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E X A M E D E O R D E M www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL P R Á T IC A E M D IR E IT O P E N A L Vilmar Velho Pacheco Filho PRÁTICA EM DIREITO PENAL Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-2574-9 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br EXAME DE ORDEM IESDE Brasil S.A. Curitiba 2011 PRÁTICA EM DIREITO PENAL Vilmar Velho Pacheco Filho 4.a edição Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br P116 Pacheco Filho, Vilmar Velho. / Prática em Direito Penal. / Vilmar Velho Pacheco Filho. / 4. ed. – Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2011. 128 p. ISBN: 978-85-387-2574-9 1. Prática Penal. I. Título. CDD 343.2 © 2008-2011 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Todos os direitos reservados. IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 CEP: 80730-200 – Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br 10 /1 1 Atualizado até outubro de 2011. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br SUMÁRIO Peças processuais na fase policial I 9 Habeas corpus com pedido liminar 16 Mandado de segurança criminal com pedido liminar Peças processuais na fase policial II 23 Pedido de liberdade provisória 25 Pedido de relaxamento de prisão 32 Pedido de revogação da prisão preventiva Peças processuais na fase acusatória 35 Ação penal Peças processuais na fase acusatória e judicial 43 Queixa-crime na ação penal privada subsidiária da pública 45 Defesa prévia 46 Exceções processuais Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br SUMÁRIO Fase recursal 51 Finalidade 51 Fundamento 51 Momento de incidência 52 Classificação 53 Pressupostos recursais 53 Juízo de admissibilidade 53 Extinção anormal 53 Efeitos dos recursos 54 Recurso em sentido estrito Recurso de apelação 61 Recurso de apelação previsto no Código de Processo Penal (CPP) 65 Recurso de apelação previsto na Lei 9.099/95 – Juizados Especiais Criminais Embargos de declaração 73 Embargos de declaração no Código de Processo Penal (CPP) e nos Juizados Especiais Criminais Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br SUMÁRIO Embargos infringentes e de nulidade e ação de revisão criminal 79 Embargos infringentes e de nulidade 83 Ação de revisão criminal Recurso extraordinário e recurso especial 91 Recurso extraordinário 97 Recurso especial 99 Recursos extraordinário e especial nos Juizados Especiais Criminais 105 Observação Recurso de agravo em execução 107 Cabimento (LEP – Lei 7.210/84, art. 197) 107 Prazo de interposição 107 Legitimidade 107 Natureza e processamento 109 Efeitos Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br SUMÁRIO Resolução de questões I 115 Resolução de questões II 121 Referências Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Mestre em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professor de cursos pre- paratórios no Rio Grande do Sul. Advogado. Peças processuais na fase policial I Vilmar Velho Pacheco Filho* Habeas corpus com pedido liminar A ação constitucional de habeas corpus pode ser intentada com uma série de obje- tivos, sempre em relação direta ou indireta com o direito de liberdade de locomoção do cidadão, que foi cerceado ou está na iminência de sê-lo, tudo em conformidade com o disposto no artigo 5.º, LXVIII, da Constituição Federal (CF). Algumas hipóteses de cabimento de habeas corpus: para buscar o relaxamento da prisão, requerendo-se a expedição de alvará ■ de soltura; para evitar ser preso, com o pedido da expedição de salvo-conduto; ■ em uma série de casos em que, apenas indiretamente, há prejuízo à liberdade ■ do cidadão, como, por exemplo: trancar o inquérito policial por falta de justa causa; ■ trancar a ação penal por falta de justa causa; ■ declarar a nulidade de um ato processual; ■ quando há sentença de homologação de transação penal pelo juízo depre- ■ cado; quando há sentença de mérito que não analisou tese defensiva; ■ quando há sentença que fixou regime de pena mais gravoso que o legal ■ desnecessariamente; quando há citação; ■ quando há processo; ■ quando há execução provisória da pena etc. ■ Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Dados importantes do habeas corpus Endereçamento: sempre ao órgão julgador superior à autoridade coatora. Por ■ exemplo, ao juiz de direito competente para a futura ação penal, se a autori- dade coatora for o delegado de polícia; ao juiz federal, se o coator for o dele- gado federal; ao desembargador presidente do Tribunal de Justiça do respec- tivo estado ou do Distrito Federal, se a autoridade coatora for um juiz de direito, o mesmo em relação ao desembargador federal presidente do Tribunal Regional Federal da respectiva região, se a autoridade coatora for um juiz fede- ral; ao ministro presidente do Superior Tribunal de Justiça, se a autoridade coatora for um órgão colegiado (câmara ou turma) dos Tribunais de Justiça ou Tribunais Regionais Federais; e, por fim, ao ministro presidente do Supremo Tribunal Federal se a autoridade coatora for um órgão colegiado de um Tribu- nal Superior (TSE, STM ou STJ). Nomenclatura: impetrante (normalmente o advogado, mas nada impede ■ que seja o próprio paciente), paciente (normalmente o cliente) e autoridade coatora (quem determinou o ato arbitrário); habeas corpus com pedido liminar, em face da urgência da medida. Introdução fática e narrativa do ato arbitrário. ■ Fundamentação jurídica. ■ Embasamento legal: artigo 5.º, LXVIII, da CF e artigos 647 e 648 do Código ■ de Processo Penal (CPP). O artigo 648 do CPP é taxativo, com isso, não se encontrando o inciso expresso para combater o ato abusivo, deve ser citado o inciso I (falta de justa causa). Pedido: concessão ■ in limine e manutenção no mérito. Se for indeferido o pedido liminar, que seja deferido na apreciação de mérito. O pedido é que demonstra o tipo de habeas corpus que se está impetrando, se preventivo, quando o pedido é a expedição de um salvo-conduto; se liberatório, quando o requerimento é de expedição de alvará de soltura; se relacionado ao trancamento de inquérito poli- cial, de ação penal, de declaração de nulidade, desconstituição da sentença etc. Data. ■ Nome e assinatura do advogado e número da inscrição na Ordem dos Advo- ■ gados do Brasil (OAB). Modelos de habeas corpus Habeas corpus para trancamento da ação penal Será elaborado um habeas corpus para o trancamento da ação penal que servirá de base para qualquer outro que tenha a finalidade de trancar o inquérito policial, declarar Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 11 a nulidade de um ato, da sentença etc. (modelo de habeas corpus abaixo). Depois, um modelo de habeas corpus preventivo,visando um salvo-conduto e, por fim, um habeas corpus liberatório, para que seja posto em liberdade o paciente. Modelo de habeas corpus com pedido liminar para trancamento da ação penal Exmo. Sr. Dr. Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, V. V. P. Filho, brasileiro, solteiro, advogado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, na seção do estado do Paraná sob o número 00000, CPF 000 000 000 00, com endereço profissional na Av. Getúlio Vargas, n. 000, na cidade de Curitiba, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com base no artigo 5.º, inciso LXVIII, da Constituição Federal e artigo 648, inciso I, do Código de Processo Penal, impetrar HA- BEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR em favor de João Zé Zé, brasileiro, casado, policial civil, inscrito no CPF 000 000 000-01, RG 000000000-0, residente e domici- liado na Av. Cristóvão Colombo, n. 001, em Curitiba, ora paciente, contra ato do Ex- celentíssimo Dr. Juiz de Direito da 1.ª Vara Criminal do Foro Central de Curitiba, Sr. Manoel Xis Xis, ora autoridade coatora, em face das seguintes circunstâncias fáticas e jurídicas que, fatalmente, vão de encontro ao direito de locomoção do paciente. I – DA EXPOSIÇÃO DO ATO ARBITRÁRIO João Zé Zé foi denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de pre- varicação descrito no artigo 319 do Código Penal, uma vez que, como narra a peça acu- satória, teria deixado de lavrar auto de prisão em flagrante para simplesmente registrar a ocorrência do delito, a partir da qual devendo ser instaurado o procedimento investi- gativo com o indiciado em liberdade. O Meritíssimo Juízo recebeu a denúncia, dando início ao processo-crime 0000000011 contra o paciente, para apurar a ocorrência do crime de prevaricação, sem que os autos da investigação policial e o Ministério Público tenham demonstrado o elemento subjetivo do tipo penal, ou seja, sem qualquer indício de que o réu, ora paciente, agiu “para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”, conforme exige o artigo 319 do Código Penal. Juntamos ao habeas corpus tanto cópia da investigação policial, quanto da denún- cia e do despacho judicial de seu recebimento. