Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prazo de Validade 479 Capítulo 10 - Prazo de Validade 1. Discussão de Critérios para Determinação do Prazo de Validade em Preparações Magistrais Pelo fato das preparações magistrais serem produzidas para a administração imediata ou após curto período de armazenagem, seus prazos de validade podem ser estabelecidos, utilizando-se cri- térios diferentes daqueles aplicados para determinar a validade do produto farmacêutico manufaturado (industrializado) - USP 24. Em- bora para o produto manipulado subentenda-se que o mesmo será utilizado logo após o aviamento da prescrição e somente durante o tempo de tratamento, ele precisa se manter estável durante todo este tempo. A dificuldade de se estabelecer prazo de validade para prepa- rações farmacêuticas magistrais reside em alguns aspectos específi- cos inerentes à produção artesanal e unitária na farmácia com ma- nipulação, tais como: diversidade de formulações, associações de ativos, formulações específicas e personalizadas (preparação única sem similar) para atender a necessidade de um paciente, diversos excipientes e veículos utilizados, equipamentos e tecnologia farma- cêutica aplicáveis a uma produção unitária de medicamentos e fato- res econômicos que por si só justificaria a não realização de com- plexos estudos de estabilidade necessários para determinação do prazo de validade de medicamentos. Todavia, existem meios racio- nais e científicos, embora não exatos, de se presumir de maneira aproximada a validade de uma preparação farmacêutica magistral. Podemos citar alguns critérios e meios para se presumir de uma maneira cientificamente aceitável, o prazo de validade em formulações magistrais: o conhecimento das características quími- cas e físicas do(s) princípio(s) ativo(s) da formulação e do veículo ou excipiente, a forma farmacêutica empregada, os fatores que influ- enciam a velocidade de degradação química das drogas, a compati- bilidade entre ativos e destes com o veículo ou excipiente, compa- tibüidade da formulação com o material de embalagem, condições de armazenamento proposta, a realização de estudos de estabili- dade para as formulações magistrais com maior frequência de pres- crições e portanto consagradas, pesquisa e acervo de bibliográfico com estudos de estabilidade realizados em preparações magistrais. Para a melhor compreensão, faz-se necessário definir alguns termos relacionados: • Prazo de validade: é a data após a qual a preparação farmacêu- tica manipulada não deverá ser usada, é determinada a partir da 480 Capítulo 10 - Prazo de Validade data da preparação do produto (USP-XXIV). • Estabilidade: é a extensão de tempo na qual o produto mantém, dentro de limites especificados, através do período de armaze- namento e uso, as mesmas propriedades que possuía no momento da sua fabricação (USP-XXIV). Tipicamente, estes termos indicam o período para o qual um mí- nimo de 90% em relação ao valor de teor da droga (princípio ativo), que permanece intacto e disponível para cumprir sua ação terapêu- tica. A estabilidade e compatibilidade são elementos críticos na precisa e apropriada administração de medicamentos ao paciente. 1.1. Tipos de Estabilidade aplicados a produtos farma- cêuticos: 1.1.1. Estabiiidade química: Cada ingrediente ativo contido na preparação, mantém sua integridade e potência rotulada, dentro de limites especificados. 1.1.2. Estabilidade física: As propriedades físicas originais, incluindo aparência, pala- tabilidade, uniformidade, suspendabilidade (aplicável a suspensões) são mantidas. 1.1.3. Estabilidade microbiológica: A estabilidade microbiológica ou resistência ao crescimento microbiano é mantida de acordo com os requerimentos especifica- dos e aplicação do produto. Os agentes antimicrobianos que estão presentes mantêm sua efetividade dentro de limites especificados. 1.1.4. Estabilidade Terapêutica: 0 efeito terapêutico (farmacodinâmica) permanece inaltera- do. 1.1.5. Estabilidade toxicológica: Não ocorre nenhum aumento significante da toxicidade. 