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Titulos de Crédito

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO - DIREITO EMPRESARIAL IV (DPR0134)
PROF: ADIR GONÇALVES JUNIOR
1ª FOLHA - O CRÉDITO
1) NOÇÕES HISTÓRICAS/CONCEITO
- fenômeno econômico: fase de trocas - fase metálica - fase financeira;
- economia natural (troca in natura) - fase monetária (moeda como denominador comum de valores) - fase creditória (substituição do dinheiro em espécie - no início, contratos de câmbio trajetício);
- o crédito como fenômeno econômico: evolução do escambo/alargamento da troca;
- crédito: formas essenciais (a) venda a prazo e (b) empréstimo;
- o fator tempo: envolve o consumo da coisa vendida ou emprestada e a espera da coisa nova a substituí-la;
- o crédito também envolve um ato de confiança (fidúcia) do credor;
- apenas transfere a riqueza entre as pessoas, não cria/produz capitais;
- mera permissão para utilizar capital alheio;
2) A CIRCULAÇÃO DOS DIREITOS DE CRÉDITO 
- a criação dos títulos de crédito trouxe para alguns a ilusão de que o crédito multiplica o capital. O papel (cártula/título) que contém o valor do empréstimo torna-se negociável e pode ser transformado novamente em dinheiro. Todavia, em sentido amplo, não adiciona para o total de capitais do país;
- a criação dos títulos de crédito facilitou a circulação dos capitais, tornando-os mais úteis e produtivos (para a riqueza nacional);
- grande importância para o moderno direito comercial - a questão da negociabilidade;
- Idade Média: marco inicial - simplificação da circulação de capitais para o comércio mercantil - surgimento da letra de câmbio trajetício;
3) TÍTULOS DE CRÉDITO
- def: é um papel, documento formal, com força executiva, representativo de dívida líquida e certa, de circulação desvinculada do negócio que o originou;
- é um documento de um direito privado que não se pode exercitar, se não se dispõe do título. O crédito está incorporado ao título (cártula);
- definição jurídica (Vivante): documento necessário [a] para o exercício do direito literal [b] e autônomo [c] nele mencionado;
- a definição acima é considerada perfeita para alguns e foi copiada pelo legislador pátrio no art. 887 - CC/2002;
4) PRINCÍPIOS/CARACTERÍSTICAS
- art. 887, CC/02: a definição jurídica é importante pois resume os 3 princípios essenciais desses papéis: a CARTULARIDADE; a LITERALIDADE e a AUTONOMIA.
a) Cartularidade: o crédito está incorporado (materializa-se) em um papel, não existindo título verbal (oral). A apresentação do documento é necessária para o exercício do direito de crédito (inclusive na ação executiva);
No mais, os títulos têm função legitimatória - o portador, normalmente, está legitimado a exercer os direitos nele contidos.
b) Literalidade: a existência e extensão do título é exatamente de acordo com o seu conteúdo (vale somente o que está escrito, o que não está escrito não vale);
c) Autonomia: a mais importante característica dos títulos de crédito. Assegura a circulação e sua aceitação segura pelas pessoas que com ele transacionam. 
	Pode ser definida como um direito próprio do possuidor de boa-fé, que não pode ser restringido ou destruído em virtude de relações existentes entre os antigos possuidores e o devedor. Cada obrigação (assinatura) é autônoma em relação às demais, deve ser analisada em separado. Eventual invalidade de uma obrigação não prejudica as demais (ex: art. 9º da LUG – Decreto 57663/66).
A autonomia tem dois subprincípios derivados: a ABSTRAÇÃO e a INOPONIBILIDADE DE EXCEÇÕES PESSOAIS:
c.1) a ABSTRAÇÃO é uma característica relacionada com a causa originária do título de crédito. A obrigação abstrata ocorre só quando o título está em circulação. Assim sendo, o vício contido em uma obrigação cartular não se propaga às demais quando o título circula. A cessão de crédito não tem tal capacidade de “purificação”. 
c.2) a INOPONIBILIDADE DE EXCEÇÕES (PESSOAIS CONTRA TERCEIROS DE BOA-FÉ): decorrência da autonomia (aspecto processual) é essencial para propiciar a ampla circulação dos títulos; logo, só há quando os títulos de crédito circulam. Na relação originária ou fundamental (entre o emitente e o beneficiário) qualquer tipo de exceção é alegável (ex: parte incapaz, dívida de jogo ...). Entretanto, após a circulação do título se o terceiro estiver de boa-fé a ele serão inoponíveis exceções fundadas nas relações pessoais do devedor com os portadores anteriores do título, desde que não haja vício de forma ou defesa processual (art. 906, CC) capaz de descaracterizar o documento como título de crédito (quando passaria a ser transferível por mera cessão de crédito, não configurando um título cambiário);
ex: art. 17 da LUG – Decreto 57663/1966
- a “purificação” das questões fundadas em direito pessoal. O interesse social subjacente, A segurança do terceiro de boa-fé e a negociabilidade/circulação dos títulos; 
 devedor credor 3º
 [A ------------------------(B] ----------------------- C)
		relação fundamental
d) os títulos de crédito têm um FORMALISMO (ou Rigor Cambiário): são documentos formais e padronizados (basta a falta de um campo para a perda da natureza de título de crédito - vício de forma). Tal regra tem como objetivo a proteção ao terceiro, para a fácil identificação dos títulos de crédito. Ex: art. 889 - CC/02 e art. 75/76 - LUG; 
e) CIRCULAÇÃO: finalidade precípua dos títulos de crédito, para facilitar as operações e circulação do crédito (via tradição ou endosso);
f) FORÇA EXECUTIVA: o art. 585, I do CPC;
5) NATUREZA JURÍDICA – Vivante: a posição diversa do devedor nos títulos de crédito
a) teoria contratualista: a posição do devedor decorre do contrato - há entre o credor e o devedor um negócio jurídico, uma relação contratual na qual tudo o que decorrer da validade do contrato pode ser alegado pelo devedor. Crítica: o devedor não tem tal poder quando o título está com terceiro de boa-fé;
b) teoria do ato unilateral de vontade: a teoria contratualista não justifica a relação do devevor com o terceiro de boa-fé, pois não há relação contratual entre ambos. Logo, a emissão de um título de crédito importa numa obrigação unilateral de vontade, pois o devedor está dispondo de uma parte do seu patrimônio, quando apõe sua firma no título;
c) posição de Vivante: nenhuma das teorias é totalmente satisfatória para justificar a posição do devedor; sua posição é dúplice. Na relação fundamental prevalece a teoria contratualista; a partir do momento que o título circula há desprendimento da “causa debendi”, mais se aproximando da teoria do ato unilateral de vontade. 
- além das teorias acima, foram criadas outras teorias para explicar a natureza jurídica dos títulos de crédito. Entre as teorias, as mais importantes são aquelas que explicam a fonte, o nascimento, da obrigação cambiária:
a) teoria da criação: (boa para os credores) o direito deriva da criação do título (assinatura); este possui valor próprio (dispensa o acordo de vontades, pois é parte do livre patrimônio do subscritor); o emissor fica ligado a sua assinatura e obrigado com o futuro portador (credor eventual e indeterminado). Com o aparecimento do futuro detentor há a obrigação, independente da posse ser legítima ou ilegítima (furto, por exemplo);
Ex: art. 905, par.único e 906 - CC/2002;
b) teoria da emissão: (boa para os devedores) a tese é de que do ato da criação (assinatura do título) não pode surgir vínculo algum (ainda não há obrigação cambiária). Só após o abandono voluntário da posse do título (por ato unilateral ou tradição) é que nasce a obrigação do subscritor. Se o título foi posto fraudulentamente em circulação, não subsiste a obrigação;
Ex: art. 909 - CC/2002; 
- conclusão: o CC/2002 não se filiou a nenhuma das duas teorias, “temperando os rigores da criação (feitura material dotítulo de crédito, preenchimento, completado pela assinatura do emitente) com nuances da emissão (entrada do título em circulação, momento da entrega do título ao beneficiário)”;
6) CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
6.1) os títulos de crédito podem ser classificados quanto à causa do débito: são títulos NÃO-CAUSAIS aqueles que não surgem nem resultam de nenhum outro documento. Sua causa debendi não está definida em lei, não se indaga sua origem. São títulos perfeitos (ou próprios) e completos (podem ser utilizados amplamente). 
Exemplos: letra de câmbio, nota promissória e cheque.
 Há outros títulos em que a lei criadora se refere a certo ato ou operação que lhe deu origem (ex: a duplicata nasce da fatura). São os títulos CAUSAIS, pois a causa debendi é predeterminada sob pena de não validade. São imperfeitos ou impróprios e incompletos pois têm emissão e circulação mais restrita, embora também circulem por endosso.
Exemplos: duplicata; conhecimento de depósito e conhecimento de frete.
Obs: classificação de F. U. Coelho: títulos de crédito limitados?	
6.2) os títulos de crédito podem ser classificados quanto à vinculação a documentos em INDEPENDENTES: alguns títulos não se vinculam a qualquer documento, bastam por si próprio (LC/NP/Ch). Os títulos DEPENDENTES devem, necessariamente, fazer referência a algum documento que prova a existência da causa debendi (ex : duplicata - faz referência à fatura). Os títulos causais são sempre dependentes;
6.3) os títulos de crédito podem ser classificados quanto ao modo de circulação em: (a) ao portador, (b) nominativos e (c) à ordem.
- Primeiramente, cabe destacar que os títulos de crédito nascem com sua lei de circulação (suas características dependem da vontade do legislador). Ex: a lei proíbe a letra de câmbio ou nota promissória ao portador, por conveniência da circulação da moeda nacional.
(a) títulos ao portador (art. 904/909 - CC/02): não revelam o nome da pessoa beneficiada (credor); têm inserida a cláusula “ao portador” ou mantém em branco o nome do beneficiário; sua circulação se processa com extrema facilidade, pela simples tradição manual (quem o detém presume-se ser o proprietário); são, normalmente, títulos emitidos em massa; 
Ex: cheque até determinado valor pode ser ao portador (Lei 8021/90, art. 2º, III)
- o art. 907 - CC/02;
(b) títulos nominativos (art. 921/926 - CC/02): são emitidos em favor de pessoa cujo o nome conste no registro do emitente; este não está obrigado a reconhecer como proprietário do título quem não conste no registro;
Ex: ações
- art. 922/923 - CC/02: só permite o endosso em preto, com averbação no livro do emitente (proteção contra a perda do título);
- se o emitente pagar o título endossado em branco e for cobrado por aquele que conste no registro - terá que pagar novamente;
(c) títulos à ordem (art. 910/920 – CC/02): são emitidos em favor de pessoa determinável, transferindo-se pelo simples endosso (sem qualquer outra formalidade, como registro nos livros do emitente);
Ex: letra de câmbio (LUG - art. 11)
Obs: classificação de F. U. Coelho.
E) distinção entre QUIRÓGRAFO (documento comum de dívida) e TÍTULO DE CRÉDITO:
a) No quirógrafo, o direito existe sem o documento. Este não é imprescindível (embora tenha grande utilidade como meio de prova). Nos títulos de crédito há o atributo da cartularidade. A posse do documento é imprescindível para a existência do direito;
b) O quirógrafo é transmissível via cessão de crédito. O direito transmitido é o mesmo para o cedente e cessionário, cabendo a oponibilidade de exceções fundadas em direito pessoal. A forma de transferência dos títulos de crédito é o endosso, que transmite direito autônomo, sendo inoponíveis exceções do devedor com os portadores anteriores; 
c) O quirógrafo não é, necessariamente, um título de apresentação. O direito pode ser exibido sem a exibição do documento. Os títulos de crédito sempre representam sempre obrigação de natureza quesível (apresentação ao devedor é indispensável para o exercício dos direitos nele mencionados);
d) O quirógrafo não enseja ação executiva. O legislador não lhe confere presunção de liquidez e certeza. A sua cobrança se dá por ação monitória ou ação ordinária. Os títulos de crédito ensejam execução imediata;
QUESTÕES
1) Um rapaz de 15 anos emitiu uma nota promissória e seu pai avalizou o título. Pergunta-se:
a simples assinatura do rapaz implica em obrigação cambiária? 
A nota promissória passa a ser válida com a assinatura de seu pai?
O pai pode alegar que o vício do filho menor - ao ter assinado a promissória - teria anulado o título de crédito, caso fosse cobrado?
2) Um jogador contumaz foi obrigado a emitir uma nota promissória para o pagamento de dívidas devido ao jogo. Pergunta-se:
está este obrigado a pagar ao beneficiário do título (um outro apostador)? 
caso o outro apostador transfira a nota promissória a um terceiro, o emissor ficará obrigado ao pagamento?
o terceiro alega que recebeu o título de boa-fé. A quem incumbe o ônus da prova de que o título foi de boa-fé recebido? 
tendo em vista que o emissor foi coagido a emitir a nota promissória, ficará ele sem possibilidade de ressarcimento caso seja obrigado a pagar o terceiro? 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO - DIREITO EMPRESARIAL IV (DPR0134)
PROF: ADIR GONÇALVES JUNIOR
TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
2ª FOLHA - LETRA DE CÂMBIO (1)
1) ORIGEM
- Nasceu na Idade Média como “carta de câmbio”: título causal ligado ao contrato de câmbio trajetício ou de câmbio à distância. Surgiu da necessidade de substituição, por segurança, da moeda por papel. Era um documento pelo qual um banqueiro dava, após depósito da quantia, uma ordem de pagamento a outro banqueiro em favor de quem portasse o documento para que o fizesse na moeda corrente do local de destino. Afora isto, ocorria a compensação dos valores entre os banqueiros. As cidades italianas tinham moedas diversas, sendo necessária a intervenção do cambista/banqueiro - a chamada "fase italiana" da letra de câmbio;
- após uma série de melhorias ocorridas na chamada "fase francesa" (introdução do endosso, por exemplo), ocorreu, na chamada "fase alemã", a evolução do titulo: este passou a ser abstrato, podendo estar relacionado a qualquer negócio jurídico lícito;
- letra de câmbio: título cambiário completo ou perfeito: referência para estudo – título mais estruturado;
2) CONCEITO
- ordem de pagamento, em dinheiro, à vista ou a prazo, dirigida por uma pessoa a outra em benefício de uma terceira pessoa;
- diplomas legais:
A Lei Interna: Decreto 2044/1908; em 1930 houve a confecção da Lei Uniforme acerca da Letra de Câmbio e Nota Promissória – LUG (o Brasil foi um dos signatários). Porém, só em 1966 ocorreu a absorção da Convenção de Genebra. 
A LUG foi incluída no ordenamento jurídico interno pelo Decreto 57.663/1966. A partir de então, a legislação interna passou a regular somente as matérias (a) cujos dispositivos referentes na LUG sofreram as chamadas reservas (declarações unilaterais dos países por questões de soberania/tradições) e (b) que, por não terem sido abordadas pela LUG, continuam a vigorar de acordo com os dispositivos do Decreto 2044/1908, pois não houve revogação total do mesmo;
3) FUNCIONAMENTO/MECANISMO
- função econômica: a letra de câmbio permitiu unir duas obrigações distintas para extingui-las em um só ato (documento);
- Exemplo: 
 
