em termos de m. 4. Apresente a sua estimativa para a densidade da água na forma padrão (equação (1.1)): ρ = ( ± ) g/cm3 (veja o Problema 4, e faça o Problema 5 como lição de casa). 5. Adote como valor verdadeiro a densidade da água ρágua = 9,98× 10−1 g/cm3. Calcule a incerteza percentual da medida, |ρ− ρágua|/ρágua. Densidade do hexano: 1. Utilize as alturas medidas de forma direta (Tabela 1.2) para encontrar as alturas das colunas líquidas h e hx. Coloque esses valores na tabela abaixo; h (cm) δh (cm) ρ (g/cm3) δρ (g/cm3) água hexano Tabela 1.4: Medidas indiretas do tubo em U. 2. A partir da equação (1.3) e os valores contidos na tabela 1.4, determine o valor da densidade do hexano; 3. Propague as incertezas de h, hx e ρ com o objetivo de determinar a incerteza da densidade do hexano (c.f. Problema 6); 4. Use o formato ρx = ( ± ) g/cm3 para relatar a sua estimativa; Problemas 1. Partindo da lei de Stevin (1.2), mostre como chegar à equação (1.3) quando o tubo contém dois líquidos que não se misturam. 2. Por meio da propagação quadrática das incertezas das massas M0 e Mi, mostre que δmi = √ δM20 + δM 2 i 3. Calcule a incerteza relativa do volume deslocado, δV/V , e verifique que esta é maior que a incerteza relativa da massa, δm/m. Para tal utilize cada par (mi, Vi) contido na tabela Tabela 1.3. Como regra, a medição com maior incerteza relativa é que deve ser expressa em termos da outra medição do par. 4. Por meio da propagação quadrática das incertezas mostre que δρ = δa a2 é a incerteza da medida da densidade da água. 18 Manual de laboratório 5. Leia as intruções no Apêndice e faça todos os cálculos do ajuste linear V = am + b. Compare os seus resultados com os respectivos valores que foram calculados numericamente pelo PC. 6. Demostre que a incerteza relativa da densidade obtida no tubo em U é dada por δρx ρx = √( δh h )2 + ( δhx hx )2 + ( δρ ρ )2 7. Escreva os resultados de suas estimativas para as densidades da água e do hexano em notação científica utilizando kg/m3 (SI). 8. Determine a incerteza relativa da densidade da água, δρ/ρ; escreva-a em termos de porcen- tagem. Faça o mesmo cálculo para a incerteza relativa da densidade do hexano, δρx/ρx; também escreva o valor em porcentagem. Compare essas incertezas relativas, e decida qual método de mediação tem maior precisão. 9. Adote como valor verdadeiro a densidade do hexano ρH = 6,55× 10−1 g/cm3. Calcule o erro percentual da medida, |ρx − ρH |/ρH , e responda: A medição foi acurada? 10. Use as suas estimativas de ρ e ρx para estimar a massa de 5× 102 ml de água e hexano, respectivamente. 2 Princípio de Arquimedes Objetivos • Reconhecer que a força de empuxo independe do material imerso num fluido; • Aprender a aplicar o método dos mínimos quadrados, e a utilizar um aplicativo para realizar um ajuste linear; • Verificar a validade do princípio de Arquimedes em condições controladas no laboratório; • Determinar de forma indireta a densidade de um fluido. Introdução Sempre que um objeto está total ou parcialmente imerso num fluido em repouso, há uma força de interação entre os mesmos (objeto e fluido). Se o objeto exerce uma força ~F sobre o fluido, então o fluido reage exercendo sobre o objeto uma força ~E = −~F . Mais ainda, a força de empuxo ~E tem direção perpendicular a superfície do fluido, e sentido para o exterior deste. Isto está de acordo com a Lei de Stevin – equação (1.2) – porquanto há uma força resultante sobre o corpo imerso devido à pressão exercida ao longo de toda a sua superfície. Muito antes de se tornar conhecida a Lei de Stevin, Arquimedes de Siracusa forneceu uma explicação simples para este fenômeno, postulando uma relação linear entre a intensidade da força de empuxo E = | ~E| e o volume V de fluido deslocado pelo objeto: E = ρgV , ↔ V = aE + b . (2.1) O coeficiente de proporcionalidade a = (ρg)−1 é dado pelo inverso do produto da densidade do fluido ρ com a aceleração da gravidade g. E o coeficiente linear deve ser (em teoria) nulo, b = 0. Veja o Problema 3 para entender o porquê de o volume V ser expresso em termos de E. Convém destacar que a intensidade da força não depende do material de que é feito o corpo de prova, mas tão somente do volume de fluido que este desloca. Nessa experiência serão feitas medidas (indiretas) do par de grandezas (Ei, Vi) com os objetivos de verificar a validade da relação linear (2.1) e de determinar a densidade do fluido: ρ = (ag)−1. 20 Manual de laboratório Procedimento experimental Material utilizado: Dinamômetro tubular; proveta graduada; corpo de prova; suporte para suspender o corpo; água. Montagem: Certifique-se de que a haste está bem fixa, e prenda o dinamômetro (D) na haste da torre. Suspenda o corpo de prova (C) usando o ganchodo dinamômetro. Atenção: A proveta é um equipamento frágil feito de vidro; jamais a submeta a qualquer esforço físico. Coloque uma porção de no máximo 100ml de água dentro da proveta (P). Mergulhe totalmente o corpo (C) dentro da proveta e verifique se a água transborda. Em caso afirmativo, esolha a porção de água mais adequada. torre C D P Realize a coleta de dados seguindo os passos a seguir: • Faça a leitura do volume de água contido na proveta. Anote sua medida na forma padrão: V0 = ( ± )ml; • Verifique se o dinamômetro está calibrado. Em seguida suspenda o dinamômetro no suporte, e prenda o corpo de prova no gancho. Leia a escala e anote sua medida para a intensidade do peso do corpo de prova: P0 = ( ± )N. • Com cuidado, mergulhe totalmente o objeto na água contida na proveta. Ao ler a escala do dinamômetro, observe que aparentemente o peso do objeto diminuiu. Ao mesmo tempo a leitura da escala na proveta aumentou. Anote na Tabela 2.1 ambos, o volume U e o peso aparente W lidos nas escalas (com suas respectivas incertezas). W (N) δW (N) U (ml) δU (ml) Tabela 2.1: Medidas diretas do experimento. • Regule a altura do objeto, mexendo com cuidado no parafuso preso a haste, para deixar uma parte do objeto fora da água, e anote novamente o par de dados na Tabela 2.1. • Repita o passo anterior até que se tenha pelo menos cinco pares de dados. Análise de dados 1. Para preencher a tabela a seguir, determine o volume de líquido deslocado em cada etapa, V = U − V0, assim como a magnitude do empuxo, E = P0 −W . Coloque na Tabela os dados em unidades do SI (Problema 2). Princípio de Arquimedes 21 empuxo volume E (N) δE (N) V (ml) δV (ml) ... ajuste linear: coef. angular: a = ( ± )ml/N V = aE + b coef. linear: b = ( ± )ml Densidade: água: ρ = ( ± ) g/cm3 ρ = (ag)−1 Tabela 2.2: Medidas indiretas da experiência. 