481 Capítulo 10 - Prazo de Validade 2. Mecanismos mais comuns de degradação química dos fármacos: Existem vários mecanismos de degradação das moléculas dos fármacos, todavia os processos de instabilidade mais cotmuns são por oxidação, hidrólise, redução, fotólise ou fotodegradação e racemi- zação e epimerização. Embora muitos processos de degradação química de fárma- cos possam ser observados através de mudanças de cor, formação de precipitados e evolução de gases, a maioria das incompatibilida- des químicas resultantes de interações que promovem alterações ou rearranjos moleculares não são visivelmente observáveis. A degradação química de fármacos pode ocorrer por diferen- tes mecanismos: 2.1. Oxidação: Quimicamente a oxidação envolve a perda de elétrons de um átomo ou de uma molécula. Cada elétron perdido é aceito por al- gum outro átomo ou molécula, de tal modo a promover a redução do átomo ou molécula recipiente. Em compostos inorgânicos a oxi- dação é acompanhada por um aumento da valência de um elemento - por exemplo o íon ferroso ( Fe*2) em íon férrico (Fe*3). Em compos- tos orgânicos o processo oxidação frequente envolve a perda de hidrogênio (dehidrogenação). A deterioração de drogas por oxidação requer a presença de oxigênio e procede sob determinadas condi- ções. 0 oxigênio existe não só sobre a forma de oxigênio molecular 02, mas também na como um diradical 0 - 0 . Esta espécie de radi- cal possui 2 elétrons desemparelhados, os quais podem iniciar rea- ções em cadeia resultando a quebra das moléculas de droga, parti- cularmente se a reação ocorre na presença de catalisadores tais como a luz, calor, alguns íons de metais e peróxidos. A oxidação é o processo onde um átomo aumenta o número de ligações dele com o oxigênio, decréscimo do número de ligações com hidrogênio e perda de elétrons. A Autoxidação é uma reação espontânea que acontece sob condições ambientais de exposição ao oxigênio atmosférico. Com- postos fenólicos tais como aminas simpaticomiméticas são rapida- mente oxidadas em pH neutro ou alcalino. Esta reação ocorre muito mais lentamente em pH menor que 4,0. Para o controle deste pro- 482 Capítulo 10 - Prazo de Validade cesso de degradação são normalmente empregados agentes antio- xidantes e sequestrantes. 2.1.1. Classes de drogas susceptíveis à oxidação A. Substâncias Fenólicas: morfina, fenilefrina, catecolaminas (ex. adrenalina, noradrenalina), hidroquinona, resorcinol, paracetamol, salbutamol. B. Aminas aromáticas. C. Compostos poiinsaturados: óleos, gorduras, vitaminas lipossolú- veis (ex. vitamina A, E), ác. Retinóico, isotretinoína. D. Fenotiazínicos (tioéteres): clorpromazina, prometazina, trifluo- perazina, tioridazina, flufenazina. E. Substâncias esteroidais: corticosteróides. F. Estatinas: lovastatina, pravastatina, sinvastatina, etc. G. Antidepressivos tricíclicos: imipramina, amitriptilina, etc. H. Outras substâncias: Vitamina C, anfotericina B, nitrofurantoína, tetraciclina, furosemida, ergotamina, sulfacetamida, captopril. 2.2. Hidrólise A hidrólise é um processo de solvólise no qual a molécula de uma substância interage com moléculas de água degradando-a. A hidrólise geralmente envolve o ataque pela água das ligações lábeis de moléculas da droga dissolvidas, resultando em mudanças molecu- lares. 0 processo hidrolítico é provavelmente a causa mais impor- tante e frequente de degradação de fármacos, devido ao grande número de fármacos com grupamentos funcionais susceptíveis à hidrólise, tais como os ésteres e amidas. 2.2 .1 . Classes de drogas susceptíveis à hidrólise A. Ésteres: ex. ácido acetilsalicílico, procaína, benzocaína, atropi- na.^ B. Ésteres ciclicos ou lactonas: ex. warfarina,nistatina, digoxina, digitoxina, pilocarpina, ácido ascórbico. C. Tioésteres: ex. espironolactona. D. Amidas: ex. nicotinamida, paracetamol, procainamida. E. Imidas: ex. fenitoína, barbitúricos, riboflavina. F. Amidas cíclicas (anéis tipo lactâmicos): ex. penicilinas, cefalos- ponnas. 483 Capítulo 10 - Prazo de Validade G. Carbamatos (uretanos): ex. carbachol, neostigmina, carbimazol. H. Acetal: digoxina, aldosterona. I. Tioacetal: lincomicina, clindamicina. J. Ésteres sulfato: heparina. K. Ésteres fosfato: fosfato sódico de hidrocortisona, triclofos sódico. L. Iminas (azometina ou base de Schiff): diazepam, pralidoxima. 2.3. Dehidratação: Assim como a umidade (presença de água) favorece a degra- dação de várias moléculas de fármacos, promovendo a instabilidade destas ou da forma farmacêutica que as contêm, a remoção da água de uma molécula da droga ou do produto pode ser considerado um processo de degradação. 2 . 3 . 1 . Dehidratação por desolvação É a perda da umidade da forma farmacêutica ou da água de cristalização da molécula. Exemplos: perda de água em cremes, pomadas, suspensões, desolvação da teofilina monohidratada e da ampicilina trihidratada. 