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Lara Vitória Araújo Doenças Renais na Infância Resumo – Lara Vitória Araújo GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA PÓS-ESTREPTOCÓCICA (GNDA) É um processo inflamatório imunológico que afeta os glomérulos dos rins por deposição de imunocomplexos, aparecendo 1 a 3 semanas após uma infecção estreptocócica anterior, como uma faringoamigdalite ou piodermite, por Estreptococo Beta-Hemolítico do Grupo A (EBHGA). ... DEPOSIÇÃO DE IMUNOCOMPLEXOS → ATIVAÇÃO DO SISTEMA COMPLEMENTO → LESÃO NA MEMBRANA BASAL GLOMERULAR → PASSAGEM DE HEMÁCIAS, LEUCÓCITOS E PROTEÍNAS & RETENÇÃO DE URÉIA, CREATININA, POTÁSSIO, SÓDIO E ÁGUA ➙ CARACTERÍSTICAS GERAIS: ➢ É uma complicação tardia, do tipo não supurativa. ➢ Mais comum na infância, especialmente em meninos em idade escolar (~7 anos), sendo rara em menores de 2 anos. ➢ Ocorre com mais frequência em populações de menor nível socioeconômico. ➢ É a glomerulopatia mais frequente da infância. O quadro clínico, manifesta-se como uma: SÍNDROME NEFRÍTICA ➙ TRÍADE CLÁSSICA: 1. EDEMA (85% dos casos): ➢ Predomina na face, geralmente discreto, intravascular. ➢ Pode evoluir para formas mais graves com derrame pleural, ascite e congestão cardiocirculatória. 2. HIPERTENSÃO ARTERIAL (60–80% dos casos): ➢ Muitas vezes assintomática, mas pode causar encefalopatia hipertensiva. ➢ Depende da intensidade da hipervolemia, piora se a aumentar a ingestão de sódio. 3. HEMATÚRIA (30% dos casos macroscópica e 100% dos casos microscópicas). Observações: ❖ OUTROS SINTOMAS GERAIS: indisposição, inapetência, dor abdominal, cefaleia, vômitos e febre. ❖ Existem formas subclínicas, detectadas apenas por edema discreto, hipertensão e queda do complemento (C3). ➙ DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é confirmado pelo exame clínico + exames laboratoriais: • SUMÁRIO DE URINA – nota-se, na maioria dos casos, a presença de: ✓ Cilindros hemáticos ou hemácias dismórficas – indicativo de sangramento de origem renal. Lara Vitória Araújo ✓ Proteinúria leve ( 20 kg → 1.200.000 UI. b) Alternativa quando alergia à penicilina: ERITROMICINA VO 40 mg/kg/dia por 8– 10 dias. • MONITORIZAÇÃO RIGOROSA: peso diário, PA de 6/6h, medição da diurese em 24h e sinais de piora. • DIURÉTICO: FUROSEMIDA (1- 4mg/kg/dia via oral ou endovenosa), quando – edema importante (congestão cardiorrespiratória grave). • ANTI-HIPERTENSIVOS – quando a oligúria e o edema cessam, mas persiste PA elevada ou HAS sintomática ou encefalopatia hepática*: a) BLOQUEADOR DE CANAIS DE CÁLCIO: ❖ Anlodipina: 0,1–0,2 mg/kg/dia, VO, 1x/dia (máx. 10 mg/dia). ❖ Hidralazina: 0,2–0,5 mg/kg/dose, EV ou IM, a cada 4–6h. b) Em casos de ENCEFALOPATIA HEPÁTICA: NITROPRUSSIATO DE SÓDIO (0,5 a 8 mcg/kg/min) é o mais indicado, mas só pode ser usado em ambiente de UTI. ➙ EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO: Lara Vitória Araújo • AVALIAÇÃO CLÍNICA: ➢ Edema: desaparece em 5–10 dias. ➢ Hipertensão: normaliza em ~12-13 dias. ➢ Hematúria macroscópica: até 30 dias. • EXAMES LABORATORIAIS: ➢ Hematúria microscópica: pode persistir até 18 meses. ➢ C3: normaliza em 8 semanas. ➢ Proteinúria maciça não nefrótica: pode persistir até 4 semanas. ➙ CRITÉRIOS DE CURA: • CLÍNICO: desaparecimento de edema, normalização da PA e resolução da hematúria. • LABORATORIAL: proteinúria e complemento normalizados + ausência de hematúria microscópica. ➙ INDICAÇÃO DE BIÓPSIA RENAL: Oligúria ou anúria >72h. Proteinúria > 4 semanas. Azotemia acentuada ou prolongada. Hipertensão persistente ou hematúria > 6 semanas. C3 baixo por mais de 8 semanas. SÍNDROME NEFRÓTICA Doença renal em que a barreira de filtração glomerular (membrana basal + podócitos) fica mais permeável, devido à lesão, deixando passar proteínas de forma maciça. ➙ EXCREÇÃO ANORMAL DE PROTEÍNA NA URINA (PROTEINÚRIA) • TRIAGEM INICIAL: se a fita reagente mostrar ≥1+, deve-se fazer exame quantitativo. • CÁLCULO DO QUOCIENTE PROTEÍNA/CREATININA URINÁRIA (U Prot/Cr, em mg/mg): Crianças 2 anos: normal até 0,2. • COLETA DE URINA DE 24h: NORMAL: até 150 mg/dia. Crianças maiores: até 100 mg/m²/dia. Crianças pequenas: até 4 mg/m²/h. Neonatos: até 300 mg/m²/dia. • PROTEINÚRIA MACIÇA (NEFRÓTICA): Quando a perda é ≥ 50 mg/kg/dia ou >40 mg/m²/h ou >1 g/m²/dia. Ou ainda quando o quociente U Prot/Cr >2 mg/mg. ➙ CARACTERÍSTICAS GERAIS: ➢ Incomum na infância, com cerca de 2-7 casos a cada 100.000 emprincipal causa de recaída da SN. c) Trombose: risco aumentado (sangue mais “grosso” /hipercoagulabilidade) por ↑ fibrinogênio e tromboxano A2 e ↓ antitrombina III. d) Pele: seca, frágil, com tendência a estrias. e) Cabelos: finos, escassos, quebradiços (associado à desnutrição). f) Outros sinais: anorexia, hepatomegalia e oligúria (diminuição da urina nos períodos de edema intenso). ➙ DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: • URINA: I. SUMÁRIO DE URINA: ✓ Proteinúria intensa (+++ ou “traços fortes”), principal achado. ✓ Hematúria microscópica: em ~20% dos casos. ✓ Cilindrúria: indicam lesão glomerular. ✓ Lipidúria. II. PROTEINÚRIA DE 24h: PROTEINÚRIA NEFRÓTICA ≥ 50 mg/kg/dia III. RELAÇÃO PROTEÍNA/CREATININA URINÁRIA: > 2 – solicitado em crianças que não controlam a micção, impossibilitando a coleta de urina de 24h. • SANGUE: I. ELETROFORESE DE PROTEÍNAS: ↓ Albumina (