Logo Passei Direto
Buscar

TEORIA DO PROCESSO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

Ferramentas de estudo

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

TEORIA DO 
PROCESSO 
JUDICIAL E 
EXTRAJUDICIAL
Lóren Formiga de 
Pinto Ferreira
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
Processo penal: fontes, 
função e princípios 
fundamentais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Determinar a função do processo penal e suas características.
 � Analisar as fontes do processo penal.
 � Identificar os princípios fundamentais que regem o processo penal.
Introdução
O Direito Processual Penal ou processo penal é a área do Direito que 
possibilita colocar em prática as disposições do Direito Penal Material, 
servindo como instrumento para a aplicação deste.
Neste capítulo, você vai ler sobre o conceito de processo penal, seu 
objeto, sua finalidade, suas características e os princípios fundamentais 
que o regem, incluindo os considerados como direitos e garantias consti-
tucionais, os quais deverão, sempre, ser respeitados, visto que a República 
Federativa do Brasil se constitui em um Estado Democrático de Direito. 
Esses princípios norteiam a criação, a interpretação e a aplicação das 
normas relacionadas a esse tipo de processo.
Além disso, você também conhecerá as fontes do processo penal, que 
são os meios de expressão ou os locais de onde surgem os princípios e 
as regras deste ramo do Direito.
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
Processo penal: conceito, objeto, fins 
e características
De acordo com os ensinamentos de Chiovenda (1969), o processo tratado de 
forma geral, independentemente do ramo do Direito ao qual se aplica, visa, 
exclusivamente, a aplicação prática da vontade do direito. Dessa forma, 
ele não contribui para a criação das normas, do Direito Subjetivo nem da 
obrigação preexistente a este, já que essas são atividades típicas do chamado 
Direito Material ou Objetivo.
Partindo-se dessa premissa e sabendo que cabe ao Direito Penal (material) 
definir as infrações penais e cominar as penas a elas correspondentes, de forma a 
impor limites ao poder punitivo do Estado, surge a necessidade de um instrumento 
ou caminho para se chegar às sanções previstas. Para isto foi criado o Direito 
Processual Penal: para colocar em prática as determinações do Direito Penal.
Por isso, ele pode ser conceituado como: “[...] um conjunto de princípios e 
normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as 
atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da 
função jurisdicional e respectivos auxiliares” (TÁVORA; ALENCAR, 2012, p. 34).
De acordo com a Constituição Federal (art. 144, § 4º), a função de polícia judiciária 
incumbe à Polícia Civil.
Então, o processo penal dará efetividade ao estabelecido anteriormente 
pelo Direito Penal, dispondo de que forma, por quais meios e por intermédio 
de quais órgãos do Estado (mais especificamente do Judiciário, que é o poder 
competente para a aplicação da lei ao caso concreto) será aplicada a pena.
Embora o Estado tenha o direito de punir, esse direito não é absoluto. É necessário 
que sejam respeitados os direitos e as garantias constitucionais do investigado e do 
réu, os quais estão previstos na Constituição Federal. Você saberá a respeito deles na 
seção referente aos princípios do processo penal.
Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais2
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
Cabe ressaltarmos que, no processo penal, diferentemente do que ocorre 
no processo civil, o conflito entre as partes é irrelevante, pois o bem jurídico 
em discussão é indisponível.
Nos casos concretos, temos, de um lado, o Estado, com a pretensão de fazer 
valer o Direito Penal Material, aplicando a pena prevista nessa legislação a uma 
situação real; de outro lado, temos a liberdade do acusado, que só pode ter a 
restrição a tal direito e garantia constitucional após o devido processo legal. 
Então, pelo exposto, podemos perceber que, tratando-se de processo penal, 
a lide, que surge do conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida, 
não é uma condição essencial para o surgimento e para o desenvolvimento do 
processo. Por isso, o objeto do processo penal não é a lide, mas a pretensão 
processual acusatória.
Quanto aos fins do Direito Processual Penal, podemos identificá-los sob 
duas perspectivas distintas: a mediata, que tem como finalidade a manutenção 
da paz social obtida por intermédio da solução do conflito, e a imediata, que 
tem como fins a aplicação e a concretização do Direito Penal ou da pretensão 
punitiva do Estado.
O Direito Processual Penal possui três características:
 � Autonomia — não existe hierarquia entre ele e o Direito Penal Material. 
