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Capítulo 7: Carboidratos Dr. Humberto Ramos BIOQUÍMICA BQI103 1 - INTRODUÇÃO • Carboidratos, açúcares, sacarídeos ou glicídeos; • Biomoléculas mais abundantes na natureza; CONCEITO Aldeídos ou cetonas poliidroxilados; No geral, possuem a relação C:H:O de 1:2:1 = (CH2O)n; Ex.: Glicose = C6H12O6 ou (CH2O)6 FUNÇÕES Energética; Armazenamento (amido, glicogênio); Estrutural e proteção (celulose, pectina, quitina, peptídeoglicano); Reconhecimento celular (glicolipídeos ou glicoproteínas); Outras: difusão de nutrientes e lubrificação de articulações, anticoagulante (heparina), anticongelantes (glicoproteínas). 2 – CLASSIFICAÇÃO (Tamanho) Três classes principais: 1. Monossacarídeos; 2. Oligossacarídeos (inclui dissacarídeos); 3. Polissacarídeos. Sakkharon (do grego) = açúcar 2.1 – MONOSSACARÍDEOS • Uma só unidade de poliidroxialdeído ou -cetona; • Unidades de construção de sacarídeos mais complexos – polissacarídeos. Característica: - Compostos sólidos; - Incolores; - Cristalinos; - Livremente solúveis em água; - Insolúveis em solventes apolares; - Sabor adocicado, no geral. Classificação: a) De acordo com a posição da carbonila: - aldoses: na extremidade da cadeia (ex.: gliceraldeído); - cetoses: no interior da cadeia (ex.: diidroxicetona). b) De acordo com o número de átomos de carbono: 3C – Trioses (aldotriose ou cetotriose); 4C – Tetrose (aldotetrose ou cetotetrose); 5C – Pentose (aldo ou cetopentose); 6C – Hexose (aldo ou cetoexose); D-Gliceraldeído Aldotriose Diidroxicetona cetotriose 2.2 – ESTRUTURA DOS PRINCIPAIS MONOSSACARÍDEOS 2.2.1 Trioses D-Gliceraldeído Aldotriose Diidroxicetona cetotriose 2.2.2 Aldotetroses D-eritrose D-triose Espelho Fórmulas de projeção D-Gliceraldeído (GA) L-Gliceraldeído (GA) Projeções de Fischer representar os carboidratos (Carbonos quirais) Um centro quiral: dois isômeros Ativos opticamente – ENANTIÔMEROS: Os enantiômeros são moléculas que são imagens no espelho uma da outra e não são sobreponíveis, nem por rotação nem por translação. D e L Por convenção, a letra L é designada quando –OH voltado para a esquerda; A letra D quando –OH para direita Pentoses: D-ribose D-arabinose D-xilose Aldopentoses Cetopentoses D-ribulose D-xilulose Hexoses: Aldoexoses Cetoexoses D-glicose D-manose D-galactose D-frutose ESTEREOISÔMEROS Compostos com mesma composição e mesma ordem de conexão de átomos, com arranjos moleculares diferentes D-gliceraldeído L-gliceraldeído C* : - carbono quiral ou centro quiral; - quatro ligantes diferentes (C assimétrico); - 2n estereoisômeros (n = nº centros quirais ou nº C* CARBOIDRATOS: se dividem em 2 grupos: Quando o C* mais distante da carbonila (C de referência): 1) mesma configuração do C* do D-gliceraldeído; Isômero D; 2) mesma configuração do C* do L-gliceraldeído: Isômero L. A maioria das hexoses dos organismos vivos = forma D 3 – ISOMERIA: 3.1 – Formas estruturais D e L A configuração no último C assimétrico baseia-se no D e L gliceraldeído. Os açúcares mais comuns são da série D. 3.2 – Epímeros São monossacarídeos que diferem em apenas um carbono assimétrico. • D-manose é epímero da D-glicose no C-2; • D-galactose é epímero da D-glicose no C-4. Epímeros Açúcares que diferem apenas em um carbono (esterioisômeros) Epímeros Isômeros Fórmulas de Fisher (aberta) CICLIZAÇÃO DOS MONOSSACARÍDEOS Formação de anéis de 5 a 6 atomos Grupo hidroxil no C5 reage com o grupo aldeído ou cetona Novo Centro Quiral 4 – CICLIZAÇÃO DOS MONOSSACARÍDEOS: • Monossacarídeos com 5 ou mais C formam hemiacetais ou hemicetais; • Forma um novo carbono assimétrico na carbonila; • Dois isômeros cíclicos: α e β; • Forma furanosídica (anel de 5 elementos) e piranosídica (anel de 6 elementos). Fórmulas de Hawor th: Pirano Furano 4.1 – Aldoses: Forma de furanose → deriva do furano → Ciclização entre a carbonila (C-1) e a hidroxila do C-4 α Forma de piranose → derivado do pirano ↓ Ocorre uma condensação entre a carbonila e C-5. α-D-glicopiranose β-D-glicopiranose mutarrotação D-glicose Mutarrotação Em solução, interconversão de anômeros (lento) Mutarotação: conversão de anômeros cíclicos em anéis abertos Existe apenas uma pequena fração da forma linear Ciclização da frutose: • A D-frutose é comumente encontrada na forma de furanose; • Ocorre uma condensação entre a carbonila e C-5. D-frutose (forma de cadeia aberta) α-D-frutofuranose β-D-frutofuranose (formas cíclica da frutose) Açúcares Redutores Açúcar Redutor Carbono Anomérico Livre Teste de Benedict Grupo da Carbonila é oxidado para um ácido carboxílico Cobre é reduzido. C C C C C CH2OH HO OHH HO H OHH OHH C C C C C CH2OH OHO OHH HO H OHH OHH + Cu 2+ D-Glucose