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O Modernismo Literário na Segunda Fase

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LITERATURA BRASILEIRA II
Aula 3- O modernismo literário no Brasil – a segunda fase modernista
Aula 3- O modernismo literário no Brasil – a segunda fase modernista -1930 até 1945 
 Verificaremos qual foi o projeto literário e as propostas da segunda fase modernista;
Constataremos o amadurecimento literário dessa fase;
Abordaremos as características da produção poética de Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes, entre outros.
Tema da Apresentação
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A quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929, abalou os mercados financeiros de todo o mundo, inclusive do Brasil, já que o consumo de café no mercado mundial diminuiu e fez despencar o preço do produto brasileiro no mercado internacional;
A “Revolução” de 1930 pôs fim à República Velha ou “Café com Leite”. Getúlio Vargas assumiu a chefia do "Governo Provisório”;
Publicação da nova Constituição, em 1934, e legitimação de Getúlio Vargas no poder. Em 1935, é formada a Aliança Nacional Libertadora (ANL), a partir da união das esquerdas, levando Vargas a aprovar a Lei de Segurança Nacional, por sentir-se ameaçado;
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Ocorre o fechamento do Congresso Nacional, em 1937, e é decretado o Estado Novo. É criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que prendeu e perseguiu vários escritores, acusados de subversão pelo governo;
Em 1939, a Polônia é invadida por Hitler, o que início a Segunda Guerra Mundial;
Ocorre, em 1941, o bombardeio de Pearl Harbor pelos japoneses, o que leva os norte-americanos a entrar na guerra;
E, finalmente, em 1945, os aliados desembarcam na Normandia, pondo fim ao conflito. O mundo toma conhecimento das atrocidades cometidas pelo Nazismo.
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A Segunda Guerra deixou mais que cidades arruinadas por bombas. Ela nos forçou a encarar a barbárie humana e a ver o que o homem pode fazer por preconceito e pelo desejo desmedido de poder. É o que aponta o poema “Visão 1944”, do livro Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade. O poema é o registro do assombro dos autores ao refletirem sobre a crueldade que o homem é capaz de praticar. No quadro Guerra, de Lasar Segall, produzido em 1942, notamos como as duas guerras e os conflitos existenciais que elas provocaram, marcaram a segunda geração modernista.
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Meus olhos são pequenos para ver
países mutilados como troncos
proibidos de viver, mas em que a vida
lateja subterrânea e vingadora.[...]
Meus olhos são pequenos para ver
a fila de judeus de roupa negra,
de barba negra, prontos a seguir
para perto do muro — e o muro é branco.[...]
Meus olhos são pequenos para ver
o mundo que se esvai em sujo e sangue,
outro mundo que brota, qual nelumbo
— mas veem, pasmam, baixam deslumbrados.
Ao lançar as bombas de Hiroxima e Nagasaki, em agosto de 1945, a ciência derruba a última fronteira da ética. O homem havia descoberto uma eficiente forma de exterminar a própria espécie. É nesse contexto que arte passa assumir um ponto de vista muito mais intimista e irá tentar responder às várias dúvidas existenciais provocadas por aquele cenário de horror e vasta destruição. 
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A instabilidade tanto social quanto política fez surgir, na literatura, diversos modos de se interpretar a realidade e responder às questões humanas. Em 1930, passada agitação inicial, o modernismo brasileiro alcança a sua fase áurea. 
Na poesia, a fase do nacionalismo crítico voltado para a releitura do passado histórico do país é abandonada pelos autores, que passam a se dedicar à reflexão do mundo contemporâneo, valendo-se das conquistas da primeira geração e utilizando todos os recursos à disposição da criação poética. 
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Em 1928, Carlos Drummond de Andrade, afinado com o grupo da primeira geração modernista, publica na Revista de Antropofagia o poema No meio do caminho, deflagrando uma saraivada de críticas da imprensa. Em 1930, Drummond publica o livro Alguma Poesia, que marca o início da poesia da segunda geração modernista. 
No meio do caminho (1928)
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
 
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O projeto literário da poesia da segunda geração modernista foi refletir sobre o sentido de estar no mundo, reflexão que estava integrada à grande preocupação de renovação da linguagem iniciada na geração anterior. Assim como a análise do ser humano e das suas angústias, compreender a relação entre o indivíduo e a sociedade em que ele está inserido são os motes presentes na poesia dessa década. Ou seja, a segunda geração tem como característica principal a produção com enfoque no contexto sociopolítico. 
 