2.3.2. Dehidratação por remoção de um próton e de um grupo hidroxila. Exemplos: tetraciclina, prostaglandinas. 2.4. Fotólise ou Fotodegradação: É a catálise pela luz de reações de degradação tais como a oxidação ou hidrólise. Uma variedade de mecanismos de decompo- sição pode ocorrer da absorção da energia de radiação luminosa. A captação de luz por uma molécula produz sua ativação, a partir da qual a molécula ativada pode emitir energia de frequência diferente da recebida (fenômeno denominado "fluorescência" ou "fosfores- cência") ou também pode provocar a decomposição das moléculas (fotólise). As reações de fotodegradação dependem tanto da inten- sidade como do comprimento de onda da luz. Quanto maior a inten- sidade e o comprimento de onda da luz, maior será a velocidade e o grau de fotodegradação, portanto a luz UV é mais deietéria que a luz visível (os raios solares são mais deletérios do que a luz fluores- 484 Capítulo 10 - Prazo de Validade cente) Um grande número de fármacos são sensíveis à luz permitin- do a degradação fotolítica, tais como: a amfotericina B, a furosemi- da, vitamina A, nifedipina, hidrocortisona, prednisolona, ácido fóli- co dentre vários outros. 2.5. Racemização e Epimerização: Pode ocorrer com drogas que são opticamente ativas, pela existência de um carbono quiral central na molécula. Se um isômero é mais farmacologicamente ativo que o outro, este processo pode resultar em perda da atividade terapêutica. Isto ocorre por exemplo com a epinefrina, cujo l-isômero é cerca de 15 vezes mais ativo do que o d-isômero. Se a molécula da droga possui somente um centro quiral, o processo de racemização direciona para a formação de uma mistura 50:50 dos dois isômeros. Caso exista mais de um centro quiral na molécula, um isômero pode ser favorecido mais do que o outro. Epímeros são compostos que possuem a mesma configuração em todos os carbonos, exceto em um carbono. A tetraciclina em solução epimeriza em epitetraciclina a qual possui pouca ou nenhu- ma atividade antibacteriana; a pilocarpina pode epimerizar em iso- pilocarpina. Esta epimerização também pode resultar em perda da atividade farmacológica. As reações de racemização e epimerização são influenciadas pelo pH e catalizadas por ácidos e bases, condi- ções ótimas de pH são necessárias para maior estabilidade. 2.6. Polimerização: A polimerização é um processo no qual duas ou mais molécu- las de um fármaco se unem, formando um complexo. Este processo ocorre durante o armazenamento de soluções aquosas concentradas de aminopenicilinas, como por exemplo: ampicilina sódica e amoxa- cilina. 2.6.1. Reversão Polimórfica: Algumas drogas apresentam a propriedade de existirem em mais de uma forma cristalina, chamada polimorfos. Os polimorfos têm a mesma estrutura química, mas diferentes propriedades físi- cas, tais como a solubilidade, densidade, dureza, ponto de fusão, 485 Capítulo 10 - Prazo de Validade etc. Quando uma forma polimórfica muda para outra reversivel- mente, ela é chamada de enantiotrópica. Se a transição de uma forma para outra ocorre de maneira irreversível, dizemos ser uma transição monotrópica. No preparo de produtos farmacêuticos estáveis, o polimor- fismo representa um indesejável e importante fator no crescimento cristalino em preparações farmacêuticas, "caking" de suspensões (suspensões que não podem ser facilmente ressuspendidas), cremes e pomadas. Portanto, o polimorfismo pode ser um fator de instabili- dade em preparações farmacêuticas. 2.6.2. Exemplos de drogas que podem exibir polimorfismo: • Cloranfenicol; • Ampicilina; • Metilprednisolona; • Hidrocortisona; • Sulfonamidas (ex. sulfametoxazol); • Barbituratos. 3. Fatores a serem analisados para se estabelecer o Prazo de Validade em Formulações Magistrais 3.1. Propriedades físicas e químicas dos ingredientes 3.2. Uso de conservantes e estabilizantes (aumentam o prazo de validade) 3.3. Forma farmacêutica: Formas farmacêuticas sólidas ou líquidas que não contenham água na sua composição, normalmente apresentam uma estabilida- de bem maior quando comparadas com formas farmacêuticas que contenham água. Portanto pós, comprimidos, cápsulas, tabletes e outras formas sólidas ou líquidas que não contenham água (ex. veí- culo oleoso) são mais estáveis e portanto poderão apresentar um prazo de validade maior quando comparadas com as formas farma- cêuticas que contêm água como por exemplo xaropes, suspensões aquosas, soluções aquosas, emulsões, etc. 486 Capitulo 10 - Prazo de Validade 3.4. Natureza da droga e suas caracteristicas de degra- dação cinética 3.5. Material de Embalagem: A embalagem para produtos farmacêuticos deve proteger a preparação da umidade, da luz e da atmosfera (oxigênio). 