2. As incertezas δV e δE contidas na Tabela 2.2 devem ser preenchidas usando a propagação quadrática das incertezas que está descrita na introdução 5 (c.f. Problemas 3 e 4) 3. Verifique se os dados que foram coletados possuem correlação linear (equação (10)). Em caso negativo, realize novamente o procedimento experimental. 4. Faça o ajuste linear – método dos mínimos quadrados, equações (9) e (13) – expresso na equação (2.1): (a) Determine o coeficiente angular a do ajuste, e o escreva na forma padrão: a = ( ± ) 10−4 m3/N. (b) Encontre o coeficiente linear b do ajuste linear: b = ( ± ) 10−5 m3. (c) Faça o gráfico de V versus E utilizando um aplicativo de dados científicos (ver o apêndice A). 5. Apresente a sua estimativa para a densidade da água com sua respectiva incerteza: ρ = ( ± ) 103 kg/m3. (c.f. o Problema 5). Problemas 1. Se o dinamômetro não estiver calibrado, haverá ou não um erro sistemático em suas medidas de empuxo? Justifique. 2. Explique como fazer a mudança de unidades: 1ml = 10−6 m3. 3. Verifique que a incerteza relativa do volume deslocado, δV/V , é maior que a incerteza relativa do empuxo, δE/E. Para tal utilize cada par (Ei, Vi) contido na tabela Tabela 2.1. Como regra, a medição com maior incerteza relativa é que deve ser expressa em termos da outra medição do par. 4. Mostre que as incertezas do volume de líquido deslocado e do empuxo (Tabela 2.2) devem ser calculadas com as seguintes fórmulas: δV = √ δU2 + δV 20 , δE = √ δW 2 + δP 20 . 22 Manual de laboratório 5. Explique o porquê de a incerteza da densidade da água é obtida pela fórmula: δρ = ρ √( δa a )2 + ( δg g )2 . 6. Escreva o resultado da sua estimativa para a densidade da água em notação científica utilizando kg/m3. 7. Adote como valor verdadeiro a densidade da água ρref = 1,00 g/cm3. Calcule a incerteza percentual da medida, |ρ− ρref|/ρref, e responda: A medição foi acurada? 3 Pêndulos simples e físico Objetivos • Verificar a isocronicidade de um pêndulo no regime de pequenas oscilações; • Estimar o período do pêndulo por meio da repetição de medidas em condições idênticas. • Aplicar o método dos mínimos quadrados, utilizar um aplicativo de PC para realizar um ajuste linear; • Determinar a intensidade da aceleração da gravidade local. • Determinar o momento de inércia de alguns objetos. Introdução O comportamento dinâmico de um pêndulo (mostrado na Figura 3.1) quando é desconside- rada a força de arrasto do ar compreende dois comportamentos distintos: rotação ou oscilação. No primeiro caso a energia (E > 2mgL) contida no sistema é suficiente para haver uma rotação contínua ao redor do ponto de suspensão. Já no segundo caso, a energia (E < 2mgL) determina um movimento oscilatório entre dois pontos de retorno – onde a amplitude é máxima e a velocidade da massa é nula. t(s) θ(rad) (b) T T T T +θ0 −θ0 Figura 3.1: Pêndulo simples (a) que consiste num corpo de massa m suspensa por um fio de massa desprezível e comprimento L, cujo ponto de suspensão é mantido imóvel; a energia potencial gravitacional é nula para θ = 0; (b) gráfico da posição em função do tempo. Para pequenas oscilações do pêndulo, em que θ � 1 em rad, o movimento é harmônico: o período de cada oscilação é o mesmo, independente da amplitude. A mecânica Newtoniana Nussensveig [2002] determina que o período depende apenas do comprimento do fio e da intensidade da aceleração da gravidade: T = 2pi √ L g , ↔ T 2 = aL+ b . (3.1) 24 Manual de laboratório Observe que para estabelecer uma relação de linear é conveniente usar o período elevado ao quadrado. Assim, o coeficiente de proporcionalidade entre T 2 e L é dado por a = 4pi2/g. E o coeficiente linear (teórico) é nulo, b = 0. É possível concluir então que o período não depende da massa do corpo em oscilação (no regime de pequenas oscilações). Serão realizadas medidas diretas do par de grandezas (Li, Ti) com a finalidade de verificar a validade da relação linear (3.2) e de estimar o valor de g = 4pi2/a no laboratório. Procedimento experimental Material utilizado: Objeto cilíndrico; linha delgada; suporte com transferidor montado sobre um tripé; cronômetro; régua/trena; Objeto sólidos: disco, aro, triângulo. Montagem: Monte o suporte e verifique se o mesmo está estável. Separe cerca de 1m de linha/fio (F) e a prenda com um nó no gancho do cilíndro (O). A outra extremidade deve ser presa no suporte de maneira que não haja qualquer movimento do ponto de suspensão. Observe que ao abandonar o objeto (a patir do repouso) pode ocorrer de o movimento não ser plano, ou ainda que haja uma rotação do cilíndro em torno do eixo de simetria deste. Em qualquer um destes casos treine o lançamento visando minimizar esses efeitos porquanto não há previsão para isso no modelo teórico apresentado. Para observação e coleta de dados do pêndulo físico prenda o suporte apropriado, que encaixa no pequeno furo do objeto. torre F O θ Regime isócrono: • Posicione o pêndulo a uma inclinação fixa (menor que 10◦) e solte-o a partir do repouso. Em seguida utilize o cronômetro para medir o intervalo de tempo entre 5 oscilações completas. Anote na Tabela 3.1 o comprimento do fio L e o tempo t = 5T ; Utilize comprimentos maiores que 1,0m, medidos do ponto de suspensão ao centro de massa do cilíndro. L (cm) δL (cm) t (s) Tabela 3.1: Medidas diretas para o regime isócrono. Pêndulos simples e físico 25 • Mantendo o mesmo comprimento, repita o item anterior outras quatro vezes e anote as cinco medições para o tempo de complete a coluna cujo cabeçalho é t; • Regule o comprimento do fio, e torne a fazer oscilar a massa como nos passos anteriores; anote novamente o par de dados na Tabela 3.1. Repita todo o procedimento feito até que se tenha pelo menos oito linhas preenchidas na Tabela acima. Regime não-isócrono: • Faça a medição do comprimento do fio e anote: L0 = ( ± ) cm; • Posicione o pênduloa uma inclinação de 5◦ e solte-o a partir do repouso. Em seguida utilize o cronômetro para medir o intervalo de tempo entre 5 oscilações. Anote na Tabela 3.2 a amplitude θ0 e o tempo t = 5T ; θ0 (rad) δθ0 (rad) t (s) Tabela 3.2: Medidas diretas para o regime não isócrono. • Mantendo a mesma amplitude, repita o passo anterior mais duas vezes; assim as a colunas t estará preenchida com cinco amostras; • Repita os passos anteriores alterando apenas a amplitude (10◦, 15◦, 20◦, 25◦); Pêndulo físico: Para cada objeto com geometria diferente fixe o furo do mesmo no suporte. • Posicione o objeto a uma inclinação fixa (menor que 10◦) e solte-o a partir do repouso. Em seguida utilize o cronômetro para medir o intervalo de tempo entre 10 oscilações completas. Anote na Tabela 3.3 a distância s e o tempo t = 10T ; s (cm) δs (cm) t (s) disco aro triângulo Tabela 3.3: Medidas diretas para o período de pêndulos físicos. • Com o mesmo objeto, repita o item anterior outras quatro vezes e complete as três colunas cujo cabeçalho é t; • Troque de objeto e torne a fazer oscilar a o mesmo como nos passos anteriores; anote novamente o tempo na Tabela 3.3. Repita todo o procedimento feito até aqui para cada um dos objetos disponíveis. 