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL II – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA Não há necessidade de um aprofundamento doutrinário para se ter conheci- mento de que o tipo penal somente se perfectibiliza com a incidência dos seus ele- mentos constitutivos, aliás, até mesmo porque, está expresso no artigo 14, inciso I, do Código Penal. O crime de prevaricação, imputado ao paciente, está disposto no artigo 319 do Código Penal, que ensina: Art. 319. Retardar ou deixar de praticar indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo con- tra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Com isso, pode-se claramente perceber que, sem o elemento subjetivo, a inten- ção de ‘“satisfazer interesse ou sentimento pessoal”, não há o crime de prevaricação. A investigação policial não demonstrou nenhum indício de que o indiciado, ora paciente, tenha deixado de lavrar o auto de prisão em flagrante para apenas registrar a ocorrência do delito por exemplo, por amizade, carinho, afeto, amor etc. – em relação ao autor daquela infração penal. Como a denúncia se embasou exclusivamente na investigação policial que foi anexada ao presente remédio constitucional na íntegra, não tinha como o represen- tante do Ministério Público demonstrar ou sequer citar na peça acusatória tal intenção por parte do denunciado, ora paciente, por isso, não o fez. A partir do momento em que o Ministério Público não narra esse fato na peça inaugural acusatória, não está narrando o delito de prevaricação e nenhum outro, mas apenas uma conduta atípica, não criminosa. O Meritíssimo Juízo deveria, então, rejei- tar a denúncia com base no artigo 395, inciso III, do Código de Processo Penal. Porém, não foi essa a decisão da autoridade judiciária, ora coatora, que recebeu a denúncia, dando início a um processo criminal sem fundamentação, sem embasamento, sem qualquer razão ou justa causa para tanto, uma vez que o Estado não tem interesse de agir para buscar a aplicação de uma sanção penal a alguém que não praticou, de forma indiciária ou em tese, uma conduta criminosa. O habeas corpus é o remédio constitucionalmente previsto para coibir qualquer abuso ao direito de locomoção do cidadão, ainda que de forma indireta, conforme se depreende do artigo 5.º, LXVIII, da Carta Maior. Esse é o caso do processo-crime em andamento sem justa causa, o que, além de obrigar o cidadão a acompanhar interro- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 13 gatórios e audiências, compele-o a providenciar a sua defesa, podendo, ao final, causar um juízo condenatório que cerceará ainda mais a sua liberdade. O citado dispositivo constitucional vem a corroborar os artigos 647 e seguintes do Código Instrumental Penal. O writ tem ainda a necessidade da concessão da medida liminar em face da situ- ação emergencial em que se encontra o réu, ora paciente, que embora se encontre em li- berdade – não no cárcere – passa a ser constrangido ao processo de forma ilegal, sem justa causa, com o que, obviamente, um Estado Democrático de Direito não pode consentir. III – DO EMBASAMENTO LEGAL A presente ordem de habeas corpus tem amparo legal no artigo 5.º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, que ensina que: “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder” e no artigo 648, inciso I, do Código de Processo Penal, que expressa que “a coação considerar-se-á ilegal quando não houver justa causa”. IV – DO PEDIDO Ante o exposto, desde já se requer seja deferida a Ordem Constitucional de habeas corpus, para que, liminarmente, antes mesmo de pedir informações, seja deter- minado o trancamento da ação penal, cessando o perigo de o paciente ter a liberdade de ir, vir e ficar ilegal e indiretamente cerceada, devendo, ao final, ser mantida, em mérito, a decisão que concedeu o pleito in limine. Porém, caso Vossa Excelência não entenda por deferir o pedido liminar, desde já se requer que, no mérito, seja concedida a Ordem para determinar o trancamento do processo 000000011 que tramita perante a 1.ª Vara Criminal do Foro Central da Comarca de Curitiba, comunicando-se o juízo processante da necessidade de arquivamento dos respectivos autos. Curitiba, ____ de maio de 20___. V. V. P. F. OAB PR 00000 Habeas corpus preventivo com pedido liminar de salvo-conduto O remédio constitucional é feito nos mesmos moldes do anterior, em relação ao endereçamento, qualificação e nomenclatura. Quanto à introdução fática, obviamente, o ato arbitrário é outro e, como consequência, a fundamentação jurídica também. Após vem o pedido, tudo em conformidade com o modelo abaixo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Modelo de habeas corpus preventivo com pedido liminar de salvo-conduto Exmo. Sr. Dr. Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, V. V. P. Filho, brasileiro, solteiro, advogado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, na seção do Estado de São Paulo sob o n. 00000, CPF 000 000 000 00, com endereço profissional na Av. Consolação, n. 000, na cidade de São Paulo, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com base no artigo 5.º, inciso LXVIII, da Constituição Federal e artigo 648, inciso I, do Código de Processo Penal, impetrar HABEAS CORPUS PREVENTIVO COM PEDIDO LIMINAR em favor de José Zé Zé, brasileiro, casado,policial civil, CPF 000 000 000 01, RG 000000000-0, residente e domiciliado na Av. Cristóvão Colombo, n. 001, na cidade de São Paulo, ora paciente, contra ato do Excelentíssimo Dr. Juiz de Direito da 1.ª Vara Criminal do Foro Central da cidade de São Paulo, Sr. Manolo Xis Xis, ora autoridade coatora, em face das se- guintes circunstâncias fáticas e jurídicas que, fatalmente, vão de encontro ao direito de locomoção do paciente. I – DA EXPOSIÇÃO DO ATO ARBITRÁRIO O juízo da 1.ª Vara Criminal do Foro Central da cidade de São Paulo, Sr. Manolo Xis Xis, ora autoridade coatora, decretou a prisão preventiva do paciente pela prática de crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor descrito no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, fundamentando nos seguintes termos a prisão cautelar, cuja cópia juntamos ao presente remédio constitucional: José Zé Zé dirigia seu carro a 80 km/h em local cuja velocidade máxima permitida é de 60 km/h. Ao derrapar em um monte de areia, perdeu o controle do veículo e atropelou e matou Arquimedes Tic Tac, de oito anos de idade, que andava de bicicleta no local, levando-o à morte por traumatismo craniano e hemorragia interna. Trata-se de delito grave, houve comoção social e, mediante o clamor público, o Estado precisa tomar uma atitude mais drástica para mostrar sua força de império à sociedade, buscando sempre a garantia da ordem pública. Sob esse fundamento, decreto a prisão preventiva de José Zé Zé, uma vez que há indícios de ser ele o autor, bem como a mate- rialidade do delito, conforme auto de necropsia anexo. II – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA Conforme a Constituição Federal, em uma série de incisos do artigo 5.º – como, por exemplo, LIV, LV, LVII, LXI,LXII, LXIII, LXIV, LXV, LXVI e LXVII – é patente que depois do direito à vida, o maior bem do cidadão é a liberdade, que abrange a liberdade de locomoção, o direito de ir, vir e ficar. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 15 Como consequência, somente poderá haver a segregação de alguém quando for realmente necessária, pois trata-se de prisão cautelar, que visa a proteção de algum bem previsto na lei, e não uma vingança por parte do Estado ou de uma antecipação da pena que se origina com o trânsito em julgado da sentença condenatória, que logicamente se trata de privação abusiva, arbitrária, ilegal que, conforme ensina o artigo 5.º, no inciso LXV, da Constituição Federal, “deverá ser relaxada pela autoridade judiciária”. Uma das formas de cabimento desse pedido de relaxamento se dá através da Ação Constitucional de habeas corpus, prevista no artigo 5.º, inciso LXVIII, da Carta Magna. A prisão preventiva está prevista no Código de Processo Penal entre os artigos 311 e 316. O artigo 313, nos seus incisos, prevê que é possível essa modalidade de pri- são provisória em CRIMES DOLOSOS e além disso, como regra, PUNIDOS COM RECLUSÃO. Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de setembro de 1940 - Código Penal; III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adoles- cente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. O juiz de primeira instância decretou a prisão preventiva por um CRIME CULPOSO E PUNIDO COM DETENÇÃO de dois a quatro anos, conforme pres- creve o preceito secundário do artigo 302 da Lei 9.503/97 (Código de Trânsito Bra- sileiro). Por esses motivos legais de impedimento do decreto preventivo que não foram obedecidos pela autoridade coatora, já se percebe claramente a arbitrariedade da prisão decretada. Com isto, Excelência, pode-se denotar que o paciente está na iminência de ver cumprido o mandado de uma prisão arbitrária, contrária não só aos ditames legais do expresso no Código de Processo Penal, mas especialmente colidente às garantias previstas como fundamentais da Constituição Federal. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Assim, percebe-se a urgência e a necessidade do acatamento do pedido liminar para que, na prática, seja realmente coibida tamanha arbitrariedade por parte do Esta- do, conforme determinado pelo poder da autoridade coatora. III – DO EMBASAMENTO LEGAL A presente ordem de habeas corpus tem amparo legal no artigo 5.º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, que ensina que “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder” e no artigo 648, inciso I, do Código de Processo Penal, que expressa que “a coação considerar-se-á ilegal quando não houver justa causa”. IV – DO PEDIDO Ante o exposto, desde já se requer seja deferida a Ordem Constitucional de ha- beas corpus, para que, liminarmente, antes mesmo de pedir informações, seja concedido salvo-conduto, cessando o perigo de o paciente ter a liberdade de ir, vir e ficar ilegal- mente cerceada e, ao final, seja mantida, no mérito, a decisão que deferiu o pleito in limine. Caso Vossa Excelência não acolha o pedido liminar, que no mérito, seja deferido o pedido de expedição de salvo-conduto, para prevenir e livrar o corpo do paciente de um constrangimento arbitrário por parte do Estado. São Paulo, ____ maio de 20___. V. V. P. F. OAB SP 0000 Mandado de segurança criminal com pedido liminar A ação mandamental constitucional de mandado de segurança se dá mutatis mutantis, em relação à forma e elaboração, nos mesmos moldes do habeas corpus, uma vez que também tem como finalidade coibir ato arbitrário por parte de autoridade, que não seja relacionado à privação de liberdade, tudo dentro dos requisitos do artigo 5.º, LXIX, da CF e da Lei do Mandado de Segurança, Lei 12.016/2009. Há necessidade de prova pré-constituída. Algumas hipóteses de cabimento de mandado de segurança criminal Para que o cidadão não seja submetido à identificação criminal. ■ Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 17 Para que ele não seja constrangido a produzir prova contra si (por exemplo, ■ exame grafotécnico, para análise sanguínea, de teor alcoólico, de DNA, falar em juízo etc.). Para a busca de efeito suspensivo em recurso que não o prevê. ■ Para assegurar o direito de sufrágio ao preso provisório. ■ Da decisão que indefere o pedido de habilitação de assistente da acusação. ■ Da decisão de negativa de acesso aos autos do inquérito policial ao advogado. ■ Da intimação da defesa da produção de que viole o direito à intimidade do ■ cidadão (exemplo: interceptação telefônica) etc. Para buscar a restituição de coisas apreendidas. ■ Contra a apreensão de coisas em excesso para instruir ação penal por crimes ■ contra a propriedade imaterial. Da decisão que determina alguma medida assecuratória sem a presença dos ■ requisitos legais. Dados importantes do mandado de segurança Endereçamento: sempre ao órgão julgador superior à autoridade coatora. Por ■ exemplo, ao juiz de direito competente para a futura ação penal, se a autori- dade coatora for o delegado de polícia;ao juiz federal, se o coator for o dele- gado federal; ao desembargador presidente do Tribunal de Justiça do respec- tivo Estado ou do Distrito Federal, se a autoridade coatora for um juiz de direito, o mesmo em relação ao desembargador federal presidente do Tribunal Regional Federal da respectiva região, se a autoridade coatora for um juiz fede- ral; ao ministro presidente do Superior Tribunal de Justiça, se a autoridade coatora for um órgão colegiado (câmara ou turma) dos Tribunais de Justiça ou Tribunais Regionais Federais; e, por fim, ao ministro presidente do Supremo Tribunal Federal se a autoridade coatora for um órgão colegiado de um tribu- nal superior (TSE, STM ou STJ). Nomenclatura: impetrante (normalmente o advogado), paciente (cliente ou ■ ele mesmo em causa própria) e autoridade coatora (quem determinou o ato arbitrário). Mandado de segurança criminal com pedido liminar, em face da urgência ■ da medida. Introdução fática e narrativa do ato arbitrário. ■ Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Prova pré-constituída (no exemplo do mandado de segurança contra ato da ■ autoridade policial que nega acesso aos autos do inquérito policial ao advogado do investigado, a prova pré-constituída é o pedido de vista dos autos e a decisão denegatória). Fundamentação jurídica. ■ Embasamento legal: artigo 5.º, LXIX, da CF e artigo 1.º e seguintes da Lei do ■ Mandado de Segurança, Lei 12.016/2009. Pedido: concessão ■ in limine e manutenção no mérito. Se for indeferido o pedido liminar, que seja deferido na apreciação de mérito. Valor da causa: o valor da causa deve ser sempre determinado, e nunca “valor ■ de alçada”, uma vez que o mandado de segurança pode ser impetrado na esfera criminal, trabalhista, cível etc. É uma ação mandamental e, por se tratar de ação, deve ser proposta nos moldes do artigo 282 do Código de Processo Civil, que deixa clara a obrigatoriedade deste valor e não menciona que seja desne- cessário em ações com conteúdo penal ou trabalhista, e tampouco o faz a Lei 12.016/2009 – Lei do Mandado de Segurança. Data. ■ Nome e assinatura do advogado e número da OAB. ■ PRÁTICA EM DIREITO PENAL Modelo de mandado de segurança criminal com pedido liminar Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Criminal do Foro Central da Comarca do Rio de Janeiro, V. V. P. Filho, brasileiro, solteiro, advogado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, na seção do Estado do Rio de Janeiro sob o n. 00000, CPF 000.000.000/00, com endereço profissional na Av. Rebouças, n. 000, na cidade do Rio de Janeiro, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com base no artigo 5.º, inciso LXIX, da Constituição Federal e artigo 1.º e seguintes da Lei 12.016/2009, em causa própria, im- petrar MANDADO DE SEGURANÇA CRIMINAL COM PEDIDO LIMINAR, con- tra ato do Ilustríssimo delegado de polícia da Delegacia de Furtos e Roubos desta cida- de, Sr. Manoelito Xis Xis, ora autoridade coatora, em face das seguintes circunstâncias fáticas e jurídicas que, fatalmente, vão de encontro ao direito de locomoção do paciente. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 19 I – DA EXPOSIÇÃO DO ATO ARBITRÁRIO O delegado de polícia da Delegacia de Furtos e Roubos desta cidade, Sr. Ma- noelito Xis Xis, ora autoridade coatora, determinou a instauração do inquérito po- licial 00001 para apurar a ocorrência de um crime de furto de veículo por parte do indiciado Antonione Kasparovis. O impetrante, munido de procuração, requereu ao delegado de polícia acesso aos autos da investigação policial conforme faculta o artigo 7.º, inciso XIV, da Lei 8.906/94 – Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. O pedido foi indeferido pela autoridade policial, que despachou nos seguintes termos: “indefiro porque o inquéri- to é sigiloso, conforme artigo 20 do Código de Processo Penal”. II – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA O Estatuto da Advocacia – Lei 8.906, de 04/07/94 – é expresso, quando, no artigo 7.º, inciso XIV, ensina: Art. 7.º São direitos do advogado: [...] XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos. Ao assegurar, como direito líquido e certo, o exame de autos de inquérito policial, findos ou em andamento, em qualquer repartição policial, mesmo sem pro- curação o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, que é lei especial e posterior, demonstra ser inteiramente descabida a alegação da autoridade policial de que o in- quérito policial está sob sigilo, consoante o artigo 20 do Código de Processo Penal. Assim, pode-se denotar que não pode ser vedado o acesso dos autos do inqué- rito policial ao advogado do indiciado, ainda mais se estiver com poderes outorgados em procuração a eles juntados. II.a. – LIMINAR O pedido liminar, mais do que fundamentado na necessidade de ser dado ao impetrante o seu direito líquido e certo do exercício profissional e, especialmente, porque pode ainda, em razão da investigação policial continuar em andamento, pre- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL judicar o direito de defesa do seu cliente, o que demonstra, ainda mais, a medida emergencial a ser deferida. III – DO EMBASAMENTO LEGAL A ação de mandado de segurança está embasada não só no artigo 1.º e se- guintes da Lei 12.016/2009 – Lei do Mandado de Segurança, mas, especialmente, no artigo 5.º, inciso LXIX, da Constituição Federal que a recepcionou e preceitua: Art. 5.