3.6. Provável temperatura de armazenamento 3.7. Duração do tratamento: 0 prazo de validade deve ser suficiente para abranger o pe- ríodo do tratamento para o qual a fórmulação foi prescrita. 3.8. Dados científicos: Laboratoriais (estudos de estabilidade) ou de alguma refe- rência bibliográfica. 3.9. Similaridade com produtos de referência (produto manufaturado) 487 Capitulo 10 - Prazo de Validade 4. Fatores que afetam a estabilidade de prepara- ções farmacêuticas: 4 . 1 . pH: É um dos fatores de maior importância na determinação da estabilidade de um produto farmacêutico. A degradação de várias drogas, principalmente por hidrólise está relacionada diretamente às concentrações de íons hidroxila e íons hidrogênio. De modo geral as reações de hidrólise são favorecidas pelo pH de neutro a alcalino, portanto, de modo geral um ajuste do pH para a faixa ácida (por exemplo: entre 5 e 6) aumenta a estabilidade da preparação. 0 co- nhecimento do pH de máxima estabilidade é importante na farma- cotécnica de preparações líquidas. Sempre que possível nestas pre- parações deveremos ajustar o pH para o de máxima estabilidade, todavia nem sempre é possível realizar este ajuste devido a proble- mas de solubilidade, a atividade terapêutica ou a requisitos da via de administração não compatíveis com o pH ótimo. 4.2. Temperatura: A temperatura pode afetar a estabilidade de uma droga, a- través do aumento da velocidade de reação específica e a velocida- de de degradação da droga. De modo gerat, a velocidade da reação de degradação de uma droga duplica ou triplica para cada 10°C de aumento da temperatura. 4.3. Luz: Pode prover a energia necessária para uma reação de degra- dação (fotólise). Os efeitos da luz podem ser minimizados acondi- cionando-se o produtoem embalagens fotoresistentes (ex. vidro ou plástico PET âmbar, plástico escuro, embalagem de alumínio, etc). 4.4. Exposição à atmosfera (ao oxigênio): 0 oxigênio pode induzir à degradação por oxidação. 4.5. Umidade: Favorece as reações de hidrólise e degradação da droga ou do produto farmacêutico. Sua ação pode ser minimizada pelo con- 488 Capítulo 10 - Prazo de Validade trole da umidade relativa no ambiente de manipulação e da utiliza- ção de dessecantes na embalagem de formulações sólidas . Em for- mulações líquidas, os efeitos deletérios da água podem ser reduzi- dos, substituindo-a total ou parcialmente por veículos não aquosos compatíveis. 4.6. Cristalização: A cristalização de partículas em suspensão pode resultar em uma diferente distribuição de partículas com tamanhos diferentes entre si. Isto ocorre devido a flutuações de temperatura. 0 aumento da temperatura resulta em um aumento da solubilidade (normal- mente as partículas menores dissolvem-se mais rapidamente) e o decréscimo da temperatura resulta em recristalização da droga em solução. 4.7. Vaporização: É a perda de solvente em altas temperaturas. Com a perda do solvente ou veículo, há um aumento proporcional resultante da concentração do soluto. Esta perda poderá ocasionar uma sobredo- sagem quando na administração do medicamento. Com a perda do solvente, também pode ocorrer a precipitação da droga que estava dissolvida. A vaporização do sotvente de uma formulação também pode ocorrer pela utilização de uma embalagem inadequada que permite sua evaporação. 4.8. Adsorção: A adsorção da droga ou excipiente é relativamente comum e pode levar a perda da droga disponível e necessária para exercer o efeito terapêutico. A droga pode ser adsorvida por filtros, embala- gens, seringas e outros materiais que a contenha. Esta situação tem especial importância para drogas utilizadas em baixas concentra- ções, pois qualquer alteração na sua concentração na forma farma- cêutica por adsorção, alterará de maneira significativa sua potência terapêutica. 489 Capítulo 10 - Prazo de Validade 5. Orientações da USP: Prazo de validade pa- ra Preparações Farmacêuticas Extemporâ- neas 0s prazos de validade, recomendados pela USP-XXIV, para preparações magistrais embaladas em recipientes hermeticamente fechados e protegidos da luz, na temperatura ambiente controlada são: 5.1. Formulações sólidas e Líquidas não-aquosas: Se a fonte de ingrediente é um produto manufaturado (in- dustrializado), o prazo de validade não deve exceder a 25% do tem- po remanescente para a data de expiração do produto original, ou 6 meses, o que for mais precoce. Se a fonte de ingrediente é uma substância farmacopéica, o prazo de validade não deverá exceder a 6 meses. 