O Direito Processual Penal possui seus próprios princípios e regras, 
sendo um ramo autônomo da ciência do Direito.
 � Instrumentalidade — é o caminho ou o instrumento para a aplicação 
do Direito Penal.
 � Normatividade — é uma disciplina normativa que possui seu próprio 
código (Código de Processo Penal — Decreto-Lei nº. 3.689, de 3 de 
outubro de 1941).
O Direito Processual Penal não é subordinado ao Direito Penal. Assim, não há hierarquia 
entre eles. O primeiro é o instrumento para a aplicação do segundo.
Fontes do processo penal
Falar em fontes do Direito Processual Penal significa abordar a origem desse 
ramo do Direito, ou seja, o local de onde ele provém.
3Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
As fontes do processo penal podem ser classificadas, inicialmente, em:
 � fontes de produção ou materiais;
 � fontes formais ou de cognição.
Fontes de produção ou materiais
As fontes de produção ou materiais são aquelas que criam o Direito ou elaboram 
a norma, então, essa fonte é o Estado.
No ordenamento jurídico brasileiro, quem detém a competência para 
legislar sobre o Direito Processual Penal é a União, conforme o art. 22, I, 
da Constituição Federal (BRASIL, 1988). Porém, é importante lembrarmos 
que esse mesmo artigo, no parágrafo único, traz como exceção a essa regra 
a possibilidade de atribuição, aos Estados-membros, por intermédio de 
lei complementar federal, da competência para legislarem sobre Direito 
Processual Penal, com relação a questões específicas de interesse local, de 
acordo com o art. 22, parágrafo único, da Constituição Federal.
Tramita no Congresso Nacional a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº. 47, de 
2012, de autoria de 14 Assembleias Legislativas dos Estados e da Câmara Legislativa do 
Distrito Federal, com vistas a modificar o texto da Constituição Federal para ampliar 
a competência legislativa estadual. Nessa proposta, entre outras questões, consta a 
retirada da competência privativa da União para legislar sobre Direito Processual (art. 
22, I, da Constituição Federal), inclusive Penal. A ideia é incluir o Direito Processual 
entre as matérias de competência concorrente/concomitante da União, dos Estados 
e do Distrito Federal (alteração do art. 24, IX, da Constituição Federal). Saiba mais 
acessando o link abaixo:
https://goo.gl/skbrqL
Também é importante destacarmos a competência da União (do Presi-
dente da República referendado pelo Congresso Nacional) para celebrar 
tratados e convenções internacionais, que, de acordo com o art. 1º, I, do 
Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), são fontes criadoras de normas 
processuais penais.
Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais4
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
Com relação ao Direito Penitenciário — que é aquele que cuida de como 
se proporcionará a execução das sentenças criminais, regidas pelo direito da 
execução penal, e dos procedimentos —, o art. 24, I e XI, da Constituição 
Federal determina que a competência para legislar é concorrente da União, 
dos Estados e do Distrito Federal (BRASIL, 1988).
O mesmo art. 24, X, dispõe que a União, os Estados e o Distrito Federal 
possuem competência concorrente para legislar sobre a criação, o funciona-
mentoe o processo do Juizado Especial Criminal.
Ainda sobre a competência para legislar em matéria processual penal, é 
importante lembrarmos que, de acordo com o art. 84, XII, da Constituição 
Federal, o Presidente da República pode legislar, via decreto, sobre o indulto, 
sendo-lhe vedado, no entanto, por medida provisória, legislar acerca de 
Direito Penal e Processual Penal, conforme o art. 62, I, b, da Carta Magna 
(BRASIL, 1988).
Fontes formais ou de cognição
As fontes formais ou de cognição são aquelas que revelam o Direito ou a 
norma. Elas se dividem em:
 � imediatas ou diretas — são as leis e os tratados internacionais dos quais 
a República Federativa do Brasil seja parte, conforme o art. 5º, §§ 2º e 
3º, e o art. 22, I, da Constituição Federal (BRASIL, 1988);
Os tratados e as convenções internacionais que versam 
sobre direitos humanos e que forem aprovados, em cada 
casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, 
por dois quintos dos votos dos respectivos membros, serão 
equivalentes às emendas constitucionais, nos termos do 
art. 5º, § 3º, da Constituição Federal. Para saber mais a res-
peito dos tratados internacionais sobre direitos humanos, 
acesse o link abaixo ou o código ao lado:
https://goo.gl/aCs3L5
5Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
 � mediatas, indiretas ou supletivas — são os costumes e os princípios 
gerais do Direito. O costume é o que se chama de praxe forense, isto é, 
são regras de conduta praticadas de modo geral, constante e uniforme-
mente, com a convicção de obrigatoriedade jurídica; esse é, exatamente, 
o elemento que diferencia o costume do mero hábito.
