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O professor e a educação inclusiva FORMAÇÃO, PRÁTICAS E LUGARES UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA REITORA Dora Leal Rosa VICE-REITOR Luiz Rogério Bastos Leal EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA DIRETORA Flávia Goulart Mota Garcia Rosa CONSELHO EDITORIAL Alberto Brum Novaes Angelo Szaniecki Perret Serpa Caiuby Álves da Costa Charbel Niño El-Hani Cleise Furtado Mendes Dante Eustachio Lucchesi Ramacciotti Evelina de Carvalho Sá Hoisel José Teixeira Cavalcante Filho Maria Vidal de Negreiros Camargo EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Rua Barão de Jeremoabo s/n – Campus de Ondina 40.170-115 Salvador – Bahia – Brasil Telefax: 0055 (71) 3283-6160/6164 edufba@ufba.br - www.edufba.ufba.br EDUFBA Salvador 2012 Theresinha Guimarães Miranda Teófilo Alves Galvão Filho ORGANIZADORES O professor e a educação inclusiva FORMAÇÃO, PRÁTICAS E LUGARES APA, PROJETO GRÁFRÁRÁ ICO E EDITORAÇÃO Lúcia Valeska Sokolowicz NORMATIZAÇÃO Susane Barros REVISÃOR Flávia Rosa 2012, Autores Direitos para esta edição cedidos à Editora da Universidade Federal da Bahia. Feito o depósito legal. Grafia atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil desde 2009. Editora filiada à: Sumário 9 Apresentação FORMAÇÃO 17 Formação docente e práticas pedagógicas: conexões, possibilidades e tensões Denise Meyrelles de Jesus | Ariadna Pereira Siqueira Effgen 25 Reflexões sobre a formação de professores com vistas à educação inclusiva Lúcia de Araújo Ramos Martins 39 Educação inclusiva e preconceito: desafios para a prática pedagógica José Leon Crochík 61 Vygotsky e a concepção sócio-histórico cultural da aprendizagem Felix Díaz 89 Formação de professores e educação inclusiva frente às demandas humanas e sociais: para quê? Valdelúcia Alves da Costa 111 Trajetória de um grupo de pesquisa da Universidade do Estado da Bahia Luciene Maria da Silva 123 O grupo de pesquisa em educação inclusiva e necessidades educacionais especiais do PPGE/UFBA Theresinha Guimarães Miranda 139 Formação de professores para a inclusão: saberes necessários e percursos formativos Susana Couto Pimentel PRÁTICAS 159 As propriedades do professor e do aluno com deficiência na utilização de recursos de comunicação alternativa em sala de aula comum Rafael Luiz Morais da Silva | Ana Irene Alves de Oliveira | Simone Souza da Costa Silva | Fernando Augusto Ramos Pontes | Marcilene Alves Pinheiro 179 O ensino de ortografia para crianças cegas Amanda Botelho Corbacho Martinez 203 O uso de jogos pedagógicos e recreativos com pacientes pediátricos do Hospital Universitário Professor Edgar Santos Alessandra Barros | Adriana Santos de Jesus | Aurenívea Garcia Barbosa 223 Comunicação alternativa, autismo e tecnologia: estudos de caso a partir do Scala Liliana M. Passerino 247 Tecnologia Assistiva e salas de recursos: análise crítica de um modelo Teófilo Alves Galvão Filho | Theresinha Guimarães Miranda 267 Práticas municipais de inclusão da pessoa com deficiência no estado do Pará Ivanilde Apoluceno de Oliveira 285 Audiodescrição: ferramenta de acessibilidade a serviço da inclusão escolar Manoela Cristina Correia Carvalho da Silva 299 Contribuições da Tecnologia Assistiva para a inclusão educacional na rede pública de ensino de Feira de Santana Antonilma S. Almeida Castro | Lucimêre Rodrigues de Souza | Marilda Carneiro Santos 321 A comunicação construindo redes entre a escola e o aluno com surdocegueira Nelma de Cássia Silva Sandes Galvão LUGARES 349 Salas de recursos multifuncionais: é possível um serviço “tamanho único” de atendimento educacional especializado? Enicéia Gonçalves Mendes | Cícera A. Lima Malheiro 367 Inclusão da pessoa com deficiência no Ensino Superior: primeiras aproximações Hildete Pereira dos Anjos 385 Inclusão e preconceito na universidade: possibilidades e limites para estudantes com deficiência Jaciete Barbosa Santos 403 Pessoas com deficiência no mercado de trabalho: um estudo da cultura organizacional Ana Cristina Cypriano Pereira | Liliana M. Passerino 423 Educação e trabalho: temas a considerar para inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho Maria Candida Soares Del-Masso 435 Universidade Estadual de Feira de Santana: trajetórias, desafios e proposições para a inclusão no ensino superior Marilda Carneiro Santos 451 O letramento de surdos em escolas especiais em Salvador, Bahia Elizabeth Reis Teixeira | Erivaldo de Jesus Marinho 461 Inclusão, ensino e pesquisa na Universidade Federal de Sergipe Verônica dos Reis Mariano Souza | Antônio Carlos Nogueira Santos 479 Políticas de inclusão de alunos com deficiência e avaliação de desempenho: pontos e contrapontos Maria José Oliveira Duboc 489 Sobre os autores | 139 | APRESENTAÇÃO Formação de professores para a inclusão Saberes necessários e percursos formativos SUSANA COUTO PIMENTEL Introdução A política de formação de professores para inclusão escolar de estudantes com deficiência é preconizada desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº 9.394/96, que define que os sistemas de ensino devem assegurar professores capacitados para oferecer uma educação de qualidade com currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização es- pecíficos que atendam às necessidades destes educandos. (BRASIL, 1996) No entanto, 16 anos após a promulgação desta Lei ainda é possível cons- tatar, em pesquisas realizadas no Brasil. (MOURÃO, 2011; PIMENTEL; PAZ; PINHEIRO, 2009) que os professores da escola básica se consideram despreparados para o trabalho com estudantes com deficiência, manten- do, desta forma, uma organização curricular rígida e práticas avaliativas homogêneas. A ausência de conhecimento do professor sobre as peculiaridades das deficiências, o não reconhecimento das potencialidades destes estudantes e a não flexibilização do currículo podem ser considerados fatores deter- minantes para barreiras atitudinais, práticas pedagógicas distanciadas das necessidades reais dos educandos e resistência com relação à inclusão. Em 1964 Rosenthal e Jacobson nomearam de profecia autorrealizadora o efeito da expectativa do professor no desempenho dos seus alunos. Isso acontece porque se os professores desenvolvem uma visão de que seu aluno é incapaz, | 140 | SUSANA COUTO PIMENTEL eles terminam por abandoná-lo, não favorecendo situações de interação que possibilitem o avanço cognitivo e o desenvolvimento desse sujeito. Diante da relevância educacional e social desta temática, este capítulo objetiva discutir a formação do professor como requisito para garantia da inclusão de estudantes com deficiência na escola básica, fazendo a análise dos saberes necessários para esta formação, bem como problematizando as propostas de formação inicial e continuada empreendidas pelas instân- cias competentes buscando, sobretudo, trazer sugestões de possibilidades formativas. Esta discussão será permeada pelo conteúdo das falas de pais de estudantes com deficiência acerca da formação docente. Os trechos de falas dos pais abordados neste capítulo foram extraídos de uma pesquisa1 que buscou investigar a concepção de pais/responsáveis de estudantes com deficiência acerca do processo de inclusão educacional. (PIMENTEL; PAZ; PINHEIRO, 2009) Saberes necessários à formação docente para inclusão A inclusão educacional requer professores preparados para atuar na di- versidade, compreendendo as diferenças e valorizando as potencialidades de cada estudante de modo que o ensino favoreça a aprendizagem de todos. A inexistência desta formação gerao fenômeno da pseudoinclusão, ou seja, apenas da figuração do estudante com deficiência na escola regular, sem que o mesmo esteja devidamente incluído no processo de aprender. Estar matriculado e frequentando a classe regular não significa estar envolvido no processo de aprendizagem daquele grupo. 1 O lócus empírico da pesquisa foram quatro municípios do Vale do Jiquiriçá (Amargosa, Mutuípe, Ubaíra e Elísio Medrado) que se constitui parte do território do Recôncavo da Bahia onde está inserida a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Para a “construção” dos dados da pesquisa, foram realizados grupos focais com pais/ responsáveis por estudantes com deficiência. O grupo focal é uma técnica utilizada na pesquisa qualitativa para geração de dados e “configura-se como uma entrevista coletiva, aberta e centrada” (MACEDO, 2006, p. 116, 117), mediada por um entrevistador de modo a possibilitar aos participantes a pluralidade dialógica e a livre expressão acerca do tema da pesquisa. As discussões realizadas nos grupos focais foram transcritas, tendo garantida a confidencialidade das respostas, isto é, não houve identificação dos autores das falas. A discussão das falas dos sujeitos investigados foi feita tomando-se como base a análise do conteúdo manifesto nas comunicações de modo a apreender a visão social dos sujeitos da pesquisa sobre a inclusão. | 141 | FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A INCLUSÃO: SABERES NECESSÁRIOS E PERCURSOS FORMATIVOS [...] a proposta da inclusão é muito mais abrangente e significativa do que o simples fazer parte (de qualquer aluno), sem assegurar e garantir sua ativa participação em todas as atividades dos pro- cessos de ensino-aprendizagem, principalmente em sala de aula. (CARVALHO, 2004, p. 110) Entretanto, discussões sobre inclusão educacional no âmbito da comu- nidade relacionada a pessoas com deficiência são permeadas pelo discurso que aponta para o despreparo da escola como elemento gerador de resis- tência e descrédito por parte dos pais e dos alunos que não são atendidos em suas necessidades. Tirei meu filho da escola porque a professora pediu, alegava que não con- seguia trabalhar com ele, preferi então que ele ficasse em casa. (Trecho de fala de uma mãe residente no município de Ubaíra). Tirei minha filha de dezesseis anos da escola porque a professora disse que ela não tinha jeito, pois era deficiente mental, aí ela não dava atenção mesmo. Outra