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CIVIL I AULA 13 PRESCRICAO

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Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 
 
1 
 
CIVIL I – AULA 13 
PRESCRIÇÃO 
Os direitos extinguem-se quando ocorrer: 
∆ Perecimento do objeto sobre o qual recaem, se ele perder suas qualidades 
essenciais ou valor econômico; se se confundir com outro modo que não possa 
distinguir (confusão, mistura de líquidos) se cair em local onde não se pode mais 
ser retirado (anel no mar); 
∆ Alienação, que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, havendo 
perda do direito para o antigo titular; 
∆ Renúncia, que é o ato jurídico pelo qual o titular de um direito se despoja, sem 
transferi-lo a quem quer que seja; 
∆ Abandono, que é a intenção do titular de se desfazer da coisa, porque não quer 
mais continuar sendo dono; 
∆ Falecimento do titular, sendo o direito personalíssimo e por isso intransferível; 
∆ Abolição de uma instituição jurídica, como aconteceu com a escravidão; 
∆ Confusão, se uma só pessoa se reúnem as qualidades de credor e de devedor; 
∆ Implemento de condição resolutiva; 
∆ Prescrição; � módulo 13 
∆ Decadência. � módulo 14 
1. Conceito 
O legislador não definiu a prescrição, logo a doutrina se debruçou para buscar uma 
definição. Desse modo, tomaremos como ponto de partida a doutrina clássica. 
Maria Helena Diniz afirma aponta a origem do termo prescrição na palavra latina 
praescriptio, derivação do verbo praescribere, que significa "escrever antes". 
Clóvis Bevilácqua assevera que "prescrição é a perda da ação atribuída a um direito, e 
de toda a sua capacidade defensiva, em consequência do não-uso delas, durante um 
determinado espaço de tempo”. 
Pontes de Miranda afirma ser a prescrição "... a exceção, que alguém tem contra o que 
não exerceu, durante certo tempo, que alguma regra jurídica fixa, a sua pretensão ou 
ação". 
Caio Mário destaca que a prescrição é o modo pelo qual se extingue um direito (não 
apenas a ação) pela inércia do titular durante certo lapso de tempo. 
Pelas definições, já se inicia a polêmica em torno do tema. Para uns a prescrição 
extingue a ação, enquanto que outros, direito de ação. 
Iniciemos então pelo conceito de pretensão, que é o poder de exigir de outrem, 
coercitivamente, o cumprimento de um dever jurídico, ou seja, a submissão de um 
interesse subordinado (devedor) a um interesse subordinante (credor). A violação desse 
direito que causa dano ao titular do direito subjetivo, faz nascer para o credor o poder de 
exigir do devedor uma ação ou omissão, para recomposição de um dano. Assim, a 
prescrição extingue a pretensão, que é a exigência de subordinação de um interesse 
alheio ao interesse próprio, extinguindo também e indiretamente a ação. 
Carlos da Fonseca Nadais - 2016
Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 
 