Os costumes podem ser classificados da seguinte forma:
 � secundum legem — ratificam e sedimentam as formas de aplicação da lei;
 � praeter legem — preenchem as lacunas existentes na lei;
 � contra legem — contrariam a lei e levam à sua inaplicabilidade pelo 
desuso. 
Devemos lembrar que apenas a lei tem o poder de revogar a lei. Então, 
embora o costume possa ser contrário à lei (contra legem), ele não possui o 
condão de revogá-la. De acordo com Paiva (2013, p. 52):
[...] os princípios gerais são as regras que, embora não estejam escritas, ser-
vem como mandamentos que informam e dão apoio ao direito, utilizados 
como base para a criação e integração das normas jurídicas, respaldados 
pelo ideal de justiça.
Princípios fundamentais do processo penal
O processo penal, como todas as áreas do Direito, deve respeitar a Consti-
tuição Federal, que é a norma máxima do nosso ordenamento jurídico. Ela 
ocupa o vértice de todo o sistema normativo. Portanto, as suas normas são 
hierarquicamente superiores às dos outros ramos do Direito.
Como uma das finalidades da Constituição Federal é limitar o poder do 
Estado, o processo, seguindo as determinações da Carta Magna, deve ser 
sinônimo de garantia aos imputados contra arbitrariedades estatais. Ele, inclu-
sive, é uma das garantias previstas na Constituição Federal de 1988. Então, os 
princípios que norteiam o processo penal são de extrema importância, sendo que 
muitos deles encontram-se expressamente previstos no Texto Constitucional.
A seguir, serão tratados os principais princípios constitucionais e infra-
constitucionais que regem o Direito Processual Penal. Dependendo do autor 
que se consulte, a lista de princípios pode ser menor ou maior. Aqui trataremos 
os mais importantes.
Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais6
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
Princípio da presunção de inocência 
ou da não culpabilidade
O art. 5º, LVII, da Constituição Federal determina que “[...] ninguém será 
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória” 
(BRASIL, 1988, documento on-line). Esse princípio informa que, enquanto 
não houver uma sentença penal condenatória para a qual tenham se esgotados 
todos os tipos de recurso, o cidadão deverá ser considerado inocente e deverá 
ser tratado como tal.
Em decorrência desse princípio, em regra, o cidadão responderia ao pro-
cesso penal em liberdade, e qualquer prisão cautelar só seria a ele imposta em 
caráter excepcional e desde que existisse fundamento para tal.
Dessa forma, por intermédio desse princípio, resultavam duas regras 
fundamentais:
 � probatória ou de juízo, que determina que o ônus da prova cabe à acusação;
 � de tratamento, que dispõe que ninguém pode ser considerado culpado 
senão após o trânsito em julgado de sentença condenatória, o que im-
pede qualquer antecipação de juízo condenatório ou de culpabilidade.
Ocorre que, na ocasião do julgamento do habeas corpus nº. 126.292/2016, 
o Supremo Tribunal Federal (STF) firmou entendimento no sentido de que 
“[...] a possibilidade de início da execução da pena condenatória após a con-
firmação da sentença em segundo grau não ofende o princípio constitucional 
da presunção da inocência” (BRASIL, 2016, documento on-line). Portanto, 
neste momento, o entendimento era de que não seria necessário esgotar todas 
as vias (tribunais) recursais, bastando o seu esgotamento em segundo grau.
Nesse julgamento, o relator, ministro Teori Zavascki, afirmou que “[...] a 
manutenção da sentença penal pela segunda instância encerra a análise de 
fatos e provas que assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o início 
da execução da pena” (BRASIL, 2016, documento on-line).
Ocorre que em 2019, nos julgamentos das ADCs 43, 44 e 54, sendo relator 
o ministro Marco Aurélio, o Supremo Tribunal Federal - STF regressou à 
interpretação existente anteriormente, afirmando que o cumprimento da pena 
só pode ter início com depois de esgotadas todas as vias recursais possíveis. 
Sendo preso o acusado caso esteja presente os requisitos para a prisão pre-
ventiva, com decisão fundamentada pelo magistrado.
7Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
Veja os links a seguir com noticias sobre julgamentos que envolveram o tema da 
prisão em segunda instância: 
https://goo.gl/Nfqd98
https://encurtador.com.br/deuAK
Princípio da imparcialidade do juiz
Tratando-se de um Estado Democrático de Direito, como é o caso do Brasil, 
o juiz deve conduzir o processo com isenção, sem vínculos subjetivos, de 
forma a atuar com imparcialidade e honestidade, até porque, no momento em 
que o Estado chamou para si a tarefa de administrar a justiça, proibindo que 
o cidadão faça justiça pelas próprias mãos, exige-se do órgão julgador um 
desinteresse pela questão, ou seja, que ele não beneficie nenhuma das partes.
Esse princípio é decorrência direta da Constituição Federal de 1988, a 
qual veda o juízo ou tribunal de exceção (aquele criado de forma temporária 
para atuar em um caso específico ou alguns casos específicos), em seu art. 
5º, XXXVII, e também cuida que o processo, assim como a sentença, seja 
conduzido pela autoridade competente (magistrado escolhido por critérios 
objetivos), de acordo com o seu art. 5º, LIII (BRASIL, 1988).
Princípio do contraditório
O princípio do contraditório está previsto no art. 5º, LV, da Constituição 
Federal, que dispõe: “[...] aos litigantes, em processo judicial ou admi-
nistrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” (BRASIL, 1988, 
documento on-line).
Assim, pela previsão constitucional, deve ser dada às partes a oportunidade 
de influenciar no convencimento do juiz, participando e se manifestando 
ativamente a respeito dos atos processuais. Cada uma das partes tem o direito 
de produzir prova, de alegar, de tomar conhecimento das provas produzidas 
pela outra parte, de impugná-las, de se manifestar, entre outros.
Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais8
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
Cabe lembrarmos que não se exige contraditório no inquérito policial, porque ele 
é mero procedimento administrativo de caráterinformativo, não sendo parte do 
processo penal.
Princípio da ampla defesa
De acordo com o art. 5º, LV, da Constituição Federal, deve ser assegurada 
a ampla possibilidade de defesa, podendo fazer uso de todos os meios e 
recursos disponíveis. É, também, dever do Estado “[...] prestar assistência 
jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”, 
conforme a previsão do art. 5º, LXXIV, da Carta Magna (BRASIL, 1988, 
documento on-line).
O STF consagra na Súmula nº. 523, ao tratar da defesa técnica, que no 
“[...] processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua 
deficiência só anulará se houver prova de prejuízo para o réu” (BRASIL, 
2013, documento on-line). 
Princípio da verdade real
No processo penal, segundo Capez (2001), o juiz deve investigar como os fatos 
ocorreram na realidade, não se conformando com a verdade formal que consta 
nos autos. Por isso, o art. 156, II, do Código de Processo Penal (BRASIL, 
1941) permite que o juiz determine, de ofício, no curso da instrução ou antes 
de proferir a sentença, a realização das diligências que entender necessárias 
à solução do caso concreto.
Esse princípio admite exceções (BRASIL, 1941), a saber:
 � a impossibilidade de leitura de documento ou a exibição de objeto 
que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 
3 dias úteis, dando-se ciência à outra parte, conforme o art. 479 do 
Código de Processo Penal;
 � a impossibilidade de provas objetivas por meios ilícitos, de acordo 
com o art. 5º, LVI, da Constituição Federal e o art. 157 do Código de 
Processo Penal;
9Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
 � os limites para depor de pessoas que, em razão da função, ofício ou 
profissão, devam guardar segredo, conforme o art. 207 do Código de 
Processo Penal;
 � a recusa de depor de parentes do acusado, de acordo com o art. 206 do 
Código de Processo Penal; 
 � as restrições à prova, existentes no juízo cível, aplicáveis ao penal, 
quanto ao estado das pessoas, de acordo com o art. 155, parágrafo 
único, do Código de Processo Penal.
Ao tratarem a respeito das provas ilícitas, a Constituição Federal de 1988, 
no seu art. 5º, LVI, e o Código de Processo Penal, em seu art. 157, impuseram 
limites ao alcance da verdade real, em respeito à dignidade da pessoa humana, 
princípio previsto no art. 1º, III, da Constituição Federal.
