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MÉTODOS DE CONTROLE DE PRAGAS FLORESTAIS

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ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 1 
 
 
 
PARTE II - MÉTODOS DE CONTROLE DE PRAGAS 
FLORESTAIS (MCPF) 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Quando as populações de insetos atingem o nível de dano econômico (ND), 
faz-se necessário que medidas de controle sejam tomadas, para diminuir a população a um 
nível mais baixo. Quando isso ocorre, a espécie praga torna-se um “alvo” a ser atingido e 
estratégias devem ser tomadas, objetivando-se um mínimo de custo com um máximo de 
eficiência aliados a um menor impacto ambiental. 
Os métodos de controle de pragas, basicamente, podem ser classificados em: 
 
 NATURAL 
 
 CONTROLE 
 INDIRETO 
 
 APLICADO 
 
 DIRETO 
 
2. CONTROLE NATURAL 
 
É o controle que ocorre na natureza, ou seja, a ação de fatores bióticos e 
abióticos sobre as populações de plantas e animais de um ecossistema, mantendo o 
equilíbrio biológico. Não há a intervenção do homem para a realização desse tipo de 
controle. O controle natural apresenta uma atuação quase imperceptível, impedindo o 
aparecimento de grandes populações de insetos e algumas vezes apresenta atuação rápida. 
 
 
3. CONTROLE APLICADO INDIRETO OU PREVENTIVO (CI) 
 
Emprega todas as medidas do manejo florestal com o propósito de prevenir 
danos provocados por insetos, trata-se, portanto, de ações com caráter preventivo muito 
empregadas no setor florestal. O controle indireto é, basicamente, fundamentado em: 
 
 PRÁTICAS SILVICULTURAIS ROTINEIRAS DO MANEJO FLORESTAL 
 
 
 CI 
 
 
 MODIFICAÇÕES NAS CONDIÇÕES NUTRICIONAIS E FÍSICAS 
 
 
 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 2 
 
 
 
3.1. PRÁTICAS SILVICULTURAIS 
 
Diversas práticas silviculturais podem ser empregadas como técnicas 
preventivas ao surgimento de pragas, porém as mais adotadas são: 
A - Plantios com idades diferentes: é sabido que determinadas espécies de 
insetos atacam as espécies florestais em determinadas fases do seu desenvolvimento, 
portanto se o plantio apresentar diferentes idades diminui a chance de que o ataque seja 
extensivo a todo plantio. 
B - Imitar planos naturais: em florestas nativas não ocorrem desequilíbrios 
biológicos e muitos aspectos contribuem para isso, dessa forma a interpretação da natureza 
é fundamental para o sucesso de um plantio florestal, principalmente, quando se tratar de 
plantios com espécies florestais nativas. 
C - Formação de povoamentos florestais mistos: essa técnica adota como 
base o princípio da ecologia, onde quanto maior o número de espécies em um local maior 
será o equilíbrio biológico entre elas. Um reflorestamento de espécies mistas apresentará 
menos problemas com pragas do que um reflorestamento com poucas espécies ou até 
mesmo uma única espécie florestal. 
D - Regulação da densidade: prática rotineira na condução de povoamentos 
florestais, trata-se de prática preventiva muito importante, pois na retirada dos indivíduos 
selecionados devem ser retirados, também, os indivíduos atacados por pragas. Essa técnica 
exige a presença de indivíduo que possua bons conhecimentos de Entomologia Florestal, a 
fim de serem reconhecidas as plantas comprometidas pelo ataque de insetos. 
E - Presença de sub-bosque: trata-se de uma técnica preventiva que vem 
sendo adotada por diversas empresas de reflorestamento em nosso país. Na realidade 
procura-se aumentar o número de espécies vegetais e animais em um local, buscando-se 
maior equilíbrio biológico, sendo na verdade uma técnica que adota o mesmo princípio 
ecológico do plantio misto, porém de forma mais rica em variedades de espécies. A presença 
de sub-bosque dentro dos talhões possibilita florada durante o ano todo, trazendo condições 
de sobrevivência aos polinizadores e inimigos naturais que tenham o néctar como fonte 
alimentar, pelo menos em determinada fase de sua vida, como exemplo, de alguns 
predadores e parasitóides, cujos adultos necessitam de néctar para se alimentarem. 
F - Material de boa procedência: sementes com certificado de procedência, 
testes de germinação, pureza etc. trazem resultados significativos aos plantios, pois 
sementes originárias de material florestal conhecido e trabalhado podem resultar em 
indivíduos mais vigorosos aos ataques de pragas. 
G - Preservação de faixas de matas nativas: preservação de matas ripárias, de 
terrenos acidentados, de abrigo de fauna, de vales etc. contribui muito para a diminuição das 
populações de insetos pragas, por se constituírem em verdadeiros “laboratórios naturais de 
criação de inimigos naturais”, possibilitando a migração deles para as áreas de povoamentos 
artificiais. 
H - Local adequado para plantio: as espécies florestais têm suas exigências de 
solo e clima e quando não obedecidas podem trazer sérios problemas com pragas, como 
exemplo de espécies florestais que não suportam déficit hídrico e são plantadas em locais 
com essa característica, fatalmente, irá ter problemas com diferentes tipos de pragas. Em 
certos casos chega ao comprometimento do plantio. 
 
 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 3 
 
 
 
3.2. MODIFICAÇÕES NAS CONDIÇÕES NUTRICIONAIS E FÍSICAS 
 
Adotam técnicas fundamentadas em barreiras e restrições quanto à 
alimentação. Geralmente, aplicadas à madeira cortada ou trabalhada, como: 
A - Uso de barreiras físicas ou químicas para impedir a alimentação: 
revestimento fórmico, películas protetoras como vernizes, tintas ou resinas oriundas de 
árvores para a madeira processada, bem como o tratamento com preservativos químicos, 
inseticidas etc. em madeira cortada ou processada, formam barreiras que impedem a 
alimentação de inúmeros insetos que atacam a madeira. 
B - Redução na quantidade de alimento: a madeira cortada deve ser retirada 
o mais rápido possível do campo e dos pátios e em alguns casos descascadas, a fim de ser 
evitado o ataque por coleobrocas. O planejamento inadequado ou não realizado pode 
provocar sérios prejuízos econômicos à madeira deixada à espera de sua utilização. Exemplo: 
cortar e estocar a madeira no campo ou em pátio nas épocas de menor ocorrência das 
coleobrocas nocivas à madeira. 
 
3.3. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE INDIRETO 
 
A - Vantagens: 
 Pode ser o único método que dá proteção adequada; 
 Traz resultados duradouros; 
 Algumas vezes apresenta um custo mais baixo; 
 Pode ser incorporado às práticas silviculturais 
 
B - Desvantagens: 
 Pode requerer medidas drásticas; 
 Não soluciona todos os casos; 
 Alguns métodos dão resultados em longo prazo. 
 
