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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES I. TÍTULO: DECOMPOSIÇÃO DE MOVIMENTOS (LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS - I) (Colaboração com o Prof. Emerson Guerra) II. MOTIVAÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO: Neste experimento estudaremos um problema físico básico em Mecânica: o lançamento de projéteis sob os quais atuam apenas a força gravitacional. Este problema foi (um dos muitos) estudado por Galileu, que propôs um princípio, denominado "Princípio de Independência dos Movimentos", o qual podemos resumir na seguinte declaração: "Dado um movimento complexo, este pode ser desdobrado na ocorrência simultânea de dois ou mais movimentos independentes que se compõem definindo a trajetória observada." O Princípio da Independência dos Movimentos está contido na formulação da Mecânica Newtoniana, se relembramos que a Equação Fundamental da Dinâmica, R = dp/dt, é de caráter vetorial, tal que se verificam igualdades COMPONENTE a COMPONENTE entre os vetores envolvidos. Logo, é possível desmembrar os movimentos segundo a dinâmica em cada uma das direções do espaço tridimensional. Consideremos então a Figura 1, onde esquematizamos um lançamento de uma esfera, de massa m, por uma canaleta. A esfera é liberada no repouso (Energia mecânica sem termo cinético), porém sob ação do campo gravitacional da terra. Uma vez livre, ela se desloca pela canaleta e é lançada na horizontal. Neste processo, ela é acelerada e após seu lançamento realiza uma dada trajetória até se chocar com um anteparo (no nosso esquema, o anteparo é horizontal, mas nada impedia que fosse vertical). UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES Figura 1: Lançamento de uma esfera numa canaleta na vertical. Durante sua trajetória fora da canaleta, se desprezamos a resistência do ar (seja lá por que motivo!), temos que sobre a esfera atua apenas a força-peso, dada por: p → = m g → Ao atingir o anteparo, a esfera terá se distanciado de um certo intervalo "A" com relação ao ponto de lançamento. Chamaremos a esta distância de "Alcance" da esfera. Seja agora o fato bruto, demonstrado em sala pelo seu Professor: quando mudamos o ponto de liberação da esfera na canaleta, muda o alcance da esfera. Vamos construir um fato científico. No ponto de lançamento, supomos que a velocidade da esfera consiste apenas de uma componente HORIZONTAL. Logo, no termo geral: V → (2) = V0x x ∧ + V0y y ∧ , temos que V0y = 0. Além disso, sobre a esfera em movimento só atua a sua força-peso, que está na direção vertical com sentido "para baixo". SÓ EXISTE, PORTANTO, COMPONENTE DE FORÇA NA VERTICAL E NÃO NA HORIZONTAL. Logo, SÓ EXISTE ACELERAÇÃO NA DIREÇÃO VERTICAL. Desta forma, podemos considerar o movimento de queda da esfera como composto de um MRU na horizontal, e um MRUV, com aceleração "g", na vertical, compondo-se para produzir a trajetória final no espaço. Matematicamente: am= → R UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES Em termos das componentes: → R = [Rx , Ry] v = [vx, vy] = [v(2) , 0] a = [ax, ay] Logo, componente a componente, temos: Rx = m ax = 0 ∴ ax = 0 ⇒ vx(t)= v(2) ∀ t Ry = m ay ⇒ p = m g ∴ vy(t)= g t ∀ t Ou ainda, integrando em relação ao tempo (supondo a origem das posições no ponto de lançamento): x(t) = v(2) t y(t) = g 2 t2 Estas são as chamadas "Equações paramétricas" do problema. Para obtermos equação de trajetória y(x), temos que eliminar o parâmetro t, tal que (mostre!): 2 2 )2( x v2 )x(y g= Que curva geométrica pode ser construída por esta equação? Como obtivemos uma relação entre coordenadas do espaço, “y” sendo função de “x”, ela define a trajetória da esfera: é uma parábola (consulte um livro de Geometria Analítica). Para que a trajetória fique bem definida, resta-nos determinar v(2), já que “g” tem valor conhecido. Considere o valor nominal gN = 9,879 m/s2 ± 0,001 m/s2. Neste experimento, nossos objetivos são: 1) Traçar a curva que expressa a trajetória de uma esfera lançada por uma canaleta; 2) Verificar se esta trajetória pode ser assumida como parabólica, LINEARIZANDO a relação y(x); 3) Determinar a velocidade de lançamento horizontal v(2). UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES III. EQUIPAMENTO: 1) Uma canaleta. 2) Um fio de prumo. 