Devido a esse princípio, no processo penal, nem à confissão do acusado é 
atribuído valor absoluto, tendo esse tipo de prova valor relativo, devendo ser 
contraposta aos demais elementos probatórios existentes no processo.
Princípio da publicidade
O princípio da publicidade decorre da previsão do art. 5º, LX, da Constituição 
Federal, segundo o qual “[...] a lei só poderá restringir a publicidade dos atos 
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem” 
(BRASIL, 1988, documento on-line).
Os atos processuais são públicos, até porque a Constituição Federal, em 
seu art. 37, contempla o princípio da publicidade como um dos norteadores 
da Administração Pública. Então, em respeito à exigência de publicidade 
dos atos administrativos, os atos processuais são abertos à comunidade 
(BRASIL, 1988).
Percebemos, então, que a publicidade dos atos processuais é a regra, 
porém, em casos excepcionais, esse princípio será mitigado, passando a 
valer o chamado princípio da publicidade restrita, que é decorrente do 
princípio do contraditório, segundo o qual as partes devem ser informadas 
a respeito dos atos processuais, sendo que apenas estas e seus procuradores 
terão acesso aos autos, conforme a previsão do art. 93, IX, da Constituição 
Federal (BRASIL, 1988).
Isso porque a Constituição Federal, no art. 5º, X, também garante a invio-
labilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas 
e porque o cumprimento do interesse público é a finalidade maior da Admi-
nistração Pública (BRASIL, 1988).
Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais10
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
Nesse sentido, o Código de Processo Penal, no art. 792, § 1º, prevê o sigilo 
se da publicidade do ato puder ocorrer escândalo, inconveniente grave ou 
perigo de perturbação da ordem (BRASIL, 1941).
Princípio do juiz natural
O princípio do juiz natural garante o direito de ser processado por magistrado 
competente, conforme o art. 5º, LIII, da Constituição Federal, e a proibição à criação 
de juízos ou tribunais de exceção, prevista no art. 5º, XXXVII, da Constituição 
(BRASIL, 1988). Em outras palavras, esse princípio impede a criação casuística 
de tribunais depois da ocorrência do fato para apreciar um caso específico.
Princípio do promotor natural
É vedada a designação de forma arbitrária, pela chefia do Ministério Público, 
de promotor para patrocinar um caso específico, isto é, o promotor natural 
deve ser, sempre, aquele previamente determinado pela lei (NUCCI, 2012). A 
abrangência desse princípio é limitada ao processo criminal, não se aplicando, 
portanto, ao inquérito policial. O STF não reconhece esse princípio, mas 
a doutrina majoritária, sim. Entre os autores que o aplicam, encontram-se 
(TÁVORA; ALENCAR, 2012):
 � Nestor Távora;
 � Rosmar Alencar;
 � Paulo Rangel;
 � Marcelo Navarro Ribeiro;
 � Eugenio Pacelli de Oliveira;
 � Sérgio Demoro Hamilton;
 � Nelson Nery Junior.
Princípio do defensor natural
O princípio do defensor natural é aplicado por analogia ao princípio do juiz 
natural, da mesma forma que o princípio do promotor natural. Significa a 
vedação de nomeação de defensor público diverso daquele que tem atribuição 
legal para atuar na causa.
Da mesma forma como o princípio do promotor natural, o STF não 
reconhece o princípio do defensor natural, contrariando o entendimento 
doutrinário majoritário.
11Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
Princípio do devido processo legal
O art. 5º, LIV, da Constituição Federal (BRASIL, 1988, documento on-line) 
assegura que: “[...] ninguém será privado da liberdade ou de seus bens 
sem o devido processo legal” e isso quer dizer que ninguém pode sofrer o 
cerceamento de sua liberdade ou dos bens de sua propriedade se não for de 
acordo com as determinações estabelecidas em lei. Então, no processo penal, 
devem ser cumpridas rigorosamente as previsões legais, não podendo haver 
qualquer tipo de supressão ou desvirtuamento de atos essenciais.
Com relação à aplicação da sanção penal, é necessário que a pena pretendida 
seja submetida ao crivo do Poder Judiciário, pois, conforme já dizia Rui Barbosa 
(apud RANGEL, 2012, p. 4), “[..] não há pena sem processo, nem processo 
senão pela Justiça”. Mas não é só. A pretensão punitiva deve perfazer-se dentro 
de um procedimento regular, perante a autoridade competente, tendo por base 
as provas validamente colhidas, respeitando-se os princípios do contraditório 
e da ampla defesa.