coisa foi porque os colegas da sala batia2 nela. (Trecho de fala de uma mãe residente no município de Amargosa). Esses relatos revelam por um lado o desconhecimento da lei por parte das famílias envolvidas e das professoras, tendo em vista que a legislação brasileira garante a todo cidadão o acesso à escola e ao cidadão com defici- ência o atendimento educacional, preferencialmente nas escolas regulares. Por outro lado os relatos indicam a impotência dos professores diante da diferença que se apresenta nas escolas trazidas no bojo da inclusão. Por não saber o que fazer e nem como atuar, alguns docentes, em sua impotência, acabam por sugerir, através de palavras ou ações, que não conseguem lidar com a diferença e que, portanto, é mais produtiva a retirada dos estudantes daquele espaço escolar. Diante disso, entende-se que não basta garantir o acesso destes estudan- tes à escola regular, é necessário o apoio ao docente para que esta inclusão aconteça garantindo-se a equidade no atendimento pedagógico. Isso requer uma formação docente que envolva, para além do respeito, a compreensão da diversidade. De acordo com Silva e Rodrigues (2011, p. 62), 2 As transcrições das falas foram feitas respeitando-se a variedade linguística dos sujeitos participantes da investigação. | 142 | SUSANA COUTO PIMENTEL existe uma distinção profunda entre simplesmente aceitar e res- peitar, e o processo de compreensão da diferença, que demanda das pessoas disposição e compromisso para trabalhar com o ser humano no sentido de contribuir com o desenvolvimento de um sujeito social, histórico e políticamente consciente. Não se trata de apenas acolher a diversidade, mas de compreender sua produção e complexidades na realidade de cada sujeito. Assim, para que a inclusão se efetive os professores precisam investir nas potencialidades de aprendizagem de seus alunos, atendendo as suas necessidades e propondo atividades que favoreçam o seu desenvolvimento. Porém, como na maioria das vezes não há um perfil único da deficiência, é necessário um acompanhamento individual e contínuo, tanto da família como do docente e até de outros profissionais. As deficiências não podem ser tratadas genericamente, há que se levar em conta a condição que resulta da interação da pessoa com o seu ambiente. É importante que a escola se informe sobre as especificidades das deficiências atendidas e sobre os meios adequados para fazer com que o educando encontre no ambiente escolar um contexto que proporcione aprendizado e crescimento nos aspectos afetivo, social, cognitivo e psicomotor, sem discriminá-lo por possuir seu próprio tempo e ritmo de aprender. Para que isto aconteça é necessário que o professor possua um conjunto de saberes que envolvem as epistemologias que fundamentam o ato de aprender, além de habilidades e competências sobre mediação pedagógica no processo de ensinar, possibilitando que aquilo que o estudante faz hoje com ajuda do professor, possa fazer amanhã, sozinho. Isso é o que Vygotsky (1998) considera como agir na zona de desenvolvimento proximal do edu- cando. De acordo com Pimentel (2012, p. 71) Numa relação de ensino e aprendizagem, mediar significa fornecer níveis de ajuda, planejados de forma intencional e que se ajustem às necessidades dos educandos. Essa prática de mediação é inerente à ação do professor que presta assistência ao estudante ocupando uma função de andaime (WOOD; BRUNER; ROSS, 1976 cita- dos por COLL SALVADOR, 1994), ou seja, de apoio e suporte a fim de proporcionar avanços no processo de aprendizagem do seu estudante, criando condições favoráveis para que essa apren- dizagem aconteça. | 143 | FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A INCLUSÃO: SABERES NECESSÁRIOS E PERCURSOS FORMATIVOS Edler Carvalho (2004) sugere ao docente que atua na educação inclu- siva a necessidade da remoção de barreiras para a aprendizagem e para a participação. Assim, considera-se neste trabalho que um professor que tem clareza epistemológica das bases que fundamentam o conhecimento busca remover tais barreiras no processo de aprendizagem através do investimento nas peculiaridades e especificidades do modo de aprender dos seus estu- dantes, reconhecendo para isso a diversidade presente em sua sala de aula. Outro aspecto analisado pelos pais acerca do atendimento às crianças com deficiência pela escola regular é com relação à avaliação. No processo de inclusão, é necessário que os instrumentos e o conteúdo da avaliação sejam condizentes com as adaptações feitas no currículo, considerando-se as especificidades do aluno com necessidades educacionais especiais. “É importante que haja uma avaliação diferenciada para as crianças com deficiência.” (Trecho de fala de uma mãe residente no município de Elísio Medrado). A avaliação é um componente do currículo escolar e considera-se que numa educação inclusiva o currículo precisa passar por uma adaptação. A adaptação curricular é definida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais como “decisões