4. MÉTODOS DE CONTROLE DIRETO OU CURATIVOS (CD) 
 
Fundamenta-se em medidas supressivas, ou seja, de ação rápida na 
diminuição das populações de insetos que estejam trazendo danos econômicos. Devem ser 
adotados quando as medidas do controle indireto não surtiram efeito. 
Nesse item serão abordados os principais métodos adotados no campo da 
Entomologia Florestal, como: métodos legislativos, culturais, mecânicos, físicos, químicos, 
biológicos, resistência de plantas aos insetos e comportamental. 
 
4.1. MÉTODOS LEGISLATIVOS 
 
Baseados em leis e portarias estaduais e federais, como: 
A) Serviço quarentenário: serviços prestados em portos, aeroportos e 
fronteiras com os objetivosde evitar a entrada e saída de vegetais com insetos nocivos ou 
mesmo transporte de insetos nocivos (pragas quarentenárias1), bem como tratar e destruir 
 
1
 Pragas quarentenárias são classificadas em A1 e A2. A1 - uma praga de importância econômica potencial para o país e que não está 
presente nele, em relação às pragas ocorrentes no território brasileiro. PRAGA QUARENTENÁRIA A2 - uma praga de importância 
econômica potencial para o país, que tem distribuição limitada e é oficialmente controlada. Cabe aos órgãos oficiais fiscalizadores o 
monitoramento constante desse tipo de praga, bem como estabelecer legislação específica para o comércio e transporte do hospedeiro. 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 4 
 
 
 
os vegetais atacados de acordo com a necessidade. Este serviço é realizado pelo Ministério 
de Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) ou órgãos estaduais. 
B) Medidas obrigatórias de controle: leis que obrigam o controle de pragas de 
reconhecida importância econômica para uma região. Poucas leis existem em nosso país com 
esse propósito. 
C) Fiscalização do comércio de agrotóxicos: visam evitar fraudes em 
formulações de agrotóxicos e estabelecer limites de tolerância de resíduos de agrotóxicos em 
alimentos e no ambiente. 
 
4.2. MÉTODOS MECÂNICOS 
 
Baseados em medidas mecânicas como catação manual de insetos, formação 
de barreiras e uso de armadilhas. Exemplos: 
 catação de lagartas em mudas de viveiros florestais; 
 construção de barreiras ou valetas contra surtos de gafanhotos; 
 uso de armadilhas como o frasco caça mosca para moscas das frutas, 
armadilhas etanólicas para coleta de coleobrocas etc. 
Os métodos mecânicos apresentam vantagens quando se trata de pequenas 
áreas e em regiões com abundância de mão de obra barata e não especializada. São métodos 
encontrados em regiões muito pobres, tendo seu uso restrito somente para pequenas áreas 
e mesmo assim com baixa eficiência. 
 
4.3. MÉTODOS CULTURAIS 
 
Baseados em práticas culturais ou silviculturais, só que agora com caráter 
curativo e não preventivo. Esse método exige conhecimentos de biologia e ecologia da praga. 
Exemplos: 
A) Aração do solo: promove a destruição de lagartas e pupas pela exposição 
aos raios solares após a aração; 
B) Destruição de restos de cultura: eliminando tecidos vegetais que possam 
conter a praga em qualquer estágio do seu desenvolvimento; 
C) Poda: destruição de ramos atacados por coleobrocas, lepidobrocas, 
cochonilhas etc. em plantios pequenos ou em árvores da área urbana. 
D) Adubação e irrigação: adubação quando de forma equilibrada proporciona 
maior resistência ao vegetal, porém, quando com excesso de nitrogênio2 aumenta as 
populações de lagartas e de sugadores de seiva (pulgões, cochonilhas etc.). A adubação 
orgânica é recomendável por propiciar um maior equilíbrio nutricional e liberação gradativa 
dos nutrientes. A irrigação por aspersão diminui as populações de pulgões, cochonilhas, trips 
etc.; o excesso de água na planta pode favorecer o ataque de insetos sugadores. 
 
 
 
 
 
2
 O nitrogênio propicia uma maior quantidade de aminoácidos disponíveis a esses insetos e consequentemente melhora a qualidade do 
alimento o que acarreta em uma maior fertilidade e sobrevivência. Por outro aspecto, o nitrogênio aumenta a quantidade de folhas o que por 
sua vez aumenta o sombreamento e menor dessecação dos insetos, maior oferta de alimento e menor disputa por território e suporte para 
alimentar maior quantidade de indivíduos. 
 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 5 
 
 
 
4.4. MÉTODOS FÍSICOS 
 
Baseados em processos físicos, como: fogo, drenagem, inundação, 
temperatura, luz etc. 
O fogo é uma técnica pouco recomendável para o controle de pragas em 
florestas, principalmente, pelo fato de que após a sua utilização surgem problemas com 
coleobrocas, pois a casca das árvores sofre rachaduras pela ação do calor, acarretando em 
fermentação com produção de metanol (atraente de coleobrocas). Esse método só deve ser 
empregado como último recurso e para insetos, cujo comportamento permita sofrer a ação 
do fogo, ou seja, insetos de solo (superfície), lagartas da mariposa violácea, Sarsina 
violascens, as quais durante o dia permanecem agrupadas no fuste das árvores. 
A drenagem e a inundação são técnicas empregadas em determinadas 
situações. A inundação pode ser empregada para pragas de viveiros florestais, cujos insetos 
vivam no solo. A drenagem é recomendada para áreas alagadiças com problemas de insetos 
aquáticos. 
A temperatura elevada ou baixa pode ser empregada nos processos de 
secagem de madeira ou na armazenagem de sementes, respectivamente. Nesses casos 
podem ser utilizadas estufas de secagem de madeira, câmaras frias para sementes e até 
mesmo o uso do infravermelho para aquecimento. 
A luz pode ser empregada através das armadilhas luminosas, objetivando a 
atração e coleta de insetos. Os modelos de armadilhas luminosas são diversos, podendo-se 
destacar a armadilha modelo “Luiz de Queiroz” e as de eletrocussão, sendo esta última 
empregadas em uso doméstico ou comercial. 
As armadilhas luminosas são de grande importância para a Entomologia 
Florestal, pois através desses instrumentos podem-se realizar tarefas como: 
 estudos ecológicos; 
 monitoramento de pragas; 
 determinação da flutuação populacional de pragas; 
 controle de pragas. 
 
As armadilhas luminosas não poluem o ambiente e não promovem 
desequilíbrios biológicos, mas requerem energia elétrica (fator limitante na zona rural) e 
número elevado para se ter eficiência no controle de pragas, além de estarem sujeitas aos 
danos produzidos pelo clima e vandalismo. O controle de insetos pode ser viável em viveiros 
florestais, mas como um procedimento auxiliar no controle das pragas e não como um 
método eficaz e sem a necessidade de outras medidas de controle. O princípio de 
funcionamento é bastante simples, os insetos fototrópicos positivos são atraídos pela luz 
emitida da lâmpada (ultravioleta ou luz do dia), em seguida descem pelo funil caindo em 
recipiente cilíndrico feito com tela de metal, onde ficam aprisionados (Figura 1). Geralmente, 
elas são ligas às 18:00 horas, quando o sol se põe e desligadas às 6:00 horas, quando nasce o 
sol. O número de coletas varia de acordo com o tipo de trabalho a ser desenvolvido. Quando 
a luz lunar é forte a quantidade de insetos coletados é menor devido a competição com a 
Lua. Há outros tipos de armadilhas luminosas construídas até com madeira e com um custo 
menor. 
 