Princípio do favor rei ou favor réu
Em caso de dúvida, a decisão deverá ser em favor do acusado (in dubio pro 
reo), ou seja, na ponderação entre o direito de punir do Estado e o status 
libertatis do imputado, este último deve prevalecer. Nesse sentido, o art. 386, 
VII, do Código de Processo Penal prevê como hipótese de absolvição do réu 
a ausência de provas suficientes a contribuir com a imputação formulada 
pela acusação (BRASIL, 1941).
Princípio da economia processual
No processo penal, devemos buscar a maior efetividade com a produção da 
menor quantidade de atos possível. Então, a Constituição Federal, com vistas 
a evitar ou reduzir a morosidade processual, determinou, no art. 5º, LXXVIII, 
que: “[...] a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a 
razoável tramitação do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação” (BRASIL, 1988, documento on-line).
A Lei nº. 9.099, de 26 de setembro de 1995 (dos Juizados Especiais),em seu art. 62, também contemplou este princípio, além dos princípios da 
celeridade e da informalidade, como forma de imprimir a rápida solução 
dos conflitos (BRASIL, 1995).
Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais12
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
Princípio da duração razoável do processo penal
A Constituição Federal, sem seu art. 5º, LXXVIII, dispõe que: “[...] a todos, 
no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação” (BRASIL, 
1988, documento on-line). Dessa forma, a justiça não pode ser tardia.
Princípio da inexigibilidade de autoincriminação 
ou da autodefesa
Ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si mesmo. A ideia desse 
princípio é a de limitação do poder punitivo do Estado. A inexigibilidade de 
autoincriminação tem relação com o princípio da presunção de inocência 
e com o direito ao silêncio, o qual é assegurado pela Constituição Federal, 
em seu art. 5º, LXII: “[...] o preso será informado de seus direitos, entre os 
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família 
e de advogado” (BRASIL, 1988, documento on-line).
Como resultados do direito ao silêncio, tem-se:
 � o direito de não colaborar com a investigação ou com a instrução 
criminal; 
 � o direito de não realizar declaração contra si mesmo;
 � o direito de não confessar;
 � o direito de não falar a verdade.
Os Tribunais Superiores têm se posicionado pela tipicidade da conduta daquele que 
se atribui identidade falsa perante autoridade policial com o intento de ocultar maus 
antecedentes.
13Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 
DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2018.
BRASIL. Decreto-Lei nº. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. 
1941. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2018.
BRASIL. Lei nº. 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis 
e Criminais e dá outras providências. 1995. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2018.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n° 523. No processo penal, a falta da 
defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver 
prova de prejuízo para o réu. DJe, out. 2013. Disponível em: . Acesso em: 
3 maio 2018.
BRASIL. Superior Tribunal Federal. Habeas Corpus 126.292 SP. Relator: Ministro Teori 
Zavascki. DJe, 17 fev. 2016. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2018.
CAPEZ, F. Curso de processo penal. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
CHIOVENDA, G. Instituições de Direito Processual Civil. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1969. v. 1.
NUCCI, G. de S. Manual de processo penal e execução penal. 9. ed. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2012.
PAIVA, E. de A. Princípios gerais de direito e princípios constitucionais. In: ESCOLA 
DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Normatividade jurídica. Rio 
de janeiro: EMERJ, 2013. Disponível em: . Acesso 
em: 3 maio 2018.
RANGEL, P. Direito Processual penal. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
TÁVORA, N.; ALENCAR, R. R. Curso de Direito Processual Penal. 7. ed. Salvador: JusPo-
divm, 2012.
Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais14
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
Leituras recomendadas
POR 6 votos a 5, STF nega habeas corpus de Lula. BBC Brasil, 4 abr. 2018. Disponível 
em: . Acesso em: 3 maio 2018.
RAMALHO, R. et al. Supremo rejeita por 6 votos a 5 habeas corpus preventivo para 
Lula; prisão agora depende do TRF-4. G1 Política, 4 abr. 2018. Disponível em: . 
Acesso em: 5 abr. 2018.
SARLET, I. W. Integração dos tratados de direitos humanos no ordenamento jurídico. 
Revista Consultor Jurídico, mar. 2015. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2018.
15Processo penal: fontes, função e princípios fundamentais
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
Conteúdo:
Identificação interna do documento M51FLT4999-ALW9OK1
	5LV
	art144§4

Mais conteúdos dessa disciplina