26 Manual de laboratório Análise de dados Regime isócrono: 1. Para preencher a tabela a seguir é preciso realizar o tratamento estatístico das medidas de período (c.f. os Apêndices e A); para cada linha da Tabela 3.4 determine o período dividindo por 5 o valor médio das cinco oscilações: T = 1 5 t¯ = 1 5 5∑ i=1 ti . L (cm) δL (cm) T (s) δT (s) T 2 (s2) δ(T 2) (s2) ajuste linear: coef. angular: a = ( ± ) s2/m T 2 = aL+ b coef. linear: b = ( ± ) s2 Tabela 3.4: Medidas indiretas no regime isócrono. 2. A incerteza de cada medição é dada pela incerteza padrão: δT = 1√ 5 √√√√ 1 5− 1 N∑ i=1 ( ti − t¯ 5 )2 = 1 5 √ 5 σt . É improvável que δT < 0,01 s, isto é, que a incerteza padrão seja menor que a incerteza do cronômetro; caso isto ocorra, use a incerteza do cronômetro. 3. Complete as duas últimas colunas da Tabela 3.4, onde consta T 2 e δ(T 2) = 2TδT . (ver o Problema 3) 4. Faça o ajuste linear com a ajuda de um PC – apêndice A – expresso na equação (3.2): (a) Determine o coeficiente angular a do ajuste, e o escreva na forma padrão: a = ( ± ) 102 s2/m. (b) Encontre o coeficiente linear b do ajuste linear: b = ( ± ) s2. (c) Faça o gráfico de T 2 vs. L utilizando um aplicativo de dados científicos (ver o apêndice A). 5. Aplique o método dos mínimos quadrados e certifique-se de que você sabe calcular os coeficientes a, b e R. 6. Apresente a sua estimativa para a magnitude da aceleração da gravidade: g = ( ± ) 103 m/s2. (c.f. o Problema 4). Pêndulos simples e físico 27 Regime não-isócrono: • Complete a Tabela 3.5 seguindo os mesmos passos anteriores com o fim de obter as medidas de período: T = 1 5 t¯ = 1 5 5∑ i=1 ti , δT = 1√ 5 √√√√ 1 5− 1 N∑ i=1 ( ti − t¯ 5 )2 = 1 5 √ 5 σt . θ (rad) δθ (rad) T (s) δT (s) Tabela 3.5: Medidas indiretas no regime isócrono. • Verifique para quais valores de amplitude o período das oscilação do pêndulo é isócrono. Pêndulo físico: 1. Para preencher a tabela a seguir é preciso realizar o tratamento estatístico das medidas de período (c.f. os Apêndices e A); para cada linha da Tabela 3.3 determine período dividindo por 10 o valor médio das cinco oscilações: τ = 1 10 t¯ = 1 10 10∑ i=1 ti . s (cm) δs (cm) T (s) δT (s) k (cm) δk (cm) disco aro triângulo Tabela 3.6: Medidas dinâmicas para os raios de giração dos pêndulos físicos. 2. A incerteza de cada medição é dada pela incerteza padrão: δT = 1√ 5 √√√√ 1 5− 1 N∑ i=1 ( ti − t¯ 10 )2 = 1 10 √ 5 σt . 3. Complete a Tabela 3.6, calculando o raio de giração e sua respectiva incerteza. (ver o Problema 8.) T = 2pi √ Mgs I , I = Mk2 ↔ k = 2pi T √ gs . (3.2) Use o valor de g estimado anteriormente. 28 Manual de laboratório Problemas 1. Discuta em grupo quais erros sistemáticos podem estar presentes: momento angular da massa em torno de seu eixo de simetria; movimento não planar do pêndulo; forças de arrasto; etc. 2. Explique por que foi escolhido fazer a medição de cinco oscilações para cada estimativa do período ao invés de uma única? Dica: Compare o tempo médio de reação (∼ 200ms) do experimentador com um típico período do pêndulo (∼ 1 s). 3. Mostre que as incertezas d(T 2) devem ser calculadas com a seguinte fórmula: δ(T 2) = 2TδT . 4. Aplique a propagação de incertezas para mostrar que δg = 4pi2 a2 δa . 5. Faça uma estimativa do período de um pêndulo de comprimento (5,37± 0,01)× 10−1 m usando o seu ajuste linear para o regime de oscilação isócrona: T = ( ± ) s 6. Adote como valor verdadeiro a aceleração da gravidade gv = 9,78m/s2. Calcule a incerteza percentual da sua estimativa, |g − gv|/gv. 7. Para realizar um outro possível ajuste linear basta tomar o logarítmo em ambos os lados da equação (3.2), log T = 1 2 logL+ log ( 2pi√ g ) ↔ log T = a logL+ b Nesse contexto, num gráfico Log–Log contruído como log T vs. logL é observada uma relação linear. Mais ainda, a inclinação do gráfico deve ser a = 1/2 e o coeficiente linear é que fornece o valor da aceleração da gravidade: g = 4pi2 e−b. Como exercício, faça uma estimativa para g por meio desta regressão linear. 8. Calcule a seguinte expressão para a incerteza do raio de giração (medição dinâmica) aplicando a propagação de incertezas: δk = k √( δT T )2 + ( δs s )2 + ( δg g )2 . 9. Utilize as medidas dos raios de giração encontrados e da massa de cada objeto para fazer uma estimativa do momento de inércia I = Mk2 de cada um deles. 4 Oscilador harmônico amortecido e forçado Objetivos • Observar um movimento harmônico sujeito a efeitos dissipativos; • Aprender a utilizar um sonar com o objetivo de monitorar oscilações; • Estimar o período das oscilações harmônicas; • Quantificar o tempo de relaxação de uma oscilação amortecida por meio do ajuste de uma exponencial; determinar o fator Q; • Observar o efeito de uma perturbação periódica no tempo sobre um oscilador amortecido. Introdução As oscilações livres de qualquer sistema físico real sempre decaem com a passagem do tempo, ou seja, é inevitável a presença de dissipação da energia mecânica em sistemas oscilantes. Nessa experiência será investigada a introdução de forças dissipativas no movimento harmônico simples. yeq t(s) y(cm) +Y0 +Y0 e −γt/2 −Y0 −Y0 e−γt/2 Figura 4.1: Gráfico da posição em função do tempo para o movimento harmônico amortecido do sistema massa–mola–disco. Um sistema massa–mola é o protótipo de oscilações harmônicas, e quando é acoplada uma placa junto à massa a força de arrasto aumenta consideravelmente. Considere uma mola