	devedor de C
A
	credor de B
- (A) emite uma ordem de pagamento a seu devedor (B) em favor de (C), permitindo unir 3 pessoas que não poderiam ser reunidas no mesmo negócio jurídico. Quando (B) aceitar pagar a pessoa diversa (C), estará extinguindo duas obrigações ao mesmo tempo;
- Assim sendo, na a linguagem jurídico-cambiária, temos as seguintesfiguras intervenientes principais na letra de câmbio: 
A: sacador (emitente ou subscritor)
B: sacado
C: tomador (beneficiário)
- logo, o emitente/sacador (A), é credor do sacado (B) e devedor do beneficiário/tomador (C); 
- (B) deve aceitar, por escrito (assinatura), a ordem de pagamento. Caso não aceite, continua, tão-somente, devedor de (A). Caso aceite, tornar-se-á o principal responsável pelo pagamento do título e ganha o nome, na linguagem jurídico-cambiária, de ACEITANTE. 
Resumo:
- o sacador é o emitente da letra de câmbio. Ao fazê-lo, dirige uma ordem de pagamento a seu devedor (sacado) em benefício próprio ou de terceiro. O sacador ocupa uma posição ambígua no título, sendo credor do sacado e ao mesmo tempo o devedor do tomador. Se o sacado não aceitar a ordem de pagamento, o sacador continua devedor do tomador. Com o aceite, o sacador torna-se obrigado subsidiário e com direito de regresso em relação ao aceitante (caso este não pague). 
- o sacado é aquele a quem é dirigida a ordem de pagamento. É sempre devedor do sacador (emitente da letra de câmbio). Se o sacado aceitar a ordem de pagamento a ele dirigida, torna-se aceitante. Como tal, é o principal responsável pelo pagamento do título. 
- o tomador é beneficiário do crédito contido na letra de câmbio. É necessariamente credor do sacador, salvo se este (o sacador) tiver designado a si próprio como tomador. Não é credor do sacado (que ainda não se comprometeu formalmente), mas será do aceitante.
REQUISITOS ESSENCIAIS
- observação preliminar: a falta de qualquer um dos chamados requisitos essenciais transforma o documento em quirógrafo;
- art. 2º, 1ª alínea da LUG - consagra o FORMALISMO - o não cumprimento dos requisitos essenciais tira do título os efeitos da letra de câmbio;
- art. 1º - LUG:
nome jurídico do título: “letra de câmbio” (apesar de estar só expresso a palavra “letra” no inciso 1, a maioria da doutrina diz ser necessário o complemento “de câmbio”);
ordem, incondicional, de pagamento de quantia determinada - obrigações ilíquidas não podem ser documentadas em letra de câmbio;
nome do sacado - a letra de câmbio não aceita (sem assinatura do sacado) continua a ser uma letra de câmbio. O requisito não é a assinatura do sacado, que o transformaria em aceitante, sim o seu nome;
a época do pagamento - para alguns, tal requisito não é essencial, posto ser suprível pela regra do art. 2º, 2ª alínea da LUG - na omissão, presume-se pagável à vista;
lugar do pagamento - também não seria essencial para parte da doutrina em virtude do art. 2º, 3ª alínea da LUG - na omissão, presume-se o domicílio do devedor (título quesível); a letra de câmbio domiciliada - art. 4º da LUG;
nome do tomador ou beneficiário - o verbete da súmula 387 - STF - aceitação da letra de câmbio em branco (ao portador). O portador de boa-fé (espécie de mandatário) pode inserir seu nome antes da apresentação ao sacado ou da propositura da ação de execução; 
local da emissão - não é requisito essencial devido ao art. 2º, 4ª alínea da LUG - na omissão, presume-se o domicílio do sacador;
data da emissão - comprova a capacidade civil do emitente de se obrigar; 
assinatura do sacador;
5) FORMAS DE SAQUE (art. 3º)
- LC à ordem do próprio sacador: este deseja fazer circular o título e ter uma garantia extra. Sacador = tomador;
- LC sacada sobre o próprio sacador: é, materialmente, uma nota promissória. “Falha” da Convenção de Genebra e descuido da legislação brasileira, que não usou da reserva;
- LC sacada por conta e ordem de terceiro: o que normalmente ocorre. Sacador, sacado e tomador são pessoas diferentes;
CLÁUSULA DE JUROS (art. 5º)
- até a LUG: qualquer estipulação de juros era proibida na LC. A partir de 1966, no Brasil, é admissível tal cláusula, fluindo os juros da data da emissão da LC para as pagáveis à vista ou a certo termo de vista;
- como estamos diante de um contrato de cunho privado, aplicar-se-á a lei da usura (Dec. 22.626/33). Exceto: LC financeira - emissor: instituição financeira; 
- correção monetária: é admitida – Lei 6.899/81;
7) OUTRAS REGRAS
- art. 6º - divergência entre a quantia em algarismos e por extenso. Prevalece a quantia expressa por extenso. Em caso de dupla indicação, prevalece a de menor valor;
- art. 7º - consagra o princípio da autonomia das obrigações cambiárias;
- art. 8º - não existe obrigação cambiária sem assinatura; com assinatura, mesmo aqueles sem poder estão obrigados;
- art. 9º - o sacador não se desonera perante o tomador tanto em caso de aceite como em caso de não aceite da LC. O sacador é sempre devedor do tomador. O sacador pode se exonerar, tão-somente, de garantir o aceite da LC;
- art. 10º - objeto de RESERVA pelo Direito Brasileiro - aplica-se a lei interna (art. 3º - Decreto 2.044/1908)
A LETRA DE CÂMBIO FINANCEIRA
- art. 27 da lei de mercado de capitais (Lei 4.728/65);
- somente instituições financeiras podem tomar capitais emprestados diretamente do público. As empresas particulares podem tomar capitais com o intermédio de uma instituição financeira;
- art. 17, p. único - Lei 4.595/64 - mero mútuo com emissão de cambial não é ilícito em si;
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO - DIREITO EMPRESARIAL IV (DPR0134)
PROF: ADIR GONÇALVES JUNIOR
3ª FOLHA - LETRA DE CÂMBIO (2)
1) O ACEITE (art. 21 ao 29 - LUG)
Def (Theófilo de Azeredo Santos): é uma declaração unilateral e facultativa pela qual o sacado assume a obrigação de pagar a soma indicada no título nos prazos ali especificados, tornando-se, assim, responsável direto (obrigado principal) pela execução da obrigação incondicional de pagamento.
- na prática, é uma assinatura do sacado (a quem é dirigida a ordem de pagamento) na frente (anverso) da LC. Não existe aceite oral (sob pena de violação do princípio da literalidade);
- através da assinatura, o sacado (agora, aceitante) assume incondicionalmente o pagamento da obrigação. Não pode o sacado impor condições para o aceite. Qualquer condição ou alteração corresponde à recusa - art. 26, in fine - LUG;
- o aceite não é requisito essencial (é obrigação facultativa) para a Letra de Câmbio;
- o art. 25, 2ª alínea da LUG – falta ou recusa de aceite deverá ser comprovada pelo protesto por falta de aceite (art. 44 - LUG: ato público que tem como conseqüência o vencimento antecipado. Só assim o tomador/portador poderá propor uma ação executiva contra o sacador);
- o sacado deve ter vista do título para que o aceite. A chamada apresentação para o aceite. As partes legítimas, que apresentarão o título ao aceite do sacado são: (a) o tomador; (b) o endossatário (caso haja endosso); (c) o portador (caso o título não indique beneficiário ou esteja circulando com base em endosso em branco) e (d) representantes dos acima mencionados;
- a vista ou apresentação para o aceite nem sempre é obrigatória. Pode, em alguns casos, nem existir. Isto dependerá da modalidade da letra de câmbio;
1.1) MODALIDADES DA LETRA DE CÂMBIO - classificação de acordo com a data de vencimento:
a) LC emitida à vista: não há apresentação ao aceite; há apresentação só para pagamento. A vista de apresentação ao sacado não se dá para que este aceite, apenas para que ele pague. Aqui não existe apresentação ao aceite, só para pagamento;
obs: LC sem data de vencimento - presume-se à vista (art. 2º, 2ª alínea - LUG). 
b) LC emitida com vencimento em dia certo: dia, data de vencimento, vem expresso no título; aqui, a apresentação ao aceite é facultativa;
c) LC emitida a certo termo de data: representa que o título irá vencer tantos dias (ou meses ou anos) após a sua emissão. Aqui, também, a apresentação é facultativa;
obs: em "b" e "c" as LC´s podem vencer ainda que não tenham sido apresentadas ao aceite, o que não ocorrerá em “d”;
d) LC emitida a certotermo de vista: o prazo para o vencimento não começa a correr senão da data em que o sacado tiver a vista. É obrigatória a apresentação ao aceite.
obs: art 35 - LUG: aceite não datado em LC a certo termo de vista - o portador deverá protestar a LC por falta da data de aceite. A partir do ato do protesto, começa a fluir o prazo para o pagamento (art. 25, 2ª alínea c/c art. 44 – LUG);
1.2) Análise da LUG (questões importantes):
- art. 21: até quando deve ser a LC apresentada ao aceite? Data anterior ao dia do vencimento. Caso seja apresentada no dia do vencimento, o sacado não precisará aceitar, apenas deve pagar;
- art. 21: onde deve ser apresentada a LC para o aceite? Como é obrigação quesível, no domicílio do devedor;
1.3) LC não aceitável (art. 22, 2ª alínea - LUG);
- nesta, o sacador proíbe a apresentação ao sacado para aceite pela inserção do termo “sem aceite” ou “não aceitável”, evitando o vencimento antecipado;
- decorre de cláusula expressa, não pode ser presumida (princípio da literalidade);
- conseqüência prática: o fato de ter o portador que efetuar uma única apresentação ao sacado (para pagamento). Na hipótese, ou o sacado (a) paga o devido e o título sai de circulação ou (b) recusa-se ao pagamento. Em (b), deve o portador protestar o título e cobrar a dívida do sacador;
- não é admitida em LC´s domiciliadas ou que tenham sido emitidas a certo termo de vista;
1.4) LC aceitável (art. 25 – LUG):
- inserção da cláusula: “aceite” ou “aceito” no anverso do título (art. 25, 1ª alínea);
- tomador/portador fará duas apresentações: a primeira para aceite (não ocorrendo aceite: protesto e cobrança do sacador) e a segunda para pagamento (não ocorrendo pagamento: protesto e cobrança do sacador; ocorrendo pagamento: extinção do título e da obrigação);
- o art. 24 da LUG;
1.5) Limitação ao aceite: o Aceite Parcial (art. 26, 1ª alínea)
- inovação da LUG; antes de 1966 não era permitido (o sacado aceitava o valor total do título ou recusava-se ao aceite);
- a LUG admite uma única hipótese de limitação sem implicar em recusa do aceite: caso de limitação da quantia indicada no título, por exemplo: “aceito até XX R$”;
- qualquer outra modificação no prazo de pagamento implica em recusa total do aceite (art. 26, 2ª alínea). No caso, ou o portador concorda com a modificação ou não concorda, protestando o título e cobrando do sacador (o aceite modificativo não é imposto ao tomador/portador);
- todavia, se ocorreu mudança quanto ao valor (quantia) indicado no título, temos um caso de aceite parcial: o portador deverá aguardar o vencimento do título ou pode cobrar tudo do sacador diretamente?
1.6) Aceite Domiciliado (art. 27 - LUG)
- embora normalmente seja o lugar do aceite o domicílio do sacado, este pode estipular que a LC seja apresentada em domicílio diverso do seu para pagamento por outra pessoa (tal estipulação deve ser expressa);
1.7) Cancelamento do Aceite (art. 29 - LUG)
- foi mais uma inovação da LUG. No regime da lei interna era irretratável (não podia ser cancelado); a LUG alterou, em parte, tal regra: há uma única hipótese de retratação (cancelamento) do aceite: o sacado/aceitante pode riscar o seu aceite quando ele quando recebe a LC e fica com o título em mãos, aceita-o e se arrepende antes da restituição da LC;
2) O ENDOSSO (art. 11 ao 20 - LUG)
- def: é a declaração (a) formal, (b) facultativa, (c) literal, incondicional e (d) integral lançada no verso ou anverso do título (em geral no verso), pela qual se transfere a propriedade do título e, por conseguinte, todos os direitos nele incorporados, assumindo o endossante a responsabilidade pelo aceite e pelo pagamento;
- o endosso é a forma de transferência dos títulos de crédito com a cláusula à ordem (expressa ou presumida), tão-somente. Os títulos que não admitem endosso são os que possuem, expressamente, a cláusula não à ordem (aqui, a transferência dos títulos se dá por cessão civil de crédito) – art. 11 e alíneas - LUG;
- figuras intervenientes subsidiárias (ou secundárias): o endossante e o endossatário;
(a) formalismo ou rigor cambiário: só há endosso se a assinatura for lançada na própria LC ou em folha de alongamento e se a assinatura for do endossante (art. 13, 1ª alínea);
(b) o endosso é ato facultativo: é um ato unilateral de vontade; é declaração incondicional de vontade, pura e simples, não admitindo qualquer condição (sob pena de se ter como não escrita) – art. 12, 1ª alínea; 
(c) pode o endosso ser lançado tanto no anverso como no verso da LC. Na frente, deve ser, necessariamente, em preto (designação do nome do endossatário). No verso, pode ser em preto ou em branco (sem designar o beneficiário - presume-se o portador como endossatário); assim sendo, há duas modalidades de endosso: o endosso em branco e o endosso em preto.
(d) o endosso é sempre integral: endossante sempre transferirá com o endosso a propriedade do título e todos os direitos nele incorporados (art. 14 - LUG). O endosso parcial é nulo (art. 12, 2ª alínea - LUG);
2.1) Efeitos do Endosso
a) transmissão da propriedade dos títulos à ordem com a tradição do título ao endossatário - o endosso só se completa com a tradição, pois o título de crédito é um título de apresentação, de forma que só sua apresentação legitima o exercício dos direitos nele contido (ex: art. 14, 1ª alínea - LUG);
b) impõe a responsabilidade do endossante pelo aceite e pelo pagamento (art. 15, 1ª alínea - LUG). endossante torna-se um coobrigado cambiário ao endossar (devedor solidário com o sacador e com o aceitante -art. 47 - LUG);
- exceção: o endosso sem garantia (art. 15, 1ª alínea) - é aquele em que o endossante não garante nem o aceite nem o pagamento. Ele é simples transmissor do título sem se tornar obrigado cambiário. Tal cláusula deve ser expressa. Expressão: “pague-se, sem garantia, a D”;
obs: o endosso sem garantia não se confunde com a proibição de novo endosso (art 15, 2ª alínea). Neste, o endossante só garante o pagamento ao seu endossatário direto; Expressão: “pague-se a D, não à ordem”;
2.2) Análise de pontos sobre o endosso
- o art. 14 da LUG:
1º caso: pode um título endossado em branco transformar-se em um título nominal?
Sim, em dois casos. (1) se o portador inserir seu nome (ou de terceiro) como beneficiário (Súmula 387, STF) e (2) se o endossatário endossar o título novamente, desta vez, em preto;
2º caso: um título que circula ao portador pode continuar ao portador? 
Sim, em dois casos. (1) se o título é transmitido pela mera tradição e (2) se o título é endossado em branco;
- art. 16 - cadeia de endossos em branco - último endossatário será, por presunção (salvo má-fé), o portador do título e legítimo titular do crédito;
 