 
 
 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 6 
 
 
 
FIGURA 1 - ESTRUTURA DE UMA ARMADILHA LUMINOSA MODELO “LUIZ DE QUEIROZ”. 
 
 
Diâmetro do chapéu = 40 cm /Largura da aleta = 14 cm/Diâmetro do tubo = 8 cm/Espaço para a lâmpada = 7 
cm/Diâmetro máximo do cone = 37 cm. 
 
 
4.5. RESISTÊNCIA DE PLANTAS AOS INSETOS 
 
 4.5.1. INTRODUÇÃO 
 
Não é tarefa fácil para um inseto alimentar-se de plantas. Muitas formas de 
defesas podem ser encontradas nos vegetais. A maioria dos insetos não se alimenta de 
plantas, pois podem encontrar nelas “armadilhas” que podem levá-los à morte. Poucas 
ordens da Classe Insecta conseguiram superar as dificuldades de alimentação nas plantas e 
isto deveu-se a um processo evolutivo originário com insetos decompositores. 
Costuma-se dizer que as plantas são tóxicas e a sua cor verde, relativamenteuniforme, disfarça a vegetação da seleção dos insetos fitófagos. Os vegetais, através de 
diferentes formas podem apresentar maior ou menor resistência aos fitófagos. 
A crescente preocupação do homem em substituir os agrotóxicos, por 
métodos alternativos não poluidores, levou às pressões da sociedade, que de certa forma 
favoreceram os cientistas a desenvolverem e aprofundarem os conhecimentos da resistência 
de plantas aos insetos. Um dos grandes impulsos foi à publicação do livro intitulado 
“Primavera Silenciosa”, da escritora Rachel Carlson, discutindo os efeitos dos agroquímicos 
sobre o ambiente. 
Portanto, as plantas oferecem resistência ao pastejo dos fitófagos. Por 
conceito pode-se dizer que planta resistente é aquela que devido a sua constituição 
genotípica é menos danificada que outra em igualdade de condições. Sendo assim, a 
resistência é relativa, hereditária e específica. 
 
4.5.2. CAUSAS DA RESISTÊNCIA 
 
A resistência das plantas pode ter sua origem em causas físicas, químicas, 
morfológicas e outras quando não se enquadrarem nas três primeiras categorias. 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 7 
 
 
 
As causas de natureza física são muito pouco estudadas e, talvez, por isso não 
tenham a merecida importância. Elas estão relacionadas com a natureza da superfície 
observada, fundo óptico, iluminação, ângulo de visão e da sensibilidade que afetam as taxas 
de visão dos insetos. Características como pubescência, espelhamento, alto conteúdo de 
água nas células, falta de clorofila etc. podem afetar a visibilidade dos insetos e conferir 
maior ou menor resistência ao vegetal. Estudos no sentido de alterar a refletância foliar, 
pigmentação etc. podem trazer maior resistência à planta. 
As causas de natureza morfológica podem ser consideradas em causas de 
morfologia externa e interna. Para as de morfologia externa podem ser citadas a superfície 
lisa dificultando a fixação de afídeos, a pilosidade nas folhas e ramos, tricomas3 (Figura 2), a 
largura da estrutura afetando a oviposição de Xyleborus saxeni que escolhe hospedeiros com 
diâmetro superior a 10 cm de fuste etc. Para as de morfologia interna podem ser 
exemplificadas a quantidade de sílica/mm2, o número de feixes de lignina/nervura nas 
bainhas das folhas e no caule e grande quantidade de canais resinosos nos pinheiros 
escoceses, como sendo fator responsável pela mortalidade de 70% da mariposa do broto do 
pinheiro, Ryacionia buoliana. 
 
FIGURA 2 - (A) UM AFÍDEO PRESO POR PELOS GLANDULARES, EM UMA PLANTA DE BATATA SELVAGEM; (B) 
UM ÚNICO PELO (GIBSON, 1971; IN: EDWARDS & WRATTEN, 1981). 
 
 
 
As causas de natureza química são as mais bem estudadas e extremamente 
complexas. Sabe-se, atualmente, que inúmeras substâncias encontradas nos vegetais, cujas 
funções eram desconhecidas e avaliadas como sem importância aos mesmos, denominadas 
de compostos secundários por não participarem do seu metabolismo, hoje são reconhecidas 
como substâncias de defesa às pragas e doenças. Os compostos secundários variam 
quantitativamente de acordo com o estágio de desenvolvimento da planta e também com as 
 
3 Tricomas = minúsculos apêndices epidérmicos que ocorrem em diferentes formas, podendo ser unicelulares ou pluricelulares, 
tendo aspectos de ganchos fortes, pontas ou serem glandulares produzindo secreções como terpenos, gomas e taninos. 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 8 
 
 
 
variações estacionais. De forma geral, as folhas, cascas e raízes são os locais de maiores 
concentrações de compostos secundários. A maior diversidade de espécies vegetais 
encontradas nos trópicos resultou em uma maior pressão ambiental, trazendo como 
conseqüência espécies com maiores concentrações de compostos secundários. Na tabela 1 
são citados os principais grupos de compostos secundários. A água, cuja quantidade varia 
com a idade, estruturas e estação é uma causa de resistência química; a diminuição na 
quantidade de água pode aumentar a resistência para certas espécies vegetais ou diminuir 
para outras. 
As causas de resistências não encaixadas nos três primeiros tipos são 
denominadas de outras, exemplificando tem-se o comportamento do inseto independente 
de uma ação da planta, a própria fisiologia do vegetal no aspecto de compensar partes 
destruídas através de uma rápida recuperação, através do crescimento, emissão de novas 
raízes etc. 
 
 
TABELA 1 - PRINCIPAIS CLASSES DE COMPOSTOS VEGETAIS SECUNDÁRIOS ENVOLVIDOS NAS INTERAÇÕES 
PLANTA-ANIMAL (MODIFICADO DE HARBORNE, 1977; IN: EDWARDS & WRATTEN, 1981). 
 