2 
 
Art. 189 CC. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se 
extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206 
[prazos prescricionais] 
A par de inúmeras dúvidas sobre o uso da prescrição ou decadência, apresentamos um 
esquema, nos estudos de Agnelo Amorim Filho, baseado no tipo de ação. 
a) ações condenatórias, correspondentes às pretensões, possuem prazos 
prescricionais; 
b) ações constitutivas, correspondentes aos direitos potestativos, possuem prazos 
decadenciais; 
c) ações meramente declaratórias, que só visam obter certeza jurídica, não estão 
sujeitas nem à decadência nem à prescrição, em princípio, sendo perpétuas, mas 
sujeitas a prazos decadenciais quando estes são previstos em lei. 
São imprescritíveis as ações constitutivas que não têm prazo especial fixado em lei, 
assim como as ações meramente declaratórias. 
Os principais exemplos de imprescritibilidade no direito civil são: 
∆ As que protegem direito de personalidade (aula 04); 
∆ As que prendem ao estado das pessoas (filiação, condição conjugal, cidadania); 
∆ As de exercício facultativo (ou potestativo), em que não existe direito violado 
(extinção de condomínio); 
∆ As referentes a bens públicos de qualquer natureza (aulas 06 e 07); 
∆ As pretensões de reaver bens confiscados à guarda de outrem, a título de depósito, 
penhor ou mandato; 
∆ As que protegem direito de propriedade (reivindicatórias); 
∆ As destinadas a anular inscrição do nome empresarial feita com violação à lei ou 
ao contrato. 
Vale ressaltar que a usucapião é a única espécie de prescrição aquisitiva de direitos, 
pois todas as demais são formas são extintivas de direito. 
2. Elementos para configuração da prescrição 
Pelo que vimos até agora, podemos apontar 3 requisitos caracterizadores da prescrição: 
∆ violação do direito, com o nascimento da pretensão; 
∆ inércia do titular do direito; 
∆ decurso de prazo fixado na lei. 
3. Legitimidade para arguição da prescrição 
A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição pela parte a quem 
aproveita, conforme dispõe o art. 193 CC. Logo, poderá ser arguida em qualquer fase, 
na segunda ou primeira instância, mesmo que não levantada na contestação. 
A prescrição poderá era arguida pelas partes (art. 193 CC) ou de ofício (art. 219, §5° 
CPC/73 ou arts. 332 §1° e 487 II NCPC). O Ministério Público, em nome do incapaz ou 
dos interesses que tutela, e o curador da lide, em favor do curatelado, ou o curador 
especial, também poderão invocar a prescrição, entretanto o Ministério Público não 
poderá arguí-la, em se tratando de interesse patrimonial, quando atuar como custus legis 
(STF. REsp 15.265/PR. 2ª Turma. Rel. Min. Peçanha Martins. DJU 17/05/1993). 
Carlos da Fonseca Nadais - 2016
Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 
 
3 
 
Art. 193 CC. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, 
pela parte a quem aproveita. 
Art. 194 CC. O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, 
salvo se favorecer a absolutamente incapaz. (revogado) 
César tem 16 anos e seu pai, que tem seguro de vida, comete suicídio. A seguradora se 
recusa a pagar a indenização do contrato de seguro, pois nele havia uma cláusula de não 
pagamento por suicídio do segurado. A partir da “ocorrência do sinistro”, começa a 
correr o prazo de prescrição - 1 ano. César, aos 17 anos, percebe que a mãe não acionou 
a seguradora para pleitear a indenização pactuada, ocorrendo à prescrição. Cesar pode 
entrar com ação contra sua mãe. 
Art. 195 CC. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação 
contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à 
prescrição, ou não a alegarem oportunamente. [“regresso”] 
Art. 196 CC. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr 
contra o seu sucessor. [accessio praescritionis] 
4. Momento de arguição da prescrição 
Art. 193 CC. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, 
pela parte a quem aproveita. 
5. Renuncia à prescrição 
Aqui temos outra característica da prescrição: a possibilidade de renúncia. Renunciar à 
prescrição consiste na possibilidade do devedor de dívida prescrita, desde de que: a) a 
prescrição já esteja consumada; e b) não prejudique terceiros*. 
Art. 191 CC. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só 
valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se 
consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, 
incompatíveis com a prescrição. 
*
 prejuízo de terceiro: Júlio deve 10 mil para César; deve 5 mil para Jonas, deve 5 mil 
para Marcos e deve 3 mil para Otávio. O patrimônio total de Júlio é de exatamente 10 
mil (valor da dívida com César). A pretensão de cobrança da dívida com César já foi 
prescrita, mas Júlio renuncia a essa prescrição e paga para César (dívida prescrita)! 
César não pode fazer isso, pois prejudica os demais, cujas dívidas estavam ativas. 
6. Inalterabilidade do prazo prescricional 
Mais uma característica da prescrição: inalterabilidade dos prazos prescricionais. 
Qualquerque seja o prazo prescricional, ele não poderá ser mudado. 
Art. 192 CC. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo 
das partes. 
7. Impedimento, suspensão e interrupção da prescrição. 
O impedimento da prescrição é fato que não permite que o prazo prescrição comece a 
correr, ou seja, impede a fluidez do prazo, antes de seu início. Se o obstáculo surge 
após o prazo ter iniciado temos a suspensão. 
A suspensão é a cessação temporária do curso do prazo prescricional, assim, cessando 
as causas suspensivas, a prescrição volta a correr, aproveitando o tempo decorrido 
anteriormente. 
Carlos da Fonseca Nadais - 2016
Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 
 