º [...] LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. IV – DO PEDIDO Ante o exposto, em face da urgência demonstrada, desde já requer seja deferi- da a ação mandamental, para que, liminarmente, antes mesmo de pedir informações, seja possibilitado ao impetrante o acesso aos autos do inquérito policial 00001 em curso perante a Delegacia de Furtos e Roubos da cidade do Rio de Janeiro, conceden- do-se, na prática o seu direito líquido e certo ao exercício da advocacia, devendo, ao final, ser mantida, no mérito, a decisão que concedeu o pleito in limine. Porém, caso Vossa Excelência não entenda por deferir o pedido liminar, desde já se requer que, no mérito, seja concedida a ordem para determinar à autoridade coatora o acesso dos autos do inquérito policial nominado anteriormente ao impetrante. Valor da causa – R$1.000,00. Rio de Janeiro, ____ maio de 20___. V. V. P. F. OAB RJ 00000 Boletins do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – que são mensais e tra- zem, além de pequenos artigos de autores nacionais com enfoque garantista (favorá- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 21 vel ao réu), também colacionam julgados do mês anterior dos tribunais superiores – Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça –, dos Tribunais Regionais Federais e principais Tribunais de Justiça dos Estados. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Peças processuais na fase policial II Pedido de liberdade provisória A liberdade provisória é exclusivamente ligada à prisão em flagrante delito que tenha sido efetuada, e cujo auto de prisão tenha sido lavrado corretamente pela autoridade policial e homologado pelo juiz competente.Portanto, trata-se de pedido a ser feito em caso de prisão em flagrante legal, pois, se fosse caso de prisão ilegal, o pedido seria de relaxamento de prisão. Fundamentação O importante, então, é demonstrar que, embora lícita a prisão em flagrante, não há necessidade da manutenção do agente no cárcere. O requerente precisará emba- sar a desnecessidade da manutenção da prisão nas hipóteses do artigo 310 do CPP, isso corroborado pelo artigo 5.º, LXVI, da Constituição Federal (CF) e pelo artigo 321 do CPP. Consequências Se for concedida a liberdade provisória, a autoridade judiciária vai determinar a expedição de alvará de soltura e o comparecimento do preso para a assinatura do termo de compromisso de comparecer a todos os atos a que for chamado sob pena de revoga- ção da liberdade provisória e de retorno ao cárcere. Se não for concedida, mantendo-se o cidadão preso sem necessidade, passará a ser uma prisão ilegal, devendo ser relaxada pela autoridade judiciária superior, via habeas corpus com pedido liminar. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Veja modelo de pedido de liberdade provisória a seguir. Modelo de pedido de liberdade provisória Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 1.ª Vara Criminal da Comarca de Torres, Rosa Branca, brasileira, casada, comerciante, filha de Lírio Branca e Maria Branca, CPF 000 000 000/00, RG 000.000.000-0, residente e domiciliada na Rua M. L. Porto, no Bairro CR, nesta cidade, vem por seu advogado constituído (procuração inclusa), nos autos do processo 000, em face da homologação de prisão em flagrante, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com base no artigo 5.º, inciso LXVI, da Constituição Federal e artigos 310, III e 321 do Código de Processo Penal, REQUE- RER A CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA, com as seguintes razões de fato e de direito que passa a expor: I – DA INTRODUÇÃO E SITUAÇÃO DA PRISÃO A requerente foi presa em flagrante como incursa no artigo 33, caput, da Lei 11.343/2006 por trazer consigo, em uma mochila, dez tubos de lança-perfume, na es- tação rodoviária local, quando se dirigia, de ônibus, para a cidade de Salvador, na Bahia, para passar as festividades de carnaval. A prisão em flagrante foi convertida em preven- tiva e o auto concluído, encaminhado a juízo e homologado por Vossa Excelência, que não se manifestou sobre a liberdade provisória. II – FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA O auto de prisão em flagrante seguiu as determinações legais, com o auto de constatação demonstrando que a substância faz parte do rol das substâncias entorpe- centes ou capazes de causar dependência física ou psíquica, tanto que Vossa Excelência homologou a prisão, ratificando-a, legitimando-a. Porém, não houve qualquer despa- cho acerca da possibilidade da concessão da liberdade provisória. A doutrina e a jurisprudência, seguindo os ditames legais e constitucionais, en- sinam que o cidadão só deve permanecer preso quando houver extrema necessidade, do contrário deve ser imediatamente posto em liberdade. Aliás, a própria Constituição Federal, no artigo 5.º, inciso LXVI, ensina: “ninguém será levado à prisão ou nela man- tido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”. De outro lado, o artigo 310 do Código de Processo Penal prescreve que: Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: I - relaxar e prisão ilegal; ou II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do artigo 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 25 III - conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança. O artigo 321 do CPP aduz que: Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautela- res previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. Com isso, pode-se concluir que, não havendo necessidade fundamentada nas hipóteses da prisão preventiva, não há razão legítima para a manutenção da presa no estabelecimento prisional. III – DO EMBASAMENTO LEGAL O pedido de liberdade provisória está embasado no artigo 5.º, incisos LIV, LVII e LXVI, da Constituição Federal, bem como nos artigos 310, III e 321, do Código de Processo Penal. IV – DO PEDIDO Tendo em vista o anteriormente exposto é que, respeitosamente, requer que Vos- sa Excelência defira o pedido para fins de ser concedida a liberdade provisória, determi- nando a expedição de alvará de soltura e a imediata comunicação ao administrador do estabelecimento prisional da Comarca de Torres, onde se encontra a requerente, para sua emergencial colocação em liberdade, ainda que o parecer do Ministério Público seja no sentido do indeferimento. Para tanto, a requerente se dispõe a assinar termo de compro- misso de comparecer a todos os atos do processo, sob pena de revogação do benefício. Torres, ____ maio de 20__. V. V. P. F. OAB RS 0000 Pedido de relaxamento de prisão O pedido de relaxamento de prisão poderá ser feito sempre que for caso de prisão ilegal, ilegítima, abusiva, arbitrária. Poderá ser requerido o relaxamento da prisão, tanto em se tratando de prisão provisória – aquela que se dá entre a data do fato delituoso e o trânsito em julgado da sentença condenatória, como a prisão em flagrante, temporária e preventiva; quanto na denominada prisão definitiva – aquela que vem depois do trânsito em julgado da sentença condenatória, na fase da execução penal (excesso de tempo, por exemplo). Sendo prisão ilegal, deverá ser relaxada pela autoridade judiciária, conforme determina o artigo 5.º, LXV, da CF. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Relaxamento e prisão em flagrante Alguns casos de cabimento do pedido de relaxamento de prisão em flagrante: não ter sido imediatamente encaminhado o preso à autoridade policial para a ■ lavratura do auto de prisão em flagrante; não ter sido imediatamente comunicada a autoridade judiciária da realização ■ da prisão (CF, art. 5.º, LXII); não ter sido oportunizado ao preso imediato contato com a família ou advo- ■ gado (CF, art. 5.º, LXII); não ter sido oportunizado ao preso contato em separado com o advogado ■ antes do momento de suas declarações no auto de prisão em flagrante (CF, art. 5.º, LV); não ter sido obedecida a ordem de oitiva no auto de prisão em flagrante – ■ primeiro o condutor, depois testemunha(s) (somente mais uma conforme a jurisprudência) e, por último, o conduzido (CPP, art. 304); não constar escrita no auto de prisão em flagrante a possibilidade de permane- ■ cer em silêncio, conforme prevê o artigo 5.º, LXIII, da CF; o advogado não estando presente durante o auto de prisão em flagrante (CF, ■ art. 5.º, LV); o delegado ter classificado o comportamento do preso em outro crime, espe- ■ cialmente se for mais gravoso (exemplo: o delegado qualifica como tráfico de entorpecentes – artigo 33 da Lei 11.343/2006 – e é caso do crime de uso do artigo 28 da mesma lei); não havendo a entrega da nota de culpa ao preso, no prazo máximo de 24 ■ horas (CPP, art. 306); havendo a entrega no prazo de 24 horas, porém bem depois do tempo neces- ■ sário para tanto, no caso de auto de prisão em flagrante de simples e rápida elaboração; não ter o delegado encaminhado os autos do auto de prisão em flagrante à ■ autoridade judiciária dentro deste prazo de 24 horas; não ter o delegado libertado o preso imediatamente, em caso de infração ■ penal de menor potencialofensivo e que se comprometeu de comparecer tanto na autoridade policial quanto em juízo quando for chamado (Lei 9.099/95, art. 69, parágrafo único), ou quando for caso de “livrar-se solto” (CPP, art. 309); Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 27 quando o auto de prisão em flagrante for lavrado por autoridade sem competên- ■ cia para tanto (exemplo: policial militar que efetuou a prisão em flagrante); Nos casos diversos aos das hipóteses de flagrância do artigo 302 do CPP. ■ Nessas e em outras situações, quaisquer que tenham sido, desde que ilegais e relacionadas à prisão em flagrante, como os casos de flagrante forjado e flagrante pre- parado, poderá e deverá ser feito, diretamente ao juízo competente à futura ação penal, um pedido de relaxamento de prisão e não um habeas corpus. Relaxamento e prisão temporária Alguns casos de cabimento do pedido de relaxamento de prisão temporária: prisão efetuada sem decreto judicial fundamentado (CF, art. 5.