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Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Odontologia Disciplina de Unidade Pré-Clínica I Doenças ocupacionais Prof. Rafael Guerra Lund CONCEITUAÇÃO DOENÇA DO TRABALHO “A adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.” Lei 8.213, de 24/07/1991, Art. 20 DOENÇA PROFISSIONAL “A produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. ” Lei 8.213, de 24/07/1991, Art. 20 CONCEITUAÇÃO CONCEITUAÇÃO ACIDENTE DO TRABALHO “É o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados (....) provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.” Lei 8.213, de 24/07/1991, Art. 19 DOENÇAS DE RISCO OCUPACIONAL NO EXERCÍCIO DA ODONTOLOGIA R. G. LUND – 2009 Cada profissão tem implicações características que podem trazer àqueles que a exercem patologias específicas, as doenças ocupacionais. CD Grupo de risco a diversas doenças Doenças infecciosas Doenças adquiridas por esforço repetitivo (LER ou DORT) DOENÇAS INFECCIOSAS Causadas por Vírus • Herpes (HSV1, HSV2, Herpes Zoster, Mononucleose infecciosa-EBV) • Hepatites (B, C) • AIDS • Doenças gripais • Doenças da infância (varicela, catapora, sarampo, caxumba, rubéola) DOENÇAS INFECCIOSAS Causadas por Bactérias • Sífilis • Tuberculose • Prevenção da transmissão da tuberculose na prática odontológica • Legionelose • Difteria Causadas por Fungos • Candidíase bucal Herpes: 8 tipos: Hepatites virais O que é hepatite??? Etiologias da hepatite... Virais: A a E Sintomas Hepatite: as hepatites virais, em especial B e C, encontram-se entre as doenças infecciosas ocupacionais que atuam em maiores índices de mortalidade dentre a classe odontológica. TRANSMISSÃO HEPATITE B / C PREVENÇÃO SANGUE E SALIVA CONTAMINADOS (ACIDENTES COM PÉRFURO-CORTANTES) EPI E VACINAS (3 doses) Sintomas 1. fadiga, 2. anorexia, 3. leve perda de peso, 4. mal-estar generalizado, 5. depressão, 6. cefaléia, 7. fraqueza, 8. dor articular (artralgia), 9. dor muscular (mialgia), 10.intolerância a luz (fotofobia), 11.náusea e vômitos, 12.alterações nos sentidos de paladar e olfato, 13.febre de 38,7ºC a 38,9ºC, 14.urina escura e, 15.fezes cor de barro (1 a 5 dias antes do início do estágio de icterícia clinica). Hepatite B Família: Hepadnavirus Gênero: Orthohepadnavirus VHB O genoma é constituído por DNA (ácido desoxirribonucleico), circular, fita dupla. Vírus envelopado: Antígeno de superfície: HB. Os primeiros sintomas são febre, mal-estar, desconforto, dores abdominais; mais tarde surgem icterícia, urina escura e fezes claras. Esta hepatite decorre sem sintomas em 90% dos casos. Sintomas - A hepatite aguda B é tratada com repouso. - Na hepatite crônica, usa-se o interferon durante seis a doze meses. - O tratamento com a lamivudina ou o adefovir, é outra terapêutica utilizada. O tratamento tem uma eficácia de 15 a 45 %. Tratamento Transmissão Através: - do contato com sangue contaminado - do contato sexual - da transmissão materno-fetal. - Evitar o contato com sangue infectado. - Usar sempre preservativo nas relações sexuais. - Cuidado com a colocação de piercings, a realização de tatuagens e de tratamentos de acupuntura, se os instrumentos utilizados não estiverem esterilizados. - Os familiares de um portador deste vírus devem fazer a vacina contra a hepatite B. - Existe uma vacina contra a hepatite B desde 1981 que tem uma eficácia de 95%. - É administrada em três doses e pode ser tomada por todos, desde que não estejam já infectados com o VHB. - Os filhos de mães portadoras, são vacinados ao nascer. Vacina Família: Flaviviridae VHC O genoma é constituído por RNA (ácido ribonucleico) fita simples. Descoberto em 1989. Hepatite C Virions esféricos: 40-60nm de diametro. Icosaédrico envelopado. Inativados por solventes orgânicos e detergentes. Vias de transmissão relacionadas ao sangue e hemoderivados, agulhas, luvas e equipamentos. Incubação é de 2-4 meses. Infecção subclínica. 