 
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Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987) é um dos maiores representantes da literatura brasileira e a sua poética pode ser dividida em fases. Cada uma delas é composta por obras que nos permitem observar a evolução dos seus temas, assim como a sua visão de mundo. Além de poeta, foi contista e cronista, mas foi na poesia que o poeta mais se destacou.
 
 
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A fase gauche
A 1ª fase tem como obras “Alguma poesia” (1930) e “Brejo das Almas” (1934). Essa fase tem como características o pessimismo, o isolamento, o individualismo e a reflexão existencial, assim como um desencanto em relação ao mundo.
Ainda podem ser notados nessas duas obras alguns dos recursos usados pelos poetas da primeira fase modernista: a ironia, o humor, o poema-piada e o uso da linguagem coloquial.
 
 
Cota Zero 
(Drummond – 1930 - Alguma poesia) 
Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel!
Adolescência
 (Oswald – 1927 -Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade)
Aquele amor
nem me fale. 
 
 
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. Gauche é de origem francesa e corresponde a “esquerdo” em português. Em sentido figurado, o termo pode significar “acanhado”, “inepto”. Quando aplicado a seres humanos classifica o ser às avessas, o “torto”, aquele que está à margem da realidade circundante e que com ela não consegue se comunicar, indivíduo inseguro. 
Podemos perceber nos poemas drummondianos dessa fase a presença do pessimismo, do individualismo, da reflexão existencial, da ironia. Nota-se que o poeta também fazia uso da metalinguagem. O “Poema de Sete Faces” pode ser chamado de carro-chefe do gauchismo. 
 
 
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Poema das Sete faces (Drummond)
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
 
 
Até o fim (Chico Buarque)
Quando nasci veio um anjo safado
O chato do querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
"inda" garoto deixei de ir à escola
Cassaram meu boletim
Não sou ladrão , eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que
jamais me esperou
Mas vou até o fim
 
 
Tema da Apresentação
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Na 2ª fase, chamada de fase social, o poeta deixa de lado gauchismo e se preocupa com problemas da vida social. É marcada pela vontade do autor de participar e tentar modificar o mundo. As obras dessa fase são “Sentimento do mundo” (1940), “José” (1942) e “Rosa do Povo” (1945). A mudança temática está relacionada ao contexto político: O Estado Novo, no Brasil, com a Ditadura de Getúlio Vargas, o fascismo e o nazismo na Europa e a Segunda Guerra Mundial. Nessa fase, o poeta se solidariza com os problemas do mundo. 
 
 
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Mãos dadas (In:“Sentimento do mundo”)
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.[...]
 
 
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Cecília Meireles (1901 – 1964), primeira mulher a se destacar no cenário da poesia nacional, produziu diversos livros. Iniciou na literatura participando da denominada corrente espiritualista da segunda geração e que formaria o grupo da revista Festa, neossimbolista. Mais tarde, afastou-se desses artistas mantendo as características intimistas e introspectivas. Por isso, a sua obra reflete uma ambiência de sonho, de fantasia, em que a solidão também faz-se presente. Destacam-se entre suas obras: Espectros (1919), Viagem (1939), Vaga música (1942), Mar absoluto (1945), Retrato natural (1949, Romanceiro da Inconfidência, canções (1956) e Ou isto ou aquilo (poesia infantil 1964).
 