que oportunizam adequar a ação educativa escolar às ma- neiras peculiares de os alunos aprenderem, considerando que o processo de ensino-aprendizagem pressupõe atender a diversificação de necessidades dos alunos na escola”. (BRASIL, 1999, p. 15) Para que o professor promova a adaptação curricular de modo a assegu- rar o atendimento à diversidade existente em sua sala de aula, ele precisa refletir sobreo currículo proposto, questionar os conteúdos existentes e objetivos previamente definidos, tendo como parâmetro a realidade de sua turma. Isso não significa que cada professor criará um novo currículo a partir do desenvolvimento real observado em sua turma, pois adaptar o currículo não significa propor um currículo diferenciado, mas adequar aque- le conteúdo, aquele tempo previsto para aprendizagem à realidade de seu grupo de estudantes. A compreensão da existência de diferentes caminhos para a aprendizagem fará com que o professor pense o processo de ensino e busque recursos distintos que favoreçam a aprendizagem, ainda que em tempos diferenciados. Isso requer um profissional embasado teoricamente para justificar as suas decisões e devidamente implicado com a realidade dos seus alunos e com o seu processo de aprendizagem. | 144 | SUSANA COUTO PIMENTEL Voltando ao processo de avaliação, entende-se que na escola inclusiva, esta precisa ser contínua e não estanque e pontual e, portanto, deve ocorrer ao longo do processo de ensino e aprendizagem. Para tanto, o professor precisa realizar diferentes atividades e aplicar diversos instrumentos de avaliação em diferentes momentos do período letivo que possam revelar como e o quê o aluno está aprendendo. Essa avaliação contínua aponta o que o professor e a escola precisam mudar para que o aluno efetivamente aprenda, tendo em vista que seu objetivo é manter os alunos incluídos no processo de aprendizagem e não eliminá-los deste processo. Em outro momento da fala dos pais sobre o modo como a inclusão está acontecendo no contexto da escola regular, os pais sinalizam que reconhe- cem que a responsabilidade da inclusão está sendo delegada unicamente ao professor sem que lhe sejam garantidos apoio e formação. “A escola não tem uma sala de apoio e o professor fica com toda responsabilidade, além de não estar preparado para lidar com as crianças com deficiência.” (Trecho de fala de uma mãe residente no município de Mutuípe). A dificuldade demonstrada pelos professores no trabalho com seus alunos com deficiência gera nos pais insegurança e dúvida se de fato acontecerá a inclusão de seus filhos nos processos de ensino e aprendizagem. Assim, a formação dos profissionais da educação passa a ser uma questão central para a implementação de uma escola inclusiva. Investir nas peculiaridades de cada aluno, atender a todos na escola, incorporar a diversidade sem nenhum tipo de distinção e promover a aprendizagem de todos é a função primordial do professor na escola inclusiva. Meu filho não estava tendo atenção na escola, por isso não quer mais ir. Ele sentia que não estava se desenvolvendo como os outros. (Trecho de fala de uma mãe residente no município de Mutuípe). Para trabalhar com crianças especiais tem que ter amor e muitas vezes o professor mostra ser impaciente com a situação. (Trecho de fala de uma mãe residente no município de Ubaíra). Deveria existir um aprendizado diferenciado para as crianças deficientes, assim os professores deviam dar mais atenção a essas crianças. (Trecho de fala de uma mãe residente no município de Amargosa). | 145 | FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A INCLUSÃO: SABERES NECESSÁRIOS E PERCURSOS FORMATIVOS Observa-se nestas falas a sensação de descrédito na prática da inclusão do modo como a mesma tem sido feita. As mães revelam que falta algo, porém não conseguem definir o que seria, arriscando assim, em abordar a ausência de paciência do docente com o ritmo diferenciado da criança com deficiência que culmina com a desatenção por não se acreditar em seu potencial. É certo que nenhum processo formativo tratará de um compêndio de práticas que promovam a aprendizagem de todos os estudantes, portanto a ação pedagógica numa escola inclusiva irá requerer que o professor tenha subsídios teóricos e metodológicos para buscar novas formas de ensinar de modo que seja possível o aprendizado de todos. Isto requer investimento constante em práticas investigativas, problematizando o que acontece no cotidiano da sala de aula e buscando referenciais teóricos e epistemológicos que favoreçam a compreensão da aprendizagem. A ação investigativa de sua própria prática possibilitará ao professor “compreender como ensinar e promover de fato a inclusão escolar de todos, com ou sem deficiência”. (SILVA; RODRIGUES, 2011, p. 63) Em outro discurso uma mãe revela acreditar que a prática desenvolvida pela professora é dificultadora do processo de aprendizagem do aluno com deficiência intelectual. “Meu filho é deficiente mental e não está avançando nos estudos. [Ele] não