CLASSE N
O
 APROXIMADO 
DE ESTRUTURAS 
DISTRIBUIÇÃO ATIVIDADE FISIOLÓGICA 
COMPOSTOS NITROGENADOS 
Alcalóides 5.500 Amplamente nas angiospermas, especialmente nas 
raízes, folhas e frutos. 
Muitas tóxicas e de gosto 
amargo 
Aminas 100 Amplamente nas angiospermas, freqüentemente em 
flores 
Muitas de cheiro 
repelente; algumas 
alucinógenas 
Aminoácidos (não protéicos) 400 Especialmente em sementes de legumes, mas espalhadas 
de modo relativamente amplo. 
Muitas tóxicas 
Glicosídeos cianogênicos 30 Esporádicos, especialmente no fruto e folha Venenoso (como HCN) 
Glucosinolatos 75 Cruciferae e dez outras famílias Corrosivos e amargos 
(como isotiocianatos) 
 
TERPENÓIDES 
Monoterpenos 1.000 Amplamente, em óleos essenciais Odores agradáveis 
Lactonas sesquiterpenos 600 Principalmente em Compositae, mas encontradas cada 
vez mais em angiospermas 
Algumas amargas e 
tóxicas, também 
alergênicos 
Diterpenóides 1.000 Amplamente, especialmente no látex e nas resinas de 
plantas 
Algumas tóxicas 
Saponinas 500 Em mais de 70 famílias de plantas Hemólise das células 
sangüíneas 
Limonóides 100 Principalmente em Rutaceae, Meliaceae e 
Simaroubaceae 
Com gosto amargo 
Cucurbitacinas 50 Principalmente em Cucurbitaceae Com gosto amargo e 
tóxica 
Cardenolídeos 150 Especialmente comuns em Apocynaceae, Asclepiadaceae 
e Scrophulariaceae 
Tóxica e amarga 
Carotenóides 350 Universal em folhas, freqüentemente em flores e frutos Coloridos 
 
FENÓLICOS 
Fenóis simples 200 Universal em folhas, muitas vezes também em outros 
tecidos 
Antimicrobianos 
Flavonóides (inc. taninas) 1.000 Universais em angiospermas e musgos Freqüentemente coloridos 
Quinonas 500 Amplamente, especialmente em Rhamnaceae Coloridos 
 
OUTROS 
Poliacetilenos 650 Principalmente em Compositae e Umbelliferae Alguns tóxicos 
 
 
4.5.3. TIPOS DE RESISTÊNCIA 
 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 9 
 
 
 
A resistência de uma planta pode ser do tipo não preferência, antibiose e 
tolerância. Lembrando que uma mesma espécie vegetal pode exibir mais de um tipo de 
resistência. 
A resistência do tipo não preferência ou antixenose é quando uma planta 
pode ser menos danificada do que outra por ser menos preferida, em igualdade de 
condições, devido a estímulos de natureza química ou física. 
A resistência do tipo antibiose é quando a planta produz efeitos adversos à 
biologia do inseto. Ex.: morte de formas jovens, redução no peso e tamanho de larvas e 
pupas, período de vida anormal etc. Esse tipo de resistência poder ter origem na presença de 
substâncias químicas que produzem intoxicação aguda ou crônica do inseto; antimetabólitos 
que tornam indisponíveis certos nutrientes essenciais ou agem com inibidores de enzimas 
digestivas o que interferem na reprodução, também pode estar associado à impropriedade 
nutricional, tais como deficiência qualitativa e quantitativa de nutrientes. 
A resistência do tipo tolerânciaé considerada como sendo a melhor, pois a 
planta tolera o ataque sem interferir na sua biologia. Esse tipo de resistência apresenta 
vantagens e desvantagens. 
 
A) Vantagens: 
 não promove o aparecimento de raças fisiológicas de insetos4 (não reduz a 
população); 
 pode ser ajustado muito bem em um programa de controle integrado. 
 
B) Desvantagens: 
 idade da planta (capacidade de recuperação); 
 sujeito às variações ambientais (geada, chuvas excessivas, estiagem etc.) 
 
 
4.6. MÉTODOS DE CONTROLE BIOLÓGICO 
 
4.6.1 - INTRODUÇÃO 
 
O controle biológico é uma extensão do controle natural, consistindo na 
aplicação de inimigos naturais para controlar as pragas de tal forma que a população da 
praga entre em equilíbrio biológico. Em síntese, é a regulação do número de animais e 
plantas através dos inimigos naturais. 
A prática do controle biológico é realizada desde antigamente. Os chineses no 
século III já utilizavam formigas predadoras para combater pragas e em nosso país alguns 
povos indígenas utilizam formigas para o controle de pragas. No setor florestal é um dos 
métodos mais recomendados devido ao fato de não provocar desequilíbrios biológicos. 
Os inimigos naturais das pragas podem ser os próprios insetos que são 
denominados de insetos entomófagos. Na Classe Insecta metade das espécies conhecidas 
são formadas por insetos entomófagos. Mas, os inimigos naturais das pragas não são 
formados apenas por insetos entomófagos, mas também por outros organismos. Os inimigos 
naturais podem ser assim conceituados: 
 
4
 Raça fisiológica de insetos é quando uma população de insetos apresenta características de resistência a uma ou mais substâncias químicas, 
diferindo dos demais insetos da mesma espécie. Esse fenômeno é decorrente da exposição continua ou da ingestão dessa(s) substância(s) que 
leva a uma seleção dos indivíduos, eliminando-se os mais frágeis e resultando, após certo tempo, em indivíduos resistentes. 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 10 
 
 
 
a) predador: organismo que necessita de mais de um indivíduo para 
completar seu desenvolvimento; 
b) parasitóide: organismo que para completar seu desenvolvimento necessita 
apenas de um indivíduo hospedeiro; 
c) patógeno: microrganismo que vive e se alimenta dentro de ou sobre um 
organismo hospedeiro. 
 
4.6.2. INIMIGOS NATURAIS 
 
Os inimigos naturais podem ser agrupados em: 
 Animais insetívoros: anfíbios (sapo, rã etc.), aves (anu, pica-pau, andorinha 
etc.), mamíferos (morcegos, tamanduá, tatu etc.), répteis (lagartixa, lagarto 
etc.) e peixes; 
 Ácaros; 
 Aranhas; 
 Bactérias; 
 Fungos; 
 Vírus; 
 Nematóides; 
 Insetos: predadores e parasitóides 
Os animais insetívoros não são empregados, em programas de controle 
biológico, pela inviabilidade econômica de se realizar grandes criações, para posteriormente 
serem liberados no campo. Os insetos, principalmente, os parasitóides e os 
entomopatógenos (bactérias, fungos e vírus) são os mais utilizados nos programas de 
controle biológico. 
 
4.6.3. PRÁTICAS DO CONTROLE BIOLÓGICO 
 
Para a realização do controle biológico deverão ser adotadas as seguintes 
medidas: 
a) Reduzir os fatores desfavoráveis aos inimigos naturais no ambiente, como 
por exemplo, evitar o uso de inseticidas muito tóxicos aos inimigos naturais; 
b) Aumentar os fatores ambientais favoráveis aos inimigos naturais, como 
exemplo o uso de plantios mistos, preservação de faixas de matas nativas e presença de sub-
bosque. 
c) Aumentar o número de espécies de insetos entomófagos importando-os 
de outras regiões. Exemplo: Rodolia cardinalis levada aos EUA para controle de Icherya 
purchasi. 
d) Aumentar o número de inimigos naturais através da criação massal em 
laboratórios e com liberação posterior no campo. 
 
 
 
 
4.6.4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CB 
 
Vantagens: 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 11 
 
 
 
 Age no ecossistema; 
 É mais persistente; 
 Não deixa resíduos; 
 É mais específico e não causa desequilíbrio biológico; 
 Geralmente é mais barato do que o controle químico; 
 Eficiente para culturas perenes ou semiperenes, onde a população da praga 
pode manter-se o ano todo. 
 
