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Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 8., 2011, Belo Horizonte Avaliação de aspectos físico-químicos do queijo Minas padrão comercializado nos últimos 12 anos e suas variações Larissa Pereira Brumano(1), Luiz Carlos Gonçalves Costa Júnior(2), Renata Golin Bueno Costa(2), Denise Sobral(3) (1)Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, larissabrumano@gmail.com; (2)Pesquisadores e Professores/Bolsistas BIP FAPEMIG/EPAMIG - Juiz de Fora, luizcarlos@epamig.br, renata.costa@epamig.br; (3)Pesquisadora e Professora/Bolsista PCRH/EPAMIG - Juiz de Fora, denisesobral@epamig.br INTRODUÇÃO Dentre os queijos mais antigos e originalmente brasileiros, está o Minas padrão, cuja origem remonta ao século 19, sobretudo, em Minas Gerais. Originou-se de variedades distintas que foram aperfeiçoando ao longo da história, resultando em queijos com identidades próprias, tais como Minas frescal, os diferentes queijos artesanais (das microrregiões mineiras do Serro, da Serra da Canastra dentre outras) e, finalmente, Minas padrão, também denominado Minas curado ou, ainda, Minas prensado (FURTADO; LOURENÇO NETO, 1994; LONDOÑO; FURTADO; ABREU, 1999). Após o processo de industrialização pelo qual passou o queijo Minas padrão, tornou-se um produto que, obrigatoriamente, deve-se empregar leite pasteurizado e padronizado no teor de gordura com 3,2%-3,4% m/v (FURTADO; LOURENÇO NETO, 1994). Muitos ainda confundem os queijos Minas padrão e Minas meia-cura, porém, algumas características destacam-se como diferenças, são elas: maiores índices de proteólise (tanto à extensão quanto à profundidade) e umidade no Minas padrão e, ainda, menor teor de gordura e pH mais baixo do que o queijo Minas meia-cura (LONDOÑO; FURTADO; ABREU, 1999). Para o queijo Minas padrão tradicional, em termos de composição, esperam-se: teores de umidade entre 46%-49% (m/m), gordura de 23%-25% (m/m) e cloreto de sódio entre 1,4%-1,6% (m/m); o pH deve-se situar entre 5,0 e 5,2 (FURTADO; LOURENÇO NETO, 1994). EPAMIG. Resumos expandidos 2 Embora seja um queijo muito fabricado e, consequentemente, consumido, não só no estado de Minas Gerais, mas em grande parte do Brasil, ainda não se tem descrito o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade desse produto, o que prejudica em muito sua padronização. Sem dúvida, é uma das razões para se explicarem as mudanças observadas na sua apresentação atual no mercado e as variações consideráveis de composição. O principal objetivo deste trabalho foi identificar as variações de composição observadas no queijo Minas padrão durante os últimos 12 anos e comparar com a composição obtida a partir da elaboração de sua forma tradicional. Dessa forma, contribuir tecnicamente para a elaboração de um Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade para padronizar sua composição e seus aspectos tecnológicos nas indústrias de laticínios. MATERIAL E MÉTODO Este trabalho foi conduzido no núcleo industrial e nos laboratórios de pesquisas físico-químicas do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT), da EPAMIG, em Juiz de Fora, MG, onde foram realizadas as etapas de fabricação dos queijos, e análises físico-químicas de composição centesimal, respectivamente. Os dados obtidos de composição centesimal de queijos Minas padrão dos últimos 12 anos (1998-2010) foram levantados a partir de arquivos de análises em amostras comerciais realizadas no ILCT nesse período. Os queijos Minas padrão elaborados de forma tradicional e em três repetições seguiram metodologia proposta por Furtado e Lourenço Neto (1994). A maturação dos queijos se deu por 20 dias para posteriores análises. As análises de composição físico-química dos queijos elaborados no ILCT seguiram metodologias oficiais (BRASIL, 2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO A média obtida de 23 amostras comerciais de queijo Minas padrão para teor de sólidos totais foi de 53,2% (m/m), e a variação desses resultados foram de 42,6% a 61,4% (m/m), ou seja, muito grande, refletindo diretamente na Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 8., 2011, Belo Horizonte 3 proteólise. Esta