D-Gluconic acid + Cu2O(s) Acido D-Glucurônico - Reação catalisada pela glicose oxidase: medida de glicose sanguínea. - Específica para a D-Glicose! D-glicose + O2 D-gliconato + H2O2 Glicose Oxidase AÇÚCARES REDUTORES AÇÚCARES REDUTORES Nível de Glicose no Sangue Glicose: concentração normal: 70-90 mg/dL Variação de acordo com a alimentação Teste de tolerância:glicose pode ser medida após várias horas. Tempos após ingestão de glicose (horas) Derivados de Açúcares Formados da reação dos açúcares Carbonila Forma linear Grupos Hidroxilas Forma linear e anel Alguns derivados mais comuns: Oxidação da 1ª hidroxila da aldose Formação de ácidos urônicos Deoxi-açúcares: substitui –OH por –H Amino-açúcares: substitui –OH por –NH2 Pode ser acetilado (-NH-C(O)-CH3) Alguns Derivados de Açúcares Adoçantes Açúcares e adoçantes artificiais Comparação com a sacarose (tabela): valor 100 Aspartame O O NH H2N HO O O Combinações de Unidades de Monossacarídeos:: • A união de dois monossacarídeos para formar a ligação O- glicosídica libera uma molécula de H2O e envolve um C anomérico de um dos monossacarídeos e a OH do outro monossacarídeo (do C anomérico ou não) 5 – OLIGOSSACARÍDEOS: • São formados pela ligação glicosídica entre 2 até 10 monossacarídeos; 5.1 – Dissacarídeos: • Seus nomes químicos derivam dos seus dois monossacarídeos constituintes; 5.1.1. Naturais 1. Sacarose → O-α-D-glicopiranosil (1→2) β-D-frutofuranosídeo 2. Lactose → O- β-D-galactopiranosil (1→4) α-D-glicopiranose 3. Trealose → O-α-D-glicopiranosil (1→1) α-D-glicopiranosídeo 5.1.2. Produtos de hidrólise 1. Maltose → O-α-D-glicopiranosil (1→4) α-D-glicopiranose 2. Isomaltose → O-α-D-glicopiranosil (1→6) α-D-glicopiranose 3. Celobiose → O-α-D-glicopiranosil (1→4) β –D-glicopiranose SACAROSE: • Produto intermediário da fotossíntese, forma de transporte dos hidratos de carbono em alguns vegetais, através dos sistemas vasculares das folhas, até as demais partes das plantas O-α-D-glicopiranosil (1→2) β-D-frutofuranosídeo Glc (α1→β2) Fru - Sacarose é um açúcar não redutor, portanto não reduz o Cu2+ para Cu+1. - A sacarose não é redutora porque não tem nenhum C anomérico livre. LACTOSE: • Ocorre apenas no leite • Sensibilidade a lactose! O Carbono anomérico do resíduo de glicose está disponível para a oxidação e assim lactose é um açúcar redutor. Livre para reagir!TREALOSE: • principal constituinte da hemolinfa , fluido circulante dos insetos: • Crioprotetor. Apresenta poder redutor? Por que? Polissacarídeos Carboidratos complexos Monossacarídeos ligados por ligações glicosídicas Pode ser ramificado Homopolissacarídeos Um tipo de monossacarídeo Heteropolissacarídeos > 1 tipo de monossacarídeo Sequências repetitivas Homopolissacarídeos Linear Ramificado Heteropolissacarídeos Linear Ramificado Polímeros de D-glicose Estrutural: Celulose Quitina Estocagem (RESERVA) Amido (Amilose e Amilopectina) Glicogênio D-Glucose O H OH H OH H OHH OH CH2OH H 1 23 4 5 6 Polissacarídeos Glicogênio e Amido Grânulos de Amido Grânulos de Glicogênio: 21nm Glicogênio + proteínas Plantas e Cianobactérias Bactérias e Vertebrados AMILOSE • Estrutura com ± 300 α-D-glicopiranoses; • Ligações α (1→4); • Cadeias longas não ramificadas (conformação helicoidal); • Em reação com iodo fica azul. Extremidade não redutora Extremidade redutora -Globular! -RESERVA! AMILOPECTINA • Estrutura com > 300 α-D-glicopiranoses; • Ligações α (1→4) nas cadeias e α (1→6) nas ramificações; • Cadeias com ramificações entre 24 a 30 resíduos; • Em reação com iodo fica vermelho. Glicogênio e Amido GlicogênioAmido Ligações α (1→4) entre monômeros de glicose; Ramificações de α (1→6) Amilose Amilopectina Amilose Amilopectina Extremidade não-redutora Extremidade redutora AMIDO GLICOGÊNIO • Polissacarídeo de reserva nos animais; • Ocorre principalmente no fígado e músculos esqueléticos; • Formado por mais de 500 α-D-glicopiranoses; • Ligações α (1→4) nas cadeias e α (1→6) nas ramificações; • Estrutura com ramificações a cada 8 ou 12 resíduos; Glicogênio Grânulos de Glicogênio CELULOSE • Polissacarídeo mais abundante na natureza; • É uma substância fibrosa, resistente e insolúvel em H2O; • Encontrado na parede celular dos vegetais, onde tem função estrutural; • Fornece energia para microrganismos e animais (cupins, ruminantes) que apresentam no trato digestivo microrganismos que secretam a enzima celulase, a qual hidrolisa as ligações β(1→4); • É formada por mais de 10.000 moléculas de β-glicose; • Ligações β(1→4); •Cadeia distendida (conformação em fibras). Unidades de Glicose ligadas em (1→4) CELULOSE Conformação: fibrosa! Estrutural: resistência!
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