Desvantagens: 
 Tem ação mais lenta do que o controle químico, exceto o controle 
microbiano com bactérias e vírus; 
 
4.6.5. ORGANISMOS EMPREGADOS NO CB 
 
A) Ácaros: utilizados com sucesso em diversos países. Atuam como 
predadores de insetos e também de ácaros. As principais famílias entomófagas são: 
Pyemotidade, Phytoseiidae, Trombiculidade e Trombidiidae. 
B) Nematóides: diversas espécies atuam como parasitas obrigatórios de 
insetos atacando intestinos, órgãos reprodutores, sistema respiratório etc. Podendo produzir 
danos insignificantes, esterilização e morte. 
C) Insetos 
 C.1) Predadores 
Os predadores não são específicos e devido a essa característica não são 
empregados no controle biológico, porém há exceções como as joaninhas. 
Dentro da Classe Insecta há somente quatro ordens que não contêm formas 
predatórias ou parasíticas. Exemplo: Ephemeroptera, Isoptera, Phthiraptera e Siphonaptera. 
Por outro lado, há ordens que contêm somente predadores como Mantodea e Odonata. 
Os predadores podem ser classificados, quanto à forma de alimentação, em 
mastigadores e sugadores. Os mastigadores consomem a presa totalmente como os 
indivíduos das famílias Coccinellidae, Carabidae, Mantidae etc. Os sugadores sugam o fluido 
das presas como os indivíduos das famílias Reduviidae, Chrysopidae, Syrphidae etc. 
As ordens mais importantes no CB são: 
1) Coleoptera - mais da metade das espécies conhecidas são predadoras. 
Principais famílias: Coccinellidae (Figura 3), Carabidae etc. 
 
FIGURA 3 - JOANINHAS. Da esquerda para a direita: Cycloneda sanquinea, Ola v-nigrum e Cycloneda 
pulchella. 
 
 
 
2) Diptera - família Shyrphidae com a espécie Pseudodorus clavatus , cujas 
larvas são predadoras de pulgões em citros. 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 12 
 
 
 
3) Hymenoptera - grande quantidade de espécies predadoras. Principais 
famílias: Vespidae, Pteromalidae etc. 
4) Hemiptera - Principais famílias: Pentatomidae, Reduviidae, Nabidae, 
Lygaeidae, Anthocoridae etc. 
 
C.2 - Parasitóides 
Também denominados de parasitos e parasitos protélicos são os mais 
empregados nos programas de controle biológico devido a sua alta especificidade. Os 
parasitóides, que atacam invertebrados, quase sempre destroem seus hospedeiros, não 
ocorrendo o mesmo com os parasitas. O parasita verdadeiro ataca um hospedeiro que 
pertence a uma classe diferente, como o caso da lombriga parasitando o homem e, 
geralmente, não leva o seu hospedeiro à morte. De forma geral, os parasitóides nos 
primeiros estágios larvais atuam como parasitas verdadeiros e só nos últimos estágios é que 
mostram comportamento alimentar predatório. 
O parasitismo passa por diversas etapas e para os parasitóides que colocam 
ovos ou larvas diretamente sobre o hospedeiro, observando-se as seguintes etapas: 
1a) Descoberta do habitat do hospedeiro; 
2a) Descoberta do hospedeiro; 
3a) Aceitação do hospedeiro; 
4a) Adequabilidade do hospedeiro. 
 As três primeiras etapas são controladas pela fêmea e a última etapa é da 
relação parasitóide-hospedeiro. Insetos que colocam ovos longe do hospedeiro não passam 
da primeira etapa. 
As ordens mais importantes no CB são: 
1) Hymenoptera: com cerca de 200.000 espécies descritas sendo a maioria 
parasitóides. Dois terçosdos casos de sucesso em controle biológico foram obtidos com 
himenópteros. As principais famílias são: Aphelinidae, Braconidae (Figuras 4 e 5), Cynipidae, 
Bethylidae, Encyrtidae, Eulophidae, Ichneumonidae, Trichogrammatidae etc. 
 
FIGURA 4 - LAGARTA DE Dirphia rosacordis PARASITADA POR Apanteles (HYMENOPTERA, BRACONIDAE). 
PRESENÇA DE CASULOS CONTENDO PUPAS DO PARASITÓIDE SOBRE O CORPO DA LAGARTA 
(FOTO: PERES FILHO, 2001). 
 
 
 
FIGURA 5 - ADULTO DE PARASITÓIDE DA FAMÍLIA BRACONIDAE POUSADO SOBRE FOLHA DE TECA (Tectona 
grandis) (Foto: PERES FILHO, 2001). 
 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 13 
 
 
 
 
 
2) Diptera: nessa ordem a família mais importante é Tachinidae (Tachis = 
rápido) (Figura 6). Os taquinídeos formam a maior família de dípteros muscóides, tendo na 
região neotropical 2.864 espécies, agrupadas em 944 gêneros. Os adultos alimentam-se de 
flores (tromba grande e labela larga) e de secreções açucaradas de homópteros (tromba 
pequena e labela pequena), também chamada de “honey dew”. A característica morfológica 
dessa família é o pós-escutelo intumescido. O potencial reprodutivo da fêmea adulta é 
inversamente proporcional a probabilidade de uma larva ganhar acesso ao hospedeiro 
(Tabela 2). 
 
FIGURA 6 - ADULTO DE TAQUINÍDEO (ESQUERDA) E SUA PUPA (DIREITA), PARASITÓIDE DA LAGARTA DA TECA, 
Hyblaea puera. 
 
 
 
TABELA 2 - RELAÇÃO DA QUANTIDADE DE OVOS COM O LOCAL DE COLOCAÇÃO DOS OVOS OU LARVAS POR 
FÊMEAS DE TAQUINÍDEOS. 
 
LOCAL DE COLOCAÇÃO DE OVOS OU LARVAS QUANTIDADE 
ovos sobre ou dentro do hospedeiro 100 
ovos na vegetação ou na superfície do solo 2.000-13.000 
larvas sobre o hospedeiro 100 
larvas dentro do hospedeiro 100 
larvas na vegetação ou na superfície do solo 250-1.000 
Nos taquinídeos a larva madura emerge do hospedeiro e pupa no solo ou na 
vegetação; já para os himenópteros, em sua maioria, a pupação ocorre dentro dos restos do 
hospedeiro. 
 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 14 
 
 
 
4.6.6. AGROTÓXICOS E INIMIGOS NATURAIS (PARASITÓIDES E PREDADORES) 
 
Os agrotóxicos são mais prejudiciais aos inimigos naturais do que às pragas. As 
teorias que explicam este fato são: 
 As populações de inimigos naturais são menores do que as populações das 
pragas, das quais se alimentam, portanto, situadas em nível trófico superior na 
cadeia alimentar. A mortalidade é maior para os inimigos naturais por existirem em 
menor número e, portanto, tem menor chance de sobrevivência. Isto acarreta em 
uma maior dificuldade da procura do sexo oposto no período de reprodução ou 
traz problemas genéticos, devidos aos cruzamentos somente entre indivíduos de 
uma mesma população. 
 
 Nas populações reduzidas de predadores e parasitóides há uma menor 
variabilidade genética do que nas grandes populações das pragas. Portanto, os 
genes são mais facilmente transmitidos às novas gerações nas populações das 
pragas, do que nas populações dos inimigos naturais (populações menores). 
 