3) Papel milimetrado; 4) Papel carbono; 5) Esferas metálicas; 6) Paquímetro; 7) Régua ou trena. Figura 2: Esquema da montagem a ser utilizada # DETALHES IMPORTANTES: 1- Verifique se o lançamento e o movimento estão planares, 2- Verifique se o anteparo vertical perpendicular ao plano de trajetória, tal que a colisão seja frontal. IV- PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS No caso em questão, vamos permitir que o anteparo da esfera seja vertical. Logo, para uma altura de lançamento fixa, h1 (vide Figura 3) temos que se o anteparo dista “x” do ponto de lançamento, então o ponto atingido no anteparo vertical será “y”. Figura 3: Modelo da montagem a ser utilizada UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES Estas coordenadas MEDIDAS yM e xM estão previstas se relacionar por: 2 M2 )2( M v2 xgy = g v2 M 2 (2)2 M yx = Note que a relação acima pode ser LINEARIZADA, sendo escrita como Y = A + B X, em que definimos: X = yM, Y = xM2, A = 0 (coeficiente linear) e B = (2/g) v(2)2 (coeficiente angular). Atenção: não confunda os significados entre x e y (em letra minúscula) com X e Y (em letras maiúsculas). Estas ultimas grandezas (X e Y) se prestam para linearizar a relação x(y). Com base no que foi discutido, sugerem-se os seguintes procedimentos: 1) Escolha uma altura de lançamento h1 e lance a esfera. 2) Verifique a posição em que ela atinge o solo e divida, usando uma régua milimetrada (ou trena), o espaço entre esta posição e a de saída da canaleta (em linha reta) em 10 (dez) posições xi, i∈ {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}. A incerteza em xi é a incerteza instrumental da régua milimetrada: δ xi = 0,5 mm. 3) Fixe uma folha de papel milimetrado no anteparo vertical e sobre ela uma folha de papel carbono. 4) Posicione o anteparo frontalmente ao lançamento da esfera, em uma posição xi escolhida, registrando esta seleção. 5) Meça a altura h1 e MANTENHA-A CONSTANTE para todas as medidas. 6) Libere a esfera no ponto indicado (h1) e permite sua colisão frontal com o anteparo. Realize este ensaio três vezes, pelo menos (lançamentos j = 1, 2, 3, ..., N). 7) Identifique o conjunto de pontos { yi,j } marcado no anteparo como relacionados à coordenada xi (“yi,1”, “yi,2”, “yi,3”, etc). A incerteza em CADA yi,j é a incerteza da marcação do papel milimetrado: δyi,j = 0,5 mm ou então metade da largura da mancha formada no impacto. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES 8) Mude o anteparo de posição, para outro valor de xi, e repita os passos 5 a 6, até que todas as dez posições xi tenham sido usadas. 9) Obtenhao valor médio de cada “yi”: ∑ = = N j jii yN y 1 , 1 . NOTE QUE a incerteza em yi é a incerteza do valor médio: ys . 10) Construa a seguinte tabela: Tabela 1: Coordenadas da trajetória de uma esfera lançada (não esqueça as incertezas!) xi yi (valor médio!!) x1 y1 x2 y2 x3 y3 ( . . . ) ( . . . ) x10 y10 11) Com base na Tabela 1, construa a tabela auxiliar abaixo (“Tabela 2): Tabela 2: Tabela auxiliar para estudo da trajetória de uma esfera lança por uma canaleta. (não esqueça as incertezas!) X = yi (médio!!) Y = (xi)2 X1 Y1 = (x1)2 X2 Y2 X3 Y3 ( . . . ) ( . . . ) X10 Y10 OBS: A incerteza de Y = xi2 é δY = 2 xi δxi 11.a) Construa o GRÁFICO 1: x -vs- y, em papel milimetrado e avalie sua forma. 11.b) Construa o GRÁFICO 2: X -vs- Y (atenção: valores de yi no eixo das abscissas e de xi 2 no das ordenadas!) em papel milimetrado e obtenha os coeficientes linear e angular e deles obtenha o valor de v(2) e sua incerteza: v(2)2=g/2B B2 gv )2( = UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES + = 2)2( B δg BδB g 4 1 B2 gδv 12) Assumindo o modelo de que a curva é uma parábola, discuta seus resultados considerando os parâmetros características de uma parábola e a situação “física” estudada. Seus resultados devem ser apresentados em um relatório com o seguinte formato: 1. TÍTULO 2. OBJETIVO 3. DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO (lista de material e desenho das montagens) 4. REFERENCIAL TEÓRICO (Conceitos relevantes e dedução das equações) 5. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS (ETAPAS DE MEDIDA) 6. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS (tabelas, cálculo dos valores, etc...) 7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS (avaliação de valores obtidos, comparações com o apresentado no referencial teórico, discussão sobre as características de uma parábola, etc.) 8. CONCLUSÃO 9. OBSERVAÇÕES FINAIS 10. BIBLIOGRAFIA
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