2.3) Endosso x Cessão civil de crédito (art. 286/298 do CC/02):
- Títulos de crédito x cessão civil de crédito: art. 286; 288; 290; 294, etc. do CC/2002 - série de condicionantes para a cessão civil de crédito versus facilidade na cobrança em juízo/negociabilidade dos títulos de crédito;
2.4) Espécies de Endosso – aperfeiçoadas por técnicas bancárias:
endosso-mandato ou procuração (art. 18);
endosso pignoratício ou caução (art. 19);
endosso póstumo ou tardio (art. 20);
endosso fiduciário (admitido pelo art. 66 da Lei 4728/65);
2.4.1) Endosso mandato ou procuração (art.18 - LUG): “valor a cobrar”, “para cobrança”, “por procuração”;
- realizado para fins de cobrança. É um endosso dito impróprio pois não transfere a propriedade do título ao endossatário, apenas o constitui como mandatário do endossante para fins de cobrança, só legitimando a posse do procurador;
- o endossatário só poderá endossar o título na qualidade de procurador; 
- não se extingue por morte ou sobrevinda de incapacidade legal do mandante (redação do art. 18,§3º - LUG versus art.917, §2º do CC/02);
2.4.2) Endosso pignoratício ou caução (art. 19 – LUG): “valor em garantia”, “valor em penhor”; 
 