10% doença branda. Cirrose e câncer hepático Características A doença atinge o fígado e tem uma evolução lenta e silenciosa Dicas de prevenção - Levar seu próprio material (alicate, espátulas etc...) quando for à manicure. - Ao fazer tatuagens, piercings e acupuntura, certificar-se de que o lugar está em rigor com a Vigilância Sanitária e que todo o material é descartável. - Assegurar-se de equipamentos descartáveis, esterilizados . - Não usar drogas injetáveis, nem compartilhe seringas. - Profissionais de saúde devem sempre tomar cuidado no manuseio de sangue e utilizar todos os materiais de segurança: luvas, máscara e óculos de proteção. - Ao contrário das hepatites A e B, a do tipo C não possui vacina. - Vacine-se contra hepatite B e A se for susceptível a elas. AIDS: A possibilidade de transmissão durante um acidente pérfuro-cortante com sangue sabidamente contaminado é baixa, variando de 0,05 a 0,1%, ou seja, de 1 chance em mil a 5 chances em um milhão. Lesões bucais fortemente associadas com infecção pelo HIV: - Candidíase eritematosa/pseudomembranosa - Leucoplasia pilosa - Sarcoma de Kaposi - Linfoma Não-Hodgkin - Doença periodontal: - Eritema gengival linear - Gengivite (ulcerativa) necrosante - Periodontite (ulcerativa) necrosante Tratamento: coquetel de anti-retrovirais HIV: AIDS ETIOLOGIA Família Retroviridae Subgrupo Lentivirus – infecção lenta Vírus RNA fita simples Polaridade + Com envelope (gp120 e gp41) TRANSMISSÃO - Sexual - Contato heterosexual e homosexual - Presença do vírus no líquido seminal e vaginal (linfócitos e monócitos) - Contato anal – inoculação direta (traumatismo) - infecção de células susceptíveis - Homem p/ mulher – 8x - Mulher p/ homem - Outras DST aumentam risco – HIV - Oral? TRANSMISSÃO – Sangue - Transfusões - Produtos sanguíneos - Transplante de órgão e tecidos - Fômites - seringas -EUA – 1970 a 1985 – 10.000 pessoas infectadas por tranfusões e tranplantes TRANSMISSÃO – Labotarório - Para ocorrer deve haver grande quantidade de sangue contaminado ou ser diretamente inoculado via intravenosa ou corte profundo (quantidade de vírus) - HIV – 0,3% - HBV – 6 a 30% - HCV – 1,8% - Pele? Necessita grande quantidade, lesão Dentista - instrumentos Cirurgião ortopédico Enfermeira - paciente cirurgico TRANSMISSÃO – Materno-fetal - Países em desenvolvimento forma mais comum Proporção de mulheres e homens é de 1:1 - 1º e 2º trimestre de gestação ou perinatal -Taxa de transmissão ao feto 15 – 25% países industrializados 25 – 35% países em desenvolvimento - 552 gestantes s/ profilaxia < 1.000 cópias/ml sangue – 0% 1.000 – 10.000 cópias/ml sangue – 16,6% 10.001 – 50.000 cópias/ml sangue – 21,3% 50.001 – 100.000 cópias/ml sangue – 30,9 > 100.000 cópias/ml sangue – 40,6% TRANSMISSÃO – outros fluídos - Saliva? - Mosquitos? Sífilis secundária • „sifílides‟ Sífilis “bonita” Sífilis terciária Sífilis congênitaSífilis congênita Treponema pallidum Sífilis: TRANSMISSÃO Contato direto com lesões de: -Lesões de Pele -Mucosas -Fluidos -Secreções -Beijo -Transfusão sangüínea -Contato de ulcerações de pele Tratamento: antibióticos e quimioterápicos Tuberculose: transmissão principalmente por aerossóis. O profissional com deficiências imunitárias deve se preocupar especialmente realizando tratamento em lugar arejado com evacuação do ar para o lado de fora. Importante: Princípios básicos de Biossegurança! Arx & Husain, 2001 Todos os objetos semi-críticos tais como moldeiras de plástico, utensílios manuais, espelhos e determinados aparelhos devem ser submetidos a um nível alto de desinfecção. Em relação a objetos não-críticos, tais como controles da cadeira do dentista, pegas e luz da cadeira devem receber pelo menos um nível intermédio de desinfecção, ex: compostos fenólicos. Legionelose: Tem sido sugerida como agente contaminante da água de reservatórios e da tubulação dos equipamentos odontológicos, podendo causar a “doença dos legionários”, que se apresenta como uma forma grave de pneumonia. Candidíase bucal: Caracteriza-se por manchas brancas, podendo estar localizadas na língua, gengiva, palato duro, comissuras labiais e bochechas, e ser disseminada pelo organismo. Verifica-se hoje um aumento na presença de candidíase sistêmica em pacientes sob tratamento de imunodepressores, ou de antibioticoterapia prolongada, assim como em portadores de HIV. DOENÇAS ADQUIRIDAS POR ESFORÇO REPETITIVO • LER: São lesões nos músculos e articulações causadas por uma má postura durante o trabalho ou por realizar movimentos repetitivos durante um longo período de tempo, sem intervalo. • DORT: Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho DORT LER Mais brando Fácil tratamento Mais grave Difícil tratamento Evolui para • Postura inadequada: 70% dos CD queixam-se de alguma dor. Pescoço Costas Ombros •Micromotor: Problemas auditivos e osteomusculares (vibração). Formas clínicas • As LER abrangem diversas patologias, sendo que as mais conhecidas são: Tenossinovite, Bursite, Tendinite, Cervicobraquialgia, Epicondilite, Síndrome do Túnel do Carpo, Síndrome do Túnel Ulnar