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RELATO DE EXPERIENCIA: ATIVIDADE MUSICAL REALIZADA NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO BÁSICO VOVÓ DANDAE Raísa Barbosa Lima Universidade Federal de Roraima raisa.musica.ufrr@gmail.com Celso Henrique Vieira de Lima Universidade Federal de Roraima celsohenri05@gmail.com A formação de um professor dentro da academia é discutida, analisada e até bem teorizada, porém o contato com o aluno trás a experiência mais rica desta profissão, o fazer docente, o fato de estar dentro de uma sala de aula se transforma na performance do professor. Ao se tratar de uma aula especificamente de música, a escola como um todo espera não só a execução instrumental ou cantada do professor, mas sim, que os alunos possam ter a experiência de realizar uma apresentação ou a oportunidade de subir ao palco, de forma individual ou coletiva, além de aprender música para satisfazer uma vontade pessoal e desenvolver atividades para momentos cívicos e comemorativos da escola. Aprender arte é desenvolver progressivamente um percurso de criação pessoal cultivado, ou seja, alimentado pelas interações significativas que o aluno realiza com aqueles que trazem informações pertinentes para o processo de aprendizagem (outros alunos, professores, artistas, especialistas), com fontes de informação (obras, trabalhos dos colegas, acervos, reproduções, mostras, apresentações) e com o seu próprio percurso de criador (BRASIL, 1997, p. 35). E foi com base neste ponto de vista que ministramos uma Oficina de Música na Escola Municipal de Ensino Básico Vovó Dandae (Boa Vista - RR), objetivando a oportunidade de termos a experiência de regência de sala de aula e realizar uma performance musical com os alunos como fruto da oficina. Em uma das reuniões administrativas do Programa de Iniciação a Docência (Pibid/Música), o professor Jefferson Mendes1) lançou o convite aos acadêmicos que estivessem dispostos a ajudá-lo em um projeto que ele estaria fazendo para representar o 1) O professor Jefferson ministra no curso de música da UFRR disciplinas voltadas para pedagogia musical. curso de Música da Universidade Federal de Roraima, oferecendo uma oficina na Escola, quatro alunos se dispuseram, e o professor dividiu em duas equipes ficando uma dupla em cada horário para ajudá-lo. A formação do educador ocorre em suas experiências diárias e por meio de incessantes pesquisas, refletindo, construindo e reconstruindo sua prática, buscando suporte pedagógico necessário para sua atuação profissional. (CUNHA, 2012, p. 11). Inicialmente a proposta era auxiliar o professor nas tarefas, contudo ao chegarmos a Escola nossa surpresa foi que ele iria nos supervisionar e nós teríamos que dar a Oficina, desenvolvendo nossa prática de improvisação para os imprevistos que por ventura iremos encontrar na vida profissional. Este relato trata somente sobre o período matutino. O professor propôs que o tema da Oficina fosse “Paisagem Sonora”através de livros aletrados, no qual os alunos escolheriam qual o livro que mais os cativassem e através de sons do corpo e percussivos de objetos como talheres, copos, prato e alguns instrumentos musicais contariam a história do livro escolhido. A turma escolhida para trabalhar a Oficina tinha cerca de 35 crianças, com faixa etária de 07 a 08 anos. Logo após uma breve apresentação sobre o nosso curso o professor dividiu a turma em duas partes. Um grupo ficou na sala de aula e outro no espaço da sala de leitura, com a turma já dividida foi à hora de apresentar dois livros, um sobre um menino que ia para o mar e se aventurava no oceano conhecendo vários tipos de animais marinhos, e o outro a história de uma indiazinha que passeava pela floresta e encontrava todo tipo de animais nas matas e depois contava toda sua aventura para a aldeia. Coincidentemente os dois grupos escolheram o livro Abaré2) de Graça Lima, que trata da aventura da indiazinha. Acreditamos que por estarmos em Roraima onde o contexto indígena é muito forte e a mata esta no dia a dia dos alunos é muito mais fácil se identificar com a floresta e a aldeia do que a praia, o mar e os animais marinhos. Os grupos desenvolveram metodologias diferentes para começar a Oficina, um catalogou os objetos que tínhamos e outro através da releitura identificou as possibilidades de sons. 2) Abaré - significa amigo em Tupi-guarani. O texto literário, a canção e a imagem trarão mais conhecimentos ao aluno e serão mais eficazes como portadores de informação e sentido. O aluno, em situações de aprendizagem, precisa ser convidado a se exercitar nas práticas de aprender a ver, observar, ouvir, atuar, tocar e refletir sobre elas (BRASIL, 1997, p. 35). Nós sempre íamos perguntando aos alunos como podemos fazer o som do vento, do macaco, da onça, e de outras ilustrações. As crianças foram introduzidas as práticas musicais de altura, duração, intensidade e timbre, sem perceberem, desta forma fomos desenvolvendo a criação, leitura, apreciação, concentração e a performance musical, além de refletirem sobre a vida na floresta. No final da aula juntamos as turmas e apresentamos as duas performances musicais que agradaram a coordenação e logo foram apresentadas para toda Escola. Ao concluir o trabalho proposto o professor nos questionou a respeito das dificuldades encontradas para a realização da Oficina. Vieira de Lima: “Além do espaço físico demasiado pequeno e com muito estímulo para as crianças que estavam rodeadas de brinquedo e livros tinha a inclusão de alunos com necessidade de atenção específica junto com os demais, dificultando a concentração e participação de todos”. Barbosa Lima: “A dificuldade em não preparar previamente a Oficina desestabilizou as atividades no inicio, utilizei de competição para estimular e prender a atenção das crianças, resultando em vaias para performance musical do outro grupo, percebi que poderei em outras atividades estimular a competição e o respeito mútuo”. A teoria já fazia parte do nosso currículo acadêmico, porém a prática docente se dá dentro da sala de aula, apesar de fazermos parte do Pibid/Música à experiência na Escola foi uma realidade diferente dentro de um contexto que não estávamos acostumados. “Com a finalidade de garantir uma aula consistente e prazerosa, além do conhecimento metodológico, é necessário sensibilidade por parte do educador sobre o que vem a ser Arte e consciência sobre a importância do ensino no desenvolvimento pessoal e social do aluno”(CUNHA, 2012, p.11). Swanwick (1979) cita também que ao utilizarmos o modelo do C(L)A(S)P devemos ter o cuidado de incentivar os alunos a buscarem o prazer através da composição, apreciação e performance. Em suma foi de grande importância ter a experiência de improvisar com a supervisão de um professor, pois infelizmente esta poderá ser eventualmente uma realidade que vamos nos deparar quando formos para o ensino regular. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curr iculares nacionais: artes. Brasilia: MEC/SEF, 1997. 130p. CUNHA, Julia Maria de Jesus. Ensino de artes: dificuldades, experiências e desafios. Revista acadêmica inter institucional, Praia Grande, ano 6, n. 14, dez. 2012. DIAS, Henrique Guedes. Os PCN –ar te, o modelo C(L)A(S)P e as ideias de Swanwick: repensando os referenciais para o ensino da música na escola. 2011. 50p. Monografia (Licenciatura Plena em Educação Artística –Habilitação em Música) - Instituto Villa- Lobos, Centro de Letras e Artes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. LIMA, Graça. Abar é. São Paulo: Paulus. 40p