4 
 
As causas que impedem ou suspendem estão elencadas nos arts. 197 a 201 do CC. 
Art. 197 CC. Não corre a prescrição: [relação de confiança] 
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal [união estável]; 
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; 
III- entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a 
tutela ou curatela. 
Art. 198 CC. Também não corre a prescrição: 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3°; 
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou 
dos Municípios; 
III- contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de 
guerra. 
Art. 199 CC. Não corre igualmente a prescrição: 
I - pendendo condição suspensiva; 
II - não estando vencido o prazo; 
III- pendendo ação de evicção*. 
*evicção: É a perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso de um bem 
adquirido, em decorrência de sentença judicial, que reconheceu o direito 
desse bem a um terceiro, antes da aquisição. 
Art. 200 CC. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no 
juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença 
definitiva. [transitada em julgado] 
Art. 201 CC. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, 
só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. 
A interrupção depende, via de regra, de um comportamento ativo do credor, que 
extingui o tempo decorrido, fazendo o prazo prescricional volte a correr por inteiro. As 
causas da interrupção estão descritas nos arts. 202 a 204 do CC. 
Art. 202 CC. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma 
vez, dar-se-á: 
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o 
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; 
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; 
III- por protesto cambial; 
IV- pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em 
concurso de credores; 
V- por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; 
VI- por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe 
reconhecimento do direito pelo devedor. 
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato 
que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. 
Art. 203 CC. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. 
Art. 204 CC. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos 
outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu 
herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. 
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5 
 
§ 1° A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; 
assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os 
demais e seus herdeiros. 
§ 2° A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário 
não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de 
obrigações e direitos indivisíveis. 
§ 3° A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. 
8. Espécies de prescrição 
8.1. Prescrição extintiva 
Como o próprio nome indica, faz desaparecer direitos. É a prescrição propriamente dita, 
tratada no novo Código Civil, na parte geral, aplicada a todos os direitos. 
8.2. Prescrição intercorrente 
É a prescrição extintiva que ocorre no decurso do processo, ou seja, já tendo o autor 
provocado a tutela jurisdicional por meio da ação. Obviamente, se autor utiliza a ação 
para fugir à prescrição e, já sendo processada essa ação, o processo ficar paralisado, sem 
justa causa, pelo tempo prescricional, caracterizada está a desídia do autor, a justificar a 
incidência da prescrição. 
8.3. Prescrição aquisitiva 
Corresponde à usucapião, previsto no CC na parte relativa ao direito das coisas, mais 
precisamente no tocante aos modos originários de aquisição do direito de propriedade. 
Podem ser ordinário (art. 1.242 CC – com justo título e boa-fé: 10 anos); 
extraordinário (art. 1.238 CC – independente justo título e boa-fé: 15 ou 10 anos); 
constitucional/especial urbano (art. 1.240 CC e art. 183 CF – 250 m2: 5 anos); 
constitucional/especial rural (art. 1.239 CC e art. 191 CF – 50 hectares: 5 anos); e 
especial urbano residencial familiar (art. 1.240-A CC – ex-cônjuge que abandona o 
lar: 2 anos). Temos ainda outras modalidades muito específicas como a usucapião 
indígena (art. 33 – Lei 6.001/73 - Estatuto do Índio) e a usucapião coletiva (art. 10 Lei 
10.257/2001 – Estatuto da Cidade) 
Art. 1.242 CC. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, 
contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez 
anos. [usucapião ordinário] 
Art. 1.238 CC. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem 
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, 
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o 
declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de 
Registro de Imóveis. [usucapião extraordinário] 
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos 
se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou 
nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 
Art. 1.240 CC. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos 
e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem 
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o 
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
[usucapião especial urbano] 
Art. 183 CF. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e 
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem 
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Direito Civil I – Carlos da Fonseca Nadais 
 