de massa m e constante elástica k que suspende uma carga de massa M conforme mostra a Figura 4.1. Admitindo uma força de resistência do ar proporcional à velocidade do sistema, −bv, sendo b o coeficiente de amortecimento, a equação de movimento do sistema é dada por: d2y dt2 + γ dy dt + ω20 (y − yeq) = F (t) , onde ω0 = √ k/mef γ = b/mef . (4.1) Destaca-se que a massa efetiva mef depende das massas da carga, da placa e da mola. A posição vertical y(t) é dada pela solução formal da equação diferencial de segunda ordem (não-homogênea) 30 Manual de laboratório escrita acima acrescida da posição de equilíbrio. No regime de amortecimento subcrítico (γ/2 < ω0) as soluções são: Nussensveig [2002] y(t) = yeq + Y0 e −γt/2 cos(ωt+ ϕ) , onde ω = √ ω20 − γ2 4 . (4.2) As constantes Y0 e ϕ são usadas para o ajuste das condições iniciais. Observeque as envoltórias (linhas tracejadas na Figura 4.1) são dadas pelas funções Y (t) = ±Y0 e−γt/2. Com a finalidade de realizar um ajuste linear pode-se tomar o logarítmo do valor absoluto da envoltória (A(t) = |Y (t)|): lnA(t) = −γ 2 t+ lnA0 ↔ lnA(t) = at+ b . (4.3) Num gráfico lnA(t) vs. t espera-se observar uma reta de inclinação negativa. Nesse ajuste o coeficiente angular está relacionado com a taxa de dissipação: γ = −2a, enquanto que o coeficiente linear fornece o logarítmo da amplitude inicial do oscilador, b = lnA0. Procedimento experimental Material utilizado: Torre de suspensão; mola helicoidal e placa acrílica com engate; sensor de posição (ultrassom), cabos serial e USB; Interface analógica/digital, PC e aplicativo; Bobina, cabos e gerador de sinal (elétrico) harmônico. (Para saber os pormenores consulte o manual Ramos [b].) Antes de começar o experimento ligue o PC na bancada do laboratório e faça o login na conta de aluno. Montagem: Posicione na parte superior da torre o suporte para molas, e o deixe a cerca de 1m da base da torre. Coloque a bobina (B) no suporte escuro, e passe a mola (k) através da bobina. Com cuidado prenda o engate no disco acrílico (M). Posicione o sensor de posição (S) voltado para cima acoplando o mesmo na parte baixa da torre. Ajuste a distância entre o disco acrílico e o sonar: a distância deve ficar em torno de 50 cm. Verifique se o sonar aponta para o centro do disco. Conecte o sensor na interface por meio de um cabo serial. Use o cabo USB para conectar a inter- face de laboratório na porta USB do PC. Encerre a montagem conectando a bobina no gerador de sinal (G). y yeq y = 0 y(t) torre k,m M GB S PC Inicie o aplicativo CidepeLab 4 no PC, e configure o sensor de posição (leia o apêndice B). Abra uma janela no menu Ferramentas » Osciloscópio. É necessário ajustar a escala clicando no botão propriedades – “ícone prancheta”. Entre com os seguintes parâmetros: Tempo total: 20 s; amostragem: 1ms; Escala do sensor: entre 0,4m e 0,6m. Oscilador harmônico amortecido e forçado 31 Coloque o sistema para oscilar na direção vertical (a amplitude de oscilação não precisa ser muito grande!). Inicie e finalize a obtenção dos dados no osciloscópio usando os botões play e stop, respectivamente. Salve os dados e abra uma janela de gráfico no menu Ferramentas » Gráfico. Clique para selecionar os dados que se encontram no painel configuração » Curvas, e arraste o mesmo até a janela de gráfico. Observe se é possível reconhecer as oscilações amortecidas (se necessário ajuste as escalas clicando em propriedades – “ícone prancheta”). Período das oscilações: 1. Com a finalidade de medir o período das oscilações do sistema massa–mola ligue o sonar e monitore o movimento oscilatório conforme feito anteriormente. 2. Na janela Gráfico clique no botão mostrar coordenadas – “ícone linhas azuis”. Utilize o cursor do mouse para localizar o primeiro máximo (ou mínimo), e anote a coordenada horizontal (tempo t) que aparece logo abaixo do gráfico. Anote também a cordenada horizontal t′ do último máximo (ou mínimo). Conte o número N de oscilações entre os máximos (mínimos) anotados. 3. Calcule a sua estimativa para o período, T = (t′ − t)/N . Anote o período encontrado: T = ( ± ) s 4. Estime a incerteza de sua medição do período do sistema massa–mola–disco com base na resolução do cursor na janela gráfica, i.e., verifique a diferença entre coordenadas para o menor movimento horizontal que pode ser executado. Decaimento das oscilações: Utilize um dos gráficos anteriores da posição vertical do sistema medida por meio do sonar. 5. Na janela Gráfico clique no botão ajuste vertical. Eleve ou abaixe o gráfico das oscilações com o fim de centralizá-la em torno da origem y = 0. 6. Também na janela Gráfico clique no botão mostrar coordenadas – “ícone linhas azuis”. Utilize o cursor do mouse para localizar o primeiro máximo (ou mínimo), e anote as coordenadas horizontal e vertical, t1 e y(t1) = Y (t1), que aparecem logo abaixo do gráfico. 7. Preencha na Tabela 4.1, colocando o tempo t e valor absoluto da posição medida An = A(tn) = |Y (tn)|. t (s) δt (s) A (cm) δA (cm) período: T = ( ± ) s Tabela 4.1: Medidas diretas para o decaimento das oscilações. 8. Repita a leitura para cada máximo (mínimo) que aparece no gráfico; complete a tabela até que se tenha pelo menos uma dezena de pares (tn,An). 9. Utilize suas estimativas anteriores para o tempo e a posição. 32 Manual de laboratório Oscilações forçadas (ressonância): 10. Quando o gerador de sinais é ligado será exercida uma força variável no tempo F (t) = A cos(2piν) sobre o sistema (por meio da interação magnética entre o campo da bobina e o ímã no disco). Para colocar o oscilador em ressonância ligue o gerador de sinais (G). 11. Configure a forma da onda para um sinal harmônico: botão wave » 1 ; e a banda de frequência: botão range » 1. Certifique-se de que o potencial V nos terminais da bobina é máximo (quase 10V). Aperte a tecla run e comece a observar o oscilador... 12. Ajuste a frequência ν, varrendo algumas frequências em torno de 1Hz. Torne a colocar o sistema em repouso e o solte, observando se o sistema sai da posição de equilíbrio. Verifique que a amplitude dessas oscilações aumenta quando ν se aproxima (ou se afasta) da fequência de ressonância. 