- é aquele em que o título de crédito serve como garantia ao cumprimento de obrigações assumidas pelo endossante. O endosso-penhor também não transfere a propriedade do título, apenas constituindo um ônus sobre o título de crédito;
- também chamado de endosso-penhor: título de crédito é bem móvel, sendo o direito real de garantia aplicável o penhor (CC/02, art. 1431);
- é, também, uma espécie de endosso impróprio; 
- endossatário (credor pignoratício): só tem a posse do título, não a propriedade (endosso a terceiro só vale como endosso-procuração), é mero credor. Se a obrigação objeto da garantia for cumprida, fica o endossatário obrigado a reendossar o título ao endossante;
2.4.3) Endosso póstumo ou tardio (art. 20 – LUG):
- inovação da LUG. Na lei interna, o endosso posterior ao vencimento tinha sempre efeito de cessão de crédito. Com a LUG, passou-se a admitir que o endosso após a data de vencimento produza os mesmos efeitos que o endosso comum, desde que o título seja endossado antes de ter sido protestado ou dentro do prazo permitido para protesto;
- se o endosso tiver sido feito depois do protesto, terá efeito de mera cessão de crédito;
2.4.4) Endosso Fiduciário
- não tem previsão legal expressa;
- é o que tem como causa um contrato de alienação fiduciária em garantia (bens móveis);
- o credor do contrato recebe do devedor, através de endosso, a propriedade da letra de câmbio, comprometendo-se a reendossá-la após o pagamento da última prestação do financiamento;
- este endosso é completo - é translatício de domínio;
- art. 66, Lei nº. 4.728/65: definição de alienação fiduciária; 
2.4.5) Os efeitos da Lei n.º 8.021/90
- lei tinha a pretensão de acabar com o endosso e títulos ao portador;
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4ª FOLHA - LETRA DE CÂMBIO (3)
1) O AVAL (art. 30 ao 32 - LUG)
Definição: é uma declaração unilateral, facultativa, formal e exclusiva dos títulos de crédito que pode ser descrita como uma garantia pessoal ao pagamento de uma obrigação cambial. Logo, é uma espécie de reforço, garantia suplementar, para o pagamento do título.
 
- nomenclatura: AVALISTA = presta o aval; AVALIZADO = recebe o aval;
- o avalista é sempre um COOBRIGADO cambial. A garantia por ele dada (em favor do aceitante ou do sacador ou do endossante) é sempre pessoal;
- assim como o endossante, o avalista pode ou não existir na letra de câmbio – ambos são figuras intervenientes secundárias;
- art. 30, 2ª alínea - LUG: o aval pode ser dado por terceira pessoa estranha à relação ou por alguém que já era obrigado cambial (ex: sacador e endossante);
- art. 32, 1ª alínea - LUG: o avalista ocupa a mesma posição obrigacional do avalizado, não a mesma posição jurídica. Avalista pode pagar mais do que, em regresso, recuperará do avalizado;
LOCAL DO AVAL
- art. 31, 1ª alínea: deve ser firmado no título ou em folha anexa (prolongamento). Todavia, não tem valor aval dado em folha separada (pr. da cartularidade). Caso não haja espaço para a assinatura do avalista deve-se colar uma folha ao título; 
- art. 31, 2ª alínea: o avalista pode ser identificado tanto no verso como no anverso do título (“em aval de ...” + Ass. ou “por aval de ...” + Ass.); 
FORMA DO AVAL
- art. 31, 4ª alínea: o aval pode ser dado: em BRANCO (não se identifica o nome do avalizado; presume-se dado em favor do emitente do título - o sacador, na letra de câmbio) ou em PRETO (identifica-se o nome do avalizado);
- o aval em preto pode ser dado em qualquer parte do título; já o aval em branco deve ter a assinatura identificada como aval;
AUTONOMIA DO AVAL
- art.31, 3ª alínea: a obrigação do avalista é formal, autônoma e independente, decorrendo da simples assinatura aposta ao título;
- art. 32, 2ª alínea: o aval subsiste mesmo que a obrigação do avalizado seja nula (só será nulo o aval se o título tiver um vício, nulidade formal);
- o avalista não pode opor ao exeqüente as exceções pessoais oponíveis pelo avalizado; o avalista garante a obrigação pura e simples, não vinculando a prestação de garantia a qualquer condição; o avalista só pode alegar direito próprio, defeito formal do título ou falta de condição necessária ao exercício da ação;
- assim sendo, o avalista tem posição mais frágil que o fiador. Sua defesa é muito mais restrita;
AVAL ANTECIPADO AO ENDOSSO
- art. 14 - Decreto 2.044/908 - LI: consectário do princípio da autonomia; 
- por ser autônomo, o aval pode ser firmado antes da obrigação: o avalista garante uma assinatura a ser posta pelo avalizado;
 
- o aval antecipado ao endosso é CONDICIONAL, ou seja, depende da existência do endosso; caso contrário, se o avalizado não endossar o título, ele não assume responsabilidade cambial e, por conseguinte, também a pessoa a ele equiparada (o avalista - art. 32);
- art. 32, 3ª alínea: o avalista é sempre posterior ao avalizado; o avalista pode cobrar do avalizado, nunca o contrário;
AVAL ANTECIPADO AO ACEITE 
- art. 14 - Decreto 2.044/908 – LI;
- divergência doutrinária: o avalista fica obrigado caso o sacado não aceite o título? 
1ª corrente (majoritária): o avalista fica obrigado ainda que o sacado não aceite pois o dador do aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele avalizada;
2ª corrente (minoritária): o aval antecipado é sempre uma obrigação condicional. A autonomia das assinaturas vigorará DESDE QUE o ato exista (no caso, o aceite);
7) O AVAL PARCIAL x NOVO CÓDIGO CIVIL
- art 30 - embora não usual, o aval pode garantir somente parte do título;
- art. 897, parágrafo único - CC/2002 - aplicação da regra do art. 903 - CC/02;
8) FIANÇA x AVAL
- não se confundem; embora ambos sejam institutos que visam a garantir o cumprimento das obrigações;
# Distinções:
(a) a fiança é obrigação ACESSÓRIA, dependendo da obrigação principal. Caso haja vício, este se propaga à fiança (art. 92 - CC/02); Já o aval é obrigação AUTÔNOMA, não pressupondo a existência de uma obrigação principal. A obrigação do avalista se mantém intacta ainda que haja vício (que não seja de forma) na obrigação principal;
(b) na fiança, a solidariedade entre o fiador e o afiançado tem que ser EXPRESSA; no aval, a solidariedade é PRESUMIDA; 
(c) por conseguinte, na fiança pode existir o BENEFÍCIO DE ORDEM; no aval NÃO há benefício de ordem;
(d) o aval é uma obrigação EXCLUSIVA do direito cambiário, sendo uma declaração unilateral de vontade. A fiança é um contrato destinado a garantir a execução de outro contrato dito principal;
obs: o art. 1647, III, do CC/02: outorga uxória/vênia marital no aval;
PLURALIDADE DE AVAIS
a) aval simultâneo ou co-aval: todos os avalistas estão avalizando a mesma pessoa;
- o credor pode exigir o pagamento integral de cada avalista. Aquele que pagar poderá cobrar, de regresso, as respectivas cotas-parte dos demais;
- o aval em branco é simultâneo pois entende-se que está avalizando o emitente do título (art. 31, 4ª alínea – LUG);
- Súmula 189 - STF: avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos;
- assinaturas em seqüência horizontal: consideram-se avais simultâneos;
aval sucessivo: no caso, tem-se a figura do avalista do avalista;
- o credor poderá cobrar toda a dívida de qualquer um dos avalistas;
- em caso de pagamento por um dos avalistas sucessivos, este pode cobrar toda a dívida do avalizado originário e daqueles que o antecederam na cadeia de avais;
- assinaturas em seqüência vertical: consideram-se como avais sucessivos;
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5ª FOLHA - LETRA DE CÂMBIO (4)
1) O PROTESTO CAMBIAL
Definição: é ato do credor UNILATERAL, PÚBLICO, SOLENE, EXTRAJUDICIAL e ESCRITO, mediante o qual se comprova a apresentação do título para o aceite ou pagamento do sacado, pelo portador do mesmo, extraindo-se certidão que positiva o inadimplemento ou, genericamente, a resposta negativa do devedor;
- art. 1º, Lei 9492/97 – crítica da F.U. Coelho;
1.1) Características do Protesto Cambial
- ato público e solene: formalismo ou rigor cambiário - seriedade do ato (fé pública);
- ato extrajudicial: não é feito em juízo e não há citação; protesto extrajudicial (cartoriano) x protesto judicial: (art. 867 do CPC - procedimento cautelar específico);
- ato escrito: não há protesto verbal. O protesto consta em um documento, o instrumento de protesto;
- ato probatório: finalidade principal do protesto; protesto é MEIO DE PROVA especial para a produção de efeitos cambiários devido à falta ou recusa de aceite ou da falta de pagamento (art. 44, 1ª alínea - LUG);
1.2) Efeitos do Protesto
a) constitui o devedor principal em mora (o devedor fica conhecido como mau pagador). Por tal efeito é facultativo, pois o credor pode cobrar a dívida sem protestá-la;
b) é elemento FUNDAMENTAL para o exercício do direito de regresso contra os coobrigados cambiais (sacador e avalistas; endossantes e avalistas). Aqui, o protesto é obrigatório;
1.3) Protesto Facultativo x Protesto Necessário
- não existe protesto “obrigatório”; ele é necessário, mas não é imposto/compulsório;
protesto facultativo do título: serve para o portador comprovar a impontualidade do obrigado direto (LC: aceitante e seus avalistas; NP: emitente e seus avalistas). Pressupõe que o título foi regularmente aceito ou então que foi inserida a cláusula “sem despesas”;
protesto necessário do título: visa a assegurar o direito de regresso do portador contra os coobrigados cambiais. Neste caso, o protesto é obrigatório para fazer prova de determinado direito (ex: art. 44, 1ª al; 25, 2ª al; 56, 2ª al; 60, 1ª al; 66, 2ª al e 68, 2ª alínea - LUG e para requerer a falência do aceitante - art. 10 do DL 7661/945 - Lei de Falências);
 
