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* CAPÍTULO 14 SUPERLARGURA EM RODOVIAS * INTRODUÇÃO As normas, manuais ou recomendações de projeto geométrico estabelecem as larguras mínimas de faixas de trânsito a adotar para as diferentes classes de projeto, levando em consideração aspectos de ordem prática, tais como as larguras máximas dos veículos de projeto e as respectivas velocidades diretrizes para projeto. As larguras de faixas de trânsito são fixadas com folgas suficientes em relação à largura máxima dos veículos, de modo a permitir não apenas a acomodação estática desses veículos, mas também suas variações de posicionamento em relação às trajetórias longitudinais, quando trafegam nas faixas, nas velocidades usuais. * Num trecho em tangente, teoricamente, um veículo de comprimento "b", pode manter um de seus lados paralelo e coincidente com o balizamento central da pista: Nessas condições, o veículo ocupará parte da faixa de trânsito, restando um excesso de largura "a", que é constante, qualquer que seja a posição do veículo dentro da faixa: Ve�culo� Pista� a� Faixa de Tr�fego� Balisamento Central� b� * Assim, nos trechos em tangente, os usuários de uma rodovia contam com uma certa liberdade de manobra no espaço correspondente a sua faixa de trânsito, o que lhes permite efetuar pequenos desvios e correções de trajetória para ajustes de curso, conferindo-lhes uma certa condição de fluidez ao trafegar na rodovia. Dessa forma, a diferença constante "a" entre a largura da faixa de trânsito e a largura do veículo, constitui a chamada folga e é um fator de conforto e segurança. Nos trechos em curva, no entanto, essa condição é alterada, devido a dois fatores principais: quando descrevem trajetórias curvas, os veículos ocupam fisicamente espaços laterais maiores do que as suas próprias larguras; devido a efeitos de deformação visual, causados pela percepção da pista em perspectiva, e devido às dificuldades naturais de um veículo pesado em trajetória curva, os trechos em curva horizontal provocam aparência de estreitamento da pista à frente dos usuários, provocando sensação de confinamento. * * Com a finalidade de compensar esses fatores, os trechos em curva podem ser alargados, de forma a oferecer aos usuários melhores condições de continuidade quanto à sensação de liberdade de manobra ou melhores condições de fluidez, no que diz respeito à disponibilidade de largura de faixa de trânsito. SUPERLARGURA (ou SOBRELARGURA) “S” * As superlarguras são calculadas considerando sempre veículos de maior porte, não tendo sentido o cálculo de superlarguras para veículos tipo VP, pois mesmo uma rodovia projetada para esse tipo de veículo de projeto deverá permitir, ocasionalmente, a passagem de um veículo de maior porte. O veículo básico para a determinação da superlargura a adotar numa concordância horizontal é o veículo tipo CO, pois os demais tipos de veículos, para os raios de curvas convencionais e velocidades diretrizes normais, operarão satisfatoriamente com as superlarguras projetadas para atender ao veículo tipo CO. Em casos especiais, os cálculos poderão ser efetuados ou verificados para outros tipos de veículos. * METODOLOGIA ATUALMENTE ADOTADA PELO DNER PARA CÁLCULO DA SUPERLARGURA Pela metodologia usada atualmente pelo DNER, a superlargura é obtida calculando a largura total da pista necessária no trecho curvo, para o veículo de projeto adotado (geralmente o veículo CO), deduzindo a largura básica estabelecida para a pista em tangente, segundo a seguinte fórmula: onde: S = superlargura total da pista; LT = largura total em curva da pista de 2 faixas de tráfego; LB = largura básica da pista em tangente. * O valor de LT é calculado pela fórmula: onde: Gc = gabarito estático do veículo em curva; GL = folga lateral do veículo em movimento; GF = acréscimo devido ao balanço dianteiro do veículo em curva; FD = folga dinâmica, determinada de forma experimental e empírica. * CÁLCULO DO Gc * L - acréscimo devido à diferença na trajetória das rodas dianteiras e traseiras. Ainda de acordo com a figura pode-se ver que: Então: No triângulo BCO da figura anterior: R2 = b2 + (R - L)2 Assim: * Desenvolvendo o radical segundo o binômio de Newton e desprezando-se os valores muito pequenos, obtém-se uma expressão mais simples: Desta maneira, a Equação anterior resulta em: onde: L = largura física do veículo, em