º, LXI, e Lei ■ 7.960/89, art. 2.º); prisão decretada pelo juiz fora das hipóteses legais do artigo 1.º da Lei ■ 7.960/89; prisão mantida além do prazo previsto no artigo 2.º da Lei da Prisão Tempo- ■ rária (cinco dias, prorrogáveis por mais cinco, se demonstrada a necessidade) e se for crime hediondo ou equiparado, acima do tempo previsto no artigo 2.º, parágrafo 4.º, da Lei 8.072/90 (30 dias, prorrogáveis por mais 30, se demons- trada a necessidade); a prisão temporária não seguir qualquer das exigências previstas no artigo 2.º, ■ parágrafos 1.º a 7.º, da Lei 7.960/89. Observe que, se o abuso foi cometido pela autoridade policial, deve ser feito um pedido de relaxamento da prisão diretamente à autoridade judicial competente para a futura ação penal, se a arbitrariedade for praticada por parte do juiz, o pedido de rela- xamento da prisão deverá ser feito dentro da ação constitucional de habeas corpus com pedido liminar para o presidente do tribunal competente para a apreciação e possível revisão das suas decisões (TJ, TRF etc.). Relaxamento e prisão preventiva Se a prisão preventiva for decretada pela autoridade judiciária competente, na presença dos pressupostos (indícios de autoria e materialidade) e de uma das condi- ções exigidas pelo artigo 312 do CPP (garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, instrução criminal, boa aplicação da lei penal e em caso de descumpri- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL mento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares – art. 282, §4.º), fundamentando-se minuciosamente na análise do caso concreto, e demonstrando a necessidade da segregação do indiciado ou do preso, será uma pri- são preventiva legal. Nesse caso, não subsistindo mais o motivo do decreto, deverá ser feito um pedido de revogação da prisão preventiva diretamente à autoridade que a decretou. De outra sorte, essa prisão será ilegal e deverá ser relaxada pela autoridade judiciária superior à que decretou via habeas corpus. Algumas hipóteses: o juiz decreta a prisão preventiva de ofício, conforme prevê o artigo 311 do ■ CPP, o que fere o sistema processual acusatório, pois veste-se de juiz-acusador ou de juiz-inquisidor; não é demonstrada a necessidade da prisão no caso concreto; ■ não havendo fundamentação judicial, conforme exige o artigo 93, IX, da CF; ■ quando decretada por autoridade incompetente; ■ quando decretada para a garantia da ordem pública em face da gravidade do ■ crime ou do clamor social, comoção pública, para prevenir que o agente con- tinue praticando crimes (presunção contra o réu), para protegê-lo de lincha- mento por parte da comunidade local; quando decretada para a garantia da instrução criminal por presunção de que ■ o agente irá prejudicar a coleta da prova, sem haver a citação de uma situação fática concreta (presunção contra o réu); quando decretada para a garantia da instrução criminal e o réu estiver preso ■ por mais tempo do que o previsto na legislação como o necessário para termi- nar a coleta da prova, ou seja, há excesso no prazo da instrução; quando decretada para a garantia da aplicação da lei penal por presunção de ■ que o agente irá fugir, sem haver a citação de uma situação fática concreta (presunção contra o réu). Relaxamento e prisão decorrente de sentença condenatória recorrível Em relação à hipótese de cabimento da prisão decorrente de sentença conde- natória recorrível, conforme art. 387 do CPP, precisa ser demonstrada a necessidade da segregação, ou seja, há a obrigatoriedade da fundamentação nos casos da prisão preventiva, não bastando apenas o réu não ser primário ou não ter bons antecedentes, conforme prevê o artigo 387, parágrafo único do CPP. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 29 Assim, não havendo essa demonstração, a prisão será ilegal e deverá ser relaxada pelo tribunal na análise do habeas corpus que demonstra a arbitrariedade da decisão do juízo de primeira instância. Endereçamento, fundamentação e pedido O pedido é feito pelo preso, representado por advogado, demonstrando-se a ile- galidade da prisão e requerendo, com base no artigo 5.º, LXV, da Constituição Federal, o relaxamento da prisão. Se for caso de prisão em flagrante ilegal por parte do delegado de polícia, o pedido de relaxamento de prisão será feito por uma petição diretamente ao juízo com- petente para a futura ação penal. Se a ilegalidade foi do juízo singular, o pedido de relaxamento de prisão deverá ser feito dentro de uma ação constitucional de habeas corpus para o tribunal competente para apreciar os recursos das decisões daquele juízo (TJ ou TRF). Se a ilegalidade for de um dos tribunais (TJ ou TRF) o pedido também será feito dentro de um habeas corpus, agora a ser impetrado junto ao STJ. Por fim, se a ilegalidade foi de parte de um tribunal superior (TSE, STM ou STJ) o pedido de relaxamento será feito em um habeas corpus perante o STF. Consequências Deferido o pedido, o juiz determinará a expedição de alvará de soltura e a ime- diata libertação do preso. Se, por acaso, além da ilegalidade da prisão houver a possibi- lidade de ocorrência de crime de abuso de autoridade (Lei 4.898/65, arts. 3.º e 4.º) ou prevaricação (CP, art. 319) a autoridade judiciária ou o Ministério Público requisitará a instauração de investigação policial para apurar o delito funcional. Indeferido o pedido, a autoridade judiciária estará mantendo uma prisão que, ao ver do preso, é ilegal. Assim, não resta outra medida além de ser impetrado um habeas corpus, com pedido liminar, perante o presidente do Tribunal de Justiça (do Estado do juiz, ora autoridade coatora) ou do TRF (da região do juiz federal, ora autoridade coa- tora), demonstrando a ilegalidade da prisão que se mantém, requerendo o seu relaxa- mento. Mantida a prisão pelo Tribunal, novo habeas corpus com pedido liminar, agora perante o presidente do STJ, que mantendo, dará causa à impetração da ordem de habeas corpus, sempre com pedido liminar face à urgência de coibir o cerceamento arbitrário do direito de locomoção do cidadão, agora ao presidente do STF. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Modelo de pedido de relaxamento de prisão Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de Torres, Rosa Branca, brasileira, casada, comerciante, filha de Antônio Branca e Maria Branca, CPF 000.000.000/01, RG 000000000-1, residente e domiciliada na Rua M. L. Porto, no Bairro CR, nesta cidade, vem por seu advogado constituído (procuração inclusa), respeitosamente, perante Vossa Excelência, combase no artigo 5.º, inciso LXV, da Constituição Federal, REQUERER O RELAXAMENTO DA PRISÃO, com as seguintes razões de fato e de direito que passa a expor. I – DA INTRODUÇÃO E SITUAÇÃO DA PRISÃO A requerente foi presa em flagrante delito como incursa nas sanções do artigo 33, parágrafo 1.º, inciso II, da Lei 11.343/2006 (tráfico de drogas), por trazer consigo uma sacola com 15kg de semente de maconha. O auto de prisão em flagrante (APF) foi lavrado pelo delegado de polícia de Torres sem a presença de advogado e, como de- monstra cópia do procedimento anexa, a nota de culpa não foi entregue à requerente no prazo máximo de 24 horas conforme determina o artigo 306, parágrafo 2.º, do Código de Processo Penal. Foi encaminhado a juízo para apreciação e, juntamente com ele, re- queremos a análise do presente pedido para fins de não ser homologado o auto de prisão em flagrante, por ser ilegal a segregação, razão pela qual se busca o relaxamento da pri- são em flagrante, conforme determina o artigo 5.º, inciso LXV, da Constituição Federal. II – FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA II. 1 – Sementes de maconha – atipicidade da conduta Em relação ao delito em que o Delegado de Polícia qualificou a infração de- lituosa (artigo 33, parágrafo 1.º, II, da Lei 11.343/2006) percebemos que a conduta da requerente não se amolda por falta de previsão legal, o que igualmente ocorre em relação ao artigo 33, caput, da mesma lei, o que leva à atipicidade do comportamento da requerente. II. 2 – Ausência de advogado e de seguimento às determinações legais do artigo 306 do Código de Processo Penal. É sabido que a Constituição consagra a garantia da ampla defesa no artigo 5.