1.4) Modalidades de Protesto
art. 44, 3ª alínea: por falta de pagamento: para comprovar a impontualidade do aceitante/emitente, ensejando a cobrança judicial dos demais coobrigados;
art. 44, 2ª alínea: por falta ou recusa ao aceite: positiva a falta ou a recusa ao aceite. Existente na Letra de Câmbio e na Duplicata; enseja a cobrança judicial dos demais coobrigados e impõe o vencimento antecipado do título (art. 44, 4ª alínea);
obs: falta de aceite x recusa ao aceite: na falta, o portador NÃO pode obter do sacado o aceite (ex: sacado incapaz, interdito, falido, insolvente, ausente...). Na recusa, é possível a apresentação e obtenção do aceite, mas o sacado/representante legal o rejeita, total ou parcialmente, verbalmente ou por escrito; 
por falta de devolução: específico para a duplicata - art. 13 da Lei 5.474/1968 - tal protesto supre a ausência do título retido indevidamente com o devedor;
1.5) Prazos para o protesto 
- art. 44, 2ª alínea (regra para o protesto por falta/recusa de aceite) o ato deve ser feito até o primeiro dia útil após o vencimento do título. O protesto por falta/recusa de aceite pode ser feito antes do vencimento ou, no máximo, até o prazo acima;
- art. 44, 3ª alínea: não se aplica para o protesto por falta de pagamento; objeto de reserva pelo direito brasileiro (art. 9º, Anexo II: prevalece a LI, art. 28);
obs: pode o protesto ser feito após o prazo? Sim, todavia há decadência do direito em relação aos coobrigados (perda do direito de acioná-los pela via executiva) – art. 53, 2ª alínea da LUG;
1.6) Lugar do protesto
- praça indicada no título para o aceite ou pagamento; se o título não for aceito e não tiver designado o lugar do pagamento - domicílio do sacado;
- rito do protesto - intimação do devedor, que pode, inclusive, pagar o crédito em cartório; uso do art. 14/15 da Lei n.º 9.492/97;
1.7) Cláusula ”sem despesas” ou “sem protesto” (art. 46 - LUG):
- dispensa o portador de fazer o protesto para fins de acionar, pela via de regresso, os coobrigados. O portador pode cobrar diretamente dos coobrigados.
- e se o portador protestar, assim mesmo? O portador pagará as despesas do protesto (art. 46, 3ª alínea).
- quem pode inserir tal cláusula? O sacador, um endossante ou um avalista.
1.8) Sustação do Protesto (art. 16 – Lei 9492/97)
foi criado pela jurisprudência para evitar abuso de direito do devedor. Só cabe antes do protesto ser lavrado (art. 12 da Lei 9492/97). Após, só cabe o cancelamento;
aplicação: prescrição da ação cambial ou caso de protesto indevido ou abusivo (título claramente não exigível ou quando há ação de conhecimento em curso);
1.9) Cancelamento do Protesto (art. 26 – Lei 9492/97)
- cancelar = subtrair do mundo jurídico, riscar definitivamente o protesto já lavrado no livro do cartório de protestos e títulos. Uma vez cancelado, é como se nunca tivesse existido;
- protesto pode ser cancelado em cartório - original quitado é apresentado ao cartório e oficial deve dar baixa no protesto ou quando há a assinatura de todos os credores exonerando o devedor do pagamento; qualquer outro modo de cancelamento - só via ação judicial (art. 26, §3º e 4º);
2) AÇÃO CAMBIAL (art. 49 ao 51 - LUG)
Definição: é a ação própria para a cobrança da Letra de Câmbio e da Nota Promissória ainda dotadas de liquidez e certeza;
- são, as LC’s e NP’s, títulos executivos extrajudiciais. Logo, na prática, a ação cambial é uma simples ação executiva para a cobrança do título líquido e certo;
- força executiva da LC: se a ação cambial não for proposta em tempo hábil há perda da força executiva. O credor tem um prazo prescricional para propor a ação cambial (após tal prazo, não significa que o crédito não mais existe, apenas não poderá ser mais cobrado por ação executiva); 
obs - tipos de ações:
ação executiva: quando o título for líquido e certo;
ação monitória (art. 1102, CPC): quando o título passa a ser um quirógrafo;
ação ordinária: aplica-se às obrigações ilíquidas e na ausência de documentos;
2.2) Outras regras processuais:
- local de propositura da ação cambial: em princípio, a ação cambial é pessoal, devendo ser proposta no domicílio da pessoa que foi acionada (salvo se o lugar de pagamento for domicílio diverso - LC domiciliada);
- legitimidade ativa (para propor a ação cambial): o portador ou seu representante com poderes especiais;
- legitimidade passiva (contra quem é proposta a ação cambial - art. 47 - LUG): todos os devedores cambiários (sacador, aceitante, endossante e avalistas); há uma solidariedade passiva na obrigação;
- a ação cambial pode ser direta ou regressiva. A ação cambial direta é aquela do portador contra obrigado principal (nesta, o protesto é facultativo para o exercício do direito de ação); a ação cambial regressiva é aquela do portador contra coobrigado ou dos coobrigados entre si (aqui, o protesto é sempre necessário);
- art. 48 e 49 - LUG: objeto da ação cambial - a quantia mencionada no título, os juros moratórios devidos de 6% a.a. e as despesas que tiverem sido feitas;
obs: art. 13, Anexo II c/c art. 406, CC/02
- art. 48, 2º: mora não depende de notificação. Juros: fluem desde a data do vencimento e não mais da data do protesto (como antes entendiam os tribunais);
- correção monetária: não expressa na LUG como direito do portador, mas obrigatória desde a Lei 6899/81 (atualização monetária dos débitos cobrados via judicial); 
- art. 51, LI: matéria de defesa na ação cambial - devedor tem defesa limitada a certas matérias pois existe presunção de que a obrigação é certa quanto à existência e líquida quanto ao valor. São, em síntese, de 3 espécies:(1) defeito de forma do título (falta de requisito essencial); (2) direito pessoal do réu contra o autor (desde que alegado em relação obrigacional direta); (3) falta de requisito ao exercício do direito de ação (ex: impossibilidade jurídica do pedido, falta de interesse de agir do autor e a ilegitimidade do réu - art. 267 - CPC);
3) PRAZOS PRESCRICIONAIS (art. 70 e 71 - LUG)
- valem os da LUG (art. 70) e variam de acordo com o obrigado cambiário acionado; 
- art. 70, 1ª alínea: ação do portador contra o devedor principal (na LC: aceitante e seu avalista; na NP: emitente e seu avalista) = 3 anos do vencimento; 
obs: quando o título se transforma em mero quirógrafo: incide o art. 205 - CC/02;
- art. 70, 2ª alínea: ação do portador contra os coobrigados (sacador, endossantes e os avalistas destas figuras); = 1 ano do protesto;
- art. 70, 3ª alínea: ação do coobrigado contra outro coobrigado = ação de regresso = prazo de 6 meses contados da data em que o coobrigado pagou ou foi acionado; 
3.1) Interrupção da Prescrição (art. 71 - LUG)
- art. 71: exceção ao Código Civil (art. 204, §1º) – no Código Civil, em caso de solidariedade passiva, a interrupcão da prescrição para um dos co-devedores aproveita aos demais. No direito cambiário esta regra não existe (a interrupção da prescrição só aproveita as pessoas que figurarem na ação); 
- solução: propor a ação cambial contra todos os devedores; 
- princípio da divisão: não aceito no direito cambiário. No direito cambiário, as ações regressivas são sempre pela totalidade da dívida, o coobrigado que pagou vai sempre exigir de seus garantes a totalidade da obrigação;
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6ª FOLHA – NOTA PROMISSÓRIA (art. 75/78 – LUG)
Definição: é uma promessa direta e escrita de pagamento em dinheiro, à vista ou a prazo, feita por uma pessoa (emitente ou subscritor) em benefício de outra (tomador ou beneficiário). É mais simples do que a letra de câmbio pois possui apenas dois sujeitos essenciais; seu saque gera duas situações jurídicas distintas; 
Origem: documento romano escrito denominado chirographo. Tal documento era representativo de uma promessa de pagamento firmada por estrangeiros. Na Idade Média, o chirographo ressurgiu, na Itália, vinculado a um contrato de câmbio (assim como a letra de câmbio). Posteriormente, a partir do séc. XVII, o título vai se tornando abstrato e autônomo, podendo ser endossado e circular independente da causa debendi. 
No direito brasileiro, o CCo/1850 equiparava a nota promissória à chamada “letra de terra” (LC emitida e aceita para ser paga na mesma província, só podendo circular nesta). As letras de terra foram extintas pela lei interna (Decreto 2044/908), passando, então, a reconhecer à nota promissória tratamento de título de crédito autônomo e de importante uso atualmente.
 