13. Tente encontrar o valor aproximado onde a amplitude de oscilação é máxima! Anote essa frequência, νres = ( ± )Hz. 14. Ligue novamente o sonar e observe no PC a posição do sistema: (i) o sistema sai da antiga posição de equilíbrio e a amplitde cresce linearmente com o tempo (regime transiente); (ii) na presença de arrasto, o sistema atinge um regime estacionário; (iii) próximo da ressonância, ν = νres + ∆ν, observa-se o fenômeno de batimentos; (iv) havendo ressonância, ν ≈ νres, é observada a oscilação do sistema em fase com a força externa F (t). Proceda como anterior- mente (passo 2) e anote o período do sistema na ressonância: Tres = ( ± )Hz. Análise de dados Período das oscilações: 1. Calcule a frequência do oscilador amortecido: ω = 2pi/T . Apresente o seu resultado na forma padrão: ω = ( ± ) s−1 (c.f. o Problema 3) 2. Calcule também a frequência linear correspondente, f = 1/T , e a relate na forma usual: f = ( ± ) s−1. Decaimento das oscilações: 3. Faça o ajuste linear expresso na equação (4.3) (c.f. as equações (9) e (13)): (a) Determine o coeficiente angular: a = ( ± ). (b) Encontre o coeficiente linear: b = ( ± ). (c) Faça o gráfico de lnA vs. t em uma folha de papel milimetrado. 4. Faça o ajuste linear com a ajuda de um PC – apêndice A. Construa um gráfico em escala log-linear para os dados contidos na Tabela 4.1. 5. Determine a taxa de decaimento exponencial: γ = ( ± ) s−1. 6. Determine a amplitude inicial do oscilador: A(t = 0) = ( ± ) cm. 7. Calcule a frequência natural de oscilação do sistema: ω0 = ( ± ) s−1. (veja a equação (4.2)) 8. Compare as suas medições de γ e ω0, e verifique se é fraco o amortecimento gerado pelo resistência do ar: γ � ω0. Oscilador harmônico amortecido e forçado 33 9. Determine o fator de mérito do oscilador: Q = 2pi ω0 γ . Apresente o seu resultado na forma usual: Q = ( ± ) (c.f. o Problema 4). Oscilações forçadas (ressonância): 10. Compare os valores νres e fres = 1/Tres obtidos na (ou bem próximo da) ressonância. 11. Compare a frequência da força externa νres na (ou bem próximo da) ressonância com a frequência natural f0 = ω0/2pi do sistema. Esses dois valores são compatíveis? Problemas 1. Verifique que função de posição y(t) = e−γt/2[ c1 cos(ωt)+c2 sen(ωt) ] é a solução da equação (4.1), onde c1 e c2 são constantes arbitrárias. Nussensveig [2002] 2. Repita a medição do período realizando a obtenção dos dados cinco vezes. Faça o tratamento estatístico (valor médio, desvio padrãoe erro padrão do valor médio) desse conjunto de medidas e confronte com sua estimativa para a incerteza do período. 3. Mostre que a incerteza da frequência de oscilação ω deve ser calculada com a expressão: δω = 2pi T 2 dT 4. Explique o porquê de a incerteza do fator Q ser calculada com a fórmula δQ = Q √( δω0 ω0 )2 + ( δγ γ )2 . 5. A partir de sua medida γ determine o tempo de relaxação Tr = γ−1 do sistema com sua respectiva incerteza: Tr = ( ± ) s. (Obs.: O tempo de relaxação quantifica o tempo necessário para que a amplitude diminua para cerca de 37% de seu valor inicial, ou melhor, A(Tr) = A0/e.) 5 Vibrações numa corda Objetivos • Preparar e observar os modos normais de uma corda tensa; • Realizar medições num frequencímetro digital; • Relacionar a velocidade de propagação de uma onda com a tensão na mesma; • Fazer uma estimativa para a impedância de uma corda por meio de um ajuste linear. Introdução Diversos fenômenos da natureza podem ser explicados por meio da teoria ondulatória, seja na propagação de matéria (cordas, molas e água), de gradientes de pressão (som), e de campo eletromagnético (rádio, luz, raios X e gamma). Em cada caso é possível mostrar que tais propagações (quando unidimensionais e com pequenas amplitudes) obedecem a equação de ondas: Nussensveig [2002] ∂2y ∂x2 − 1 v2 ∂2y ∂t2 = 0 , v = √ T µ . (5.1) No caso específico de uma onda transversal numa corda, em que os desvios em relação a posição de equilíbrio y = 0 são (pequenos e) perpendiculares a direção de propagação, a velocidade v da onda fica completamente determinada pela magnitude da força de tensão T a que está submetida a corda e pela densidade linear de massa µ (ou seja, depende do meio de propagação). λ3 = 2 3L λ2 = L λ1 = 2L Figura 5.1: Modos normais de vibração em uma corda. As possíveis soluções da equação (6.1) são desvios transversais em y que progridem (sentido +x) ou regridem (sentido −x). Se pulsos são gerados continuamente em uma das extremidades da corda, estes atingem a outra extremidade fixa (y(L, t) = 0) e retornam com uma adição de fase pi (podendo ocorrer interferência construtiva ou destrutiva). Dependendo da frequência de pulsos enviados pode-se estabelecer uma situação de ressonância, em que deixam de ser observadas ondas progressivas e surgem os modos normais de vibração da corda – Figura 5.1. Uma maneira heuristica de determinar a forma de um modo normal n numa corda é reco- nhecer que o comprimento L deve acomodar exatamente um número inteiro de meio comprimento Vibrações numa corda 35 de onda λn. A partir dessa constatação as ondas estacionárias são tais que L = nλn/2 (sendo n = 1, 2, . . . o número de ventres/antinodos e n + 1 o número de nodos). As frequências para essas ondas transversais estacionárias são: λn = 2L n ↔ fn = v 2L n , ↔ f = an+ b . (5.2) É possível notar que o coeficiente angular de um ajuste linear entre as medições (n, fn) tem que ser igual a velocidade de propagação da onda na corda: v = 2aL. Por fim, após a coleta de pares (Tk, vk) variando a tensão, pode-se confrontar essa medida com a relação v = Z−1 T , onde Z = T/v = √ Tµ é a impedância da corda. Veja que a impedância quantifica a relação de linearidade existente entre a velocidade de propagação de uma onda na corda e a tensão aplicada: v = cT + d. Essa quantidade Z desempenha um importante papel na transmissão e reflexão de ondas entre cordas com impedâncias diferentes (c.f. Nussensveig [2002], cap. 5, Problemas 11 e 12). Procedimento experimental Material utilizado: Gerador de impulsos mecânicos com transdutor eletromagnético e frequencímetro; haste, alinhador com duas mufas e sistema de acoplamento vertical; dinamômetro, massas e gancho; régua/trena; corda de prova. (Consulte Ramos [c] para mais detalhes.) Montagem: Rosqueie a haste (na marcação A) do gerador de impulsos mecânicos. Fixe um alinhador à haste com duas mufas a uma altura maior que 60 cm. Prenda uma extremidade da corda no sistema de acoplamento vertical logo acima do gerador; aperte o manípulo para prender a corda; passe a corda por cima das mufas e coloque o gancho no outro extremo da corda, suspendendo uma pequena massa (cerca de 50 g). Conecte o gerador à tomada e selecione a faixa de frequências F1 Ligue a chave geral e faça alguns testes variando a amplitude e a frequência com a finalidade de encontrar a onda estacionária com um único ventre (modo fundamental). haste alinhador corda m gerador acoplamento Observe a formação da onda transversal estacionária conforme a frequência perturbativa se aproxima (ou se afasta) da frequência de ressonância da corda. Veja que é necessária bastante concentração (e paciência!) por parte do experimentador para alcançar a ressonância. De todo modo, familiarize-se com o gerador de impulsos e note que a função F2 tem maior sensibilidade que a função F1, e por essa razão é mais difícil encontrar os harmônicos de ordem mais alta. Outro empecilho é que a amplitude de ressonância diminui conforme é aumentada a ordem do harmônico. 