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Princípios Nutritivos 
 
Prezados, 
 
Vamos estudar agora um ponto fundamental dentro de nutrição animal, os 
princípios nutritivos dos alimentos que são utilizados como forma de avaliar 
alimentos, exigências nutricionais e a composição corporal do animal. 
Os princípios nutritivos são uma organização sistemática dos constituintes 
químicos dos alimentos que são de interesse à nutrição animal e permitem 
estabelecer a relação entre a composição quantitativa e a qualitativa dos 
alimentos, sua relação com as exigências dos animais e o desempenho produtivo. 
Observe na Figura 1 como os alimentos podem ser subdivididos em 
compostos ou grupos de compostos químicos de características semelhantes. 
 
Figura 1 – Esquema representativo dos princípios nutritivos dos alimentos. 
 
Andriguetto, 2002 
 
Matéria Original (MO): os grupos representados na Figura 1 estão 
estreitamente relacionados com os objetivos químicos de análise de alimentos e 
os nutrientes para os animais. Matéria Original (MO) é o termo que designa o 
alimento em seu estado natural, assim como ele é. Muitas tabelas de composição 
de alimentos são expressas com base na MO, outras na matéria seca. 
Matéria Seca (MS): da MO obtemos duas frações mais relevantes, a água 
e a matéria Seca (MS). A água é um dos nutrientes mais importantes ao animal, 
porém, sua exigência é de difícil estabelecimento, havendo um mecanismo 
 
 
 
 
regulatório bastante complexo no animal, além de sua ingestão ser influenciada 
por uma série de fatores como espécie e idade animal, estado fisiológico, clima, 
composição da dieta, dentre outros fatores. Devido a essa dificuldade de 
mensuração e à variação entre os alimentos, grande parte das avaliações de 
alimentos é feita com base na MS. 
Considerando que o animal pode ingerir sua água necessária e que 
sempre estará disponível ao animal para que ele próprio regule sua ingestão, há 
um foco maior nos constituintes da MS dos alimentos. 
Na MS encontramos todos os outros nutrientes necessários para atender 
às necessidades nutricionais dos animais. 
Matéria Orgânica (MOg): essa fração é bastante importante para os 
animais, nela se encontram as proteínas, carboidratos, lipídeos e vitaminas. Outra 
importância está no potencial energético dos alimentos, a energia é o resultado da 
combustão da matéria orgânica, portanto, somente nessa fração é que podemos 
obter energia dos alimentos para os animais. Lembre-se de que o processo de 
metabolização de um nutriente, a oxidação, é semelhante a um processo de 
queima e equivale à transformação da energia química potencial de um alimento 
em calorias. 
Proteína (PB): corresponde aos compostos nitrogenados formados por 
compostos de aminoácidos conforme já estudado em bioquímica. 
Lipídios (EE): são as gorduras ou óleos presentes nos alimentos. De forma 
geral são compostos solúveis em solventes orgânicos e apresentam a maior 
concentração de energia de todas as frações do alimento. 
Carboidratos (CHO): essa é uma das frações mais complexas dos 
alimentos. Nela estão incluídos vários subgrupos de carboidratos divididos 
principalmente em função da composição e passividade de digestão pelos 
animais não ruminantes. Há algumas denominações para os grupos de 
carboidratos: 1 - CHO digeríveis formados pelo amido, sacarose, lactose e frutos, 
todos digeríveis por não ruminantes e 2 - os CHO indigeríveis por não ruminantes, 
também denominadas como as fibras vegetais, são passíveis de fermentação por 
ruminantes e constituídas pela celulose, hemicelulose e gomas (arabinose, xilose 
e manose). A hemicelulose ou as gomas são denominadas também como fibras 
solúveis, pois fazem parte das fibras vegetais e são facilmente hidratáveis. 
 
 
 
 
A lignina, um importante constituinte da parede celular dos vegetais 
(celulose, hemicelulose e lignina), não é um carboidrato verdadeiro, porém, 
convencionalmente é agrupada junto com os carboidratos. A lignina é um 
composto formado por unidades de unidades fenilpropanoides bastante resistente 
à degradação microbiana, faz parte da estrutura lenhosa das células vegetais e 
confere sustentação às plantas. Na nutrição animal é indesejável, pois é 
extremamente resistente à degradação microbiana no trato digestório. 
No grupo dos carboidratos há ainda a denominação de polissacarídeos não 
amiláceos, carboidratos complexos que não são nem amido e nem constituintes 
da parede celular vegetal (celulose, hemicelulose e lignina). Esse grupo é 
carboidrato bastante fermentecível e rapidamente atacado pelos microorganismos 
do rumem. 
Matéria Mineral (MM): essa fração não contribui com a energia para os 
animais, porém, apresenta os minerais necessários para a obtenção de energia e 
de uma série de outras funções no animal. Também chamadas de cinzas ou 
resíduos minerais, correspondem à fração mineral dos alimentos que se subdivide 
em dois grandes grupos: 
Macrominerais: fração composta por minerais que estão presentes 
em maiores quantidades no corpo animal e nos alimentos. Essa fração é 
composta por cálcio (Ca), fósforo (P), sódio (Na), potássio (K), cloro (Cl), 
enxofre (S) e magnésio (MG). 
Microminerais: fração composta por minerais que estão presentes 
em menores quantidades no corpo animal e nos alimentos. Nessa fração 
temos ferro (Fe), cobre (Cu), zinco (Zn), iodo (I), manganês (Mn), selênio 
(Se), molibdênio (Mo), flúor (F), cobalto (Co) e o níquel (Ni), sendo esses 
dois últimos potencialmente essenciais. 
As vitaminas, dentro dos princípios nutritivos, hora estão 
classificadas como lipídios (vitaminas lipossolúveis) hora como carboidrato 
(vitaminas hidrossolúveis). 
 