e Síndrome do Redondo Pronador. • Embora atinjam principalmente os membros superiores: Mãos, Punhos, Braços, Antebraços, Mãos e Coluna Cervical, as LER podem afetar o ser humano como um todo. • O principal, seria o desrespeito aos fatores ergonômicos e antropométricos, além de repetitividade de movimentos, manutenção de posturas inadequadas por tempo prolongado, esforço físico, invariabilidade de tarefas, pressão mecânica sobre determinados segmentos, trabalho muscular estático, vibração e frio. Sintomatologia • As ocorrências dos sintomas, concomitantes ou não, varia de acordo com o estágio em que se encontram as LER. Comumente o profissional apresenta dor, parestesia, edema, sensação de peso, fadiga de aparecimento insidioso, geralmente no membros superiores e perda da força muscular. • A conjunção destes fatores, somados aos aspectos psicossomáticos, fazem com que a vida pessoal e profissional seja afetada. • É muito comum a queda da perfomance profissional no trabalho, por vezes causando o afastamento temporário das atividades laborais. Tratamento • É consenso entre os especialistas, que quanto mais precoce o início do tratamento, tanto mais favorável será o prognóstico. • Ainda, segundo GREEN, BRAUN (1963), os dentistas apresentam a seguinte problemática: - sentam ou permanecem em pé durante longos períodos de tempo - flexionam excessivamente a cabeça - freqüentemente mantêm os cotovelos a uma altura acima do ombro • o mau posicionamento da mesa auxiliar obriga-os a estender o braço e a mão para alcançar os objetos de trabalho • quando trabalham em pé, tendem a se apoiar quase sempre no mesmo membro inferior e, quando sentados, posicionam- se na beirada dos bancos, não havendo apóio da coluna dorso-lombar. • Estes fatores, somados ao baixo gasto energético, a falta de oportunidade para pausas de repouso satisfatórias, a imobilidade relativa e o uso de grandes grupos de músculos para manter a posição de trabalho, podem causar as LER/DORT. O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra. (Aristóteles) Tratamento e prevenção Boa relação dos profissionais de saúde com o trabalhador. Medicamentos analgésicos e antiinflamatórios , psicotrópicos. Abordagem dos aspectos psicossociais da LER e do sofrimento mental que cada paciente apresenta é muito úteis no processo reabilitacional. Equipe multiprofissional. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora 17. Dimensionamento adequado do posto de trabalho, os equipamentos e as ferramentas, as condições ambientais e a organização do trabalho. RELAÇÃO LER/DORT COM A SAÚDE BUCAL Bianchi, (2001), realizou um trabalho para avaliar a capacidade de higiene bucal em portadores dessa doença, deixando claras as relações da LER/DORT com a saúde bucal. Quanto aos problemas encontrados durante a rotina diária, AVD, (atividades de vida diária) 71,1% referiram dificuldades para escovar os dentes. Altos índices de placa bacteriana nos pacientes examinados, com valor médio de 79,96%. Grande risco de desenvolverem problemas bucais, especialmente doenças periodontais, agravando ainda mais um quadro onde a media de dentes ausentes se encontrada foi em torno de 46,25%. Características que faz possível uma relação entre DTM e LER/DORT. As duas atingem o sistema músculo esquelético. Fatores como postura e estresse são relacionadas em ambas. Anodinia: sensibilização maior de uma determinada área é comum em ambas. LER/DORT e DTM são comuns em determinados tipos de ocupações. É feita nesses termos, uma possível associação da LER/DORT com a DTM, para tanto se faz necessário outro estudo para comprovar a verdadeira relação entre as duas e com isso avançar através das perícias odontológicas os diagnósticos de LER/DORT. RUÍDO EXCESSIVO E OS PROFISSIONAIS DA ODONTOLOGIA Nível de pressão sonora de um consultório odontológico: Uma análise ergonômica • O ruído é classificado como qualquer sensação sonora indesejada para o organismo humano. • Os efeitos do ruído na audição podem ser divididos em três categorias: • 1- Alteração Temporária do Limiar do Auditivo • 2- Alteração Permanente do Limiar Auditivo e • 3- o Trauma Acústico. • De acordo com a Legislação do trabalho (1986) o limite máximo de tolerância de ruído em 8 horas de trabalho é de 80 dB. Para Naressi (1983), os ruídos devem situar-se entre 60 e 70 dB, entre 70 e 80 dB aumenta a sensação de desconforto e acima de 90dB há um grande risco para a acuidade auditiva .
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