6 
 
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o 
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
Art. 1.239 CC. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou 
urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área 
de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a 
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, 
adquirir-lhe-á a propriedade. [usucapião especial rural] 
Art. 191 CF. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, 
possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, 
em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por 
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a 
propriedade. 
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e 
sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 
250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida 
com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para 
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que 
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. [usucapião especial 
urbano residencial familiar] 
Art. 33 Estatuto do Índio. O índio, integrado ou não, que ocupe como 
próprio, pordez anos consecutivos, trecho de terra inferior a cinquenta 
hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena. 
Art. 10 Estatuto da Cidade. As áreas urbanas com mais de duzentos e 
cinquenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para 
sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não 
for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são 
susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores 
não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. 
8.4. Prescrição ordinária 
É aquela cujo prazo é genericamente previsto em lei. No Código Civil está disciplinada 
no art. 205 (10 anos) 
8.5. Prescrição especial 
É aquela cujo prazo é pontualmente previsto em lei. No Código Civil está disciplinada 
no art. 206 (1 a 5 anos). 
9. Prazos prescricionais (arts. 205 e 206 CC) 
Vamos, por enquanto, sinalizar àqueles mais comuns, para fins didáticos, entretanto 
vale ressaltar que os prazos fixados no Código Civil não excluem outros prazos 
previstos em legislação especial. 
Art. 205 CC. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja 
fixado prazo menor. [prescrição ordinária] 
Art. 206 CC. Prescreve: [prescrição extraordinária] 
§ 1° Em um ano: 
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7 
 
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, 
contado o prazo: 
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em 
que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro 
prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; 
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; 
§ 2° Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da 
data em que se vencerem. 
§ 3° Em três anos: 
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; 
V - a pretensão de reparação civil; 
§ 4° Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da 
aprovação das contas. 
§ 5° Em cinco anos: 
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, 
curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão 
dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato. 
10. Prescrição contra a fazenda pública (direito tributário) 
A prescrição para cobrança dos créditos ativos da Fazenda Pública, frente ao particular, 
a que também se submetem quaisquer direitos e ações, inclusive de titularidade de 
entidades paraestatais, tem sido invocada com base Decreto 20.910/32, cuja incidência 
foi estendida para alcançar fundações e outros entes, pelo Decreto-Lei 4.597/42. 
Art. 1º Decreto 20.910/32. As dívidas passivas da União, dos Estados e dos 
Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda 
federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em 
cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. 
Art. 2º Decreto-Lei 4.597/42. O Decreto 20.910/32, que regula a prescrição 
qüinqüenal, abrange as dívidas passivas das autarquias, ou entidades e 
órgãos paraestatais, criados por lei e mantidos mediante impostos, taxas ou 
quaisquer contribuições, exigidas em virtude de lei federal, estadual ou 
municipal, bem como a todo e qualquer direito e ação contra os mesmos. 
Controvertem renomados juristas, a respeito do tema, considerando ora a 
imprescritibilidade dessas ações, ora com fundamento no artigo 37, § 5º da Constituição 
Federal; ora admitindo a regra geral do artigo 205 CC, dispondo sobre prescrição 
decenal; ora, invocando o princípio da isonomia, considerando a prescrição quinquenal 
das dívidas passivas exigível contra a Fazenda Pública. 
A Fazenda entende que o prazo prescricional é de três anos, fundamentado no art. 206, 
§3°, inciso V do CC, pertinente a “pretensão à reparação civil”, que era o entendimento 
dominante nos tribunais. 
O STJ reviu sua posição (prescrição trienal) e decidiu pela prescrição quinquenal, 
fundado no disposto do art. 1-C da Lei 9.494/97 (norma especial - quinquenal) em 
detrimento do art. 206 do Código Civil (norma de caráter geral - trienal). (STJ. REsp 
1.277.724-PR. Terceira Turma. Rel. Min. João Otávio de Noronha. Julgado em 
26.05.2015). 
 
