Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Universidade Federal do Oeste da Bahia Centro das Cieˆncias Exatas e das Tecnologias Terceira Prova de F´ısica Geral e Experimental I - A (IAD221) − T01 − 1/2015 Prof. Angelo Marconi Maniero Data: 11 de dezembro de 2015 Resoluc¸a˜o Comentada Observac¸o˜es: • LEIA AS QUESTO˜ES ATENTAMENTE • e´ proibido usar telefone celular, calculadora e/ou similares e desgrampear as folhas da prova; • respostas sem justificativas ou que na˜o incluam os ca´lculos necessa´rios na˜o sera˜o consideradas; • esta prova vale 12,0 (doze) pontos; • prova individual e sem consulta; • os ca´lculos devem ser explicitados; • A prova pode ser respondida a la´pis. • Dados de valores de momentos de ine´rcia: casca esfe´rica de raio R e massa M , eixo passando pelo centro: I = 2 3 MR2 barra delgada de comprimento L e massa M , eixo passando pelo centro: I = 1 12 ML2 barra delgada de comprimento L e massa M , eixo na extremidade: I = 1 3 ML2 cilindro ou disco macic¸o de raio R e massa M , eixo passando pelo centro: I = 1 2 MR2 esfera macic¸a de raio R e massa M , eixo passando pelo centro: I = 2 5 MR2 Questa˜o n0 01 − (2,0 pontos) O vetor posic¸a˜o de uma part´ıcula cuja massa e´ de 3 kg e´ dado por ~r = 4ˆı + 3t2 ˆ, onde ~r e´ expresso em metros e t em segundos. (a) Determine o momento angular da part´ıcula em relac¸a˜o a` origem. Justifique a sua resposta. (b) Determine o torque atuante na part´ıcula em relac¸a˜o a` origem. Justifique a sua resposta. Questa˜o n0 02 − Uma bola e´ presa a uma extremidade de um pedac¸o de fio inextens´ıvel. Voceˆ segura a outra extremidade do fio e gira a bola descrevendo um c´ırculo em torno da sua ma˜o. (a) (1,0 ponto) Se a bola move-se a uma velocidade de intensidade constante, o seu momento linear ~p e´ constante? Justifique a sua resposta. (b) (1,0 ponto) Nas condic¸o˜es do item anterior, o seu momento angular ~` e´ constante? Justifique a sua resposta. (c) (1,0 ponto) Ainda nas mesmas condic¸o˜es, o que se pode afirmar do torque ~τ? Justifique a sua resposta. Questa˜o n0 03 − (2,0 pontos) Se as calotas polares derretessem por completo devido ao aquecimento global, o gelo derretido se redistribuiria pela superf´ıcie terrestre. Essa variac¸a˜o faria com que a durac¸a˜o do dia (a) aumentasse; (b) diminu´ısse; (c) permanecesse inalterada. Considere a Terra um sistema isolado. Justifique a sua resposta. Questa˜o n0 04 − (2,0 pontos) Um cilindro so´lido uni- forme e uma esfera so´lida uniforme teˆm massas iguais. Ambos rolam sem deslizamento em uma superf´ıcie hori- zontal. Se suas energias cine´ticas sa˜o as mesmas, enta˜o (a) a intensidade da velocidade de translac¸a˜o do cilin- dro e´ maior que a da esfera. (b) a intensidade da velocidade de translac¸a˜o do cilin- dro e´ menor que a da esfera. (c) a intensidade da velocidade de translac¸a˜o dos dois corpos e´ mesma. (d) (a), (b) ou (c) podem estar corretas, dependendo dos raios dos corpos. Justifique a sua resposta. 