metros; b = distância entre eixos, em metros; R = raio da curva, em metros. * VALORES DE GL Os valores do termo GL são adotados em função da largura da pista de rolamento em tangente (LB), de acordo com a Tabela 1. Tabela 1: Valores de GL Fonte: PONTES FILHO (1998) * CÁLCULO DO GF Aplicando a lei dos cossenos no triângulo ABO, temos: O valor de cos pode ser calculado considerando o triângulo retângulo ACO: * A Equação anterior é uma equação do segundo grau da forma: Assim: * e que pode ser resolvida usando a Fórmula de Báskara, chegando-se a: onde: R = raio da curva, em metros; F = balanço direito do veículo, em m; b = distância entre eixos, em metros. * FOLGA DINÂMICA (FD) Para compensar as dificuldades naturais de manobra em curva e as diferenças entre as características de operação dos motoristas, considera-se para a pista (independentemente do número de faixas de trânsito) um acréscimo de largura, denominado Folga Dinâmica (FD). A Folga Dinâmica FD é obtida empiricamente em função da velocidade e do raio de curvatura, dada pela equação seguinte: * Fazendo as devidas substituições, a fórmula geral para cálculo da Superlargura é a seguinte: onde: S = superlargura, em metros; L = largura física do veículo, em metros; b = distância entre eixos, em metros; F = balanço direito do veículo, em m; R = raio da curva, em metros; V = velocidade diretriz, em km/h; GL = folga lateral do veículo em movimento, em metros; LB = largura básica da pista em tangente, em metros. * Para caminhões e ônibus convencionais de dois eixos e seis rodas, não articulados (veículos CO), os valores adotados para projeto são: L = 2,60 m; b = 6,10 m; F = 1,20 m. Em pistas com largura básica (LB = 7,20 m) e adotando o veículo CO como veículo de projeto, a Equação da Superlargura fica reduzida a: * Para veículos comerciais articulados, compostos de uma unidade tratora simples e um semi-reboque (veículo SR), os valores adotados para projeto são: L = 2,60 m; b = 10,00 m; F = 0,90 m. Em pistas com largura básica LB = 7,20m e adotando o veículo SR como veículo de projeto, a Equação da Superlargura fica reduzida a: * A fórmula para cálculo da Superlargura anteriormente adotada pelo DNER e utilizada em alguns países, denominada de VOSHELL-PALAZZO é a seguinte: S = Superlargura, em metros; n = número de faixas de tráfego de uma pista; R = Raio de curvatura do eixo da pista, em metros; V = velocidade diretriz, em km /h; b = distância (em metros), entre os eixos da parte rígida do veículo (muito comum a adoção de 6 m). * CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE SUPERLARGURA Deve ser observado que a necessidade de superlargura aumenta com o porte do veículo e com a redução da largura básica da pista em tangente. A Tabela abaixo apresenta os valores dos raios acima dos quais é dispensável a superlargura. * Em coerência com a ordem de grandeza das larguras de pista usualmente adotadas, os valores teóricos da superlargura devem, na prática, ser arredondados para múltiplos de 0,20 metros. Considera-se apropriado um valor mínimo de 0,40 metros para justificar a adoção da superlargura. Valores menores podem ser desprezados. Para pistas com mais de duas faixas, o critério recomendado pelo DNER consiste em multiplicar os valores da superlargura por 1,25 no caso de pistas com três faixas de tráfego, e por 1,50 no caso de pistas com quatro faixas. * SUPERLARGURA EM UMA CURVA COM TRANSIÇÃO EM ESPIRAL * DISTRIBUIÇÃO DA SUPERELEVAÇÃO E SUPERLARGURA EM UMA CURVA COM TRANSIÇÃO EM ESPIRAL * EXEMPLOS EXEMPLO 1: Calcular a superlargura necessária numa curva, dados: Raio = 400 m; Largura básica = 7,20 m; V = 100 km/h. Adotar Veículo SR. Raio = 300 m; Largura básica = 7,20 m; V = 90 km/h. Adotar Veículo CO. * EXEMPLO 2: Calcular a superlargura, sendo dados os seguintes elementos: Largura do veículo: L = 2,60 m; Distância entre os eixos do veículo: b = 6,00 m; Distância entre a frente do veículo e o eixo dianteiro: F = 1,00 m; Raio da Curva: R = 250 m; Velocidade de Projeto: V = 80 km/h; Faixas de tráfego de 3,5 m; Número de faixas de tráfego: 4 * REFERÊNCIAS ANTAS, P. M. et al. (2010). Estradas: projeto geométrico e de terraplenagem. Editora Interciência, Rio de Janeiro, RJ, 264p. LEE, Shu Han (2005). Introdução ao projeto geométrico de rodovias. Editora da UFSC, Florianópolis, SC. 430p.
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