Prévia do material em texto
FUNDAÇÕES Prof.: Carlos Henrique P. A. Galdino carlos.galdino@ulife.com.br Aula 5 Capacidade de Carga – Parte II • Interação solo-fundações; • Ruptura. Objetivos de Aprendizagem 1. Analisar a interação estrutura-fundações e solo-fundações; 2. Analisar os modos de ruptura da interação solo-fundações. 4 Aula passada! Capacidade de carga Método de Skempton Método de Skempton 7 •No caso específico de argilas saturadas na condição não drenada (𝜙 = 0), temos, 𝑁𝑞 = 1 e 𝑁𝛾 = 0, o que simplifica a equação de capacidade de carga de Terzaghi para: 𝜎𝑟 = 𝑐.𝑁𝑐 . 𝑆𝑐 + 𝑞 Método de Skempton 8 •𝑁𝑐 é função de h/B (embutimento relativo da sapata no solo); •As sapatas quadradas ou circulares, pode-se obter o valor de 𝑁𝑐 já corrigido pelo fator de forma diretamente da linha tracejada. Método de Meyerhof Método de Meyerhof 10 •Considera que a superfície de ruptura se prolonga na camada superficial do terreno e que, portanto, há a contribuição não só da sobrecarga, como também da resistência ao cisalhamento do solo nessa camada. • Para o caso de carga vertical excêntricas, as dimensões reais da base da sapata (B, L) devem ser substituídas, nos cálculos de capacidade de carga, por valores fictícios (B', L') dados pelas expressões: 𝐵′ = 𝐵 − 2. 𝑒𝐵 𝐿′ = 𝐿 − 2. 𝑒𝐿e Método de Meyerhof 11 •Quando aplicamos uma carga sobre uma sapata, idealmente queremos que essa carga esteja no centro geométrico da base da sapata, ou seja, centrada. •Nesse caso, o esforço é puramente vertical, distribuído de forma uniforme no solo de apoio. • Porém, na prática, muitas vezes a carga não passa exatamente pelo centro da sapata. Método de Meyerhof 12 •Quando isso ocorre, dizemos que existe uma excentricidade da carga, que é a distância entre o centro da sapata e a linha de ação da carga: ✓ 𝑒𝐵 : excentricidade na direção da largura B; ✓ 𝑒𝐿 : excentricidade na direção do comprimento L. Método de Meyerhof 13 •Essa simplificação, a favor da segurança, significa considerar uma área efetiva de apoio (𝐴′ = 𝐵′ × 𝐿′), cujo centro de gravidade coincide com o ponto de aplicação da carga. •Esse ajuste reduz a área considerada, aumentando a tensão média de cálculo, e garante um cálculo mais conservador e seguro, evitando que o solo seja supercarregado em um dos lados. 14 Imagine que a sapata “perde” as faixas laterais onde o solo estaria pouco ou nada solicitado devido à excentricidade. Método de Brinch-Hansen Método de Brinch-Hansen 16 •O método considera dois efeitos na capacidade de carga: ✓o acréscimo devido a uma maior profundidade de assentamento de sapata; ✓a diminuição no caso de carga inclinada. •Na fórmula de capacidade de carga são introduzidos os fatores de profundidade (𝑑𝐶 , 𝑑𝑞 e 𝑑𝛾) e os fatores de inclinação de carga (𝑖𝐶, 𝑖𝑞 e 𝑖𝛾). 𝜎𝑟 = 𝑐.𝑁𝑐 . 𝑆𝑐 . 𝑑𝐶 . 𝑖𝐶 + 𝑞.𝑁𝑞 . 𝑆𝑞 . 𝑑𝑞 . 𝑖𝑞 + 1 2 𝛾. 𝐵.𝑁𝛾. 𝑆𝛾. 𝑑𝛾. 𝑖𝛾 Solo Estratificado Solo Estratificado 18 •Na natureza, o solo raramente é homogêneo. Com o passar do tempo, ele se forma em camadas (estratos) com diferentes propriedades geotécnicas, devido a processos de sedimentação, erosão, variações climáticas e deposições sucessivas. •Assim, um perfil típico pode ter, por exemplo: ✓uma camada superficial arenosa solta, ✓seguida por uma camada de silte mais compressível, ✓e depois uma argila rígida mais profunda. Solo Estratificado 19 •Cada camada possui parâmetros próprios (peso específico, coesão, ângulo de atrito, módulo de deformabilidade etc.) que influenciam diretamente a capacidade de