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8 
 
A título “ilustrativo” a prescrição do fisco contra o contribuinte é mais “pacífica”. 
Art. 174 CTN. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 
cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. 
Parágrafo único. A prescrição se interrompe: 
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; 
II - pelo protesto judicial; 
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; 
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em 
reconhecimento do débito pelo devedor. 
11. Prescrição no Código de Defesa do Consumidor – CDC (direito do consumidor) 
Os prazos prescricionais referem-se à pretensão à reparação pelos danos causados por 
fato do produto ou do serviço ambos previstos no CDC e estão dispostas no art. 27 
CDC (norma especial – cinco anos), também prevalecendo sobre o art. 206, §3°, inciso 
V do CC (norma de caráter geral – três anos). 
Art. 27 CDC. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos 
causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste 
Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do 
dano e de sua autoria. 
Há uma corrente que afirma que quanto ao vício do produto ou serviço a prescrição é de 
três anos, pois a lei consumerista não se pronuncia sobre esse tema, logo se deve atentar 
a lei geral, ou seja, o Código Civil, no art. 206, §3°, inciso V que versa sobre “pretensão 
a reparação civil”. A fundamentação se baseia que no Código de Defesa do Consumidor 
há menção expressa para fato do produto e de serviço (art. 12 e 14 CDC) e para vício do 
produto e de serviço (art. 18 e 20 CDC), ou seja, deixa expresso a diferenciação, logo o 
art. 27 CDC “excluiria” o “vicio do produto e serviço”. 
11.1. Termo inicial da prescrição no CDC 
O termo inicial da prescrição consumerista se dá a partir do momento do conhecimento 
do dano ou de sua autoria (art. 27 in fine CDC). Isto é, a partir do momento em que se 
conheça o dano e possa-se relacioná-lo com o defeito do produto ou do serviço. 
Conhecimento dos efeitos do dano, não é conhecimento do dano, necessário que o 
consumidor tenha consciência de que aquilo que observa é, de fato, um dano, já que tal 
ilação pode não ser imediata em todos os casos. 
Quanto à identificação do autor, o comerciante é responsável subsidiário. Inexistindo 
informação sobre fabricante, construtor, produtor ou importador, bem como quando o 
fato se deve exclusivamente ao comerciante (art. 13 CDC). Nada impede que o 
consumidor descobrindo demais fornecedores, venha ajuizar ação já que só a contar 
deste conhecimento individualizado terá início o prazo prescricional. 
Poderá o consumidor demandar um ou mais dentre os responsáveis (solidariedade 
legal). A propositura de ação contra um não libera os demais. Liberação que só ocorre 
se houver o pagamento integral. 
11.2. Impedimento, suspensão e interrupção da prescrição consumerista. 
O parágrafo único do artigo 27 do CDC, que previa a interrupção foi vetado, logo a 
matéria é disciplinada pelo Código Civil, fonte subsidiária do direito do consumidor. 
Art. 27 CDC. [...] 
Parágrafo único - Interrompe-se o prazo de prescrição do direito de 
indenização pelo fato do produto ou serviço nas hipóteses previstas no § 1º 
do artigo anterior, sem prejuízo de outras disposições legais. (vetado) 
Carlos da Fonseca Nadais - 2016

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