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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DEPARTAMENTO DE FÍSICA TEÓRICA E EXPERIMENTAL FÍSICA EXPERIMENTAL Acadêmicos: Francinaldo Gomes e Francksuel Barbosa Machado Turma: 5M456 Professor: Marcio Correa Data do experimento: 31/03/2016 Data de entrega: 07/04/2016 Lançamento de projéteis Objetivos: Neste experimento, temos como objetivo determinar o alcance de uma esfera ao descer uma rampa, aplicando a lei de Conservação da Energia Mecânica, utilizando as equações do lançamento horizontal e expressando os resultados em termos de valor médio e desvio padrão. Além disso, diferenciar, selecionar e entender o melhor modelo matemático para descrever o movimento. Introdução: A lei da conservação da energia mecânica diz que em um sistema em que agem apenas forças conservativas, como exemplo a gravidade, a energia mecânica permanece constante. A energia mecânica pode ser definida pela soma das energias potencial e cinética. A única energia potencial que consideramos para esse experimento é a gravitacional. Esta pode ser traduzida como o trabalho da força peso. Para exemplificar, quando erguemos algum objeto a energia é transferida para ele em forma de trabalho, ou energia potencial gravitacional, que posteriormente pode ser transformada em energia cinética ao liberarmos o objeto. Esta energia pode ser expressa pela seguinte equação: 𝐸𝑝 = 𝑚𝑔ℎ (1) onde m é a massa do corpo, g é a aceleração da gravidade e h é a altura com relação ao referencial adotado. A energia cinética está relacionada ao movimento do corpo. Vamos considerar a energia cinética de translação e de rotação. A energia cinética de translação leva em consideração o movimento do centro de massa do corpo e pode ser expressa como: 𝐸𝑐𝑡 = 𝑚𝑣2 2 (2) onde v é a velocidade de translação do corpo e m a massa. Por outro lado, a energia cinética de rotação leva em consideração o movimento de todas as partículas do corpo em torno de seu próprio eixo (centro de massa). Pode ser equacionada da seguinte forma: 𝐸𝑐𝑟 = 𝑙𝑤2 2 (3) 2 sendo que I é o momento de inércia do corpo, que nos diz de que forma está distribuída a massa ao redor do seu eixo de rotação; e w é a velocidade angular, que pode ser encontrada pela razão entre a velocidade de translação e o raio do corpo. No nosso experimento, vamos analisar o movimento que uma esfera descreve ao descer um trilho e ser lançada horizontalmente a partir deste. Primeiramente, desprezamos o rolamento da esfera no trilho, ou seja, suponhamos que a esfera deslize sobre a superfície. Observando apenas o movimento de abandono da esfera de uma altura Y da rampa, até o momento em que ela é lançada da rampa de uma altura h, utilizando a lei de conservação de energia, temos que: 𝐸𝑚𝑖 = 𝐸𝑚𝑓 (4) Onde Emi é a energia mecânica inicial, e Emf é a energia mecânica final. Como o corpo é abandonado na rampa a partir do repouso, inicialmente só teremos energia potencial gravitacional, teoricamente. Considerando a altura y, pela equação 1 temos que: 𝐸𝑚𝑖 = 𝑚𝑔𝑦 (5) Já no fim da rampa, a esfera encontra-se em movimento a energia mecânica será dada pela soma das energias cinética e gravitacional do corpo. Considerando h e v como a altura e a velocidade que o corpo deixa a rampa, respectivamente, temos que: 𝐸𝑚𝑓 = 𝑚𝑔ℎ + 𝑚𝑣2 2 (6) Substituindo (5) e (6) em (4), chegamos a seguinte equação: 𝑚𝑔𝑦 = 𝑚𝑔ℎ + 𝑚𝑣2 2 (7) Através de manipulações algébricas em (7), obtemos: 𝑣 = √2𝑔(𝑦 − ℎ) (8) Agora observamos o movimento do momento em que a esfera deixa o trilho até o momento que ela toca a mesa, para a direção horizontal, por meio da equação horária (MRU), temos que: ∆𝑥 = 𝑣𝑡 (9) onde ∆x é o alcance horizontal da esfera para o modelo que não considera o rolamento da esfera (Asr). Na direção vertical, através da função horária (MRUV), considerando altura final e a velocidade inicial como nulas (já que o lançamento foi feito na direção horizontal não temos velocidade vertical), obtemos a seguinte equação: ℎ = 𝑔𝑡2 2 . (10) 3 Colocando o tempo em função da altura em (10), chegamos em: 𝑡 = √ 2ℎ 𝑔 (11) Onde t é o tempo de queda da esfera. Como o tempo de movimento é o mesmo para as direções vertical e horizontal, podemos substituir (11) em (9) e encontrar 𝐴𝑠𝑟 = √ 2ℎ 𝑔 . 