tem estímulo nem atenção da professora, pois ele apenas gosta de pintar.” (Trecho de fala de uma mãe residente no município de Mutuípe). Entende-se que as dificuldades vivenciadas por este docente está, sobre- tudo, relacionada à ausência da formação com relação às necessidades e potencialidades apresentadas pelos alunos com deficiência intelectual, por isso ao mesmo é atribuída apenas a atividade de pintura em sala de aula. Esta ação contraria o princípio da inclusão, configurando-se como uma expulsão encoberta dos processos de ensino e de aprendizagem. É importe salientar que todo ser humano é capaz de aprender, desde que estimulado e devidamente mediado. Desse modo, alguns pais concluem que a formação docente impõe-se como meta principal a ser alcançada pela escola a partir do momento que tem matriculado um aluno com deficiência. | 146 | SUSANA COUTO PIMENTEL O próprio professor admite que não está preparado para ensinar alunos especiais. (Trecho de fala de uma mãe residente no município de Amargosa). A inclusão é correta desde que os professores e a escola estejam prepara- dos. (Trecho de fala de uma mãe residente no município de Elísio Medrado). É importante perceber que a inclusão postula uma reestruturação do sistema de ensino, com o objetivo de fazer com que a escola se torne aberta às diferenças e competente para trabalhar com todos os educandos. “Meu filho tem Síndrome de Down, ele teria que estudar a 4ª série, só que não aceita, acha que tem que estar na sala com adolescentes. Ele está numa sala de adolescen- tes, mas não acompanha a turma.” (Trecho de fala de uma mãe residente no município de Ubaíra). Esse discurso revela que nem a família, nem a escola sabem como agir com relação ao processo de inclusão educacional das pessoas com deficiên- cia. Certamente, a ausência de uma formação específica traz para escola, principalmente para os docentes, uma sensação de impotência, de não saber como agir diante da diferença trazida à escola pela inclusão. Essa sensação de impotência é aumentada pelos estigmas que são im- putados pelo preconceito social com relação à diferença. Muitas vezes, por desconhecimento das peculiaridades e potencialidades da diferença, o próprio professor traz um olhar discriminatório/classificatório para o estudante com alguma necessidade especial. No entanto, sua ação deve ser desconstruir ou favorecer a superação do estranhamento inicial provocado pela diferença, possibilitando aos educandos com deficiência mostrarem suas potencialidades. “A minha filha é surda e na escola não tem atenção, chega em casa reclamando que os colegas batem e xingam ela.” (Trecho de fala de uma mãe residente no município de Amargosa). Esta fala sugere que a sociedade impõe padrões e, se a pessoa não se enquadra, é estigmatizada e sofre discriminação. Por isso, os atores escola- res precisam “enxergar” os alunos com deficiência para além do rótulo da limitação, tendo em vista que existe uma diversidade presente na sociedade que precisa ser compreendida e trabalhada. | 147 | FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A INCLUSÃO: SABERES NECESSÁRIOS E PERCURSOS FORMATIVOS Formação de professores para inclusão: como as instâncias executoras tem assumido estaresponsabilidade Diante dos saberes necessários à inclusão, abordados no item anterior, defende-se neste trabalho que a formação de professores para uma escola inclusiva não deve estar restrita a formação inicial em nível de Licenciatura, mas requer uma continuidade ao longo da vida e do exercício profissional do docente. Entretanto, reconhece-se que a formação inicial deve fornecer bases sólidas sobre as quais se assentarão a formação continuada. É importante, contudo, que a formação inicial dos professores trate com solidez dos aspectos gerais que permeiam a educação especial permitindo que estes, percebam na sua prática de docência as necessidades especiais de seus alunos, assim como compreendam a educação inclusiva a partir de um olhar inclusivo. Contribuindo, com isso, para uma prática que considere as contingências e as possibilidades de melhora no processo de ensino e aprendizagem dos alunos com NEE,3 tendo em vista que este aspecto é a função principal da docência. (PINHEIRO, 2010, p. 71) Para que a formação dê conta do que a autora chama de “solidez dos aspectos gerais que permeiam a educação especial”, a Resolução nº 01/2002 do Conselho Nacional de Educação, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica em nível superior nos cursos de Licenciatura, afirma que fazem parte das compe- tências necessárias no processo de formação de professores àquelas relacio- nadas ao ensino, à pesquisa e as socioculturais. As competências de ensino devem estar voltadas à aprendizagem do aluno; ao uso de tecnologias de informação e da comunicação, de metodologias e materiais inovadores; a elaboração e execução de projetos de desenvolvimento dos conteúdos curriculares. As competências de pesquisa abrangem o aprimoramento em práticas investigativas. E, por