carga e os recalques. Bulbo de Tensões 20 •Quando uma sapata transmite uma carga 𝑃 ao solo, a pressão 𝜎 aplicada na base não age só exatamente sob a área da sapata. •Ela se espalha lateralmente com a profundidade, formando uma espécie de “cone” de tensões - que chamamos de bulbo de tensões. Bulbo de Tensões 21 •Esse conceito vem da Mecânica dos Solos e ajuda a entender: ✓quais camadas do solo estão realmente sendo solicitadas, e; ✓até onde precisamos investigar o solo (profundidade) para avaliar a capacidade de carga e os recalques. Bulbo de Tensões 22 •O texto propõe um modelo simplificado para uso em projeto: •As tensões se espalham segundo uma inclinação de 2 vertical : 1 horizontal (ou seja, cerca de 27° com a vertical). •Assim, se a base da sapata tem dimensões 𝐵 e 𝐿, a área influenciada pelas tensões aumenta com a profundidade 𝑧: 𝐵 + 𝑧 × (𝐿 + 𝑧) Bulbo de Tensões 23 • Portanto, a parcela ∆𝜎 de tensão propagada à distância z é aproximadamente: ∆𝜎 ≅ 𝜎 × 𝐵 × 𝐿 𝐵 + 𝑧 × (𝐿 + 𝑧) Bulbo de Tensões 24 • Segundo a Teoria da Elasticidade, que calcula as tensões em pontos dentro de um meio elástico semi-infinito submetido a uma carga superficial: ✓Quando aplicamos uma pressão 𝜎 sobre uma sapata de largura 𝐵, a tensão vertical se espalha com a profundidade. ✓a cerca de uma profundidade igual a 2𝐵, a tensão adicional (Δ𝜎) provocada pela sapata já caiu para aproximadamente 10% da tensão aplicada na base (𝜎). 25 Em outras palavras: Abaixo de 2𝐵, as tensões induzidas pela fundação são tão pequenas que seu efeito no comportamento do solo pode, de forma prática, ser desprezado. Bulbo de Tensões 26 •À profundidade z = 2B abaixo de uma sapata quadrada de lado B, a parcela propagada ∆𝜎 da tensão 𝜎 aplicada pela base é dada por: ∆𝜎 ≅ 𝜎 × 𝐵2 𝐵 + 2. 𝐵 = 𝜎 9 ≅ 10% 𝜎 Bulbo de Tensões 27 •Cálculos mais rigorosos para sapatas flexíveis, dão os seguintes valores de profundidade do bulbo de tensões, em função da forma da base da sapata: • Para efeitos práticos em fundações, podemos considerar: 𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟: 𝑧 = 1,5. 𝐵 𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑎: 𝑧 = 2,5. 𝐵 𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑎: 𝑧 = 4,0. 𝐵 𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 𝑜𝑢 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑎 (𝐿 = 𝐵): 𝑧 = 2. 𝐵 𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 (𝐿 = 2 𝑎 4𝐵): 𝑧 = 3. 𝐵 𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑎 (𝐿 ≥ 5𝐵): 𝑧 = 4. 𝐵 Bulbo de Tensões 28 •Assim, a superfície potencial de ruptura se desenvolve toda no interior do bulbo de tensões. No caso de sapatas quadradas, para o efeito de cálculo de capacidade de carga, não importa o solo que estiver além da profundidade z = 2B. •Ao definir os parâmetros geotécnicos 𝑐, 𝜙 e 𝛾 do solo sob a base da sapata, devem ser consideradas apenas as camadas situadas dentro da região alcançada pelo bulbo de tensões. Bulbo de Tensões 29 • Se o solo for de um mesmo tipo, mas apresentar variações desses parâmetros com a profundidade, recomenda-se utilizar os valores médios dos parâmetros dentro do bulbo de tensões, incluindo também a média dos valores de 𝑁𝑆𝑃𝑇, quando aplicável. Bulbo de Tensões – 2 duas camadas 30 •Camadas com características de resistência e compressibilidade diferentes da outra, ambas atingidas pelo bulbo de tensões. • Primeiro, determina-se a capacidade de carga, considerando apenas a primeira camada (𝜎𝑟1) e, depois, a capacidade de carga para uma sapata fictícia apoiada no topo da segunda camada (𝜎𝑟2). Bulbo de Tensões – 2 duas camadas 31 𝜎𝑟1 ≤ 𝜎𝑟2 → 𝑜𝑘! 