º, inciso LV: Art. 5.º [...] A seguir, veja modelo de pedido de relaxamento de prisão. ■ Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 31 LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Dentro desse enfoque, ensina o artigo 5.º, inciso LXIII, da Carta Magna, que: Art. 5.º [...] LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. Além do mais determina que a regra é o direito de liberdade do cidadão ser res- peitado, a não ser nos casos especificamente previstos e conforme taxativas exigências legais, conforme prevê o mesmo artigo 5.º, no inciso LXI: Art. 5.º [...] LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamen- tada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. A consequência da desobediência de qualquer dispositivo legal é que se trate de prisão ilegal que deve ser relaxada pela autoridade judiciária competente, como preceitua o artigo 5.º, no seu inciso LXV: Art. 5.º [...] LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. III - DO EMBASAMENTO LEGAL O pedido de relaxamento de prisão está embasado no artigo 5.º, incisos LV, LXI, LXIII, LXV, da Constituição Federal, bem como nos dispositivos do Código de Processo Penal que não foram obedecidos, especialmente o artigo 306. IV - DO PEDIDO Tendo em vista todo o exposto acima é que, respeitosamente, requer que Vossa Excelência defira o pedido para fins de ser relaxada a prisão em flagrante, determi- nando a expedição de alvará de soltura e a imediata comunicação ao administrador do estabelecimento prisional da comarca de Torres, onde se encontra a requerente, para sua emergencial colocação em liberdade. Torres, ____ maio de 20___. V. V. P. F. OAB RS 0000 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Pedido de revogação da prisão preventiva A prisão preventiva poderá ser decretada nas hipóteses do artigo 313 do CPP e com os pressupostos e fundamentos dispostos no artigo 312 do mesmo estatuto legal. A partir do momento em que o motivo que embasou essa prisão não subsistir mais, deverá ser revogada (CPP, art. 316). Se não for revogada, passará a ser uma prisão ilegal, devendo ser relaxada pela autoridade judiciária superior, via habeas corpus com pedido liminar. Observação Indeferido o pedido de revogação da prisão preventiva, cabe habeas corpus com pedido liminar para o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (no caso em questão). Boletins do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – que são mensais e tra- zem, além de pequenos artigos de autores nacionais com enfoque garantista (favorá- vel ao réu), também colacionam julgados do mês anterior dos tribunais superiores – Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça –, dos Tribunais Regionais Federais e principais Tribunais de Justiça dos Estados. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 33 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Peças processuais na fase acusatória Ação penal Ação penal é a movimentação do Estado através de um sistema acusatório para a aplicação de uma sanção penal ao réu. Espécies de ação penal Ação penal pública A ação penal pública pode ser incondicionada ou condicionada. Órgão acusador O titular do exercício é o Ministério Público (MP), conforme o artigo 129, I, da Constituição Federal (CF). Peça acusatória A peça acusatória é a denúncia. Ação penal privada As ações privadas são: a ação privada propriamente dita, personalíssima, e ação pri- vada subsidiária da pública. Órgão acusador O titular do exercício é o querelante ofendido e/ou seu representante legal nos casos de ação penal privada propriamente dita e subsidiária da pública e somente o ofen- dido na ação penal privada personalíssima (exemplo: art. 236, parágrafo único, do CP). Peça acusatória A peça acusatória é a queixa-crime. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Momento processual É o início da ação penal privada, portanto, a peça acusatória, a peça inaugural do procedimento judicial. Requisitos formais Artigo 41 do Código de Processo Penal (CPP): Art 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas cir- cunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá- -lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Dados importantes da queixa-crime Endereçamento: é sempre ao órgão competente para o processo e julgamento ■ ao caso posto em questionamento. A queixa-crime deverá ser feita perante os juizados especiais criminais quando for caso de uma infração penal de menor potencial ofensivo (Lei 9.099/95, art. 61, e Lei 10.259/2001, art. 2.º); se, de outra sorte, for caso de competência do juízo comum, a este será oferecida, po- dendo, ser, sem nenhum problema, proposta junto aos tribunais. O importante é saber se é caso de ação penal privada, sendo a peça acusatória uma queixa-- -crime. Após, deve-se constatar qual o órgão competente para processar e jul- gar a infração penal e endereçar a ele a peça inaugural. Nomenclatura: querelante (quem acusa), querelado (acusado), oferecer quei- ■ xa-crime. Qualificação das partes: dados pessoais do querelante (poucos, o suficiente para ■ identificá-lo) e do querelado (o máximo possível, para evitar de ser processada a pessoa errada, como, por exemplo, nome, sobrenome, apelido, idade na data do fato, cor, religião,profissão, filiação, número da carteira de identificação civil, CPF, endereço profissional, endereço residencial). Narração do fato delituoso de forma sucinta e objetiva, sem colocar citações ■ doutrinárias e jurisprudenciais. Narrar sempre quando, onde, o que (sempre co- locar o verbo nuclear do tipo na forma afirmativa, incisiva, direta, acusatória) e como de forma clara, sem deixar dúvidas, porque é do fato descrito que o querelado irá se defender. Classificação do delito: é a citação do tipo penal que o querelado incorreu. ■ Pedido: nunca se pode esquecer de colocar, brevemente, o início do procedi- ■ mento judicial, requerer o recebimento da queixa-crime, a citação do quere- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 37 lado, a intimação do MP, a produção de provas e a condenação do querelado. Não há necessidade de requerer “a produção de todos os meios de prova admitidos em Direito” por total redundância e desnecessidade de pedir um direito que nós já temos por princípios e garantias processuais e constitucio- nais. Valor da causa: deve-se colocar um valor definido – por exemplo, 1.000 ou ■ 1.500 reais, e nunca “valor de alçada”. Rol de testemunhas: pelo fato de o legislador prever o máximo de três, cinco ■ ou oito testemunhas, para não ter perigo de incorrer em erro, e também por ser mais rápido, deve-se enumerar sempre três testemunhas. Data. ■ Nome e assinatura do advogado. ■ Número da OAB. ■ Modelo de queixa-crime perante o juizado especial Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito dos Juizados Especiais Criminais da Comarca de Osório, Flores Bento, nacionalidade, estado civil, profissão, endereço, vem por seu ad- vogado constituído, com procuração com poderes especiais, conforme dispõe o artigo 44 do Código de Processo Penal, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com base nas peças de informação inclusas, oferecer QUEIXA-CRIME contra Lírio Bran- co, apelido, nacionalidade, estado civil, profissão, idade na data do fato, cor, religião, filiação, RG, CPF, endereço profissional, endereço residencial, pela prática do fato delituoso descrito a seguir. No dia 1.º de abril de 2005, por volta das 22 horas, em frente ao Bar do Nico, na Av. Getúlio Vargas, n. 1.234, nesta cidade, com a nítida intenção de ofender a honra do querelante, em alto e bom tom, em frente a várias pessoas, o querelado o caluniou, imputando-lhe falsamente fato definido como crime, dizendo: “o Flores Bento roubou o banco ontem e levou 24 mil reais num Tempra azul”, conforme ter- mos de declarações colhidas junto à Delegacia de Polícia de Osório, anexadas a esta peça acusatória. Assim agindo, incorreu o querelado no crime de calúnia descrito no artigo 138 do Código Penal. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Modelo de queixa-crime perante o juízo comum Ante o exposto requer que Vossa Excelência marque audiência inicial para oportunizar ao autor do fato a composição cível e, se não resultar exitosa a tran- sação penal, tudo em conformidade com os artigos 74 e 76 da Lei 9.099/95. Para tanto, deverão ser intimados a comparecer o querelante, o querelado e o Ministério Público. Não sendo possível nem a composição cível nem a transação penal, des- de já, manifesta-se o querelante no sentido de que a queixa-crime seja ratificada, dando-se início ao procedimento sumaríssimo do artigo 77 e seguintes da Lei dos Juizados Especiais Criminais, devendo ser marcada audiência de instrução e julga- mento, intimando-se o querelante, o Ministério Público e as testemunhas abaixo arroladas para comparecer, ser citado o querelado, para interrogatório e demais atos processuais até final da sentença penal condenatória. Valor da Causa: R$1.000,00. Osório, ____ de maio de 20__. V. V. P. F. OAB RS 0000 Rol de testemunhas: 1) Nome da testemunha, nacionalidade, profissão, endereço. 