Relação entre os métodos de análise e os princípios nutritivos 
 
 
 
 
 
A análise de alimentos é um dos pontos básicos do entendimento da 
nutrição animal, do valor biológico dos alimentos e da determinação das 
exigências dos animais. 
A disciplina de análise de alimentos ocorrerá no próximo módulo de 
estudos, porém, nesse momento faremos apenas uma prévia para nossa 
compreensão. 
Basicamente temos dois métodos mais importantes de análise de 
alimentos: 1 - Método de Weende (estação experimental alemã) e 2 - Van Soest 
(pesquisador da nutrição de ruminantes). 
As informações desses dois métodos nos dão o apoio para todas as 
nossas discussões seguintes. Na Figura 2 apresentamos as frações determinadas 
nos dois métodos de forma comparativa. 
 
Figura 2 – Comparativo entre os métodos de análise de alimentos 
de Weende e Van Soest 
 
Adaptado: Crampton, E.W,; Harris, L.E., 1969 
 
No método de Weende temos as seguintes frações determinadas: 
 EE: extrato etéreo, correspondente aos lipídios do alimento que são 
extraídos por um solvente orgânico. 
 MM: matéria mineral ou cinzas, obtido pela incineração da amostra. Na 
Figura 2 MM(1) e MM(2) correspondem às frações da mesma análise, 
divididas apenas para comparação com o método de Van Soest. 
 PB: proteína bruta, obtida pela quantificação do nitrogênio total e 
considerando que todo o nitrogênio é proteico e formado por 16% de 
 
 
 
 
nitrogênio. Note que essa informação não determina os aminoácidos e 
que nem todo nitrogênio do alimento é proteína. 
 FB: método de determinação por intermédio de digestão ácida seguida 
de digestão básica, semelhante ao trato digestório. O resíduo insolúvel 
da análise é considerado como a fibra bruta, que infere sobre a 
celulose, hemicelulose e lignina, frações não digeríveis. Observe na 
Figura 2 que o método apresenta um erro e perde parte dos 
constituintes da parede celular vegetal, não sendo preciso. 
 ENN: extrativo não nitrogenado obtido pela diferença entre 100% do 
alimento menos seu teor em EE, PB, FB, MM e umidade (U). Atente 
que o método é o cálculo da diferença e não a determinação, isso 
implica que todo o erro de determinação das outras frações cai no 
ENN. Erros na determinação da PB, EE e FB se acumulam nessafração. 
 
Observe as siglas, elas são uma convenção e frequentemente são 
utilizadas em tabelas de composição de alimentos. 
Para o método de Van Soest, mais apropriado para a determinação da 
composição em fibras dos alimentos, temos as seguintes frações: 
 FDN: fibra recuperada pela digestão em detergente neutro, 
representando a celulose, hemicelulose e a lignina. 
 FDA: fibra recuperada pela digestão em detergente ácido, 
representando a celulose e a lignina. 
 Cinza Insolúvel : fração composta principalmente por sílica que quando 
associada à parede celular dos vegetais piora muito a degradação 
bacteriana. 
 
Observe que ambos os métodos são complementares, porém, para a 
consideração sobre as fibras na nutrição de herbívoros, o método de Van Soest é 
fundamental. Em nutrição de não ruminantes, as novas tabelas já estão 
incorporando os teores em FDN e FDA dos alimentos. 
O uso do FDN e FDA permite estimativa mais precisa do valor energético 
dos alimentos. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANDRIGUETTO, J.M. et al. Nutrição Animal 1 – As bases e os fundamentos da nutrição 
animal . São Paulo: NOBEL, 2002, 395 p. 
ANDRIGUETTO, J.M. et al. Nutrição Animal 2 – Alimentação Animal . São Paulo: Nobel, 2002, 
425 p. 
CRAMPTON, E.W.; HARRIS, L.E. Applied Animal Nutrition. Ed W.H. Freeman and Company. San 
Francisco, 2Oed., 1969. 
MORRISON, F.B. Alimentos e Alimentação dos Animais . 2th ed. Rio de Janeiro: USAID, 1966. 
892p. 
VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant . 2ª ed. Cornell University, 1994. 476p. 
ZARDO, A.O.; LIMA, G.M.M. Alimentos para suínos. Boletim Informativo , Pesquisa & Extensão 
BIPERS, dezembro, 1999, 61 p.

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