𝑣 (12) Finalmente, tendo a velocidade que encontramos em (8), e substituindo em (12), com algumas manipulações algébricas, encontramos uma equação para o alcance horizontal dependente apenas das alturas de abandono e lançamento: 𝐴𝑠𝑟 = 2√ℎ(𝑦 − ℎ) (13) Agora, reformularemos as equações obtidas levando em consideração a rotação da esfera. A energia mecânica inicial é mantida, mudando apenas a energia mecânica final, que adicionamos a energia cinética de rotação, através da seguinte relação: 𝐸𝑚𝑓 = 𝑚𝑔ℎ + 𝑚𝑣2 2 + 𝑙𝑤2 2 (14) Substituindo (5) e (14) em (4), temos que: 𝑚𝑔ℎ = 𝑚𝑔ℎ + 𝑚𝑣2 2 + 𝑙𝑤2 2 . (15) O momento de inércia l de uma esfera é dado por: 𝑙 = 2 5 𝑚𝑟3 (16) e a velocidade a angular pode ser definida pela relação 𝑤 = 𝑣 𝑟 (17) onde r é o raio da esfera. Substituindo (16) e (17) em (15), e isolando a velocidade de translação, obtemos: 𝑣 = √ 10𝑔(𝑦 − ℎ) 7 . (18) 4 As equações horárias são mantidas, então substituindo (18) e (11) em (9), chegamos em uma relação do alcance com rolamento (Acr) que também depende apenas das alturas de abandono e lançamento: 𝐴𝑐𝑟 = 2√ 5ℎ(𝑦 − ℎ) 7 (19) Material utilizado 1. Régua, papel branco e papel carbono; 2. Rampa de lançamentos; 3. Esfera de raior=0.016m; 4. Prumo. Figura 1: Equipamento utilizado no experimento. Procedimento experimental Com o auxilio do prumo, marcamos o ponto O, que se localiza abaixo da extremidade da rampa, o qual servirá como ponto de origem para medição do alcance. Utilizando a régua, medimos a altura h que é a distância fixa entre a extremidade da rampa e a mesa, que será utilizada nos cálculos. Depois posicionamos a folha de carbono em cima da folha de papel oficio, para demarcar o local de queda da esfera. Posteriormente, com o auxilio da régua, posicionamos a esfera na rampa a uma altura de 30 cm em relação à mesa, e a abandonamos 10 vezes, para obtermos 10 alcances. Repetimos o procedimento para as alturas 35 cm, 40 cm, 45 cm e 50 cm. Inserimos estes dados em planilhas do Excel, para compararmos com os resultados teóricos. Discussão dos resultados Na tabela 1 a seguir, apresentamos os valores do alcance horizontal em centímetros da esfera, após abandonar a rampa, medidos para cada altura y. 5 Tabela 1: Valores do alcance para cada lançamento. A pouca dispersão dos resultados, também refletida no baixo desvio padrão da média, indica uma ótima precisão nos resultados e consequentemente, uma menor influência de erros aleatórios. A medida encontrada para a altura h foi de 20,4 cm. Utilizando as equações 13 e 19, podemos prever os valores do alcance para os modelos teóricos que não consideram o rolamento da esfera (Asr) e os que consideram (Acr). Com estes valores e os obtidos no experimento, montamos a tabela 2 e plotamos o gráfico do alcance versus a altura. Tabela 2: Valores teóricos para Asr e Acr e dados experimentais. Figura 2: gráfico do alcance em função da altura para cada série( Ā, Asr, Acr). y(cm)→ Aᵢ(cm)↓ A₁ 21,65 27,45 32,29 36,66 40,12 A₂ 21,71 27,46 32,31 36,45 39,75 A₃ 21,89 27,59 32,25 36,34 39,81 A₄ 21,75 27,61 32,15 36,61 40,13 A₅ 21,87 27,47 32,35 36,12 40,28 A₆ 21,83 27,32 32,23 36,89 40,45 A₇ 21,73 27,67 32,03 36,47 40,52 A₈ 21,69 27,35 32,24 36,54 39,63 A₉ 21,81 27,48 32,26 36,51 39,78 A₁₀ 21,77 27,51 32,17 36,41 39,83 Ā(cm) 21,77 27,49 32,23 36,50 40,03 σ(cm) 0,024944 0,0347515 0,029013 0,06438 0,099242 40 45 5030 35 y(cm)→ 30 35 40 45 50 Asr(cm) 27,99 34,52 39,99 44,80 49,15 Acr(cm) 23,65 29,17 33,80 37,87 41,54 Ā(cm) 21,77 27,49 32,23 36,50 40,03 0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60 A( cm ) y(cm) Gráfico do do alcance A versus a altura y A ASR ACR Linha de tendência (Ā) Linha de tendência (Asr) Linha de tendência (Acr) 6 As barras de erro não podem ser visualizadas no gráfico pelo fato de os valores de desvio padrão serem relativamente baixos. Como já imaginávamos, o modelo que considera o rolamento da esfera é o que mais se aproxima de nossos dados experimentais, claramente notado na figura 2. De fato, a existência de atrito entre a rampa e a esfera, a impede de simplesmente deslizar, ocasionando o rolamento e a discrepância dos modelos que não o consideram. Embora próximos, os nossos dados experimentais não coincidem com o modelo, obviamente. E uma das causas é a dissipação de energia mecânica do sistema, tendo em vista que esta é considerada constante nos modelos utilizados. Conclusão Aplicando conceitos de lançamento de projéteis e energia mecânica obtemos modelos diferentes que descrevem o alcance horizontal da esfera. Através do experimento, pudemos confrontar estes modelos e concluímos que modelos que levam em consideração o rolamento da esfera descrevem melhor a experiência realizada. Dessa forma, nossos dados experimentais condizem com a teoria, pois de fato há o rolamento da esfera sobre o plano inclinado. Os resultados obtidos são bastante precisos e suas diferenças em relação ao valor teórico podem ser atribuídas a erros de caráter sistemáticos, sendo alguns advindos de limitações do experimento, como a perda de energia mecânica, por exemplo. Bibliografia [1] HALLIDAY, RESNICK, WALKER. Fundamentos de Física. Vol. 2. 8 ed. Editora LTC, 2009 [2] TIPLER, Paul A.; MOSCA, Gene. Física para Cientistas e Engenheiros - Mecânica, Oscilações e Ondas, Termodinâmica. v.1. 6 ed. Ed. Gen/LTC. [3] YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN. Roger A. Física, Mecânica. v. 1. 12ª ed. 2008.
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