fim, as competências socioculturais devem abranger o acolhimento e trato da diversidade; o exercício de atividades 3 Nota explicativa da autora: Necessidades Educacionais Especiais, termo utilizados em documentos oficiais brasileiros que se refere as deficiências, transtornos do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. | 148 | SUSANA COUTO PIMENTEL de enriquecimento cultural; o desenvolvimento de hábitos de colaboração e de trabalho em equipe. Na abordagem do item anterior defendeu-se neste trabalho que, muito além do acolhimento e trato da diversidade, o professor formado para atuar com a educação inclusiva deve compreender a diversidade, problematizar o currículo a ela direcionado e buscar formas de ensinar de modo a favorecer a aprendizagem. Nos últimos anos, reconhece-se que as instituições de ensino superior têm buscado fazer modificações nos currículos de modo a incluir a discussão sobre o trabalho com a diversidade. Porém, embora tenha sido incluída a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como componente curricular obrigatório para todos os cursos de Licenciatura, por força do Decreto nº 5.626/2005, entende-se que isto não é suficiente para formar professores para o trabalho pedagógico numa perspectiva inclusiva. Os cursos de Pedagogia geralmente ultrapassam o componente obrigatório de Libras, propondo também outro componente como obrigatório relacionado à Educação Especial/Inclusiva. (PINHEIRO, 2010) Cabe neste momento deste trabalho uma digressão para o questionamento sobre por que apenas os cursos de Pedagogia am- pliam as discussões sobre este saber. Será que é porque este curso possui uma formação mais ampliada ou porque se acredita que os estudantes com deficiência não ultrapassariam as séries iniciais do Ensino Fundamental? Retomando o pensamento inicial após esta digressão, entende-se que embora haja esta ampliação de abordagem no currículo da Pedagogia, ainda assim reconhece-se que estes saberes não são suficientes para construção de práticas inclusivas na escola. “Essa realidade indica que os egressos desses cursos, ao iniciarem seu trabalho como professores na Educação Básica, estariam defasados diante das demandas de escolarização próprias dos contextos de Educação Inclusiva, configurado no país.” (SILVA, RODRI- GUES, 2011, p. 81) Em uma pesquisa que se propôs a analisar os Projetos Pedagógicos dos Cursos de Matemática, Física e Pedagogia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) com relação à formação para atendimento às pessoas com necessidades educacionais especiais na escola regular, a autora concluiu que: | 149 | FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A INCLUSÃO: SABERES NECESSÁRIOS E PERCURSOS FORMATIVOS Embora as DCN’s4 defendam que o perfil do licenciado deve abranger o acolhimento e trato com a diversidade, observa-se que nos PPC’s5 analisados estes saberes não estão garantidos, tendo em vista que apenas a disciplina de LIBRAS foi contemplada nos três projetos, sendo que o de pedagogia acrescenta a Educação Especial. É possível concluir que somente a disciplina de LIBRAS no caso dos cursos de Física e Matemática ou as disciplinas de LIBRAS e Educação Especial, referentes ao curso de Pedagogia, ambas com 68 horas de carga horária, não dão conta de formar o perfil do licenciado almejado pelas diretrizes de formação de professores. Não há nos PPC’s analisados uma base epistemológica que discuta e oriente a formação destes profissionais para o atendimento à diversidade na perspectiva da educação inclusiva. [...] os resultados desta pesquisa revelam que a formação de professores prescrita nos PPC’s de Física, Matemática e Pedagogia da UFRB atende minimamente aos preceitos da lei. Posto isso, o perfil do licencia- do formado nestes cursos, diverge dos princípios das diretrizes nacionais para os cursos de Licenciatura que coadunam a favor do ensino visando à aprendizagem de todos os alunos inseridos nas escolas regulares e o atendimento e trato com a diversidade. (PINHEIRO, 2010, p. 71) Se esta é uma realidade nas instâncias de formação inicial, por outro lado, os estados e municípios, responsáveis pela educação básica, não têm investido o suficiente na formação continuada dos seus docentes. Dados de pesquisa realizada em 2008 no Vale do Jiquiriçá revelaram que 78% dos professores investigados em quatro municípios6 daquela região territorial do Recôncavo da Bahia não haviam participado de curso de formação con- tinuada sobre Educação Inclusiva. (PIMENTEL; PAZ; PINHEIRO, 2009) Em muitos casos, as propostas que têm sido efetivadas nos municípios pesquisados envolvem a formação de alguns professores da rede pública em cursos sobre deficiências específicas os quais, posteriormente, devem atuar como multiplicadores do conhecimento construído. Porém, na maioria das 4 Nota explicativa da autora: Diretrizes Curriculares Nacionais. 5 Nota explicativa da autora: Projetos Pedagógicos dos Cursos. 