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O famoso poema “Motivo”, no qual Cecília trabalha a metalinguagem, foi musicado por Raimundo Fagner. Cecília convivia com a morte desde antes do seu nascimento em 07 de novembro de 1901, pois perdera seus três irmão mais velhos; três meses após o seu nascimento ocorre o falecimento do seu pai e aos três anos, perde a sua mãe. Daí o sentimento de que tudo na vida passa. Essa noção de transitoriedade será incorporada em sua vida e nas suas obras. 
 
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"Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno que, para outros, constituem aprendizagem dolorosa e, por vezes, cheia de violência. Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade." 
 
 Cecília Meireles
 
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Vinícius de Moraes (1913 – 1980) é mais conhecido como cantor e compositor, mas iniciou a sua obra poética em 1930, com a obra “O caminho para distância” (1933), com uma clara influência simbolista. Suas produções iniciais aproximam-se dos temas trabalhados por outros autores da mesma geração, como a religiosidade e a angústia ligada à oscilação entre matéria e espírito. Depois volta-se para temas sobre os aspectos do cotidiano e relacionamento amoroso. 
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Podemos notar a influência da poesia camoniana em seus poemas de amor, pois há tentativa de analisar o amor na forma poética escolhida, que são os sonetos, assim como o uso frequente de antíteses que expressam as contradições desse sentimento. Podemos destacar as obras Novos Poemas (1938), Poemas, sonetos e baladas (1946), Pátria minha (1949) e Orfeu da Conceição (Peça de teatro de 1956).
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Soneto de Separação (1938) 
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
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A consciência social e o sentido de humanidade estão sempre presentes na poesia de Murilo Mendes (1901 -1975) ligados à dimensão espiritual, pois o catolicismo, religião do poeta, era a base dessa reflexão. Ele fazia parte, assim como outros artistas e poetas da década de 1930, de um grupo católico que defendia a renovação do catolicismo e da arte. Para ele, o catolicismo politizado e envolvido nas questões do cotidiano seria a única forma de valer a justiça, paz e igualdade social.
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Ele fazia parte, assim como outros artistas e poetas, da década de 30, de um grupo católico que defendia a renovação do catolicismo e da arte. Para ele o catolicismo politizado e envolvido nas questões do cotidiano seria a única forma de valer a justiça, paz e igualdade social. 
Em seus poemas cultivou a poesia metafisico-religiosa, a poesia social e a poesia surrealista. Para alguns é um escritor difícil, pois a sua poesia causa estranhamento por usar uma linguagem fragmentada e presença de imagens insólitas e visão messiânica do mundo.
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Na concepção de Murilo Mendes, o mundo é o próprio caos e isto fica evidente em seus poemas, nos quais há sempre a subversão da ordem das coisas instituídas para reorganizá-las de acordo com leis próprias.
Poemas (1930), obra de estreia de Murilo Mendes, já apresenta dilaceração do sujeito e conflito, estados de lucidez e delírio. Em 1932, Murilo publicou História do Brasil (1932), uma obra de cunho nacionalista sob o viés ufanista-irônico. Visionário (1941) é a obra em que estão presentes sugestões surrealistas e uma atmosfera onírica. Em 1935, o poeta escreveu, com Jorge de Lima, Tempo e eternidade. Essa obra marca a fase de conversão de Murilo ao cristianismo.
 
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O Renegado
Cortina que vela a face de Deus,
O céu fecha-se violentamente sobre mim.
[...]
Que tenho eu com a sociedade dos meus irmãos?
Acaso serei responsável pela vida?
Sou o membro destacado de um vasto corpo.
Sou um na confusão da massa insaciável:
Entretanto vejo por todos, penso por todos, sofro por todos.
[...]
 
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Resumindo 
Aula 3- O modernismo literário no Brasil – a segunda fase modernista
Nesta aula, vimos qual foi o projeto literário e as propostas da segunda fase modernista;
Constatamos como se deu o amadurecimento literário da segunda fase modernista;
Como se caracterizou a produção poética de Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles, entre outros.
 
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