 
 As espécies fitófagas adquiriram ao longo de milênios de seleção natural e 
evolução, certa resistência aos produtos químicos elaborados pelas plantas como 
defesa ao ataque dos herbívoros. A isto dá-se o nome de mecanismo pré-
adaptativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 15 
 
 
 
4.6.7. PROGRAMA DE CONTROLE BIOLÓGICO (FLUXOGRAMA) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Pesquisa em laboratório Insetário para criação massal 
 Colonização no campo Estabelecimento e disseminação 
 Avaliação após a colonização 
 . Se efetiva, termina. 
 . Não efetiva, continua. 
 Repetir as técnicas 
. Avaliação da praga 
. Biogeografia da praga e da 
planta hospedeira 
. Lista dos inimigos naturais 
. Exploração no local de origem 
. Coleta de inimigos naturais 
 Quarentena 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 16 
 
 
 
 
4.6.8. CONTROLE MICROBIANO DE INSETOS 
 
4.6.8.1. INTRODUÇÃO 
 
A patologia de insetos é a ciência que estuda as doenças dos insetos 
envolvendo a etiologia, sintomatologia e epizootiologia com o objetivo de empregá-las no 
controle de pragas, bem como controlá-las quando as mesmas ocorrem em insetos úteis. 
Doença segundo Gaumann (1950), citado por ALVES et al. (1986), “é um 
processo dinâmico no qual hospedeiro e patógeno, em íntima relação com o meio, se 
influenciam mutuamente do que resultam modificações morfológicas e fisiológicas”. 
O controle microbiano é a principal meta da patologia de insetos e representa 
um ramo do controle biológico de insetos. Esse controle trata do emprego racional dos 
patógenos, objetivando manter as populações das pragas em níveis que não tragam danos 
econômicos. 
 
4.6.8.2. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIANO 
 
A seguir estão relacionadas as vantagens e desvantagens do controle 
microbiano: 
a) Vantagens 
1. Especificidade: alguns patógenos são específicos, como exemplo os vírus, já 
as bactérias, fungos e nematóides não apresentam grande especificidade, mas mesmo dessa 
forma evitam alterações biológicas ambientais relevantes por não afetarem parasitóides, 
predadores e polinizadores. 
2. Multiplicação e dispersão: a capacidade de multiplicação e dispersão no 
ambiente através dos indivíduos da população. Os patógenos podem permanecer no 
ambiente, no solo, nos cadáveres ou passarem de uma geração para a outra através dos ovos 
dos insetos (vírus). 
3. Efeitos secundários: além da mortalidade direta os patógenos podem trazer 
como conseqüências às gerações posteriores reduzindo a oviposição, viabilidade dos ovos ou 
aumentando a sensibilidade da população aos inseticidas ou agentes biológicos. 
4. Controle mais duradouro: após o estabelecimento do patógeno em uma 
determinada área, a praga dificilmente voltará a atingir danos econômicos, sendo isto mais 
comum em culturas perenes e semiperenes. 
5. Controle associado: pode ser empregado juntamente com inseticidas 
seletivos em sub doses, procurando-se em controle mais rápido e eficaz da praga, 
diminuindo-se, assim, as super doses de inseticidas. 
6. Aplicação: podem ser aplicados com as mesmas máquinas empregadas para 
aplicação de inseticidas. 
7. Poluição e toxicidade: os patógenos não poluem o ambiente e não são 
tóxicos ao homem e aos animais. 
8. Resistência: os insetos dificilmente se tornam resistentes aos patógenos. 
 
 
 
 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 17 
 
 
 
b) Desvantagens 
1. Economia: a especificidade, em curto prazo, de alguns patógenos pode ser 
considerada uma desvantagem, porém alguns patógenos atuam sobre mais de uma praga. 
2. Planejamento das aplicações: há a necessidade de se planejar a aplicação, 
pois o período de incubação do patógeno deve ser considerado, a fim de que a praga seja 
eliminada antes de prejudicar economicamente a cultura. 
3. Condições favoráveis: alguns patógenos exigem determinadas condições de 
temperatura, umidade, luminosidade etc. 
4. Armazenamento: os inseticidas microbianos exigem cuidados no 
armazenamento para não afetar a viabilidade e patogenicidade. 
5. Comercial:alguns patógenos podem provocar a aderência dos insetos 
mortos na planta ou frutos tratados, afetando o valor comercial. 
 
4.6.8.3. MÉTODOS DE EMPREGO DE MICRORGANISMOS 
 
Os principais patógenos utilizados no controle microbiano são: fungos, 
bactérias, vírus, protozoários, nematóides e riquétsias. 
Os patógenos e seus subprodutos podem ser empregados das formas 
seguintes: 
1. Colonização: é a introdução de entomopatógenos como agentes naturais de 
controle, através de insetos contaminados, cadáveres ou pulverizações em populações de 
pragas. O tempo exigido para estabelecimento do patógeno é geralmente longo. 
2. Aplicação de produto microbiano: os patógenos formulados são aplicados 
em concentrações elevadas na cultura, de forma semelhante aos inseticidas. Ex.: Bacillus 
thuringiensis (Dipel, Thuricide). 
3. Iscas: alguns patógenos podem ser formulados como iscas para o controle 
de pragas. Ex.: Nosema locustae, protozoário empregado no controle de gafanhotos. 
4. Metabólitos tóxicos: os patógenos produzem toxinas que podem ser 
empregadas no controle de pragas da mesma forma que os inseticidas químicos. 
5. Controle integrado: os patógenos podem ser empregados juntamente com 
os inseticidas químicos em sub doses 
 
4.6.8.4. AGENTES ENTOMOPATOGÊNICOS EMPREGADOS NO CONTROLE MICROBIANO 
 
4.6.8.4.1. FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS 
 
Os fungos entomopatogênicos são responsáveis por cerca de 80% das doenças 
dos insetos. Esses estão reunidos em cerca de 90 gêneros e mais de 700 espécies. Os gêneros 
mais importantes são Metarhizium, Beauveria, Nomuraea, Aschersonia e Entomophthora. 
No Brasil o fungo Metarhizium anisopliae é produzido em escala comercial e tem trazido 
algum sucesso no controle de cigarrinhas cercopídeas. 
 
a) Modo de ação 
De maneira geral, os fungos apresentam as seguintes fases de 
desenvolvimento, figura 7, sobre os insetos hospedeiros: 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 18 
 
 
 
