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CRIMES CONTRA A PESSOA aula 7

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CRIMES CONTRA A PESSOA
Aula 7
(ESSA MATÉRIA SÓ SERÁ AVALIADA NA NP2)
 I -DOS CRIMES CONTRA A VIDA (art. 121 e ss CP)
1- HOMICÍDIO simples (art. 121, caput CP) - Conceito: é a eliminação da vida de alguém por outrem.
a) Bem jurídico Tutelado: é a vida humana sem distinção da capacidade física e mental das pessoas.
a.1) Marco inicial da vida para fins de homicídio: com o início do parto; com o rompimento do saco amniótico. Basta a vida, não importando a capacidade de viver. Se a destruição da vida for antes do parto, será crime de aborto, se for após o parto e provocado pela mãe em estado puerperal, será infanticídio.
b) Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, pois é crime comum e não requer nenhuma condição especial do sujeito.
OBS: Nunca será sujeito ativo do homicídio a própria vítima, pois não se pune o suicídio.
c) Sujeito passivo: qualquer ser vivo nascido de mulher.
OBS: Quando o sujeito passivo for o Presidente da República, o Presidente do Senado, da Câmara ou do STF, o crime de homicídio será contra a segurança nacional (art. 29, lei 7170/83). Quando a vítima for menor de 14 anos a pena será majorada em 1/3.
d) Tipo objetivo: “matar alguém”. É toda a ação ou omissão destinada a eliminar a vida de outrem.
OBS: Extermínio: é a matança generalizada; é a eliminação da vida alheia pelo fato de se pertencer a determinado grupo, classe social ou raça. Caracteriza-se a ação de extermínio mesmo que seja morta uma única pessoa, desde que a ação seja impessoal, isto é, decorra do preconceito em virtude de grupo étnico, social, econômico, racial, etc..
2- Homicídio Privilegiado (art. 121, § 1º CP): trata-se de uma minorante da pena (causa de diminuição) e não alteram a tipicidade do crime e, portanto, não se comunicam em caso de concurso de pessoas (art. 30, CP).
a) impelido por motivo de relevante valor social: é aquele de interesse coletivo; a motivação fundamenta-se no interesse de todos os cidadãos.
Ex: matar o assassino do Presidente da República
b) impelido por motivo de relevante valor moral: é o valor superior, enobrecedor do cidadão; diz respeito à moral média e a individualidade de princípios éticos do sujeito.
Ex: matar o estuprador da filha
Obs: o motivo social ou moral deverá ser relevante, importante, notável e digno de apreço. Essa valoração deverá ser feita de acordo com a moral média da sociedade, ou seja, a moral objetiva e não a opinião individual do agente.
c) sob o domínio de violenta emoção: é a emoção intensa, violenta e que seja capaz de reduzir quase que por completo a escolha e o autocontrole do agente. O sujeito precisa ficar dominado pela emoção e deve agir sob o ímpeto do choque emocional logo em seguida a injusta provocação da vítima.
OBS: a mera influência da violenta emoção é atenuante genérica (art. 65, III, c, CP) e não há necessidade de que a ação seja logo em seguida a injusta provocação.
OBS: a provocação deve vir da própria vítima e deve ser injusta, mas não precisa ser ilícita, basta ser injustificada. A provocação injusta é diferente da agressão injusta, pois se a provocação for legítima não cabe a privilegiadora. Se houver agressão por parte da vítima poderá configurar legítima defesa.
 