5.2. Formulações contendo água: Preparações obtidas a partir de ingredientes na forma sóli- da, o prazo de validade não deverá ultrapassar 14 dias quando esto- cado em temperaturas baixas. 5.3. Para todas as outras formulações: Próximo de 30 dias ou a duração da terapia. Se houver su- porte científico válido informando apropriadamente a estabilidade da formulação em específico, o prazo de validade proposto acima poderá ser excedido. 490 Capítulo 10 - Prazo de Validade 6. Sugestão de uma política de Prazo de Validade para Preparações Magistrais Levando em consideração as caractéristicas físico-químicas das drogas, da forma farmacêutica e consequente susceptilidade aos principais processos de degradação química, sugerimos a seguir um critério de prazo de validade para formulações magistrais. Embora empírico, o critério adotado é baseado nas recomendações da Far- macopéia Americana na sua 24"Edição e projeta de maneira geral porém racional e fundamentada cientificamente, um presumível período de tempo em que uma forma magistral apresentaria uma estabilidade adequada. Todavia, recomendamos que se faça estudos de estabilidade para as formulações consagradas pela prescrição frequente e que façam parte de estoques estratégicos. As sugestões de prazo validade recomendadas abaixo, leva em consideração que a preparação magistral seja corretamente manipulada, acondicionada em recipientes adequados e compatíveis, armazenados em condições recomendadas. 491 Capitulo 10 - Prazo de Validade Tabela 5 1 : Forma Farmacêutica e Prazo de Validade Caracteristica da forma farmacêutica Formulações sólidas, semi-sólidas e líquidas não contendo água. Formulações sólidas, semi-sólidas e liquidas , não contendo água, com droças reconhecidamente susceptíveis a processos de desradacão auimica* Formulações sólidas, semi-sólidas ou líquidas, não contendo água, preparadas a partir do pro- duto manufaturado (industrializado) Foimulações semi-sólidas e liquidas, contendo água, sem adição de estabilizantes e conservan- tes Formulações semi-sólidas e liquidas, contendo água, com adição de estabilizantes e conservan- tes Formulações semi-sólidas e líquidas, contendo água com drogas reconhecidamente susceptíveis a processos de desradacão auímica e com adicão de estabilizantes e conservantes Formulações semi-sólidas e liquidas contendo bioativos (derivados de proteínas animais e vege- tais, aminoácidos, etc) Formulações líquidas contendo antibióticos e antimicrobianos, solubilizados ou dispersos na forma de suspensão. Formulações contendo antibióticos e antimicrobi- anos na forma de pó para a dispersão extemporâ- nea caseira Bases galênicas semi-sólidas e liquidas com adi- ção de conservantes e estabilizantes e sem a adição de ativos Formulações com estudo de estabilidade realiza- do ou publicado, referência bibliográfica" Prazo de validade presumi- do (a partir da data de ma- nipulação) 6 meses 3 meses 25% do tempo remanescente para a expiração da validade do produto original, ou 6 meses, o que for menor. 14 dias (refrigerado) 3 meses 2 meses 2 meses 14 dias (refrigerado) 3 meses (validade antes da dispersão caseira com água) 7 a 14 dias (após a dispersão com água e conservada a partir de então, sob refrige- ração) 6 meses Adotar o prazo de validade referendado "Drogas reconhecidamente susceptíveis a processos de degradação quimica: consultar neste artiso os fármacos citados nos processos de degradação química, na tabela de fármacos susceptiveis ó degradação e em referências bibliogràficas especificas. "Referências bibtiográficas com estudos de estabitidade em preparacões magistrais: Trissel's Stabitility of Compounded Formulations, AHFS Drug Information, International Journal of Pharmaceutical Compounding, Pediatric Drug Formulations, American Journat of Heatth- System Pharmacy, Lippincotfs Hospital Pharmacy. The Pharmaceutical Codex. Nota: Situações especificas que não se enquadram nas citadas, o farmacèutico poderá deter- minar o prazo de validade. levando em conta os fatores criticos que influenciam a estabili- dade, procurando estabetecer o menor prazo de validade possível limitando-se à duração da terapia. 492
Compartilhar