𝜎𝑟 = 𝜎𝑟1 Adotar, Bulbo de Tensões – 2 duas camadas 32 • Se a segunda camada for menos resistente, primeiro calcula-se a média ponderada dos dois valores, dentro do bulbo de tensões: 𝜎𝑟1,2 = 𝑎. 𝜎𝑟1 + 𝑏. 𝜎𝑟2 𝑎 + 𝑏 Bulbo de Tensões – 2 duas camadas 33 •Em seguida, verifica-se se haverá ruptura da segunda camada, na iminência de a sapata aplicar esse valor de tensão. ∆𝜎 ≅ 𝜎𝑟1,2 × 𝐵 × 𝐿 𝐵 + 𝑧 × 𝐿 + 𝑧 ≤ 𝜎𝑟2 → 𝑜𝑘! 𝜎𝑟 = 𝜎𝑟1,2 Adotar, Bulbo de Tensões – 2 duas camadas 34 𝜎𝑟 = 𝜎𝑟1,2 × 𝜎𝑟2 ∆𝜎 • Se ∆𝜎 > 𝜎𝑟2 será necessário reduzir o valor da capacidade de carga média, Parâmetros do Solo Parâmetros do Solo 36 •Em solos saturados (especialmente argilas moles), os parâmetros de resistência ao cisalhamento - coesão (𝑐)e ângulo de atrito interno (𝜙) - não são fixos. •Eles dependem da velocidade de aplicação da carga, isto é, das condições de drenagem: ✓Condição não drenada (rápida): ▪A carga é aplicada rapidamente e a água nos poros não tem tempo de sair. Parâmetros do Solo 37 ✓Condição não drenada (rápida): ▪As pressões neutras aumentam, e o solo resiste principalmente pela coesão não drenada (𝑐𝑢). ▪O ângulo de atrito 𝜙 é considerado zero nessa condição. Parâmetros do Solo 38 ✓Condição drenada (lenta): ▪A carga é aplicada lentamente, e a água nos poros consegue sair. ▪As pressões neutras se dissipam e a resistência vem dos parâmetros efetivos (𝑐′ e 𝜙′) do solo (tensão efetiva entre os grãos). Parâmetros do Solo 39 •Coesão - para estimar valores não drenado, quando não dispondo de ensaios de laboratório, Teixeira e Godoy (1996) sugerem a seguinte correção: •Ângulo de atrito - para estimar valores não drenado, temos duas correlações empíricas com o índice de resistência à penetração do 𝑁𝑆𝑃𝑇: 𝑐 = 10 × 𝑁𝑆𝑃𝑇 (𝑘𝑃𝑎) 𝑑𝑒 𝐺𝑜𝑑𝑜𝑦 1983 :𝜙 = 28° + 0,4 ×𝑁𝑆𝑃𝑇 𝑑𝑒 𝑇𝑒𝑥𝑒𝑖𝑟𝑎 1996 :𝜙 = 20 ×𝑁𝑆𝑃𝑇 + 15° Parâmetros do Solo 40 • Para a adoção do ângulo de atrito interno da areia, pode- se adotar os valores do gráfico (Mello, 1971). Parâmetros do Solo 41 • Peso específico - se não houver ensaios de laboratório, pode-se adotar o peso específico do solo a partir dos valores aproximados das tabelas (Godoy, 1972). > 42 Para areia saturada, o valor tabelado mostrado anteriormente refere-se ao peso específico submerso. Como para o cálculo de capacidade de carga precisa- se sempre do peso específico efetivo, é necessário descontar o peso específico da água. Parâmetros do Solo 43 Utilizando as duas tabelas acima, para solos com c - ɸ, foi possível caracterizar três regiões de ruptura. Exercício 1 Estimar a capacidade de carga de um elemento de fundação por sapata, com as seguinte condições de solo e valores médios no bulbo de tensões: a) argila rija com Nspt = 15; b) areia compacta com Nspt = 30; c) areia argilosa com ɸ = 25 e c = 50 kPa (valores não drenados). 44 Exercício 1 45 Dúvidas e/ou questionamentos? Literatura recomendada 47 •CINTRA, J. C. A.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H. Fundações: diretas: projeto geotécnico. 1ª edição. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. (Cap. 2). (Disponível na biblioteca virtual). Próxima aula •CINTRA, J. C. A.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H. Fundações: diretas: projeto geotécnico. 1ª edição. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. (Cap. 3). (Disponível na biblioteca virtual). Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48