6 Amargosa, Mutuípe, Ubaíra e Elísio Medrado. | 150 | SUSANA COUTO PIMENTEL vezes, esta socialização do conhecimento não acontece, e os demais colegas se mantêm sem acesso a formação necessária. No entanto, a lei que rege a educação brasileira, LDB nº 9.394/96, pre- coniza, no parágrafo único do art. 61, que a formação dos profissionais da educação se dará “de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica”. (BRASIL, 1996) Esta lei menciona a formação inicial dos professores no âmbito do ensino superior e assegura nos parágrafos 2º e 3º do art. 62 da LDB nº 9.394/96 que § 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério. § 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de educação à distância. (BRASIL, 1996) Observa-se que está asseguradauma parceria entre os entes federados de modo a afiançar tanto a formação inicial quanto continuada. Por outro lado, percebe-se ainda que a formação continuada é abordada como res- ponsabilidade de instâncias externas à escola. Ainda no art. 67 da referida Lei está preconizado que Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; V – período reservado a estudos, plane- jamento e avaliação, incluído na carga de trabalho. (BRASIL, 1996) Embora se compreenda que nos termos da lei a formação continuada se dará em ambiente fora da escola básica, neste trabalho sugere-se que esta formação aconteça em forma de estudo em serviço, dentro do próprio am- biente escolar, ressaltando-se que este momento de estudo deve ter caráter de direito e dever do docente, deve ser remunerado, ininterrupto e abranger temáticas específicas e pertinentes às questões emergidas no contexto da prática pedagógica desenvolvida em sala de aula. Assim, se compreende que cada sistema de ensino é responsável por garantir aos seus profissionais a oportunidade de estes se | 151 | FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A INCLUSÃO: SABERES NECESSÁRIOS E PERCURSOS FORMATIVOS aperfeiçoarem profissionalmente em seu horário de trabalho, pois esta atividade é parte de suas atribuições profissionais. Neste contexto, a formação continuada assume, concomitantemente, duas dimensões preponderantes na atuação destes profissionais: a de direito e a de dever. (SILVA, 2010, p. 14-15) Entende-se que para que isso seja implementado em cada escola é necessário que os Projetos Políticos Pedagógicos prevejam esta formação, assegurando as condições para que a mesma se efetive. Por outro lado, os sistemas de ensino precisam por sua vez asseverar a presença de coorde- nadores pedagógicos nas unidades de ensino, bem como de professores que atuem em salas de recursos multifuncionais. Sem dúvida, isto requer um alto investimento. Porém, não se pode fazer educação inclusiva de qualidade sem ampliação de recursos, melhoria das condições de ensino e aprendizagem nas escolas e valorização dos profissionais da educação. Sem este investimento é possível afirmar que acontecerá uma pseudoinclusão que atuará como um processo de expulsão encoberta, que em sua prática é muito mais perverso que a segregação, por promover uma violência simbó- lica, gerando no outro, no diferente o sentimento de incapacidade e de não pertencimento. Esta pseudoinclusão também afetará o trabalho e a saúde de profissionais docentes que, embora comprometidos com a educação, não sabem como agir diante da diferença. Essa proposta de formação continuada em serviço, de modo algum nega a formação continuada no ambiente de Ensino Superior em nível de Pós- -Graduação Lato ou Stricto Sensu, ao contrário, busca ampliar para todos os docentes o direito de continuidade nos estudos e no desenvolvimento de investigações do seu fazer e saber fazer que podem suscitar projetos futuros de pesquisas, ao nível de mestrado ou doutorado. Ressalte-se que no Brasil o acesso a Programas de Pós-Graduação ainda não é garantido para todos os egressos do Ensino Superior que têm como opção fazer tais cursos, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, tendo em vista a pou- ca quantidade de vagas disponibilizadas e a distribuição destes programas em universidades alocadas em grandes centros. Mesmo a pós-graduação em nível Lato Sensu oferecida na modalidade à distância, também não está acessível a todos os docentes que atuam na rede pública de ensino. | 152 | SUSANA COUTO PIMENTEL Considerações finais Diante do exposto neste trabalho, é possível questionar se existe um modelo eficaz para a formação de professores para atuação num paradigma inclusivo. Ao longo deste capítulo, mostrou-se que numa sala inclusiva o professor precisa possuir saberes específicos como: o reconhecimento das peculiaridades e diversidade do processo de aprendizagem; a percepção das potencialidades dos estudantes com deficiência de modo que possa planejar práticas pedagógicas que considerem as necessidades dos educandos, pro- movendo a adaptação do currículo escolar, isto é, modificando objetivos, formas de mediação pedagógica, metodologias, recursos didáticos, tempo de ensino e aprendizagem ou instrumentos de avaliação, quando