Figuras intervenientes principais:
- Emitente ou subscritor (equiparado ao aceitante na LC): aquele que emite o título. É o devedor e obrigado principal. Mediante o saque, concorda (não é obrigado) em representar sua dívida através de um documento de efeitos cambiários (assentindo, inclusive, com a circulação do crédito); 
- Beneficiário ou tomador: titular (credor) do crédito;
Figuras intervenientes secundárias
- endossantes, endossatários, avalistas e interventores (para pagamento, tão-somente, não há necessidade de aceite na nota promissória);
- Art. 75 da LUG: FORMALISMO ou RIGOR CAMBIÁRIO: a nota promissória deve respeitar requisitos essenciais (embora alguns sejam substituíveis)
1 – denominação “nota promissória” – identificação do título; o nome “promissória” não é título de crédito, sim, mero quirógrafo (circulação por cessão civil de crédito); nome deve estar inserido no texto do título e na língua utilizada para a confecção do título;
2 – promessa incondicional de pagamento – de quantia determinada, não documenta obrigações ilíquidas e condicionais;
3 – época do pagamento - REQUISITO NÃO ESSENCIAL : uso do art. 76, 2ª alínea;
4 – lugar do pagamento - REQUISITO NÃO ESSENCIAL : uso do art. 76, 3ª alínea;
5 – nome do beneficiário – a nota promissória não pode ser emitida ao portador por receio de substituir o papel-moeda (embora, como a letra de câmbio, possa circular através de endosso em branco);
6 – data e lugar da emissão – a data é requisito essencial; o lugar NÃO é essencial: uso do art. 76, 4ª alínea;
7 – assinatura do emitente ou subscritor – o obrigado principal - a nota promissória já nasce “aceita”;
Demais regras:
- Art. 76: teoria dos equivalentes;
- Art. 77: REGIME JURÍDICO - lei manda aplicar às NP´s uma série de institutos da LC, exceto o ACEITE (que não existe na NP) e as disposições relativas ao saque, bem como o aceite por intervenção);
obs: adaptações de acordo com a incompatibilidade da natureza de promessa de pagamento (NP) quando comparada com a ordem de pagamento (LC). Por exemplo: a cláusula “não aceitável”, prazos de apresentação para o sacado, forma do aceite, recusa parcial do aceite, vencimento antecipado por falta de aceite... 
Prazos prescricionais: são os mesmos da LC, sendo o emitente da NP equiparado ao aceitante da LC (art. 78, 1ª alínea). Logo, a prescrição da execução da NP contra o emitente/subscritor é de 3 anos, conforme o art. 70 - LUG;
protesto do título é facultativo contra o subscritor da NP pois assim é em relação ao aceitante da letra; 
se for dado o aval em branco na NP, ele não será dado em benefício do sacador, mas em benefício do emitente (art. 77, 4ª alínea). Na NP não existe a figura do sacador (presente na LC);
- Nota promissória emitida a certo termo de vista (art. 78, 2ª alínea): era proibida pela lei interna (art. 55, Decreto 2044/0908). A LUG alterou esta disposição, não fazendo reserva o legislador pátrio;
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7ª FOLHA – O CHEQUE (Lei 7.357/85, a “lei do cheque” e LUC – Decreto 57595/66)
Definição: é uma ordem de pagamento à vista, escrita e em dinheiro, feita pelo emitente ou sacador (com provisão de fundos) contra uma instituição financeira (sacado) com a qual mantém relação contratual (contrato de conta corrente ou de abertura de crédito), em benefício de terceiro (tomador ou beneficiário). 
Figuras intervenientes principais:
emitente ou sacador: aquele que emite o título. É o devedor do beneficiário e obrigado principal;
sacado: é o banco; não tem responsabilidade cambiária (aceite, endosso ou aval), sim, contratual ou extracambiária, v.g., cumprimento da ordem pura e simples de pagamento do cheque se houver fundos disponíveis guardado em depósito. O art. 4º, parágrafo 1º da Lei do Cheque: banco é mero sacado guardador;
tomador ou beneficiário: portador do título e titular do direito nele mencionado; é o único que pode endossar o título;
Figuras intervenientes secundárias
- endossantes (o 1º é o beneficiário), endossatários e seus avalistas (que ocupam a mesma posição do avalizado, por exemplo: avalista do emitente é considerado obrigado principal e avalista do endossante, um coobrigado);
Função econômica
função mais importante: MEIO DE PAGAMENTO de dívidas; ao ser compensado, MEIO DE LIQUIDAÇÃO de obrigações; ao circular, opera como título de crédito;
 
uso do cheque como um “substituto” do papel-moeda, com grande sucesso e praticidade, apesar de não ter (a) curso forçado e (b) poder liberatório antes da compensação (entrega do cheque, por si, não é prova de pagamento, é obrigação pro solvendo);
Natureza jurídica
minoria da doutrina pátria (Pontes de Miranda e Fran Martins): cheque como título de crédito, porém impróprio – mais um meiode pagamento do que um instrumento de circulação creditícia; só serão legitimamente emitidos cheques quando o emitente possuir provisão de fundos em poder do sacado; o fator tempo não existe de modo abstrato no cheque; 
maioria da doutrina pátria: cheque como título de crédito. Cheque encerra verdadeira operação de crédito, subordinando sua existência à confiança dos participantes, preponderando o elemento pessoal, além de reunir todas as características de um título de crédito;
obs: pouca importância prática da discussão – legislação é satisfatoriamente detalhada, não existindo dúvidas sobre a constituição e circulação do documento;
- Art. 1º e 2º da Lei do Cheque: FORMALISMO ou RIGOR CAMBIÁRIO: o cheque deve respeitar requisitos essenciais (sob pena de virar mero quirógrafo)
I – denominação “cheque” – identificação do título e que corresponde à aceitação da “cláusula cambial” (princípios de direito cambiário; ninguém está obrigado a documentar sua dívida via cheque); nome deve estar inserido no texto do título e na língua utilizada para a confecção do título;
II – ordem incondicional de pagamento – de quantia determinada, não documentando obrigações ilíquidas;
art. 12 da LC: dúvida no valor – prevalece o valor por extenso;
art. 10 da LC: proibição de previsão de juros; juros somente podem ser exigidos na cobrança judicial do cheque não liquidado, a partir da data de entrega ao banco sacado (art. 53, II - LC); 
III – nome do banco a quem a ordem é dirigida (sacado) – comumente, a designação de uma agência da instituição financeira sacada;
IV – lugar do pagamento – REQUISITO NÃO ESSENCIAL – vide art. 2º, I da LC 
V – data do saque (art. 1º, V, primeira parte - LC) – expressa por dia, mês e ano; conveniência de se escrever o mês por extenso;
- importância: o cheque “pré-datado”;
VI – lugar do saque (art. 1º, V, segunda parte - LC) – REQUISITO NÃO ESSENCIAL – vide art. 2º, II da LC - aquele em que se encontra o sacador no momento em que este preenche o cheque; importância fundamental para a contagem do prazo para a apresentação do título ao banco (30 ou 60 dias, de acordo com a coincidência, ou não, entre o município do local do saque e o da agência pagadora. “mesma praça” ou “praças diferentes”);
VII – assinatura do emitente: pode ser mecânica ou eletrônica (art. 1º, par. único);
obs: art. 3º da Lei 6268/75 e Resoluções/CMN 2537/98; 3252/04;
VIII – identificação do tomador para cheques acima de R$ 100,00 – art. 69, Lei 9069/95;
Demais regras gerais da lei do cheque:
- art. 6º: aceite no cheque não é admitido. Ainda que exista algo escrito, tem-se como não escrito. A apresentação é direta para pagamento e, havendo fundos, deverá o sacado incondicionalmente pagar o valor expresso no título;
- art. 8º: formas de ser passado - (a) nominal com cláusula à ordem (transferência por endosso); (b) nominal com cláusula “não à ordem” (transferência por cessão civil de crédito) ou ao portador (sem indicação do beneficiário – até R$ 100,00 – art. 69 – Lei 9069/95);
obs: o art. 17 da Lei 9311/96
- art. 9º: formas de emissão – (a) pode ser emitido à ordem do próprio sacador (emitente = beneficiário – não houve circulação do crédito); (b) em benefício de terceiros (o emitente é obrigado direto) ou (c) contra o próprio banco, também sacador (sempre nominal = o chamado cheque administrativo); 
- art. 10: cláusula de juros: tem-se como não escrita. Só será pago o valor por extenso;
Assinatura falsa – conseqüências:
 