2) Nome da testemunha, nacionalidade, profissão, endereço. 3) Nome da testemunha, nacionalidade, profissão, endereço. Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de Osório, Flores Bento, nacionalidade, estado civil, profissão, endereço, vem por seu advogado constituído, com procuração com poderes especiais conforme dispõe o artigo 44 do Código de Processo Penal, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com base nas peças de informação inclusas, oferecer QUEIXA-CRIME contra Cou- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 39 ve Flores, apelido, nacionalidade, estado civil, profissão, idade na data do fato, cor, religião, filiação, RG, CPF, endereço profissional, endereço residencial, pela prática do fato delituoso descrito a seguir. No dia 21 de março de 2005, por volta das 12 horas, em frente ao Hospital São Vicente de Paula, na Rua João Sarmento, n.º 1.200, nesta cidade, com a nítida intenção de ofender a honra do querelante, em alto e bom tom, em frente a várias pessoas, o querelado o injuriou, ofendendo a sua dignidade e o decoro, com ex- pressões com conotação racista, dizendo: “tu não sabes quem é o verdadeiro Flores Bento, aquele crioulo vagabundo” (sic), tudo conforme demonstram os termos de declarações colhidas junto à Delegacia de Polícia de Osório, anexadas a esta peça acusatória. Assim agindo, incorreu o querelado no crime de injúria racial descrito no arti- go 140, parágrafo 3.º, do Código Penal. Ante o exposto requer que Vossa Excelência designe audiência de tentativa de conciliação, conforme determina o artigo 520 do Código de Processo Penal, in- timando o querelante e o querelado a comparecer e, não sendo exitosa, desde já, requer que seja recebida a queixa-crime, citando o querelado para o interrogatório e demais atos processuais, até final sentença penal condenatória. Requer, ainda, a intimação do Ministério Público para todos os atos do proces- so, bem como as testemunhas abaixo arroladas. Valor da Causa: R$1.000,00. Osório, ____ de maio de 20__. V. V. P. F. OAB RS 0000 Rol de testemunhas: 1) Nome da testemunha, nacionalidade, profissão, endereço. 2) Nome da testemunha, nacionalidade, profissão, endereço. 3) Nome da testemunha, nacionalidade, profissão, endereço. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Boletins do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – que são mensais e tra- zem, além de pequenos artigos de autores nacionais com enfoque garantista (favorável ao réu), também colacionam julgados do mês anterior dos tribunais superiores – Supre- mo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça –, dos Tribunais Regionais Federais e principais Tribunais de Justiça dos Estados. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Peças processuais na fase acusatória e judicial Queixa-crime na ação penal privada subsidiária da pública Introdução e fundamento Ação penal privada subsidiária da pública é aquela a ser intentada pelo ofendido ou seu representante legal quando da prática de um crime que originariamente se trata de ação penal pública (o furto, o roubo, o homicídio etc.). Assim, inicia-se com o ofere- cimento de queixa-crime porque o órgão ministerial, o Ministério Público (MP), não se manifestou no prazo previsto em lei. O fundamento se dá pela necessidade de o Estado agir em busca da aplicação de uma sanção penal para o agente que praticou uma infração penal. Se o Estado nomeou o MP para fazê-lo noscasos de ação penal pública (CF, art. 129, I ) é dele a obrigato- riedade de movimentação para a aplicação do jus puniendi. Se o órgão representante do Estado, em face da inércia, deixa o prazo determinado em lei passar em branco, sem qualquer atuação, é garantido ao ofendido, ou ao seu representante legal, o direito de intentar a denominada ação penal privada subsidiária da pública (CPP, art. 29; CP, art. 100, §3.º; e CF, art. 5.º, LIX). Modelo de queixa-crime dando início à ação penal privada subsidiária da pública Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 1.ª Vara Criminal da Comarca de Torres, Flores Bento, nacionalidade, estado civil, profissão, endereço, vem por seu advogado constituído, com procuração com poderes especiais conforme dispõe o artigo 44 do Código de Processo Penal, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com base no incluso inquérito policial 0000000, oriundo da Delegacia de Polícia desta cidade, tendo em vista que o Ministério Público não se manifestou no prazo previsto no artigo 46 do Código de Processo Penal, conforme certidão do Escrivão Judicial anexa, oferecer QUEIXA-CRIME contra Rosa Branca, apelido, nacionali- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL dade, estado civil, profissão, idade na data do fato, cor, religião, filiação, RG, CPF, endereço profissional, endereço residencial, pela prática do fato delituoso seguinte. No dia 10 de fevereiro do corrente ano, por volta das 23 horas, em frente ao Bar e Danceteria Dado Pier, na Av. Cristóvão Colombo, n.º 246, no Bairro Costa do Rio, nesta cidade, após abordar o querelante que estava estacionando o seu veículo Sorento, marca Kia, chassi 0000000000000, placa 0000000, a querelada, apontando- -lhe um revólver de marca Taurus, calibre 38 (conforme auto de apreensão da folha 19 do inquérito policial) e ameaçando-lhe de morte, subtraiu o automóvel e saiu pilotando-o em alta velocidade pela Av. Bento Gonçalves no sentido bairro-centro, como se fosse sair da cidade de Torres, o que atesta a intenção de não devolvê-lo mais. Momentos após, foi encontrado o veículo danificado, batido no pilar da igreja Nossa Senhora, localizada na Av. Santo Augusto, próximo ao local da subtração. Assim agindo, incorreu o querelado no crime de roubo majorado pelo uso de arma de fogo, descrito no artigo 157, parágrafo 2.º, inciso I, do Código Penal. Ante o exposto requer que Vossa Excelência receba a queixa-crime, e deter- mine a citação do querelado para comparecer ao interrogatório e demais atos pro- cessuais até final sentença penal condenatória. Para tanto, requer ainda a intimação do querelante e do Ministério Público para acompanhar todo o processo, conforme determinam os artigos 45, 257 e 564, III, “d”, todos do Código de Processo Penal, além das testemunhas abaixo arroladas. Valor da causa: R$1.000,00. Osório, ____ de maio de 20__. V. V. P. F. OAB RS 0000 Rol de testemunhas: 1) Nome da testemunha, nacionalidade, profissão, endereço. 2) Nome da testemunha, nacionalidade, profissão, endereço. 3) Nome da testemunha, nacionalidade, profissão, endereço. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 45 Defesa prévia Introdução e finalidade A defesa prévia está disposta nos artigos 396 e 396-A do Código deProcesso Penal (CPP): Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arro- lar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. O número do rol de testemunhas se dá conforme o procedimento previsto para o crime praticado, por exemplo, o crime de furto (CP, art. 155), que deverá seguir o procedimento comum ordinário (CPP, art. 394, §1.º, I), prevê o número de oito para cada fato delituoso (art. 401); o crime de homicídio culposo (CP, art. 121, §3.º ou CTB, art. 303), que adota o procedimento comum sumário (CPP, art. 394, §1.º, II), possibilita até cinco testemunhas (art. 532); nas infrações penais de menor potencial ofensivo (CPP, art. 394, §1.º, II; Lei 9.099/95, art. 61; e Lei 10.259/2001, art. 2.º), entende-se o rol máximo de três testemunhas, que é o menor número de testemunhas da legislação brasileira. Para não haver possibilidade de erro, sempre deve ser apresentado um rol com o número não superior a três testemunhas. Modelo de uma defesa prévia Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2.ª Vara Criminal da Comarca de Torres, Rosa Branca, já qualificada nos autos do processo-crime 000000, que tramita perante esse juízo, vem, por seu defensor constituído, respeitosamente, perante Vossa Excelência, no prazo legal de dez dias, conforme dispõe o artigo 396 do Código de Processo Penal, apresentar DEFESA PRÉVIA, expondo que é inocente das imputações que lhe são feitas, conforme ficará demonstrado durante a instrução processual. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Para tanto requer a intimação das testemunhas abaixo arroladas para com- parecerem e prestarem depoimentos perante esse juízo na data aprazada oportuna- mente, bem como exame grafotécnico e datiloscópico, para atestar, respectivamente, se a assinatura exarada no documento da folha 33 e as digitais do documento 34 são ou não da requerente. Nestes termos, Pede e espera deferimento, Torres, ____ de maio de 20__. V. V. P. F. OAB RS 000 Rol de testemunhas: 1) Nome da testemunha, nacionalidade, profissão, endereço. 