2 Questa˜o n0 05 − Uma bolinha de gude com raio r rola a partir do repouso do topo de uma grande esfera com raio R, na qual esta´ firmemente fixada. (a) (2,0 pontos) Presumindo que a bolinha de gude rola sem deslizar enquanto se mante´m em contato com a esfera, mostre que o aˆngulo a partir do topo da esfera com o ponto onde a bolinha perde contato com a esfera e´ θ = arccos ( 10 17 ) ≈ 53, 97◦ (b) (1,0 ponto) Por que na˜o e´ realista admitir que a bolinha rola sem deslizamento ate´ perder contato com a superf´ıcie da esfera? Justifique a sua re- sposta. Calvin e Haroldo 3 RESOLUC¸A˜O Questa˜o n0 01 Temos uma part´ıcula de massa igual a 3 kg cuja equac¸a˜o de movimento e´ dada por ~r(t) = 4ˆı + 3t2 ˆ (1) O momento angular de uma part´ıcula e´ dado por ~`= ~r × ~p , (2) onde ~r e´ o seu vetor posic¸a˜o e ~p e´ o seu momento linear. O torque atuante sobre a part´ıcula e´ dado por ~τ = d~` dt (3) (a) Expressando o momento angular da part´ıcula: ~` = ~r × ~p = ~r ×m~v = m~r × ~v (4) = m~r × d~r dt Calculando d~r dt temos que d~r dt = d dt ( 4ˆı + 3t2 ˆ ) = 6tˆ (5) Assim, o momento angular e´ dado por ~`= (3, 0) ( 4ˆı + 3t2 ˆ )× (6tˆ) (6) mas, ıˆ× ˆ = kˆ e ˆ× ˆ = ~0 (7) portanto, ~`= (72, 0t J · s)kˆ (8) (b) E o torque e´ enta˜o ~τ = d dt ~`= d dt (72, 0t)kˆ (9) = (72, 0 N ·m)kˆ Questa˜o n0 02 (a) Na˜o. A bola descreve uma movimento circular e uniforme. Assim, a intensidade de sua velocidade e´ sempre constante, ou seja, |~v| = constante (10) mas, ~v = na˜o e´ constante (11) Ou seja, trata-se de um movimento cuja a intensidade da velocidade e´ constante, pore´m e´ acelerado de modo a modificar a direc¸a˜o da part´ıcula, e portanto a sua velocidade ~v, pois a resultante das forc¸as na˜o e´ nula. Deste modo ~p = m~v = na˜o e´ constante (12) 4 (b) Sim. No movimento circular e uniforme, o vetor ~r varia, mas a sua intensidade e´ sempre constante. Ou seja, |~r| = constante (13) Como vimos no item anterior, o momento linear da part´ıcula varia, mas a sua intensidade e´ sem constante. |~p| = |m~v| = constante (14) Ale´m disso, no movimento circular e uniforme temos que os vetores ~r e ~p sa˜o sempre perpendiculares. Deste modo, se o movimento da part´ıcula estiver contido no plano xOy, enta˜o o momento angular da part´ıcula, dado pelo produto vetorial, ~`= ~r × ~p (15) estara´ direcionado no eixo +Oz, cujo mo´dulo sera´ |~`| = |~r × ~p| = |~r||~p|sen (pi 2 ) = constante (16) Portanto, o vetor ~` e´ sempre constante. (c) E´ nulo. Conforme vimos anteriormente, o momento angular da part´ıcula ~` e´ constante, enquanto que o momento linear da part´ıcula ~p e´ varia´vel. Se o momento varia enta˜o existe uma forc¸a resultante atuando na part´ıcula. Embora exista forc¸a resultante, na˜o ha´ torque resultante, pois ~r e ~F sa˜o paralelos. Pode-se tambe´m concluir de outra modo que se o momento angular da part´ıcula e´ constante e´ porque o torque resultante sobre ela e´ nulo. Questa˜o n0 03 A resposta e´ (i). Pois, na auseˆncia de quaisquer torques externos, o momento angular da Terra `z = Iωz (17) permanece constante. O gelo derretido se deslocaria dos po´los para a regia˜o do equador, ou seja, distante do eixo de rotac¸a˜o do planeta Terra e, portanto, o momento de ine´rcia I da Terra aumentaria levemente. Logo, a velocidade angular ωz diminuiria suavemente. Mas como ωz = 2pi T (18) onde T e´ o tempo necessa´rio para uma volta em torno de seu eixo, enta˜o o dia seria um pouco mais longo. Questa˜o n0 04 A energia cine´tica de um corpo e´ a soma das energias cine´ticas de translac¸a˜o e de rotac¸a˜o. Assim, podemos expressar a energia cine´tica do cilindro adotando M a sua massa e R o seu raio, como Kcilindro = 1 2 Mv2cilindro + 1 2 Icilindroω 2 cilindro = 1 2 Mv2cilindro + 1 2 ( 1 2 MR2 )(vcilindro R )2 = 3 4 Mv2cilindro No caso da esfera, vamos adotar que a sua massa seja M e o raio r. Kesfera = 1 2 Mv2esfera + 1 2 Iesferaω 2 esfera = 1 2 Mv2esfera + 1 2 ( 2 5 Mr2 )(vesfera r )2 = 7 10 Mv2esfera 5 Como as energias cine´ticas sa˜o iguais, temos que Kcilindro = Kesfera =⇒ vcilindro = √ 14 15 vesfera < vesfera De forma que o item correto e´ o (b). Questa˜o n0 05 Seja r o raio da bola de gude, m a sua massa, R o raio da esfera grande, e v a velocidade da bola de gude que perde o contato com a superf´ıcie. Na figura, o numeral 1 denota a configurac¸a˜o inicial do sistema bola de gude e esfera e o numeral 2 e´ a configurac¸a˜o quando a bola de gude separa da esfera. Podemos usar a conservac¸a˜o da energia para relacionar a energia potencial da bola de gude como a soma de sua energia cine´tica de rotac¸a˜o e energiacine´tica de translac¸a˜o. Vamos escolher como potencial nulo da energia potencial demonstrado no diagrama, ou seja, no ponto em que a bola perde o contato com a esfera.. (a) Aplicando a conservac¸a˜o da energia mecaˆnica ∆U + ∆K = 0 (19) ou ainda U2 − U1 +K2 −K1 = 0 (20) mas, U2 = K1 = 0. Assim, −mg (R+ r − (R+ r) cos(θ)] + 1 2 mv2 + 1 2 ω2 = 0 (21) ou −mg [(R+ r) (1− cos θ)] + 1 2 mv2 + 1 2 I v2 r2 = 0 (22) mas, I = 2 5 mr2 (23) enta˜o, −mg [(R+ r) (1− cosθ)] + 1 2 mv2 + 1 2 ( 2 5 mr2 ) v2 r2 = 0 (24) ou −mg [(R+ r) (1− cosθ)] + 1 2 mv2 + 1 5 mv2 = 0 (25) resolvendo para v2 v2 = 10 7 g (R+ r) (1− cos θ) (26) 6 No momento em que a bola se desprende da esfera, a sua forc¸a normal se anula. Ale´m disso, apenas a componente do peso radial contribui para a forc¸a resultante radial (centr´ıpeta). Portanto, mg cos θ = m v2 R+ r (27) ou ainda, cos θ = v2 g(R+ r) (28) substituindo para v2, vem que cos θ = 1 g(R+ r) [ 10 7 g(R+ r)(1− cosθ) ] (29) = [ 10 7 (1− cosθ) ] (30) resolvendo para θ, vem θ = cos−1 ( 10 17 ) (31) quod erat demonstrandum (b) A forc¸a de atrito e´ sempre menor que a forc¸a de atrito esta´tica, ou seja, µs multiplicada pela forc¸a normal da bolinha. Contudo, intensidade da forc¸a normal diminui para zero ate´ o ponto em que a bolinha perde o contato com a esfera, significando que a forc¸a de atrito deve ser menor do que a forc¸a necessa´ria para manter a bolinha rolando sem deslizar antes de deixar a esfera.
Compartilhar