1ª corrente: responsabilidade pelo pagamento é do banco sacado, pois este deve verificar a regularidade da assinatura antes de efetuar o pagamento (responsabilidade decorrente de sua atividade);
2ª corrente: presunção relativa de culpa do banco, admitindo a culpa exclusiva (conluio entre correntista e quem assina para requerer indenização do banco) ou concorrente (quem assinou falso foi um funcionário do banco que o correntista designou para movimentar sua conta (correntista tem culpa in vigilando e banco tem culpa in eligendo) – posição do STF (verbete da súmula 28);
2) ESPÉCIES DE CHEQUE 
2.1) cheque visado (art. 7º - LC): banco sacado coloca um “visto” no verso do cheque e reserva da conta de depósito do emitente o valor correspondente; 
não corresponde a um aceite do banco, que não se torna obrigado cambiário. O banco apenas certifica que existe numerário, durante o prazo de apresentação. Logo, não há exoneração do emitente, endossantes e avalistas; 
será sempre nominal e só será válido o “visto” durante o prazo de apresentação (art. 33), após o prazo, o valor retornará para a conta do emitente (art. 7º, §2º);
banco só é responsabilizado (civilmente, não cambiariamente) se não houver reservado o valor quando o cheque é apresentado dentro do prazo de apresentação; após o prazo, o valor reservado volta à conta do cliente;
2.2) cheque cruzado (art. 44 e 45): obriga o depósito em conta-corrente, não podendo ser pago na “boca do caixa”;
art. 44, 1º: O cruzamento pode ser (a) geral (em branco): não há indicação do nome do banco onde deve ser feito o depósito do cheque (na prática, dois traços paralelos no anverso do título, tanto do emitente como de qualquer portador) ou (b) especial (em preto): traz dentro do cruzamento o nome ou número do banco onde só pode ser depositada a quantia (art. 45). Logo, o tomador ou beneficiário deverá ter conta nesta instituição;
art. 44, 2º: cruzamento geral pode virar especial, o contrário não é possível;
art. 44, 3º: a tentativa de inutilização do cancelamento é inexistente, sem eficácia; 
utilização: era interessante em caso de combate à lavagem de dinheiro, por exemplo;
2.3) cheque para ser creditado em conta (art. 46): também tem cláusula impeditiva de pagamento em numerário (dinheiro); sacador coloca no anverso do título, transversalmente, a expressão “para creditar em conta”, “para levar em conta” ou equivalente (praxe: colocar no cruzamento o número da conta de depósito do credor). Na prática tem a mesma função do que o cheque cruzado;
- art. 46, 1º: não é permitida a inutilização da cláusula “para creditar em conta”;
2.4) cheque administrativo (art. 9º, III): é aquele emitido por um estabelecimento bancário contra outro, pertencente à mesma pessoa jurídica. O sacador e o sacado são os mesmos (o banco);
materialmente, é uma promessa de pagamento, como a nota promissória, não uma ordem de pagamento como o cheque comum;
pressuposto: nominatividade, sob pena de substituir o papel-moeda;
segurança: compras de alto valor; 
outros tipos conhecidos: usos e costumes 
 
2.5) cheque fiscal: emitido pela Receita Federal, com intuito de restituir tributo pago em espécie; é sempre nominal com cláusula “não à ordem”;
2.6) cheque postal (art. 66): também não é regido pela lei do cheque. É pago nas agências dos correios, onde os emitentes devem ter aberto uma conta para esta finalidade;
- utilização: compras pelo reembolso postal
2.7) cheque de viagem ou “traveller´s check” (art. 66): são usados em viagens internacionais, para evitar que o turista carregue grande quantidade de dinheiro; são vendidos pelos bancos geralmente em talonários de importâncias fixas, impressas em seu conteúdo; estes cheques não têm prazo de validade;
- dupla assinatura: no momento da emissão, na parte superior; no momento do pagamento, na parte inferior; 
2.8) cheque marcado: não mais admitido no direito pátrio; era utilizado quando o portador consentia que o sacado marcasse a data do cheque para outro dia, exonerando, com a marcação, os demais obrigados (na prática era um aceite, não mais permitido – art. 6º)
- praxe: banco colocava “bom para o dia...”;
2.9) “cheque” especial: são conferidos pelos bancos a determinados clientes, dentro de um certo valor limite, movimentarem suas contas correntes sem necessidade de ter, no momento, fundos disponíveis;
- trata-se decontrato, linha de crédito aberta em favor do emitente (saque a descoberto);
Outras regras:
- art. 32 – LC: ineficácia de qualquer menção contrária ao pagamento à vista do crédito; logo, o banco sacado deve pagar o cheque pós-datado (desde que com fundos ou recursos provenientes de contrato de abertura de crédito, logicamente);
 
- art. 37 – LC: morte do emitente não tem o condão de tirar os efeitos cambiais do cheque;
- art. 40 – LC: seqüência de pagamento dos cheques;
- art. 41 – LC: cheque mutilado ou com borrões;
- art. 42 – LC: autorização do pagamento de cheque em moeda estrangeira, desde que seja pago no prazo de apresentação, em moeda nacional (art. 42, par. único); 
O cheque pós-datado
- o chamado cheque “pré-datado”: é errônea tal denominação, pois a data do cheque é de sua emissão, não do pagamento. Na verdade, para o Direito Comercial, o que importa é a data de emissão e não a data de pagamento, pois o cheque é ordem de pagamento à vista. Logo, o cheque é datado para momento futuro, ou seja, para depois da criação, sendo, pois, pós-datado. 
- o cheque pós-datado não é necessariamente crime: não havendo fundos em caso de apresentação anterior não se configura emissão de cheques sem fundos, quando não há intenção de causar prejuízo (Súmula 246, STF); 
Questão) Caberia indenização na relação particular entre comerciante e o emitente do cheque pós-datado apresentado antes do tempo? Com que base legal? 
Apresentação (art. 33 – LC)
- o portador tem um prazo para apresentar o cheque ao banco sacado. Este prazo é de 30 (trinta) dias, contados da data da emissão (saque), se o cheque tiver de ser pago na mesma praça em que foi emitido e de 60 (sessenta) dias, em outra praça;
obs: praça – comparação entre município que consta como local de emissão e o da agência pagadora;
obs: lugar do pagamento – art. 2º, inciso I – requisito suprível – teoria dos equivalentes;
- apresentação tardia (após 30/60 dias): o banco deve pagar a qualquer tempo, até a prescrição (6 meses do término do prazo de apresentação). Se não houver fundos, o portador tem direito à ação executiva contra o emitente, sem necessidade de protesto; todavia, o portador perderá o direito de regresso contra os coobrigados (endossantes e seus avalistas – art. 47, II);
- a súmula 600 do STF;
- a exceção do art. 47, §3º - LC;
Conta conjunta:
 
há solidariedade passiva dos correntistas em relação ao banco, pois aqui temos uma obrigação conjunta, sujeita ao princípio da divisão, mas sem os efeitos cambiais. A solidariedade decorre do contrato firmado entre os correntistas e o sacado;
Sustação do cheque: contra-ordem ou revogação (art. 35) e oposição (art. 36)
- É um ato escrito, dirigido ao banco sacado. Em ambas as espécies de sustação, o objetivo é impedir a liquidação do cheque, pelo banco sacado. Logo, pressupõe que não tenha essa se realizado à data da sustação (cabe destacar que o cheque regularmente processado e pago não pode ser objeto de revogação ou oposição).
 
- banco sacado: não cabe ao mesmo apreciar as razões do ato (art. 36, §2º). Deve apenas adotar os procedimentos administrativos (geralmente, com cobrança de tarifas para operacionalizar o ato) aptos a atender a vontade do correntista (declaração unilateral de vontade). Se a sustação é injusta, isto deve ser decidido pelo juiz, em ação própria – do prejudicado contra o emitente - de indenização;
- relevante razão: em geral, são casos de desapossamento indevido do talão de cheques ou do título já emitido (perda, roubo, furto...). A infundada sustação tem efeitos penais graves (art. 171, §2º, VI do CP). Logo, para não ser tipificado o crime de estelionato, deve o emitente ter alguma razão jurídica. 
Questão) O descumprimento da obrigação pelo portador de cheque autoriza a sustação? E o terceiro de boa-fé? 
- a revogação (ou contra-ordem) é ato exclusivo do emitente, ao passo que a oposição pode também ser efetivada pelo portador legitimado. O ato de revogação somente produz efeitos a partir do término do prazo de apresentação (com esta não ocorrendo); os efeitos da oposição são imediatos. A oposição não revoga ou desfaz a ordem (apenas impede o pagamento àquele que não seria seu legítimo beneficiário), ao contrário da revogação, que produz efeito definitivo. Por fim, na revogação não se exige a existência de saldo disponível, ao passo que na oposição há necessidade da existência de saldo;
Regras processuais: ações cambiais do cheque:
 
- cheque é título executivo extrajudicial (art. 585, I – CPC). Logo, cabe ação executiva, contra obrigado cambiário (emitente, endossante ou avalista. Exceto o sacado, que tem responsabilidade meramente contratual, não é executado), pois o título é dotado de liquidez e certeza;
- art. 48 – LC: protesto – deve ser feito durante o prazo de apresentação (art. 33) do cheque não pago devido à falta de fundos ou, no máximo, até o primeiro dia útil que se seguir ao término deste sob pena de o portador perder o direito de regresso contra os coobrigados art. 47, II, exceto art. 47, §4º). Em relação ao obrigado principal, o protesto é facultativo (art. 47, I - LC);
- casos normais de execução com base em cheque: falta de fundos; oposição ao pagamento e conta encerrada;
- art. 47, §1º: substituição/dispensa do protesto; embora os credores achem interessante a feitura do protesto para intimidação do devedor (visto que pode ser ressarcido com as despesas do protesto);
- art. 52 – LC: objeto da ação cambial;
- art. 59 – LC: prescrição: 6 meses, a contar do término do prazo de apresentação (art. 33 – 30 ou 60 dias), independente do acionado; 
- art. 59, par. único - LC: ação de regresso de coobrigados entre si – prazo de 6 meses - termo a quo é o dia do pagamento do cheque ou do dia em que foi demandado; 
Questão) Prazo prescricional para cheque pós-datado apresentado antes data expressa no cheque: os 6 meses são contados a partir da apresentação anterior ou da data no cheque? 
- Prescrita a ação de execução, temos o art. 61 – LC: outra espécie de ação cambial (sujeita aos princípios de direito cambiário) para o cheque – ação de enriquecimento indevido ou de locupletamento – ação de cognição que pode ser proposta nos 2 (dois) anos seguintes à prescrição da ação de execução em face do emitente ou dos outros obrigados (desde que se prove a existência da dívida e o não pagamento). Rito da ação monitória (art. 1102 do CPC);
- Após a prescrição das ações cambiais, temos o art. 62 – LC: ação causal para discutir as obrigações decorrentes da relação originária; 
 