36 Manual de laboratório Coleta de dados: • Verifique se o dinamômetro está calibrado. Utilize o dinamômetro para medir a intensidade da força peso da massa: T = ( ± )N. • Utilize uma trena para medir o comprimento da corda entre as suas extremidades fixadas: L = ( ± ) 10−1 m. • Ajuste o gerador de impulsos mecânicos para produzir oscilações com frequência próxima de 10Hz (Função F1), e regule a intensidade em torno da metade. ? Atenção: Antes de ligar o equipamento certifique-se de que a corda está bem fixada. • Ligue a chave geral do gerador e procure a frequência fundamental (n = 1), varrendo a banda de frequências 10Hz – 40Hz. Após encontrá-la, desligue o gerador de funções e anote os dados na Tabela 5.1 • Para continuar a preencher a tabela abaixo, siga os passos anteriores procurando pelas outras ressonâncias (n = 2, 3, 4, . . .). modo frequência n f (Hz) δf (Hz) 1 2 ... tensão: Tk = ( ± )N comprimento: L = ( ± ) 10−1 m ajuste linear: coef. angular: ak = ( ± )Hz v = akT + bk coef. linear: bk = ( ± )Hz velocidade: corda: vk = ( ± )m/s vk = 2akL Tabela 5.1: Medidas diretas para a onda numa corda. • Coloque outra massa no gancho e repita os passos anteriores; organize seus dados como na Tabela 5.1. Tenha o cuidado de não alterar o comprimento da corda. Termine a coleta de dados quando houver pelo menos quatro tabelas completas. Análise de dados 1. Verifique se os seus dados coletados na Tabela 5.1 (e todas as outras) possuem correlação linear (equação 6.1). Em caso negativo, realize novamente o procedimento experimental. 2. Para cada tensão aplicada na corda: faça o gráfico de f vs. n utilizando um aplicativo de dados científicos (ver o apêndice A), e realize o ajuste numericamente. 3. Para cada tensão aplicada na corda: aplique o MMQ (equações (9) e (13)) para fazer o ajuste linear dado pela expressão (5.2): Vibrações numa corda 37 (a) Determine o coeficiente angular: a = ( ± )Hz. (b) Encontre o coeficiente linear: b = ( ± )Hz. (c) Faça o gráfico de f vs. n numa folha de papel milimetrado, e trace a reta ajustada no mesmo. (d) Confronte o seu resultado para o ajuste linear com o que foi retornado pelo aplicativo. (e) Apresente sua estimativa para a velocidade de propagação da onda na corda com sua respectiva incerteza: vk = ( ± )m/s. (c.f. a equação (5.2) e o Problema 3). 4. Apresente as suas medidas (Tk, vk) como na Tabela 5.2. tensão velocidade T (N) δT (N) v (m/s) δv (m/s) ajuste linear: coef. angular: c = ( ± ) s/kg v = cT + d coef. linear: d = ( ± ) s/kg impedância: corda: Z = ( ± ) 10−2 s/kg Z = c−1 Tabela 5.2: Medidas indiretas para a onda numa corda. 5. Relate a sua estimativa para a impedância da corda: Z = ( ± ) kg/s. (c.f. o Problema4). Problemas 1. Discuta em grupo as possíveis fontes de erro sistemático: calibrações do dinamômetro, da régua e do frequencímetro; alinhamento vertical da corda. Para cada instrumento utilizado estime a ordem de grandeza da incerteza relativa de suas medidas. 2. Foi comprovada a validade da relação linear (5.2)? Justifique sua resposta com os seus dados experimentais e gráficos. 3. Mostre que a incerteza da velocidade da onda deve ser calculada por meio da seguinte fórmula: δv = v √( δa a )2 + ( δL L )2 . Verifique se algumas das incertezas pode ser desprezada. Justifique a sua resposta. 4. Calcule a propagação das incertezas para a impedância da corda. A resposta é a seguinte: Z = c−1 , δZ = δc c2 . Verifique se algumas das incertezas pode ser desprezada. Justifique a sua resposta. 38 Manual de laboratório tensão velocidade T (N) δT (N) v2 (m/s)2 δv2 (m/s)2 ajuste linear: coef. angular: α = ( ± ) s/kg v2 = αT + β coef. linear: β = ( ± ) s/kg densidade: corda: µ = ( ± ) 10−3 kg/m µ = α−1 Tabela 5.3: Medidas indiretas para a onda numa corda. 5. Calcule a incerteza relativa δZ/Z, e verifique a precisão de sua medida. 6. A partir da Tabela 5.2 represente as suas medidas (Tk, v2k) na Tabela 5.3: Determine a densidade linear de massa da corda: µ = ( ± ) kg/m. (c.f. a equação (5.2).) 6 Tubo de Kundt Objetivos • Observar o fenômeno de ressonância de uma onda estacionária no tubo de Kundt; • Aprender a utilizar um gerador áudio harmônico, e medir a frequência no mesmo; • Aprender a usar um sensor acústico para medir intensidade e frequência; • Determinar quantitativamente a velocidade do som no ar. Introdução Uma onda acústica é caracterizada pelo deslocamento longitudinal u(x, t) das partículas que constituem o meio de propagação, sendo que os desvios espaço-temporais estão relacionados (no caso unidimensional) pela equação de ondas: Nussensveig [2002] ∂2u ∂x2 − 1 v2 ∂2u ∂t2 = 0 , v = √( ∂P ∂ρ ) eq . (6.1) A velocidade da onda depende das características do meio, sendo (∂P/∂ρ)eq a taxa de variação da pressão do fluido com a densidade do mesmo quando em equilíbrio. Ou seja, a velocidade do som depende da pressão e da temperatura do meio. LA λ = 2LA λ = LA λ = 23LA Tubo aberto LF λ = 4LF λ = 43LF λ = 45LF Tubo fechado Figura 6.1: Ressonâncias no tubo de Kundt; o desenho traçado corresponde a pressão ao longo do tubo e não a onda sonora em si, que é longitudinal. O tubo de Kundt é um equipamento utilizado para estimar a velocidade de propagação de uma onda sonora. Neste uma onda plana é produzida em uma das extremidades do tubo cilíndrico que contém pó de cortiça. Para algumas frequências específicas são produzidas ondas estacionárias no interior do tubo com a extremidade oposta ao auto-falante