1. Germinação: o fungo germina sobre o inseto, quando encontra condições 
favoráveis de temperatura e umidade, produzindo um tubo germinativo. A germinação 
ocorre em um tempo mínimo de 12 horas e a uma temperatura de 23 - 30 oC. 
2. Formação de apressórios: ocorre uma dilatação da hifa na extremidade do 
tubo germinativo que é denominada de apressório. Essa estrutura não ocorre em todos os 
fungos. 
3. Formação de grampo de penetração: saliência formada na parte inferior 
dos apressórios, cuja função é penetrar na epicutícula e procutícula do inseto. Essa estrutura 
não ocorre em todos os fungos. 
4. Penetração: ocorre através de dois processos principais: o físico devido a 
pressão da hifa que rompe o tegumento e o químico através da elaboração de enzimas 
(proteases, lípases e quitinases), facilitando a penetração mecânica. 
5. Colonização: o processo de colonização inicia-se a partir da penetração. A 
hifa que penetra sofre um engrossamento e se ramifica, inicialmente no tegumento do inseto 
e depois, na hemocoele. A colonização obedece a seguinte seqüência: corpos gordurosos, 
sistema digestivo, tubos de Malpighi, hipoderme, sistema nervoso, músculos e traquéias. O 
tempo de colonização varia de 76 a 120 horas dependendo do inseto, patógeno e das 
condições ambientais. Após a morte do inseto o fungo cresce dentro do cadáver, mas não 
ocorre, desintegração porque o fungo secreta substâncias antibacterianas. 
6. Reprodução do patógeno: 48 horas a 60 horas após a morte do inseto que 
ocorre depois de 4 a 5 dias da inoculação, as hifas começam a surgir pelos espiráculos e áreas 
mais fracas do tegumento. A produção de conídios ocorre 24 horas a 48 horas após a 
emergência das hifas sob condições de umidade elevada e temperatura na faixa de 20 oC a 30 
oC. 
A morte do inseto ocorre devida: produção de micotoxinas, mudanças 
patológicas na hemocoele, ação histolítica, bloqueio mecânico do aparelho digestivo e outros 
danos físicos devido ao fungo. 
 
4.6.8.4.2. BACTÉRIAS ENTOMOPATOGÊNICAS 
 
As bactérias entomopatogênicas podem ser agrupadas em duas categorias: 
esporulantes e não esporulantes. 
Para a entomologia aplicada, as bactérias esporulantes são as mais 
interessantes para o controle de populações de insetos. Pois, os esporos apresentam 
persistência no ambiente, sendo mais resistentes às condições climáticas e também por ser 
um pré-requisito para que um determinado agente possa ser produzido em escala comercial. 
As bactérias não esporulantes além de serem sensíveis às condições ambientais, ainda, são 
em grande parte patogênicas aos vertebrados. 
A família Bacillaceae envolve dois gêneros de alta importância Bacillus e 
Clostridium. 
As espécies do gênero Bacillus apresentam as células em forma de bastonete, 
às vezes em cadeia, com a maioria capaz de produzir endósporo. As espécies pertencentes a 
esse gênero têm como características a formação de esporos, toxinas e enzimas colocando-
as em lugar privilegiado como agentes de controle de pragas. 
 
 
 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 19 
 
 
 
FIGURA 7 - ESQUEMA DO CICLO DAS RELAÇÕES PATÓGENO-HOSPEDEIRO (M. anisopliae X CIGARRINHA)(In: 
ALVES et al., 1986). 
 
 
 
 
4.6.8.4.2. BACTÉRIAS ENTOMOPATOGÊNICAS 
 
As bactérias entomopatogências podem ser agrupadas em duas categorias: 
esporulantes e não esporulantes. 
Para a entomologia aplicada, as bactérias esporulantes são as mais 
interessantes para o controle de populações de insetos. Pois, os esporos apresentam 
persistência no ambiente, sendo mais resistentes às condições climáticas e também por ser 
um pré-requisito para que um determinado agente possa ser produzido em escala comercial. 
As bactérias não esporulantes além de serem sensíveis às condições ambientais, ainda, são 
em grande parte patogênicas aos vertebrados. 
A família Bacillaceae envolve dois gêneros de alta importância Bacillus e 
Clostridium. 
As espécies do gênero Bacillus apresentam as células em forma de bastonete, 
às vezes em cadeia, com a maioria capaz de produzir endósporo. As espécies pertencentes a 
esse gênero têm como características a formação de esporos, toxinas e enzimas colocando-
as em lugar privilegiado como agentes de controle de pragas. 
 
A) Bacillus thuringiensis 
Espécie de alta importância no controle de pragas apresenta a formação de 
esporos entre elípticos e cilíndricos em posição central com um esporângio não nitidamente 
estendido e como característica típica um cristal protéico intracelular (Figura 8). 
 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 20 
 
 
 
FIGURA 8 - ESQUEMA DE ESPORÂNGIO DE Bacillus thuringiensis, CONTENDO O EXOSPÓRIO (EX), ENDÓSPORO 
(E) E CRISTAL PROTÉICO (C) (In: ALVES et al., 1986). 
 
 
 
As variedades de Bacillus thuringiensis produzem algumas toxinas já 
caracterizadas e outras substâncias tóxicas pouco definidas para muitos insetos. As toxinas 
mais importantes são: 
1. -endotoxina (delta endotoxina) 
O cristal protéico (corpo paraesporal) é o componente principal dos produtos 
comerciais à base de B. thuringiensis. O cristal protéico, em si, não tem ação tóxica, sendo 
considerado uma protoxina. A sua dissolução em meio alcalino, pH > 8,0, resulta em 
moléculas de tamanhos variáveis, das quais algumas são tóxicas aos insetos, como a -
endotoxina. Dessa forma, a ingestão da bactéria dá-se por via oral atingindo o intestino, o 
qual se apresentar com pH alcalino permitirá a dissolução do cristal protéico (Figura 9). 
2. -exotoxina (Beta exotoxina) 
A beta exotoxina é altamente tóxica para muitos insetos e certos vertebrados. 
Devido ao seu efeitoteratogênico e a possível mutagenicidade levaram as autoridades nos 
EUA e Canadá a impedir o uso de linhagens de B. thuringiensis que produzem essa “toxina”. 
3. Endósporo 
Embora, em quantidade menor do que a proteína do cristal, a proteína do 
esporo também tem efeito tóxico para lagartas. 
4. -exotoxina (alfa exotoxina) 
Toxina denominada, também de Lecitinase-C; solúvel em água e tóxica para 
insetos. 
A sintomatologia pode ser tratada de duas formas como se segue: 
a) Sintomas externos 
 perda do apetite e abandono do alimento; 
 regurgitações e diarréias; 
 perda do brilho tegumentar (coloração fosca); 
 perda da agilidade larval e tegumento com coloração marrom; 
 paralisia geral, antes da morte (algumas espécies) 
 larvas flácidas e totalmente paralisadas (estágios mais avançados); 
 morte entre 18 a 72 horas e, após, larvas com coloração preta com 
deterioração do tecido, sem rompimento do tegumento. 
b) Sintomas internos 
 lesões e alterações histológicas nas células epiteliais do intestino médio; 
 turgidez das microvilosidades do intestino médio; 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 21 
 
 
 
 desintegração extensiva nas células epiteliais, da parte anterior do intestino 
médio; 
 musculatura intestinal sofre relaxamento e dissociação (paralisia intestinal) 
e em estágios mais avançados a desintegração total desses músculos; 
mesmos sintomas para a musculatura do corpo. 
 
FIGURA 9 - CICLO EVOLUTIVO DE Bacillus thuringiensis EM UMA LAGARTA. CB = CÉLULA BACTERIANA; S = 
MESOSSOMA; E = ESPORO; CP = CRISTAL PROTEÍCO. (ADAPTADO DE ALVES et al., 1986). 
 