é muito influenciada pelo teor de umidade dos queijos, avançando mais quanto maior for esse teor. Dessa forma, percebem-se queijos extremamente secos, com 38,6% (m/m) de umidade a muito úmidos, 57,4% (m/m). A média de teor de umidade dos queijos elaborados foi de 43,4% (m/m), com variação de 42,6% a 44,1% (m/m). Portanto, 13% das amostras comerciais ficaram abaixo do intervalo apresentado, 26% dentro do intervalo e os 61%, restantes, acima. O teor de gordura de 25 amostras comerciais apresentou média de 28,3% (m/m), variando de 22% a 33% (m/m). Nos queijos elaborados, a média foi de 29,3 % (m/m) e a variação de 29% a 29,5% (m/m). Assim como para umidade, o teor de gordura também variou bastante, caracterizando falta de uniformidade dos queijos comerciais quanto a este constituinte, pois, 16% estiveram no intervalo, 36% acima deste e 48% abaixo. Esta variação reflete diretamente na forma como o queijo é avaliado pela legislação, ou seja, pelo seu teor de gordura no extra seco (GES), que, nas 22 amostras comerciais, variou de 43,9% a 70,4%, com média de 52,9% (m/m). Nos queijos experimentais, a média situou-se em 51,7%, com variação de 50,5% a 52,8% (m/m). O GES é constante, independentemente da variação dos teores de umidade e gordura no queijo. Das amostras comerciais analisadas, 22,7% tiveram seus teores de GES dentro da variação obtida nos queijos experimentais, com 40,9% acima e 36,4% abaixo. O teor de GES permite inferir sobre a consistência (maciez) do queijo e deve ser empregado para controle da sua qualidade e padronização. O pH também é fundamental no controle de qualidade de queijos, pois permite avaliar se a fermentação foi efetiva e se a proteólise está avançando como esperada. Nos queijos experimentais, a média foi de 5,45, variando entre 5,4 e 5,5. Nas nove amostras obtidas comercialmente, verificou-se que apenas uma apresentou pH 5,5, as outras oito tiveram valores superiores, sendo a média 5,7, e variação de 5,5 a 6,0. Para o queijo Minas padrão, espera-se pH mais baixo após 20 dias de maturação, até 5,4, pois trata-se de um queijo com acidez típica, na sua forma tradicional, o que não se tem observado nos queijos obtidos no mercado. EPAMIG. Resumos expandidos 4 CONCLUSÃO Foi possível observar a despadronização dos queijos comercializados nos últimos 12 anos, em relação aos produzidos de forma tradicional, uma vez que a variação nos resultados analíticos, quanto aos teores de gordura, umidade e GES, e ainda o pH, foram consideráveis. Nota-se também que a falta de Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do queijo Minas padrão contribuiu muito para a alteração da sua tecnologia de fabricação ao longo dos anos, deixando-o com características de composição de outros tipos de queijo, como o Prato, por exemplo, e refletem até no seu aspecto global, de sabor e consistência. A adoção de medidas tecnológicas mais modernas e eficientes na fabricação de queijos, como aconteceu com o Minas padrão é sempre importante para garantir produtividade industrial e otimizar ingredientes e outras variáveis que cercam uma produção. Porém, não se devem perder no tempo as características peculiares de cada queijo, sob pena de produzir, com o passar do tempo, outro produto completamente diferente. AGRADECIMENTO À Fapemig pelo financiamento da pesquisa, concessão das bolsas PIBIC, BIP e PCRH. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa no 68, de 12 dedezembro de 2006. [Métodos analíticos oficiais físico-químicos para o controle de leite e produtos lácteos]. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 14 dez. 2006. FURTADO, M.M.; LOURENÇO NETO, J.P.M. Tecnologia de queijos: manual técnico para a produção industrial de queijos. São Paulo: Dipemar, 1994. 118p. Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 8., 2011, Belo Horizonte 5 LODOÑO, M.M.D.; FURTADO, M.M.; ABREU, L.R. Comparação dos processos de fabricação, composição centesimal e sensorial do queijo Minas meia cura com os queijos Minas padrão e prato. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Toestes, Juiz de Fora, v.54, n.306, p.20-22, jan./fev. 1999.
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