aberta ou fechada. As vibrações do ar produzem diferenças de pressão entre as seções retas do tubo capazes de 40 Manual de laboratório movimentar as partículas de cortiça (longitudinalmente) que acabam se amontoando em pequenas pilhas abaixo da posição dos nós da onda estacionária, conforme mostra a figura abaixo. Considerando que as extremidades do tubo de comprimento LA estão abertas, então as ressonâncias são obtidas para LA = nλ/2 (sendo n = 1, 2, . . . o número de nodos). As frequências capazes de gerar as ressonâncias no tubo são: λn = 2L n ↔ fn = vA 2LA n , ↔ f = an+ b . (6.2) Note que a partir do coeficiente angular de um ajuste linear entre as medições (fn, n) se consegue determinar a velocidade do som: v = 2aLA. Se, por outro lado, uma das extremidades do tubo de comprimento LF está fechada, as ressonâncias são obtidas para LF = (2n− 1)λ/4 (sendo n = 1, 2, . . .). Nesse caso as frequências que dão origem às ressonâncias no tubo são: λn = 4LF 2n− 1 ↔ fn = vF 4LF (2n− 1) ↔ f = c(2n− 1) + d . (6.3) A velocidade do som, vF = 4cLF pode ser estimada com o valor do coeficiente angular de um ajuste linear entre as medições (fn, 2n− 1). Procedimento experimental Material utilizado: Tubo acústico de vidro temperado; pó de cortiça; um gerador de áudio harmônico e um auto-falante; sensor acústico; um conjunto de cabos de ligação; uma trena/régua e um termômetro. (A explicação detalhada do equipamento pode ser encontrada em Ramos [c].) Montagem: O gerador de ondas harmônicas digital possui uma chave para ligar (e desligar) o aparelho e ou- tras duas para ligar os autofalantes. São três as funções disponíveis, cada uma varrendo uma banda de frequências pré-definida. A incerteza da medida da frequência (informada pelo fabricante) é de 5% do valor da medição. Há um regulador de intensidade para cada auto-falante. Espalhe uma pequena quantidade de pó de cortiça no interior do tubo. Verifique a distância entre o auto- falante e a extremidade do tubo, que deve ser pouco menor que 5 cm. Conecte os cabos do auto-falante no gerador. Ligue a chave geral e faça alguns testes variando a amplitude e a frequência, observando as partículas dentro do tubo aberto. auto-falante suporte tubo gerador Coloque o sensor acústico no interior do tubo (com bastante cuidado), e em seguida conecte o cabo de áudio na entrada de microfone no PC. Inicie o aplicativo Acústica 3.0, e configure a banda de frequência, janela de tempo, etc... (veja como no Apêndice B). Procure as frequências Tubo de Kundt 41 de ressonância usando o sensor posto que esse permite uma varredura mais precisa. A intensidade pode ser ajustada para um nível baixo (afinal, ninguém quer sair do laboratório com zumbido nos ouvidos!) Ouça a intensidade aumentando (e veja na tela do microcomputador a intensidade) quando a frequência se aproxima da frequência ressonante, e diminuindo quando se afasta. Aqui deve-se ter paciência fazendo um “ajuste fino” no potênciômetro para determinar cada frequência de ressonância no tubo (esteja este aberto ou fechado). Coleta de dados: Tubo aberto–aberto (A): • Utilize uma trena para medição do comprimento do tubo: LA = ( ± ) 10−1 m. Meça o diâmetro do tubo: 2R = ( ± ) 10−1 m (c.f. Problema 5). Anote a temperatura do laboratório usando um termômetro: θ = ( ± ) 10−1 ◦C (c.f. Problema 4). • Ligue o auto-falante (com instensidade moderada) e procure a frequência fundamental (n = 1), varrendo a banda 180Hz – 200Hz. A primeira ressonância é encontrada quando houver um acúmulo de pó no meio do tubo. Desligue o gerador de funções e anote os dados na Tabela 6.1 modo frequência n f (Hz) δf (Hz) 1 ... comprimento: LA = ( ± ) 10−1 m diâmetro: 2R = ( ± )m temperatura: θ = ( ± ) ◦C ajuste linear: coef. angular: a = ( ± )Hz f = an+ b coef. linear: b = ( ± )Hz velocidade: tubo aberto: vA = ( ± )m/s vA = 2aLA Tabela 6.1: Medidas diretas no tubo aberto–aberto. • Para continuar a preencher a tabela abaixo, siga os passos anteriores procurando (com o sensor acústico e intensidade baixa) pelos harmônico n = 2, 3, 4. Observe o movimento longitudinal das partículas, o que é característico de ondas sonoras. Tubo aberto–fechado (F): • Na haste que acompanha o sensor há um disco plástico para tampar a extremidade do tubo oposta ao auto-falante; tampe-o deixando pouco menos de 90 cm. Tome nota do comprimento do tubo: LF = ( ± ) 10−1 m. 42 Manual de laboratório • Verifique a distância entre o auto-falante e a extremidade do tubo, que deve ser pouco menor que 5 cm. Ajuste o gerador de funções para gerar ondas com frequência próxima de 80Hz (Função F1), e regule a intensidade em torno da metade. • Ligue o auto-falante e procure a frequência fundamental (n = 1), varrendo a banda 180Hz – 200Hz. Use o sensor para encontra o modo funddamental. Desligue o gerador de funções e anote os dados na Tabela 6.1 • Siga os passos anteriores procurando pelos harmônico n = 3, 5, 7, . . .. modo frequêncian f (Hz) δf (Hz) 1 2 ... comprimento: LF = ( ± ) 10−1 m diâmetro: 2R = ( ± ) 10−1 m temperatura: θ = ( ± ) ◦C ajuste linear: coef. angular: c = ( ± )Hz f = c n+ d coef. linear: d = ( ± )Hz velocidade: tubo fechado: vF = ( ± )m/s vF = 4cLF Tabela 6.2: Medidas diretas no tubo aberto–fechado. Análise de dados 1. Verifique se os seus dados coletados nas Tabelas 6.1 e 6.2 possuem correlação linear (equação 10). Em caso negativo, realize novamente o procedimento experimental. Tubo aberto–aberto (A): 2. Verifique se os seus dados coletados na Tabela 6.1 possuem correlação linear (equação 10). Em caso negativo, realize novamente o procedimento experimental. 3. Aplique o MMQ (equações (9) e (13)) para fazer o ajuste linear de os dados contidos na Tabela 6.1: (a) Determine o coeficiente angular: a = ( ± )Hz. (b) Encontre o coeficiente linear: b = ( ± )Hz. (c) Faça o gráfico de f vs. n utilizando uma folha de papel milimetrado, traçando a reta ajustada pelo MMQ. 4. Faça o gráfico de f vs. n e o ajuste linear utilizando um aplicativo de dados científicos num microcomputador (ver o apêndice A). Confronte o seu ajuste linear com o calculado numericamente pelo aplicativo. Tubo de Kundt 43 5. Apresente a sua estimativa para a velocidade do som com sua respectiva incerteza: vA = ( ± ) 102 m/s. (c.f. a equação (6.2) e o Problema 2). Tubo aberto–fechado (F): 6. Aplique novamente o MMQ (equações (9) e (13)) para fazer o ajuste linear – Tabela 6.2: (a) Determine o coeficiente angular: c = ( ± )Hz. (b) Calcule o coeficiente linear: d = ( ± )Hz. (c) Faça o gráfico de f vs. 2n− 1 utilizando um aplicativo de dados científicos. (d) Apresente a sua segunda estimativa para a velocidade do som: vF = ( ± ) 102 m/s. (c.f. a equação (6.2) e o Problema 2). 