OBS: imediatidade entre a provocação e a reação: “logo em seguida a injusta provocação da vitima”; a reação sob o domínio da violenta emoção deve ser quase imediata.
OBS: As privilegiadoras do § 1º não concorrem com as qualificadoras de natureza subjetiva, mas poderão concorrer com as objetivas.
OBS: As privilegiadoras são quesitos de defesa e devem ser suscitadas antes das circunstâncias agravantes. Se a privilegiadora for reconhecida a redução é obrigatória, ficando somente o quantum de diminuição a critério do juiz presidente do júri. Súm. 161 STF.
OBS: Não é possível homicídio simples hediondo e privilegiado. 
3- Homicídio qualificado (art. 121, § 2º CP): 
a) MOTIVOS: 
- Mediante paga ou promessa de recompensa: é o homicídio mercenário e é uma modalidade de torpeza especificada.
(paga): o agente recebe antes de praticar o homicídio
(promessa de recompensa): há só uma expectativa de paga.
OBS: em ambos os casos responde por homicídio o que recebe e mata e aquele que pagou ou prometeu a recompensa (concurso necessário- autoria bilateral).
OBS: O mandatos gratuitos não qualificam o crime e também os benefícios posteriores não acordados previamente.
- Motivo torpe: é o motivo repugnante, vil, ignóbil, que repugna a consciência média. O motivo torpe não coexiste com o fútil. A torpeza afasta a futilidade.
OBS: Ciúme não é motivo torpe.
OBS: A vingança pode ou não ser motivo torpe.
Ex: mata a amiga por que quer ficar com o namorado dela; mata o professor de direito penal por ter ido mal na prova, caso Pimenta Neves, etc..
OBS: Os motivos não se comunicam no caso de concurso de pessoas, pois são de caráter individual.
- Motivo Fútil: é o motivo insignificante, banal, desproporcional em relação a sensibilidade moral média. Vingança não é motivo fútil nunca.
Ex: mata por que o amigo mexeu com a namorada em danceteria; mata uma criança porque jogou pedra em sua casa, mata fulano, pois este o chamou de gay, etc..
OBS: A ausência de motivo não é motivo fútil. Quem mata sem motivo incide a qualificadora em função da reserva legal.
B) MEIOS: 
- Emprego de veneno com dissimulação: o emprego de veneno só qualifica o crime se for usado mediante dissimulação, estratagema, cilada. É um meio insidioso excepcional e está vinculado ao seu uso por dissimulação.
Ex: mulher que põe veneno na comida do marido sem este saber.
Obs: Veneno: é toda a substância, biológica ou química, que, introduzida no organismo, pode produzir lesões ou causar a morte. Para fins penais, veneno é qualquer substância, vegetal, animal ou mineral que tenha idoneidade para provocar lesão ao organismo humano. Uma substância aparentemente inofensiva pode assumir a condição de veneno dependendo das condições pessoais da vítima.
Ex: oferecer camarão a pessoa que se saber ser alérgica a frutos do mar, sem esta saber que se trata de camarão.
OBS: A introdução forçada do veneno na pessoa ou com seu conhecimento não qualifica o crime pelo emprego de veneno, mas poderá caracterizar meio cruel, se tiver por objetivo causar sofrimento à vítima.
Ex: matar alguém obrigando a ingerir soda cáustica.
OBS: Para a incidência da qualificadora há necessidade de prova pericial (art. 158, CPP).
- Emprego de fogo ou explosivo: Fogo: é a utilização de combustível inflamável seguido do ateamento do fogo. Explosivo: é o uso de qualquer mecanismo que implique em explosão: dinamite, molotov, nitroglicerina, bomba caseira, etc..
OBS: o fogo pode constituir meio cruel ou meio que pode resultar perigo comum, dependendo das circunstâncias. Ex: fogo como meio cruel: caso dos mendigos, em que o fogo é usado para matar com sofrimento.
- Emprego de asfixia: é o impedimento da função respiratória com a falta de oxigênio no sangue.
Tipos de asfixia: 
a) •Terminais: conseqüentes a várias doenças que diminuem a área respiratória.
Exs: pneumonias agudas, edemas pulmonares, enfisemas, tumores, laringite diftérica etc.
b) •Primitivas: são aquelas em que o agente atua diretamente numa das partes do aparelho
respiratório.
b.1) Mecânicas: Constrição no pescoço (Enforcamento – laço acionado pelo peso da vítima, estrangulamento – laço por força externa e esganadura – mãos do agressor) sufocação (direta- obstrução da via aérea superior e indireta – mau funcionamento da caixa torácica), afogamento, confinamento e soterramento.
b.2) Tóxica: gases tóxicos.
1. Enforcamento: "É a asfixia mecânica em que existe impedimento a livre entrada e saída do ar no aparelho respiratório por uma constrição no pescoço feita por laço que é acionado pelo peso da própria vítima".
- MODO DE EXECUÇÃO: preso o laço no seu pontode apoio e passando ao redor do pescoço da vítima e esta projetada no espaço.
a) Natureza do laço: gravata, lenço, toalha, cinta, fio de arame, ramos de árvore (cipó).
b) Nó: pode faltar, corrediço, frouxo, situado adiante, atrás ou em ambos os lados.
c) Ponto de suspensão: prego, batente da porta, porta entre aberta, ramo de árvore.
d) Modo de suspensão do laço: completa e incompleta.
-PROGNÓSTICO:
a) Fenômenos que ocorrem durante o enforcamento:
- Dor local
- Interrupção da circulação cerebral: Zumbido, Calor na Cabeça, Sopros no Ouvido, Perda da
Consciência.
- Fenômenos respiratórios (anoxemia, hipercapnéia, convulsões) Parada respiratória e cardíaca (morte).
- Local: Dor, Afonia, Disfagia, Fenômeno de Congestão Pulmonar.
-Gerais: Convulsões, perturbações da consciência, amnésia e paralisia da bexiga.
b) Tempo necessário para morte:
Varia de acordo com as condições de cada caso. Em geral de 5' a 10'.

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