 
 
 
Para a aplicação de B.thuringiensis faz-se necessário que determinadas 
exigências sejam seguidas, tais como: 
 o equipamento, antes da aplicação, deve estar limpo de qualquer resíduo 
tóxico; 
 a mistura deverá ser feita apenas no momento da aplicação, pois o esporo 
necessita de oxigênio e nutrientes; 
 aplicar no final do dia ou no início da noite; 
 aplicar com espalhante adesivo e sem ocorrência de chuvas em um período 
mínimo de 10 horas; 
 dose: 300-700 g/ha; observando-se que a dose não poderá ultrapassar 700 
g/ha por ser antieconômica e se isto ocorrer verificar o pH intestinal do 
inseto em laboratório, pois poderá ser ácido. 
 
4.6.8.4.3. VÍRUS ENTOMOPATOGÊNCOS 
 
Há mais de 700 viroses infectando diversas ordens de insetos e ácaros. 
Todavia, não são amplamente utilizados no controle de insetos pelos riscos que, 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 22 
 
 
 
possivelmente, possam oferecer a segurança da vida humana. Entretanto, os vírus do gênero 
Baculovirus são os mais interessantes por serem altamente específicos para invertebrados, 
além de apresentarem boa estabilidade e eficiência quando aplicados no campo. 
Através de identificação prática, os vírus podem ser colocados em grandes 
grupos: 
1. vírus que possuem corpos de inclusão visíveis ao microscópio óptico. Ex.: 
vírus da poliedrose nuclear e da poliedrose citoplasmática, vírus da granulose e 
Entomopoxvirus. 
2. vírus que não possuem corpos de inclusão e, portanto, só podem ser vistos 
ao microscópio eletrônico. Ex.: Iridovirus, Densovirus, Sigmavirus e vírus F. 
A) Estrutura de um vírus 
O vírus é composto internamente de um ácido nucléico, normalmente o DNA, 
e, ocasionalmente aparecendo o RNA. O ácido nucléico pode apresentar uma estrutura 
circular ou linear e envolvendo-o existem proteínas compostas de subunidades denominadas 
capsômeros, as quais formam uma capa denominada capsídeo. O conjunto capsídeo + ácido 
nucléico é conhecido por nucleocapsídeo. 
O nucleocapsídeo é envolvido por um envelope ou membrana que é, 
normalmente, construído a partir do material celular específico do inseto hospedeiro. Esse 
conjunto, formado de envelope + nucleocapsídeo, é denominado de vírion ou virião. O vírion 
é a unidade infectiva do vírus. 
Uma membrana protéica pode envolver um ou mais nucleocapsídeos, que por 
sua vez são envolvidos por uma matriz de natureza protéica. Dessa forma, todo esse 
conjunto é conhecido por vírus, corpo de inclusão poliédrica (PIB), poliedro viral e pode ser 
observado através de um microscópio óptico comum (Figura 10). 
B) Persistência e ação residual 
Dependem do tipo de vírus envolvido, da espécie vegetal, onde foi aplicado e 
das condições meteorológicas locais. Ex.: Baculovirus heliothis perde rapidamente sua 
atividade quando a folha com o orvalho estiver com um pH de 9,3. 
C) Armazenamento 
Podem ser armazenados nos próprios tecidos dos hospedeiros ou purificados 
sob a forma de corpos de inclusão sendo esse material mantido a temperatura de mais ou 
menos 4 oC ou a -20 oC. A liofilização é uma técnica muito eficiente para armazenamento de 
vírus entomopatogênicos. 
D) Emprego de vírus no controle de pragas 
Embora, um grande número de espécies de vírus seja encontrado, 
naturalmente, em insetos, poucas são as que podem ser manuseadas pelo homem e ser 
aplicadas na forma de inseticidas microbianos. 
As florestas naturais ou artificiais são ecossistemas que formam um ambiente 
propício para o desenvolvimento de inimigos naturais das pragas. Os patógenos que atacam 
pragas florestais aparecem naturalmente, podendo ocorrer enzooticamente ou em 
epizootias arrasando populações de insetos. Dentre os patógenos epizoóticos citam-se os 
vírus. Os vírus podem ser empregados de três maneiras para o controle de pragas de 
florestas: 
 como inseticidas microbiológicos; 
 em colonização; 
 em programas de manejo integrado. 
FIGURA 10 - CORPOS DE INCLUSÃO DE Baculovirus: A) CÁPSULA DE GRANULOSE; B) VÍRUS DA POLIEDROSE 
NUCLEAR (ADAPTADO DE Payne & Kelley, 1981; In: ALVES et al., 1986). 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 23 
 
 
 
 
 
 
Como inseticidas microbiológicos apresentam eficácia muito boa e atua 
independentemente da densidade populacional da praga, pois são empregadas doses 
elevadas. Os vírus das poliedroses nucleares (NPV), granuloses (GV) e Entomopoxvirus são os 
mais estudados contra os insetos desfolhadores de espécies florestais (Tabela 3). 
 
TABELA 3 - INSETOS DE IMPORTÂNCIA FLORESTAL E SUAS RESPECTIVAS VIROSES. 
 
ESPÉCIE VIROSES CONSTATADAS 
Agrotis ipsilon NPV 
Eupseudosoma aberrans NPV 
Euselasia sp. NPV 
Glena sp. CPV 
Oiketicus kyirbyi CPV 
Sabulodes caberata GV, Poliedrose 
Sarsina violascens NPV 
Spodoptera frugiperda NPV,GV, Poliedrose e Virose iridescente 
Thyrinteina arnobia NPV, GV 
CPV = vírus da poliedrose citoplasmática; GV = vírus da granulose; NPV = vírus da poliedrose nuclear 
 
A colonização é um método de emprego de vírus contra pragas que só deve 
ser executado com patógenos de elevada capacidade de reprodução e disseminação 
(epizoóticos). Na colonização são utilizados insetos contaminados, cadáveres ou 
pulverizações do inóculo em populações sadias, sempre com pequenas quantidades do 
inóculo. 
No manejo integrado, ou seja, associações de vírus com outros grupos de 
patógenos, patógenos com parasitóides e predadores, patógenos com agroquímicos, ainda, é 
muito pouco estudado. Em outros países foram testados NPV + B. thuringiensis contra 
Malacosoma fragile e CPV + B. thuringiensis contra Lymantria dispar. As associações mais 
promissoras de parasitóides e patógenos foram conseguidas com microhimenópteros e vírus. 
Com relação às doses para o controle de lagartas desfolhadoras podem ser 
empregados para efeito de testes de campo 100 a 200 lagartas/ha para as poliedroses e 300 
a 400 lagartas/ha para as granuloses. A metodologia empregadaestá demonstrada na figura 
11. 
 
 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL /2011 pg. 24 
 
 
 
FIGURA 11 - FLUXOGRAMA PARA EMPREGO DE VIROSES A PARTIR DE MATERIAL OBTIDO NO CAMPO OU DE 
ARMAZENAMENTO EM BAIXA TEMPERATURA (In: ALVES et al., 1986).

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