7. Confronte o seu resultado com ajuste feito numericamente num microcomputador. 8. Verifique se as suas duas estimativas vA e vF são compatíveis entre si comparando os intervalos prováveis encontrados. Problemas 1. Discuta em grupo as possíveis fontes de erro sistemático: calibração da trena e da frequência do gerador. Para cada instrumento faça uma estimativa da incerteza relativa. 2. Mostre que a incerteza da velocidade do som deve ser calculada por meio da seguinte fórmula: δv = v √( δa a )2 + ( δL L )2 . 3. Utilize o seu ajuste linear no tubo de Kundt (AA e AF) e estime: (a) os comprimentos de onda λn = v/fn = ( ± )m que correspondem aos modos n = 1, 2, 3. (b) as frequências fn = ( ± )Hz que correspondem aos harmônicos n = 10, 11, 12. 4. A velocidade do som no ar (a 1 atm) pode ser obtida de forma aproximada a partir da temperatura θ em graus ◦C: vref ≈ (331.3 + 0.606 θ) m/s . Utilize a medida da temperatura no laboratório θ = ( ± ) ◦C, e determine o valor de referência. (a) Determine a incerteza relativa da velocidade do som, δvA/vA; escreva-a em termos de porcentagem. A medição foi precisa? Justifique a sua resposta. (b) Calcule o erro erro percentual da medida, |vA − vref|/vref, e responda: A medição foi acurada? Justifique a sua resposta. (c) Repita os itens anteriores com a sua segunda estimativa vF para a velocidade. 5. A condição de contorno nas extremidades de um tubo aberto correspondem a uma aproxima- ção para a posição de um nodo de pressão. Uma análise detalhada Rayleight [1945] mostra que a extremidade efetiva de um tubo de seção reta circular de raio R encontra-se a 0.6R além da sua extremidade física, desde que a� λ. Meça o raio do tubo, R = ( ± ) cm, e faça essa correção no seu resultado (equação (6.2)). 7 Calor específico e calorimetria Objetivos • Aprender o método experimental de calorimetria; • Calibrar um calorímetro estimando sua capacidade térmica; • Estimar o calor específico de um metal com a técnica calorimétrica. Introdução A absorção de calor por uma substância pode ocorrer de duas maneiras: mantida a pressão ou mantido o volume constante. Nos dois casos, a quantidade infinitesimal de calor absorvido d¯Qp é proporcional a uma variação infinitesimal de temperatura, dθ: d¯Qp = Cpdθ ↔ ∆Qp = ∫ θf θi dθ Cp(θ) , (7.1) A relação de proporcionalidade acima é que define a capacidade térmica Cp de uma amostra a uma determinada temperatura. Considerando o primeiro caso, em que a pressão é mantida constante, e que se estará operando em intervalos de temperatura no qual Cp varia lentamente com a temperatura, é permitido expressar ∆Qp = Cp∆T . É possível explicitar a dependência da capacidade térmica em termos da quantidade de substância, como, por exemplo, em termos da massa: Cp = mcp, sendo cp chamado de calor específico à pressão constante. Considere a seguinte experiência (calorimetria): Uma amostra de massa mx feita de uma certo material com calor específico a pressão constante cx e inicialmente a uma temperatura θx é colocada no interior de um calorímetro com água a uma temperatura θi. De acordo com a primeira Lei da termodinâmica (conservação de energia), não deve haver qualquer variação da quantidade total de energia térmica armazenada num sistema isolado: ∆Qcal + ∆Qx = 0 ↔ (C +mca)(θf − θi) +mxcx(θf − θx) = 0 . (7.2) Note que a capacidade térmica total do recipiente com água é dada pela soma da capacidade térmica do calorímetro C com a da água mca. Admita que são conhecidos os valores de C e ca. Então, a partir das medidas diretas m, θi e θf é que se determina o calor específico cx da amostra: cx = (C +mca) mx (θi − θf ) (θf − θx) . (7.3) Veja que são necessárias cinco medidas diretas e outras duas indiretas: C e ca. Calorimetria 45 Procedimento experimental Material utilizado: Um calorímetro (copo plástico com outro de isopor no interior); termômetro de álcool; uma amostra metálica (cobre/alumínio/latão); porções de água; reservatório térmico com gelo; flanelas; Capacidade térmica do calorímetro: Para calibrar o calorímetro coloque uma porção m de água (cerca de 100ml) a temperatura ambiente dentro do mesmo. A amostra que será usada nessa etapa é também outra porção m′ de água inicialmente em contato com o gelo (θ0 ≈ 0 ◦C). Com isso, pode-se encontrar a capacidade térmica: (C +mca)(θf − θi) +m′ca(θf − θ0) = 0 ↔ C = [ m′ (θf − θ0) (θi − θf ) −m ] ca . (7.4) • Faça a medição da massa do calorímetro vazio, M0 = ( ± ) g. Repita a medida, agora com o calorímetro contendo uma quantidade m de água: M1 = ( ± ) g. • Faça a medição da temperatura do conjunto calorímetro e água; registre sua medida na forma usual, θi = ( ± ) ◦C. • Separe uma outra porção m′ de água (cerca de 100ml) que está em contato térmico com gelo, certificando-se de anotar a temperatura: θ0 = ( ± ) ◦C. Despeje essa porção dentro do calorímetro e o tampe. • Coloque o termômetro no interior do calorímetro e aguarde a temperatura estabilizar. Após o sistema atingir o equilíbrio térmico, faça a leitura da temperatura de equilíbrio do sistema. Apresente a medida na forma padrão: θf = ( ± ) ◦C. • Para finalizar utilize a balança para medir a massa total do sistema: M2 = ( ± ) g. Calor específico da amostra: • Faça a medição da massa do calorímetro vazio, M0 = ( ± ) g. Repita a medida, agora com o calorímetro contendo uma quantidade m de água: M1 = ( ± ) g. • Faça a medição da temperatura do conjunto calorímetro e água; registre sua medida na forma usual, θi = ( ± ) ◦C. • A amostra de massa mx que está em contato térmico com gelo deve estar em contato térmico com o reservatório de gelo: θx = ( ± ) ◦C. Coloque a amosta dentro do calorímetro e o tampe. • Coloque o termômetro no interior do calorímetro e aguarde a temperatura estabilizar. Após o sistema atingir o equilíbrio térmico, faça a leitura da temperatura de equilíbrio do sistema. Apresente a medida na forma padrão: θf = ( ± ) ◦C. • Faça a medida da massa da amostra: mx = ( ± ) g. 46 Manual de laboratório Análise de dados
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