necessário. Defendeu-se também que o lócus para a formação inicial do docente deve ser a universidade. Assim, os cursos de Licenciatura, além prever um componente curricular que trate da Educação Especial como uma área da educação específica e com saberes próprios, deve inserir nas ementas dos componentes curriculares da área pedagógica, a exemplo da Didática, Ava- liação, Currículo, Psicologia da Educação e Políticas Educacionais, o enfoque no trabalho docente com a deficiência (intelectual, sensorial e física), os transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação e a alteridade, possibilitando a formação de um profissional que seja capaz de compreender o outro em sua dignidade, direitos e diferenças, de modo a contribuir para a construção de uma educação pautada na equidade como princípio. [...] não se trata de formar um professor centrado na discussão dessa temática com bases na disfunção, ou nas causas orgânicas da deficiência, mas, sobretudo, essa formação precisa abordar as discussões sobre a diferença, sobre o OUTRO, sobre as diferen- tes formas de se tornar humano e aprender no mundo. (SILVA; RODRIGUES, 2011, p. 64) Para que esta formação aconteça propõe-se neste trabalho uma sólida formação teórica durante a Licenciatura acerca dos pressupostos epistemo- lógicos do conhecer e dos processos de aprendizagem e desenvolvimento, de forma que subsidie o fazer pedagógico, a avaliação da ação e a investigação sobre o ensino e a aprendizagem. Este saber promoverá um novo modo de | 153 | FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A INCLUSÃO: SABERES NECESSÁRIOS E PERCURSOS FORMATIVOS agir trazendo mudanças qualitativas para a sala de aula, pois possibilitará que professores das diferentes áreas do currículo da educação básica (Língua Portuguesa, Geografia, História, Matemática, Física, Química, Biologia, Língua Inglesa, Língua Espanhola, Artes e Educação Física) atuem de forma assertiva perante o seu estudante com deficiência. Por outro lado, diante da amplitude deste processo formativo, reconhece- -se que o tempo de graduação não é por si só suficiente para a abordagem sólida de todo este saber, por isso defende-se também, neste trabalho, que a formação continuada dos profissionais da educação seja uma prerrogativa e condição para qualificar o processo educacional. Esta formação conti- nuada deve ser feita no âmbito da escola, sob a condução do coordenador pedagógico e dos profissionais das salas de recursos multifuncionais que fazem o atendimento especializado aos estudantes com deficiência. Quando aqui se inclui a proposta da participação dos docentes que atuam em salas de recursos multifuncionais, não se quer defender a ideia de professores e especialistas, mas entende-se que, como este profissional atua no atendi- mento ao estudante com deficiência, pode também trazer contribuições relevantes para o processo formativo. O processo de formação continuada nas escolas deve ser pautado na discussão sobre a prática subsidiada na teoria e deve ser obrigatório para todos os docentes e não apenas para aqueles que estão ministrando aulas para estudantes com deficiência, deve ser inserido como carga horária complementar e, portanto, remunerado. Outra possibilidade de formação continuada é através da Pós-Graduação Lato ou Stricto Sensu com enfoque na educaçãoespecial/inclusiva, devendo esta ser ofertada em todos os programas Pós-Graduação em Educação, ligados às universidades públicas. Sabe-se que este processo formativo, inicial e continuado, requer inves- timentos maiores na educação e nos profissionais que nela atuam, porém acredita-se que o investimento nestes moldes contribuirá para minimizar as práticas pedagógicas excludentes, a errônea crença na homogeneidade de turmas de estudantes e a padronização das ações como se todos apren- dessem de uma única forma. Entende-se a necessidade e urgência da formação docente, tendo em vista que a inclusão requer não somente a inserção do aluno com deficiência em sala de aula, mas uma educação onde são respeitadas as diferenças e | 154 | SUSANA COUTO PIMENTEL peculiaridades de cada indivíduo, buscando assegurar para todos os alunos o direito de aprender. Referências BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. Parâmetros Curriculares Nacionais: adaptações curriculares. Brasília, 1999. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: ago. 2012. CARVALHO, Rosita Edler. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Mediação, 2004. MACEDO, Roberto Sidnei. Etnopesquisa crítica, etnopesquisa formação. Brasília: Líber Livro Editora, 2006. MOURÃO, Marisa Pinheiro. Formação continuada de professores a distância: concepções de professores sobre a surdez, Libras e educação de pessoas surdas. In: DECHICHI, Cláudia; SILVA, Lázara Cristina da; FERREIRA, Juliene Madureira (Org.). Educação Especial e Inclusão Educacional: formação profissional e experiências em diferentes contextos. Uberlândia, MG: EDUFU, 2011. 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