Questão) O cheque prescrito pode ser apresentado ao sacado e este pagá-lo? 
Repressão ao uso do cheque sem fundos:
 
a) em âmbito administrativo, cabe ao BACEN e ao CMN a disciplina da repressão ao uso do cheque sem fundos: sanções – inscrição no CCF, o Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (após a 2ª devolução – decorrendo a rescisão do contrato de depósito e a proibição para novos contratos do gênero com qualquer banco) e o pagamento da taxa do serviço de compensação de cheques (perda da gratuidade);
Resolução/CMN n.º 1682/90; 
b) em âmbito judicial (art. 65 – LC), temos como crime de estelionato a emissão de cheques sem fundos (art. 171, §2º, CP);
- Súmulas 246 e 554 do STF;
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO - DIREITO EMPRESARIAL IV (DPR0134)
PROF: ADIR GONÇALVES JR
8ª FOLHA – A DUPLICATA (Lei 5.474/1968)
Definição: é uma ordem de pagamento à vista ou a prazo certo; é um título de crédito causal, de emissão facultativa, sacado pelo vendedor (duplicata mercantil) ou prestador de serviços (duplicata de prestação de serviços), com o objetivo de documentar, para efeitos cambiais, o crédito resultante de uma compra e venda mercantil ou de uma prestação de serviços eque pode circular por endosso. 
- título causal: só pode ser emitido tendo como causa debendi uma das razões acima, sob pena de punição, inclusive, na esfera criminal (art. 172, CP);
# Histórico: título de crédito criado pelo direito brasileiro primeiramente tendo em vista razões tributárias (controle de tributos – imposto do selo). Por tal motivo, seu grande uso e vulgarização entre os comerciantes brasileiros. Substituiu, em grande parte, o uso da letra de câmbio e nota promissória na documentação do crédito comercial nas operações de comércio. Na década de 60, a título passa a ter funções exclusivamente comerciais, abandonando os aspectos fiscais que deram ensejo ao seu desenvolvimento. É chamada a duplicata de “título príncipe do direito brasileiro”. 
Figuras intervenientes principais:
emitente ou sacador: é o vendedor/prestador de serviço, aquele que emite o título. É o credor originário (beneficiário = tomador) da ordem de pagamento;
sacado: é o comprador/pessoa que recebeu os serviços. É devedor do emitente e recebe a ordem de pagamento, obrigando-se, pelo aceite, a cumpri-la;
Figuras intervenientes secundárias:
- endossantes (o 1º é o emitente), endossatários e seus avalistas (que ocupam a mesma posição do avalizado);
O aceite na duplicata (art. 8º - LD):
- o aceite obrigatório na duplicata - diferença essencial entre a letra de câmbio e a duplicata: na cambial, o aceite é facultativo, ou seja, o sacado não se encontra obrigado a documentar sua dívida pela letra de câmbio. Na duplicata, contudo, a vinculação do sacado é obrigatória, ou seja, o sacado, devedor do sacador se obriga ao pagamento da duplicata, ainda que não a assine (vinculação independe da sua vontade);
- na duplicata, o sacado pode ter obrigação cambiária – ainda que não tenha ocorrido o aceite ordinário, com a sua assinatura – cabendo contra aquele a ação executiva do art. 15 – LD;
- motivo: quando a duplicata é título decorrente de venda a prazo, no contrato de compra e venda, tem o comprador obrigação de pagar, sob pena de locupletar-se às custas do vendedor, visto que teria recebido a mercadoria; assim sendo, a recusa ao aceite não pode ocorrer por simples vontade do sacado.
 
- exceções: as hipóteses do art. 8º, incisos I, II e III:
I – não é justo que o comprador assuma, pelo aceite, a obrigação de pagar título executivo se a mercadoria estiver avariada (depreciada) ou não tiver recebido a mesma (sem a tradição). Deve haver abatimento, no primeiro caso, ou não pagamento, no segundo caso;
Obs: para legitimar a recusa ao aceite da duplicata é também preciso que não seja pactuado que o comprador correrá os riscos sobre o estado ou recebimento das mercadorias.
II – no caso, todas as circunstâncias ocasionam uma desvalorização das mercadorias; se o comprador aceita a duplicata, estará implicitamente aceitando pagar valor superior ao recebido;
III – havendo alteração da proposta acordada inicialmente, deve esta ser sujeita à aceitação, o sacado não é obrigado a aceitar a duplicata quando, unilateralmente, ocorrer alteração das bases do contrato;
- tendo ocorrido recusa legítima ao aceite, o sacador ou portador pode, juridicamente, protestar o título por falta de aceite? Não. Todavia, se a recusa não tiver fundamento legal, o portador, para manter sua ação regressiva contra os coobrigados, deverá formalizar a recusa através do protesto. 
Modalidades de aceite:
(a) ordinário: assinatura do devedor no campo próprio do documento (normalmente, no canto inferior esquerdo); pressupõe a utilização de papel como suporte;
- problema: é mais usual a utilização do meio magnético, atualmente.
(b) por presunção: decorre do recebimento das mercadorias pelo comprador quando inexistente recusa formal. Forma mais corriqueira de vincular o sacado ao pagamento da duplicata, pois está caracterizado mesmo que o comprador tenha retido ou inutilizado a duplicata, ou a tenha restituído sem assinatura;
- tende a substituir, definitivamente, o aceite ordinário – com o uso do meio magnético.
(c) por comunicação: modalidade menos usual, de existência praticamente nenhuma – retenção da duplicata pelo comprador; este envia comunicação necessariamente em papel (não se admite e-mail). Choca-se de frente com o processo de despapelização do registro do crédito.
A fatura (art. 1º e §1º da LD):
é a prova de existência de um contrato entre o vendedor e o comprador, acompanhando as mercadorias e provando o recebimento; 
é uma nota confeccionada pelo vendedor que descreve a mercadoria e as condições do contrato de compra e venda mercantil (preço, condições de entrega, transporte ...);
obs: venda a prazo: data de vencimento é superior a 30 (trinta) dias, contados da entrega ou do despacho das mercadorias;
a fatura não é título de crédito, é somente a base para a duplicata, não sendo dotada de efeito cambial como a duplicata que pode ser extraída (art. 2º - LD);
- Art. 2º e §1º da LD: FORMALISMO ou RIGOR CAMBIÁRIO: a duplicata deve respeitar os requisitos essenciais
- art. 2º, in fine: em uma compra e venda mercantil, se não for emitida uma duplicata, esta emissão é nula. Persiste, contudo, o débito. Este não poderá ser cobrado pela via executiva, apenas pela via ordinária;
- art. 2º, III: modalidades de vencimento: a duplicata só pode ser emitida à vista e a dia certo (data certa de vencimento);
- art. 2º, VIII: o aceite ordinário não é requisito essencial da duplicata, mas sim a declaração de que trata citado inciso;
Remessa da duplicata ao aceite (art. 6º - LD):
- embora a lei preveja uma série formal de requisitos, na prática, a remessa é informal – apresentação direta para pagamento;
- LD: sacador deve remeter a duplicata ao aceite do sacado no prazo máximo de 30 dias, contados da sua emissão (art. 6º, 1º). Mesmo que o título tenha prazo de vencimento maior (por exemplo: 60, 90 ... dias), o sacador terá 30 dias para remetê-la ao aceite do sacado;
- ocorrendo protesto por falta de aceite, o vencimento é antecipado;
- o prazo de 10 dias para o procurador do sacador (art. 6º, 2º) não pode ultrapassar o prazo de 30 dias;
- art. 7º: prazo para devolução da duplicata pelo sacado (10 dias, da data de sua apresentação). O sacado pode tomar uma das seguintes posições:
aceitar o título e devolver ao apresentante;
não aceitar (recusa ao aceite), anexando ao título os motivos, por escrito, que o levaram a não aceitá-la (art. 8º);
- art. 7º, § 1º e § 2º: retenção da duplicata pelo sacado – primeiramente, vale destacar que os intermediários da apresentação da duplicata ao sacado (instituição financeira, normalmente) podem, após a apresentação e aceite, retê-la até o momento do resgate, desde que possuam instruções do sacador neste sentido (art. 6º, in fine). O comprador, também, em caso de apresentação por instituição financeira, poderá reter a duplicata até a data do vencimento, desde que comunique (por escrito que, em caso de falta de pagamento, tem valor substitutivo da duplicata para fins de protesto e de ação executiva) ao apresentante que aceitou e que pretende mantê-la consigo. 
O protesto na duplicata (art. 13 e 14 - LD):
Modalidades:
1) por falta de pagamento: por exemplo, duplicata ou triplicata encaminhada, assinada ou não, ou apresenta as indicações da duplicata, depois de vencido o título;
2) por falta de aceite: duplicata encaminhada ao cartório e sem a assinatura do devedor, antes do vencimento;
3) por falta de devolução: encaminha ao cartório a triplicata não assinada ou as indicações (mais comum) relativas à duplicata retida, antes do vencimento;
Em regra, o emitente da duplicata tem uma cópia do título. Vale destacar que o título é essencial à propositura da ação (corolário do princípio da cartularidade). 
- cabe frisar que, apesar de ter três modalidades, o título de crédito comporta protesto único;
- lugar para

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