2) Nome da testemunha, nacionalidade, profissão, endereço. 3) Nome da testemunha, nacionalidade, profissão, endereço. Exceções processuais Introdução e finalidade As exceções processuais são defesas indiretas, não são dirigidas ao mérito da causa, mas a questões de ordem processual e podem, sem dúvida, uma vez opostas, no mesmo prazo da defesa prévia, de alguma forma, dependendo de qual tenha sido arguida, beneficiar o réu. As exceções estão previstas nos artigos 95 a 111 do CPP, inclusive em relação ao seu procedimento em autos apartados. São elas: Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de: I - suspeição; II - incompetência de juízo; III - litispendência; IV - ilegitimidade de parte; V - coisa julgada. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 47 Modelo de uma exceção de incompetência relativa de juízo Exma. Sra. Dra. Juíza de Direito da 2.ª Vara Criminal da Comarca de Guaru- lhos, Flores Bento, já qualificado nos autos do processo-crime 0000000, vem por seu defensor constituído, com procuração com poderes especiais inclusa, respeitosa- mente, perante Vossa Excelência, no tríduo legal, com base no artigo 108 do Código de Processo Penal, opor EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DE JUÍZO, passando a expor e requerer o que segue. Conforme se depreende dos autos do inquérito policial 00000, que embasou a denúncia oferecida pelo Ministério Público, originária do presente processo-crime, o fato delituoso se deu na comarca de Jacareí e não na cidade de Guarulhos. Como o réu reside na cidade de Guarulhos, algumas medidas investigativas foram aqui produzidas e, talvez por isso, de posse do inquérito policial, o represen- tante do Ministério Público, com atribuições perante essacomarca, acabou ofere- cendo a peça acusatória nesse juízo, o que acabou determinando a competência do foro de Guarulhos. Porém, é sabido que as regras de competência do juízo singular estão dispos- tas no Código de Processo Penal, a partir do artigo 69, e exatamente esse dispositivo legal ensina, de forma eliminatória e subsidiária (se não é o inciso I, será o II, se não for o II é o III etc.), o órgão competente para processo e julgamento das ações penais; e o primeiro critério fixador da competência é “o lugar da infração”, conforme dispõe no inciso I. Como se trata de competência relativa em ratione loci, ou seja, competência relativa, ou se opõe a exceptio declinatori fori neste momento processual ou se opera a convalidação e a consequência será a permanência do feito onde está tramitando; ora se opõe e, desde já, requer que: seja recebida a exceção de incompetência relativa de juízo; ■ seja autuada em separado, como dita o artigo 111 do Código de Processo ■ Penal; seja intimado o Ministério Público conforme prevê o artigo 108, parágrafo ■ 1.º, do Código de Processo Penal; seja aceita a exceção que se opõe; ■ Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL seja remetido o feito à comarca de Jacareí, que é a competente para o pro- ■ cesso e julgamento do caso, conforme determina o artigo 108, parágrafo 1.º, in fine, do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede e espera deferimento. Guarulhos, ____ de maio de 20__. V. V. P. F. OAB SP 000 Dicas de Estudo Boletins do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – que são mensais e tra- zem, além de pequenos artigos de autores nacionais com enfoque garantista (favorável ao réu), também colacionam julgados do mês anterior dos tribunais superiores – Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça –, dos Tribunais Regionais Federais e principais Tribunais de Justiça dos Estados. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Fase recursal Recurso é o meio processual, voluntário ou necessário, de impugnação de uma decisão, antes que ocorra a preclusão, que busca algo vantajoso ao recorrente através da reforma, invalidação, esclarecimento ou ratificação da decisão combatida. Finalidade A finalidade do recurso é o reexame da decisão por um órgão do Poder Judiciário superior àquele que decidiu, como ocorre na análise da apelação, do mérito do recurso em sentido estrito, no recurso especial ou extraordinário; ou pelo próprio órgão deci- sório, como se dá com os recursos de embargos declaratórios e embargos infringentes e de nulidade. Fundamento A via recursal está fundamentada no inconformismo das partes que se opõem no processo, na maior experiência dos magistrados que irão apreciar as razões recursais, bem como no necessário controle da prestação jurisdicional e na falibilidade de quem decidiu. Momento de incidência Recursos anteriores ao trânsito em julgado da sentença condenatória Previstos no Código de Processo Penal (CPP) Recurso em sentido estrito (art. 581-592). ■ Apelação (art. 593-603). ■ Embargos infringentes e de nulidade (art. 609, parágrafo único). ■ Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Embargos de declaração (art. 619 e 620). ■ Carta testemunhável (art. 639-646). ■ Previstos na Constituição Federal Perante o Supremo Tribunal Federal (STF): ■ Recurso ordinário (art. 102, II). ■ Recurso extraordinário (art. 102, III). ■ Perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ): ■ Recurso ordinário (art. 105, II). ■ Recurso especial (art. 105, III). ■ Recurso depois do trânsito em julgado da sentença condenatória Recurso de agravo em execução previsto no artigo 197 da Lei de Execução Penal (LEP) – Lei 7.210/84. Classificação Quanto à fonte Constitucionais (exemplo: recurso extraordinário para o STF). ■ Legais (exemplo: apelação). ■ Regimentais (exemplo: agravo regimental para o STJ). ■ Quanto à iniciativa Voluntários – são a regra (CPP, art. 574, 1.ª parte). ■ Necessários – também denominados de recursos anômalos ou de ofício (exem- ■ plos: CPP, arts. 574, I, e 746). Quanto aos motivos Ordinários – são aqueles em que a lei não exige nenhum requisito especial para ■ serem admitidos (exemplo: apelação). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 53 Extraordinários – são os que a lei exige requisitos específicos (exemplo: re- ■ curso extraordinário para o STF e recurso especial para o STJ). Pressupostos recursais Pressupostos objetivos Previsão legal. ■ Adequação recursal. ■ Observância das formalidades legais. ■ Tempestividade. ■ Pressupostos subjetivos Legitimidade. ■ Interesse em recorrer. ■ Juízo de admissibilidade O juízo de admissibilidade ocorre quando o juiz analisa a presença de todos os pressupostos objetivos e subjetivos. Tendo averiguado a existência de todos, admitirá o recurso e dará encaminhamento para análise do mérito. Extinção anormal Desistência. ■ Deserção. ■ Ausência de preparo. ■ Efeitos dos recursos Devolutivo: reabre a análise da questão guerreada, direcionando o recurso a ■ outro órgão julgador (como na maioria dos recursos) ou ao próprio juízo sen- tenciante (como nos embargos). Suspensivo: torna sem efeito, sem eficácia, a decisão combatida. A regra é não ■ haver o efeito suspensivo nos recursos brasileiros. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br PRÁTICA EM DIREITO PENAL Regressivo: é o juízo de retratação no qual o juiz poderá voltar atrás e modifi- ■ car a sua decisão antes de encaminhar o recurso ao juízo de segunda instân- cia. É cabível no recurso em sentido estrito e no agravo em execução (CPP, art. 589). Extensivo: artigo 580 do CPP. ■ Recurso em sentido estrito Prazo de interposição O prazo é de cinco dias, considerado como termo inicial hipótese do artigo 798, parágrafo 5.º, do CPP: Art. 798. [...] §5.º Salvo os casos expressos, os prazos correrão: a) da intimação; b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte; c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou des- pacho. Processamento Petição de interposição do recurso com a indicação das peças para formar o ■ instrumento (a não ser nos casos do art. 583 do CPP, que sobem nos próprios autos). Conclusão ao juiz para o juízo de admissibilidade. Se não for admitido, cabe o ■ recurso de carta testemunhável (CPP, art. 639, I). Se admitido, os autos vão ao escrivão para a formação do traslado. Extração, conferência e conserto do traslado (CPP, art. 587). ■ Autuação do recurso (CPP, art. 587, ■ caput). Vistas ao recorrente para apresentar as razões recursais em dois dias (CPP, art. ■ 588, caput). Vistas ao recorrido para apresentar as contrarrazões recursais em dois dias ■ (CPP, art. 588, caput). Conclusão ao juiz para emitir ou não o juízo de retratação (CPP, art. 589). Se ■ emitir um despacho de reforma da decisão, o recorrido, em simples petição de requerimento, faz com que o juiz encaminhe o instrumento (ou os autos, nos casos do art. 583) ao tribunal (art. 589, parágrafo único). Se a decisão for de sustentação, haverá a remessa ao tribunal (art. 591). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 55
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